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Programas de Saúde e Socorros Urgentes

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PROGRAMAS DE SAÚDE 
 E SOCORROS URGENTES
CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD
Programas de Saúde e Socorros Urgentes – Prof.ª Dra. Cristiane Miryam Drumond de 
Brito e Prof.ª Flávia Vernaschi Lima
Olá! Meu nome é Cristiane Miryam Drumond de Brito. Sou doutora em Comunicação 
e Semiótica, docente na UFSCar e tutora na Residência Multiprofissional em Saúde da 
Família e Comunidade da UFSCar.
E-mail: cdru@uol.com.br
Olá! Meu nome é Flávia Vernaschi Lima. Sou graduada em Enfermagem e especialista 
em Enfermagem Médico-Cirúrgica pela Unifesp.
E-mail: fvlmail@uol.com.br
Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação
PROGRAMAS DE SAÚDE 
E SOCORROS URGENTES
Caderno de Referência de Conteúdo
Cristiane Miryam Drumond de Brito 
Flávia Vernaschi Lima
Batatais
Claretiano
2013
Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação
© Ação Educacional Claretiana, 2008 – Batatais (SP)
Versão: dez./2013
 
616.025 B875p 
 
 Brito, Cristiane Miryam Drumond de 
 Programas de saúde e socorros urgentes / Cristiane Miryam Drumond de 
 Brito, Flávia Vernaschi Lima – Batatais, SP : Claretiano, 2013. 
 166 p. 
 
 ISBN: 978-85-67425-37-5 
 
 1. Fundamentação teórica dos conceitos de saúde e doença, necessidades humanas básicas e os 
 aspectos históricos e psicossociais da pessoa humana e suas dificuldades relativas à qualidade de 
 vida. 2. Noções sobre higiene física e mental, individual e coletiva, correlacionados à análise dos 
 fundamentos biopsicossociais da Educação Física e dos Desportos nas várias faixas etárias, 
 incluindo a relação com a saúde dos diversos aparelhos e sistemas. 3. Noções sobre as DSTs, 
 bem como discussão da higiene e parâmetros de sinais vitais. 4. Formar profissionais para 
 identificar as situações que representem riscos à vida e à sua qualidade, apresentando noções 
 sobre a promoção de ações de socorro nos acidentes e emergências clínicas de diferentes origens. 
 5. Biossegurança, traumatismos, ferimentos e lesões, hemorragias e emergências clinicas. 
 I. Lima, Flávia Vernaschi. II. Programas de saúde e socorros urgentes. 
 
 CDD 616.025 
 
 
 
 
 
 
 
 CDD 658.151 
Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional
Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves
Preparação 
Aline de Fátima Guedes
Camila Maria Nardi Matos 
Carolina de Andrade Baviera
Cátia Aparecida Ribeiro
Dandara Louise Vieira Matavelli
Elaine Aparecida de Lima Moraes
Josiane Marchiori Martins
Lidiane Maria Magalini
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Luis Henrique de Souza
Patrícia Alves Veronez Montera
Rita Cristina Bartolomeu 
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli
Simone Rodrigues de Oliveira
Bibliotecária 
Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11
Revisão
Cecília Beatriz Alves Teixeira
Felipe Aleixo
Filipi Andrade de Deus Silveira
Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Rodrigo Ferreira Daverni
Sônia Galindo Melo
Talita Cristina Bartolomeu
Vanessa Vergani Machado
Projeto gráfico, diagramação e capa 
Eduardo de Oliveira Azevedo
Joice Cristina Micai 
Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Luis Antônio Guimarães Toloi 
Raphael Fantacini de Oliveira
Tamires Botta Murakami de Souza
Wagner Segato dos Santos
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forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na 
web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do 
autor e da Ação Educacional Claretiana.
Claretiano - Centro Universitário
Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000
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Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006
www.claretianobt.com.br
SUMÁRIO
CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 7
2 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO ...................................................................... 9
3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 30
4 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 30
UNIDADE 1 – HISTÓRIA DA SAÚDE NO BRASIL
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 31
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 31
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 32
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 32
5 HISTÓRICO DA SAÚDE NO BRASIL .................................................................. 32
6 PROGRAMAS DE SAÚDE .................................................................................. 56
7 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 59
8 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 60
9 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 60
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 61
UNIDADE 2 – ORGANIZAÇÃO DA SAÚDE, PROGRAMAS 
GOVERNAMENTAIS, DST, SAÚDE MENTAL, CORPO E 
INTERSETORIALIDADE
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 63
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 63
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 64
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 64
5 COMBATE À DENGUE ....................................................................................... 65
6 SAÚDE DA FAMÍLIA .......................................................................................... 68
7 FARMÁCIA POPULAR........................................................................................ 76
8 UPA 24H ............................................................................................................. 77
9 SAMU-192 ......................................................................................................... 78
10 NOÇÕES DE DST ................................................................................................ 79
11 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 91
12 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 92
13 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 93
14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 93
Claretiano - Centro Universitário
UNIDADE 3 – ATENDIMENTO AOS ACIDENTES
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 95
2 CONTEÚDOS .....................................................................................................95
3 ORIENTAÇÃO PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................. 95
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 96
5 SEGURANÇA DA CENA ..................................................................................... 97
6 AVALIAÇÃO DA VÍTIMA .................................................................................... 100
7 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 136
8 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 137
9 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 137
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 137
UNIDADE 4 – PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA E OUTRAS EMERGÊNCIAS 
CLÍNICAS
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 139
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 139
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 140
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 140
5 VÍTIMA COM SUSPEITA DE PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA ...................... 143
6 OUTRAS EMERGÊNCIAS CLÍNICAS .................................................................. 154
7 QUESTÃO AUTOAVALIATIVA ............................................................................ 164
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 164
9 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 165
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 165
CRC
Caderno de 
Referência de 
Conteúdo
Ementa –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Fundamentação teórica dos conceitos de saúde e doença, necessidades huma-
nas básicas e os aspectos históricos e psicossociais da pessoa humana e suas 
dificuldades relativas à qualidade de vida. Noções sobre higiene física e mental, 
individual e coletiva, correlacionados à análise dos fundamentos biopsicossociais 
da Educação Física e dos Desportos nas várias faixas etárias, incluindo a relação 
com a saúde dos diversos aparelhos e sistemas. Noções sobre as DSTs, bem 
como discussão da higiene e parâmetros de sinais vitais. Formar profissionais 
para identificar as situações que representem riscos à vida e à sua qualidade, 
apresentando noções sobre a promoção de ações de socorro nos acidentes e 
emergências clínicas de diferentes origens. Biossegurança, traumatismos, feri-
mentos e lesões, hemorragias e emergências clínicas.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
1. INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo!
Neste Caderno de Referência de Conteúdo, você encontrará 
unidades que o auxiliarão na compreensão e domínio de aspectos 
históricos, antropológicos, sociológicos, filosóficos e técnicos da 
história da saúde brasileira, do processo saúde-doença, do concei-
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to de homem nesse processo, de sinais vitais, primeiros socorros, 
ações de socorros nos acidentes e emergências clínicas de diferen-
tes origens, bem como biossegurança, traumatismos, ferimentos e 
lesões, hemorragias e emergências clínicas.
Este caderno tem seu conteúdo relacionado à saúde, toda-
via, sua abordagem está direcionada para um contexto mais am-
plo, afinal, trataremos de sua inserção no contexto social e escolar. 
Assim, nosso intento é o desenvolvimento da aprendizagem que 
o auxiliará na compreensão do trabalho docente, uma vez que é 
esse o principal foco de estudo e atuação de um licenciado em 
Educação Física.
A Educação a Distância exigirá de você uma nova forma de 
estudos, uma vez que você será o protagonista de sua aprendiza-
gem. No entanto, você não estará sozinho, pois terá o apoio ne-
cessário para a construção do seu conhecimento. Esse será um 
desafio que enfrentaremos juntos, e, com sua dedicação, o cresci-
mento profissional e pessoal será conquistado.
Não se esqueça de assumir o compromisso de participar e de 
interagir com seus tutores e com seus colegas de curso nas tarefas 
indicadas, assim como de fazer a leitura não só deste material, mas 
também das bibliografias indicadas. Tenha certeza de que, ao apro-
priar-se dessa postura, você facilitará a aprendizagem de novos co-
nhecimentos, o que levará, certamente, a um exercício profissional 
comprometido com a valorização das possibilidades educacionais 
das práticas em saúde crítico-reflexivas.
Visando ao favorecimento dos estudos, o conteúdo deste 
material está organizado em quatro unidades.
Na Unidade 1, a história da saúde no Brasil será contextu-
alizada, utilizando, para isso, a análise histórica. A compreensão 
crítica dessa história é importante, pois é a partir dela que nos 
posicionamos atualmente como cidadãos e profissionais influen-
ciados por todo o processo conflituoso de sua construção.
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Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
Na segunda unidade, compreenderemos como a saúde está 
organizada na atualidade com os diversos programas do governo, 
por meio do Ministério da Saúde, bem como qual é a atenção dis-
pensada por este a esse tema e suas relações com outros setores, 
como a Educação. Nessa unidade, buscaremos uma reflexão do 
contexto da saúde em interação com o contexto educacional.
