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Seminário 5 - Larissa Neves Silva

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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO TRIBUTÁRIO
LARISSA NEVES SILVA
MÓDULO: CONTROLE DA INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA
SEMINÁRIO V - TRIBUTAÇÃO INTERNACIONAL
São Paulo,
2021
Questões
1.	Construa a RMIT dos Impostos de Importação e de Exportação. Qual o conceito de produto para fins de incidência destes tributos?
Imposto de Importação:
Critério Material - Importação de produtos estrangeiros ou desnacionalizados 
Critério Espacial: Repartições aduaneiras 
Critério Temporal: registro da Declaração de Importação ou, nos casos previstos em lei, no dia do lançamento do correspondente crédito tributário
Critério Pessoal: 
Sujeito Ativo: União 
Sujeito Passivo : o importador ou quem a lei a ele equiparar ou o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados.
Critério Quantitativo: 
Base de cálculo - Quando a alíquota for específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária; quando a alíquota for ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda em condições de livre concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no País.
Alíquota – No caso de mercadorias estrangeiras alíquotas fixadas na TEC, no caso da bagagem, alíquota de 50%
Imposto de Exportação:
Critério Material - exportação de produto nacional ou nacionalizados.
Critério Espacial: repartições aduaneiras 
Critério Temporal: Desembaraço aduaneiro // registro da DE
Critério Pessoal: 
Sujeito Ativo: União Federal
Sujeito Passivo: exportador ou quem a lei a ele equiparar.
Critério Quantitativo: 
Quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária;
Quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de livre concorrência
Produto para fins de incidência de Imposto de Importação e Exportação é todo o bem móvel e corpóreo destinado ao comércio, com auferimento de valor.
2.	A empresa “X” firmou contrato de fornecimento, formalizando a aquisição de bem do exterior, datado de 10/05/2017. Os produtos transpuseram a fronteira brasileira, por via marítima em 15/06/2017, chegaram ao porto de Santos em 18/06/2017, em 25/06/2017 a empresa registrou a operação junto ao SISCOMEX e os produtos foram desembaraçados em 02/07/2017. No momento da realização do contrato a alíquota do referido imposto era de 10%. No entanto, em 01/06/2017 o Governo Federal publicou decreto que aumentou a alíquota aplicável à importação do referido bem para 20%, em 16/06/2017 houve outro aumento de alíquota para 30%, em 22/06/2017 para 35% e em 01/07/2017 para 38%. Pergunta-se: qual é a alíquota aplicável à operação de importação em análise? Fundamente. (Vide anexo I e II)
O art. 150 da Constituição Federal excetua o importo de importação do princípio da anterioridade, tendo em vista o poder regulatório deste imposto. Nesse sentido, assim que publicada uma lei que institua ou majore sua alíquota, ela terá validade imediata. 
Assim, levando-se em consideração a data do fato gerador, a alíquota será de 35%.
3.	A reimportação de mercadoria exportada em caráter definitivo se equipara à importação, ou seja, a mercadoria exportada perde a condição de nacional, devendo se submeter ao Imposto de Importação ao ser reimportada? (Vide anexo III)
A legislação é expressa ao tratar do regime de exportação temporária (casos em que há o encaminhamento de mercadorias ao exterior ara consertos, reparação, etc.) não é configurado o fato gerador do Imposto de Importação, o retorno no território aduaneiro de mercadoria, mesmo que descumprido o regime (Regulamento Aduaneiro, art. 74, II, e art. 238, § 2°, II;  Lei 10.865, de 2004, art. 2°, VI).
Contudo, quando se trata de reingresso de bens exportado em caráter definitivo, a legislação não é expressa e a jurisprudência caminha para definição da mesma forma que o regime de exportação temporária, ou seja, sem submeter ao imposto de importação quando reimportada.
4.	O ordenamento jurídico brasileiro adotou o sistema monista ou dualista? Em face da resposta ao item anterior, defina os critérios para solução de conflitos entre tratados e lei interna, no Direito Tributário Brasileiro. Há hierarquia entre tratados e lei interna?
O ordenamento jurídico brasileiro adotou o sistema dualista, eis que necessária a produção de uma norma interna de idêntico conteúdo para que o tratado passe a ter validade no ordenamento jurídico nacional. 
Desta feita, como recepcionado com força de lei infraconstitucional, se um tratado conflitar frontalmente com a Constituição Federal, a Magna Carta irá prevalecer. 
Contudo, no caso entre tratados e leis infraconstitucionais levando-se em consideração que ambos estão no mesmo nível hierárquico é necessária a observância do §1º, do art. 1º da LINDB, qual seja "A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior."
