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Seminário 1 - Larissa Neves Silva

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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO TRIBUTÁRIO
LARISSA NEVES SILVA
MÓDULO: CONTROLE DA INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA
SEMINÁRIO I – REGRA-MATRIZ DE INCIDÊNCIA, OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA E SUJEIÇÃO PASSIVA
São Paulo,
2021
Questão 01: Que é norma jurídica? E regra-matriz de incidência tributária (RMIT)? Qual a função do consequente normativo?
A norma jurídica é um fenômeno sensorial de interpretação ao direito positivo, a qual resulta na obrigação dos sujeitos a se comportarem da forma por ela delineada.
Para Maria Rita Ferregatu "definimos norma jurídica como sendo a significação construída a partir do direito positivo, organizada numa estrutura lógico hipotético-condicional completa.".
Nas palavras de Paulo de Barros[footnoteRef:1]: [1: CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 31ª Edição ver. atual -. São Paulo: Noeses, 2021, p. 11 ] 
(...) a norma jurídica é a significação que obtemos a partir da leitura dos textos do direito positivo. Trata-se de algo que se produz em nossa mente, como resultado da percepção do mundo exterior, captado pelos sentidos.
A lógica deôntica, sinônima do regramento básico do "dever ser", instaura que a norma jurídica, diferente das leis naturais, é guiada pela consequência e lógica, "realizando-se o fato previsto no suposto, instaura-se a consequência de modo automático e infalível"[footnoteRef:2]. [2: BECKER] 
A regra matriz de incidência tributária por sua vez, é o conjunto de elementos que norteiam e apresentam a norma jurídica tributária em sentido estrito, informando os limites materiais de incidência do fenômeno tributário.
Seu modelo estrutural é esquematizado através da hipótese tributária em equivalência ao critério material (núcleo da descrição fática), critério espacial (condicionante de lugar) e critério temporal (condicionante de tempo), do qual surge uma consequência tributária (lógica deôntica) aos sujeitos da relação obrigacional, Fisco e contribuinte, em razão da aplicação da alíquota sobre a base de cálculo. [footnoteRef:3]. [3: CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 31ª Edição ver. atual -. São Paulo: Noeses, 2021, p. 11 380] 
O sábio professor Paulo de Barros assim conceitua[footnoteRef:4]: [4: CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 31ª Edição ver. atual -. São Paulo: Noeses, 2021, p. 379] 
(...) a regra matriz de incidência tributária é, por excelência u'a norma de conduta, vertida imediatamente para disciplinar a relação do Estado com seus súditos, tendo em vista contribuições pecuniárias
Por fim, o consequente normativo nada mais é que o efeito jurídico decorrente de uma hipótese pré-estabelecida, ou seja, a ocorrência do fato gerador. Sua função é identificar os sujeitos da relação jurídico tributário e o objeto exato e quantificado a partir de sua ocorrência.
Questão 02: Distinguir: obrigação tributária e deveres instrumentais. Multa pelo não pagamento caracteriza-se como obrigação tributária? Justifique analisando criticamente o art. 113 do CTN.
A obrigação tributária é realização dos anseios do Estado enquanto entidade tributante[footnoteRef:5] dividida em modalidades definidas no artigo 113 do Código Tributário Nacional: [5: CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 31ª Edição ver. atual -. São Paulo: Noeses, 2021, p. 379326] 
Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.
§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente.
§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.
§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.
A obrigação principal é obrigação de se pagar tributo a partir da ocorrência de um fato gerador, ou seja, a situação definida em lei obrigação principal como necessária e suficiente à ocorrência do dever de recolher tributo[footnoteRef:6]. [6: Art 114 do Código Tributário Nacional.] 
Enquanto os deveres instrumentais, também chamados de obrigações acessórias, são os deveres que visam facilitar o controle e a arrecadação da importância devida como tributo. São auxiliares da obrigação principal, mas que, diferentemente do disposto no direito civil, não seguem a obrigação principal, ou seja, é devida de forma independente à esta.
A caracterização da multa pelo não pagamento como obrigação tributária vai em desencontro à definição de tributo fixada pelo artigo 3º do Código Tributário Nacional que determina que tributo " é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.".