Já na terceira unidade, apresentaremos os primeiros socor-
ros, sinais vitais, ações de socorros nos acidentes e emergências 
clínicas de diferentes origens, bem como biossegurança.
Enfim, a Unidade 4 tratará de traumatismos, ferimentos e 
lesões, hemorragias e emergências clínicas e os procedimentos 
possíveis a um docente de Educação Física.
Desejamos, no início desta trajetória, que você se empenhe 
em cumprir as tarefas propostas, concentrando-se, sempre, na 
qualidade de sua formação!
Após esta breve introdução aos conceitos principais do nos-
so estudo, apresentaremos a seguir, no Tópico Orientações para o 
estudo, algumas orientações de caráter motivacional, bem como 
dicas e estratégias de aprendizagem que poderão facilitar o seu 
estudo.
2. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO
Aqui, você entrará em contato com os assuntos principais 
deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de 
aprofundar essas questões no estudo de cada unidade. Desse 
modo, esta Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento 
básico necessário a partir do qual você possa construir um refe-
rencial teórico com base sólida – científica e cultural – para que, no 
futuro exercício de sua profissão, você a exerça com competência 
cognitiva, ética e responsabilidade social.
A ideia de saúde pública de forma integralizada ainda é bem 
recente no Brasil. Você deve ter alguma experiência com planos 
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de saúde que são pagos por mês para usufruir-se de seus serviços 
e que elevam seu custo conforme o aumento da idade, além de 
não aceitarem pessoas com problemas de saúde, ou, quando acei-
tam, o preço é diferenciado. Os planos de saúde são realmente 
para quem tem saúde, não é mesmo? Mas quando se iniciou essa 
história de planos de saúde? Eles existem com que função? Ape-
nas pessoas das classes média e alta têm acesso? Os planos atuam 
em todas as áreas necessárias para a saúde? Infelizmente, o que 
assistimos hoje é um abuso de planos, os quais, muitas vezes, no 
momento em que mais precisamos deles, nos abandonam.
Outro aspecto que vivenciamos é a difamação, pela mídia, 
da saúde pública. Os repórteres correm atrás de escândalos; en-
tão, mostram hospitais precários, filas enormes para o atendimen-
to etc. Pouco se ouve falar em experiências positivasem relação à 
saúde pública; às vezes, é possível escutar, quando alguém famo-
so usufrui do sistema público e se recupera, como o vocalista da 
banda Os Paralamas do Sucesso, Herbert Vianna, que, em 2001, 
foi atendido no Hospital Sarah Kubitschek, em Brasília, o qual está 
inserido em uma rede de várias unidades hospitalares destinadas 
ao atendimento e reabilitação de vítimas de politraumatismos e 
problemas locomotores, rede essa que é mantida pelo Governo 
Federal. 
Desse modo, ficamos paralisados diante destas duas reali-
dades: o plano de saúde que nos "abandona" e a saúde pública 
"abandonada". Mas será que é assim mesmo? Será que não po-
demos contar com um sistema de saúde pública que nos atenda 
minimamente? E se um de nossos alunos cair e fraturar algum 
membro em uma de nossas aulas? E se, por algum problema de 
saúde, um aluno convulsionar em um jogo de futebol na quadra? 
Será que não há nada a se fazer? A saúde pública é inexistente na 
vida cotidiana dos brasileiros?
Todos nós, cotidianamente, temos experiências com a saúde 
pública do país. Esperamos que as suas tenham sido experiências 
positivas, as quais estão inseridas em programas governamentais, 
uma vez que a missão promulgada pelo Ministério da Saúde atual é: 
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© Caderno de Referência de Conteúdo
[...] oferecer condições para a promoção, proteção e recuperação 
da saúde da população, reduzindo as enfermidades, controlando 
as doenças endêmicas e parasitárias e melhorando a vigilância à 
saúde, dando, assim, mais qualidade de vida ao brasileiro (BRASIL, 
2011). 
Compete ao Ministério da Saúde, como constituído atual-
mente, ter uma política nacional de saúde; coordenar e fiscalizar 
o Sistema Único de Saúde (SUS); atuar na saúde ambiental e em 
ações de promoção, proteção e recuperação da saúde individual e 
coletiva, inclusive a saúde dos trabalhadores e dos indígenas; dar 
informações de saúde a todos os cidadãos brasileiros; implemen-
tar políticas de assistência farmacêutica, de avaliação e incorpo-
ração de tecnologias no SUS; desenvolver pesquisas em saúde no 
país; realizar ações preventivas em geral, como ações de vigilância 
e controle sanitário de fronteiras e de portos marítimos, fluviais 
e aéreos; e cuidar da vigilância de saúde, especialmente drogas, 
medicamentos e alimentos. Assim, o Ministério da Saúde nos dias 
atuais está presente na vida de todos os cidadãos brasileiros – 
quando vamos ao supermercado comprar um alimento ou a uma 
drogaria adquirir um medicamento, por exemplo. O problema é 
que muitos de nós nem sequer temos a consciência de como a 
saúde pública atua no nosso país e reproduzimos discursos da mí-
dia sem nenhum conhecimento a respeito disso.
As experiências que vivenciamos atualmente em relação à 
saúde ainda são recentes historicamente e faz pouco mais de 20 
anos, já que apenas na Constituição Federal de 1988 se afirmou a 
importância de promover a saúde como direito fundamental de 
cidadania, cabendo ao Estado a obrigação de garanti-la aos cida-
dãos. Antes disso, a saúde não era um direito de todos nem dever 
do Estado. Como afirma Mendes (1996, n. p.):
Na década de 80 que surgiram novas propostas de saúde, visando 
uma melhor organização do sistema, trazendo os pressupostos de 
equidade, integralidade e universalidade, como princípios nortea-
dores das políticas no setor saúde, exigindo profissionais com for-
mação generalista, capazes de atuar em diferentes níveis de aten-
ção à saúde.
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Desse modo, houve discussões entre as entidades de classe, 
escolas, instituições de saúde, entre outras organizações, acerca 
da necessidade de reformulação dos currículos da área de saúde. E 
é aqui que a Educação Física se insere: entre a saúde e a educação.
A relação da Educação Física com a saúde na busca de sua 
cientificização data do final do século 19 e início do século 20, com 
a busca, também, do reconhecimento da Educação Física Esco-
lar. Nesse período, os fundamentos científicos da Educação Física 
baseavam-se no pensamento médico-higienista, estruturando-se, 
principalmente, nos conhecimentos biológicos (MENDES; NÓBRE-
GA, 2012).
Mas a relação da Educação Física com o SUS vem ocorrendo 
recentemente, e os estudos sobre o SUS e a saúde coletiva ainda 
ocupam lugar de pouco prestígio nas grades curriculares dos cursos 
superiores de Educação Física. A demanda crescente por profissio-
nais aptos ao trabalho no SUS não efetivou uma formação inter-
disciplinar e voltada às necessidades de saúde (PASQUIM, 2012). 
Além disso, esse caderno não tem a pretensão de aprofundar-se 
em saúde coletiva, pois visa dar apenas uma visão geral do históri-
co da saúde pública no Brasil e dos programas atuais do Ministério 
da Saúde, que prevê uma intersetorialidade na prática tanto da 
saúde quanto da educação e parcerias entre o professor de Educa-
ção Física e os equipamentos de saúde territoriais, os quais estão 
inseridos no mesmo território da escola poderão ser construídas. 
Ocorrências imprevistas que demandam atenção à saúde também 
poderão acontecer na prática do professor, e este, como profissio-
nal e como cidadão, deverá ser resolutivo nos primeiros socorros, 
nas relações de encaminhamento ao setor da saúde, bem como 
na construção de atividades de promoção e prevenção da saúde e 
qualidade de vida. 
Como veremos na primeira unidade deste CRC, a história da 
saúde pública no país, tal como toda história, tem sua cronologia 
escrita, por vezes, de forma linear, apontando os diversos aspectos 
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© Caderno de Referência de Conteúdo
nela presentes: antropológico, porque abrange essa temática con-
siderando diversas dimensões; sociológico, por estudar a história 
e o comportamento humano interligado ao coletivo, a grupos, a 
instituições, a associações, ou seja, aos fenômenos sociais em que 
essa história está envolvida; filosófico, por lidar com problemas 
fundamentais da existência humana, como os valores morais e es-
téticos; além da reflexão dentro do campo das Ciências Biológicas 
e da Medicina Social. Isso nos será apresentado no campo da com-
plexidade, isto é, de forma interdisciplinar; orientamos, portanto, 
que você esteja aberto a diferentes olhares na compreensão desse 
histórico. Apresentaremos somente um recorte dele, pois o apro-
fundamento é algo inerente à educação continuada e a uma práti-
ca constante de autodidatismo.
