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Medicina Veterinária Diagnóstico Por Imagem Rebeca Meneses 1 PRINCÍPIOS FÍSICOS DAS ONDAS DE ULTRASSOM A frequência é o número de vezes que uma onda é repetida por segundo. Uma onda, ou um ciclo, ocorre quando a pressão começa em um valor normal, aumenta para um valor de alta pressão, diminui (abaixo do valor normal) para um valor de baixa pressão e, em seguida, retorna ao normal. No ultrassom diagnóstico, as frequências tipicamente utilizadas são entre 2 megahertz (MHz) e 15 MHz. Como regra geral, a velocidade é maior em sólidos, menor em líquidos, e ainda mais baixa em gases. Em sólidos, as moléculas estão mais próximas, de modo que as ondas sonoras são transmitidas mais rápido; em gases, as moléculas estão distantes, e as ondas sonoras se propagam de forma mais lenta. Do ponto de vista médico, a propagação das ondas sonoras é mais rápida em ossos e mais lenta nos pulmões preenchidos por ar. Nos tecidos moles, a velocidade média do som é 1,54 mm/μs (1.540 m/s).1-5 A velocidade do som nos tecidos moles é importante porque os equipamentos de ultrassom usam essa velocidade constante para todos os cálculos. INTERAÇÃO DA ONDA DE ULTRASSOM COM A MATÉRIA Impedância acústica de um tecido é o produto da densidade física do tecido e a velocidade do som através dele. As diferenças de impedância acústica entre um tecido e outro determinam quanto da onda sonora é refletido e quanto é transmitido ao segundo tecido. A amplitude do eco de retorno é proporcional à diferença de impedância acústica. Quando dois tecidos apresentam a mesma impedância acústica, não há formação de eco. Se existir uma grande diferença na impedância acústica entre dois tecidos, então quase todo o som será refletido em um eco. O ângulo de incidência é aquele em que a onda sonora encontra um meio. Se o ângulo de incidência for perpendicular (90 graus) ao refletor, a porção refletida do som se propagará na direção oposta (180 graus) à da onda sonora inicial, enquanto a porção transmitida continuará na mesma direção da onda sonora inicial. Se o ângulo de incidência não for perpendicular, então o ângulo de reflexão será igual ao ângulo de incidência. Se uma onda sonora atingir um refletor a mais de 3 graus 2 da perpendicular, então o som refletido, provavelmente, não alcançará o transdutor. O ângulo de transmissão da onda sonora não perpendicular depende da impedância acústica relativa dos dois meios. Qualquer onda sonora que não for refletida em direção ao transdutor não será registrada. Um fato importante é que a quantidade de som refletido e transmitido depende da diferença na impedância acústica dos dois meios. A absorção é o componente dominante do sim nos tecidos moles. A reflexão do feixe soro contribui para a atenuação. Conforme a onda sonora encontra interfaces teciduais de diferentes impedâncias acústicas, um reflexo é gerado. Apenas reflexos que retornam ao transdutor são usados para a formação da imagem. Já a dispersão ocorre quando as ondas sonoras encontram superfícies pequenas e irregulares, isso é Medicina Veterinária Diagnóstico Por Imagem Rebeca Meneses 2 observado principalmente no interior dos órgãos e é responsável pela ecotextura dos órgãos internos. Conforme o feixe sonoro aumenta, a incidência de dispersão aumenta. TRANSDUTORES Um transdutor é um dispositivo que converte uma energia em outra. No US, eles convertem a corrente elétrica em ondas sonoras e vice-versa. Essa conversão é realizada por um cristal piezelétrico. Quando já carga elétrica é aplicada a esses cristais o arterial se deforma e criam onda sonora, e a mesma coisa o contrário. Portanto, o mesmo cristal é utilizado para enviar e receber ondas sonoras, mas esses 2 processos não podem acontecer ao mesmo tempo. Eles podem ser classificados em