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Exercícios de Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais, 3 edição. Capítulo 17: A memória e suas alterações 1. Defina memória. Descreva o que é memória coletiva. A memória é a capacidade de adquirir, armazenar e recuperar (evocar) informações disponíveis, seja internamente, no cérebro (memória biológica[2]), seja externamente, em dispositivos artificiais (memória artificial). A memória coletiva é um conceito historiográfico definido como um repositório abstrato de informações referentes a uma comunidade, grupo ou lugar que se constitui a partir de memórias individuais em seu processo de interação social. 2. Explique o que significa a frase: A memória é frequentemente reeditada. Nossa memoria e o tempo todo renovada. 3. Do que depende a eficácia no processo de memorização (codificação) armazenamento e futura evocação) de novos elementos da Memória? Depende da atenção. 4. Descreva a memória segundo o tempo de aquisição, armazenamento e evocação. A aquisição refere-se ao período de tempo entre a percepção de estímulos provenientes de uma experiência e o momento em que esses estímulos são codificados em uma forma de memória particular. Analisando a memória quanto ao tempo de armazenamento das informações, pode- se classificá-la em memória de trabalho, memória de curto prazo e memória de longo prazo. A evocação (ou recuperação) envolve a organização dos traços de memória em uma sequência coerente no tempo (fenômeno chamado de integração temporal) e ocorre https://pt.wikipedia.org/wiki/Evoca%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Informa%C3%A7%C3%B5es https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9rebro https://pt.wikipedia.org/wiki/Mem%C3%B3ria#cite_note-MB-2 https://pt.wikipedia.org/wiki/Artefato principalmente no córtex pré-frontal, através de um processo denominado memória de trabalho, o qual será detalhado mais adiante. 5. O que significa priming? Aprimoramento de repetição. 6. Classifique e caracterize os tipos de memória segundo as estruturas cerebrais envolvidas: memória de trabalho e memória semântica. A memória de trabalho, que alguns acreditam ser parte da memória de curto prazo, atua no momento em que a informação está sendo adquirida, retém essa informação por alguns segundos e, então, a destina para ser guardada por períodos mais longos, ou a descarta. A memória semântica compõe a memória declarativa de longo prazo e é responsável por reter informações de forma duradoura 7. Cite os transtornos nos quais mais há alterações da memória episódica e da memória de procedimentos Comprometimento cognitivo leve tende primeiro a afetar a memória de curto prazo (também chamada episódica) 8. Descreva dois tipos de agnosias visuais e dois tipos de agnosias Auditivas. Em humanos há duas categorias de agnosia visual; aperceptiva quando a capacidade de copiar ou combinar formas visuais ou objetos está prejudicada e associativa, quando se pode copiar ou combinar objetos complexos, mas a capacidade de identificá-los está prejudicada. O problema pode se manifestar de duas formas: em uma delas a pessoa é incapaz de reconhecer vozes. No outro tipo, ela não consegue distinguir as vozes. Normalmente, pessoas que sofrem de agnosia têm uma dificuldade ou a outra, mas nunca as duas simultaneamente. Capítulo 18: A afetividade e suas alterações 1. Quais são os cinco tipos básicos de vivências afetivas? Caracterize-os. Humor, Emoções, Sentimentos, Afetos e Paixões. Vamos juntos conhecer cada uma delas e compreender como elas podem ser ferramentas poderosas para o nosso desenvolvimento. (A) O humor é um estado afetivo intenso, de curta duração, originado geralmente como a reação do indivíduo a certas excitações internas ou externas, conscientes ou inconscientes. (B) A emoção é definida como o tônus afetivo do indivíduo, o estado emocional basal e difuso em que se encontra a pessoa em determinado momento. (C) Os sentimentos estão comumente associados a conteúdos intelectuais, valores, representações e, em geral, implicam concomitantes somáticos. (D) O afeto é a disposição afetiva de fundo que penetra toda a experiência psíquica; é a lente afetiva que dá, às vivências do sujeito, uma cor particular, ampliando ou reduzindo o impacto das experiências reais. (E) A paixão é um estado afetivo extremamente intenso, que domina a atividade psíquica como um todo, captando e dirigindo a atenção e o interesse do indivíduo em uma só direção, inibindo os demais interesses. 