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1 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GESTÃO DA PRODUÇÃO SUMÁRIO GESTÃO DA PRODUÇÃO 2 GESTÃO DA PRODUÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do Estado do Espírito Santo, com unidades em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999 atua no mercado capixaba, des- tacando-se pela oferta de cursos de gradua- ção, técnico, pós-graduação e extensão, com qualidade nas quatro áreas do conhecimen- to: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sem- pre primando pela qualidade de seu ensino e pela formação de profissionais com cons- ciência cidadã para o mercado de trabalho. Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de Instituições de Ensino Superior que possuem conceito de excelência junto ao Ministério da Educação (MEC). Das 2109 institui- ções avaliadas no Brasil, apenas 15% conquistaram notas 4 e 5, que são consideradas conceitos de excelência em ensino. Estes resultados acadêmicos colocam todas as unidades da Multivix entre as melhores do Estado do Espírito Santo e entre as 50 melhores do país. MISSÃO Formar profissionais com consciência cida- dã para o mercado de trabalho, com ele- vado padrão de qualidade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores. VISÃO Ser uma Instituição de Ensino Superior reconheci- da nacionalmente como referência em qualidade educacional. GRUPO MULTIVIX 3 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GESTÃO DA PRODUÇÃO SUMÁRIO BIBLIOTECA MULTIVIX (Dados de publicação na fonte) As imagens e ilustrações utilizadas nesta apostila foram obtidas no site: http://br.freepik.com Glauco Gomes Gestão da Produção / Glauco Gomes. – Serra: Multivix, 2019. EDITORIAL Catalogação: Biblioteca Central Anisio Teixeira – Multivix Serra 2019 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. FACULDADE CAPIXABA DA SERRA • MULTIVIX Diretor Executivo Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretora Acadêmica Eliene Maria Gava Ferrão Penina Diretor Administrativo Financeiro Fernando Bom Costalonga Diretor Geral Helber Barcellos da Costa Diretor da Educação a Distância Pedro Cunha Conselho Editorial Eliene Maria Gava Ferrão Penina (presidente do Conselho Editorial) Kessya Penitente Fabiano Costalonga Carina Sabadim Veloso Patrícia de Oliveira Penina Roberta Caldas Simões Revisão de Língua Portuguesa Leandro Siqueira Lima Revisão Técnica Alexandra Oliveira Alessandro Ventorin Graziela Vieira Carneiro Design Editorial e Controle de Produção de Conteúdo Carina Sabadim Veloso Maico Pagani Roncatto Ednilson José Roncatto Aline Ximenes Fragoso Genivaldo Félix Soares Multivix Educação a Distância Gestão Acadêmica - Coord. Didático Pedagógico Gestão Acadêmica - Coord. Didático Semipresencial Gestão de Materiais Pedagógicos e Metodologia Direção EaD Coordenação Acadêmica EaD 4 GESTÃO DA PRODUÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Aluno (a) Multivix, Estamos muito felizes por você agora fazer parte do maior grupo educacional de Ensino Superior do Espírito Santo e principalmente por ter escolhido a Multivix para fazer parte da sua trajetória profissional. A Faculdade Multivix possui unidades em Cachoei- ro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999, no mercado capixaba, destaca-se pela oferta de cursos de graduação, pós-graduação e extensão de qualidade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, tanto na mo- dalidade presencial quanto a distância. Além da qualidade de ensino já comprova- da pelo MEC, que coloca todas as unidades do Grupo Multivix como parte do seleto grupo das Instituições de Ensino Superior de excelência no Brasil, contando com sete unidades do Grupo en- tre as 100 melhores do País, a Multivix preocupa- -se bastante com o contexto da realidade local e com o desenvolvimento do país. E para isso, pro- cura fazer a sua parte, investindo em projetos so- ciais, ambientais e na promoção de oportunida- des para os que sonham em fazer uma faculdade de qualidade mas que precisam superar alguns obstáculos. Buscamos a cada dia cumprir nossa missão que é: “Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de quali- dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores.” Entendemos que a educação de qualidade sempre foi a melhor resposta para um país crescer. Para a Multivix, educar é mais que ensinar. É transformar o mundo à sua volta. Seja bem-vindo! APRESENTAÇÃO DA DIREÇÃO EXECUTIVA Prof. Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretor Executivo do Grupo Multivix 5 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GESTÃO DA PRODUÇÃO SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS > FIGURA 1 - Linha de produção de uma indústria automotiva 14 > FIGURA 2 - Estudo de P&D na indústria automotiva 16 > FIGURA 3 - Modelo input-output para o exemplo do RH 22 > FIGURA 4 - Operação de atendimento on-line 31 > FIGURA 5 - Frutos do mar congelados 32 > FIGURA 6 - Inspeção de qualidade 33 > FIGURA 7 - Análise de custos 35 > FIGURA 8 - Relações entre plano estratégico de produção e PMP 44 > FIGURA 9 - Diferenças entre sistemas de produção 57 > FIGURA 10 - Operário realizando setup em uma máquina CNC 63 > FIGURA 11 - Diagrama de Ishikawa 71 > FIGURA 12 - Limpeza e organização do local de trabalho 72 > FIGURA 13 - Alguns instrumentos utilizados na metrologia e no controle da qualidade 78 > FIGURA 14 - Qualidade em função da expectativa e percepção dos clientes 84 > FIGURA 15 - Modelo de lacunas para diagnóstico de problemas de qualida- de 85 > FIGURA 16 - Exemplo de diagrama de processo 86 > FIGURA 17 - Resultado da análise de Pareto para erros de fornecedores 88 > FIGURA 18 - Resultado da análise de Pareto 89 > FIGURA 19 - Exemplo de diagrama de causa e efeito para o problema de pintura danificada 90 > FIGURA 20 - Abordagens para as questões ambientais 98 > FIGURA 21 - Curva de impacto na estrutura de custos em função da im- plantação da P+L 101 > FIGURA 22 - Fluxograma de Produção mais limpa 103 6 GESTÃO DA PRODUÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO LISTA DE QUADRO > QUADRO 1 - Diferentes atividades para as funções centrais das empresas 18 > QUADRO 2 - Critérios de desempenho e subobjetivos 35 > QUADRO 3 - Exemplo de planejamento agregado 46 > QUADRO 4 - Evolução da qualidade 80 > QUADRO 5 - Modelo de gestão da qualidade no processo produtivo 82 > QUADRO 6 - Análise de Pareto para erros de fornecedores 87 > QUADRO 7 - Análise de Pareto 89 7 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GESTÃO DA PRODUÇÃO SUMÁRIO SUMÁRIO 1UNIDADE 2UNIDADE 3UNIDADE 1 GESTÃO DA PRODUÇÃO E OPERAÇÕES 13 1.1 A FUNÇÃO PRODUÇÃO 13 1.1.1 A PRODUÇÃO NAS EMPRESAS 15 1.2 A GESTÃO DE OPERAÇÕES E OS PROCESSOS NAS EMPRESAS 19 1.2.1 O PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO (OU MODELO INPUT-OUTPUT) 20 CONCLUSÃO 24 2 ESTRATÉGIA DE OPERAÇÕES 26 2.1 DEFININDO A ESTRATÉGIA DE PRODUÇÃO 26 2.1.1 GESTÃO DE OPERAÇÕES VS. ESTRATÉGIA DE OPERAÇÕES 28 2.1.2 RELAÇÕES ENTRE A ESTRATÉGIA DE OPERAÇÕES E A ESTRATÉGIA GLO- BAL DA EMPRESA 30 2.2 OBJETIVOS DE DESEMPENHO 33 CONCLUSÃO 36 3 PLANEJAMENTO INTEGRADODA PRODUÇÃO 38 3.1 O PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO 38 3.1.1 PLANEJAMENTO, CONTROLE E FUNÇÕES DO PCP 39 3.1.2 INTERFACES COM A FUNÇÃO PCP 41 3.2 PLANEJAMENTO INTEGRADO DA PRODUÇÃO 42 3.2.1 CONCEITO DE PMP 43 3.2.2 PLANEJAMENTO DE VENDAS E OPERAÇÕES 46 3.2.3 MATERIAL REQUIREMENT PLANNING (MRP) E MANUFACTURING RE- SOURCES PLANNING (MRP II) 47 CONCLUSÃO 49 8 GESTÃO DA PRODUÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO SUMÁRIO 4UNIDADE 5UNIDADE 4 SISTEMAS JUST IN TIME 51 4.1 DEFINIÇÃO DE JUST IN TIME (JIT) 51 4.1.1 O JIT E O STP 52 4.1.2 AS RAÍZES DO JIT E DO STP 54 4.2 DIFERENÇAS ENTRE OS SISTEMAS TRADICIONAIS DE PRODUÇÃO (EMPUR- RADOS) E O JIT (PUXADO) 56 4.3 CARACTERÍSTICAS DA MANUFATURA JUST IN TIME 61 4.3.1 LOTES PEQUENOS 61 4.3.2 SETUPS RÁPIDOS 62 4.3.3 PRODUÇÃO NIVELADA 64 4.3.4 NOVO PAPEL DO TRABALHADOR 65 4.3.5 QUALIDADE NA FONTE 66 4.3.6 TECNOLOGIA DE GRUPO 67 4.3.7 MANUTENÇÃO PREVENTIVA 68 4.3.8 PARCERIAS COM FORNECEDORES 69 4.3.9 MELHORIA CONTÍNUA (KAIZEN) 69 4.3.10 RESPEITO PELAS PESSOAS 70 4.3.11 PARADAS DE PRODUÇÃO 70 4.3.12 PADRONIZAÇÃO E SIMPLIFICAÇÃO 72 4.3.13 AMBIENTE DE TRABALHO 72 CONCLUSÃO 73 5 GESTÃO DA QUALIDADE 75 5.1 DEFININDO A QUALIDADE 75 5.1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUALIDADE 76 5.1.2 GESTÃO DA QUALIDADE NO PROCESSO PRODUTIVO 81 5.1.2.1 DIAGNÓSTICO DOS PROBLEMAS DE QUALIDADE 83 CONCLUSÃO 91 9 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GESTÃO DA PRODUÇÃO SUMÁRIO 6UNIDADE SUMÁRIO 6 PRODUÇÃO MAIS LIMPA 93 6.1 OS SISTEMAS PRODUTIVOS E A UTILIZAÇÃO DE RECURSOS NATURAIS 93 6.1.1 SUSTENTABILIDADE 95 6.2 PRODUÇÃO MAIS LIMPA 97 6.2.1 AS BASES PARA A SUA ORIGEM 97 6.2.2 DEFINIÇÃO 99 6.2.3 A DINÂMICA DA PRODUÇÃO MAIS LIMPA E SEUS BENEFÍCIOS 100 CONCLUSÃO 107 REFERÊNCIAS 108 10 GESTÃO DA PRODUÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO ICONOGRAFIA ATENÇÃO PARA SABER SAIBA MAIS ONDE PESQUISAR DICAS LEITURA COMPLEMENTAR GLOSSÁRIO ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM CURIOSIDADES QUESTÕES ÁUDIOSMÍDIAS INTEGRADAS ANOTAÇÕES EXEMPLOS CITAÇÕES DOWNLOADS 11 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GESTÃO DA PRODUÇÃO SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Nesta unidade, você conhecerá os conceitos iniciais da gestão da produção e opera- ções. Nela será feita uma breve contextualização desses conceitos e será explicado como a gestão da produção está orientada tanto a bens quanto a serviços. Contu- do, independentemente do produto final a ser produzido no sistema, é preciso ilus- trar como se dão os processos que serão implementados para a gestão dos recursos produtivos e, consequentemente, possibilitarão a produção desses bens ou serviços. Para tanto, serão apresentadas os principais componentes que configuram os siste- mas produtivos e o modelo ilustrativo utilizados amplamente na literatura da área. De modo a ilustrar a funcionalidade e amplitude do modelo input-processamento- -output, será apresentado, também, um conjunto de exemplos comparativos. Objetivos de aprendizagem Ao final desta unidade, esperamos que você seja capaz de: • Descrever o sistema input-processamento-output. • Distinguir a função produção das demais funções da empresa. • Demonstrar um sistema produtivo com base em suas entradas e saídas. 