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Nycole Santana, 3ºP MALÁRIA A malária é uma doença cujo agente etiológico é um protozoário do gênero Plasmodium. As espécies associadas à malária humana são: P. falciparum, P. vivax, P. malariae e P ovale. Plasmódios que infectam primatas não humanos (macacos) também podem causar doença em humanos, como o P. knowlesi e o P. simium, sendo este último já detectado no Brasil. ● Entendendo o ciclo do Plasmodium A transmissão natural da malária ocorre por meio da picada de fêmeas infectadas de mosquitos do gênero Anopheles. A infecção inicia-se quando os esporozoítos são inoculados na pele pela picada, os quais invadem os hepatócitos. Então, multiplicam-se em forma de esquizonte e dão origem aos merozoítos, que rompem os hepatócitos, caem na circulação sanguínea e invadem as hemácias; a fase envolvendo o fígado denomina-se ciclo exoeritrocítico. OBS: hipnozoítos são formas que �cam dormentes no fígado que podem ser reativas semanas, meses ou anos mais tarde, causando infecções denominadas relapsos (apenas p. vivax e p. ovale possuem). Na hemácia (ciclo eritrocítico), formam-se trofozoítos que podem se diferenciar de duas formas possíveis: merozoítos e em gametócitos masculinos (microgametas) e gametócitos femininos (macrogametas). Esses gametas serão ingeridos pelo inseto durante uma picada, e dentro do estômago do mosquito, fazem reprodução sexuada formando um zigoto. Já os merozoítos formados rompem as hemácias infectadas e invadem outras e tais ciclos eritrocitários repetem-se a cada 48 horas nas infecções por P. vivax e P. falciparum. P. falciparum é a forma mais grave porque na fase exoeritrocítica, há liberação de uma quantidade muito maior de merozoítos. ● Período de incubação (período entre a infecção e o início dos sinais e sintomas) + P. falciparum- 8 a 12 dias - P. vivax- 13 a 17 dias - P. malariae- 18 a 30 dias Manifestações clínicas da malária -> Malária não complicada A crise aguda da malária (acesso malárico) caracteriza-se por episódios de calafrio, febre e sudorese. Pode cursar com temperatura igual ou superior a 40ºC. Contudo, nem sempre se observa o clássico padrão de febre a cada dois dias (terçã). Portanto, não se deve aguardar esse padrão característico para pensar no diagnóstico de malária. Em geral, os paroxismos são acompanhados por cefaleia, mialgia, náuseas e vômitos. ● O quadro clínico depende de fatores como: parasitemia (quantidade de parasitos no sangue); a espécie do plasmodium; imunidade do paciente. ● Gestantes, crianças e primo infectados estão sujeitos a maior gravidade, principalmente se a infecção for por P. falciparum, que é responsável pela maioria dos casos letais. ● O diagnóstico oportuno e o tratamento correto são os meios mais adequados para reduzir a gravidade e a letalidade por malária. ● A tomada de decisão para o tratamento da malária deve ser sempre baseada na con�rmação laboratorial porque os sinais e sintomas são semelhantes a outras doenças febris agudas como dengue, chikungunya, febre amarela, zika. -> Malária complicada ● Manifestações clínicas ● Manifestações laboratoriais e diagnóstico laboratorial Diagnóstico O diagnóstico de malária, em pessoas procedentes de área de transmissão de malária, deve ser pensado nas seguintes situações: - Presença de FEBRE de qualquer intensidade, duração e frequência. - Mal-estar, dor no corpo, dor nas articulações, fadiga, falta de apetite. - Síndrome febril hemorrágica; Síndrome febril ictérica; Síndrome febril neurológica; Síndrome febril respiratória; Síndrome febril com forte dor abdominal. → Diagnóstico microscópico e laboratorial ● O diagnóstico con�rmatório da malária baseia-se no encontro de parasitos no sangue. O método mais utilizado é a microscopia de gota espessa de sangue, colhida por punção digital e corada pelo método de Walker. O método da gota espessa de sangue é considerado padrão-ouro, baseado na visualização do parasito por meio de microscopia óptica permitindo a diferenciação especí�ca dos parasitos, a partir da análise da sua morfologia, e dos seus estágios de desenvolvimento encontrados no sangue periférico. - O