2. Discuta a oposição entre emoção e razão na tradição do pensamento Ocidental. Na tradição do pensamento ocidental, a emoção opõe-se frontalmente à razão; segundo essa tradição, a emoção cega o homem e o impede de pensar com clareza. 3. O que são emoções universais e quais seriam elas, segundo os auto-Resque as defendem? São elas: alegria, tristeza, raiva, aversão, surpresa, medo e desprezo. Independente da sociedade e cultura em que se vive, ao experienciar uma dessas 7 emoções, os indivíduos vão mover os mesmos músculos faciais 4. O que são emoções não conscientes? Como elas são estudadas? De acordo com estudos da neurociência moderna, as nossas emoções são inconscientes. Elas não estão sob o nosso controlo, mas são responsáveis por nos moverem para a ação. O problema surge quando uma emoção nos move em direção à negatividade e a ações que não são saudáveis. 5. Cite e descreva três teorias das emoções. As principais teorias da motivação podem ser agrupadas em três categorias principais: fisiológicas, neurológicas e cognitivas. As teorias fisiológicas sugerem que as respostas dentro do corpo são responsáveis pelas emoções. As teorias neurológicas propõem que a atividade dentro do cérebro leva a respostas emocionais. Finalmente, as teorias cognitivas argumentam que os pensamentos e outras atividades mentais desempenham um papel essencial na formação das emoções. 6. Caracterize as alterações do humor: distimia, hipertermia, puerilidade E irritabilidade patológica. Distimia é um tipo de depressão crônica, de moderada intensidade. Diferentemente da depressão que se instala de repente, a distimia não tem essa marca brusca de ruptura. O mau humor é constante. Hipertermia é uma situação em que o corpo apresenta um aumento acentuado de temperatura, sendo uma de suas principais causas a exposição ao calor excessivo. Em dias muito quentes, devemos estar atentos à exposição ao calor, pois ele pode ser responsável por esse problema. https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/depressao/ Puerilidade: aspecto infantil, simplório, regredido, a vida afetiva é é superficial, sem afetos profundos, consistentes. A irritabilidade é um sintoma inespecífico, podendo ser encontrada em indivíduos normais. No entanto, esta se torna patológica quando qualquer estímulo é sentido como perturbador e a criança ou adolescente apresenta hiper-reatividade de característica desagradável, hostil e eventualmente agressiva. 7. Estabeleça a diferença entre ansiedade, angústia e medo. A ansiedade diz respeito ao perigo possível, ela serve ao propósito de antecipar reações a algo que pode ser danoso para nós. A angústia é uma situação psicológica caracterizada por um conjunto de sintomas que surgem devido a alguma situação em que a pessoa se sente ameaçada por algo que irá acontecer, o que leva à preocupação excessiva, irritabilidade, alteração dos batimento cardíacos e insegurança, por exemplo. O medo é uma palavra mais bem definida e utilizada, e diz respeito à nossa reação frente a perigos imediatos, que já se apresentaram; já a 8. Descreva como são as crises de pânico. O transtorno do pânico (TP) é caracterizado por crises de ansiedade repentina e intensa com forte sensação de medo ou mal-estar, acompanhadas de sintomas físicos. As crises podem ocorrer em qualquer lugar, contexto ou momento,durando em média de 15 a 30 minutos Capítulo 19: A vontade, a psicomotricidade, o agir e suas alterações 1.Defina ato volitivo e caracterize as etapas do processo volitivo. ATO VOLITIVO OU DE VONTADE – O ato volitivo ou de vontade, segundo Dalgalarrondo (2008). É traduzido pelas expressões típicas do eu quero ou eu não quero, que caracterizam a vontade humana sensu strictu. Os motivos, ou razões intelectuais que influem no ato volitivo, dos móveis, ou influencias afetivas atrativas ou repulsivas que pressionam a decisão volitiva para um lado ou para outro. O ato volitivo se dá, de forma geral, como um processo, o chamado processo volitivo, no qual se distinguem quatro etapas ou momentos fundamentais e em geral cronologicamente seguidos. FASES DO PROCESSO VOLITIVO – A fase de intenção ou proposito, no qual, segundo Dalgalarrondo (2008), se esboçam as tendências básicas do individuo, suas inclinações e interesses. A fase da deliberação diz respeito à ponderação consciente, levando-se em conta tanto os motivos como os moveis implicados no ato volitivo. É um momento de apreciação, consideração dos vários aspectos e das implicações de determinada decisão. A fase de decisão propriamente dita é o momento culminante do processo volitivo, instante que demarca o começo da ação, no qual os moveis e os motivos vencidos dão lugar aos vencedores. A fase de execução constitui a etapa final do processo volitivo, na qual os atos psicomotores simples e complexos decorrentes da decisão são postos em funcionamento, a fim de realizar e consumar aquilo que mentalmente foi decidido e aprovado pelo individuo. O ato de vontade pautado por essas quatro fases, em que ponderação, analise e reflexão precedem a execução motora, é denominado ação voluntária. 