5.	Sobre os tratados, responda:
	a) Defina o conceito de “tratado internacional”, descrevendo como se dá seu ingresso no ordenamento jurídico, seu momento de vigência no direito interno e sua posição hierárquica no sistema jurídico (vide §2º do art. 5º da Constituição e o art. 98 do Código Tributário Nacional e o entendimento exposto pelo STF anexo IV). 
O tratado internacional é um acordo celebrado entre diferentes Estados soberanos com normas interestatais, com apoio na cláusula do pacto sun servanda.
Cada Estado tem o seu próprio método de introdução das normas do direito internacional em seu ordenamento jurídico interno. No Brasil, a norma passa por um detalhado procedimento interno que envolve além do Presidente da República, também do Congresso Nacional.
Inicialmente o Presidente da República encaminha o texto ao Congresso que poderá aprová-lo por meio de um decreto legislativo, em seguida o Presidente poderá ratificá-lo no âmbito externo e, só então, promulgar o texto e publicar o decreto para que o conteúdo seja reproduzido e adquira valor no sistema jurídico brasileiro.
A vigência da norma se dá no momento do último ato para validade da norma, qual seja no ordenamento jurídico brasileiro, da publicação do decreto do presidente.
O §2º do art. 5º da Constituição, reconhece que direitos e garantias fundamentais derivados de tratados internacionais detém a mesma importância que aqueles previstos no texto constitucional.
Ainda sobre o dispositivo acima, há o entendimento que este enunciado veicula o dispositivo como "cláusula de recepção automática". No entendimento doutrinário há a defesa do entendimento de que esse dispositivo os tratados sobre direitos e garantias fundamentais ingressariam diretamente no ordenamento jurídico, pois no momento de ratificação do tratado o Estado brasileiro passa a ser parte no tratado internacional.
Deste entendimento ainda há ramificações que consideram que qualquer tipo de tratado tem recepção automática e outras ainda que entendem que os direitos e garantias fundamentais ditos de 1ª, 2ª e 3ª geração.
Conforme o REsp n. 662.882/RJ o STF não se filia a este entendimento, para a Suprema Corte a vigência do decreto começa somente com o a edição de decreto pelo presidente da república. 
Por fim, o texto constitucional não determina a posição hierárquica dos tratados no ordenamento nacional. Contudo, adotando-se a premissa da teoria dualista, de que o tratado internacional é inserido no ordenamento jurídico brasileiro através de uma norma que copia o seu conteúdo, não há como dizer que os tratados sejam superiores ao texto constitucional e sim que como são incluídos na legislação brasileira por meio de ato normativo interno, transformam-se em norma de direito nacional, que pode ser alterada ou revogada por outro ato similar posterior. Exceção à regra são os tratados e convenções internacionais que tratarem de direitos humanos que, como preconiza o art. 5º, §3 são recepcionados com força de emendas constitucionais.
b) Pode a União, visando a regular a políticatarifária, versar sobre a isenção de tributo de competência estadual? 
O art. 151, III veda a União "instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios".
Contudo, tratando-se do âmbito internacional, os estados (e também municípios) não podem ser partes em tratados internacionais, competindo exclusivamente à União à competência para legislar sobre comércio exterior (art. 22, VIII, CF/88).
Desta conclusão existe uma corrente que entende impossível a União, mesmo em Tratados, versar sobre isenção de tributo estadual.
Ainda assim, há uma segunda corrente que entende que a União, em matéria internacional, atua como representante da unidade brasileira, e não como um ente federativo.
Nesse sentido o atual entendimento proferido pelo STF (RE 229.096/RS), em que entende que “é dado à União, compreendida como Estado Federal total, convencionar no plano internacional isenção de tributos locais”.
Isto porque segundo o entendimento promulgado em tal decisão quando o Presidente da República subscreve tratados, atua como Chefe de Estado, que diferentemente do Chefe de Governo, representa um símbolo da legitimidade do país e personifica os ideais e longevidade do Estado, e não como a liderança do Poder Executivo.
Filio-me a segunda posição, pois notadamente seria impossível ao Direito Internacional abranger em seu quadro de participantes todos os representantes de divisões internas estatais, de forma que cabe a União, mesmo quando o assunto internamente seja de competência estadual, versar sobre o assunto em âmbito internacional.
