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SONDA NASOESOFÁGICA OU NASOGASTRICAS EM ANIMAIS A colocação da sonda pela via nasoesofágica ou nasogástrica é o método mais indicado para cães e gatos doentes que necessitam de suporte nutricional por período inferior a uma semana. Permite que o animal beba e coma normalmente, mesmo com a sonda. Os nutrientes são administrados na porção distal do esôfago ou no estômago. As vantagens desta técnica são seu baixo custo, facilidade, aceitação pelo paciente e a dispensa da anestesia geral. No entanto, o pequeno calibre da sonda permite apenas a administração de dietas líquidas sem partículas, o que dificulta o suprimento calórico e protéico dos animais debilitados e desnutridos, principalmente quando são de pequeno porte. As complicações associadas com seu uso incluem obstrução, remoção pelo próprio animal, epífora, atraso no esvaziamento gástrico, aspiração, vômitos, diarréia, hipocalemia e moléstias nasais e faríngeas relacionadas à sua permanência prolongada. Como tipo de sonda para esta técnica podem ser empregadas as siliconizadas descartáveis ou sonda Levine. Inicialmente deve-se estimar o comprimento da sonda que será colocada no esôfago, pelo posicionamento da mesma desde o plano nasal até a extensão do sétimo espaço intercostal (quando esofágica) ou estômago. Em seguida, marca-se esta medida com o auxílio de um marcador de esparadrapo que será aderido no tubo. Deve-se então lubrificar a extremidade da sonda com lidocaína a 5% e manter a cabeça do paciente em posição normal. Posteriormente, a sonda deve ser colocada na face ventrolateral de uma das narinas (direita ou esquerda) e introduzida em direção caudoventral e medial na cavidade nasal escolhida. Ao se introduzir cerca de 3 cm na narina, encontra-se uma barreira anatômica, o septo mediano, no piso da cavidade nasal. Em caso de dificuldade para ultrapassar esta barreira, pode-se empurrar as narinas externas dorsalmente para facilitar a abertura do meato ventral. Deve-se, então, elevar a extremidade proximal da sonda e avançá-la para o interior da orofaringe. Para a confirmação da localização da sonda no tubo digestório e não traqueia, pode-se injetar cerca de 5 mL de solução fisiológica estéril através do tubo. A ausência do reflexo de tosse ou espirro sugere posição esofágica. Após este teste, deve-se realizar avaliação radiográfica, com tomada de radiografia torácica! Esta é medida importante de segurança, para verificar correto posicionamento. Havendo posicionamento correto, a fixação da sonda pode ser feita com cola de cianocrilato, na linha média nasal dorsal. Deve-se usar um colar elisabetano para proteção do tubo. A dieta a ser empregada dependerá do calibre da sonda. Sondas mais calibrosas (>12 frenchs) permitem a utilização de determinados alimentos secos, umedecidos, batidos no liquidificador e coados em peneira (o cálculo da quantidade de alimento a ser administrado será ilustrado junto com os procedimentos de sonda esofágica). Sondas mais finas (<10 frenchs) requerem alimentos especiais. Uma opção é o uso de alimentos úmidos (enlatados) de alta energia para cães ou gatos, diluídos em água. Define-se um alimento úmido como de elevada energia quando este apresenta mais de 1,5 kcal por grama. Os alimentos úmidos de manutenção comercializados no Brasil apresentam entre 0,75 e 0,9 kcal por grama, de forma que se diluídos em água geram solução com muito baixa caloria e incompatível para fornecer as calorias necessárias dentro do volume estomacal e necessidade hídrica do animal. Seu emprego leva a baixo fornecimento de energia e a hiperidratação do paciente, não sendo recomendável. Como alternativa, o Serviço de Nutrição Clínica do Hospital Veterinário da Unesp, campus de Jaboticabal, desenvolveu fórmulas caseiras práticas para uso em sondas de reduzido calibre, sendo de fácil preparação e que têm demonstrado bons resultados ao longo dos anos em mais de 800 pacientes. Durante o suporte nasoesofágico ou nasogástrico pode-se infundir alimento suficiente para suprir a necessidade energética basal ou a necessidade de manutenção dos animais. A escolha da quantidade de energia a ser administrada dependerá basicamente das condições de saúde do paciente. Paciente sem grandes comprometimentos fisiológicos devem receber sua necessidade de manutenção, enquanto pacientes severamente debilitados, em anorexia há muito tempo ou com distúrbios metabólicos importantes devem receber sua necessidade energética basal. A alimentação pode ser iniciada logo após a colocação do tubo, tomando-se os cuidados de adaptação dos pacientes para a realimentação. Assim, o fornecimento de alimentos deve ser gradual e respeitar a capacidade de digestão e absorção de cada paciente. Sugere-se fornecer 1/3 da quantidade calculada no primeiro dia, 2/3 no segundo dia e só no terceiro dia se fornece toda a quantidade calculada o paciente. Isto é mais importante para pacientes severamente debilitados, ou que estão há muitos dias sem comer. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARMSTRONG, P. J., HAND, M. S., FREDERICK, G. S. Enteral nutrition by tube. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v.20, n. 1, p. 237-275, 1990.