2. Qual é a relação entre certas estruturas cerebrais e processos psicológicos envolvidos em julgamentos e comportamentos morais? Lesões no córtex pré-frontal ventromedial: menos empatia, compaixão, culpa, vergonha e arrependimento em decisões que, embora utilitárias, causam dano a alguém, mesmo sendo a uma pessoa próxima. Duas estruturas cerebrais têm sido relacionadas a os comportamentos impulsivos e à agressividade: o hipotálamo (na região anterior, dorso medial e ventro medial) e a amígdala (a estimulação da amígdala em gatos pode, dependendo do estado de temperamento preexistente no animal, produz ir agressividade ou comportamento dócil). Tem sido identificada, também, hiperatividade neural nos córtices orbito frontal, do cíngulo anterior e do corpo es triado (circuito fronto estriado) em pacientes com compulsões. 3. Estabeleça a diferença entre os atos impulsivo e compulsivo. Ato impulsivo é aquele que acontece no ímpeto; abole abruptamente s f ases de intenção, deliberação e decisão, em função tanto da intensidade dos desejos ou dos temores inconscientes como da fragilidade das instâncias psíquicas implicadas na reflexão, análise, ponderação e reflexão dos impulsos e dos desejos. É realizado, de modo geral, de forma egossintônica. É geralmente associado a impulsos patológicos (inconscientes) ou à incapacidade de tolerância à frustração. Ato compulsivo, ou compulsão, difere do ato impulsivo por ser reconhecido pelo indivíduo como indesejável e inadequado, assim como pela tentativa de refreá-lo ou adiá-lo. Ação motora complexa que pode envolver desde atos compulsivos simples a rituais complexos, que apresentam as características: vivência frequente de desconforto subjetivo, contrários aos valores morais e anseios de quem os sofre (indesejáveis), há a tentativa de resistir, o alívio ao realizar o ato e é associado a ideias obsessivas. 4. Quais são os tipos de compulsões e atos impulsivos patológicos? AUTOMUTILAÇÃO: é o impulso (ou compulsão) seguido de comportamento de autolesão voluntária; casos mais leves e moderados são vistos em transtorno de borderline, transtorno obsessivo -compulsivo e alguns deficientes mentais; casos mais graves o correm geralmente em pacientes psicóticos, esquizofrênicos em estado alucinatório-delirante e psicose tóxica (alucinógenos). 2. FRANGOFILIA: impulso patológico de destruir os objetos que circundam o indivíduo; ocorre n as psicoses, em alguns quadros d e intoxicação por psicotrópicos, transtorno de personalidade e alguns deficientes mentais. PIROMANIA: é o impulso de atear fogo a objeto s, prédios, lugares, etc. Ocorre principalmente em indivíduos com transtornos da personalidade. 5. Quando o investigador deve avaliar os impulsos suicidas? Sempre que o examinador encontrar um paciente deprimido, cronicamente ansioso e hostil , desmoralizado, sem perspectivas, deve investigar detidamente os impulsos suicidas 6. Quais são as principais alterações motoras associadas ao uso de Psicofármacos? Os psicofármacos, principalmente os neurolépticos de primeira geração (haloperidol, clorpromazina, flufenazina, etc.) utilizados no tratamento das psicoses, produzem uma série de alterações no tônus muscular, na post ura e na movimentação voluntária e involuntária. São descritos pela semiologia neurológica, diversos movimentos involuntários decorrentes de lesões neuronais: tremores, tiques, mioclonias, mioquimias, atetose, balismo, entre outros. Capítulo 20: O pensamento e suas alterações 1. Quais são os elementos constitutivos do pensamento? Descreva-os. CONCEITO: se forma a partir das representações; elemento estrutural básico do pensamento; elemento puramente cognitivo, intelectivo, não tendo qualquer resquício sensorial; nele exprime -se apenas os caracteres mais gerais dos objetos e dos fenômenos; para a sua formação são necessários dois passos fundamentais: a eliminação dos caracteres