12 GESTÃO DA PRODUÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Descrever o sistema input- processamento- output. > Distinguir a função produção das demais funções da empresa. > Demonstrar um sistema produtivo com base em suas entradas e saídas. UNIDADE 1 13 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GESTÃO DA PRODUÇÃO SUMÁRIO 1 GESTÃO DA PRODUÇÃO E OPERAÇÕES A gestão da produção, também chamada de administração da produção ou gestão de operações e serviços, é um tema comumente abordado em cursos de gestão, com especial ênfase nos cursos de administração e engenharia de produção. A área empenha-se em estudar diferentes formas e configurações pelas quais as empresas produzem seus produtos de valor agregado. Por produtos, entenda-se tanto de bens físicos (como um refrigerador, uma TV ou um smartphone) quanto de serviços (como a venda de um curso de inglês, uma experiência gastronômica ou uma hospedagem em uma pousada no Nordeste). Assim, nesta primeira unidade, serão apresentadas algumas das principais caracte- rísticas da função ou sistema de produção. Entre essas características, será dado des- taque ao modelo conceitual que norteia a gestão da produção (o processo de trans- formação, também chamado modelo input-output), bem como aos elementos que o compõem. 1.1 A FUNÇÃO PRODUÇÃO Quando se pensa no termo “produção”, vem à cabeça a imagem de uma instalação fabril, com uma luz indireta, cheia de máquinas e muitas vezes suja e barulhenta. Costuma-se associar a ideia de produção às fábricas e ao trabalho pesado de homens e máquinas. Pois bem, aqui será atualizada essa linha de raciocínio. Para fins desta disciplina, a produção será tratada como uma área ou função dentro de uma empresa. A área de produção ou de operações (também pode ser chamada de manufatura em alguns casos) é a parte da empresa responsável não só pela efetiva manufatura (daí o termo) de um item, mas também pela sua gestão e de uma série de atividades no seu entorno. É por este cenário que se interessa esta disciplina: a gestão da produção. 14 GESTÃO DA PRODUÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO FIGURA 1 - LINHA DE PRODUÇÃO DE UMA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. A produção pode ser entendida como o conjunto de atividades necessá- rias para a transformação de matérias-primas e insumos em outros itens de maior valor agregado. No entorno da função produção, encontram-se uma série de outras atividades que atuam como suporte aos seus objetivos. Algumas dessas atividades são a gestão da manutenção, o controle da qualidade e a logística de suprimentos. Conforme comentado, é possível encontrar a utilização dos termos “produção” e “ope- rações” em discursões sobre o tema. Cabe aqui uma pequena distinção. De acordo com Corrêa e Corrêa (2017) e Slack et al. (2018), o termo “produção” está mais pró- ximo às atividades industriais, enquanto o termo “operações” refere-se comumente às atividades realizadas pelos prestadores de serviços, como bancos, agências de via- gens, restaurantes, faculdades, etc. 15 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GESTÃO DA PRODUÇÃO SUMÁRIO É preciso destacar que a função produção exerce um papel muito importante nas empresas, sejam de manufaturas (como uma montadora de automóveis), sejam de serviços (como um banco). Apesar da proximidade dos termos “operações” e “opera- cional”, essa importância não está limitada ao chão de fábrica ou ao balcão de aten- dimento de uma casa lotérica. O papel que a função produção exerce nas empresas está ligado a todos os três níveis hierárquicos, a saber: estratégico, tácito e operacional. Esta disciplina objetiva abordar em certa medida cada um desses níveis por meio de diferentes tópicos. A próxima unidade dará destaque ao papel estratégico da função produção nas organizações. Para tanto, será apresentada uma discussão so- bre as estratégias da área de produção e os principais critérios utilizados para a sua configuração. Contudo, no presente momento é preciso conhecer um pouco melhoras bases dessa relação. Para isso, cabe o questionamento: como efetivamente a estratégia de uma empresa se correlaciona com a sua função produção? Pense, por exemplo, no objeti- vo principal de uma empresa: produzir bens e serviços de valor agregado, de modo a gerar lucros para os seus stakeholders, em particular, seus acionistas. Stakeholder é um termo em inglês para identificar o público estratégico ou gru- po de pessoas interessadas em uma empresa, negócio ou indústria. Os principais stakeholders considerados no campo da gestão são os acionistas, clientes, fornecedo- res, governo, sociedade, fornecedores e concorrentes. Dessa forma, as empresas devem configurar seus processos e recursos produtivos de acordo com as características dos produtos e do mercado consumidor, levando em consideração também aspectos socioeconômicos e avanços tecnológicos. Logo, é prio- ritário que as empresas dominem as possíveis combinações de recursos e processos para uma configuração adequada dos processos produtivos e, com isso, o atendimento às demandas do mercado. E é exatamente a função produção que tem a responsabi- lidade de organizar tais recursos produtivos, de modo a garantir a transformação dos recursos em produtos ou serviços de qualidade e valor agregado para as empresas. 1.1.1 A PRODUÇÃO NAS EMPRESAS Slack et al. (2018) e Tubino (2017) destacam que, apesar da sua importância e rele- vância para os resultados das empresas, a função produção não é a única a atuar den- tro das organizações. Na verdade, a função produção, juntamente com outras duas funções, compõem o conjunto de funções centrais da organização. São elas: 16 GESTÃO DA PRODUÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO • A função marketing (que inclui vendas): responsável pela comunicação com seus consumidores. • A função desenvolvimento de produto/serviço: também chamada de Pes- quisa e Desenvolvimento (ou P&D), responsável pela criação ou adaptação dos novos produtos ou serviços. FIGURA 2 - ESTUDO DE P&D NA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. • A função produção: responsável por gerar a satisfação às solicitações dos con- sumidores, por meio da produção e entrega dos produtos e serviços. É possível identificar com certa facilidade a inter-relação entre as três funções princi- pais de uma organização. É preciso ressaltar que nenhuma dessas atividades atuará isoladamente na empresa, da mesma forma em que será a única responsável pelo desempenho da organização. Cada vez mais, as empresas precisam se comunicar de forma eficiente com seus consumidores, entendendo suas principais demandas. Con- tudo, essas demandas estão em constante mudança. Assim, é preciso criar produtos e/ ou adaptar aqueles já existentes. Finalmente, não adiantará a empresa entender as de- mandas e criar produtos sem a efetiva produção destes e posterior entrega aos clientes. 17 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GESTÃO DA PRODUÇÃO SUMÁRIO Slack et al. (2018) apresentam a inter-relação das três funções principais da empresa considerando quatro diferentes sistemas produtivos, a saber: prove- dor de serviços de Internet, cadeia de fast-food, caridade e fabricante de mó- veis. Perceba como as atividades de cada função diferenciam-se para cada um dos sistemas. Enquanto nos serviços de caridade a produção está orien- tada à prestação de serviços aos beneficiários (como a organização de um passeio no jardim zoológico), na fábrica de móveis a atividade está orientada à confecção de componentes e posterior montagem dos móveis. No primei- ro cenário, há, por exemplo, um grande componente de imprevisibilidade. Não se sabe como as crianças vão se comportar no parque, o clima pode não estar bom e começar a chover, etc. Já na fabricação de móveis, há roteiros a seguir para a confecção das peças, tem uma capacidade limitada de peças a serem produzidas por hora, além de nenhuma interação com o consumidor final do produto. 