Os governos, ao longo da história, organizam a atuação de 
suas políticas de forma a ter ações cotidianas associadas ao campo 
da saúde. Então, há diversos programas e indicativos do governo 
atual dentro desse campo, e hoje há vários projetos que interagem 
no campo da educação e da saúde. Os projetos governamentais 
são apresentados, e incentivos aos estados e municípios são rea-
lizados, porém a prática acontece na realidade concreta de cada 
município. Assim, esse estudo levará a você alguns conhecimentos 
em tal área, que devem ser atualizados na página do site do Minis-
tério da Saúde (disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/
portalsaude/>. Acesso em: 13 jun. 2012) e do Ministério da Edu-
cação (disponível em: <http://www.mec.gov.br/>. Acesso em: 13 
jun. 2012).
Mas a atitude esperada neste campo é que abra um espaço 
para você compreender que a cada perfil de governo é concreti-
zado em políticas reais que acontecem nos locais onde as escolas 
estão inseridas. Do ideal escrito na política à prática real, há dis-
tanciamentos, e você, como profissional e cidadão, pode exercer 
e ensinar a importância da cidadania e dos direitos reservados às 
pessoas. Portanto, sua postura no estudo da segunda unidade, na 
qual trataremos desse assunto, deve ser crítica e reflexiva, diante 
da apresentação dos programas atuais de governo. 
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As unidades que se seguirão abordarão aspectos técnicos de 
procedimentos reais dos quaiso professor deve ter conhecimento 
em sua busca pelo aprendizado.
Desejamos a todos um bom estudo e uma boa caminhada 
crítico-reflexiva no campo da saúde e da educação!
Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápida 
e precisa das definições conceituais aqui estudadas, possibilitan-
do-lhe um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados 
na área de conhecimento dos temas tratados neste Caderno de Re-
ferência de Conteúdo. É claro que esta apresentação não dá conta 
de todos os conceitos que este campo do saber abarca, mas com 
certeza leva a uma aproximação da linguagem específica utilizada.
Conceitos traduzem uma visão de mundo, e vale ressaltar 
que o recorte dado aqui não é o único; os conceitos que veremos 
serão apresentados como uma reflexão, e não como algo pronto e 
determinado. O mais complexo de todos é o próprio conceito de 
saúde, e cabe a você se perguntar, como educador físico, qual a 
sua ideia sobre o que é saúde. 
1) Biossegurança: "[...] significa Vida + Segurança, em sen-
tido amplo é conceituada como a vida livre de perigos. 
Genericamente, medidas de biossegurança são ações 
que contribuem para a segurança da vida, no dia-a-dia 
das pessoas (ex.: cinto de segurança, faixa de pedestres). 
Assim, normas de biossegurança englobam todas as me-
didas que visam evitar riscos físicos (radiação ou tempe-
ratura), ergonômicos (posturais), químicos (substâncias 
tóxicas), biológicos (agentes infecciosos) e psicológicos 
(como o estresse). No ambiente hospitalar encontram-
-se exemplos de todos estes tipos de riscos ocupacionais 
para o trabalhador de saúde (p. ex., radiações, alguns 
medicamentos etc.)" (CAVALCANTE; MONTEIRO; BAR-
BIERI, 2012).
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© Caderno de Referência de Conteúdo
2) Educação em Saúde: "A educação em saúde como área 
de conhecimento requer uma visão [...] tanto da educa-
ção como da saúde, integrando disciplinas como psico-
logia, sociologia, filosofia e antropologia. [...] Dessa for-
ma, o conceito de educação em saúde está ancorado no 
conceito de promoção da saúde, que trata de processos 
que abrangem a participação de toda a população no 
contexto de sua vida cotidiana e não apenas das pessoas 
sob risco de adoecer. [...] Uma educação em saúde nos 
moldes da integralidade inclui políticas públicas, am-
bientes apropriados para além dos tratamentos clínicos 
e curativos, comprometidas com o desenvolvimento da 
solidariedade e da cidadania, envolvidas na melhoria da 
qualidade de vida e na promoção do homem" (MACHA-
DO et al., 2012). A educação em saúde é uma "prática na 
qual existe a participação ativa da comunidade, que pro-
porciona informação, educação sanitária e aperfeiçoa 
atitudes indispensáveis para vida" (BRASIL, 2007, p. 13).
3) Emergência: "ocorrência ou situação perigosa, de apare-
cimento súbito e imprevisto, necessitando de imediata 
solução".
4) Prevenção em saúde: refere-se a doenças e pode ocor-
rer em nível primário, secundário ou terciário. Há outra 
classificação, mais abrangente, a qual reconhece cinco 
níveis de prevenção: primordial, primário, secundário, 
terciário e quaternário, os quais são mais bem detalha-
dos, respectivamente, a seguir.
5) Prevenção primordial: "tem por objectivos evitar a 
emergência e o estabelecimento de estilos de vida que 
aumentem o risco de doença. Ao prevenir padrões de 
vida social, económica ou cultural que se sabe estarem 
ligados a um elevado risco de doença, promove-se a saú-
de e o bem-estar e diminui-se a probabilidade de ocor-
rência de doença no futuro. Para tal, procura-se elaborar 
e aplicar políticas e programas de promoção de ‘deter-
minantes positivos de saúde’, na população em geral e 
em grupos seleccionados. Temos como exemplos:
• legislação para criação de espaços livres de fumo do 
tabaco;
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• plano nacional de saúde escolar (PNSE);
• plano nacional para a acção ambiente e saúde (PNA-
AS);
• regulamentação para a segurança alimentar com im-
plementação obrigatória do sistema de análise e ges-
tão do risco [...].
Por meio destas medidas, prevê-se e pretende-se que 
o impacto na saúde pública seja notável, já que os pro-
gramas e políticas têm como alvo um grande número 
de indivíduos e porque um mesmo ‘determinante posi-
tivo’ ou comportamento saudável tem efeitos benéficos 
múltiplos na saúde (protecção de várias doenças). Por 
exemplo, a prevenção do tabagismo contribui para a pre-
venção de doenças respiratórias, oncológicas e cardio-
vasculares" (PORTAL DE SAÚDE PÚBLICA, 2012).
6) Prevenção primária: "visa evitar ou remover factores de 
risco ou causais antes que se desenvolva o mecanismo 
patológico que levará à doença. Recorre a meios diri-
gidos ao nível individual, a grupos seleccionados ou à 
população em geral. [...] Espera-se a diminuição da inci-
dência da doença pelo controlo de factores de risco ou 
causas associadas, bem como a diminuição do risco mé-
dio de doença na população. Como exemplos deste tipo 
de prevenção, temos:
• imunização (vacinação) contra algumas doenças in-
fecto-contagiosas;
• toma de vitamina D pelas crianças para prevenir o ra-
quitismo;
• uso de preservativos para a prevenção de doenças se-
xualmente transmissíveis;
• uso de seringas descartáveis pelos toxicodependen-
tes, para prevenir infecções como VIH/SIDA e hepati-
tes" (PORTAL DE SAÚDE PÚBLICA, 2012).
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© Caderno de Referência de Conteúdo
7) Prevenção secundária: "corresponde à detecção pre-
coce de problemas de saúde em indivíduos presumi-
velmente doentes, mas assintomáticos para a situação 
em estudo. Pretende-se, ainda, que haja uma aplicação 
imediata de medidas apropriadas, com vista ao rápido 
restabelecimento da saúde ou, pelo menos, um condi-
cionamento favorável da evolução da situação, com cura 
e/ou redução das consequências mais importantes da 
doença. Este nível de prevenção pressupõe o conheci-
mento da história natural da doença, a existência de um 
período de detecção precoce suficientemente longo (pe-
ríodo pré-clínico ou assintomático) e facilmente detec-
tável, e que seja passível de tratamento que interrompa 
a evolução para estádios mais graves. Assim, espera-se 
que haja diminuição da prevalência da doença, essen-
cialmente pela diminuição da duração da mesma. Temos 
como exemplos:
• rastreio dos cancros do colo do útero, da mama, da 
próstata, do cólon e recto;
• rastreio da fenilcetonúria no recém-nascido;
• rastreio e vigilância da pressão arterial, glicémia ou 
dislipidémia;
• realização dos testes de avaliação de acuidade auditi-
va e visual no âmbito da saúde ocupacional;
• provas cutâneas e radiografia do tórax para o rastreio 
e diagnóstico precoce da tuberculose" (PORTAL DE 
SAÚDE PÚBLICA, 2012).