da sensorialidade (necessário apenas a dimensão conceitual) e a generalização (conceito resulta da síntese, por abstração e generalização, de um número considerável de fenômenos singulares). JUÍZO: formar juízos é o processo que conduz ao estabelecimento de relações significativas entre os conceitos básicos; consiste, a princípio, na afirmação de uma relação entre dois conceitos; tem, por função básica, formular uma relação unívoca entre um sujeito e um predicado. RACIOCÍNIO: função que relaciona os juízos; o processo do raciocínio representa um modo especial de ligação entre conceitos, de sequência de juízos, de encadeamento de conhecimentos, derivando sempre uns dos outros 2. Cite e caracterize as principais alterações do curso do pensamento. ACELERAÇÃO DO PENSAMENTO: o pensamento flui de forma muito acelerada, uma idéia se sucedendo à outra rapidamente. LENTIFICAÇÃO DO PENSAMENTO: o pensamento progride lentamente, de forma dificultosa ; há certa latência entre as perguntas formuladas e as respostas. BLOQUEIO OU INTERCEPTAÇÃO DO PENSAMENTO: verifica -se o bloqueio do pensamento quando o paciente, ao relatar al go, no meio de uma conversa, brusca e repentinamente interrompe seu pens amento, sem qualquer motivo aparente; típico da esquizofrenia. ROUBO DO PENSAMENTO: é uma vivência frequentemente associada ao bloqueio do pensamento, na qual o indivíduo tem a nítida sensação de que seu pensamento foi roubado de sua mente, por uma força ou ente estranho, por uma máquina, uma antena, etc; típica da esquizofrenia. 3. Quais são as principais alterações da forma ou estrutura do pensamento? As principais alterações da forma ou estrutura dopensamento são: fuga de ideias, dissociação e incoerência do pensamento, afrouxamento das associações, descarrilhamento e desagregação do pensamento. 1. FUGA DE IDEIAS: é uma alteração da estrutura do pensamento secundária à acentuada aceleração do pensamento , na qual uma ideia se segue a outra de forma extremamente rápida, perturbando-se as associações lógicas entre os juízos e os conceitos; as palavras d eixam de seguir uma lógica ou finalidade do pensamento e passam a ocorrer por assonância e as ideias se associam muito mais pela presença de estímulos externos contingentes; sem coerência final; alteração dos quadros maníacos. 2. DISSOCIAÇÃO D O PENSAMENTO: os pensamentos passam progressivamente a não seguir uma sequência lógica e bem-organizada, e os juízos não se articulam de forma coerente uns com os outros. 3. AFROUXAMENTO DAS ASSOCIAÇÕES: embora aqui ainda haja concatenação lógica entre as ideias, nota-se já o afrouxamento dos enlaces associativos. 4. DESCARRILHAMENTO DO PENSAMENTO: o pensamento passa a extraviar- se de seu curso normal, toma atalhos colaterais, desvios, pensamentos supérfluos, retornando aqui e acolá ao seu curso original; geralmente está associado a marcante distraibilidade. 5. DESAGREGAÇÃO DO PENSAMENTO: nesse caso há profunda e radical perda dos enlaces associativos, total perda da coerência do pensamento; sobram apenas “pedaços” de pensamentos, conceitos e ideias fragmentadas, muitas vezes irreconhecíveis, sem qualquer articulação racional. na esquizofrenia, de modo geral, o progredir da desestruturação do pensamento se gue esta sequência ( em ordem de gravidade): afrouxamento das associações, descarrilhamento do pensamento e, finalmente, desagregação do pensamento. Essas formas de alteração podem ser encontradas, de modo ainda incipiente, em parentes de primeiro grau de pacientes com esquizofrenia Capítulo 21: O juízo de realidade e suas alterações (o delírio) 1. Qual é a diferença entre erro simples e delírio? Exemplifique. Erro simples é aquele compreensível psicologicamente, originado da ignorância do julgar apressado e das bases de premissas falsas. É erro confundir coisas semelhantes, dando valor de igualdade para estes, é erro o “amuleto da sorte”, é erro dar como verdade absoluta nossas impressões pelos sentidos. Esses erros são passíveis de correção pela experiência a partir da transformação possível da realidade (da ignorância, do fanatismo religioso ou político). Opostamente, o delírio tem característica patológica, sendo incompreensível psicologicamente. 