18 GESTÃO DA PRODUÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO QUADRO 1 - DIFERENTES ATIVIDADES PARA AS FUNÇÕES CENTRAIS DAS EMPRESAS ATIVIDADES FUNCIONAIS CENTRAIS PROVEDOR DE SERVIÇOS DE INTERNET CADEIA DE FAS- T-FOOD CARIDADE FABRICANTE DE MÓVEIS Marketing e vendas Promover serviços a usuários e obter assinaturas. Vender espaço de propaganda. Fazer propaganda em televisão. Inventar material promocional. Desenvolver contratos de fundos. Enviar mala direta com pedidos de doação. Fazer propaganda em revistas. Determinar a polí- tica de preços. Vender para lojas. Desenvolvimen- to de produto ou serviço Criar novos serviços e comissionar novo conteúdo de infor- mação. Inventar hambúr- gueres, pizzas etc. Projetar a deco- ração dos restau- rantes. Desenvol- ver novas campanhas de apelo. Projetar novos pro- gramas de assistência. Projetar novos mó- veis. Harmonizar as cores da moda. Produção Manter equipamen- tos, programas e informação. Implantar novos links e serviços. Fazer hambúrgue- res, pizzas etc. Servir os clientes. Fazer a limpeza. Manter equipa- mento. Prover ser- viços para os benefi- ciários da caridade. Fazer peças. Montar os móveis. Fonte: Slack et al., 2018. Os autores ainda destacam o papel de outras duas funções de apoio que objetivam dar suporte às atividades da função produção. São elas: • A função contábil-financeira: administra os recursos financeiros e fornece in- formações que auxiliam nos processos decisórios econômicos da organização. • A função recursos humanos: cuida não só do bem-estar dos funcionários, mas também conduz as contratações e realiza treinamentos para a capacitação dos profissionais. 19 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GESTÃO DA PRODUÇÃO SUMÁRIO 1.2 A GESTÃO DE OPERAÇÕES E OS PROCESSOS NAS EMPRESAS Slack et al. (2018) associam à gestão de operações o projeto, direção e controle dos processos que transformam insumos em serviços ou produtos, tanto para clientes internos quanto para os externos. Logo, o autor atribui à gestão da produção o geren- ciamento dos processos de transformação que ocorrem dentro dos vários departa- mentos de uma empresa, uma vez que esses setores executam uma série de proces- sos específicos. Aqui se está tratando da abordagem da gestão de operações, e não especifi- camente da função produção de uma empresa. A abordagem é uma forma de enxergar o gerenciamento dos diversos componentes de um sistema, de modo a se obter um produto final que venha a atender um cliente interno ou externo. O foco aqui está na gestão dos processos que levarão à produção de um produto ou serviço. Esse produto ou serviço pode estar localizado em um outro setor completa- mente diferente da produção; contudo, faz uso da mesma lógica (ou modelo) para realizar a gestão dos seus processos. 20 GESTÃO DA PRODUÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Um setor de recursos humanos de uma empresa química possui uma sé- rie de processos internos para entregar os seus produtos aos seus clientes internos, a saber: os demais setores da empresa. Um destes “produtos” é a contratação de estagiários para os diferentes setores da empresa (que aqui configuram-se como seus clientes internos). Para que se parta da demanda apresentada pelos setores até a efetiva contratação dos estagiários, o setor de RH precisa realizar uma série de atividades que comporão o seu processo de contratação (por exemplo, comunicação das vagas para as universidades, recebimento e triagem dos currículos, definição dos horários de entrevista, comunicaçãoaos candidatos selecionados, realização das entrevistas, etc.). Perceba por meio deste exemplo que, independentemente da área, é possível ilustrar o seu funcionamento por meio da modelagem em termos de processos. A base para essa ilustração é o que se chama de modelo de transformação. 1.2.1 O PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO (OU MODELO INPUT-OUTPUT) A principal forma de ilustração dos processos a serem gerenciados pelas empresas recebe o nome de processo de transformação ou modelo input-output. Uma vez que a produção de um bem ou serviço envolve um conjunto de recursos de entrada (do inglês input), que vêm a ser processados de modo a se transformarem em produtos ou saídas (do inglês, output), o modelo apresenta simplicidade em termos de enten- dimento e grande aderência às diversas situações empresariais. Tome o exemplo da indústria química previamente apresentado. Seja o cenário da contratação de estagiários, seja a fabricação de um óleo lubrificante (respectivamen- te, um serviço prestado a clientes internos e um bem físico que será eventualmente 21 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GESTÃO DA PRODUÇÃO SUMÁRIO ao consumidor final), pode-se ilustrar os processos com a mesma lógica do modelo input-processamento-output (outra denominação bastante comum). Será traçado um pequeno comparativo de cada um dos processos apresentados. Para tanto, será iniciada a análise a partir dos produtos ou outputs. No primeiro caso, o setor de RH apresentará como produto final aos seus clientes internos um serviço: a contratação de um grupo de estagiários conforme demandas dos setores da empresa. Para o segundo caso, tem-se a produção de lotes de óleo lubrificante a serem entregues ao departamento de distribuição (que pode ser en- tendido como um cliente interno), transportados para diferentes varejos automotivos e posteriormente vendidos ao consumidor final. Para que ocorra a contratação dos estagiários, o setor de RH vai precisar de uma sé- rie de informações, como o perfil de candidato desejado por cada setor, o orçamen- to alocado para o processo de contratação, o valor da remuneração dos estagiários, as atividades que serão desenvolvidas, etc. Também precisará de informações que são externas à sua empresa, como uma lista de faculdades com cursos de gradua- ção que atendam às demandas dos seus clientes internos em termos de formação dos candidatos. Precisará, ainda, de pessoas capacitadas nos processos de captação e seleção de recursos humanos, computadores, Internet, bem como dos procedi- mentos internos da empresa para realizar tais contratações. Todos os itens listados configuram algumas das entradas (inputs) necessárias para a realização do proces- so de contratação. Analogamente, a produção do óleo lubrificante também demandará inputs. Con- tudo, por se tratar de itens físicos que sofrerão modificações ao longo do processo, itens, como os sais, bases, ácidos e demais químicos presentes na produção do óleo, são tratados como matérias-primas. Juntamente com as embalagens, as máquinas necessárias à realização do processo, as informações relativas ao procedimento de produção e os funcionários que operarão as máquinas, tem-se o conjunto de inputs do processo de produção do óleo. As atividades que efetivamente transformam as entradas em saídas compõem o pro- cessamento do modelo. Para o caso dos estagiários, um funcionário do RH realiza o cruzamento das informações sobre as universidades disponíveis na região com as in- formações sobre o perfil desejado de candidato e valor da bolsa de estágio e elabora 22 GESTÃO DA PRODUÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO um comunicado a ser difundido nas universidades tratando das vagas na empresa. Essa atividade intermediária será a base para as demais atividades que virão em se- quência (como a captação de currículos, análise, organização dos horários de entre- vista, etc.) até que se complete o processo e, com isso, chegue-se ao produto final. Da mesma forma, os componentes químicos do óleo lubrificante (matérias-primas) serão processados segundo um procedimento predeterminado (outro exemplo de input de informação) e embalados a partir da atuação de máquinas e homens, até que se obtenha o produto desejado. Analogamente, a realização das atividades pre- vistas no procedimento (ex. verificação do pH e viscosidade, aquecimento final, etc.) comporá o processamento em si das entradas e saídas. A figura a seguir ilustra graficamente o processo de contratação de estagiários descri- to previamente. FIGURA 3 - MODELO INPUT-OUTPUT PARA O EXEMPLO DO RH ENTRADAS (INPUTS) • Pessoas - Funcionários da empresa - Candidatos • Procedimentos - Norma de contratação da empresa • Informações - Perfil desejado - Lista de universidades e cursos - Atividades previstas - Valor da bolsa • Capital ($$$) - Orçamento do processo • Equipamentos e instalações - Computadores - Internet PROCESSAMENTO • Comunicação do processo • Captação de currículos • Análise de currículos • Organização dos horários de entrevistas • Realização de entrevistas • Análise das entrevistas • Comunicação do resultado • Processo de contratação SAÍDAS (OUTPUTS) • Novos estagiários alocados em diferentes setores da empresa. Fonte: Elaborado pelo autor, 2019. 23 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GESTÃO DA PRODUÇÃO SUMÁRIO Apesar de ser bastante recorrente a apresentação dos tópicos iniciais sobre gestão de operações subdivididos entre a produção de bens e serviços, al- guns sistemas produtivos apresentam uma sobreposição de características dessas duas naturezas. Ao ir a um restaurante por exemplo, você vai se de- parar com elementos de produção de um bem físico (o seu prato principal), bem como aspectos inerentes à produção de serviços (como a sua percep- ção sobre a higiene do local, ambientação, volume da música, etc.). Oliveira (2014) destaca ainda a situação em que as empresas passam a migrar de produtos para serviços como forma de atender a seus clientes de maneira cada vez mais eficiente. 