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Unidade 1 - zootecnia avançada


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Unidade 1 - Produção de ruminantes 
Apresentação 
 
Os animais ruminantes ocupam grande parte da área relativa à 
produção de alimentos no mundo por serem capazes de converter 
pastagens e alimentos de baixa qualidade em diversos tipos de 
produtos. Em termos de área de produção, recurso escasso e cada 
vez mais caro, eles ocupam regiões de terra mais barata para os 
sistemas de produção de cria e que, muitas vezes, não oferecem 
condições para a produção de grãos ou de culturas mais exigentes. 
Apesar da imagem negativa da produção de bovinos de corte em 
alguns mercados consumidores e de desafios relacionados a 
ineficiências produtivas e a técnicas de manejo, os bovinos também 
são indicados para a conservação de regiões de pastagens naturais. 
Além disso, representam uma das principais proteínas produzidas e 
consumidas no Brasil e no mundo, uma vez que os bovinos de leite 
oferecem proteína de baixo custo a uma grande camada da 
população e oferecem alternativa de renda a pequenos produtores 
familiares. 
Os pequenos ruminantes oferecem opções de produção em áreas 
ainda mais inóspitas, como no semiárido do Nordeste brasileiro, 
aproveitando inclusive a cultura da palma forrageira. Assim, tais 
animais oferecem uma alternativa importante para os produtores 
da região e para os consumidores, que têm grande necessidade de 
nutrientes. A carne e leite de ovinos também têm potencial nos 
mercados diferenciados e sua lã oferece material de qualidade para 
o mercado têxtil de luxo. 
 
OBJETIVOS DA UNIDADE 
• Conhecer características gerais dos bovinos domésticos; 
• Reconhecer bovinos europeus e bovinos indianos; 
 
• Analisar características zootécnicas dos bovinos de corte e de 
leite; 
• Observar características zootécnicas de caprinos e ovinos de 
produção; 
• Avaliar os sistemas de produção dos ruminantes; 
• Dominar os princípios da produção de ruminantes domésticos. 
 
TÓPICOS DE ESTUDO 
 
Bovinocultura de corte e leite 
 
// Produção de bovinos de corte 
// Produção de bovinos de leite 
 
Caprinocultura e ovinocultura 
 
// Produção de caprinos 
// Produção de ovinos 
 
Bovinocultura de corte e leite 
 
Os bovinos domésticos são aproveitados na produção de itens 
fundamentais para a humanidade, uma vez que suas cadeias 
produtivas entregam alimentos (carne e leite) roupas (couro) e 
medicamentos (heparina) aos consumidores finais. Os bovinos são 
mamíferos ruminantes capazes de aproveitar carboidratos 
complexos (como a celulose que confere dureza às plantas) e o 
nitrogênio não proteico, conforme mostra o sistema digestivo 
apresentado na Figura 1. Essa capacidade faz com que sejam 
capazes de transformar recursos, como pastagens e outros 
alimentos de menor qualidade, em carne e leite, diferente de outros 
animais de produção monogástricos (suínos e aves), que demandam 
alto uso de grãos em suas dietas. 
 
 
Figura 1. Sistema digestivo simplificado de bovinos. Fonte: Adobestock. Acesso em: 
15/06/2021. 
 
Como ruminantes, os bovinos são capazes de digerir uma variedade 
de vegetais pela fermentação, realizada pelos microrganismos que 
vivem de forma comensal – relação entre duas espécies que 
beneficia ambas sem prejuízo a nenhuma delas – no rúmen desses 
animais. As principais opções de alimentação dos bovinos em pasto 
são as pastagens de gramíneas, naturais ou plantadas, e de trevos, 
mas também podem ser alimentados com forragem conservada, 
como feno e silagem, ou com grãos de cereais em dietas de alta 
energia. 
Esses grandes ruminantes são encontrados em quase todo o 
mundo, com exceção das terras inóspitas nos Polos Norte e Sul. Os 
bovinos fazem parte do grupo de animais domesticados durante a 
Revolução Agrícola, há mais ou menos 9000 anos, sendo 
considerado o grupo mais importante do ponto de vista econômico. 
Nesse período, os humanos passaram a investir grande parte do 
tempo em controlar e melhorar as espécies de plantas e animais 
para consumo. 
Apesar da controvérsia entre os pesquisadores quanto à origem dos 
bovinos, acredita-se que eles descendam de raças locais do Auroque 
(Bos primigenius), um animal agressivo e muito grande, extinto por 
volta do século XVII, como relatado por Caramelli em artigo para a 
revista Human Evolution, em 2006. Como o animal era encontrado 
em diversas partes do mundo, é provável que sua adaptação aos 
diversos ambientes tenha dado origem aos antepassados das 
subespécies e raças de bovinos conhecidas hoje. 
 
Os dois tipos de bovinos domésticos desse gênero, Bos 
indicus e Bos taurus, foram considerados como espécies na 
classificação de Lineu, baseada na semelhança entre os animais 
oriunda da proximidade geográfica e do isolamento desses 
grupos de animais. Contudo, novas abordagens questionam 
essa classificação e sugerem que elas sejam consideradas como 
subespécies, visto que é possível reproduzir bovinos das duas 
“espécies” e gerar descendentes também férteis, como é a base 
de quase todos os cruzamentos comerciais utilizados na 
produção de bovinos. 
 
Esses pesquisadores compararam o material genético encontrado 
em fósseis aos dos bovinos atuais e comprovaram que os auroques 
foram os progenitores tanto do gado europeu (Bos taurus) quanto 
do zebuíno (Bos indicus), propondo denominá-los então de Bos 
primigenius taurus e Bos primigenius indicus, conforme escrito por 
Hiendleder, Lewalski e Janke, em artigo publicado em 2008 na 
revista Cytogenetic and genome research. 
Embora isto faça sentido num viés didático e filogenético, essa 
proposição ainda não é de todo aceita nas ciências agrárias, que 
denominam as subespécies como Bos taurus taurus e Bos taurus 
indicus. Além disso, pelos benefícios oferecidos pelo cruzamento 
entre as duas subespécies e pelo fato de que a maior parte do 
rebanho mundial é comercial e reproduzido com assistência e 
planejamento zootécnico, é improvável que um dia exista 
distanciamento genético suficiente para garantir a especiação, ou 
seja, a diferenciação desses animais em duas espécies. 
Segundo Rischkowsky e Pilling, no livro The state of the world's 
animal genetic resources for food and agriculture - in brief, de 2007, 
as raças que compõem a subespécie Bos taurus são também 
chamadas de raças europeias e representam animais mais 
adaptados a climas temperados, sendo bovinos que, em geral, não 
possuem cupim, com chifres inexistentes ou curtos, pele clara e 
pelos mais longos. No Brasil, são animais adaptados ao clima mais 
ameno dos campos da Região Sul, porém, seus reprodutores e 
sêmen são comercializados, para outras regiões e climas brasileiros 
e internacionais, para cruzamento. Essas raças apresentam bons 
índices de produtividade, precocidade e qualidade de carne, mas 
também são menos resistentes a parasitas e condições ambientais 
adversas, como calor e seca. 
Por outro lado, os mesmos autores caracterizam as raças zebuínas 
(Bos taurus indicus) como adaptadas às temperaturas mais elevadas 
das regiões tropicais. Os zebuínos, maioria do rebanho brasileiro, 
são animais mais reativos, com cupim/giba, barbela (pele do 
pescoço) abundante e pregueada, pele com pigmentação mais 
escura e solta da musculatura, orelhas longas e pendulares, além de 
pelos curtos e finos. A capacidade de adaptação a condições 
adversas desses animais possibilitou sua expansão em território 
nacional, em conjunto com o desenvolvimento tecnológico, genético 
e de manejo de pastagens, que contribuiu para que o Brasil atingisse 
sua posição de grande produtor e exportador internacional de 
carne. 
 
