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TEORIA DE CONTROLE E SERVOMECANISMO Eduardo Scheffer Saraiva Revisão sobre transformada de Laplace Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer variáveis complexas e funções complexas. � Selecionar as propriedades e os teoremas da transformada de Laplace. � Determinar a transformada inversa de Laplace. Introdução Neste capítulo, você vai estudar a transformada de Laplace, um método vantajoso para solução de equações diferenciais. A grande vantagem desse método está no fato de podermos transformar funções como senos, exponenciais, integrais e derivadas em equações puramente al- gébricas da variável complexa s. Outra vantagem dessa transformada é a possibilidade de se obter, resolvendo a equação diferencial, tanto a resposta transitória quanto de regime permanente simultaneamente. Além disso, é possível usar esse método para análise gráfica de modo a prever o comportamento do sistema, sem necessidade de resolver as equações diferenciais que o descrevem. Variáveis e funções complexas Uma variável complexa nada mais é do que um número complexo no qual a parte real e/ou imaginária é uma variável. Na transformada de Laplace, usa- remos a notação s para denominar uma variável complexa, como apresentado a seguir: s = σ + jω σ é a parte real e ω é a parte imaginária. Uma função complexa dada por F(s), que está em função de s, possui uma parte real e uma parte imaginária, ou seja: F(s) = Fx + jFy Fx e Fy são quantidades reais. Podemos dizer que uma função complexa G(s) é analítica em uma região se todas as derivadas de G(s) existem nessa região (OGATA, 1998). Assim, é possível escrever a derivada de uma função analítica como: Para um percurso particular ∆s = ∆σ (sobre o eixo real), é definido como: Para um percurso particular ∆s = ∆jω (sobre o eixo imaginário), é definido como: Se esses dois valores forem iguais: Ou se as condições seguintes forem verdadeiras: Revisão sobre transformada de Laplace2 Então a derivada é determinada de maneira única. Quando essas condições são satisfeitas, dizemos que a função G(s) é analítica. Chamamos de ordinários os pontos no plano s nos quais a função G(s) é analítica, e aqueles em que a função G(s) não é analítica são chamados de pontos singulares. Os pontos singulares em que a derivada de G(s) tende ao infinito são chamados de polos. G(s)(s + p)n, para n = 1, 2, 3,… Se n = 1, o polo é chamado de polo simples. Se n = 2, 3,…, o polo é dito de segunda ordem, de terceira ordem, e assim sucessivamente. Os pontos nos quais a função G(s) se anula são chamados de zeros. Considere a função complexa: G(s) apresenta zeros em s = –3, s = –7, e polos simples em s = 0, s = –1, s = –10, além de um polo duplo em s = –3. Observe que G(s) se torna nulo em s = ∞. Se levarmos em conta os pontos no infinito, G(s) apresenta o mesmo número de polos e zeros. Propriedades e teoremas da transformada de Laplace A transformada de Laplace a partir de uma função de variável t (tempo) gera uma função de variável (frequência). Isso é vantajoso porque, dada uma descrição matemática de um sistema, a transformada fornece uma descrição alternativa que muitas vezes diminui a complexidade da análise do comporta- mento do sistema. Efetivamente, a transformada converte equações diferenciais em equações algébricas e converte a convolução em multiplicação. Considere: 3Revisão sobre transformada de Laplace f(t): função no contínuo de variável t tal que f(t) = 0, para t < 0. s: variável complexa. ℒ: símbolo operacional indicando que a grandeza que ele antecede deve ser transformada por meio da integral de Laplace . F(s): transformada de Laplace de f(t). Assim, obtemos a transformada de Laplace dada por (OGATA, 1998): A transformada de Laplace de uma função f(t) existe se a integral de Laplace convergir. Para isso ocorrer, f(t) terá de ser seccionalmente contínua em todo o intervalo de tempo finito da faixa t > 0; quando t → ∞, ela é de ordem exponencial. Função degrau: Em que A é uma constante. A função degrau é indefinida para t = 0. Sua transformada de Laplace é dada por: Ao calcularmos essa integral, estamos admitindo que a parte real de s seja maior do que zero, assim o é nulo. Função rampa: Revisão sobre transformada de Laplace4 Em que A é constante. A transformada de Laplace dessa função rampa é dada por: Função senoidal: Em que A e ω são constantes, considerando sen(ωt) como: Assim, a transformada de Laplace para uma função senoidal é dada por: A transformada de A cos (ωt) pode ser calculada de maneira semelhante, sendo dada por: Uma vez que se saiba o método para obter a transformada de Laplace, não é necessário deduzir toda vez a transformada de f(t). Utilizaremos sempre tabelas de transformadas para se obter a transformada de Laplace de uma função f(t). 