24 GESTÃO DA PRODUÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO CONCLUSÃO Nesta unidade, inicial você conheceu as bases da gestão da produção, sua impor- tância para as empresas – independentemente se estas produzem bens ou serviços – e a sua relação com as demais funções da empresa, a saber: centrais e de apoio. Você foi apresentado ao modelo input-output, amplamente utilizado na literatura de gestão para ilustrar o funcionamento de processos diversos e, efetivamente, au- xiliar na sua gestão. Por meio de exemplos práticos, você conheceu os elementos constituintes do mo- delo input-output e já pode inclusive, passar a ilustrar processos empresariais que você venha a se deparar. Uma sugestão é a de procurar conhecer e ilustrar processos diferentes daqueles que você já está acostumado ou tenha conhecimento. Pense em diferentes processos de serviços que estão ao seu redor (uma matrícula na faculdade, a compra emissão de uma passagem aérea, etc.). Da mesma forma, procure conhecer processos de produção de bens que você não es- teja familiarizado. Busque conhecer suas matérias-primas e processos de fabricação. Bons estudos e até a próxima. 25 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GESTÃO DA PRODUÇÃO SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Ilustrar o conceito de estratégia no contexto de produção. > Selecionar possíveis estratégias de produção para um cenário de negócios. > Diferenciar os objetivos de desempenho que compõema estratégia de operações. UNIDADE 2 26 GESTÃO DA PRODUÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 2 ESTRATÉGIA DE OPERAÇÕES Após ilustrarmos a importância da gestão da produção e operações no dia a dia das empresas e como esta função figura como uma das mais centrais para o desempe- nho das organizações, passamos a discutir como a função produção se relaciona com a estratégia global da empresa. Mais que isso, a partir desta unidade, você vai enten- der como a função produção de uma empresa elabora estratégias para dar suporte e alinhar-se aos objetivos gerais da empresa. Para tanto, serão destacados os cinco critérios de desempenho utilizados pela pro- dução para elaborar suas estratégias e acompanhar a eficiência e eficácia de seus processos frente aos objetivos traçados previamente. 2.1 DEFININDO A ESTRATÉGIA DE PRODUÇÃO Antes de tentar definir o que venha a ser a estratégia da produção, é preciso inicial- mente entender o que significa estratégia. Pode-se entender a estratégia como a forma por meio da qual a empresa define seu caminho para atingir seus objetivos. Esta escolha por caminhos é particular a cada empresa, tendo como base elementos como o ambiente em que está inserida, suas condições econômicas, suas ideias para novos produtos etc. Para Slack et al. (2018, p. 80), a estratégia abrangeria os seguintes itens: • Estabelecer objetivos amplos que direcionam uma empresa à sua meta global. • Planejar o caminho (em termos gerais, não específicos) para se chegar a essas metas. • Enfatizar os objetivos de longo e não de curto prazo. • Lidar com o quadro amplo, em vez de enfatizar atividades isoladas. • Manter-se afastado e acima da confusão e distrações das atividades do dia a dia. 27 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GESTÃO DA PRODUÇÃO SUMÁRIO Ainda segundo os autores, a estratégia de produção trata do padrão de ações e de- cisões estratégicas que definem o papel, os objetivos e as atividades da área de ope- rações. É comum pensar que os termos “estratégia” e “operações” não apresentem relação alguma; contudo, é preciso destacar a diferença entre os termos “operações” e “operacional”. “Operacional” está associado a algo que acontece de forma rotineira e repetitiva. Já o termo “operações”, como você já sabe, refere-se a uma complexa área da empresa, contemplando tanto aspectos operacionais quanto estratégicos. Em linhas gerais, o objetivo da função produção é o de gerar riqueza para sociedade por meio da transformação de insumos (inputs) em produtos (bens e/ ou serviços) de valor agregado. De acordo com Slack et al. (2018, p. 36): [...] a produção da empresa é peça chave e a base para o sucesso do negócio, a administração da produção pode “fazer quebrar” qualquer empresa. Não só porque a função produção é grande e para muitas empresas representa o grosso dos bens e a maior parte dos colaboradores, mas também porque é a função que agrega competitividade à empresa ao fornecer a habilidade de resposta aos consumidores e ao desenvolver as capacitações que a colocarão à frente dos concorrentes no futuro. (SLACK, 2018, p. 36) Chiavenato (2015) destaca ainda que, em um mundo com uma demanda incessante por bens e serviços, as empresas precisam produzir e abastecer um mercado exigen- te em termos de preço e qualidade e com necessidades cada vez mais complexas e sofisticadas. Dado tal cenário, há de se questionar aquilo que é esperado da função produção para a efetiva satisfação do mercado consumidor da empresa associado a um posicionamento diferenciado quando comparado aos seus concorrentes. É sob essa perspectiva que passamos a aproximar a função produção (e, por conse- guinte, a gestão da produção) da estratégia da empresa como um todo. É preciso des- tacar que, enquanto um elemento da empresa, a área de operações também apre- senta sua própria estratégia. Logo, para efetivamente sabermos o que esperar da área de operações precisamos, antes de tudo, diferenciar a gestão de operações da estra- tégia da área de operações e das relações desta com a estratégia global da empresa. Vamos iniciar esta clarificação diferenciando os conceitos de gestão de operações e estratégia de operações. 28 GESTÃO DA PRODUÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 2.1.1 GESTÃO DE OPERAÇÕES VS. ESTRATÉGIA DE OPERAÇÕES Corrêa e Corrêa (2017, p. 33) estabelecem a diferença entre os dois termos da se- guinte maneira. Para os autores, a gestão de operações é tida como a atividade de gerenciamento dos recursos associados à produção do pacote de serviços entregue ao cliente. Muitas empresas, apesar de possuírem uma área ou departamento voltado às atividades de produção, denominam essas estruturas de outra forma. Como você já sabe, a função produção, ou operações, processa insumos, matérias- -primas e embalagens por meio de recursos de transformação (como máquinas e equipamentos) de modo a obterem as saídas dos seus processos produtivos (bens ou serviços). De acordo com Corrêa e Corrêa (2017, p. 33): [...] a gestão de operações preocupa-se basicamente com essas funções e em como esses processos são gerenciados. Tarefas típicas incluem o projeto dos processos, a escolha, configuração, implantação e manutenção das tecnolo- gias de processo, o projeto do trabalho das pessoas envolvidas na operação, o planejamento e controle das atividades, filas, fluxos e estoques, a garantia de níveis adequados de qualidade das saídas, a garantia de níveis adequados de uso dos recursos, entre outros. De forma relacionada, porém diferente, a estratégia de operações está mais voltada ao processo global da função produção da empresa e menos orientada aos seus pro- cessos individuais e rotineiros. Neste sentido, surge a preocupação com a inter-rela- ção com as demais áreas de negócio da empresa, como marketing, finanças e RH, e demais atores do ambiente em que está inserido (governo, concorrentes, fornecedo- res, clientes etc.). 29 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GESTÃO DA PRODUÇÃO SUMÁRIO Ainda segundo os autores, a estratégia de operações preocupa-se também em sem- pre atualizar a área de operações em relação às eventuais mudanças dos fatores am- bientais. Para tanto, empenha-se no desenvolvimento de longo prazo dos processos e recursos e com a criação de competências para que a organização tenha níveis sus- tentáveis de vantagens competitivas. Assim, a estratégia de operações é vista como um processo para a manutenção do padrão global de decisões que visam aumentar a competitividade sustentada da organização através de organizar seus recursos, criar e manter competências, para que possam prover um composto adequado de carac- terísticas de desempenho ao longo do futuro (CORRÊA; CORRÊA, 2017, p. 33). Dessa forma, as principais diferenças entre a gestão de operações e a estratégia de operações, na visão de Corrêa e Corrêa, (2017) são: • Natureza: a gestão de operações preocupa-se em apoiar a tomada das deci- sões individuais de recursos de operações, enquanto a estratégia de operações preocupa-se com a conformação e manutenção do padrão de tomada dessas decisões. • Escala de tempo: a gestão de operações tipicamente se preocupa com uma escala de até um ano, enquanto a estratégia de operações terá preocupação com uma escala de um a dez anos à frente, dependendo da inércia das deci- sões envolvidas no negócio. • Grau de agregação das decisões: se, por um lado, a gestão de operações está orientada às decisões sobre recursos e processos com um maior nível de deta- lhe, a estratégia de operações volta-se às decisões com maior nível de agrega- ção. Ou seja,decisões sobre o conjunto de unidades produtivas, segmentação de produtos e serviços, agregados de clientes, nível geral de competências. • Ênfase: a gestão de operações preocupa-se com as interfaces entre operações e outras áreas, mas a ênfase é predominantemente interna; a estratégia de operações preocupa-se também com aspectos internos, mas a ênfase é pre- dominantemente em como a operação relaciona-se com seu ambiente inter- no e externo. • Nível hierárquico decisório: a gestão de operações lida com uma série de de- cisões compartilhada por grande número de pessoas, frequentemente asso- ciadas aos níveis gerencial e operacional. Já a estratégia de operações trata de decisões mais agregadas, com impacto de médio e longo prazos, e relaciona- das a aspectos da alta direção. 