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Resistência Bacteriana

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A redução ou perda do efeito bacteriano é chamada de resistência, e 
as propriedades ou alterações nas bactérias que resultam em redução 
da atividade bacteriana são chamadas de mecanismos de resistência. 
As bactérias podem ser resistentes a um ou a múltiplos 
antimicrobianos. 
Os principais mecanismos de resistência foram divididos de acordo 
com a forma de inativação do antibiótico: 
PRODUÇÃO DE ENZIMAS QUE DEGRADAM OU MODIFICAM 
ANTIBIÓTICOS: 
o Enzimas que Degradam Antibióticos: 
As principais enzimas que degradam antibióticos são denominadas 
betalactamases, e como o próprio nome diz, atuam catalisando a 
hidrólise do anel beta-lactâmico, levando à perda da ação do 
antimicrobiano sobre a bactéria que continua fazendo a biossíntese de 
sua parede celular. 
É importante saber que as beta-lactamases são divididas em dois 
grandes grupos: 
1. Metalo-carbapenemases (MBL): tem potencial para degradar todos os 
beta-lactâmico, exceto monobactâmico (aztreonam). Exemplos: 
NDM (New Delhi Metallo-beta-lactamase), SPM (São Paulo Metalo-
beta-lactamase) - endêmica e restrita ao territórios brasileiro. 
2. Serina-carbapenemases: tem potencial para degradar todos os beta-
lactâmico, cujo principal exemplo é a: KPC (Klebsiella pneumoniae 
carbapenemase) → detectada em diversos gêneros ou espécies de 
bacilos gram-negativos. Atualmente, as carbapenemases NDM e KPC 
são os principais problemas relacionados às infecções hospitalares por 
bacilos gramnegativos, pois quase sempre essas bactérias também 
expressam outros mecanismos de resistência. 
 
Geralmente as beta-lactamases com maior espectro/potencial de 
degradação (ex.: carbapenemases) têm também potencial para 
degradar betalactâmicos de menor espectro/potencial de atividade 
(ex.: penicilinas naturais). 
Associações de betalactâmicos (penicilinas) com inibidores de 
betalactamases clássicos (ácido clavulânico, sulbactam e tazobactam), 
principalmente amoxicilina-ácido clavulânico, têm sido utilizadas no 
tratamento de infecções não complicadas e não invasivas causadas por 
bactérias produtoras de penicilinases, principalmente por S. aureus e 
o H. influenzae. → A associação de um inibidor de beta-lactamase a 
uma droga que habitualmente é degradada por estas enzimas pode 
restaurar o efeito antimicrobiano e ampliá-lo. 
o Enzimas que Alteram Antibióticos: 
As principais enzimas que modificam antibióticos são as enzimas 
modificadoras de aminoglicosídeos (AME, do inglês aminoglycoside 
modifying enzymes), que alteram a estrutura química destes 
antibióticos, inativando a sua ligação com as subunidades do 
ribossomo, que são o alvo deste antimicrobiano na bactéria. Existem 
diferentes AMEs que conferem resistência aos principais 
aminoglicosídeos: amicacina, gentamicina, tobramicina e 
kanamicina. 
Redução da permeabilidade da membrana externa: 
As bactérias gram-negativas são intrinsecamente menos permeáveis a 
muitos antibióticos por possuírem membrana externa na constituição 
de sua parede celular, o que não existe na parede celular de bactérias 
grampositivas. Dessa forma, a redução da permeabilidade da 
membrana externa é um mecanismo de resistência exclusivo de 
bactérias gramnegativas. 
Para atingir o alvo e agir no meio intracelular (periplasma ou 
citoplasma), os antibióticos devem ultrapassar a membrana externa ou 
toda a parede celular. Antibióticos hidrofílicos (geralmente moléculas 
pequenas) devem atravessar a membrana externa por difusão passiva 
através de proteínas de membrana externa denominadas porinas ou 
Omps (do inglês Outer membrane proteins). 
A redução da permeabilidade da membrana externa pode ocorrer por 
alterações na estrutura das porinas ou mesmo pela perda da porina, 
respectivamente, resultando em permeabilidade mais seletiva ou até 
mesmo impermeabilidade às drogas. Este mecanismo pode afetar 
principalmente a entrada de antibióticos betalactâmicos e de 
fluoroquinolonas. 
 
Sistemas de efluxo hiperexpressos: 
Os sistemas de efluxo são mecanismos naturais de secreção de 
substâncias toxicas resultantes do metabolismo bacteriano, que se 
localizam na parede celular das bactérias e, geralmente, são 
codificados por genes no cromossomo. 