Ou seja, o artigo 113 do Código Tributário Nacional, ao preceituar que a obrigação tributária possa ser tida como sanção de ato ilícito contraria a natureza jurídica do tributo, elemento básico da obrigação.
Nas palavras de Paulo de Barros, a ideia preconizada pelo artigo 113 é inconcebível, conforme abaixo exposto[footnoteRef:7]: [7: CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 31ª Edição ver. atual -. São Paulo: Noeses, 2021, p. 330] 
Prosperar a ideia de que a obrigação tributária possa ter por objeto o pagamento de penalidade pecuniária, ou multa, estará negando aquele caráter e desnaturando a instituição do tributo. O dislate é inconcebível, e todas as interpretações que se proponham respeitar a harmonia do sistema haverão de expungi-la da verdadeira substância do preceito. 
Questão 03: Que é sujeição passiva? Definir os conceitos de: (i) sujeito passivo; (ii) contribuinte; (iii) responsável tributário; e (iv) substituto tributário – distinguindo: substituição tributária para trás, para frente e convencional (concomitante); agente de retenção e substituição para frente. O responsável (art. 121, II, do CTN) é: (i) sujeito passivo da relação jurídica tributária; (ii) de relação de dever instrumental; ou (iii) de relação jurídica sancionatória?
Com base nos artigos 119 e 121 do Código Tributário Nacional, as relações tributárias são permeadas por dois tipos de sujeição, a ativa e a passiva, das quais as pessoas jurídicas envolvidas assumem o papel de "titular da competência para exigir o seu cumprimento"[footnoteRef:8] ou o de "pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária"[footnoteRef:9]. [8: Artigo 119, Código Tributário Nacional.] [9: Artigo 121, Código Tributário Nacional.] 
A sujeição passiva, portanto, é embasada pelo artigo 121, como a situação na qual o contribuinte, ou o responsável, figura em dívida com a obrigação tributária:
Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária
Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se:
I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador;
II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei.
Para Andrea Dazer [footnoteRef:10] [10: DAZER, Andrea, Responsabilidae Tributária: norma geral e abstrata. cap. 3 138] 
No que diz respeito às suas características, a sujeição passiva poderá ser: i. exclusiva ou pessoal, quando competir aum único sujeito o pagamento do tributo, ou ii. plural ou concorrente, quando houver concurso de sujeitos passivos tributários, sejam eles pertencentes ao conjunto dos contribuintesou dos responsáveis
Sujeito passivo: pessoa física ou jurídica, pública ou privada, detentora de personalidade, da qual cobra-se o cumprimento de prestação pecuniária.[footnoteRef:11]. Importante observar que conforme preceitua Maria Rita Ferragut "é aquele em que figura no polo passivo da relação jurídico tributária, e não aquele que tem aptidãopara suportar o ônus fiscal"[footnoteRef:12]. [11: FERRAGUT, Maria Rita, Responsabilidade Tributária e o Código Civil de 22, pág. 33] [12: FERRAGUT, Maria Rita, Responsabilidade Tributária e o Código Civil de 22, pág. 33
] 
Contribuinte: pessoa física ou jurídica, que figura no polo passivo da relação obrigacional tributária e possui relação pessoal e direta com o fato gerador.
Responsável tributário: pessoa física ou jurídica que, sem se revestir da qualidade de contribuinte, ou seja, sem prática direta do evento descrito no fato jurídico tributário e que disponha de meios para responder pela dívida por conta de fato praticado por outrem[footnoteRef:13], possui o dever legal de recolher tributos em nome deste. [13: ERRAGUT, Maria Rita, Responsabilidade Tributária e o Código Civil de 22, pág. 39] 
Substituto tributário: a substituição tributária é utilizada em nosso país como instrumento de "controle racional e de fiscalização eficiente no processo de arrecadação dos tributos".[footnoteRef:14] A substituição tributária é utilizada principalmente para a fiscalização dos tributos “plurifásicos”, ou seja, os tributos que incidem várias vezes no decorrer da cadeia de circulação de uma determinada mercadoria ou serviço. [14: CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário, linguagem e método. São Paulo: Noeses, 2008, p. 662-663] 
Apesar de não haver no Código Tributário Nacional a modalidade específica de substituto tributário, é aceito na doutrina a como modalidade autônoma de responsável[footnoteRef:15]. [15: DAZER, Andrea, Responsabilidae Tributária: norma geral e abstrata. cap. 3 189.] 