EXPLICANDO 
A corcova, cupim ou giba, característica dos bovinos indianos, serve 
como uma reserva energética para situações de necessidade, como nos 
camelos e dromedários. A característica mais evidente do cupim, além 
de servir para alimentação humana, é o fato dele ser entremeado de 
gordura. 
Conhecendo as características morfofisiológicas gerais de Bos 
tauruse Bos indicus, expostas na Figura 2, é possível identificar, em 
uma simples análise, à qual subespécie pertencem as raças de 
bovinos, com destaque para cupim, orelhas pendulares e barbela. 
Tal percepção facilita o entendimento das características e 
condições gerais de produção demandadas por cada raça, bem 
como dos tipos zootécnicos de cada animal, suas aptidões e 
indicadores gerais de produção. 
 
 
Figura 2. Características externas de bovinos de origem indiana (Bos taurus 
indicus). Fonte: GEENTY; MORRIS, 2017. (Adaptado). 
Os bovinos de produção também podem ser divididos conforme seu 
propósito, isto é, suas características zootécnicas, visto que, com 
base no tipo zootécnico, eles podem ser mais eficientes ou entregar 
produtos em melhor qualidade e/ou volume. Assim, é possível ter 
uma divisão geral de bovinos de leite e de corte, especializados para 
a melhor produção desses produtos. Além deles, existem animais 
de dupla aptidão, que apresentam bons índices de produção para 
carne e para leite, mas cujos resultados não se comparam aos dos 
animais especializados. 
Apesar de vários atributos fisiológicos semelhantes, a produção de 
bovinos de corte e de leite é tratada de forma separada, inclusive 
com a formação de especialistas e técnicas específicas. Cada tipo 
zootécnico tem características externas distintas, como constituição 
corporal, deposição de musculatura ao longo do corpo, bem como 
tamanho do úbere, além de capacidade de volume e constituição do 
leite. 
 
PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE 
 
Os bovinos de corte representam o maior rebanho de bovinos no 
Brasil e, em geral, são criados em áreas de pastagens naturais em 
todos os biomas brasileiros. A aparência externa desses ruminantes 
indica sua aptidão para a deposição e desenvolvimento dos 
músculos processados para a produção a ser entregue ao 
consumidor final, ou seja, a carne bovina. Essa conformação é 
identificada, em geral, por um pescoço curto, corpo musculoso e 
sem ossos aparentes quando em bom estado de saúde, bem como 
um tronco comprido e bem preenchido por músculos ao longo de 
sua extensão. Assim, é possível delinear um grande retângulo ao 
visualizar esses animais de lado, como ilustrado na Figura 3, que 
mostra a lateral direita de um touro da raça Hereford, com destaque 
para a conformação comum aos bovinos do tipo corte. 
 
 
Figura 3. Touro da raça Hereford. Fonte: MCCRACKEN; KAINER; SPURGEON, 2013, p. 32. 
(Adaptado). 
A produção de carne bovina inclui um ciclo de produção de bovinos 
que vai do nascimento dos bezerros até que os animais estejam 
prontos para o abate, conforme os objetivos, perfil dos produtores 
e características da propriedade. Nesse sentido, são desenvolvidas 
todas ou algumas dessas fases de produção: 
 
1. Etapa de cria 
Envolve grandes rebanhos de vacas de cria, bezerros, que são 
vendidos ou mantidos para se tornarem touros, bezerras a serem 
vendidas ou mantidas para substituírem as vacas que não 
produzem mais bezerros e material genético de touros via monta 
natural, com esses animais na propriedade, ou via inseminação 
artificial, com sêmen comprado de centrais de reprodução ou 
coletado na propriedade. Os produtores dedicados a essa etapa 
fornecem bezerros, já adaptados a viverem sem as mães, a outros 
produtores para seguir o ciclo de produção. Uma parte muito 
importante dessa etapa, observando o ponto de vista econômico, 
são as vacas de descarte, fêmeas que não oferecem um bezerro por 
ano, o grande objetivo dessa etapa. Apesar dos motivos de descarte 
variarem conforme cada produtor, esses animais representam uma 
entrada de recursos financeiros importante para as propriedades no 
Brasil. Além disso, ainda que essa etapa seja a base de toda a cadeia 
produtiva da carne bovina, ela é alocada nas piores pastagens, com 
os piores recursos nutricionais. Esse cenário, junto ao alto capital 
engessado em animais no rebanho (matrizes), explica porque essa 
etapa enfrenta os maiores desafios econômicos para os produtores; 
 
2. Etapa de recria 
Compreende o período em que os bezerros são desmamados, 
separados das mães, até o momento em que atingem o peso adulto 
e estão aptos para a engorda ou para a reprodução. Essa etapa é um 
momento de investimento em crescimento e ganho de peso dos 
animais, mas também de muita eficiência de conversão do que eles 
comem em peso (musculatura e gordura). Portanto, muitos 
produtores se dedicam a essa etapa ou a ela em conjunto com a 
terminação, investindo muito em estratégias de negociação e bons 
fornecedores de bezerros; 
 
3. Etapa de terminação 
Também denominada de engorda, terminação ou invernada em 
algumas regiões brasileiras, essa fase representa o momento de 
ganho de peso e deposição de gordura, que ocorre em todo o corpo 
do animal. A forma e quantidade de gordura depositada dependem 
não apenas da nutrição dos animais, mas do sexo, raça, idade e local 
do corpo do animal, bem como de sua regulação hormonal. A 
gordura pode ser distribuída em quatro locais diferentes, com 
composição, função e influências diferentes na carne bovina, sendo 
denominada conforme essa deposição: gordura interna (entre e 
envolvendo os órgãos), gordura intramuscular (entre os 
músculos), gordura de cobertura (embaixo da pele, importante 
para a proteção da carcaça durante o resfriamento) e gordura de 
marmoreio ou intramuscular (associada à maciez da carne 
bovina); 
 
4. Ciclo completo 
Produtores que optam por produzir os animais ao longo de todas as 
etapas de produção descritas acima. Apesar de não dependerem 
tanto da negociação com outros produtores para a aquisição de 
animais, da garantia de oferta e características dos animais de 
interesse, gerenciar todas as etapas da produção é uma demanda 
complexa, com muitos desafios até chegar à competitividade. 
 
Em relação à estratégia de produção dos animais, há três tipos 
principais de sistemas de produção: sistemas extensivos, semi-
intensivos ou intensivos. A escolha do mais adequado depende do 
perfil do produtor, das características físico-químicas da 
propriedade, da raça selecionada, da etapa de produção a ser 
desenvolvida e do mercado consumidor que se pretende atender. 
Apesar de cada tipo de sistema ter seus benefícios e desafios, os 
sistemas extensivos são cada vez mais complicados a longo prazo, 
pois oferecem baixos índices de produtividade e rentabilidade, ao 
passo que o preço de recursos naturais como a terra estão cada vez 
mais elevados e escassos. 
 
