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Assistência e Patologias Cardiológicas Disciplina de Cardiologia FACULDADE SANTA MARCELINA MAYARA SUZANO DOS SANTOS TURMA XIV A 7º Semestre – 2022.1 CARDIOLOGIA Mayara Suzano dos Santos – T XIV A 7º Semestre – 2022.1 2 DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA (DAC) EPIDEMIOLOGIA ETIOLOGIA FATORES DE RISCO FISIOPATOLOGIA A dça isquêmica cardíaca é a principal causa de morte no mundo. Espera-se que esta taxa continue crescendo em consequência do ↑ epidêmico da obesidade, DM2 e sd metabólica Angina instável: ▪ Idade > 65 ▪ + comum em pessoas com mais de 1 fatores de risco Principais: ▪ Aterosclerose ▪ Anomalias congênitas Angina estável: ▪ DAC ▪ Miocardiopatia hipertrófica ▪ HAS não controlada ▪ Espasmo coronariano → metanfetamina, cocaína ▪ Sd X ou microvascular (mulheres) ▪ Ponte miocárdica ▪ Vasculites sistêmicas ▪ RT em região torácica esquerda ▪ Valvopatia aórtica ▪ Miocardiopatia dilatada idiopática ▪ Anemias e policitemia ▪ Hipertireoidismo Imutáveis: ▪ Idade → homens > 45 anos; mulheres > 55 ▪ AF de DAC precoce Mutáveis: ▪ HAS ▪ DM ▪ Dislipdemia → TGL > 200 + LDL > 130 ▪ Tabagismo ▪ Obesidade central ▪ Estresse ▪ Sedentarismo ▪ Personalidade tipo A Aterosclerose: dça inflamatória multifatorial que acomete a camada íntima de aa de médio e grande calibre ▪ Exposição à fatores de risco → agressão endotelial → entrada de moléculas lipídicas no endotélio danificado → estresse oxidativo → inflamação → formação de células espumosas → formação de placa fibroateromatosa com cápsula muscular ▪ Intensa neovascularização → ↑ inflamação → crescimento de ateroma + ↑ tráfego de leucócitos → hemorragia da placa e desestabilização ▪ Instabilidade da placa aterosclerótica → rotura da placa → estímulo trombogênico → agregação plaquetária → obstrução Isquemia miocárdica: ▪ Necrose dos cardiomiócitos → ↓ contratilidade cardíaca - Discinesia → abaulamento da parede miocárdica durante a contração após evento isqêmico que causdou necrose miocárdica ▪ Atraso do relaxamento ▪ ↓ complacência Angina estável = isquemia miocárdica estresse-induzida → ↑ demanda de O2 para o músculo → dor Esforço físico → ↑ FC, PA e contratilidade → DEMANDA > OFERTA = Angina ▪ Característica histológica da placa aterosclerótica na angina estável → pequenos núcleos lipídicos com uma capa fibrosa espessa ou muito espessa e uma baixa tendência à ruptura ▪ Comprometimento de artéria epicárdica por placas ateromatosas → exposição de colágeno, tromboxano A2 e ADP → ↑ suscetibilidade a formação de trombos ▪ Sd X → mulheres que sem obstrução tem comportamento inadequado do fluxo sg → isquemia Angina instável: ruptura/erosão de placa aterosclerótica → agregação plaquetária → formação de trombos → oclusão parcial da artéria comprometida → desbalanço transitório na oferta-demanda ▪ Característica histológica da placa aterosclerótica na angina instável → grande núcleo lipídico com um fibroateroma de cápsula fina, que abriga as placas vulneráveis ou de alto risco com alta propensão à ruptura ▪ Ocasionalmente, quando o paciente apresenta extensa circulação colateral, a oclusão trombótica se apresenta como Sd coronariana aguda sem supra de ST (SCASSST) CARDIOLOGIA Mayara Suzano dos Santos – T XIV A 7º Semestre – 2022.1 3 DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA (DAC) QUADRO CLÍNICO DIAGNÓSTICO7 TRATAMENTO PREVENÇÃO Angina estável: ▪ Dor1 ou desconforto torácico, epigastrico, mandibular ou MMSS desencadeada ou agravada por atividade física, estresse emocional ou atenuada por nitroglicerina ▪ Dispneia ▪ Náuseas e vômitos ▪ Queimação epigástrica ▪ Diaforese ▪ Fadiga e astenia intensa ▪ Vertigem e síncope Angina instável: ▪ Dor torácica em repouso de início agudo Pressão retroesternal, peso ou aperto recorrente, intermitente ou persistente; pode irradiar Duração → minutos a