Para alguns doutrinadores está prevista no artigo 128, do CTN, a exemplo de, Ricardo Lobo Torres que define “o conceito de substituição se subsume à definição do art. 128 do CTN”[footnoteRef:16]: [16: Torres, Ricardo Lobo. Curso de direito Financeiro e Tributário. 6. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 1999, p. 223] 
Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação.
Todavia, a corrente não é unânime como explica Vittorio Cassone, enquanto o art. 128 exige vinculação do terceiro ao fato gerador, na substituição isso não é imperativo[footnoteRef:17]. [17: Cf. CASSONE, Vittorio. Direito Tributário: fundamentos constitucionais, análise dos impostos, incentivos à exportação, doutrina, prática e jurisprudência. 12. ed., São Paulo: Atlas, 2000, p. 17).] 
Nesse sentido, o conceito de substituto tributário pode ser definido como, a pessoa jurídica ou física, que afasta do verdadeiro contribuinte o encargo da obrigação, no momento da ocorrência do fato gerador, assumindo exclusivamente a responsabilidade tributária.
Jose Eduardo Soares de Melo autor de notável saber prático acerca do tema, conceitua:
Na substituição – num plano pré-jurídico – o legislador afasta, por completo, o verdadeiro contribuinte, que realiza o fato imponível, prevendo a lei – desde logo – o encargo da obrigação a uma outra pessoa (substituto), que fica compelida a pagar a dívida própria, eis que a norma não contempla dívida de terceiro (substituído).[footnoteRef:18] [18: 307. MELO, José Eduardo Soares de. ICMS: teoria e prática. 9. ed. São Paulo: Dialética, 2006, p. 171.] 
A substituição tributária pode ocorrer em três diferentes espécies (i) convencional (ii) para frente, (iii) para trás., decorrente de fato gerador com ocorrência no passado, no presente ou que virá a se realizar no futuro.
Na espécie convencional há a total substituição da pessoa responsável para apenas um evento tributário, como a exemplo da retenção na fonte.[footnoteRef:19] [19: DAZER, Andrea, Responsabilidae Tributária: norma geral e abstrata. cap. 3 189. 198] 
Já na espécie para frente, também chamada de progressiva, há a total substituição da pessoa responsável, para fato gerador ainda não ocorrido, mas presumível, em regra em relação aos tributos plurifásicos e não-cumulativos.
Na espécie para trás, também conhecida como regressiva, desloca-se a obrigação de recolher o tributo, para momento posterior ao surgimento do fato gerador, sendo que o recolhimento do tributo é realizado na etapa final da cadeia pelo novo sujeito passivo.
O responsável indicado no II, art. 121 do CTN é o sujeito passivo de relação jurídica sancionatória, uma vez que a relação jurídico tributária não é vinculada diretamente ao fato jurídico tributário.
Questão 04: A empresa “A” adquiriu estabelecimento empresarial da empresa “B” e continuou sua atividade. Aproximadamente seis anos depois dessa operação, a empresa “A” foi surpreendida com sua inclusão no polo passivo de execuções fiscais ajuizadas pelo Fisco inauguralmente em face da empresa “B”, para exigir tributos relativos a fatos geradores por ela realizados. No contrato de compra e venda, não há disciplina a respeito das dívidas tributárias anteriores à aquisição. Pergunta-se:
a) Pode o Fisco exigir da empresa “A” os tributos cujos fatos geradores foram realizados pela empresa “B” antes da aquisição? Se positiva a resposta, qual o prazo que o Fisco tem para proceder à inclusão da empresa “A” no polo passivo das execuções fiscais? Em relação aos tributos decorrentes de fatos geradores ocorridos anteriormente à compra e venda do estabelecimento ainda não inscritos em dívida ativa no momento da operação, quem deve figurar na CDA: a empresa A, B ou ambas? Há relevância se houver no contrato cláusula de responsabilidade de “B” quanto aos débitos anteriores à operação? (Vide anexo I).