 
 
SISTEMAS EXTENSIVOS 
 
Os sistemas de produção de bovinos de corte mais comuns no Brasil 
são os extensivos, nos quais os animais são criados a pasto, ou seja, 
soltos em campos naturais ou plantados, em geral com o uso de 
suplementos minerais e/ou proteicos a fim de atender às 
necessidades nutricionais em pastagens de menor qualidade. Na 
maioria dos casos, são grandes propriedades, localizadas longe dos 
centros de consumo e distribuição de alimentos e cujo principal 
investimento nesses sistemas consiste em melhorar o manejo dos 
animais e das pastagens. Esses sistemas de produção demandam 
menos capacidade de controle da produção e menor intensidade de 
manejo dos animais, porém, o tempo de produção do nascimento 
ao abate tende a ser muito maior, considerando a dificuldade de 
deposição de gordura na terminação a pasto. 
 
A carne dos animais produzidos a pasto tem atributos associados à 
produção natural, orgânica e/ou sustentável, contanto que os 
processos de produção dessas classificações e certificações seja 
atendido. Esses produtos são voltados a consumidores mais 
exigentes e tem potencial de receber valores mais elevados, porém, 
esse é um mercado ainda em desenvolvimento no Brasil, já que os 
compradores valorizam mais o preço e volume de produto na 
culinária cotidiana. A carne a pasto também tem sabor particular e 
gordura mais amarelada do que dos animaisterminados em 
confinamento, o que alguns consumidores podem associar à carne 
de animais mais velhos, não gostar ou não estar acostumados, como 
nos Estados Unidos da América e no Japão, locais que, em sua 
maioria, criam gado em confinamento. 
 
SISTEMAS SEMI-INTENSIVOS 
 
Os sistemas semi-intensivos são implementados em 
propriedades menores e compõem a maioria dos sistemas de 
produção de leite bovino, mais próximos dos centros urbanos. Em 
produção de carne, requerem investimento para aumentar a 
produtividade dos sistemas extensivos, com ênfase em relação à 
suplementação alimentar dos animais nos períodos de menor oferta 
dos campos, como secas e invernos rigorosos. 
 
SISTEMAS INTENSIVOS 
 
Sistemas intensivos ou confinamentos em sua maioria são 
focados na etapa de terminação os animais, ou seja: depois que eles 
já estão plenamente desenvolvidos, é necessário um aporte maior 
para a deposição de gordura subcutânea, embaixo da pele, que é 
fundamental para proteger as carcaças dos animais do frio das 
câmaras frigoríficas. Porém, também podem ser utilizados para 
bezerros desmamados, e outras categorias de bovinos de corte em 
épocas de alta necessidade ou para animais com baixo escore de 
condição corporal. Nesses sistemas, os animais são mantidos em 
lotes com muitos animais por área, em piquetes ou currais fechados 
e com alimentação altamente energética em cochos. A carne de 
confinamento também apresenta um sabor particular e altamente 
associado aos produtos utilizados no confinamento, o que pode ser 
aproveitado, utilizando produtos para transmitir sabores e aromas 
especiais a carne, mas também pode apresentar sabores negativos 
se utilizados certos produtos em alta quantidade, como o caroço de 
algodão. 
 
DICA 
O SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) produziu um guia, 
intitulado Bovinocultura: manejo e alimentação de bovinos de corte em 
confinamento, que aborda o adequado manejo e alimentação de bovinos 
de corte em confinamento. 
 
Em geral, as raças de bovinos de corte reúnem a capacidade de 
entregar um bom bezerro por vaca por ano e animais capazes de 
bons ganhos de peso, com boa capacidade de deposição de gordura 
ao longo da vida produtiva (Quadro 1). 
 
 
Quadro 1. Raças de bovinos de corte em produção do Brasil. 
 
A eficiência na produção de bovinos de corte está muito associada 
ao uso dos recursos naturais, em especial na área de produção. 
Assim, as ações dos produtores devem buscar: 
 
Eficiência nutricional: Suplementação mineral e proteica com base 
nas necessidades dos animais, manejo adequado das pastagens e 
dos solos mediante análise de suas características, manutenção de 
carga animal (animais por área) adequada, conservação dos 
excedentes forrageiros ou intensificação em momentos de 
cser_educacionl, como secas e invernos rigorosos, organização dos 
lotes de animais conforme necessidades nutricionais, avaliação do 
ganho de peso e estado nutricional, com ênfase em momentos 
críticos, como o período pré e pós parto das fêmeas, além da 
engorda antecipada, pois são mais valorizados e ficam menos 
tempo na propriedade, gerando menos custos de produção; 
Eficiência reprodutiva: Planejar a reprodução, considerando a 
facilidade ao parto e o cuidado com bezerros muito grandes para 
fêmeas, capacitar os funcionários para auxiliar no momento do 
parto, dar suporte nutricional adequado às fêmeas para a 
reprodução, como suplementação ou separação antecipada do 
bezerro (desmane proeoce), descartar as fêmeas que não produzem 
um bezerro por ano, fazer a seleção adequada dos touros ou do 
sêmen a ser utilizado, manter o rebanho saudável, além de oferecer 
condições para que as fêmeas entrem em puberdade e estejam 
aptas à reprodução mais cedo, o que, apesar de demandar maior 
suporte nutricional, possibilita uma maior vida reprodutiva; 
Eficiência de gestão e manejo: Capacitar os recursos humanos, 
com programas de bonificação e valorização dos funcionários, 
padronizar os animais e organizar os lotes conforme dos custos de 
produção, dos índices zootécnicos e dos preços de mercado para 
facilitar a tomada de decisões mais informada possível, além de 
estabelecer estratégias adequadas de comercialização. 
 
Alguns indicadores zootécnicos importantes são: 
• Ganho Médio Diário (kg/dia): peso atual – peso anterior/dias 
entre as duas pesagens; 
• Taxa de prenhez (%): bezerros nascidos por vacas colocadas 
em reprodução; 
• Taxa de desmame (%): bezerros desmamados por vacas 
colocadas em reprodução; 
• Produtividade (kg/ha): quilos de peso vivo dos animais 
produzido por hectare; 
• Carga animal (kg/ha): quilos de peso vivo dos bovinos por 
área; 
• Margem bruta por hectare (R$/ha): Receita - Custo Total/área 
em pastagem; 
• Taxa de mortalidade (%): número de animais mortos por ano; 
• Lucratividade (%): margem bruta/receita; 
• Taxa de desfrute: número de animais abatidos/animais do 
rebanho. 
 
Da mesma forma, têm importância a idade e o peso médios dos 
animais que têm diagnósticos de prenhez positivo e dos que são 
vendidos. 
 