Clinicamente o problema ocorre quando estes sistemas têm sua 
expressão aumentada (hiperexpressão), seja pela maior quantidade 
destes sistemas na bactéria e/ou atividade maior de secreção (sistemas 
hiperativos). 
Nas bactérias gram-negativas, por conta da presença de membrana 
externa, o sistema de efluxo é geralmente composto por uma proteína 
transmembrana interna (que é uma bomba de efluxo), uma proteína 
transmembrana externa (que é uma porina) e uma proteína que faz a 
ligação dessas duas proteínas transmembrana e que compõe o sistema 
de efluxo da bactéria gram-negativa, geralmente chamado sistema 
tripartido ou multicomponente. 
Em bactérias gram-positivas, que não têm a membrana externa, o 
sistema de efluxo é a própria bomba de efluxo, sistema de componente 
simples. 
A atividade dos sistemas de efluxo pode ser inespecífica e excretar 
diferentes antibióticos, de diferentes classes ou subclasses, ou pode 
ser uma atividade específica para uma droga, classe e subclasse de 
antibiótico. Existem também mecanismos de efluxo adquiridos por 
plasmídeos, que geralmente não dependem de hiperexpressão. 
Alteração do sítio alvo (de ligação) do antibiótico: 
A maioria dos antibióticos liga-se especificamente a um ou mais alvos 
na célula bacteriana. Alterações na estrutura do alvo do antibiótico 
impedem a eficiente ligação ou diminuem a afinidade dessa 
interrupção, desse modo o antibiótico não reconhece mais o alvo na 
célula bacteriana. Geralmente, alterações do sítio alvo têm origem em 
mutações em genes da própria bactéria. Essas alterações impedem a 
ligação dos antimicrobianos, mas não interferem na função do alvo 
(ex.: proteína) alterado. Assim, a bactéria mantém suas funções e 
escapa da ação dos antibióticos. 
Um dos principais exemplos são as mutações cromossômicas em 
regiões determinantes de resistência às quinolonas. Mutações nos 
genes gyrA e/ou parC (mais comuns) alteram as enzimas 
topoisomerase IV e/ou DNA gyrase que atuam na duplicação do DNA 
bacteriano e são os alvos das quinolonas. Com estas alterações as 
bactérias escapam da ação das quinolonas, já que a duplicação do 
DNA ocorre normalmente. 
Outro exemplo é a alteração nas proteínas ligadoras de penicilina 
(PBPs, do inglês Penicillin-Binding Proteins), enzimas bacterianas 
que atuam no processo de biossíntese da parede celular bacteriana. 
Essas alterações podem ter origem em mutações em genes 
cromossômicos em S. aureus, S. pneumoniae, S. mitis e N. 
gonorrhoeae e conferem resistência variada aos antibióticos 
betalactâmicos. 
A alteração do sítio alvo dos antibióticos é um importante mecanismo 
de resistência de bactérias gram-positvas e gram-negativas, sendo 
bastante relevante para drogas como as quinolonas (altera as 
topoisomerases), penicilinas (altera PBP e resulta na resistência à 
oxacilina) e vancomicina (altera sitio de ligação da vancomicina na 
resistência dos Enterococcus). 
Bloqueio ou proteção do sítio alvo do antibiótico: 
A proteção ou bloqueio pode funcionar pela produção de enzimas ou 
presença de estruturas celulares bacterianas que impedem a ligação do 
antibiótico ao sítio alvo. 
Um exemplo de proteção é a produção de enzimas denominadas Qnr, 
mediada por genes adquiridos (PMQR, do inglês Plasmid-Mediated 
Quinolone Resistance), que se ligam e protegem a DNA 
topoisomerase tipo II contra a ação das quinolonas, o que diminui a 
sensibilidade destas bactérias aos antibióticos dessa classe. 
Um exemplo de bloqueio às drogas é o espessamento da parede 
celular em S. aureus, mediado pela expressãode um conjunto de genes 
cromossômicos, que funciona como uma barreira e bloqueia o acesso 
de glicopeptídeos (vacomicina e teicoplanina) ao sítio alvo, 
conferindo resistência intermediária para essas drogas nos 
denominados S. aureus intermediário à vancomicina ou 
glicopeptídeos (VISA/GISA) ou resistência total nos S. aureus 
resistentes à vancomicina (VRSA/GRSA). 