Conforme o artigo 133 do Código Tributário Nacional pessoas física ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a exploração destas atividades responderá pelos tributos devidos.
Entretanto, em caso de redirecionamento da execução fiscal, deve-ser observar o prazo prescricional de 05 anos começa a fluir a partir da citação da pessoa jurídica, tendo em vista a regra disposta no artigo 125, III do CTN.
Com relação aos tributos não inscritos em dívida ativa, segundo o entendimento do E. Superior Tribunal de Justiça, a CDA poderá ser realizada em nome da sucessora, . No caso, considerando que o fato gerador foi praticado pela pessoa jurídica sucedida, caso o Fisco realiza em nome da antecessora, ocorrerá a "simples substituição da incorporada pela incorporadora".[footnoteRef:20] [20: AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.452.763. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES, Relator. Data do Julgamento 10/06/2014. DJe 17/06/2014
 -] 
Não haveria relevância em contrato isentivo, pois conforme o artigo 123 do Código Tributário Nacional as convenções particulares não são oponíveis ao Fisco, e este poderá requerer a responsabilização da sociedade empresária sucessora.
b) A empresa “A” responde pela: (i) multa de mora, (ii) multa pelo não pagamento de tributo, (iii) juros e (iv) multa pelo descumprimento de deveres instrumentais, se constituídas antes da operação de compra e venda? E se constituídas depois da operação? (Vide anexos II e III).
Segundo o entendimento pacificado do do Superior Tribunal de Justiça a responsabilidade tributária do sucessor abrange além dos tributos devidos pelo sucedido, também as multas moratórias ou punitivas, que por representarem dívida de valor acompanham o passivo do patrimônio adquirido, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão.
Logo, em conjunto as normas do artigo 133 do CTN,, as multas e juros aplicadas após a operação não serão devidas e anteriormente sim.
5. Quanto aos art. 124 e 135 do CTN, pergunta-se:
a) Qual a espécie de responsabilidade prevista no artigo 135 do CTN? Poderia o fiscal lavrar auto de infração contra o contribuinte e, posteriormente, executar o sócio de forma solidária à empresa? (Vide anexos IVe V).
O artigo 135 do CTN, que dispõe da responsabilidade de terceiros, estabelece a responsabilização dos gerentes ou diretores sendo indispensável a presença de dois pressupostos fáticos simultaneamente a) o ato que enseja a obrigação tributária deve ser eivado de excesso de poderes ou de infração à lei, contrato social ou estatutos; e b) este ato deve ser praticado por alguma das pessoas listadas no inciso III do artigo 135, CTN.
Nas palavras de Luciano Amaro[footnoteRef:21], pelas obrigações decorrentes destes atos, o terceiro responde pessoalmente. Ele preconiza que esse dispositivo exclui a figura do contribuinte (que é a pessoa que contrai a obrigação em seu nome) do polo passivo da relação jurídica tributária, pois manda que o executor do ato responda pessoalmente. O autor entende que a responsabilidade pessoal significa que ela não é partilhada com o devedor original. [21: AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 18ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 327. ] 
Para o legislador, a cobrança da obrigação tributária, advinda de um ato eivado de irregularidade, deve se voltar desde o princípio diretamente ao administrador. Consoante Haroldo Funke, “se o CTN dispõe que o administrador é pessoalmente responsável, é para indicar que o lançamento deve ser efetuado em nome do mesmo".
No entendimento do Superior Tribunal de Justiça a dissolução irregular é causa única suficiente, pois "o redirecionamento da execução fiscal contra o sócio é cabível apenas quando demonstrada a prática de ato com excesso de poder, infração à lei ou no caso de dissolução irregular da empresa, não se incluindo nas hipóteses o simples inadimplemento de obrigações tributárias".[footnoteRef:22] [22: RECURSO ESPECIAL Nº 1.819.771. Relator Ministro FRANCISCO FALCÃO (1116). Data do Julgamento 17/10/2019. DJe 22/10/2019.] 
b) A dissolução irregular da sociedade caracteriza infração à lei apta a ensejar a responsabilidade do(s) sócio(s) pelas dívidas da pessoa jurídica? Em caso positivo qual sócio ou administrador pode ser alcançado: o da época do inadimplemento do tributo ou do momento em que ocorre a dissolução irregular? (VI e VII e VIII) 
Sim, o art. 135, do CTN, associado ao fato de que o sócio-gerente tem o dever de manter atualizados os registros empresariais e comerciais, em especial quanto à localização da empresa e a sua dissolução legitima, encadeiam a responsabilidade do gestor.