30 GESTÃO DA PRODUÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO • Nível de abstração: estratégia de operações lida predominantemente com conceitos e ideias mais abstratos (e.g., deveríamos enfatizar as parcerias e con- centrarmo-nos nas atividades essenciais ou deveríamos manter altos níveis de integração vertical?), enquanto a gestão de operações lida com questões mais concretas do dia a dia (e.g., qual tem sido o desempenho de nosso fornecedor desse serviço e como podemos fazer para que ele melhore?). • Subordinação: as decisões de estratégia de operações em geral definem por prazos mais longos as capacitações que a operação vai ter no futuro. Essas, portanto, limitarão e definirão os contornos dentro dos quais a flexibilidade e a liberdade dos tomadores de decisões de gestão ocorrerão. De certa for- ma, portanto, as decisões de gestão de operações subordinam-se aos limites dados anteriormente pela estratégia de operações. Esse ponto, entretanto, é polêmico e merece maior aprofundamento no item que se segue. 2.1.2 RELAÇÕES ENTRE A ESTRATÉGIA DE OPERAÇÕES E A ESTRATÉGIA GLOBAL DA EMPRESA Após a caracterização da estratégia de operações, podemos nos voltar para o questio- namento de como esta se relaciona com a estratégia global da empresa. Mais espe- cificamente, podemos nos questionar sobre o que se espera que a função produção (por meio da sua estratégia) desempenhe no âmbito do negócio. Slack et al. (2018, p. 82) apresentam três possíveis relações, a saber: • Implementadora da estratégia empresarial – ser capaz de colocar em prática a estratégia traçada pela empresa. Imagine uma companhia de seguros que definiu como estratégia global a migração do seu atendimento para um serviço on-line inteiramente novo. 31 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GESTÃO DA PRODUÇÃO SUMÁRIO Assim, sua “operação” de marketing necessitará organizar atividades promo- cionais adequadas, sua “operação” de tecnologia da informação necessitará suprir sistemas apropriados. De forma mais significativa, sua função produ- ção terá que supervisionar o projeto de todos os processos que permitam aos consumidores acesso à informação on-line, elaboração de cotações, pe- didos de informações adicionais, detalhes de checagem de crédito, envio de documentação, e assim por diante. FIGURA 4 - OPERAÇÃO DE ATENDIMENTO ON-LINE Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. • Apoiadora da estratégia empresarial – ser capaz de “comprar a ideia”, ou seja, significa desenvolver suas capacitações de modo a permitir à organização aprimorar e refinar seus objetivos estratégicos. Um fabricante de telefones celulares decidiu ser o primeiro no mercado com produtos inovadores. Sua operação necessita, portanto, ser capaz de enfren- tar a inovação constante. 32 GESTÃO DA PRODUÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Deve desenvolver processos que sejam flexíveis o suficiente para fabricar no- vos componentes, organizar seus funcionários para que eles entendam as novas tecnologias, desenvolver relacionamentos com os fornecedores que ajudem a responder rapidamente no fornecimento de novos componentes, e assim por diante. • Impulsionadora da estratégia empresarial – criar vantagens únicas de longo prazo. Uma empresa especializada em serviços de alimentação fornece peixes con- gelados e produtos do mar a restaurantes. Essa empresa desenvolveu, ao lon- go dos anos, relacionamentos próximos com seus consumidores (os chefs), assim como seus fornecedores ao redor do mundo (empresas de pesca e fazendas de criação de peixes). Adicionalmente, possui sua própria fábrica pequena, onde desenvolve e produz um contínuo fluxo de novos e excitan- tes produtos. A empresa possui uma posição única na indústria porque seus relacionamentos excepcionais com consumidores e fornecedores, além do desenvolvimento de novos produtos, são condições extremamente difíceis de serem imitadas por seus concorrentes. FIGURA 5 - FRUTOS DO MAR CONGELADOS Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. 33 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GESTÃO DA PRODUÇÃO SUMÁRIO 2.2 OBJETIVOS DE DESEMPENHO De modo a garantir que a estratégia de operações está alinhada à estratégia global da empresa, a função produção define um conjunto de parâmetros através dos quais a gerência (bem como os demais níveis hierárquicos) da empresa poderá verificar se as ações tomadas em nível operacional, tácito ou estratégico, estão sendo adequadas aos objetivos da organização. Esses parâmetros são chamados de objetivos de desempenho, a saber (SLACK et al., 2018, p. 50): • Qualidade – significa fazer as coisas da maneira correta. Isto é, sem cometer erros e satisfazendo seus clientes através do fornecimento de serviços sem erro e produtos que estejam conforme seus propósitos. FIGURA 6 - INSPEÇÃO DE QUALIDADE Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. • Velocidade – fazer as coisas com rapidez, minimizando o tempo entre o pe- dido de um cliente por serviços ou produtos e a entrega a ele por completo, aumentando, assim, a disponibilidade de seus serviços e produtos. 34 GESTÃO DA PRODUÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO • Confiabilidade – fazer as coisas no prazo acordado, mantendo as promessas de entrega feitas. • Flexibilidade – ter condições de mudar o que faz; isto é, ser hábil em variar ou adaptar as atividades de produção para enfrentar circunstâncias inesperadas ou dar tratamento individual aos clientes. Ser capaz de fazer mudanças gran- des e rápidas para atender às exigências dos clientes. O objetivo de desempenho de flexibilidade pode ainda ser desdobrado em quatro diferentes aspectos ou quatro tipos de flexibilidade. São eles: • Flexibilidade de produto/serviço – capacidade de apresentar ao mercado di- ferentes produtos ou serviços ou modificação das suas características básicas quando demandado. Por exemplo, as companhias de refrigerantes passaram a produzir isotônicos e águas saborizadas conforme o mercado consumidor passou a demandar produtos mais “fitness”. • Flexibilidade de composto (mix de produtos/serviços) – capacidade de compor um pacote de produtos ou serviços de acordo com a necessidade do cliente, variando tal composto (ou mix) de cliente para cliente. Por exemplo, as redes de hotéis que passaram a integrar passeios turísticos e comodidades como traslado, massagens e escritórios locais, além da hospedagem. • Flexibilidade de volume – capacidade de produzir diferentes quantidades em função das variações de demanda do mercado. Por exemplo, fábricas que apresentam capacidade instalada para vários níveis de demanda e para dife- rentes produtos. Produtos com menor volume são produzidos em certas uni- dades, enquanto produtos de grande demanda são produzidos em fábricas de maior capacidade.• Flexibilidade de entrega – capacidade de entregar produtos ou serviços de di- ferentes maneiras ou formatos, conforme a necessidade do cliente. Por exem- plo, clientes que especificam as condições de descarregamento nas docas dos seus armazéns em função da altura do prédio ou estabelecem a forma de paletização da carga. • Custos – fazer as coisas do modo mais barato possível; isto é, criar e entregar serviços e produtos a um custo que possibilite uma boa formação de preço para o mercado, além de permitir bom retorno para a organização; ou, em uma organização sem fins lucrativos, dar bom valor aos pagadores de impos- tos ou a quem mais financie a operação. 35 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GESTÃO DA PRODUÇÃO SUMÁRIO FIGURA 7 - ANÁLISE DE CUSTOS Fonte: SHUTTERSTOCK, 2019. Corrêa e Corrêa (2017, p. 35) desdobram esses objetivos ou critérios de desempenho em subobjetivos e apresentam suas respectivas descrições. O quadro a seguir con- densa tais informações: QUADRO 2 - CRITÉRIOS DE DESEMPENHO E SUBOBJETIVOS CRITÉRIOS SUBOBJETIVOS DESCRIÇÃO Preço/custo. Custo de produzir. Custo de servir. Custo de produzir o produto. Custo de entregar e servir o cliente. Velocidade. Acesso. Atendimento. Cotação. Entrega. Tempo e facilidade para ganhar acesso à operação. Tempo para iniciar o atendimento. Tempo para cotar preço, prazo, especificação. Tempo para entregar o produto. Confiabilidade. Pontualidade. Integridade. Segurança. Robustez. Cumprimento de prazos acordados. Cumprimento de promessas feitas. Segurança pessoal ou de bens do cliente, sustentabilidade, baixo risco. Manutenção do atendimento mesmo que algo dê errado. Qualidade. Desempenho. Conformidade. Consistência. Recursos. Durabilidade. Confiabilidade. Limpeza. Conforto Estética. Comunicação. Competência. Simpatia. Atenção. Características primárias do produto. Produto conforme as especificações. Produto sempre conforme as especificações. Características acessórias do produto. Tempo de vida útil do produto. Probabilidade de falha do produto no tempo. Asseio das instalações da operação. Conforto físico do cliente oferecido pelas instalações. Características (das instalações e produtos) que afetam os sentidos. Clareza, riqueza, precisão e frequência da informação. Grau de capacitação técnica da operação. Educação e cortesia no atendimento. Atendimento atento. 