2.O que são ideias prevalentes ou sobre valoradas? Ideias errôneas por superestimação afetiva”. São ideias que, por conta da importância afetiva que têm para o indivíduo, adquirem predominância enorme sobre os demais pensamentos, conservando-se obstinadamente em sua mente. Essas ideias são aceitas pelo paciente, além de fazerem sentido para o mesmo. O paciente se identifica com essas ideias e coloca a sua personalidade totalmente a seu serviço. Só podem ser consideradas patológicas apenas a partir do contexto específico do paciente e de sua personalidade, pois podem se apresentar tanto em quadros de transtorno mentais, quanto em vivências de indivíduos normais. 3. Defina delírio segundo a concepção de Jaspers. Como ele pode ser Identificado clinicamente (indícios externos do delírio)? Segundo Karl Jaspers (1883-1969) (1979), as idéias delirantes, ou delírio, são juízos patologicamente falsos. Dessa forma, o delírio é um erro do ajuizar que tem origem na doença mental. Não é a falsidade do conteúdo que faz uma crença (uma ideia) ser um delírio, mas sobretudo a justificativa para a crença que o delirante apresenta, o tipo de evidência que lhe assegura que as coisas são assim. Jaspers (1979) descreveu três características ou indícios externos para a identificação clínica do delírio: 1. CONVICÇÃO EXTRAORD INÁRIA: a sua crença é total; ao v r do doente, não se pode colocar em dúvida a veracidade de seu delírio. 2. CARÁCTER IRREMOVÍVEL: é impossível a modificação do delírio pela experiência objetiva, por provas explícitas da realidade, por argumentos lógicos, plausíveis e aparentemente convincentes. 3. CONTEÚDO IMPOSSÍVEL: quase sempre um juízo falso; alguns doentes podem eventualmente delirar e seu delírio ser verídico, entretanto, não invalida o fato de que, para aquela pessoa, o que se passa, do ponto de vista psicopatológico, é um delírio ; os modos como ela construiu o seu ajuizamento e como mantém essa crença, são patológicos. 4. PRODUÇÃO ASSOCIAL: convicção de um homem só; idiossincrática em relação grupo cultural do doente; ideias delirantes como criações (geralmente) falsas, individuais e associais. 4.Quais são as dimensões do delírio? GRAU DE CONVICÇÃO: determina até que ponto o paciente está convencido da realidade de suas ideias delirantes. 2. EXTENSÃO: trata-se da extensão com que as ideias delirantes envolvem diferentes áreas da vida do paciente. 3. BIZARRICE OU IMPLAUSIBILIDADE: trata-se do quanto seu delírio se distancia da realidade consensual, do quão implausível, impossível de suceder é o delírio. 4. DESORGANIZAÇÃO: aqui se verifica até que ponto as ideias delirantes são consistentes internamente, têm lógica própria e em que grau são sistematizadas, com ordem interna. 5. PRESSÃO OU PREOCUPAÇÃO: o quanto o paciente está preocupado e envolvido com suas crenças delirantes, o quanto ele se sente pressionado pelo delírio. 6. RESPOSTA AFETIVA OU AFETO NEGAT IVO: trata-se do quanto as crenças delirantes abalam ou tocam afetivamente o paciente, do quanto ele fica assustado, ansioso, triste ou irritado em consequência do delírio. 7. COMPORTAMENTO DESVIANTE: aqui se verifica o quanto o paciente age em função de seu delírio e em que medida ele pratica atos estranhos, perigosos ou inconvenientes a partir de suas ideias delirantes. 5. Quais são as possíveis causas e teorias etiológicas do delírio? Justifique sua resposta com pressupostos teóricos (hipóteses e modelos). HIPÓTESES CAUSAIS E MODELOS PSICANALÍTICOS E PSICODINÂMICOS: Freud: processo de transformação de impulsos e desejos inaceitáveis, na base do delírio, ao sujeito consciente que se expressaria como delírios persecutórios (eu amo ele – eu odeio ele – me odeia); Teoria da Hostilidade (Swanson; Bohnert; Smith, 1970); Teoria da Humilhação (Sullivan, 1965); 2. HIPÓTESES CAUSAIS E MODELOS EXISTENCIAIS ( FOCADOS NA INTERAÇÃO HUMANA): Na perspectiva existencial, o delírio advém de profundo distúrbio do encontro co-humano. Haveria um transtorno fundamental da comunicação inter-humana. Binsw anger (1949) a firma que, no delirante, é a estrutura de sua existência, de seu estar-no-mundo, que se transforma profundament3e; lida-se com uma decapitação existencial, da privação de poder e liberdade existenciais. 3. HIPÓTESES CAUSAIS E MODELOS COGNITIVOS : da experiência anômala; de vieses atencionais; de vieses atributivos; do viés tipo salto-para-conclusões (ou de procedimentos probabilísticos distorcidos); e do déficit na teoria da mente. 4. HIPÓTESES CAUSAIS E MODELOS NEUROPSICOLÓGICOS : a capacidade de auto-observação e auto-avaliação, assim como a monitoração e o teste d arealidade, são funções psicológicas altamente dependentes da integridade das áreas pré -frontais. Tais capacidades e funções estão quase sempre comprometidas nos sujeitos delirantes. 