A extensa lista de decisões neste sentido[footnoteRef:23], proferidas pelo STJ culminaram na Súmula 435/STJ, que dispõe: [23: Por exemplo EREsp 716412 / PR, Primeira Seção, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 12.09.2007, EREsp 852437 / RS, Primeira Seção, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 22.10.2008, REsp 1374744 / BA, Primeira Seção, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. p/acórdão Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 14.08.2013.] 
Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente.
Para a responsabilização, observando-se conjuntamente ambos os dispositivos citados, "pressupõe a permanência do sócio na administração da sociedade no momento dessa dissolução ou do ato presumidor de sua ocorrência", pois "o que desencadeia a responsabilidade tributária é a infração de lei evidenciada na existência ou presunção de ocorrência de referido fato", neste contexto irrelevante a data da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, bem como o momento em que vencido o prazo para pagamento do respectivo débito"
c) O mero inadimplemento da obrigação de pagar o tributo pode ser justificativa para aplicação do artigo 135 do Código Tributário Nacional? (Vide anexos IX e X).
Não, o mero inadimplemento não enseja a responsabilização de sócio, diretor o dos gerentes ou diretores sendo indispensável a presença de dois pressupostos fáticos simultaneamente a) o ato que enseja a obrigação tributária deve ser eivado de excesso de poderes ou de infração à lei, contrato social ou estatutos; e b) este ato deve ser praticado por alguma das pessoas listadas no inciso III do artigo 135, CTN.
Diversas decisões do E. STJ pacificaram tal entendimento e culminaram na Súmula 430/STJ que dispões que "O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária do sócio-gerente.”
6. Quanto à caracterização de grupo econômico, pergunta-se?
a) Que é grupo econômico? Quais são os requisitos para a aplicação da desconsideração da personalidade jurídica, prevista no art. 50 do CC? Ela pode ser aplicada ao direito tributário para fins de caracterização de grupo econômico? Há dispositivos específicos na legislação tributária que fundamentem a responsabilização do grupo econômico? A caracterização implica reconhecimento de responsabilidade solidária? (Vide anexo XI e XII).
A definição de grupo econômico é originada da Consolidação das Leis Trabalhista, que conceitua Grupos Econômicos, conforme copiado abaixo:
“Art. 2º – Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço.
§ 1º – (…)
§ 2º – Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.”
Esta definição, embora antiga, é utilizada até hoje tanto pela doutrina quanto pela jurisprudência, a exemplo de Marcus Opione Gonçalves Correia que preceitua[footnoteRef:24]: [24: Marcus Orione Gonçalves Correia. Legislação previdenciária comentada, 2ª ed. ver. e at., São Paulo, DPJ, 2009, pp. 190-181.] 
"Do conceito legal extraem-se alguns requisitos essenciais à caracterização da ideia de grupo econômico: a) a existência de vários participantes; b) personalidade jurídica prórpia de cada participante; c) existência de relação de dominação entre as empresas; d) natureza econômica da atividade"
Logo, a desconsideração da personalidade jurídica tem o viés de responsabilizar patrimonialmente as pessoas físicas que participam de uma determinada sociedade pelas dívidas contraídas pela pessoa jurídica. 
Nos termos do artigo 50 do Código Civil, para haver a desconsideração da personalidade jurídica, é preciso que haja "abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial" .
Mesmo o direito tributário se socorre do texto do Código Civil para caracterização de grupo econômico.
Nas palavras de Renato Becho[footnoteRef:25]: [25: Revista Dialética de Direito Tributário nº. 221, pag 138.] 
A caracterização de grupo econômico, ainda que para fins fiscais, está sujeita a identificação de abuso da personalidade jurídica, critério do art. 50 do Código Civil, que tem aplicação nas relações tributárias, nos termos como estipulado no art. 110 do CTN.