36 GESTÃO DA PRODUÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO CRITÉRIOS SUBOBJETIVOS DESCRIÇÃO Flexibilidade. Produtos. Mix. Entregas. Volume. Horários. Área. Habilidade de introduzir/modificar produtos economica- mente. Habilidade de modificar o mix produzido economica- mente. Habilidade de mudar datas de entrega economicamente. Habilidade de alterar volumes agregados de produção. Amplitude de horários de atendimento. Amplitude de área geográfica na qual o atendimento pode ocorrer. Fonte: CORRÊA; CORRÊA, 2017. É preciso destacar ainda que esses critérios serão representados de diferentes formas e apresentarão diferentes contribuições em função do tipo de sistema produtivo a ser analisado. Por exemplo, para uma empresa de logística, a velocidade está associada a um menor tempo de entrega de produtos; para um laboratório de análises clínicas, está associada à resposta de um diagnóstico. Da mesma forma, diferentes sistemas produtivos terão concepções diferentes sobre a hierarquia dos critérios. A empresa de logística poderia ter o critério de custos como o mais prioritário, enquanto o laboratório clínico poderia ter a confiabilidade como uma referência de desempenho. CONCLUSÃO Nesta unidade, você viu como a função produção desenvolve sua própria estratégia e como esta se relaciona com a estratégia global da empresa. Para tanto, foi apresenta- da uma breve definição dos termos estratégia e estratégia de operações, bem como suas características. De forma complementar, foram apresentadas as três formas de relação entre a estratégia de operações e a estratégia de negócios. Ao final da uni- dade, você conheceu os critérios de desempenho utilizados para a elaboração das estratégias de operação, seus subobjetivos e respectivas descrições. Agora, você já pode utilizar esses objetivos de desempenho para entender melhor as operações de diferentes sistemas produtivos. Procure observar no seu dia a dia como eles se desdobram nas atividades das empresas. Bons estudos e até a próxima! 37 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GESTÃO DA PRODUÇÃO SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Ilustrar o conceito de estratégia no contexto de produção. > Selecionar possíveis estratégias de produção para um cenário de negócios. > Diferenciar os objetivos de desempenho que compõem a estratégia de operações. UNIDADE 3 38 GESTÃO DA PRODUÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 3 PLANEJAMENTO INTEGRADO DA PRODUÇÃO No dia a dia das empresas, é preciso que a área de produção tome decisões em dife- rentes níveis de atuação, a saber: longo prazo, médio prazo e curto prazo. Para cada um desses estágios, a relação com outros setores da empresa – como marketing, su- primentos e finanças – torna-se cada vez mais crítica e, assim, é preciso determinar processos bem estruturados que atendam às demandas da empresa e não limitem os recursos produtivos. Nesse sentido, esta unidade apresenta uma série de processos voltados a esse fim. Será apresentada a abordagem utilizada para o cálculo dos volu- mes de produção (PMP), bem como serão discutidas as estratégias de MRP utilizadas no cálculo do consumo dos recursos produtivos. 3.1 O PLANEJAMENTO DA PRODUÇÃO De acordo com Chiavenato (2015), para que uma empresa possa produzir bem, é preciso que haja planejamento, organização, direção e controle. É necessário que a função produção esteja baseada em um sistema de planejamento e controle confiá- vel para que os seus resultados apresentem tanto eficiência quanto eficácia. Segundo o autor: Há muita atividade a ser planejada, organizada e coordenada para que a pro- dução ocorra da melhor maneira possível. A complexidade do sistema pro- dutivo exige necessariamente um esquema adequado de planejamento e controle. As empresas não produzem ao acaso nem funcionam de maneira improvisada. Para atingir seus objetivos e aplicar adequadamente seus recur- sos, as empresas precisam planejar com antecedência e controlar correta- mente sua produção (CHIAVENATO, 2015, p. 135). É nesse contexto de coordenação e controle dos recursos orientados à produção que surge a figura do profissional e da área de planejamento e controle da produção (PCP). O PCP atua como um elemento central no planejamento e na programação da produção. Você pode imaginá-lo como a “cabeça pensante” da função produção, uma vez que é responsável pela elaboração do plano mestre de produção (PMP) a partir da utilização da abordagem do planejamento de recursos da manufatura ou manufacturing resource planning (MRP). 39 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GESTÃO DA PRODUÇÃO SUMÁRIO 3.1.1 PLANEJAMENTO, CONTROLE E FUNÇÕES DO PCP De acordo com Chiavenato (2015), o planejamento tem o objetivo de fixar os rumos e focalizar o futuro e a sustentabilidade da empresa a partir da determinação anteci- pada das metas a serem atingidas e daquilo que deve ser feito de modo a realizá-las. Ainda segundo o autor, “sem o planejamento, a empresa fica perdida no caos, sem saber exatamente para onde ir”. Neste sentido, o planejamento determina o que se deve fazer,quando fazer, quem deve fazer e de que maneira. Em contrapartida, o controle é tido como a função administrativa que consiste em acompanhar, medir e ajustar o desempenho da empresa de modo a assegurar que os planos sejam executados da melhor maneira possível. Tem por objetivo verificar se aquilo que fora planejado está sendo realizado da forma idealizada, identificando eventuais desvios e corrigindo-os quando necessário. A partir dessas definições mais abrangentes, Chiavenato (2015, p. 137) contextualiza o trabalho do PCP em termos de planejamento e controle. Segundo o autor: No caso específico da produção, o PCP planeja e controla todas as atividades produtivas da empresa. Se a empresa é produtora de bens ou mercadorias, o PCP cuida das matérias-primas necessárias, da quantidade de mão de obra, das máquinas e dos equipamentos e do estoque de produtos acabados dis- poníveis no tempo e no espaço, para que a área de vendas possa entregar aos clientes. Se a empresa é prestadora de serviços, o PCP planeja e controla a produção dos serviços e operações, cuidando da quantidade de talentos necessária, de instalações, máquinas e equipamentos e dos demais recursos necessários para a oferta dos serviços no tempo e no espaço, de modo a aten- der à demanda dos clientes e usuários. Partindo dos objetivos da empresa, o PCP planeja e programa a produção e as operações da empresa, bem como as controla adequadamente para tirar o melhor proveito possível em termos de eficiência e eficácia (CHIAVENATO, 2015, p. 137). Lobo e Silva (2014), em linha com essa visão, argumentam que o planejamento é parte fundamental da empresa, estando presente desde a sua concepção no plane- jamento estratégico até o planejamento das atividades diárias. Os autores dão desta- que ainda para os horizontes de atuação do planejamento, os níveis hierárquicos e a sinergia necessária entre eles. Dentro da organização, temos o planejamento de longo, médio e curto prazo. Para um planejamento eficiente, todos os níveis hierárquicos da empresa devem estar em perfeito sincronismo, conhecendo, entendendo e compartilhando dos mesmos 40 GESTÃO DA PRODUÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO objetivos. Daí a necessidade de um sistema de informação eficiente, com fluxo rápido e confiável, transmitindo as informações entre todos os níveis hierárquicos da empre- sa, os quais compreendem três níveis, cada um dos quais com a sua responsabilida- de e tomando as decisões necessárias para o bom andamento da empresa (LOBO; SILVA, 2014, p. 82). Tradicionalmente, a atuação das empresas e dos seus elementos constituintes é divi- dida em três níveis hierárquicos: estratégico, tático e operacional. Lobo e Silva (2014, p. 83) definem-nos da seguinte maneira: • Nível estratégico: responsável por decisões de grande impacto. São decisões empresariais, como a mudança da empresa para outra cidade, estado ou país, bem como a criação de uma filial, de um novo produto ou serviço. Pode resul- tar em lucro ou até mesmo na falência. • Nível tático: responsável por decisões de caráter administrativo e gerencial, como o transporte do maquinário, caso a empresa venha mudar de localiza- ção. Suas decisões são importantes, pois podem gerar lucros ou prejuízos. • Nível operacional: responsável por decisões técnicas, do cotidiano, de baixo impacto para a empresa, como interromper a produção de uma peça por con- ta de um defeito ou continuar produzindo e depois gerar um retrabalho. Uma vez que as atividades da empresa não devem ser realizadas por acaso, é pre- ciso que haja planejamento e controle para garantir sua eficiência e eficácia. Logo, as funções do PCP devem estar bem definidas e entendidas pelos diversos setores que fazem interface com a sua atuação. Para Chiavenato (2015), o PCP apresenta dupla finalidade: atuar sobre os meios de produção para aumentar a eficiência e cuidar para que os objetivos de produção sejam plenamente alcançados para au- mentar a eficácia. Para que isso ocorra, é preciso que o PCP planeje antecipadamente aquilo que deve- rá ser produzido e, consequentemente, realize a alocação correta dos recursos pro- dutivos, como matérias-primas, pessoas, máquinas e equipamentos, bem como de estoques de produtos acabados para suprir as vendas. Adicionalmente, temos o ca- ráter de controle do PCP. 41 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GESTÃO DA PRODUÇÃO SUMÁRIO Chiavenato (2015) destaca que “o PCP serve para monitorar e controlar o desempenho da produção em relação ao que foi planejado, corrigindo even- tuais desvios ou erros que possam surgir no decorrer das operações”. Assim, a atuação do PCP pode ser observada antes, durante e depois do processo pro- dutivo: antes, quando está planejando o processo produtivo e programando recursos produtivos, como materiais, máquinas, pessoas e estoques; durante, ao controlar o funcionamento do processo produtivo de modo a garantir sua execução conforme aquilo que foi planejado; depois, ao checar os resultados obtidos, comparando-os com os objetivos definidos previamente. 