8) Prevenção terciária: "este tipo de prevenção tem como 
objectivos: 1) limitar a progressão da doença, circuns-
crevendo-a, 2) evitar ou diminuir as consequências ou 
complicações da doença como as insuficiências, inca-
pacidades, sequelas, sofrimento ou ansiedade, morte 
precoce, 3) promover a adaptação do doente às conse-
quências inevitáveis (situações incuráveis), 4) prevenir 
recorrências da doença, ou seja, controlá-la e estabilizá-
-la. Para atingir estes objectivos, é frequente (e neces-
sária) a intervenção associada da medicina preventiva e 
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© Programas de Saúde e Socorros Urgentes18
da medicina curativa. Com efeito, é muitas vezes difícil 
individualizar os seus papéis e sobressai, não raras ve-
zes, a prevenção exercida fundamentalmente através de 
terapêutica, controlo e reabilitação médicas. Não obs-
tante essa situação, há múltiplos exemplos de acções de 
carácter não médico e que são fundamentais para a po-
tenciação da capacidade funcional do indivíduo, melho-
ria significativa no seu bem-estar, reintegração familiar e 
social e até diminuiçãodos custos sociais e económicos 
dos ‘estados de doença’ [...]:
• realização de sessões formativas/educativas nas es-
colas e locais de trabalho para eliminar atitudes fóbi-
cas em relação a indivíduos soropositivos para o VIH 
[AIDS];
• reintegração de trabalhadores na empresa que por 
algum tipo de incapacidade (pós-traumática, seque-
las de politraumatismos etc.) não possam voltar a re-
alizar o mesmo tipo de actividades;
• educação, formação e apetrechamento necessários 
à autonomia de indivíduos [...]" (PORTAL DE SAÚDE 
PÚBLICA, 2012).
9) Prevenção quaternária: "trata-se dum nível de preven-
ção recentemente introduzido [...]. Apesar de desconhe-
cido ou não aceite por muitos, este nível de prevenção 
assenta num conjunto de evidências e argumentos de 
contexto muito actual e premente. É sabido que a po-
pulação − concretamente dos países mais desenvolvi-
dos − se encontra em progressivo envelhecimento, e 
que tal facto determina o aumento de doenças crónico-
-degenerativas, doenças do foro oncológico, com neces-
sidade de cuidados assistenciais de toda a ordem, de-
signadamente continuados e paliativos. Nesse sentido, 
a alteração da estrutura familiar e da dinâmica social 
também contribuem para a institucionalização dos ido-
sos, internamentos mais prolongados (até em fase ter-
minal), decorrendo também uma maior solicitação de 
assistência. A inovação científico-tecnológica − médica, 
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Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
cirúrgica, laboratorial, etc. – é cada vez mais ‘veloz’ no 
seu surgimento, e também mais exigente na verificação 
experimental, financiamento e cumprimento de normas 
para introdução no ‘mercado’, entre outros aspectos. 
As maiores expectativas das populações face à saúde − 
exigência de mais e melhores cuidados de saúde − e a 
prática duma ‘medicina defensiva’, conduzem à avultada 
realização de exames complementares de diagnóstico e 
aplicação de possibilidades terapêuticas, cada vez mais 
caras e sofisticadas, que podem ultrapassar o apropria-
do e racional. É atribuído ‘estatuto patológico’ a factores 
de risco e situações fisiológicas. Ao se estabelecerem li-
miares de intervenção cada vez mais baixos gera-se uma 
‘epidemia de riscos’, e consequente alargamento do con-
sumo de cuidados de saúde e mercado farmacêutico. O 
‘patrocínio da doença’ pela indústria farmacêutica, atra-
vés de campanhas dirigidas ao público, e beneficiando 
da sobrestima da clínica e dos factores de risco, resul-
tam em ‘marketing do medo’ promotor de consumo. A 
‘dessacralização’ dos clínicos devido a um público mais 
activo na sua saúde, que aceita menos passivamente a 
autoridade médica, e que é mais permeável a outras in-
fluências menos credíveis (porque parciais) como a já re-
ferida indústria farmacêutica, informação e publicidade 
em media tendenciosos, além do excesso de informação 
que o público não sabe gerir, leva a uma aquisição de 
produtos e serviços de modo mais avultado. Como con-
sequência de todos estes factores e realidades, resultam 
uma sociedade dependente e ‘hipermedicalizada’, a ‘ro-
tulagem’ indevida e a ‘epidemia de riscos’, efeitos secun-
dários da utilização excessiva (iatrogenias), custos cres-
centes e desperdício em saúde. Perante este cenário, a 
prevenção quaternária tem como objectivos:
• evitar o excesso de intervencionismo médico e suas 
consequências (ou iatrogenias);
• detectar indivíduos em risco de sobretratamento (‘hi-
permedicalização’), para os proteger de novas inter-
venções médicas inapropriadas;
© Programas de Saúde e Socorros Urgentes20
• sugerir, subsequentemente, alternativas eticamente 
aceitáveis por forma a curar sem dano;
• capacitar os utentes [indivíduos], enquanto consumi-
dores de cuidados de saúde, quanto às implicações 
(individuais, sociais, económicos) do consumo inapro-
priado;
• salientar a importância de ‘análise das decisões clí-
nicas’ no aumento da qualidade do acto médico, no 
complemento e reforço do julgamento e decisão clí-
nicos, na utilização dos métodos de diagnósticos e 
tratamento, na prescrição criteriosa e adequada téc-
nico-cientificamente, na racionalidade económica e do 
acto médico.
Em suma, este nível preventivo visa, genericamente, evi-
tar ou atenuar o excesso de intervencionismo médico − 
actos desnecessários ou injustificados, ‘passivos’ ou ‘acti-
vos’" (PORTAL DE SAÚDE PÚBLICA, 2012, grifo do autor).
10) Primeiros socorros: "[...] referem-se ao atendimento 
temporário e imediato de uma pessoa que está ferida 
ou que adoece repentinamente. Também podem en-
volver o atendimento em casa [e/ou local do ocorrido] 
quando não se pode ter acesso a uma equipe de resgate 
ou enquanto os técnicos em emergência médica (TEM) 
não chegam. Os primeiros socorros incluem reconhecer 
condições que põem a vida em risco e tomar as atitudes 
necessárias para manter a vítima viva e na melhor con-
dição possível até que se obtenha atendimento médico. 
[...] Os principais objetivos dos primeiros socorros são:
• Reconhecer situações que ponham a vida em risco.
• Aplicar respiração e circulação artificiais quando ne-
cessário.
• Controlar o sangramento.
• Tratar de outras condições que ponham a vida em risco.
• Minimizar o risco de outras lesões e complicações.
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Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
• Evitar infecções.
• Deixar a vítima o mais confortável possível.
• Providenciar assistência médica e transporte" (HA-
FEN; KARREN; FRANDSEN, 2002, p. 3).
11) Promoção da saúde: "promoção da saúde é o nome 
dado ao processo de capacitação da comunidade para 
atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, in-
cluindo uma maior participação no controle deste pro-
cesso. Para atingir um estado de completo bem-estar fí-
sico, mental e social os indivíduos e grupos devem saber 
identificar aspirações, satisfazer necessidades e modifi-
car favoravelmente o meio ambiente. A saúde deve ser 
vista como um recurso para a vida, e não como objetivo 
de viver. Nesse sentido, a saúde é um conceito positivo, 
que enfatiza os recursos sociais e pessoais, bem como 
as capacidades físicas. Assim, a promoção da saúde não 
é responsabilidade exclusiva do setor saúde, e vai para 
além de um estilo de vida saudável, na direção de um 
bem-estar global" (BAHIA, 2012).
12) Saúde: "o conceito de saúde reflete a conjuntura social, 
econômica, política e cultural. Ou seja: saúde não repre-
senta a mesma coisa para todas as pessoas. Dependerá 
da época, do lugar, da classe social. Dependerá de valo-
res individuais, dependerá de concepções científicas, re-
ligiosas, filosóficas" (SCLIAR, 2012). Houve o tempo em 
que saúde e doença estiveram relacionadas a concep-
ções religiosas associadas ao pecado e ao castigo. Com a 
descoberta de Descartes no campo da Mecânica, vê-se o 
corpo como uma máquina, e, portanto, "saúde" significa 
o "silêncio dos órgãos". Com a revolução pasteuriana, o 
microscópio foi descoberto, revelando a associação en-
tre micro-organismos causadores de doenças. O nasci-
mento da Epidemiologia trouxe a ideia de se contabilizar 
as doenças, e diversos foram os estudos realizados no 
mundo que chamaram a atenção para as desigualdades 
no processo saúde-doença, estabelecendo-se diferenças 
conforme o distrito, as condições de vida sobre a morta-
lidade e os tipos de enfermidades, isto é, considerando 
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© Programas de Saúde e Socorros Urgentes22
as condições sanitárias, dando-se início, assim, à ideia 
de saúde pública, ideia essa que ganhou força de lei na 
Grã-Bretanha, em 1840. O mundo caminhou, ocorreram 
guerras, várias ideias surgiram, em especial marxistas, e 
houve dificuldades de consenso em relação ao concei-
to de saúde. Em 1948, a Organização Mundial de Saúde 
(OMS) define: "Saúde é o estado do mais completo bem-
-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de 
enfermidade" (SCLIAR, 2012). Houve, em 1974, no Cana-
dá, a formulação de um conceito de saúde queabrange 
a biologia humana, o meio ambiente, o estilo de vida e 
a organização da assistência à saúde (hospitais, serviços, 
medicamentos etc.). Em 1977, é retomada a ideia de 
saúde como a ausência de doenças, sendo "a classifica-
ção dos seres humanos como saudáveis ou doentes [...] 