A proteção ou bloqueio do alvo de ligação do antibiótico é um 
mecanismo de resistência que ocorre em bactérias gram-positivas tais 
como o S. aureus que tem resistência intermediária (VISA/GISA) ou 
total (VRSA/GRSA) à vancomicina. Este mecanismo também pode 
interferir na capacidade antimicrobiana de quinolonas. 
Os surtos são mais prevalentes em imunodeprimidos - incluindo 
neonatos, idosos, pacientes em unidades de transplantes e de 
tratamento intensivo (UTI).: 
o A maioria dos surtos causados por S. aureus resistentes à oxacilina 
e de infecções da corrente sanguínea causadas por bacilos 
Gramnegativos ocorre em UTI. 
o Os surtos de Legionella spp., Aspergillus spp. e varicela-zóster são 
relatadas com maior frequência, em unidades de hematologia e de 
transplantes. 
o Os surtos hospitalares de Salmonella spp., rotavírus e vírus sincicial 
respiratório são identificados com maior frequência, em unidades 
pediátricas. 
 
Os microrganismos penetram no organismo por diversas vias: 
respiratória, circulatória, através da pele, membrana e pelos olhos. A 
transmissão de um germe patogênico, de um íon primário para um 
hospedeiro, pode ocorrer de maneira direta e indireta. 
o Transmissão direta: é aquela que se faz sem interferência de um 
veículo, ou seja, pode ser através de contato físico, gotículas, etc. 
o Transmissão indireta: pode se dar através de seres animados 
(vetores mecânicos e biológicos) ou inanimados (ar, água, alimentos, 
vômitos, etc). 
O Staphylococcus aureus é considerado um patógeno humano 
oportunista e frequentemente está associado a infecções adquiridas na 
comunidade e no ambiente hospitalar. As infecções mais comuns 
envolvem a pele (celulite, impetigo) e feridas em sítios diversos. 
Algumas infecções por S. aureus são agudas e podem disseminar para 
diferentes tecidos e provocar focos metastáticos. Episódios mais 
graves, como bacteremia, pneumonia, osteomielite, endocardite, 
miocardite, pericardite e meningite, também podem ocorrer. 
Em relação a virulência e resistência bacteriana, recentes estudos 
demonstram índices de mortalidade significativamente mais altos em 
pacientes que desenvolvem bacteremia por MRSA, do que por 
Staphylococcus aureus sensível à meticilina (MSSA). Rubin e 
colaboradores apontaram índices de mortalidade 2,5 vezes maior nos 
casos de infecções por MRSA (21%) do que por MSSA (8%). 
o MRSA = Staphylococcus aureus resistentes à meticilina 
(oxacilina) 
o MSSA = Staphylococcus aureus sensível à meticilina (oxacilina) 
o GISA = Staphylococcus aureus com resistência intermediária aos 
glicopeptídeos 
o GRSA = Staphylococcus aureus resistente aos glicopeptídeos. 
Mecanismo de Resistência das cepas mrsa: 
O mecanismo de resistência está relacionado à alteração de proteínas 
ligadoras de penicilina (PBP), codificada pelo gene mecA e sem 
relação com a produção de beta-lactamases. A presença da PBP2a faz 
com que a meticilina e os compostos penicilinase-resistentes tenham 
baixa afinidade pelo local de ligação na bactéria, a parede celular, e 
por consequência deixem de ser efetivos. O gene mecA é carreado por 
um elemento genético móvel chamado cassete cromossômico 
estafilocócico (SCCmec). 
Algumas cepas de Staphylococcus aureus apresentam um tipo menos 
comum de resistência à oxacilina, não relacionado à presença do gene 
mecA, a resistência bordeline, em que as CIMs de oxacilina estão 
próximos aos pontos de corte. 
O mecanismo de resistência nesses isolados pode ser devido a: 
o Hiperprodução de β-lactamase: cepas conhecidas como BORSA 
(borderline oxacillin-resistant S. aureus); 
o Modificações nas proteínas de ligação de penicilina (PBPs 1, 2 e 
4): cepas conhecidas como MODSA (modified penicillin-binding 
protein S. aureus). 
Os glicopeptídeos (vancomicina e teicoplanina) são as drogas 
clássicas de escolha para o tratamento de infecções causadas por 
MRSA. Cepas MRSA são sempre resistentes: 
o antibióticos β-lactâmicos; 
o todas as cefalosporinas, inclusive as de quarta geração; 
o aos carbapenêmicos, independentemente do resultado obtido no 
antibiograma. 