No âmbito tributário, especialmente no que tange à responsabilização de grupo econômico, existe o comando conjunto entre a Lei 8.212/1191 ao artigo 128 do CTN,os interpretados conjuntamente para dizer quer "A vinculação entre pessoas que realizam o fato gerador é uma importante distinção entre a caracterização de grupo econômico para fins trabalhista e fiscais. (...) A legislação tributárias, exigindo a vinculação entre o fato gerador, é mais restritiva".[footnoteRef:26]. Importante também observar a confusão patrimonial apta a ensejar a responsabilidade solidária na forma prevista no art. 124 do CTN[footnoteRef:27]. [26: pagina 135 revista dialética do Direito Tributário nº. 221, pag 134.] [27: Processo n. 0020172-50.2014.4.03.0000, e-DJF3 Judicial 1 DATA:13/05/2015] 
Por fim, apesar da caracterização de grupo econômico nos termos do critério do art 50 do CC ser necessária, o reconhecimento da responsabilidadesolidária também deverá observar no caso concreto outros elementos aptos a ensejar o intuito fraudatório caracterizador da responsabilidade solidária.
Conforme decisão proferida no Tribunal Regional Federal da Terceira Região sobre o tema:
Podemos assim ser exemplificá-los: empresas de um mesmo grupo econômico, apenas quando realizem conjuntamente a situação configuradora do fato gerador, não bastando o mero interesse econômico; a confusão patrimonial apta a ensejar a responsabilidade solidária na forma prevista no art. 124 do CTN, administradas pelos mesmos diretores, estando submetidas a um mesmo poder de controle, o que evidencia a existência de grupo econômico de fato; atuação num mesmo ramo comercial ou complementar, sob uma mesma unidade gerencial; empresas que exerçam atividades empresariais de um mesmo ramo e estão sob o poder central de controle; abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial; abuso de autoridade, sociedades sob o mesmo controle e com estrutura meramente formal, o que ocorre quando diversas pessoas jurídicas do grupo exercem suas atividades sob unidade gerencial, laboral e patrimonial; existência de fraudes, abuso de direito e má-fé com prejuízo a credores; grupo familiar definido etc. 5. Agravo de instrumento improvido. 
(TRF3 - 1ᵃ Turma, Processo nº 0020172-50.2014.4.03.0000, Agravo de instrumento nº 537935, Rel. Des. Fed. Luiz Stefanini, e-DJF3 Judicial 1 DATA:13/05/2015).
b) Uma vez instaurado o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, nos termos dos arts. 133 e seguintes do NCPC (Lei nº 13.105 de 2015), a defesa apresentada pela pessoa jurídica responsabilizada pela obrigação tributária de outra empresa integrante do mesmo grupo econômico pode versar sobre o mérito da cobrança (inexigibilidade do crédito tributário), ou apenas sobre a ilegitimidade de sua inclusão no polo passivo da execução fiscal? 
A defesa de Terceiros poderá ser instaurada em qualquer fase do processo, conforme art. 134 do CPC, dessa forma, a fase de conhecimento pode ter-se encerrado quando da defesa do sócio.
Entretanto, isso não significa dizer que este não teria qualquer direito defesa do mérito, pois seria patente violação ao princípio constitucional do contraditório e da ampla defesa.
Para Maria Rita Ferragut[footnoteRef:28]: [28: Novo CPC: O incidente de desconsideração da personalidade jurídica tornando efetivo o direito dos grupos econômicos exercerem o contraditório. Maria Rita Ferragut. Novo CPC: O incidente de desconsideração da personalidade jurídica tornando efetivo o direito dos grupos econômicos exercerem o contraditório] 
5) O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial. 
Não vislumbramos qualquer inconstitucionalidade nessa previsão, desde que o processo seja suspenso nos termos do § 3º do art. 135 do NCPC, e a defesa possa versar tanto sobre o mérito da cobrança propriamente dita (inexigibilidade do crédito tributário), quanto sobre a inclusão do terceiro no polo passivo da execução fiscal (como, por exemplo, a ausência dos pressupostos autorizadores previstos no art. 50 do CC) e sobre a responsabilização patrimonial daquele que sofre constrição de seus bens mas não fez parte do incidente, e que deve defender-se por meio de embargos de terceiro (art. 674, § 2º, III, do NCPC), tal como ocorre com a meação do cônjuge não sócio/administrador.