PRODUÇÃO DE BOVINOS DE LEITE 
 
Os bovinos de leite são animais de produção importantes, dada a relevância 
de seus produtos para alimentação e saúde dos seres humanos. Esses 
ruminantes oferecem a maioria dos laticínios presentes nos hábitos 
alimentares cotidianos de diversas culturas, dentre os quais se destacam 
leite, manteiga, queijos, creme de leite, leite em pó, bebidas lácteas e outros 
itens. 
Os produtos derivados do leite evoluíram com a sociedade, a 
exemplo do leite condensado, tentativa de desidratar o leite para 
durar por mais tempo e muito utilizado pelos soldados durante a 
Guerra Civil Americana e a Segunda Guerra Mundial, haja vista a 
quantidade de calorias e a facilidade no transporte sem perder suas 
boas condições. 
Por serem muito perecíveis, os derivados do leite devem ser 
mantidos a temperaturas baixas até o processamento, 
demandando rígidos cuidados sanitários e higienização dos animais, 
do sistema de produção e dos equipamentos de ordenha, bem 
como do armazenamento e processamento de lácteos. Os derivados 
do leite são uma importante fonte de cálcio que contribui para a 
prevenção da osteoporose, além de ser uma boa e barata fonte de 
proteínas, vitaminas do complexo B e minerais. 
Apesar de vários bovinos apresentarem bons índices de leite, 
mesmo não sendo de raças de dupla aptidão ou do tipo leite, 
algumas características físicas das vacas são muito associadas a 
animais produtivos. Embora as características do úbere (tamanho, 
conformação, irrigação sanguínea e inserção) sejam fundamentais 
para um bom volume de produção (litros de leite ordenhados por 
vaca por dia), animais com boa conversão dos nutrientes e 
capacidade digestiva são vitais para uma adequada produção de 
leite. Não obstante, as características e composição do leite são às 
vezes mais importantes do que o volume produzido, ainda mais 
para a produção de queijos e iogurtes. 
A conformação externa das vacas leiteiras lembra o aspecto de um 
triângulo em que a parte posterior é mais desenvolvida do que a 
parte anterior do animal, algo que se observa na Figura 4. O corpo 
apresenta baixo desenvolvimento muscular e, na região posterior, 
em especial sobre o dorso e a garupa, é desejado que os animais 
apresentem estrutura muscular mais desenvolvida, capaz de 
suportar o úbere, que deve ser grande, largo e com inserção alta na 
parte posterior, sem que os tetos fiquem baixos o bastante para 
serem sujos ou machucados com a movimentação dos animais. 
 
 
Figura 4. Características externas da vaca holandesa. Fonte: MCCRACKEN; KAINER; SPURGEON, 
2013, p. 33. (Adaptado). 
Como quase toda a produção que depende de forma direta dos 
animais, os produtores de leite enfrentam o crescente desafio de 
buscar maior rentabilidade num ambiente competitivo, enquanto se 
adaptam a umcenário cada vez mais exigente em relação à saúde 
humana, sanidade e bem-estar animal, além de preservar os 
recursos naturais. Apesar de ser um produto de uso primário, o leite 
bovino é um dos alimentos com menor valor por unidade, que 
costuma ser alcançado em outros produtos como queijos finos, 
iogurtes e afins. Ainda assim, é dependente do processamento e da 
cadeia de frio para entregar o leite em condições adequadas. Por 
isso, os produtores ficam distantes dos consumidores e com poucas 
alternativas para aumentar o quanto recebem do preço final do 
leite. 
As vacas devem ser ordenhadas em horários e condições 
adequadas, processo que demanda atenção e presença constante 
dos produtores que, além de receberem pouco, trabalham muito e 
quase não conseguem desenvolver outras atividades 
concomitantes, como em bovinos de corte. Características como 
essas dificultam ainda mais a permanência de jovens na atividade, o 
que compromete a resiliência dessa atividade a longo prazo. Como 
a maioria das propriedades de leite são de pequenos produtores 
familiares, o fato das famílias diminuírem o número de filhos, que 
não têm mais interesse em continuar nessa vida difícil e 
demandante com os pais, é um desafio complexo para o futuro da 
produção. 
Esses desafios fazem com que muitos produtores deixem a 
atividade, porém, embora o número de produtores e de vacas 
ordenhadas por ano tenha diminuído, graças à utilização de técnicas 
que aumentaram a produtividade dos rebanhos leiteiros, em 
especial pela intensificação dos sistemas de produção, a produção 
de leite no Brasil aumentou de maneira considerável. Todavia, o País 
ainda enfrenta grandes desafios em relação à qualidade do produto 
e à eficiência na produção, panorama que tem aumentado o 
número de propriedades médias e grandes que se beneficiam das 
vantagens de produzir em escala, como melhores negociações de 
compra e de venda, além de custos fixos mais baixos. 
Os bezerros são retirados das mães e alimentados com substitutos 
ao leite materno após tomarem o colostro, primeiro leite secretado 
após o parto, por três a quatro dias. Os recém-nascidos devem 
tomar o colostro para adquirir imunidade que, ao contrário de 
outros mamíferos, não recebem das mães via placenta, em função 
da conformação diferenciada dos bovinos. Os machos são vendidos 
para o abate bem jovens, com poucos animais muito diferenciados 
mantidos para a reprodução. Para as fêmeas, um percentual um 
pouco maior é mantido para a reposição do rebanho. Ao final da 
vida produtiva, todos os animais em condições são enviados para o 
abate por preços inferiores aos praticados no mercado de bovinos 
de corte. Em geral, fatores como genética dos animais, sanidade, 
alimentação e o processo de ordenha determinam a produtividade 
e qualidade do sistema de produção. 
A ordenha segue uma ordem de ações fundamentais, 
como desinfetar o teto com água potável corrente, tratada com 
desinfetante adequado, e testar possíveis inflamações sem 
sintomas aparentes (subclínicas) dos tetos, antes da ordenha, 
através de uma caneca telada com fundo escuro, descartando os 
três primeiros jatos de leite e coletando os próximos três na caneca. 
Avaliação semelhante é realizada pelo Califórnia Mastite Teste 
(CMT), que consiste numa raquete com um compartimento para 
cada teto (quatro no total). Em quadros positivos, nos dois testes, o 
leite interage com o reagente, ficando com aspecto de gel ou 
apresentando grumos. Ao final, é importante secar o teto com 
papel toalha descartável. 
 
No que se refere aos cuidados após a ordenha, é fundamental 
desinfetar os tetos com uma solução de iodo glicerinado, a fim 
de fechar o canal do teto, e oferecer bons alimentos palatáveis, 
a fim de que a vaca não se deite por pelo menos uma hora, pois 
os canais ficam abertos e podem se contaminar. Em sistemas 
convencionais, as vacas são ordenhadas duas vezes ao dia, 
contudo, como o processo de ordenha aumenta a produção de 
leite, a ordenha é realizada três vezes ao dia em algumas 
propriedades, podendo ser executadas de duas formas: manual 
ou mecanizada. 
A ordenha manual é o sistema mais antigo e muito frequente em 
pequenas propriedades familiares. Como não demanda muito 
investimento, o custo é menor, mas exige mais da pessoa que realiza 
a ordenha. Pode ser realizada no galpão ou ambiente de 
recolhimento das vacas, com ou sem equipamentos para contenção, 
porém, a imobilização é importante para evitar lesões no animal ou 
na pessoa que o está manipulando. O mais usual é conter as patas 
traseiras das vacas para evitar coices ou que os equipamentos e 
balde de coleta sejam derrubados ou danificados. 
Mais eficiente e rápida do que a manual, a ordenha 
mecânica permite ordenhar vários animais ao mesmo tempo pelo 
mesmo funcionário que acompanha o processo. Caso obedecidas as 
orientações técnicas, os cuidados e o uso dos equipamentos 
adequados, haverá menor risco de contaminação do leite. Possui 
um espaço determinado e específico para a ordenha (sala de 
ordenha), cujo tamanho e estrutura varia conforme as estratégias 
do sistema de produção, tipo de ordenha e tamanho do rebanho. 
Em geral, possui um sistema de coleta a vácuo que simula um 
bezerro mamando com dois ciclos: massagem e ordenha. A ordenha 
mecânica pode ser realizada com o balde ao pé ou canalizada: 
BALDE AO PÉ 
Esse sistema realizado é a opção mecanizada mais econômica e 
simples. Possui uma linha com ponto de coleta individual a cada um 
metro e meio. Comparado aos outros sistemas, é menos eficiente 
pois o leite é coletado num recipiente e depois transferido para um 
tanque de refrigeração. Indicado para estabelecimentos com poucas 
vacas em ordenha; 
 