esfregaço delgado e testes de diagnóstico rápido (TDR; imunocromatográ�cos) são utilizados em áreas ou situações em que não seja possível realizar microscopia de maneira oportuna. O esfregaço delgado tem baixa sensibilidade. Porém, esse método permite, com mais facilidade, a diferenciação especí�ca dos parasitos a partir da análise morfológica e das alterações provocadas no eritrócito infectado. - A sorologia não deve ser realizada no caso de suspeita de malária. O resultado é relacionado a exposição prévia e é restrito a inquéritos soroepidemiológicos e a estudos cientí�cos. Sua solicitação, no contexto clínico, leva a retardo no diagnóstico e maior risco de complicações Tratamento O tratamento da malária visa atingir o parasito em pontos-chaves de seu ciclo evolutivo: 1) interrupção da esquizogonia sanguínea, responsável pela patogenia e manifestações clínicas da infecção; 2) destruição de formas latentes do parasito no ciclo tecidual (hipnozoítos) das espécies P. vivax e P. ovale, evitando assim as recaídas; OBS-> Das espécies de Plasmodium que afetam o ser humano, apenas o P. vivax e o P. ovale têm hipnozoítos, a forma do parasito que se mantém dormente no fígado. 3) interrupção da transmissão do parasito, pelo uso de drogas que impedem o desenvolvimento de formas sexuadas dos parasitos (gametócitos). → Antes de discutir o esquema terapêutico em si, devemos entender o que é a G6PD. A G6PD é a enzima glicose-6-fosfato desidrogenase que catalisa o primeiro passo da via das pentoses fosfato (isso se trata da oxidação da glicose), produzindo NADPH, um cofator importante para a proteção das células contra o estresse oxidativo. O ponto que devemos entender também é: pacientes com dé�cit de G6PD têm maior susceptibilidade à hemólise quando tratados com primaquina, porque devido ao seu caráter oxidante, a primaquina é capaz de induzir anemia hemolítica grave em pacientes com de�ciência de glicose-6-fosfato desidrogenase. Por isso, deve ser feito o teste de G6PD: ele informa o nível de atividade da enzima Glicose-6 fosfato desidrogenase do paciente para orientar o uso da primaquina ou tafenoquina, e detecta pessoas que podem apresentar efeitos adversos ao utilizar esses medicamentos. Um efeito adverso comum é a anemia grave. ● Tratamento para o P. Vivax (forma mais recorrente) TESTE DE G6PD ESQUEMA TERAPÊUTICO Resultado maior ou igual a 6,1 -normal- (idade 16 anos ou mais) 3 dias de cloroquina + dose única de tafenoquina Resultado entre 4,1 a 6 - intermediário- 3 dias de cloroquina e 7 dias de primaquina diária (0,5 mg/kg) Resultado menor ou igual a 4 3 dias de cloroquina + primaquina semanal (0,75 mg/kg), durante 8 semanas. Ou seja, não pode utilizar primaquina diária e não pode utilizar tafenoquina. → No caso de malária por P. Ovale, o tratamento assemelha-se ao Vivax. → Tratamento para recorrência por P. Vivax O tratamento recomendado é o uso de arteméter + lumefantrina ou artesunato + me�oquina durante 3 dias, e primaquina por 14 dias, esquema com maior e�cácia na ação anti-hipnozoítos. Não se utiliza tafenoquina. ● Tratamento para o P. malarie O tratamento de P. malarie assemelha-se ao tratamento para malária vivax (apenas cloroquina por três dias), porém sem a necessidade de uso da primaquina. ● Tratamento para o P. falciparum Artesunato + me�oquina NOTA- • Gestantes, puérperas com até um mês de lactação e crianças menores de 6 meses não podem usar a primaquina. Em gestantes, o tratamento para o falciparum é: Arteméter 20 mg + Lumefantrina 120 mg ou Artesunato 100 mg + Me�oquina 200 mg. Além disso, gestantes devem fazer uso da cloroquina pro�lática de recaídas (5 mg/kg/dose) semanalmente até o primeiro mês da lactação, para prevenção de recaídas. • Pacientes que pesem mais de 120 kg devem ter sua dose de primaquina calculada pelo peso. ● Tratamento para malária mista (Vivax + falciparum) → Neste caso,não se utiliza tafenoquina. Arteméter 20 mg + Lumefantrina 120 mg / Primaquina 5 mg / Primaquina 15 mg OU Artesunato 25 mg + Me�oquina 50 mg/ Artesunato 100 mg + Me�oquina 200 mg/ Primaquina 5 mg/ Primaquina 15 mg
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