uma questão objetiva, relacionada ao grau de eficiência 
das funções biológicas, sem necessidade de juízos de 
valor" (SCLIAR, 2012). Em 1978, na Conferência Inter-
nacional de Assistência Primária à Saúde, realizada na 
cidade Alma-Ata (atual Cazaquistão), a OMS "destacou 
a responsabilidade governamental na provisão da saúde 
e a importância da participação de pessoas e comunida-
des no planejamento e implementação dos cuidados à 
saúde", baseando-se nos seguintes pontos: "1) as ações 
de saúde devem ser práticas, exeqüíveis e socialmente 
aceitáveis; 2) devem estar ao alcance de todos, pesso-
as e famílias – portanto, disponíveis em locais acessíveis 
à comunidade; 3) a comunidade deve participar ativa-
mente na implantação e na atuação do sistema de saú-
de; 4) o custo dos serviços deve ser compatível com a 
situação econômica da região e do país [...]. O sistema 
nacional de saúde, por sua vez, deve estar inteiramente 
integrado no processo de desenvolvimento social e eco-
nômico do país, processo este do qual saúde é causa e 
conseqüência. Os cuidados primários de saúde, adapta-
dos às condições econômicas, socioculturais e políticas 
de uma região deveriam incluir pelo menos: educação 
em saúde, nutrição adequada, saneamento básico, cui-
dados materno-infantis, planejamento familiar, imuniza-
ções, prevenção e controle de doenças endêmicas [...]. 
23
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
Deveria haver uma integração entre o setor de saúde e 
os demais, como agricultura e indústria. [...] nossa Cons-
tituição Federal de 1988, artigo 196, evita discutir o con-
ceito de saúde, mas diz que: ‘A saúde é direito de todos 
e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais 
e econômicas que visem à redução do risco de doença e 
de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às 
ações e serviços para a promoção, proteção e recupera-
ção’. Este é o princípio que norteia o SUS, Sistema Único 
de Saúde. E é o princípio que está colaborando para de-
senvolver a dignidade aos brasileiros, como cidadãos e 
como seres humanos" (SCLIAR, 2012).
13) Sistema Único de Saúde (SUS): "[...] é um dos maiores 
sistemas públicos de saúde do mundo. Ele abrange des-
de o simples atendimento ambulatorial até o transplan-
te de órgãos, garantindo acesso integral, universal e gra-
tuito para toda a população do país. Amparado por um 
conceito ampliado de saúde, o SUS foi criado, em 1988 
pela Constituição Federal Brasileira, para ser o sistema 
de saúde dos mais de 180 milhões de brasileiros. Além 
de oferecer consultas, exames e internações, o Sistema 
também promove campanhas de vacinação e ações de 
prevenção e de vigilância sanitária – como fiscalização 
de alimentos e registro de medicamentos –, atingindo, 
assim, a vida de cada um dos brasileiros" (PORTAL DA 
SAÚDE, 2012).
14) Urgência: "ocorrência ou situação perigosa, de apare-
cimento rápido, mas não necessariamente imprevisto e 
súbito, necessitando de solução em curto prazo. A dife-
rença entre emergência e urgência reside em dois pon-
tos: 1) na primeira o aparecimento é súbito e imprevisto, 
na segunda não; 2) a primeira exige solução imediata; a 
segunda, em curto prazo, havendo apenas premência ou 
insistência de solução. Ambas têm em comum a pericu-
losidade. Na área médica, as definições seriam:
a) Emergência médica: quadro grave, clínico ou cirúr-
gico ou misto, de aparecimento ou agravamento sú-
bito e imprevisto, causando risco de vida ou grande 
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© Programas de Saúde e Socorros Urgentes24
sofrimento ao paciente e necessitando de solução 
imediata, a fim de evitar mal irreversível ou morte.
b) Urgência médica: quadro grave, clínico ou cirúrgico 
ou misto, de aparecimento ou agravamento rápi-
do, mas não necessariamente imprevisto e súbito, 
podendo causar risco de vida ou grande sofrimen-
to para o paciente, necessitando de tratamento em 
curto prazo, a fim de evitar mal irreversível ou morte.
Ambos termos têm em comum serem quadros no-
sológicos graves, se não tratados, podem causar mal 
irreversível ou morte. Diferem: a emergência o apa-
recimento ou agravamento é súbito e imprevisto, 
necessitando de solução imediata – é um estado de 
agudeza; a urgência o aparecimento é rápido, mas 
não é súbito e imprevisto e a solução pode ser em 
curto prazo – é um estado de semi-agudeza. Exem-
plos:
• Parada cardiorrespiratória e hemorragias são sempre 
emergências;
• Fratura, dependendo do comprometimento pode 
ser urgência;
• Entorses e luxações são geralmente urgências;
• Na rotina pré-hospitalar as ocorrências são conside-
radas emergências.
A importância da distinção entre estes dois concei-
tos está na necessidade de termos bases definidas 
para estabelecermos as prioridades nos atendimen-
tos nas constantes situações críticas em prontos-
-socorros. Essa distinção é importante para se esta-
belecer a diferença entre ‘Plantão’ e ‘sobreaviso’. O 
estabelecimento que estiver sujeito a receber casos 
de ‘emergência’ terá que ter equipe de plantão. Os 
outros, pode ter a equipe de ‘sobreaviso’ em casa. 
Em alguns casos, pode não ser uma equipe, apenas 
um ou alguns especialistas" 
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25
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
Esquema dos Conceitos-chave
Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais im-
portantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um Es-
quema dos Conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteúdo. 
O mais aconselhável é que você mesmo faça o seu esquema de 
conceitos-chave ou até mesmo o seu mapa mental. Esse exercício 
é uma forma de você construir o seu conhecimento, ressignifican-
do as informações com base de suas próprias percepções.
É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos 
Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações en-
tre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais 
complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você 
na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de 
ensino.
Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-
-se que, por meio da organização das ideias e dos princípios em 
esquemas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu co-
nhecimento de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pe-
dagógicos significativos no seu processo de ensino e aprendiza-
gem.
Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es-
colar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas 
em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda, 
na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es-
tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos 
conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim, 
novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem 
pontos de ancoragem.
Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa, ape-
nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci-
so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure 
como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con-
siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais 
© Programas de Saúde e Socorros Urgentes26
de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei-
tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez 
que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog-
nitivas, outros serão também relembrados.
Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você 
o principal agente da construção do próprio conhecimento, por 
meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas 
e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem porobjetivo tor-
nar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhe-
cimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabele-
cendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com 
o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do 
site disponível em: <http://penta2.ufrgs.br/edutools/mapascon-
ceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 12 ago. 2011).
Relações –
Históricas
Políticas Públicas 
de saúde Brasil
Processo Saúde-
Doença
Primeiros 
Socorros
Emergência e 
Urgência
Qualidade de 
Vida
SUS
Prevenção/ 
Tratamento
Reabilitação
Biossegurança
Promoção de 
Saúde
Ações de 
Educação em 
Saúde
Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteúdo Programas 
de Saúde e Socorros Urgentes.
Como você pode observar, o esquema anterior apresenta 
uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo. Se-
27
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
guindo esse esquema, você poderá transitar entre um e outro con-
ceito e descobrir o caminho para construir o seu processo educati-
vo. Por exemplo, com base nele, é possível compreender com mais 
facilidade que o conceito de qualidade de vida tem relação com to-
dos os outros conceitos, bem como o conceito de promoção se re-
laciona com ações de educação, biossegurança e qualidade de vida.
Observamos que o Esquema dos Conceitos-chave é mais um 
dos recursos de aprendizagem que vem somar-se àqueles dispo-
níveis no ambiente virtual com suas ferramentas interativas, bem 
como as atividades didático-pedagógicas realizadas presencial-
mente no pólo. Lembre-se de que você como aluno na modalidade 
a distância, pode valer-se da sua autonomia na construção de seu 
próprio conceito.
Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões 
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem ser 
de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertativas.
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como 
relacioná-las com o caderno Programas de Saúde e Socorros Ur-
gentes, pode ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento. 
Assim, mediante a resolução de questões pertinentes ao assunto 
tratado, você estará se preparando para a avaliação final, que será 
dissertativa. Além disso, essa é uma maneira privilegiada de você 
testar seus conhecimentos e adquirir uma formação sólida para a 
sua prática profissional.
As questões de múltipla escolha são as que têm como resposta 
apenas uma alternativa correta. Por sua vez, entendem-se por 
questões abertas objetivas as que se referem aos conteúdos 
matemáticos ou àqueles que exigem uma resposta determinada, 
inalterada. Já as questões abertas dissertativas obtêm por 
resposta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado; por isso, 
normalmente, não há nada relacionado a elas no item Gabarito. 
Você pode comentar suas respostas com o seu tutor ou com seus 
colegas de turma.
© Programas de Saúde e Socorros Urgentes28
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus 
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.
Figuras (ilustrações, quadros...)
Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte inte-
grante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilustra-
tivas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no 
texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os con-
teúdos, pois relacionar aquilo que está no campo visual com o con-
ceitual faz parte de uma boa formação intelectual.