CANALIZADA 
Na ordenha canalizada, o leite é coletado num sistema que o 
transporta até o tanque de refrigeração. Como não entra em contato 
com o ambiente e nem precisa ser manipulado, apresenta um risco 
muito menor de contaminação, maior rendimento de ordenha e dos 
funcionários, podendo ser estruturada de várias formas. As formas 
de ordenha em canais mais comuns são: 
• Espinha de peixe: para grupos de até 10 vacas, posicionadas 
na diagonal, a fim de diminuir o espaço na lateral do fosso, 
local em que o funcionário e o sistema elétrico são 
posicionados. Apresenta desafios em identificar vacas 
problemáticas, uma vez que o ritmo de ordenha é 
determinado pelas vacas mais lentas, embora seja barato e 
eficiente; 
• Tandem: mais caro, as vacas ficam em fila e paralelas ao fosso. 
Permite a presença dos bezerros ao lado das mães e o ritmo 
de um animal não interfere na ordenha dos outros, mas é mais 
indicada para rebanhos pequenos por demandar longas salas 
e muito trabalho do ordenhador; 
• Lado a lado: o nome indica a posição das vacas que ficam de 
costas para o fosso, o que reduz o tamanho da sala, mas 
dificulta a visualização adequada dos tetos. Os sistemas mais 
eficientes também requerem maiores investimentos como 
o carrossel, sistema giratório, e o automatizado, em que 
todo o processo de ordenha e higienização é 
computadorizado. 
Com o passar dos anos, os produtores passaram da venda direta de 
porta em porta do leite cru, retirado diretamente das vacas, para a 
entrega do leite cru para o processamento e especialização da 
produção. Ao longo da jornada, vários processos se desenvolveram 
para diminuir os contaminantes no leite e aumentar a sua qualidade 
e tempo de prateleira, ou vida-de-prateleira, que é o período em 
que o alimento permanece seguro e conservando as características 
conforme a descrição dos rótulos e recomendações oficiais. De 
acordo com a legislação brasileira, há três classificações de leite 
bovino, os leites dos Tipos A, B e C, conforme o controle sanitário do 
rebanho, os padrões de higiene da produção, a microbiologia do 
leite, entre outros aspectos: 
 
LEITE TIPO A 
Todo o processo é efetivado dentroda granja leiteira, sem 
transporte entre as etapas, com leite proveniente de um rebanho 
único e sem contato direto do ser humano com o leite. A ordenha é 
mecanizada e o leite é transportado direto ao tanque no qual é 
pasteurizado e, logo em seguida, embalado para a venda. Por ter 
menos contaminantes, possui maior vida-de-prateleira; 
 
LEITE TIPO B 
Refrigerado na propriedade logo após a ordenha, por até 48 horas, 
e depois transportado até o local de processamento e envase; 
 
LEITE TIPO C 
Produzido em fazenda leiteira e beneficiado em outro local. A 
grande diferença em relação ao leite do tipo B é que não precisa ser 
resfriado na propriedade logo após a ordenha, sendo transportado 
até o local de processamento. O rebanho deve ser sadio e atestado 
por um médico veterinário. Pode ser coletado por ordenha manual, 
mas deve ser resfriado e pasteurizado. Por apresentar vários 
momentos e exposição do leite ao ambiente, transporte e 
manipulação por seres humanos, é o produto com maior 
contaminação dos três tipos de leite. 
 
Os princípios dos sistemas de produção de bovinos de leite são 
semelhantes aos de bovinos de corte, com a diferença de que o foco 
da produção é dar as condições para que as vacas aproveitem o seu 
período de lactação da melhor forma e pelo maior tempo possível: 
 
Sistema extensivo 
https://sereduc.blackboard.com/bbcswebdav/library/Library%20Content/%28LMS%29%20-%20Do%20Not%20Delete/%28LMS%29%20DOL%20-%20Do%20Not%20Delete/SCORM/ZOOTECNIA%20ESPECIAL%20AVAN%C3%87ADA/UNIDADE%201/scormcontent/index.html
https://sereduc.blackboard.com/bbcswebdav/library/Library%20Content/%28LMS%29%20-%20Do%20Not%20Delete/%28LMS%29%20DOL%20-%20Do%20Not%20Delete/SCORM/ZOOTECNIA%20ESPECIAL%20AVAN%C3%87ADA/UNIDADE%201/scormcontent/index.html
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Sistemas de baixo investimento em que os animais são criados a 
pasto, mas demandam manejo diferenciado, como rotação de 
piquetes ou irrigação, para manter boas condições nutricionais e 
não impactar a produtividade; 
 
Sistema semi-intensivo 
Animais criados também a pasto, mas com suplementação de 
volumosos, fornecidos em estábulo, no momento da ordenha, nas 
épocas de maior necessidade (pastagens ruins, secas ou inverno 
rigoroso). Para atender às demandas nutricionais ao longo de todo 
o ano, também podem ser utilizados feno, silagem ou outros 
volumosos no cocho. Como os animais recebem manejo mais 
intenso, o sistema facilita o manejo reprodutivo, como a 
inseminação artificial, mesmo em instalações simples; 
 
Sistema intensivo ou confinamento 
Mantém as vacas nos próprios estábulos de ordenha e são 
alimentadas com forragens conversadas (feno e silagem). Apesar de 
aumentarem muito a produtividade, são sistemas bem mais caros, 
com instalações onerosas e recursos humanos especializados. São 
indicados para animais de genética superior, capazes de alta 
produção para compensar os investimentos. 
Em sistemas com uso de ração ou com alto nível de alimentos 
concentrados nas dietas, é necessário manter o piso em boas 
condições, sem umidade e com espaço para que as vacas 
descansem, para evitar casos de laminite. A escolha da raça no 
sistema de produção deve levar em consideração diversos fatores, 
pois algumas raças são mais indicadas para a produção de grandes 
volumes de leite, outras para a produção de queijos. Em sistemas 
confinados, o ideal são raças maiores e com grande produção, mas, 
para sistemas em que os animais têm que se deslocar muito para 
pastar ou para chegar nos pontos com água, as vacas de porte 
médio são mais indicadas. As principais raças de bovinos de leite são 
animais capazes de boa produção leiteira e estão descritas no 
Quadro 2. 
 