3.1.2 INTERFACES COM A FUNÇÃO PCP Ao longo do desenvolvimento das suas atividades de planejamento e programação dos recursos produtivos, o PCP apresenta a necessidade de relacionamento com di- versas outras áreas da empresa. Para Chiavenato (2015), essas inter-relações ou inter- faces ocorrem porque “o PCP procura utilizar racionalmente os recursos empresariais, sejam eles materiais, humanos, financeiros, etc.”. O autor apresenta as seguintes in- terpelações entre a função PCP e as demais áreas da empresa (CHIAVENATO, 2015, p. 140): • Área de engenharia industrial: o PCP programa o funcionamento de máqui- nas e equipamentos e se baseia em boletins de operações (BO) fornecidos pela engenharia industrial. • Área de suprimentos e compras: o PCP programa materiais e matérias-primas que devem ser obtidos no mercado fornecedor por meio do órgão de compras e estocados pelo órgão de suprimentos. Assim, a área de suprimentos e com- pras funciona com base no que é planejado pelo PCP. 42 GESTÃO DA PRODUÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO • Área de recursos humanos: o PCP programa a atividade da mão de obra, esta- belecendo a quantidade de pessoas que devem trabalhar no processo de pro- dução. O recrutamento, a seleção e o treinamento do pessoal são atividades estabelecidas em função do PCP. • Área financeira: o PCP se baseia nos cálculos financeiros fornecidos pela área financeira para estabelecer os níveis ótimos de estoques de matérias-primas e produtos acabados, além dos lotes econômicos de produção. • Área de vendas: o PCP se baseia na previsão de vendas fornecida pela área de vendas para elaborar o plano de produção da empresa e planejar a quantida- de de produtos acabados necessária para suprir as entregas aos clientes. • Área de produção: o PCP planeja e controla a atividade da área de produção (CHIAVENATO, 2015). 3.2 PLANEJAMENTO INTEGRADO DA PRODUÇÃO Tomando como base as principais funções do PCP – planejamento e controle dos recursos produtivos –, destacamos agora o aspecto de integração das suas atividades. Você já sabe que, ao realizar tais atividades, o PCP inter-relaciona-se com diversas áreas da empresa, como vendas, suprimentos, finanças, etc. Assim sendo, a partir deste tópico, será dado ainda mais destaque à forma como essa integração acontece e, em especial, às áreas de suprimentos e logística. Para tanto, serão detalhados dois processos de grande importância para o PCP e que efetivamente imprimem o caráter de integração das suas atividades: o planejamento mestre da produção (PMP) e o planejamento dos recursos de manufatura (doinglês, manufacturing resource planning – MRP). O PMP tem a função de direcionar as atividades de produção tendo como base as necessidades de vendas e os níveis de estoque dos produtos acabados em um dado período de tempo. Já o MRP é implementando de modo a colocar em prática aquilo que fora previamen- te planejado através da “puxada” de materiais nas quantidades e momentos certos. Em outras palavras, o MRP atua como um norteador do consumo de matérias-primas e da ocupação de centros de trabalho de forma que as atividades sejam otimizadas ao mesmo tempo em que as demandas internas e externas sejam atendidas. 43 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GESTÃO DA PRODUÇÃO SUMÁRIO 3.2.1 CONCEITO DE PMP De acordo com Tubino (2017, p. 82), o planejamento mestre da produção (PMP) tem a função de desmembrar os planos produtivos desenvolvidos no nível estratégico (longo prazo) em planos específicos de produtos acabados (bens ou serviços) para o médio prazo, direcionando as etapas de programação e execução das atividades operacionais da empresa (como, por exemplo, montagem, fabricação e compras). É a partir desse planejamento que a empresa pode organizar as atividades inter- nas, como montagem e fabricação, bem como assumir compromissos de compra de componentes, embalagens e matérias-primas obtidos junto a fornecedores externos. O resultado do PMP é um plano que indicará o caminho a ser tomado em termos de decisões sobre a necessidade de produtos acabados para cada período analisado. Ainda segundo Tubino (2017), o PMP faz a conexão entre o planejamento estratégico (plano de produção) e as atividades operacionais da produção. O plano é frequen- temente obtido por um processo de tentativa e erro. Partindo-se de um PMP inicial, a empresa (na figura do PCP) verifica a disponibilidade de recursos para atender o plano estabelecido. Em caso de viabilidade do PMP, o plano é autorizado. Em caso negativo, o plano é refeito, podendo inclusive chegar ao ponto de ter que retornar ao nível do plano de produção e reconsiderar as questões estratégicas (TUBINO, 2017, p. 83). Tubino (2017) ainda destaca duas funções do PMP associadas aos seus prazos de execução: • A análise e validação da capacidade de médio prazo do sistema produtivo em atender à demanda futura, que desmembra a estratégia de produção em táticas de uso para o sistema produtivo montado (um link entre o longo e o médio prazo); • Implementação da tática escolhida para o próximo período, identificando as quantidades de produtos acabados que deverão ser produzidas de forma a iniciar o processo de programação da produção (um link entre o médio e o curto prazo) (TUBINO, 2017). 44 GESTÃO DA PRODUÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO É preciso destacar as diferenças entre o PMP e o plano de produção. Dois aspectos se sobressaem, e o primeiro deles trata do nível de agregação dos produtos: enquan- to o plano estratégico de produção trata das famílias (segmentos) de produtos, o PMP foca especificamente nos produtos individuais. Analogamente, o plano estra- tégico de produção utiliza o horizonte de meses, trimestres e anos como forma de planejamento, enquanto o PMP utiliza unidades de tempo mais curtas, como dias e semanas. A figura a seguir apresenta o percurso iterativo realizado pela função produção, que vai desde o plano estratégico de produção idealizado – tendo como referência o lon- go prazo – até a efetiva programação da produção. Perceba o elemento interativo observado no médio prazo, quando se checa a viabilidade do PMP e se realizam os respectivos ajustes antes de se passar à programação dos recursos produtivos no cur- to prazo. FIGURA 8 - RELAÇÕES ENTRE PLANO ESTRATÉGICO DE PRODUÇÃO E PMP Fonte: TUBINO, 2017. 45 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GESTÃO DA PRODUÇÃO SUMÁRIO Para que o PMP seja elaborado adequadamente, é preciso que haja envolvimento das diversas áreas da empresa. Esse envolvimento está refletido tanto no fornecimen- to de subsídios para as tomadas de decisão quanto na utilização dessas informações no PMP. Tubino (2017) destaca ainda que a tática a ser empregada nos ciclos de programação é definida a partir de reuniões periódicas entre as áreas que fazem in- terface com o PMP. De acordo com o autor: A área de Finanças coordenará os gastos com compras, estoques, horas extras, manutenção das instalações e equipamentos etc.; a área de Marketing passa- rá seu plano de vendas e a previsão da demanda para os períodos analisados; a área de Engenharia fornecerá os padrões atuais de tempos e consumos de materiais para execução das tarefas; a área de Produção colocará suas limi- tações de capacidade e instalações; a área de Compras informará suas ne- cessidades referentes à logística de fornecimento externo; a área de Recursos Humanos apresentará seu plano de contratação e treinamento de pessoal etc. (TUBINO, 2017, p. 83). Ao final do processo de PMP, todas as áreas que apresentam interface apresentarão sua programação específica para as semanas futuras. Nesse sentido, Tubino (2017) destaca que a área de finanças obterá seu plano de necessidades de capital, a área de marketing obterá seu plano de vendas com possíveis datas de entregas, a área de compras terá oportunidade de negociar seus contratos com os fornecedores, a área de recursos humanos obterá seu plano de contratação e treinamento de pessoal, e a área de produção terá seu PMP liberado para programar suas atividades na próxima semana e planejar seus recursos nas semanas seguintes. Na prática, o PMP prevê o atendimento de certo valor de demanda para semana, con- siderando os tempos médios de produção (lead time) e entrega de matérias-primas para cada produto em questão. Assim, é preciso uma tabela similar à apresentada a seguir. Esse preenchimento pode ser realizado via software de gestão de produção ou pelo próprio PCP. 46 GESTÃO DA PRODUÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO QUADRO 3 - EXEMPLO DE PLANEJAMENTO AGREGADO SEMANA 1 2 3 4 5 DEMANDA 18000 20000 18000 18000 23000 ESTOQUE INICIAL 0 2000 0 2000 4000 PRODUÇÃO 20000 18000 20000 20000 19000 ESTOQUE FINAL 2000 0 2000 4000 0 Fonte: Elaborada pelo autor. Perceba que, para cada semana, é preciso determinar a quantidade a ser produzida de modo a atender a demanda prevista. Contudo, é preciso levar em consideração os volumes dos estoques inicial e final do produto, o tempo necessário para a pro- dução e as capacidades de produção e estoque. Para o exemplo apresentado, temos um tempo de produção de uma semana e uma capacidade de produção de 20.000 unidades por semana. 