5. Como estabelecer um diagnóstico diferencial entre ideias prevalentes e delirantes? E entre ideias obsessivas e delirantes? A diferenciação entre ideias prevalentes e delirantes baseia -se sobretudo em observar cuidadosamente se os indícios externos do delírio estão ou não presentes. Assim, para considerar uma ideação como delirante (e não como ideia prevalente), deve haver: 1. CONVICÇÃO EXTRAORD INÁRIA: a certeza subjetiva praticamente absoluta. 2. IMPOSSIBILIDADE DE MODIFIC AÇÃO da ideia pela experiência. 3. FRANCA FALSIDADE 4. IMPOSSIBILIDADE DA IDEIA sustentada 5. CARÁTER ASS OCIAL, não-compartilhado pelo grupo cultural do sujeito, do juízo afirmado. É particularmente difícil estabelecer essa distinção nos casos das ideias hipocondríacas (prevalentes ou delirantes) sustentadas com extrema convicção pelo sujeito, assim como nas ideações intensas de ciúmes (prevalentes ou delirantes), que também são geralmente asseveradas com grande certeza por alguns indivíduos. As ideias ou pensamentos obsessivos são d escritas(os) como ide ias estranhas ou absurdas, recorrentes, que se introduzem de forma repetida e incômoda n a consciência do sujeito, o qual, apesar de sofrer com elas, tem crítica em relação a seu caráter absurdo. 6. Como estabelecer um diagnóstico diferencial entre: Delírio e alucinação DELÍRIO E ALUCINAÇÃO: sugere-se classificar o fenômeno por meio do caráter predominante da experiência: quando sensorial, considera-se como alucinação, quando ideativa ou de caráter mais interpretativo, como delírio. - Ideias prevalentes versus ideias delirantes Um conceito próximo, porém diferente do de delírio, é o de ideia sobrevalorada (supervalorizada ou prevalente). A ideia sobrevalorada, que nasce da influência de estados afetivos intensos, também é falsa, mas o grau de convicção é bem menor do que no delírio, podendo ser corrigida diante de evidências objetivas. - Ideias obsessivas versus ideias delirantes idéia obsessiva: diferentemente da idéia delirante, esta é reconhecida ... Idéias obsessivas puras: não provocam impulsos e nem são secundárias ao medo. - Mitomania e ideias delirantes MITOMANIA E IDÉIAS DELIRANTES: a mitomania deve ser diferenciada, sobretudo do delírio fantástico ; ela é definida como a tendência patológica a mentir e criar mitos, de modo mais ou menos voluntário e consciente; o paciente mitômano conta longas e complicadas histórias (que mais parecem fábulas), seus feitos, suas aventuras, tudo é falso - Pseudologia fantástica e ideias delirantes PSEUDOLOGIA FANTÁST ICA E IDÉIAS DELIRANTES: A pseudologia fantástica ocorreria quando o indivíduo mescla sua fantasia, intensa e penetrante, com a realidade. As pessoas com pseudologia fantástica têm uma enorme ânsia pela estima dos outros, uma tendência à vida imaginativa muito intensa e, em contraposição, o sentido de realidade relativamente frágil. A pseudologia fantástica pode ser tanto transitória e passageira como duradoura e estável. A situação clássica é a de um indivíduo solitário, sem familiares ou ami gos, que, tarde da noite, aparece no pronto-socorro de um hospital de uma cidade estranha, relatando histórias (às vezes, bizarras) referentes à sua grande importância, sobre como tem sido injustiçado e sobre os infortúnios pelos quais tem passado (Sims, 1995). Capítulo 22: A linguagem e suas alterações 1. Descreva as funções da linguagem. A linguagem particularmente em sua forma verbal, é o principal instrumento de comunicação dos se res humanos, de fundamental importância na elaboração e na expressão de pensamentos. Ferndinand de Saussure (1916) distingui duas dimensões básicas da linguagem: a Langue e a Parole. Há três elementos essenciais de qualquer língua ou idioma: 1. o FONÉTICO: sons; 2. o SEMÂNTICO: significação dos vocábulos; 3. e o SINTÁTICO: lógicas das palavras. É possível descrever as seguintes funções da linguagem: 1. A FUNÇÃO COMUNICATIVA, que garante a socialização do indivíduo. 2. A linguagem como SUPORTE DO PENSAMENTO, particularmente de sua forma evoluída, como pensamento lógico e abstrato. 3. A linguagem COMO INSTRUMENTO DE EXPR ESSÃO dos estados emocionais, das vivências internas, subjetivas. 4. A linguagem como AFIRMAÇÃO DO EU e de instituição das oposições eu/mundo, eu/tu, eu/outros. 5. A linguagem na sua DIMENSÃO ARTÍSTICA E/OU LÚDICA, como elaboração e expressão do belo, do dramático, do sublime ou do terrível, isto é, a linguagem como poesia, como literatura. 