Contudo, é necessário um equilíbrio e uma troca de informações entre os estados e a União como representante da unidade nacional, para que as normas previstas em tratados não prejudiquem estados e municípios, como por exemplo a isenção de produtos importados que por meio da isenção concedida em tratados se torne mais atrativo financeiramente do que o produto interno, o que acarretaria em desiquilíbrio financeiro e na estagnação do produto nacional
	c) Os tratados podem revogar ou suspender a eficácia das normas tributárias inseridas no ordenamento jurídico brasileiro pelos Estados e Municípios? Haveria violação ao princípio federativo e ao princípio da autonomia dos Municípios consagrados na CF/88? (Vide anexos V e VI) 
Reitera-se que como o texto constitucional não determina a posição hierárquica dos tratados no ordenamento nacional, iremos adotar a premissa da teoria dualista, de que o tratado internacional é inserido no ordenamento jurídico brasileiro por meio de uma norma que copia o seu conteúdo, logo, recepcionado com força de lei ordinária (salvo tratados que versem sobre direitos humanos), podendo revogar ou suspender a eficácia de normas tributárias.
Tanto é assim que o artigo 98, do CTN expressamente prevê que "os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna".
Desta feita, recepcionado como lei ordinária 
Entendo que não há violação aos princípios federativos e de autonomia da Constituição, vez que, conforme exposto, cabe a União, mesmo quando o assunto internamente seja de competência estadual, versar sobre o assunto em âmbito internacional.
	d) No que consiste o “uso impróprio” dos tratados? É necessária previsão expressa de cláusulas antielisivas específicas? Um planejamento tributário internacional que está formal e substancialmente em conformidade com as legislações tributárias dos Estados envolvidos, mas que implique uma situação de (dupla) não tributação, pode ser juridicamente proibido? Fundamente, estabelecendo uma análise crítica entre os conceitos de “responsabilidade social corporativa”, “parcela justa de tributos” e “livre concorrência entre empresas multinacionais e nacionais” (vide artigo 31 da Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados e anexo VII)
 	O uso inadequado dos Tratados ocorre em utilizá-lo para obter vantagens, sem que esteja em posição legitimada para tanto.
	As cláusulas antielisivas podem ser específicas, quando trazem expressamente os fatos geradores, ou gerais, quando não trazem previsão expressa sobre os fatos geradores. Estas cláusulas servem como inibidoras ao uso impróprio dos tratados e permeiam a boa-fé e, apesar de alguns países contarem com regras específicas em seu ordenamento jurídico interno, é importante clausulas específicas no acordo.
	O tema da dupla não tributação é uma problemática a ser enfrentada.
	´Por um lado as convenções internacionais são mecanismos com intuito de evitar e reduzir também a dupla não-tributação e durante as tratativas de negociação dos tratados é determinada a previsão de regras preventivas do seu uso impróprio. As regras ali dispostas devem ser seguidas, contudo, não há como obrigar contribuintes a seguir regras não dispostas
Por outro lado, no âmbito concorrencial tal situação se mostra demasiada injusta acarretando problemas de desenvolvimento nacional, a exemplo de uma multinacional que arcaria com carga reduzida (sem pagar sua parcela justa de tributos - fair share of tax) frente a uma empresa nacional.
6.	A Lei Complementar nº 104/2001 acrescentou um parágrafo segundo ao artigo 43 do CTN, dispondo “que na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto...”. Indaga-se: o regime de tributação em bases universais abrangendo as controladas e coligadas no exterior nos moldes em que prescrito pela Lei 12.973/2014 está de acordo com o ordenamento jurídico? Considerar em sua resposta a manifestação do STF a respeito do tema. (Vide anexos VIII e IX)
A Lei 12.973/14, quando trata das coligadas dispõe:
Art. 81. Os lucros auferidos por intermédio de coligada domiciliada no exterior serão computados na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL no balanço levantado no dia 31 de dezembro do ano-calendário em que tiverem sido disponibilizados para a pessoa jurídica domiciliada no Brasil, desde que se verifiquem as seguintes condições, cumulativamente, relativas à investida: (Vigência)
Seguindo o conceito de renda, onde renda significa acréscimo patrimonial a crítica na adoção dessa sistemática reside no fato de que a circunstância ensejadora do fato gerador ocorre quando da disponibilização, pela controlada ou coligada no exterior, do lucro, para a controladora ou coligada no Brasil, somente a partir desta data é que seria possível considera-las em seu balanço.
A adoção do último dia do ano para aferição desses valores, segundo o STF "está dissociado de qualquer ato jurídico ou econômico necessário ao pagamento de participação nos lucros".
7.	Que significa a expressão “preços de transferência” e qual sua função? O que é o princípio “arm’s lenght” aplicado pelo fisco no Brasil? Foi positivado no Brasil pela Lei n. 9.430/96 e alterações posteriores? Comente sobre a possibilidade de aplicação coercitiva deste conceito. (Vide anexo X).