3.2.2 PLANEJAMENTO DE VENDAS E OPERAÇÕES Ao longo da unidade, foram abordadas as reuniões existentes entre a função produ- ção e as demais áreas da empresa para a elaboração do PMP. Dentre estas, será dado destaque ao planejamento de vendas e operações (em inglês, sales and operations planning ou S&OP, como é comumente conhecido). Para Corrêa e Corrêa (2019), o processo deve integrar diversas funções, como manufatura, marketing, finanças e en- genharia, tanto no nível de políticas como no de decisões. Por se tratar de um processo de planejamento, o S&OP procura identificar como a visão de determinado horizonte de futuro, juntamente com o conhe- cimento da situação atual, pode influenciar as decisões que estão sendo to- madas agora e que visam a determinados objetivos. É um processo de plane- jamento caracterizado por revisões mensais e ajustes contínuos dos planos da empresa à luz das flutuações da demanda do mercado, da disponibilidade de recursos internos e do suprimentode materiais e serviços externos (CORRÊA; CORRÊA, 2019, p. 420). Adicionalmente, o processo de S&OP apresenta, segundo Corrêa e Correa (2019, p. 420), os seguintes objetivos a serem alcançados: 47 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GESTÃO DA PRODUÇÃO SUMÁRIO • suportar o planejamento estratégico do negócio; • garantir que os planos sejam realísticos; • gerenciar as mudanças de forma eficaz; • gerenciar os estoques de produtos finais e/ou a carteira de pedidos de forma a garantir bom desempenho de entregas (nível de serviço a clientes); • avaliar o desempenho; • desenvolver o trabalho em equipe (CORRÊA; CORREA, 2019). Analogamente, os autores apresentam alguns dos principais resultados esperados pelo processo de S&OP: • estabelecimento das metas mensais de faturamento; • projeção de lucros; • projeção de estoques; • fluxo de caixa projetado; • determinação das quantidades mensais de produção para serem firmadas dentro do período de congelamento; • estabelecimento de orçamentos de compras e despesas de capital; • definição de limites de tolerância para variações no Plano Mestre de Produção (PMP) (CORRÊA; CORREA, 2019). 3.2.3 MATERIAL REQUIREMENT PLANNING (MRP) E MANUFACTURING RESOURCES PLANNING (MRP II) Chiavenato (2015) define o material requirement planning (MRP) como o planeja- mento de necessidades de materiais, e o manufacturing resources planning (MRP II) como o planejamento dos recursos de manufatura. Tanto o MRP como o MRP II ganharam destaque nas empresas a partir do aumento da informatização dos seus processos e da incorporação de sistemas de informatizados de gestão. 48 GESTÃO DA PRODUÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A principal diferença observada entre os dois sistemas está na evolução atribuída à gestão dos recursos produtivos. Enquanto o MRP foca no cálculo das necessidades de recursos exclusivamente materiais (embalagens, componentes, matérias-primas, etc.) para o atendimento de demandas previamente colocadas no sistema, o MRP II apre- senta as mesmas características somando-se agora informações sobre tempo de produ- ção, necessidade de mão de obra por posto de trabalho e capacidade produtiva. Assim, o MRP II incorpora à perspectiva de cálculo de necessidade de materiais do MRP a com- plexidade relativa à capacidade produtiva dos centros de trabalho da função produção. Para Chiavenato (2015, p. 153): [...] o MRP II é um software que parte do plano mestre que integra estoques de materiais, estoques de componentes, lista de materiais, restrições de mão de obra, disponibilidade de equipamentos, gera as necessidades de compra (ou até mesmo as ordens de compras) para os itens fornecidos por terceiros e ordens de produção para as necessidades de fabricação própria (CHIAVENA- TO, 2015, p. 153). O autor ainda destaca que, tradicionalmente, o MRP II envolve os seguintes parâmetros: • Estoque de segurança (ES): quantidade mínima do item que se deseja manter em estoque. • Lote: quantidade em que o item é produzido internamente ou fornecido por terceiros. • Tempo de atendimento (TA) ou lead time: é o prazo de entrega, ou seja, o tem- po previsto para a produção dos lotes ou para a entrega dos pedidos feitos. • Estoque em mãos: quantidade disponível do item quando se faz o planejamento. • Períodos consecutivos de planejamento: geralmente em semanas. • Necessidade de produção projetada (NP): demanda projetada, ou seja, as quantidades que devem estar disponíveis em cada semana. • Recebimentos previstos (RP): quantidades encomendadas e cuja entrega está prevista para o período planejado. • Disponível à mão (DM): estoque que estará disponível no fim de cada semana. • Necessidade líquida de produção (NL): quantidades que devem ser produzi- das ou compradas. • Liberação da ordem: quantidade que deve ser pedida e a semana em que deve ser efetuada. 49 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GESTÃO DA PRODUÇÃO SUMÁRIO Somam-se a esses parâmetros os tempos de entrega (ou recebimento) para os itens comprados, tempos de fabricação para os itens produzidos internamente, estoques de segurança e quantidade requisitada. Destacam-se ainda dados complementares sobre o produto, como preço unitário, fornecedores, processo de fabricação, equipa- mento, roteiros de fabricação e respectivos centros de custos, mão de obra usada por categorias profissionais e ferramentas utilizadas. CONCLUSÃO Nesta unidade, você conheceu um pouco mais sobre os detalhes dos processos reali- zados pelas empresas para determinar seus níveis de produção e dinamizar a rotina da produção. Você pôde perceber a importância das relações com outras áreas da empresa, como marketing, finanças e suprimentos. Mais que isso, você pôde levar a esses setores a visão e as necessidades da área de produção. Profissionalmente, você agora pode ter aberto novas portas em empresas de software no sentido de “traduzir” a realidade da produção para os algoritmos dos sistemas que darão suporte à tomada de decisão da função produção. No mais, você está cada vez mais se apropriando de conhecimentos críticos às em- presas para dinamizar e otimizar seus processos produtivos ao passo em que conse- guem atender as demandas de vendas. A função “cerebral” do PCP está mais próxima das suas possibilidades profissionais depois destas discussões. Cabe a você agora complementar suas competências com outras abordagens ainda mais refinadas e fazer a diferença no dia a dia das empresas. Bons estudos e até a próxima. 50 GESTÃO DA PRODUÇÃO FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Diferenciar as características dos sistemas tradicionais e da filosofia JIT de produção. > Discutir a relação da filosofia JIT com o Sistema Toyota de Produção. > Ilustrar a importância do sistema Kanban para o bom desempenho dos processos produtivos. UNIDADE 4 51 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 GESTÃO DA PRODUÇÃO SUMÁRIO 4 SISTEMAS JUST IN TIME Quando o mundo se deparou com as grandes restrições de recursos produtivos em função da crise do petróleo nos anos 70, as empresas japonesas – que já apresenta- vam restrições de recursos desde o término da Segunda Guerra Mundial – precisaram desenvolver novos métodos para se posicionar em um mercado cada vez mais com- plexo e ansioso por inovações e baixo custo. Assim, empresas como a Toyota passaram a se relacionar de uma maneira diferencia- da com o mercado, atendendo-o de forma rápida e dinâmica, ao mesmo tempo em que minimizavam ao máximo seus custos operacionais e com estoques. Essa façanha só foi possível a partir do desenvolvimento da filosofia Just in Time de produção em que as empresas deixaram de empurrar produtos para o mercado e passaram a fazer com que a demanda do mercado ditasse o ritmo de produção. Nesse sentido, esta unidade apresentará as principais características da abordagem revolucionária e pos- sivelmente vai fazer você enxergar os sistemas produtivos por meio de outro prisma. 4.1 DEFINIÇÃO DE JUST IN TIME (JIT) De acordo com Chiavenato (2014), o Just in Time, ou apenas JIT, é um sistema de produção voltado à rápida resposta às demandas dos clientes, tendo como priori- dade evitar os desperdícios e, consequentemente, o aumento da produtividade. Ainda segundo o autor, “o objetivo é produzir exatamente o que é necessário para satisfazer à demanda atual – nem mais, nem menos”. É possível destacar como característica marcante do sistema JIT o fato de primar pela utilização exata
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