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Fisiopatologia nas doenças gastrointestinais PANCREATITE AGUDA O que é? A pancreatite aguda é uma inflamação pancreática que pode determinar síndrome de resposta inflamatória sistêmica acarretando significativa morbidade e mortalidade em 20% dos pacientes. Colelitíase e etilismo são as causas mais freqüentes. Na maioria dos casos, as apresentações são brandas e tratadas com suporte clínico. Já os casos graves necessitam de cuidado especializado e intervenção cirúrgica. Na pancreatite aguda leve, a inflamação se limita ao pâncreas e regiões adjacentes. Pacientes não apresentam falência de órgãos ou complicações sistêmicas ou locais. A taxa de mortalidade é < 5%. Na pancreatite aguda moderadamente grave, os pacientes apresentam complicações locais ou sistêmicas, mas não apresentam insuficiência do órgão ou apenas insuficiência transitória (resolução em 48 horas). Na pancreatite aguda grave, há falha persistente de um ou múltiplos órgãos (> 48 horas). A maioria dos pacientes tem uma ou mais complicações locais. A taxa de mortalidade é > 30%. CAUSAS A fisiopatologia da pancreatite de etiologia alcoólica ainda não é bem conhecida e acredita-se que seja multifatorial. Álcool: O uso crônico de álcool é uma das principais causas de pancreatite aguda e, certamente, a causa mais comum de sua forma crônica. Drogas : O uso de diversas drogas foi relacionado com o desenvolvimento de pancreatite aguda. De uma forma geral, o quadro clínico tende a ser brando, evoluindo com resolução total após a suspensão do fármaco. Genética: A pancreatite hereditária tem caráter autossômico dominante com penetrância variável e, na maioria dos casos, é decorrente de mutações do gene PRSS1 (protease, serina1 . Essas mutações levam à conversão prematura do tripsinogênio e autodigestão pancreática, que se manifestam clinicamente através de quadros recidivantes de pancreatite aguda na infância que evoluem para pancreatite crônica. Cálculos biliares Cálculos biliares causam cerca de 40% dos casos de pancreatite aguda. O mecanismo preciso da pancreatite por cálculos biliares é desconhecido, mas provavelmente envolve aumento da pressão no ducto pancreático causado pela obstrução da ampola secundária a um cálculo ou edema causado pela passagem de um cálculo. A hipertensão ductal resulta na ativação anormal das enzimas digestivas das células acinares. Os efeitos tóxicos do próprio ácido biliar nas células acinares também pode ser um mecanismo. A pancreatite por cálculos biliares é rara na gravidez e ocorre mais comumente no 3º trimestre EXAMES LABORATORIAS Os principais achados laboratoriais são leucocitose e hiperglicemia moderada como resultado da resposta inflamatória sistêmica. Há também elevação discreta das transaminases. Caso haja elevação significativa de ALT (acima de 150 UI/l), a etiologia biliar deve ser fortemente suspeitada. Os principais exames laboratoriais no diagnóstico da pancreatite são as dosagens de amilase e lipase séricas. A dosagem da lipase sérica é considerada o exame laboratorial primário para o diagnóstico de pancreatite, já que apresenta alta sensibilidade e especificidade e se mantém elevado por vários dias, superando assim a dosagem de amilase como exame diagnóstico. SINTOMAS - Dor abdominal na porção superior do abdômen, que irradia para as costas, tem piora com uso de álcool e alimentação; - Náuseas e vômitos; - Distensão abdominal; - Taquicardia e Hipotensão; TERAPIA NUTRICIONAL E MANEJO DO PACIENTE Pancreatite aguda grave determina aumento da resposta metabólica e inflamatória e do catabolismo. A resultante desse processo é uma deterioração do estado nutricional e grande consumo de massa magra. Quando deve ser iniciada a TN na pancreatite aguda? Em pancreatite aguda leve, a TN deve ser iniciada se não há possibilidade do paciente receber alimentos por via oral após 5-7 dias. Em pancreatite aguda grave, a TN deve ser iniciada tão logo haja estabilidade hemodinâmica. Jejum por mais de 7 dias deve ser evitado, por piorar o catabolismo proteico e energético, induzindo à desnutrição e piorando o prognóstico da doença. Após contornados os vômitos, distensão abdominal, íleo paralítico e alterações hemodinâmicas, e as provas de função pancreática tornarem-se normais (amilase, lipase, cálcio e glicose) pode-se tentar a via oral e/ou enteral. Com o início da alimentação, se houver reaparecimento da dor, náuseas e vômitos ou elevação dos níveis de amilase e lipase, ou queda do cálcio, são sinais de que a alimentação deve ser suspensa. Complicações da introdução precoce de NE (até 60 horas) são raras e não foram observadas. USO DE NPT A nutrição parenteral está indicada apenas naqueles pacientes incapazes de atingir os seus requerimentos nutricionais pela via enteral, por falência intestinal ou em situações como íleo prolongado, fístula pancreática e síndrome compartimental abdominal. Quando corretamente indicada, a nutrição parenteral tem impacto na composição corporal, aumentando significativamente os estoques de proteína corpórea. Ainda, a TNE quando comparada à TNP está associada a melhor controle glicêmico, o que é de fundamental importância no paciente com pancreatite aguda, que normalmente evolui com resistência insulínica e hiperglicemia. POSIÇÃO DA SONDA O posicionamento jejunal é o mais recomendável, no entanto, o posicionamento gástrico também pode ser seguro. Foi demonstrado que a TNE por via gástrica pode ser considerada segura e bem tolerada por até 79% dos pacientes com pancreatite aguda grave. USO DE PRÓBIOTICOS Recomendação O uso de probióticos é controverso e não está recomendado ainda para uso em pancreatite aguda. COMPOSIÇÃO DA TNE Fórmulas oligoméricas têm, teoricamente, mais vantagens que as poliméricas na pancreatite aguda, pois podem ser absorvidas sem necessidade de enzimas pancreáticas e estimulam menos o pâncreas. O tipo de dieta indicado na pancreatite aguda é a oligomérica (fórmula baseada em peptídeos). A dieta polimérica (fórmula padrão com proteína intacta) deve ser tentada, se tolerada . TEOR DE LIPIDEOS DA DIETA Na pancreatite leve, onde está indicada a alimentação oral, a dieta deve ser rica em carboidratos e proteínas e baixa em gorduras (menos de 30% da ingestão energética). A fórmula administrada no jejuno pode ser normolipídica. Recomendam-se fórmulas com alto teor de triglicerídeos de cadeia média. Nos casos em que é necessária a nutrição parenteral, o lipídio é uma eficiente fonte energética, na dose de 0,8-1,5 g/kg/dia e este deve ser descontinuado se hipetrigliceridemia superior a 1000 mg/dl5 . DIETA VIA ORAL Em casos de esteatorréia persistente, a administração de TCM é indicada. Entretanto, a quantidade recomendada não é um consenso entre os estudiosos. Na ausência de esteatorréia, indica-se dieta normolipídica,( 30%) rica em ácidos graxos de origem vegetal. Quando não ocorrer diabetes, a dieta deve ser rica em carboidratos e, caso contrário, recomenda-se dieta igual à empregada no tratamento para diabetes tipo 1. A recomendação da ingestão de proteína deve ser de 1 a 1,5g/kg/dia. Para pacientes que necessitam de suplementação protéica oral, deve se utilizar dietas à base de peptídeos.
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