Quadro 2. Raças de bovinos de leite em produção do Brasil. 
// Cuidados para maior produtividade 
 
Além do investimento na seleção dos animais e na genética do 
rebanho, a alimentação é um dos grandes gargalos da produção de 
leite, como visto nos sistemas alimentares já descritos. Porém, a 
produção de leite é também muito dependente da higiene e 
adequação técnica dos processos de manejo e ordenha. Assim, o 
momento de ordenha deve receber a maior atenção do produtor, 
de modo a manter bons níveis de qualidade do leite, evitar 
contaminações e controlar doenças no rebanho, como a mastite. 
Dentre os cuidados com a ordenha, estão a seleção e a capacitação 
dos recursos humanos envolvidos com o manejo dos animais, que 
envolve: 
• Vocação e paciência para lidar com os animais; 
• Tomar banhos diários, lavar as mãos com água limpa e sabão 
neutro após ir ao banheiro e depois usar solução sanitizante; 
• Não fumar ou tocar locais com sujeira, comunicar doenças e 
não ir trabalhar doente; 
• Usar uniformes e equipamentos de uso pessoal higienizados 
de cor clara e que devem ser trocados diariamente; 
• Manter unhas curtas, sem esmaltes e limpas, o rosto sem 
barba; 
• Prender o cabelo e mantê-lo escondido na touca; 
• Não usar acessórios. 
 
Caprinocultura e ovinocultura 
 
Os caprinos e ovinos são considerados os primeiros animais 
domesticados para pecuária, acompanhando os seres humanos 
desde os primórdios da civilização. Esses pequenos ruminantes são 
uma fonte relevante de carne, leite e lã para a produção têxtil, muito 
adaptados a cenários desafiadores de produção. Como os bovinos, 
possuem um sistema digestivo capaz de quebrar a celulose presente 
em alimentos vegetais e utilizá-los para seu desenvolvimento. 
Apesar de o público comum ainda ter dificuldade para distingui-los, 
os caprinos e ovinos constituem duas espécies diferentes, com 
características específicas tanto na anatomia quanto em relação às 
demandas zootécnicas e produtos oferecidos por essas produções. 
No Brasil, os rebanhos apresentam baixa produtividade, quando 
comparados a outros países, em especial nos locais mais secos e 
pobres da Região Nordeste, onde se destaca a produção de 
caprinos. Apesar dos desafios, os animais são muito importantes 
nesses locais como produção de subsistência, tipo de produção cujo 
principal objetivo é a sobrevivência do produtor, de sua família e 
comunidade. Na Região Sul, a atividade apresenta melhores índices, 
com a produção de ovinos, porém, são produzidos em propriedades 
pequenas ou como segunda produção nas propriedades de bovinos 
de corte. 
Os criadores enfrentam desafios comuns como falta de organização 
das cadeias produtivas, produção e demanda sazonais e falta de um 
mercado consumidor estável. Por apresentarem ciclos de produção 
mais curtos que os bovinos, essas espécies são alternativas muito 
interessantes para pequenos produtores, empresas familiares e 
produtores. Entretanto, demandam mais atenção e cuidado com os 
animais, além de recursos humanos capacitados. 
 
PRODUÇÃO DE CAPRINOS 
 
Apesar dos grandes desafios técnicos para o aumento da 
produtividade em algumas propriedades, a produção de caprinos 
tem investido em estratégias para o mercado de carnes 
diferenciadas. É tida como uma carne exótica, mas que ainda 
enfrenta dificuldades com a estabilidade da oferta de produtos e o 
estabelecimento de um mercado consumidor disposto a pagar mais 
por essa carne. 
A produção para esse mercado deve buscar entregar cabritos mais 
pesados no menor tempo possível, o que envolve a seleção 
adequada da raça, do manejo reprodutivo adequado e do sistema 
de produção mais adaptado ao ambiente e processos da 
propriedade rural, bem como do atendimento dos requisitos 
sanitários e nutricionais para que os animais atinjam seus potenciais 
zootécnicos. Entretanto, o mercado de carne caprina ainda é pouco 
explorado e conhecido, o que se dá pela falta de investimento na 
produção especializada, de frigoríficos adaptadospara o abate e 
pelo grande foco no abate de machos provenientes de rebanhos 
leiteiros, abatidos sem a preparação dos animais para a engorda. No 
Nordeste, eles são mais consumidos e compõem pratos tradicionais 
da cultura, porém, o consumo no Sudeste, além de baixo, só ocorre 
em épocas festivas. 
A produção de leite de cabra oferece um produto muito 
interessante, com bons índices de cálcio, principal componente 
ósseo fundamental para a formação do esqueleto e estrutura 
dentária dos humanos, e de fosfato, também aproveitado para o 
mesmo fim. Possui alta capacidade de tamponamento, que evita 
variações no pH e, por isso, é indicado para problemas de gastrite e 
úlcera em seres humanos. Além disso, é prescrito para pessoas 
alérgicas ao leite de vaca, porque o tamanho da partícula de gordura 
do leite de cabra é menor do que o de bovinos, sendo de digestão 
mais fácil. 
A estrutura da produção de leite de cabra no Brasil é bem diferente 
nos cenários brasileiros. No Nordeste, há investimentos para 
incentivar os produtores familiares a produzirem, com o objetivo de 
gerar alimento a populações em necessidade. Nas regiões Sudeste 
e Sul, a produção busca atender às demandas de produtos 
diferenciados comercializados para nichos de mercado, que são um 
pedaço selecionado do mercado consumidor ainda pouco 
explorado, no qual os consumidores têm demandas específicas 
pelas quais estão dispostos a pagar um preço mais elevado. 
A anatomia dos caprinos (capra hircus) apresenta barba na maioria 
das raças. Quando possuem chifres, esses são voltados para trás e, 
na base, apresentam as glândulas de Schietzel, que produzem o 
odor hircino muito característico, que aumenta durante o período 
reprodutivo e estimula o comportamento sexual das fêmeas 
caprinas. Os caprinos de produção são conhecidos como: 
 
Bodes: Machos adultos e inteiros que apresentam carne escura de odor 
forte, com baixo valor comercial; 
Cabras: Fêmea adulta cuja carcaça deve ter mais de 16kg; 
Cabritos/Cabritas: Em aleitamento, são muito sensíveis e dependentes 
das mães até os 30 dias de vida. Desmamados ou de recria, se 
alimentam sozinhos, crescendo e ganhando peso para entrar em 
reprodução ou terminação (engorda para abate) com cerca de 6 a 7 
meses de idade até o peso adequado. Para a terminação, os cabritos 
devem ter entre 18 a 20 kg, desde que apresentam boas carcaças. 
 
A produção dos animais pode ser desenvolvida em sistemas 
extensivos, semi-intensivos e em confinamento ou intensivo. 
 
SISTEMAS EXTENSIVOS 
 
Mais simples e baratos de todos, os sistemas extensivos mantêm 
os animais no pasto, soltos e sem demandar instalações caras, mas 
apresentam baixa produtividade, pois precisam de grandes áreas de 
produção e representam altos riscos de ataque de predadores 
silvestres e de morte de cabritos, muito sensíveis ao nascer. Por isso, 
são mais aplicados para animais mais resistentes e com baixas 
exigências nutricionais. Podem ser manejados com a rotação do 
pastejo dos animais em piquetes, unidade de subdivisão de uma 
área de pastejo para facilitar o manejo estratégico dos animais e das 
pastagens. 
 