Questão 07.	Dada a seguinte Lei (fictícia):
Prefeitura de São Pedro, Lei n. 5.151, de 12/10/2015, D.M. 25/10/2015
Art. 1º Fica instituída taxa de conservação e limpeza urbana para o custeio do serviço público municipal de conservação e limpeza de vias públicas.
Art. 2º A taxa tem como fato gerador a prestação do serviço de limpeza das vias públicas.
Art. 3º A base de cálculo é o valor venal do imóvel.
Art. 4º A alíquota é de 0,1%.
Art. 5º O contribuinte é o proprietário do imóvel.
Art. 6º Dá-se a incidência todo dia 1º de cada ano.
Art. 7º A importância devida a título de tributo deve ser recolhida até o décimo dia do segundo mês subsequente.
§ 1º No caso de locação, o locatário é responsável pelo recolhimento do tributo.
§ 2º No caso de compra e venda realizada antes do prazo para o pagamento e após o 1º dia do ano, o responsável pelo pagamento do tributo é o adquirente do imóvel.
§ 3º O não recolhimento no prazo estipulado implica multa de 20% do valor do tributo devido.
Art. 8º Fica o contribuinte obrigado a entregar para a Secretaria de Planejamento Urbano declaração do valor imobiliário até o dia 10 de novembro de cada ano.
Parágrafo único. A ausência da entrega no prazo a que se refere o caput deste artigo implicará multa de 100 UFIRS.
[...].
Pergunta-se:
	a) Construir as normas jurídicas veiculadas nessa lei, identificando os critérios do consequente da RMIT.
Os critérios pessoais e quantitativos definem o consequente da RMIT.
O critério pessoal será o sujeito passivo o contribuinte proprietário do imóvel e o sujeito ativo a prefeitura de São Pedro.
Já o critério quantitativo é estabelecido pela base de cálculo juntamente com a alíquota. Nesse caso será a alíquota de 0,1% e a base de cálculo: valor venal do imóvel.
Desta feita tem-se que a partir da prestação de serviço de limpeza e conservação das vias públicas no município de São Pedro deve se o proprietário do imóvel recolher, no primeiro dia do ano 0,1% do valor venal do imóvel.
Norma jurídica sancionatória de não cumprimento da obrigação tributária: caso não seja efetuado o pagamento até o décimo ia do segundo mês subsequente será aplicada multa de 20% do valor tributo devido.
Norma de responsabilidade do locador: caso seja locado o imóvel passivo de tributação deverá o locatário ser responsabilizado pelo débito do proprietário. 
Norma jurídica de responsabilidade do adquirente: se vendido o imóvel antes do prazo para pagamento (primeiro dia do ano) a responsabilidade recairá sobre o adquirente
Norma de dever instrumental (obrigação acessória): deverá o proprietário do imóvel entregar a Declaração do valor imobiliário para a Secretaria de Planejamento Urbano;
Norma jurídica sancionatória de não cumprimento de dever instrumental: caso não seja entregue a supracitada declaração deverá ser pago o valor de 1000 URFIS ao município de São Pedro.
	b) Quais as funções da base de cálculo? A base de cálculo eleita é compatível com a hipótese tributária? Se incompatíveis, qual deve prevalecer para efeito de se determinar a espécie tributária: o enunciado da hipótese tributária ou o enunciado da base de cálculo? Ambos? Nenhum dos dois?
A base de cálculo tem como função exprimir o critério quantitativo da dívida, ou seja, juntamente com a determinada irá determinar o valor pecuniário da dívida.[footnoteRef:29] [29: CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 31ª Edição ver. atual -. São Paulo: Noeses, 2021, p. 334] 
A base de cálculo eleita é incompatível com a legislação tributária. A Súmula Vinculante nº. 29 do STF diz que " É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra.". (grifo nosso)
Logo, destacando-se que, nos termos do artigo 33 do CTN, a base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana é o valor venal do imóvel,
Ocorrida a incompatibilidade, deverá prevalecer a natureza da base de cálculo e não da hipótese tributária.

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