Outras classes mais recentes de antimicrobianos, como as 
oxazolidinonas (linezolida) podem ser opções no tratamento de cepas 
MRSA. 
Resistências aos glicopeptideos: 
O mecanismo de resistência nessas cepas se dá pela existência de um 
espessamento importante da parede celular bacteriana do S. aureus, 
que dificulta a penetração dos glicopeptídeos. Não foi descrito um 
gene específico, relacionado a essa resistência. Esse mecanismo de 
resistência ainda não está claro, mas estudos sugerem que esse 
fenômeno pode ser mediado pelo acúmulo de material ou por 
alterações na parede celular. 
Apesar da classificação de resistência intermediária, essas cepas não 
respondem clinicamente ao tratamento com vancomicina ou com 
teicoplanina. 
Mrsa adquirido na comunidade: 
Inicialmente o MRSA foi observado somente em hospitais, mas 
atualmente está claro que ele pode ser adquirido também na 
comunidade. 
Em anos recentes, novos relatos surgiram em pacientes (crianças e 
adultos jovens) com manifestações cutâneas e de partes moles, 
aparentemente sem contato com hospitais. Esse tipo de resistência, 
que também é mediado pelo gene MecA, é carreado por um elemento 
genético móvel conhecido como cassete cromossômico estafilocócico 
(SCCmec) tipo IV, que é bem menor que os outros tipos de SCCmec 
que possuem o gene MecA das cepas MRSA de origem hospitalar 
(HA-MRSA). 
Três mecanismos básicos de resistência aos ß- lactâmicos têm sido 
descritos: 
ALTERAC ̧ÃO DO SÍTIO DE AC ̧ÃO: 
A alteração de PBPs é o principal mecanismo de resistência bacteriana 
aos ß-lactâmicos nos cocos Gram-positivos e em algumas bactérias 
fastidiosas Gram-negativas, como a Neisseria gonorrhoeae. Apesar de 
já ter sido demonstrado em amostras de Haemophilus influenzae e P. 
aeruginosa, esse mecanismo é raro em bacilos Gram-negativos. 
ALTERAC ̧ÃO DA PERMEABILIDADE DA MEMBRANA EXTERNA 
BACTERIANA: 
As ß-lactamases são enzimas que catalisam a hidrólise do anel ß-
lactâmico, impossibilitando a atividade antimicrobiana. A resistência 
ao antimicrobiano ß- lactâmico irá depender da: 
o Quantidade de enzima produzida; 
o Habilidade dessa enzima em hidrolisar o antimicrobiano em 
questão; 
o Velocidade com que o ß-lactâmico penetra pela membrana 
externa. 
Nas bactérias Gram-positivas, as ß-lactamases são secretadas para o 
meio extracelular e são menos ativas do que as beta-lactamases 
produzidas pelas bactérias Gram-negativas. Nestas, as beta-
lactamases encontram-se estrategicamente situadas no espaço 
periplasmático, podendo alcançar maiores concentrações e agir de 
modo mais eficaz sobre os antimicrobianos ß-lactâmicos que 
atravessam o espaço periplasmático para alcançar as PBPs. 
Ação do ß-lactâmico sobre a bactéria gram-positiva e gram-negativa: 
na bactéria gram-negativa, a parede bacteriana dificulta o acesso do 
ßlactâmico ao seu sítio de ação (que se localiza na membrana celular). 
As ßlactamases ficam dispersas fora da célula bacteriana nas gram-
positivas, enquanto se concentram no espaço periplasmático nas 
gram-negativas, onde atuam sobre os ß-lactâmicos de maneira mais 
eficaz. 
ESBLs (β-lactamases de espectro estendido) são β- lactamases da 
classe A ou D que possuem algumas características específicas,como: 
o Presença de sítio ativo-serina; 
o Capacidade de hidrolizar cefalosporinas de amplo espectro; 
o Inibição in vitro por inibidores de β-lactamases como ácido 
clavulânico, sulbactam e tazobactam. 
Os genes de codificam estas enzimas estão geralmente contidas em 
plasmídios, os quais podem ser transferíveis entre bactérias da mesma 
espécie ou de gêneros/espécies diferentes. As ESBLs são mais 
frequentes entre amostras clínicas de enterobactérias, especialmente 
K. pneumoniae e hidrolisar. coli. 
A utilização clínica de antimicrobianos, para infecções causadas por 
isolados clínicos produtores de ESBL, é baseada em estudos in vitro, 
relatos de caso, estudos retrospectivos e prospectivos observacionais. 