Dicas (motivacionais)
O estudo deste caderno convida você a olhar, de forma mais 
apurada, a educação como processo de emancipação do ser hu-
mano. É importante que você se atente às explicações teóricas, 
práticas e científicas que estão presentes nos meios de comunica-
ção, bem como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, 
ao compartilhar com outras pessoas aquilo que você observa, 
permite-se descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo 
a ver e a notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, 
portanto, uma capacidade que nos impele à maturidade.
Você, como aluno do curso de Graduação na modalidade 
EaD, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente. 
Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor 
presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugeri-
mos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades 
nas datas estipuladas.
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em 
seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode-
rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ-
ções científicas.
29
Claretiano - Centro Universitário
© Caderno de Referência de Conteúdo
Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie 
seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta 
a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas.
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões 
autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os 
conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos 
para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, 
pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure-
cimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na 
modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando 
sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.
Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a 
este Caderno de Referência de Conteúdo, entre em contato com 
seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você.
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. 
Departamento de Apoio à Gestão Participativa. Caderno de educação popular e saúde. 
Brasília: Ministério da Saúde, 2007. (Série B. Textos Básicos de Saúde).
HAFEN, B. Q.; KARREN, K. J.; FRANDSEN, K. J. Primeiros socorros para estudantes. 7. ed. 
Barueri: Manole, 2002.
MENDES, M. M. R. O ensino de Graduação em Enfermagem no Brasil, entre 1972 e 1994: 
mudança de paradigma curricular?. Ribeirão Preto: Universidade de São Paulo/Escola de 
Enfermagem de Ribeirão Preto, 1996. (Tese de Doutorado).
4. E-REFERÊNCIAS
BAHIA (Estado). Ministério Público do Estado da Bahia. Carta de Ottawa. Disponível em: 
<http://www.mp.ba.gov.br/atuacao/cidadania/gesau/legislacao/internacionais/carta_
ottawa.pdf>. Acesso em: 19 jun. 2012.
CAVALCANTE, N. J. F.; MONTEIRO, A. L. C.; BARBIERI, D. D. Biossegurança. Disponível em: 
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/08Bioseguranca.pdf>. Acesso em: 15 mar. 
2012.
MACHADO, M. F. A. S. et al. Integralidade, formação de saúde, educação em saúde e as 
propostas do SUS – uma revisão conceitual. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
© Programas de Saúde e Socorros Urgentes30
php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232007000200009>. Acesso em: 19 jun. 2012.
MENDES, M. I. B. S.; NÓBREGA, T. P. O Brazil-Medico e as contribuições do 
pensamento médico-higienista para as bases científicas da educação física 
brasileira. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid
=S0104-59702008000100013>. Acesso em: 10 abr. 2012.
PASQUIM, H. M. A saúde coletiva nos cursos de Graduação em Educação Física. Disponível 
em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-12902010000100016&script=sci_
arttext>. Acesso em: 10 abr. 2012.
PORTAL DA SAÚDE. Apresentação. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/
saude/cidadao/area.cfm?id_area=1395>. Acesso em: 15 mar. 2012.
PORTAL DE SAÚDE PÚBLICA. Níveis de prevenção em saúde. Disponível em: <http://www.
saudepublica.web.pt/TrabCatarina/NiveisPrevencao.htm>. Acesso em: 15 mar. 2012.
SCLIAR, M. História do conceito de saúde. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0103-73312007000100003&lng=pt>. Acesso em: 19 jun. 
2012.
1
EA
D
História da Saúde 
no Brasil
1. OBJETIVOS
• Contextualizaro processo saúde-doença na história da 
saúde do Brasil.
• Identificar a visão de mundo do homem inserido nos pro-
cessos históricos apresentados. 
• Reconhecer o Sistema Único de Saúde (SUS) e sua orga-
nização.
• Relacionar os conceitos de Educação em Saúde na prática 
da saúde e da educação.
2. CONTEÚDOS
• Histórico da saúde no Brasil.
• SUS: seus princípios e sua implantação.
• Princípios e práticas de Educação em Saúde.
© Programas de Saúde e Socorros Urgentes32
3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE
Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que 
leia as orientações a seguir:
1) Leia os livros da bibliografia indicada para que você am-
plie e aprofunde seus horizontes teóricos. Esteja sempre 
com o material didático e discuta a unidade com seus 
colegas e com o tutor.
2) Tenha sempre à mão o significado dos termos citados 
no Glossário de Conceitos e suas ligações pelo Esquema 
dos Conceitos-chave para o estudo de não apenas esta, 
mas todas as unidades deste CRC. Isso poderá facilitar 
sua aprendizagem e seu desempenho.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Para iniciar o estudo de Programas de Saúde e Socorros Ur-
gentes, é indispensável um breve histórico sobre como a saúde foi 
se estruturando em nosso país. É importante compreendermos os 
interesses e saberes que perpassam a história e, assim, nos posicio-
narmos diante de processos de saúde-doença e da busca da cida-
dania e autonomia com o próprio corpo e com a saúde de cada um.
5. HISTÓRICO DA SAÚDE NO BRASIL
Em 1988, houve a promulgação da Constituição Brasileira. 
Nela, há uma seção dedicada especialmente à saúde, composta 
pelos Artigos de 196 a 200. Vejamos, a seguir, o que dizem três 
desses artigos:
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido 
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do 
risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitá-
rio às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, 
cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regu-
lamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita 
Oziel
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33
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© U1 - História da Saúde no Brasil
diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física 
ou jurídica de direito privado.
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede 
regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, orga-
nizado de acordo com as seguintes diretrizes:
I – descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
II – atendimento integral, com prioridade para as atividades preven-
tivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;
III – participação da comunidade (STF, 2012). 
Esses direitos constitucionais, que destacam ações de pro-
moção, proteção e recuperação, além de fiscalização, controle, 
organização da saúde, atendimento integral e participação social, 
nem sempre foram naturalmente concedidos; são parte de um 
processo de luta da população brasileira há anos. A história da saú-
de no país está associada a determinantes históricos e à evolução 
político-social e econômica. Tais contextos influenciaram e ainda 
influenciam o setor da saúde brasileira.
No período colonial, o Brasil não dispunha de nenhum mo-
delo de saúde institucionalizado, e as enfermidades eram cuida-
das com plantas, ervas e curandeiros. Havia a carência de médicos 
profissionais no país, tanto que, em 1789, só existiam aqui quatro 
médicos exercendo a profissão. Ocorreu, então, a disseminação 
dos boticários (farmacêuticos), que viajavam pelo país mesmo 
sem possuir aprendizado acadêmico – o processo de habilitação 
na função consistia tão somente em acompanhar um serviço de 
uma botica já estabelecida durante certo período de tempo, ao 
fim do qual prestavam exame perante fisicatura e se aprovado, o 
candidato recebia a "carta de habilitação", e estava apto a instalar 
sua própria botica (SALLES, 1971). Essa prática de consultar-se um 
farmacêutico quando se tem algum sintoma ainda é presente no 
cotidiano brasileiro. 
Com a chegada da família real no Rio de Janeiro, em 1808, 
criou-se uma estrutura mínima sanitária para dar suporte ao po-
der e realizar um controle sanitário mínimo na capital do impé-
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rio. Forçaram a criação das duas primeiras escolas de medicina do 
país: o Colégio Médico-Cirúrgico no Real Hospital Militar da Cidade 
de Salvador e a Escola de Cirurgia do Rio de Janeiro. E foram essas 
as únicas medidas governamentais até a República. 
Até esse momento de reconstituição histórica, observa-se 
que a colonização do Brasil não respeitou e não dialogou com a 
cultura existente na época, de tratamento com ervas e curandei-
ros. No início, houve uma valorização do saber fazer, isto é, o far-
macêutico habilitava-se no momento em que, diante de uma fis-
calização, era considerado apto a medicar e a tratar. A figura dos 
médicos era escassa, e, por isso, o farmacêutico tinha um valor 
social e para a saúde reconhecido. A estrutura sanitária só foi insti-
tuída no Brasil Império, com a chegada da família real, e apenas na 
sua capital. Duas escolas de Medicina foram criadas na ocasião, e a 
finalidade era atender o poder constituído da época. O sistema de 
saúde no Brasil inicia-se já na relação de poder, e, desde esse perí-
odo, o acesso a ele era excludente, sendo apenas para as camadas 
mais altas da população.
Primeiras medidas sanitaristas no Brasil
A figura do médico Oswaldo Cruz surgiu na nomeação do 
Presidente Rodrigues Alves (1902-1906), a fim de combater a dis-
seminação de doenças como a varíola, a malária, a febre amarela 
e, posteriormente, a peste. Suas ações tinham forte apelo policia-
lesco. Ele convocou 1500 pessoas para invadir as casas das pesso-
as e queimar roupas e colchões, sem nenhuma ação educativa, e 
a população ficou indignada com essa atuação sanitária. O auge 
da indignação resultou na instituição, pelo médico, da vacinação 
antivariólica, fato que levou o povo às ruas e iniciou a conhecida 
Revolta das Vacinas. Oswaldo Cruz, então, foi afastado do cargo.