horas ▪ Atípico → Dor contínua, desconforto torácico, indigestão, fadiga e dispnéia DAC: Condição caracterizada pela anormalidade funcional ou estrutural das coronárias, resultando em hipóxia das células miocárdicas Classificação: ▪ Angina estável → dor aos esforços por lesão coronariana (≥ 70% ou lesão do tronco > 50% são apresentações preocupantes) ▪ Sd isquêmica instáveis sem supradesnivelamento ST (suboclusão) ou SCA sem supra, angina instável e IAM sem supra ▪ Sd isquemica com supradesnivelamento ST (oclusão completa), Angina estável: pode permanecer estável por muitos anos em alguns ou pode ser rapidamente progressiva, com uma mudança abrupta na frequência e intensidade ao longo de dias a semanas ▪ Exame físico2 → fundamental para dx diferencial e estimar probabiliadade de DAC significativa ▪ Graduação CCS3 → a mudança brusca da classe funcional indica instabilização do quadro (passa a ser considerada angina instável) ▪ Exames complementares4 (avaliar a probabilidade de isquemia) → ECG 12 variações, RX tórax, laboratoriais para descartar alterações iniciais graves; teste ergométrico, cintilografia do miocárdio, ecocardiograma, AngioTC, cateterismo, RNM cardíaca ▪ Diagnóstico diferencial → HP, pericardite aguda, dissecção aórtica, DRGE, costocondrite e radiculopatia cervical Angina instável (Sd Coronariana Aguda): ▪ Exame físico → avaliar sinais de disfunção de VE, ↑ PA e diagnóstico diferencial ▪ Dosagem de troponina ou CK-MB → INALTERADAS (sem evidência bioquímica de necrose) ▪ ECG → NÃO apresenta supra de ST (quando associada a ↑ das enzimas cardíacas, passa a ser considerado IAMSSST ▪ Angiografia → realizado em pacientes com alto risco de morte ou IAM nos próximos dias Angina estável5: objetiva prevenir IAM e ↓ mortalidade; ↓ sintomas para melhorar qualidade de vida ▪ Identificar e intervir nos fatores de risco → MEV, tratar fatores de risco, perda de peso ▪ A farmacoterapia deve objetivar a prevenção de IAM6 - AAS 100-325 mg/dia uso diário ou uso alternado → inibe tromboxano A2 Salvo algumas contraindicações, está indicado para praticamente todos os pct, pois ↓ mortalidade - β-bloqueadores (1ª escolha), Ivabradina (alternativa, se pct com FC ≥ 70) - Estatinas, fibrato, Ezetimibe e Omega 3 - Clopidogrel (se contraindicado AAS ou em associação com este após Stent) VO 75 mg/dia → inibe ativação plaquetária - ACO (alternativa) → alto risco trombótico, especialmente após IAM - Nitroglicerina SL 6/6h pulando 4ª dose, para alívio imediato da angina - Anlodipino, Verapamil e Diltiazem (BCC) → coronariodilatador - Associar Trimetazidina as demais medicações, se angina refratária - Associar Alopurinol, se terapia anginosa maximamente tolerada - IECA, se DM ou IC; ▪ Cirúrgico → ICP ou RM8, se refratariedade ao tto clínico Angina instável: objetiva corrigir o desbalanço da oferta de O2, estabilizar placaprevenir propagação do trombo e recorrência ▪ AAS, ACO e Nitroglicerina ▪ β-bloqueadores e BCC ▪ Estatinas → estabilização da placa Primária: ▪ Cessação do tabagismo ▪ Atividade física ▪ Dieta saudável e equilibrada Secundária: ▪ Angina estável - Cessação tabágica - Atividade física - Tratar comorbidades com base nas metas CARDIOLOGIA Mayara Suzano dos Santos – T XIV A 7º Semestre – 2022.1 4 DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA (DAC) FISIOLOGIA: ARTÉRIAS CORONÁRIAS Direita (CD): formato de C em torno do AD, emite ramos que irrigam camaras D, parede inferoposterior do VE e septo, quando dominante (85% dos casos) ▪ Ramos marginais D ▪ Artéria do nó sinusal ▪ Ramos descendente posterior ▪ Ramos interventricular posterior Esquerda: ▪ Tronco de CE (TCE) → emite os ramos descendente anterior (DA) e circunflexa (CX) ▪ DA → ramos septais e diagonais (ângulo reto) → irriga toda parede anterior e lateral do VE ▪ CX → marginais esquerdas (ângulo agudo) e, as vezes,ventriculares posteriores → irriga parede lateral alta do VE ▪ Diagonalis (intermédia ou marginalis) → ocorrência quando o tronco é trifurcado (variação anatômica) Importantância: Descendente anterior Dominância: relativo à artéria que emite o ramo ventricular posterior ▪ CD 85% ▪ CE através da CX ▪ Mista (CD + CX) O músculo cardíaco é o único tecido que te tem taxa de extração de O2 quase máxima em repouso (75%) Durante o esforço, ocorre vasodilatação para permitir o ↑ da perfusão proporcionalmente ao ↑ da demanda (reserva coronariana = MVO2), podendo aumentar em até 6x o fluxo sanguíneo. CARDIOLOGIA Mayara Suzano dos Santos – T XIV A 7º Semestre – 2022.1 5 DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA (DAC) DETALHES IMPORTANTES: QUADRO 1. Caracterização da dor torácica na Angina Estável Qualidade → constritiva, aperto, peso, opressão, desconforto, queimação e pontada → constante, mesmo ao movimento Localização → precordial, retroesternal, ombro, epigástrio, cervical, hemitórax e dorso Irradiação → MMSS, ombro, mandúbula, pescoço, dorso e epigástrio Duração → segundos a minutos → + que isso caracteriza IAM Desencadeantes → esforço físico, atividade sexual, posição, alimentação, respiração, componente emocional e espontânea Ocorre durante atividade física, nunca após Fatores de melhora → repouso, vasodilatadores, analgésico, alimentação Sintomas associados → parestesia, sudorese, nausea, vômitos, palidez, dispneia, síncope e pré-síncope hemoptise, tosse Classificação: A. Típica → dor ou desconforto retroesternal desencadeada pelo exercício ou estresse, aliviada pelo uso de vasodilatador B. Atípica → apresenta 2 características da dor típica C. Não cardíaca → nenhuma das características típicas QUADRO 3. CCS Classe I (branda): atividade física habitual não provoca angina, mas esforços físicos prolongados e intensos causam Classe II: discreta limitação para atividades habituais Classe III: limitação para atividades habituais Classe IV (grave): limitação aos mínimos esforços, incapacidade de realizar qualquer atividade QUADRO 2. Achados ao exame físico do pct com angina estável ▪ Arco corneano e xantomas = dislipidemia ▪ Alterações retinianas → HAS e/ou DM ▪ AC com 3ª ou 4ª bulhas → congestão ▪ Deslocamento do ictus → disfunção sistólica de VE QUADRO 4. Exames complementares 1. Laboratoriais + ECG + RX tórax: exclusão de outras causas e avaliação pré-tto a. Laboratoriais → solicitados de acordo com o exame físico, mas é rotina solicitar hemograma, função renal e hepática, eletrólitos, glicemia jejum e perfil lipídico → não apresentam alterações ❖ Pode-se solicitar outros de acordo com o observado no exame físico → BNP, fator V de Leiden, homocisteína b. ECG → avaliação de sobrecargas e bloqueios → sem alterações significativas c. RX tórax PA e perfil → avaliar área cardíaca, massas, alterações pulmonares → não apresentam alterações 2. Exames funcionais (provocativos de isquemia) e anatômicos: Escore de Framingham (avaliação do grau de risco de evento CV) > 20% (intermediário a alto risco) → se o exame funcional estiver alterado, indica-se a avaliação anatômica a. Teste ergométrico → realizado de acordo com protocolos internacionais, os quais aumentam gradativamente a velocidade e inclinação da esteira de forma a exigir esforço físico aumentado → avalia o traçado de ECG durante o exame ❖ Indicação: detectar isquemia miocárdica, reconhecer arritmias e distúrbios hemodinâmicos induzidos pelo esforço, avaliar capacidade funcional e condição aeróbica, diagnóstico e prognóstico de dça CV, prescrição de exercícios, avaliar resultados de intervenção terapêutica, perícia médica ❖ FC max = 220 – idade | FC submáxima = 85% da máxima → é necessário alcançar FC máx para uma leitura adequada ❖ Inconclusivo: presença de BRE, Sd WPW, ausência de alteração de ST se não atingido submáximo, má qualidade do traçado ❖ Positivo para