Preço de transferência é o método de cálculo para controle de operações de importação e exportação entre pessoas, jurídicas ou físicas, residentes ou domiciliadas no território nacional e pessoas jurídicas ou físicas residentes ou domiciliadas no exterior ou em paraísos fiscais, porque o preço praticado nessas operações pode ser artificialmente estipulado e, consequentemente, divergir do preço de mercado negociado por empresas independentes, em condições análogas[footnoteRef:1]. [1: http://www.receita.fazenda.gov.br/publico/perguntao/dipj2009/CapituloXIX-IRPJCSLLOperacoesInternacionais2009.pdf] 
Trata-se de previsão hipotética de adições à base de cálculo do imposto sobre a renda, decorrente de operações realizadas entre partes vinculadas, em razão de descompassos entre preços ou juros por elas pactuados e aqueles que serim praticado entre partes não relacionadas
O objetivo da Receita Federal ao definir este controle é evitar o subfaturamento de exportações e importações e a redução da carga fiscal
O princípio do Arms Lenght diz respeito à plenaconcorrência entre partes independentes em uma transação em condições normais de mercado, no Brasil, são estabelecidos métodos para observância desse princípio na Lei 9.430/96, ainda que não seja expressamente incluído no dispositivo.
Não há que se falar em aplicação coercitiva, vez que os métodos para o cálculo de controle das operações estão expressos na lei 9.430/96, em estrito cumprimento ao princípio da legalidade. 
8.	Sobre troca de informações fiscais, baseada em tratados internacionais, pergunta-se: 
	a) Que meios estão legalmente disponíveis para a obtenção de informações fiscais? Quais proteções aos contribuintes estabelecidas pelo art. 26 da convenção-modelo da OCDE[footnoteRef:2]? É possível haver a transferência de informações recebidas por um determinado país para um terceiro país, com quem o Estado receptor da informação tenha celebrado acordo de troca automática de informações para fins fiscais? [2: . Considerar que o Brasil assinou a convenção multilateral para assistência administrativa mútua para fins fiscais 
Conferir: http://www.oecd.org/ctp/exchange-of-tax-information/convention-on-mutual-administrative-assistance-in-tax-matters.htm] 
Uma das características dos tratados internacionais é a multilateralidade que os signatários assumem. Dessa forma, ao firmar um acordo os Estados se comprometem a criar uma rede de conexões de assistência mútua, que envolve fornecimento de documentos, assistência para efetiva cobrança de tributos, troca de informações fiscais, em suma, “informações previsivelmente relevantes para aplicar as disposições da Convenção ou para administrar ou pôr em vigor as leis internas relativas a tributos”[footnoteRef:3]. [3: RAAD, Kees Van (org.). Materials on international, TP & EU tax law. 15. ed. Haia: International Tax Center Leiden, 2015,] 
Para que o contribuinte seja preservado, o requerimento de fornecimento de informações deve ser formalizado por um Estado Contratante com seu objetivo específico e justificado, demonstrando indícios para a investigação. Sobre esse ponto, esclarece a doutrina[footnoteRef:4]: [4: XAVIER, Alberto. Direito internacional tributário do Brasil. 8. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2015.] 
“Esta relevância deve ser demonstrada pela identificação da pessoa fiscalizada; do tipo de informação pretendido; do propósito fiscal para o qual é pedido; dos fundamentos da convicção de que a informação requerida é possuída pelo Estado requerido ou se encontre na posse ou no controle de pessoas estabelecidas no seu território, bem como da identificação destas; da declaração de que o pedido é conforme à lei e à prática administrativa do Estado requerente; e de que este esgotou todos os meios disponíveis para obter a informação no seu território.”  
Ou seja, os pedidos devem ser fundamentados, para que não haja abuso sobre as informações requeridas.
	b) Caso o Brasil receba um pedido de troca de informações de um Estado com quem tenha celebrado tratado para evitar a dupla tributação, cuja redação do art. 26 seja idêntica àquela da convenção-modelo da OCDE, ele pode se recusar a fornecer a informação, em virtude de aquela informação ser sigilosa? (vide art. 5º, inc. X e XII da CF/88, e anexo XI)
	A Convenção modelo não constrange o Estado signatário a ir contra a sua própria legislação nacional ou tomar atitudes prejudiciais a seus contribuintes sem qualquer indicio relevante, considerando as questões supracitadas. 
	O próprio artigo 5º da Constituição Federal é claro ao dispor que "são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação", bem como "inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal "
	Portanto, somente se constatada a plena e fundamentada relevância, o Estado requerido deverá utilizar de seus meios internos para obtenção da informação ao Estado requerente, ainda que não há interesse próprio. 
	O RE 601.314 discute o confronto entre o direito ao sigilo bancário e o dever de pagar tributos e por fim fixa a tese rem relação ao item "a" do Tema 225 no qual diz que “O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal".
	Ou seja, em analogia a situação proposta, havendo ponderação entre a relevância e o estabelecimento de requisitos, o STF entende constitucional a troca de informações (no caso do RE entre a Receita e o MP).

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