retângulo (linear), curvo (convexo) ou anel concêntrico (anelar). Dois formatos básicos de imagens ultrassonográficas são encontrados. Imagens obtidas de forma setorial apresentam formato de fatia de torta, enquanto as obtidas de forma linear são retangulares. Imagens setoriais são frequentemente produzidas por transdutores com pequena superfície de contato, enquanto os transdutores lineares geralmente têm superfícies de contato maiores. Para obtenção de imagens do tórax, os transdutores setoriais são preferíveis já que as imagens devem ser adquiridas entre os espaços intercostais. Para avaliação do abdome, o uso de transdutores setoriais ou lineares é, na maioria das vezes, determinado pela preferência pessoal do ultrassonografista. Na maioria dos casos, mais do que um transdutor é utilizado durante um exame. Os aparelhos de ultrassom diagnóstico operam em modo pulsado para obtenção das imagens. Isto significa que o aparelho de ultrassom envia apenas alguns ciclos de ondas sonoras para o tecido e, então, passa o resto do tempo recebendo os ecos que retornam. A frequência de repetição de pulso (PRF) é o número de vezes que este padrão de envio e recebimento é repetido em 1s. Conforme a frequência de uma onda de ultrassom aumenta, a resolução também aumenta. A profundidade de penetração da onda sonora varia inversamente com a frequência. Transdutores de alta frequência são melhores para estruturas que estão mais próximas à superfície, enquanto os de baixa frequência são melhores para estruturas mais profundas. EXIBIÇÃO Dois Modos de exibição são comumente usados: • Modo brilho (modo b ou escala de cinza) que é usado tanto nas imagens abdominais como cardíacas • Movimento (Modo M) usado para ecocardiografia As imagens de modo B são compostas por conjunto de pontos que correspondem a amplitude ou intensidade do eco que retorna. Esses pontos são exibidos em fundo preto e o brilho ou escala de cinza dos pontos é maior (mais branco) para ecos mais fortes. Medicina Veterinária Diagnóstico Por Imagem Rebeca Meneses 3 O modo M registra uma fina secção de imagem ultrassonografica em um determinado período de tempo. A partir da imagem do modo B, a região a ser avaliada pelo M é escolhida. Uma vez que o cursor do modo M está sobre a localização desejada, este modo M é ativado. Em uma imagem em modo M, a profundidade é mostrada no eixo vertical, e o tempo é colocado no eixo horizontal. ARTEFATOS Sombras acústicas são regiões de ecogenicidade diminuída distais às estruturas de alta refletividade. Nessas situações, o feixe sonoro primário é quase completamente refletido ou absorvido. Uma quantidade insuficiente de ecos retornados desta localização distal ao forte refletor faz com que essas regiões pareçam anecogênicas (pretas). O sombreamento é um artefato útil, pois fornece informações sobre a composição da estrutura que o causa. Sombras acústicas que ocorrem naturalmente são encontradas em interfaces tecido mole/osso e tecido mole/gás, como do intestino e do pulmão. Sombras acústicas patológicas ocorrem mais comumente na presença de cálculos renais, vesicais ou biliares. Imagem ultrassonográfica longitudinal de um baço felino feita usando um transdutor linear. Um nódulo hiperecogênico (entre as marcações “+”) produz sombra acústica distal (área preta abaixo do nódulo). O reforço acústico é uma região de maior ecogenicidade localizada além de estruturas de baixa atenuação. Isso resulta em áreas de maior ecogenicidade distais a estas regiões de baixa atenuação. Os dois locais mais comuns de ocorrência do reforço acústico são distais à vesícula biliar e à bexiga urinária. O reforço acústico é uma região de maior ecogenicidade que se forma além das estruturas de baixa atenuação. Na imagem ultrassonográfica à esquerda, a bile na vesícula biliar (estrutura circular