SISTEMAS SEMI-INTENSIVOS 
 
Nos sistemas semi-intensivos, os animais são mantidos em 
pastagens durante o dia (após as 9h da manhã), para diminuir a 
contaminação por vermes, sendo recolhidos ao final da tarde, para 
passar a noite em confinamento. Além do controle de verminose, 
esses sistemas apresentam melhores índices de produtividade e 
menores riscos de perda de animais por predação. Porém, além de 
precisarem de cercas para a divisão dos piquetes, demandam 
instalações mais caras para manter os animais durante a noite, além 
de bebedouros e cochos para a alimentação. 
SISTEMAS DE CONFINAMENTO OU INTENSIVOS 
 
Já os sistemas de confinamento ou intensivos mantêm os 
animais em currais restritivos, oferecendo água e alimentos em 
bebedouros e cochos. Apesar dos altos custos com alimentos e 
instalação, apresentam maior produtividade por animal, maior 
número de animais em produção por período produtivo e por área, 
permitindo um acompanhamento maior, o que reduz perdas por 
doenças, acidentes e problemas com cabritos recém-nascidos. Esse 
sistema é mais indicado para animais em preparação para o 
abate/engorda. 
 
Na Figura 5, é possível ver cabras num sistema de produção de leite 
em confinamento estilo Free Stall, no qual os animais ficam soltos 
numa área cercada, sendo restritas às baias no momento da 
ordenha. 
 
Figura 5. Cabras em sistema estilo Free Stall. Fonte: Adobestock. Acesso em: 15/06/2021. 
Para escolher o melhor sistema de produção, são ponderados os 
objetivos do produtor (carne, leite, pele ou produção de matrizes 
para a reprodução), as características da propriedade, o capital 
disponível e necessário para adequação das instalações, os recursos 
humanos disponíveis e a raça de caprinos selecionada. No Brasil, se 
destacam as raças nativas, mais resistentes e que apresentam alta 
rusticidade, o que as torna mais resilientes aos ambientes 
desafiadores do semiárido, no Nordeste. As raças nativas também 
são muito usadas em cruzamentos para animais destinados à 
engorda em sistemas de semiconfinamento e confinamento. 
A manutenção da genética desses animais é fundamental para 
preservar a adaptação dos animais ao ambiente, fator que diminui 
os custos de produção e aumenta a produtividade natural dos 
animais, como descrito no Quadro 3. Ao contrário dos grandes 
ruminantes, os caprinos possuem uma associação única de 
produtores, sem distinção entre as raças, a Associação Brasileira de 
Criadores de Caprinos. 
 
Quadro 3. Raças de caprinos em produção do Brasil. 
Apesar de serem animais muito interessantes para a produção, 
ainda enfrentam grandes desafios em relação ao preconceito com 
seus produtos que, se não forem bem manejados, podem 
apresentar aroma característico e considerado negativo pelos 
potenciais consumidores. Além disso, também enfrentam 
problemas com parasitas e de sanidade em geral em ambientes 
úmidos, apresentando preferência por uma dieta diversificada, o 
que torna o confinamento complexo. A ordenha dos animais 
utilizados para a produção de leite também é mais complexa do que 
a dos bovinos de leite e, como se trata de um produto diferenciado 
de maior preço, acaba tendo um mercado restrito e de difícil acesso 
em escala. 
PRODUÇÃO DE OVINOS 
 
Acredita-se que as ovelhas sejam originárias da Europa e da Ásia, 
estando entre os primeiros animais domesticados pelo homem. No 
início, eram criadas para a produção apenas de leite e do couro, 
contudo, ao longo do tempo de melhoramento e adaptação, as 
ovelhas passaram a trocar os pelos grossos por uma lã macia muito 
apreciada no mercado. Se considerado o tempo de domesticação 
desses animais, sua entrada como produto valorizado no mercado 
de carnes é recente. 
Em relação ao desenvolvimento regional, os ovinos são muito 
relevantes em regiões com condições muitas vezes adversas para 
outras culturas e produções, como no clima semiárido e em regiões 
montanhosas. Além disso, apresentam vantagens interessantes, 
como o fato de não precisar de instalações complexas ou de um 
número elevado de funcionários para o manejo, pois são 
ruminantes que se alimentam de diversos tipos de plantas, 
auxiliando no controle de algumas ervas daninhas, sem danificar as 
árvores, ao contrário das cabras, além de oferecer diversas fontes 
de rendas, conforme a raça (lã, carne, leite e até esterco), e ser uma 
opção de carne para o mercado indiano que, por motivos religiosos, 
não consome carne bovina. 
Não obstante, ele enfrenta desafios complexos em relação ao 
profissionalismo na gestão das propriedades, na coordenação da 
cadeia produtiva, sendo animais sujeitos a predadores selvagens e 
mais fáceis de serem roubados, o que demanda melhores cercas do 
que os bovinos. Como a carne desses animais éutilizada para 
alimentar os funcionários nas fazendas, utilizando animais velhos de 
descarte, muitas pessoas têm experiências negativas em relação à 
carne ovina. Além disso, a cadeia enfrenta instabilidade de oferta ao 
longo do ano, o que pode levar até o mercado produtos não 
padronizados em relação à qualidade, idade dos animais e 
características dos cortes, o que também deixa os consumidores 
inseguros em relação ao produto. 
 
No Brasil, a produção se concentra em duas Regiões, Sul e Nordeste, 
que apresentam características bastante distintas. No Sul, os ovinos 
são muito relevantes na renda dos produtores, com a produção de 
aptidão. Com a entrada de materiais sintéticos e mais baratos no 
mercado, a cadeia da lã entrou em cser_educacional, fazendo com 
que vários produtores deixassem que as atividades e os rebanhos 
fossem quase extintos. Após esse período, os produtores 
começaram a investir na produção de carne ovina como alternativa 
de renda, porém, ela ainda é vista em muitas propriedades como 
atividade secundária, gerenciada pelos filhos dos proprietários, 
muitas vezes para consumo próprio ou para a venda indireta a 
vizinhos ou pequenos comércios informais, o que prejudica sua 
profissionalização e competitividade da cadeia. 
No Nordeste, os ovinos se destacam pela contribuição para a 
sobrevivência dos produtores locais, pois são opção de 
comercialização e alimentação para as famílias com menores 
condições. Além disso, oferecem emprego e uma estratégia para 
diminuir o êxodo rural, criando oportunidades para os produtores e 
suas famílias permanecerem no campo. Apesar das vantagens, a 
produção nessa região ainda enfrenta grandes desafios sanitários 
(parasitoses) e de manejo dos sistemas de produção (seleção de 
reprodutores, manejo da estação reprodutiva e manejo nutricional). 
 