Entretanto, faltam resultados de ensaios clínicos randomizados 
controlados que indiquem, dentre os antimicrobianos disponíveis, a 
melhor opção para tratamento de infecções causadas por estes 
microrganismos multirresistentes. 
Estas enzimas hidrolisam todos os β-lactâmicos, à exceção dos 
carbapenems e cefamicinas. A cefoxitina não é uma cefalosporina, e 
sim uma cefamicina. É importante esclarecer que, apesar destas 
amostras apresentarem sensibilidade in vitro à cefoxitina, a sua 
utilização para tratamento de infecções por ESBL não é recomendada, 
devido à possibilidade de falha terapêutica. 
Apesar das ESBLs não hidrolisarem a cefoxitina, isolados clínicos 
produtores de ESBL podem se tornar resistentes a estes agentes por 
outros mecanismos, como a produção concomitante de β-lactamases 
do grupo 1 (AmpC) e/ou da perda de porinas, com consequente 
diminuição de permeabilidade de membrana externa. Portanto, o 
relato de ESBL pelo laboratório de rotina representa, na prática 
clínica, a impossibilidade de utilização de quaisquer β- lactâmicos, à 
exceção dos carbapenems, para o tratamento de infecções causadas 
por este microrganismo. Outras classes de antimicrobianos não β-
lactâmicos, como aminoglicosídeos e fluoroquinolonas, não sofrem 
hidrólise por esta enzima e podem ser alternativas terapêuticas. 
Entretanto, como amostras produtoras de ESBL também podem 
carrear outros mecanismos de resistência, sendo geralmente 
resistentes a estas outras classes de antimicrobianos, a sua utilização 
vai depender do resultado obtido pelos testes de sensibilidade 
(antibiograma). 
A tigeciclina apresenta atividade contra a maioria dos bacilos 
gramnegativos, à exceção de P. mirabilis e P. aeruginosa, e pode ser 
uma opção de tratamento, pois sua atividade não é afetada pela 
produção de ESBLs e/ou β-lactamases cromossômicas. 
Embora os inibidores de β-lactamases apresentem atividade in vitro 
contra ESBL, a utilização destes compostos como opção terapêutica 
para tratamento de infecções causadas por estes microrganismos não 
está bem estabelecida. Há indícios de que estes inibidores possam não 
ser ativos frente a amostras clínicas hiperprodutoras de alguns tipos 
de ESBL. Adicionalmente, isolados clínicos produtores de ESBL 
podem possuir outros mecanismos de resistência, como perda de 
porinas, contra os quais os inibidores de β-lactamases podem ser 
ineficazes. Portanto, diante de um resultado de ESBL liberado pelo 
laboratório de rotina, deve-se descartar a utilização de qualquer β- 
lactâmico, à exceção dos carbapenems (imipenem, meropenem, 
ertapenem). Outras classes de antimicrobianos podem ser utilizadas, 
dependendo do resultado in vitro dos testes de sensibilidade. 
Degradação da droga através da produção de b-lactamases. 
 
A resistência aos carbapenens em microrganismos Gram-negativos 
pode ser decorrente de: 
DIMINUIÇÃO DA PERMEABILIDADE DA MEMBRANA EXTERNA: 
A diminuição da permeabilidade da membrana externa aos 
carbapenems e outros antimicrobianos pode ocorrer pela perda ou 
expressão reduzida de proteínas de membrana externa (porinas), 
geralmente associadas à β-lactamases com baixa afinidade aos 
carbapenens. 
Hiperexpressão de bombas de efluxo: 
Em bactérias Gram-negativas, o sistema de efluxo tipicamente possui 
três componentes: 
o Uma bomba de efluxo, situada na membrana interna ou 
citoplasmática; 
o Uma proteína formadora do canal extrusor na membrana externa 
(OMP); 
o Uma proteína de fusão (MFP) que liga estes dois componentes. 
O sistema RND-MFP-OMP possui um amplo espectro, expulsando da 
célula bacteriana substratos como antimicrobianos, anti-sépticos, 
desinfetantes, desempenhando um importante papel na resistência 
intrínseca e adquirida de vários patógenos Gram- negativos. Estes 
sistemas são codificados por genes cromossomais e sua expressão está 
sob o controle de genes reguladores. 