2. O que é afasia? Quais os tipos? Caracterize-os. É a perda da linguagem, falada e escrita, por incapacidade de compreender e utilizar os símbolos verbais. Os tipos são: 1. AFASIA DE EXPRESSÃO OU DE BROCA: t rata-se da afasia não-fluente, o indivíduo não fala ou fala com dificuldade. 2. AFASIA DE COMPREENSÃO OU DE WERN ICKE: afasia fluente em que o indivíduo pode falar mas a fala é defeituosa. 3. AFASIA GLOBAL: afasia grave, não fluente, acompanhada por hemiparesia direita 3. Defina ecolalia, palilalia, logoclonia, perseveração e estereotipia verbal. ECOLALIA: repetição da última ou das últimas palavras que o entrevistador (ou alguém no ambiente) falou ou dirigiu ao paciente; fenômeno quase que automático, involuntário, realizado sem planejamento ou controle. 2. PERSEVERAÇÃO E ESTEREOTIPIA VER BAL: neste caso, há repetição automática de palavras ou trechos de frases, de modo estereotipado, mecânico e sem sentido, o que indica lesão orgânica, particularmente das áreas cerebrais pré-frontais. 4. Descreva verbigeração e mussitação. A VERBIGERAÇÃO é a repetição, de forma monótona e sem sentido comunicativo aparente, de palavras, sílabas ou trechos de frases. 2. A MUSSITAÇÃO, fenômeno próximo à verbi geração, é a produção repetitiva de uma voz muito baixa, murmurada, em tom monocórdico, sem significado comunicativo. 5. O que é glossolalia? Em que contextos é observada? É a produção de um a fala gutural, pouco compreensível, um verdadeiro conglomerado ininteligível de sons (ou, no plano escrito, de letras ininteligíveis). Os sons, apesar de não terem sentido lingüístico, imitam a fala normal nos seus aspectos prosódicos (“a música da fala”), mantendo as distinções de “palavras”, “sentenças” e até de “parágrafos”. A glossolalia é muito freqüente nos cultos pentecostais, nos quais o crente, ao receber a graça do espírito santo, “fala em línguas estrangeiras” (sem nunca as ter estudado). Também observa-se a glossolalia em estados de êxtase associados a outras religiões que não o pentecostalismo, no sonambulismo e, menos freqüentemente, na esquizofrenia. 6. Caracterize a linguagem na esquizofrenia. Os NEOLOGISMOS PATOLÓGICOS são palavras inteiramente novas criadas pelo paciente ou vocábulos já existentes que recebem acepção totalmente nova.2. ESTILIZAÇÕES, REBUSCAMENTOS E MANEIRISMOS , que indicam a transformação do pensamento e do comportamento geral do paciente no sentido de adotar posturas e funcionamentos rígidos e estereotipados, perdendo -se a adequação e a flexibilidade do comportamento verbal em relação ao contextosociocultural em questão. 7.Caracterize a linguagem nos diferentes quadros de demência. No início dos quadros demenciais, podem se encontrar alterações da linguagem como as parafasias (deformações de palavras existentes; “ caneira”, em vez de “cadeira”) e, mais frequentemente, a dificuldade em encontrar as palavras. O paciente tende a usar termos vagos e inespecíficos. Também responde às perguntas de modo inespecífico. Capítulo 26: Inteligência e cognição social 1.Estabeleça a diferença entre inteligência geral e inteligência intelectual. O que é QI? Descreva sua utilidade múltiplas Cuidados em sua interpretação. Muitos autores distinguem diferentes tipos de inteligência, correspondendo às várias habilidades ou áreas da cognição, como: inteligência verbal, viso espacial, visuoconstrutiva inteligência aritmética, capacidade lógica, capacidade de planejamento e execução, capacidade de resolução de problemas novos, inteligência para a abstração e para a compreensão ,inteligência criativa, etc. Tais modelos de inteligências múltiplas questionam a noção de inteligência geral (ou seja, a noção de que a inteligência de uma pessoa pode ser expressa ou resumida a um traço latente unifatorial). 2. Descreva como avaliar de forma simplificada e aproximativa a inteligência de uma pessoa. A avaliação da inteligência deve buscar identificar um padrão geral de rendimento intelectual, não se fixando apenas em, ou supervalorizando, áreas específicas da inteligência. A interpretação dos resultados de testes de QI deve ser feita com cautela e flexibilidade ,sendo o teste considerado um guia, um indicativo, e não algo absoluto. O contexto cultural do indivíduo, os valores, as normas e os estilos cognitivos de seu grupo étnico e social devem ser seriamente considerados na interpretação dos resultados. Deve-se tomar cuidado na interpretação dos resultados principalmente quando houver discrepância entre as subescalas verbais e de desempenho. Entretanto, apesar de tais ressalvas ,os testes de QI têm o seu lugar como instrumento diagnóstico auxiliar na clínica psiquiátrica. 