O motivo que levou o governo a nomear esse médico a Dire-
tor do Departamento Federal de Saúde Pública foi a disseminação 
das doenças gerar, naquela ocasião, consequências tanto para a 
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saúde coletiva quanto para o comércio exterior, influenciando a 
economia externa, já que os navios estrangeiros não queriam mais 
atracar no Porto do Rio de Janeiro. O modelo de saúde de Oswaldo 
Cruz ficou conhecido como "campanhista", possuindo forte visão 
militar, no qual os fins justificam os meios. Esse modelo obteve 
vitórias no controle das doenças epidêmicas, conseguindo erradi-
car a febre amarela no Rio de Janeiro, tornando, com isso, hege-
mônico na área de saúde coletiva durante décadas. Nesse perío-
do, surge o embrião do Instituto Oswaldo Cruz, existente hoje no 
Rio de Janeiro. A organização dessa diretoria possuía uma seção 
demográfica, um laboratório bacteriológico, um serviço de enge-
nharia sanitária e de profilaxia da febre amarela e a inspetoria de 
isolamento e desinfecção. 
O seu sucessor, Carlos Chagas, nomeado, em 1920, Diretor 
do Departamento de Saúde Pública, agora ligado ao Ministério da 
Justiça, introduz na prática campanhista a educação sanitarista e a 
propaganda. Tal médico expande essa prática para além do Rio de 
Janeiro e cria a primeira escola de enfermagem, a Escola de Enfer-
magem Anna Nery. Enquanto a sociedade brasileira esteve domi-
nada por uma economia agro-exportadora, acentada na monocul-
tura cafeeira, o que se exigia do sistema de saúde era, sobretudo, 
uma política de saneamento destinado aos espaços de circulação 
das mercadorias exportáveis e a erradicação ou controle das doen-
ças que poderiam prejudicar a exportação. Por esta razão, desde 
o final do século passado até o início dos anos 60,predominou o 
modelo do sanitarismo campanhista (MENDES, 1992). 
No Brasil, como se pode observar, as medidas sanitaristas 
têm forte cunho militar e de imposição, principalmente, para a 
preservação do campo econômico, quer dizer, da relação nacional 
com a exportação. A população, já nesse período, conseguiu se 
mobilizar e destituir Oswaldo Cruz do Departamento Federal de 
Saúde Pública. O sucessor incrementou a ideia campanhista intro-
duzindo a propaganda, mas o destino dessa campanha continuava 
a ser a preservação do comércio exterior, isto é, ela era destinada 
© Programas de Saúde e Socorros Urgentes36
a espaços de circulação de mercadorias. A questão econômica – e 
somente ela – dominava a institucionalização da saúde pública no 
país.
Nascimento e desenvolvimento da Previdência Social e políticas 
de saúde entre 1923-1964
A Previdência Social é tema recorrente na mídia, uma vez 
que é objeto de interesse político e, constantemente, alvo de es-
cândalos. A ideia de uma previdência social no Brasil surgiu como 
medida de proteção aos trabalhadores do país. Vejamos, a seguir, 
em que contexto apareceu essa ideia, de acordo com Cunha e 
Cunha (1998):
[...] os operários no início do século 20 ainda não tinham quais-
quer garantias trabalhistas, tais como: férias, jornada de trabalho 
definida, pensão ou aposentadoria. O surgimento da Previdência 
Social no Brasil se insere num processo de modificação da postura 
liberal (não intervenção do Estado) do Estado frente à problemática 
trabalhista e social, portanto, num contexto político e social mais 
amplo. Esta mudança se dá enquanto decorrência da contradição 
entre a posição marcadamente liberal do Estado frente às ques-
tões trabalhistas e sociais e um movimento operário-sindical que 
assumia importância crescente e se posicionava contra tal postu-
ra. Esta também é a época de nascimento da legislação trabalhista 
brasileira. Em 1923 é promulgada a lei Eloy Chaves, que para alguns 
autores pode ser definida como marco do início da Previdência So-
cial no Brasil. No período compreendido entre 1923 e 1930 surgem 
as Caixas de Aposentadoria e Pensões – CAPs. Eram organizadas 
por empresas, de natureza civil e privada, responsáveis pelos be-
nefícios pecuniários e serviços de saúde para os empregados de 
empresas específicas. As CAPs eram financiadas com recursos dos 
empregados e empregadores e administradas por comissões for-
madas de representantes da empresa e dos empregados. Cabia ao 
setor público apenas a resolução de conflitos (apud BRASIL, 2005, 
p. 29). 
O surgimento das Caixas de Aposentadoria e Pensões (CAPs) 
também obedeceu à mesma lógica: somente as empresas estra-
tégicas para a economia nacional é que conseguiam fundar suas 
caixas.
As primeiras foram as dos trabalhadores das companhias de via fér-
rea e portuários. Era autenticamente uma espécie de seguro social, 
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ou seja, só tinha direito aquele que pagava a contribuição estipula-
da, que garantiria certos benefícios como a aposentadoria e, princi-
palmente a assistência médica. Como eram privados, ou seja, eram 
mantidos por empresas, ainda não se configuravam como iniciati-
vas do Estado, muito embora, curiosamente, os presidentes dessas 
Caixas fossem nomeados pelo Presidente da República, havendo 
um claro interesse do governo na manutenção desse sistema (FON-
TILENE JÚNIOR, 2008, n. p.).
As CAPs, que, posteriormente, foram transformadas em Ins-
titutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs), congregavam os traba-
lhadores por categorias profissionais. Apesar de estarem voltados, 
prioritariamente, para os benefícios e pensões, os IAPs também 
ofereciam serviços médicos, mas essa assistência era limitada aos 
trabalhadores inseridos em empregos formais e organizados. Esse 
modelo corresponde à concepção de cidadania regulada – modali-
dade em que a base dos direitos não se encontra em valores políti-
cos universais, e sim em um sistema de estratificação ocupacional 
definido por norma legal. Assim, trabalhadores rurais, domésticos 
e trabalhadores informais eram vistos como pré-cidadãos (ESCO-
RES; TEIXEIRA, 2008).
Os IAPs eram autarquias de nível nacional centralizadas no 
governo federal, nas quais a filiação se dava por categorias profis-
sionais, diferentemente das CAPs, que eram promovidas por em-
presas. Já sob regime de repartição, os IAPs ofereciam maior nível 
de proteção, como assistência médica para filiados e dependentes, 
porém, os saldos superavitários (devido aos poucos beneficiários) 
no início do sistema foram utilizados para outros fins, além da con-
cessão de aposentadorias e pensões generosas. O financiamento 
da previdência social – dos IAPs e das poucas CAPs então rema-
nescentes – tem origem nas contribuições dos empregadores, dos 
trabalhadores e do próprio Estado, em geral criando impostos pre-
videnciários. Institui-se, então, o regime de capitalização: as dife-
renças entre receita e despesa passam a ser investidas lucrativa-
mente.
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A partir de 1930, o Estado recebe fortes pressões por par-
te de intelectuais e militares para a criação de novos serviços na 
área de saúde pública, culminando, em 1931, com a criação do Mi-
nistério da Educação e Saúde. Nessa fase, a saúde pública definiu 
seu papel, e os burocratas e as classes que apoiavam a Revolução 
Constitucionalista obtiveram grandes privilégios políticos (IYDA, 
1994).
Convivendo com uma constante alternância de seus dirigentes, o 
Ministério ficou refém das instabilidades políticas decorrentes das 
disputas entre as diversas forças que haviam se aliado em torno do 
novo regime. O Ministério da Educação e Saúde passou a ter um 
caráter centralizador, normatizando e uniformizando as estruturas 
estaduais, nas mãos de interventores escolhidos pelo executivo fe-
deral, as quais deveriam assumir as atividades municipais.
A estrutura administrativa da saúde pública instituída nesse perí-
odo permaneceu quase inalterada até a criação do Ministério da 
Saúde em 1953.
O período ficou marcado pela separação entre saúde pública – cen-
trada na erradicação de doenças infectocontagiosas, endemias ou 
epidemias – e assistência médica previdenciária, de caráter indivi-
dual, destinada aos indivíduos acometidos por doenças que lhes 
impediam de trabalhar.
A assistência individual não estava sob o controle do Ministério da 
Educação e Saúde e sim do Ministério do Trabalho, Indústria e Co-
mércio (ESCORES; TEIXEIRA, 2008, n. p.).
A criação de um Ministério da Saúde independente do da 
Educação foi o grande marco do ano de 1953. Sua estrutura era 
frágil, e seu orçamento era a menor fração do antigo Ministério da 
Educação e Saúde, cabendo-lhe um terço do imposto da educação 
e saúde. Até 1964, o Ministério da Saúde teve transitoriedade de 
seus titulares, evidenciando a barganha política dos governantes. 
Houve, também, aumento dos gastos da previdência com a assis-
tência médica, ampliando as doenças a serem contempladas por 
ela. O foco do processo saúde-doença era, principalmente, a do-
ença.