Uma mutação ou mesmo uma deleção nos genes reguladores pode 
resultar em hiperexpressão dos sistemas de efluxo e, 
consequentemente, na extrusão de antimicrobianos em níveis 
elevados, impedindo-os, assim, de atingirem seu sítio de ação. Uma 
vez que os genes que codificam esses sistemas de efluxo são 
principalmente constitutivos, existe a possibilidade de qualquer 
microrganismo desenvolver este fenótipo de resistência. 
Além de conferir resistência a β-lactâmicos, os sistemas de efluxo 
podem contribuir para a resistência intrínseca e adquirida de Gram-
negativos a outros antimicrobianos, como tetraciclinas, 
fluoroquinolonas, cloranfenicol e eritromicina. O sistema de efluxo é 
um mecanismo comum dentre isolados de Gram-negativos, e a sua 
hiperexpressão associada a outros mecanismos pode contribuir para 
um fenótipo de multirresistência, restringindo as opções terapêuticas. 
PRODUÇÃO DE ENZIMAS (B-LACTAMASES) QUE DEGRADAM OS 
CARBAPENEMS: 
Dentre as carbapenemases, as enzimas conhecidas como metalo-
βlactamases (MβLs) são as mais freqüentes. As MβLs são β-
lactamases pertencentes à classe B de Ambler ou à classe 3 de Bush-
Jacoby, que hidrolisam todos beta-lactâmicos comercialmente 
disponíveis, à exceção do aztreonam. As MβLs apresentam a mesma 
estrutura tridimensional (abba) e necessitam de dois íons divalentes, 
usualmente zinco, como cofator para atividade catalítica. 
Adicionalmente, estas enzimas são inibidas in vitro por EDTA e 
compostos derivados do ácido tiolático (ex.: ácido 2- 
mercaptopropiônico) e não são inibidas por inibidores de serino-
βlactamases disponíveis comercialmente, como o ácido clavulânico, 
o sulbactam e o tazobactam. Estas enzimas são produzidas 
intrinsecamente por alguns microorganismos, tais como 
Stenotrophomonas maltophilia, Bacillus cereus, Chryseobacterium 
meningosepticum, C. indologenes, Legionella gormanii, Caulobacter 
crescentus e Aeromonas spp. Metalo-βlactamases têm sido 
identificadas em patógenos clinicamente importantes, como 
Pseudomonas, Acinetobacter e membros da família 
Enterobacteriaceae. Por localizarem-se em estruturas genéticas, que 
conferem mobilidade aos genes, estes determinantes de resistência são 
conhecidos como as MβL móveis ou MβL adquiridas. Este 
mecanismo é muito importante e determina resistência aos 
carbapenens (imipenem, meropenem). Atualmente, são conhecidas 
quatro sub-classes de MβLs adquiridas: IMP, VIM, SPM, e GIM. As 
MβL adquiridas são codificadas por genes localizados tanto no 
cromossomo quanto no plasmídio bacteriano. No entanto, com 
exceção da enzima SPM-1, as demais MβL adquiridas são codificadas 
por genes localizados em integrons. 
A aquisição de genes codificadores de MβLs representa a diminuição 
de sensibilidade aos β-lactâmicos, incluindo carbapenems, e 
impossibilitando a sua utilização como opção terapêutica. Estas 
enzimas possuem um amplo espectro de atividade contra a maioria 
dos β- lactâmicos, e conferem altos níveis de resistência aos 
carbapenems. Embora o aztreonam apresente sensibilidade in vitro a 
amostras produtoras de MβLs,não há estudos suficientes que 
justifiquem a utilização deste antimicrobiano nestes casos. O CLSI 
não contempla, até o momento, testes in vitro para identificação 
rotineira de cada mecanismo de resistência associado à diminuição de 
sensibilidade aos carbapenens. Portanto, o laudo do antibiograma 
indicará apenas resistência à imipenem, e/ou meropenem, e/ou 
ertapenem. Entretanto, independente do mecanismo de resistência, o 
relato de resistência in vitro aos carbapenems indica a impossibilidade 
de utilização dos mesmos. Dentre as opções terapêuticas disponíveis, 
estão as fluoroquinolonas e polimixinas, que podem ser utilizadas 
dependendo do resultado dos testes de sensibilidade. 
• Schafer AI, Goldman.L. Cecil Tratado de Medicina Interna. 26ª Ed. 
Rio de Janeiro: Elsevier; 2018. 
• Resumos da Med. 
• Rang. Rang & Dale Farmacologia. 9ª Ed. Elsevier; 2020. 
• SanarFlix

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