3.O que é cognição social? Descreva seus principais domínios. Já para Fiske e Taylor (2008), a cognição social é um campo da psicologia social que investiga a forma como as pessoas compreendem as outras pessoas e elas mesmas no ambiente social. As causas finais dizem respeito a explicações associadas à evolução e as causas próximas aludem, por sua vez, processos biológicos que operam no organismo no momento em que o comportamento pode ser observado (Pervin & John, 2004). 4. Como a cognição social se desenvolve na criança? A criança precisa perceber o seu papel dentro do ambiente em que vive e aprender a exercê-lo. Regras de convivência, formas de se comunicar e até o próprio comportamento são elementos que têm a ver com a cognição social 5. Quais são as relações entre cognição social e cérebro? A cognição social é o processo que orienta condutas frente a outros indivíduos da mesma espécie. Várias estruturas cerebrais têm um papel chave para controlar as condutas sociais: o córtex pré-frontal ventromedial, a amígdala, o córtex somatosensorial direito e a ínsula. 6.Como é a cognição social na esquizofrenia e no autismo? O que é o Fenômeno savant? Déficits na cognição social são características nucleares nos Transtornos do Espectro do Autismo (TEA) e na Esquizofrenia. Estes estão associados a prejuízos na funcionalidade do indivíduo, que engloba um desempenho laboral ou escolar adequado, uma vida independente e a manutenção de suas relações interpessoais. A Síndrome de Savant é um distúrbio psíquico raro que faz com que algumas pessoas tenham habilidades intelectuais extraordinárias, conhecidas também como “ilhas de genialidade” e "prodígios". Esses talentos estão sempre ligados a uma memória acima da média, porém com pouca compreensão do que está sendo descrito. Capítulo 27: Do sintoma à síndrome 1. Quais são os transfundo estáveis e os transfundo momentâneos? Estáveis e duradouros – Pouco mutáveis – personalidade e inteligência. Qualquer vivência ganha conotação diferente a partir da personalidade do indivíduo. P. ex. pacientes muito reativos tendem a responder aos sintomas de forma mais ampla. A inteligência determina a profundidade e a riqueza dos sintomas. P. ex. pacientes muito inteligentes produzem delírios ricos e complexos. Mutáveis e momentâneos – Determinam a qualidade e o sentido do conjunto das vivências psicopatológicas – nível de consciência e humor. O nível de consciência estabelece a clareza e a precisão dos sintomas. O humor e o estado afetivo volitivo momentâneo influenciam no colorido específico de sintomas . P. ex. uma ideia prevalente em um contexto ansioso extremo pode ganhar dimensões próprias, diferente de um contexto depressivo. 2.Quais são os fatores envolvidos na manifestação dos transtornos Mentais? Estresse, genética, nutrição, infecções perinatais e exposição a perigos ambientais também são fatores que contribuem para os transtornos mentais. 3. Descreva o que se entende por: remissão (remission), recuperação (recovery), recaída ou recidiva (relapse) e recorrência (recurrence). Remissão: É o retorno ao estado normal tão logo acaba o episódio agudo. Fala-se em remissão espontânea quando o paciente se recupera sem o auxílio de intervenção terapêutica. Recuperação: É o retorno e a manutenção do estado normal, já tendo passado um bom período de tempo (geralmente se considera um ano) sem que o paciente apresente recaída do quadro. Recaída ou r : É o retorno dos sintomas logo após haver ocorrido melhora parcial do quadro clínico ou quando o estado assintomático é ainda recente(não tendo passado um ano do episódio agudo). Recorrência: É o surgimento de um novo episódio, depois de o indivíduo apresentar-se assintomático por um bom período (pelo menos por cerca de um ano).Pode-se dizer que a recorrência é um novo episódio da doença. 4. Descreva e comente sobre a posição dos fenômenos psicopatológicos A psicopatologia visa conhecer os fenómenos psíquicos patológicos oferecendo à clínica as bases para a compreensão da sua origem, intimidade funcional e evolução provável. A psicopatologia tenta conhecer os fenómenos que suportam a acção curativa e preventiva da clínica. Em relação à dimensão biológico-cerebral e à dimensão psicológico-subjetiva e cultura. As síndromes da psicopatologia, os transtornos e os modos de proceder Em relação aos diagnósticos
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