preta) não atenua as ondas sonoras tanto quanto a quantidade equivalente de tecido hepático lateral a ela, criando o reforço acústico (área brilhante distal à vesícula biliar). Artefatos de reverberação ocorrem quandoas ondas sonoras refletem várias vezes entre dois refletores fortes. Os artefatos de reverberação aparecem como múltiplos focos hiperecogênicos que ocorrem em intervalos regulares. O primeiro eco é registrado a uma profundidade real do objeto, e ecos subsequentes estão em maior distância do transdutor. Reverberação ocorre quando a onda sonora encontra uma área de alta refletividade, como gases intestinais, e a onda sonora é refletida de volta para o transdutor. Quando a onda sonora refletida encontra o transdutor, a maior parte dela é refletida de volta para o tecido, onde ela encontra novamente a área de alta refletividade. Este ciclo de rebatimento entre o transdutor e o paciente continua, muitas vezes, resultando em focos hiperecogênicos regularmente espaçados. Medicina Veterinária Diagnóstico Por Imagem Rebeca Meneses 4 Os artefatos cauda de cometa e ring-down são uma variação de um artefato de reverberação. Nos artefatos de cauda de cometa, a reverberação é causada por duas superfícies altamente reflexivas estreitamente espaçadas. Os artefatos cauda de cometa podem ser criados pela frente e atrás de uma bolha de gás ou por um pequeno objeto metálico, como um projétil. Na tela, os artefatos cauda de cometa são tipicamente bandas finas e hiperecogênicas em formato cônico triangular em que os ecos sequenciais são tão próximos que não são vistos como ecos distintos. Os artefatos ring- down são criados quando o ultrassom reverbera dentro de fluido preso entre um tetraedro de bolhas de ar. Os artefatos imagem em espelho aparecem como a duplicação de uma estrutura normal no lado oposto de um forte refletor. Isso é mais comumente encontrado quando o fígado é avaliado junto a interface do diafragma/pulmão que atua como uma estrutura altamente refletora. A aparente duplicação da vesícula biliar pode ser usada para explicar o artefato. Normalmente, a onda sonora enviada para a vesícula biliar é refletida de volta para o transdutor e registrada na tela de acordo com o tempo transcorrido até o retorno do eco ao transdutor. Na vesícula biliar artefatual, o som enviado pelo transdutor rebate na interface do diafragma/pulmão em direção à vesícula biliar, em seguida, em vez de retornar ao transdutor, parte do som é refletida da vesícula biliar de volta para a interface do diafragma/pulmão, de onde retorna para o transdutor. O som refletido a partir da interface do diafragma/pulmão levou mais tempo para regressar ao transdutor; assim uma vesícula artefatual é representada em uma localização incorreta dentro do paciente. Um artefato de imagem em espelho de uma vesícula biliar canina ocorreu na interface pulmão/diafragma. A vesícula biliar real (GBr) está no campo proximal, e a vesícula biliar artefatual está no campo distal (GBA). A interface do pulmão/diafragma é linha fina, branca e curva, separando a vesícula biliar real da vesícula artefatual. REFERÊNCIAS Thrall, D. Diagnóstico de Radiologia Veterinária. Grupo GEN, 2019 Kealy, Hester e Graham. Radiografia e Ultrassonografia do Cão e do Gato. Elsevier. INDICAÇÕES Quer mais materiais de Medicina Veterinária por um preço baratinho? Adquira o “Pack de Resumos de Clínica Médica de Pequenos Animais” com 15% de DESCONTO com o cupom PASSEIDIRETO ! De R$ 22,90 por R$ 19,50. Nesse pack você irá encontrar o resumo das principais doenças dos seguintes sistemas: Medicina Veterinária Diagnóstico Por Imagem Rebeca Meneses 5 1. Doenças Infecciosas 2. Neonatologia 3. Sistema Reprodutor do Macho e Fêmea 1. Sistema Respiratório 4. Sistema Urinário 5. 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