Figura 6. Merino australiano. Fonte: Adobestock. Acesso em: 15/06/2021. 
No aspecto físico, os ovinos domésticos são pequenos ruminantes 
ágeis e a maioria das raças apresenta pelagem crespa (lã), cauda 
curta, com grandes variações de cores do branco ao marrom escuro 
(ou malhadas), podendo ou não apresentar chifres em espiral para 
trás nos machos e em algumas raças de fêmeas (menores). Nos 
animais de aptidão para a lã, uma seleção ao longo do tempo levou 
à pelagem branca, mais fácil de tingir e predominante nos rebanhos. 
No entanto, o tipo, a espessura e a textura da lã variam entre 
animais e entre raças, sendo impactados também pela sanidade dos 
animais e alimentação do rebanho, como na Figura 6, que mostra 
um exemplar da raça Merino australiano, em que é possível 
visualizar as características externas dos ovinos e o tamanho do 
velo. 
 
// Tipos de produção 
 
A escolha do sistema de produção deve ser feita de forma racional 
e levar em consideração diversos fatores como o objetivo da 
propriedade (carne, leite, lã ou couro), a raça de ovelhas 
selecionadas para a produção, a estrutura do rebanho (manejo 
conforme a idade e planejamento, categorias de animais, lotação de 
animais que a estrutura física suporta (área de pastagens, espécies 
nativas e recursos hídricos disponíveis, recursos financeiros), além 
do período e condições em que os cordeiros nascem, são 
desmamados e tosquiados. Em geral, os sistemas de produção 
podem ser extensivos, semi-intensivos ou intensivos. 
 
SISTEMAS EXTENSIVOS 
 
Os sistemas extensivos criam grandes rebanhos soltos em 
pastagens durante o ano inteiro, com os cordeiros nascendo em 
períodos com boa oferta de alimentos e condições adequadas para 
a segurança dos cordeiros. São mais indicados para produtores 
tradicionais, familiares e sem muito capital disponível para 
investimento. Necessitam cuidados especiais na época de parição, 
no cuidado com os cordeiros e acompanhamento frequente da 
sanidade do rebanho em relação a parasitas. Não requerem 
instalações complexas, contudo, os animais precisam ter sombra e 
água com qualidade. Em função do pouco contato com os animais, 
apresentam menor produtividade do que outros sistemas. 
 
SISTEMAS SEMI-INTENSIVOS 
 
Nos sistemas semi-intensivos, os ovinos ficam soltos durante o dia 
e são recolhidos à noite. Devem ter água limpa e volumosa, ração 
concentrada e suplementação mineral. Os piquetes devem ser 
cercados e os animais devem ter baias de qualidade, de preferência, 
com cochos individuais. Como é um sistema que tem maior controle 
e oferta de alimentos, apresenta melhores resultados zootécnicos e 
econômicos. 
 
SISTEMAS INTENSIVOS 
 
Os sistemas intensivos permitem a produção de cordeiros durante 
todo o ano, uma grande vantagem, uma vez que um dos maiores 
problemas da cadeia da carne ovina é a oferta de produtos apenas 
em alguns períodos do ano, em função da atividade reprodutiva das 
ovelhas ser ativa apenas em determinados períodos do ano, sob 
forte influência do comprimento dos dias. Assim, elas entram no cio 
entre outono/inverno e os cordeiros nascem nos períodos mais 
quentes. Com o controle e acompanhamento dos confinamentos, é 
possível induzir o estro e a ovulação. Para esses sistemas, se indicam 
raças e exemplares de matrizes capazes de entregar mais de um 
cordeiro forte por gestação. 
 
ASSISTA 
No vídeo Sistemas de produção intensiva de ovinos de corte, o analista Anísio 
Lima Neto e o pesquisador Paulo Fernando Vieira falam sobre questões 
relacionadas à ecofisiologia das pastagens e de manejo animal, para permitir 
maximizar a produção vegetal e otimizar a produção animal com vistas a 
melhorar a eficiência do sistema intensivo de produção de ovinos da Raça 
Santa Inês. 
 
Em todos os sistemas, as necessidades nutricionais conforme 
categoria e condições corporais dos animais são essenciais. As 
ovelhas devem ser suplementadas durante a gestação, em especial 
no final da gestação, quando devem receber suplementação 
especial. Os cordeiros devem aproveitar o colostro das mães nas 
primeiras horas de vida, devendo ter o umbigo tratado com solução 
iodada, pesados e identificados. Além disso, as baixas temperaturas 
são um grande risco de hipotermia em cordeiros recém-nascidos, 
por isso, o ideal é que eles sejam recolhidos a instalações protegidas 
e limpas quando possível. 
Além do sistema, a escolha da raça é um dos pontos críticos para a 
produção de ovinos. Para essa decisão, são considerados o esforço 
de manejo que o produtor tem disponível para essa atividade, as 
condições ambientais e nutricionais disponíveis e o produto a ser 
comercializado. No caso da produção intensiva de carne, pode ser 
interessante utilizar uma combinação de raças para desenvolver um 
rebanho com bons índices de produtividade e rusticidade, como 
explicado no Quadro 4. 
 
 
Quadro 4. Exemplos de raças de ovinos em produção do Brasil. 
 
Independentemente da raça selecionada, alguns fatores devem receber a 
atenção dos produtores de cordeiros. Dentre eles: 
Crescimento dos cordeiros 
Apesar da tendência geral na produção de carne para entregar 
animais jovens maiores e mais pesados, o mercado brasileiro ainda 
associa cortes grandes a animais mais velhos, considerado negativo; 
 
Eficiência reprodutiva 
Dar preferência para as ovelhas de nascimentos gemelares, mas 
garantir atendimento às necessidades desses cordeiros; 
 
Rendimento da carcaça 
Mensurar, acompanhar e selecionar animais para as características 
que levam a melhores rendimentos de carcaça para que o retorno 
financeiro por animal seja o melhor possível; 
 
Lã 
Apesar da maioria da produção brasileira hoje não se destinar à 
produção de lã, ela representa parte importante da renda dos 
produtores e são características fáceis de melhorar a genética no 
rebanho, como peso do velo limpo. 
 
Além disso, o suporte aos cordeiros é fundamental para evitar a 
mortalidade. Portanto, é essencial o cuidado com as ovelhas antes 
do parto com o atendimento de suas necessidades nutricionais esanitárias, tosar e higienizar a região entre pernas e do úbere. Os 
cordeiros devem receber assistência individual em relação à 
temperatura corporal, que deve se manter entre 37 e 38 ºC. 
 
SINTETIZANDO 
 
Os ruminantes são animais muito importantes para a produção de 
alimentos e outros produtos vitais para a humanidade. Eles têm a 
capacidade de utilizar bases alimentares de baixa qualidade para 
outros animais de produção em produtos importantes, como carne 
e leite. 
Os bovinos de corte são grandes ruminantes produzidos em 
sistemas a pasto. A produção busca oferecer condições para que as 
vacas entreguem um bezerro por ano de vida em produção e que os 
animais ganhem peso de forma rápida e eficiente para o abate. 
Devem ter acabamento adequado de gordura nas carcaças para 
passar pelo processamento e entregar uma carne de qualidade ao 
consumidor final. Em bovinos de leite, é essencial o 
desenvolvimento de programas de valorização dos produtores e de 
acompanhamento para que eles alcancem bons índices de 
produtividade e qualidade do leite. 
A produção de pequenos ruminantes, apesar dos potenciais para 
atingir mercados diferenciados, ainda enfrenta problemas em 
relação à profissionalização da atividade e organização da cadeia 
produtiva. Entretanto, são animais fundamentais para a 
permanência de famílias no ambiente rural e para a subsistência de 
pessoas em situação de pobreza.