isquemia esforço-induzida: apresenta sintomas com o esforço clínico proporcionado (dor precordial, sudorese, palidez, cianose, estertores pulmonares, novos sopros, agravamento de sopros, ↓ PA > 10 mmHg), alterações no ECG (infradesnivelamento ST em pelo menos 2 derivações ou supradesnivelamento ST na ausência de Q) b. Cintilografia miocárdica → retrata aspecto funcional e metabólico para avaliar reserva miocárdica e isquemia ❖ Radiofármacos: Tecnésio (isquemia), Tálio (viabilidade miocárdica) e Gálio (processo inflamatório) ❖ Estresse farmacológico (se contraindicado esforço físico) → Dobutamina (inotrópico), Dipiridamol (DIB) e Adenosina (vasodilatação = uso da reserva miocárdica) ❖ Hipocaptação transitória na topografia acometida c. Ecocardiograma → avaliação da cinesia das paredes → espera-se que, durante o estresse, ocorra hipercinesia, no indivíduo normal, mas, nas situações de lesão coronária, a parede acometida se encontrará normo/hipocinética ❖ Exame operador-dependente, porém mais acessível e melhor custo benefício ❖ NÃO permite a visualização de artérias coronárias d. Angiotomografia de coronárias (↑ VPN) → solicita-se quando nada indica alteração anatômica (Ex.: atletas) e. Cateterismo (padrão ouro) → pode ser esquerda (arterial – braquial, radial ou femoral) ou direita (venosa) ❖ Contrastes → iônico hiperosmolar (↓ nefrotoxicidade + hidratação SF 0,9% 10 ml/kg em 6h) ❖ Pode ser associado à ventriculografia a depender da função renal de cada pct CARDIOLOGIA Mayara Suzano dos Santos – T XIV A 7º Semestre – 2022.1 6 DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA (DAC) DETALHES IMPORTANTES: QUADRO 5. Base fisiopatológica para o tratamento da angina estável A base fisiopatológica para a angina e isquemia em pacientes com doença cardíaca isquêmica estável tem implicações importantes para a seleção de agentes anti- isquêmicos. Quanto maior a contribuição de demandas miocárdicas de O2 aumentadas para o desbalanço de oferta/consumo de oxigênio, maior a probabilidade de que agentes que reduzem a frequência cardíaca e a tensão na parede, tais como β-bloqueadores ou antagonistas do cálcio não di-hidropiridinas, propiciarão benefício clínico, enquanto os nitratos e os antagonistas do cálcio com propriedades vasodilatadoras mais potentes (principalmente as di-hidropiridinas) serão mais benéficos para aliviar a angina e a isquemia mediadas por vasoconstrição coronariana. QUADRO 6. Farmacoterapia na angina estável ✓ Hipolipemiantes para manter LDL < 50 e não-HDL < 80 = ESTATINAS → também estabilizam placa ✓ Controle da hipertrigliceridemia, se falha de tto com MEV ou TGL > 500 = Fibratos isolado ou associado a Omega 3 ✓ Disfunção ventricular, IC ou DM = IECA → BRA pode ser usado como alternativa ✓ Sintomáticos = nitratos, β-Bloqueador, BCC, Trimetazidina, Ivabradina, Alopurinol QUADRO 8. Indicação de revascularização Nível de evidência A: ✓ Estenose ≥ 50% em TCE ou tronco equivalente (DA e Cx no óstio ou antes da saída de ramos importantes Nível de evidência B: ✓ Estenoses proximal ≥ 70% nos 3 vasos principais com ou sem envolvimento de DA proximal, principalmente em pct com FE < 50% ou com prova funcional com isquemia moderada a grave ✓ Estenose em 2 vasos principais, com lesão proximal de DA, em pct com FE < 50% ou com prova funcional apresentando isquemia moderada a grave ✓ Estenose em 1-2 vasos principais, sem envolvimento de DA, mas com isquemia grave em prova funcional ✓ Angina incapacitante ✓ Estenose em 1-2 vasos, sem envolvimento de DA, mas com PCR pós evento isquêmico com necessidade de RCP ou TV sustentada QUADRO 7. Diagnóstico e abordagem da DAC CARDIOLOGIA Mayara Suzano dos Santos – T XIV A 7º Semestre – 2022.1 7 REFERÊNCIAS: GOLDMAN, Lee. Goldman-Cecil Medicina. [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2018.
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