Kubitschek buscou, tanto em seu programa de saúde como em suas 
primeiras medidas como presidente eleito, apresentar as relações 
entre enfermidades e nação na mesma chave positiva que emol-
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durava suas proposições para o desenvolvimento do país. Em sua 
opinião, o Brasil havia superado as "doenças pestilenciais" (como 
a febre amarela e a peste bubônica) e o novo governo deveria de-
dicar-se a combater primordialmente as "doenças de massa", tais 
como a tuberculose, a lepra, as doenças gastrointestinais e as en-
demias rurais, que debilitavam e tornavam improdutivos milhões 
de brasileiros.
[...] No governo desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek duran-
te o período de 1956 a 1960, houve transformações econômicas es-
truturais e conjunturais no país apoiada principalmente pelo capital 
estrangeiro.A saúde não era o tema central do governo de Kubits-
chek e ele em sua campanha a presidente em 1955 rejeitou a asso-
ciação entre enfermidades e o Brasil dizendo a frase que – o Brasil 
não seria mais apenas "doença" (KUBITSCHEK, 1955a, p. 4-32).
Além disso, alertava: o país já deveria agir contra as "doenças crô-
nico-degenerativas" ou as enfermidades do mundo desenvolvido, 
como o câncer. Guardando semelhanças com os objetivos gerais do 
movimento médico-higienista da Primeira República, o programa 
de Juscelino explicitava visão otimista sobre o futuro do país, refor-
çando a idéia de que a saúde dos brasileiros estava melhor do que 
havia sido e que as doenças que os afligiam já não eram as do início 
do século XX (HOCHMAN, 2009, p. 23).
No campo da saúde, houve, também, o Congresso de Hospi-
tais, instituindo serviços próprios das empresas. Nasce uma nova 
prestação privada de serviços de saúde, por meio da emergência 
da medicina de grupo. Podemos considerar esse formato de pres-
tação de serviço como o precursor da política neoliberal na saúde, 
pois hoje há planos de saúde constituídos de empresas com fina-
lidade lucrativa, isto é, a estrutura hospitalar de natureza lucrativa 
já estava montada e apontava na direção da formação de empre-
sas médicas; a corporação médica estava ligada há interesses ca-
pitalistas.
Sucedeu Juscelino Jânio Quadros, o 22º Presidente do Brasil, 
com um mandato breve entre 31 de janeiro de 1961 e 25 de agos-
to de 1961, quando renunciou ao poder. Após sua renúncia, os 
militares tentaram vetar a chegada do Vice-presidente João Gou-
lart (Jango) à presidência, por desconfiarem que ele pudesse ser 
uma ameaça à segurança nacional, principalmente pela ideia de 
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comunismo. Houve, então, um movimento chamado "Campanha 
da Legalidade", liderado por Leonel Brizola. Com várias pressões e 
conflitos, em 7 de setembro de 1961, João Goulart assumiu a vaga 
deixada por Jânio Quadros. A instalação do parlamentarismo fez 
que João Goulart não tivesse meios para aprovar suas propostas 
políticas. No Ministério da Saúde, houve sucessão de seis minis-
tros em três anos.
O penúltimo, Souto Maior, apresentou um conceito ampliado de 
saúde, no XV Congresso de Higiene, em 1962. A saúde da popula-
ção deveria ser entendida como suas condições globais de traba-
lho. Reconhecia um círculo vicioso entre pobreza e doença e subor-
dinava sua interrupção a um projeto de desenvolvimento nacional. 
Nesse Congresso, a indústria farmacêutica nacional manifestou-se 
contra a crescente desnacionalização do setor. A expansão das mul-
tinacionais de medicamentos era percebida como fator capaz de 
influenciar a orientação política do setor saúde por meio da cons-
trução de um modelo de ampliação descontrolada do atendimento 
médico hospitalar (TEIXEIRA, 2008, p. 7).
Outro marco da história da saúde no âmbito ministerial ocorreu em 
1963, com a realização da III Conferência Nacional da Saúde (CNS), 
convocada pelo ministro Wilson Fadul, árduo defensor da tese de 
municipalização.
A Conferência propunha a reordenação dos serviços de assistência 
médico-sanitária e alinhamentos gerais para determinar uma nova 
divisão das atribuições e responsabilidades entre os níveis político-
-administrativos da Federação visando, sobretudo, a municipaliza-
ção (BRASIL, 2010, n. p.).
Havia a pretensão de descentralizar o modelo de saúde, ini-
ciando desde o atendimento básico até o nível terciário médico-
-hospitalar especializado. No final do governo de Jango, a área da 
saúde estava diante de uma intensa polêmica entre os interesses 
nacionais e do capital estrangeiro. Além disso, o seu governo teve 
a proposição de reforma agrária radical, estatização do abasteci-
mento e nacionalização.
Os partidos que se opunham a João Goulart, como a União 
Democrática Nacional (UDN) e o Partido Social Democrático (PSD), 
o acusavam de estar planejando um golpe esquerdista e de ser o 
responsável pelos problemas que o Brasil enfrentava na época. No 
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dia 13 de março de 1964, João Goulart realizou um grande comício 
na Central do Brasil (Rio de Janeiro), onde defendeu as Reformas 
de Base e prometeu mudanças radicais na estrutura agrária, eco-
nômica e educacional do país. Seis dias depois, em 19 de março, 
os conservadores organizaram um protesto que reuniu milhares 
de pessoas pelas ruas do centro da cidade de São Paulo contra as 
intenções de João Goulart. Foi a Marcha da Família com Deus pela 
Liberdade.
A crise política e as tensões sociais aumentavam a cada dia. 
No dia 31 de março de 1964, tropas de Minas Gerais e São Pau-
lo saíram às ruas. Evitando uma guerra civil, Jango deixou o país, 
refugiando-se no Uruguai. Os militares finalmente tomaram o po-
der e, em seguida, estabeleceram o AI-1 (Ato Institucional). Com 
11 artigos, esse documento dava ao governo militar o poder de 
alterar a constituição, cassar mandatos legislativos, suspender di-
reitos políticos por dez anos e demitir, colocar em disponibilidade 
ou aposentar compulsoriamente qualquer pessoa que fosse con-
tra a segurança do país, o regime democrático e a probidade da 
administração pública, além de determinar eleições indiretas para 
a presidência da república. Foi nesse contexto que emergiu o mo-
vimento sanitário no interior das universidades, como decorrência 
da exclusão da participação dos trabalhadores e técnicos no pro-
cesso decisório das políticas de saúde, as quais eram tomadas pe-
los governos autoritários em seu próprio benefício (BERTOLOZZI; 
GRECO, 1996).
Compreensão do Regime Militar e os reflexos na saúde
"Este é tempo de divisas, tempo de gente cortada... É tempo de 
meio silêncio,
de boca gelada e murmúrio, palavra indireta, aviso na esquina" 
(ANDRADE, s. n. t.).
O novo governo passou a trabalhar por decreto, como já su-
pracitado, pelo chamado AI (Ato Institucional). O presidente bai-
xava o AI sem consultar ninguém, e todos tinham de obedecer. O 
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AI-1 determinava que a eleição para presidente da república fosse 
indireta, ou seja, com o Congresso Nacional já sem os deputados 
e senadores incômodos, devidamente cassados, e um único can-
didato. Em 15 de abril de 1964, era anunciado o primeiro general-
-presidente, que iria governar o Brasil segundo interesses do gran-
de capital estrangeiro nos próximos anos: Humberto de Alencar 
Castello Branco. Esse general, a pouco mais de 20 dias de governo, 
decretou o AI-2, que acabava, definitivamente, com eleições dire-
tas para presidente da república, e quem votaria nesse cargo se-
riam os senadores e deputados, de forma nominal e declarada. Ele 
acaba, também, com partidos políticos, podendo apenas dois exis-
tirem: ARENA (Aliança Renovadora Nacional) E MDB (Movimento 
Democrático Brasileiro). O primeiro era do governo e apoiava o 
regime militar, e o segundo era a oposição consentida. A ditadura, 
querendo uma imagem democrática, permitia a existência de um 
partido levemente contrário, contanto que ninguém fizesse uma 
oposição muito forte. No começo de 1966, é lançado o AI-3, que 
determinava que as eleições para governador também seriam in-
diretas.
No campo econômico do Governo Castello Branco, o salário 
dos operários foi considerado responsável pela crise econômica; 
portanto, os aumentos salariais deveriam ser menores que a in-
flação. Um dos recursos para diminuir salários foi a extinção da 
estabilidade. Pela lei antiga, depois de dez anos numa empresa, o 
empregado praticamente tinha estabilidade, mas isso foi derruba-
do pela criação do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Servi-
ço), em 1966, o qual ainda existe, funcionando assim: todo mês, 
o patrão deposita no banco uma parte do salário do empregado, 
formando uma espécie de caderneta de poupança. Essa poupança 
só pode ser sacada em algumas situações, como compra de casa 
ou determinados problemas de saúde. As empresas, assim, fica-
ram

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