5Revisão sobre transformada de Laplace f(t) para t ≥ 0 F(s) 1 t sen(ωt) cos(ωt) e–atsen(ωt) e–atcos(ωt) Quadro 1. Tabela de transformadas de Laplace Transformada inversa de Laplace O processo inverso de obtermos uma função no tempo f(t) dada uma transfor- mada de Laplace F(s) é o que chamamos de transformada inversa de Laplace (OGATA, 1998), sendo dada pela seguinte fórmula: Revisão sobre transformada de Laplace6 Em que c não apenas é a abscissa de convergência, mas também um número real constante e escolhido como o valor superior da parte real de todos os pontos singulares de F(s). Contudo, essa integral de inversão é complicada, e um método mais conveniente de se obter a transformada inversa é utilizar tabelas de transformada de Laplace. O grande segredo para o uso das tabelas de transformada inversa é adequar a equação ao formato da tabela, o que pode ser feito expandindo-se a F(s) em frações parciais e escrevendo F(s) em termos de funções simples de s para as quais exista o equivalente na tabela. Na análise de sistema de controle, F(s), a transformada de Laplace de f(t) ocorre sob a forma: Nela, A(s) e B(s) são polinômios em s. Para expandirmos F(s) em frações parciais, é importante que a maior potência em A(s) seja superior que a maior potência em B(s). Expansão em frações parciais quando F(s) possui apenas polos simples: Em que m < n. Se F(s) tiver apenas polos distintos, então será possível expandi-la em uma soma de frações parciais como mostrado a seguir: Em que são constantes. Veja no box “Exemplo” a expansão em frações parciais quando F(s) envolve polos múltiplos. 7Revisão sobre transformada de Laplace A expansão em frações parciais desta F(s) envolve três termos dados da seguinte maneira: Aplicando o mínimo múltiplo comum, obtemos que: Para determinar o coeficiente A, substituímos a variável s = 0: Para determinar o coeficiente B, substituímos a variável s = –10: Para determinar o coeficiente C, devido à multiplicidade de polos existentes, não basta substituir o valor do polo na equação acima, pois resultaria novamente no coeficiente B. Sendo assim, quando há polos múltiplos de mesmo valor, aplica-se o seguinte método: Em que r representa a quantidade de polos múltiplos iguais, i representa o índice do coeficiente e p, o valor dos polos múltiplos. Assim, pode-se obter que: Uma vez que determinamos todos os coeficientes, aplicamos a transformada inversa de Laplace por meio da tabela para obtenção da resposta temporal da variável de saída do processo, y(t). Revisão sobre transformada de Laplace8 1. Dado , encontre a transformada de Laplace para esse sistema utilizando frações parciais. a) b) c) d) e) 2. Dado , encontre os coeficientes por meio de frações parciais. a) A = 2, B = -1, C = -5 b) A = 10, B = 5, C = -2 c) A = 1, B = -1, C = -20 d) A = -1, B = 1, C = 10 e) A = -20, B = -1, C = 1 3. Dado , encontre a transformada inversa de Laplace do sistema, utilizando frações parciais. a) b) c) d) e) 4. Dado , encontre a transformada inversa de Laplace do sistema, utilizando frações parciais.a) b) c) d) e) 9Revisão sobre transformada de Laplace OGATA, K. Engenharia de controle moderno. 3. ed. Rio de Janeiro: Prentice Hall do Brasil, 1998. Leituras recomendadas DORF, R. C.; BISHOP, R. H. Sistemas de controle modernos. 12. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013. SPIEGEL, M. R. Transformadas de Laplace: resumo da teoria, 263 problemas resolvidos, 614 problemas propostos. São Paulo: McGraw-Hill, 1965. Referência 5. Dado , encontre a transformada inversa de Laplace do sistema. a) b) c) d) e) Revisão sobre transformada de Laplace10 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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