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9 Seções de estudo Habilidades Capítulo 1 Temperatura, calor e a Primeira Lei da Termodinâmica A partir do estudo deste capítulo, espera-se que o estudante compreenda as relações térmicas entre um sistema e o ambiente no qual está inserido; saiba identificar a diferença entre temperatura e calor e os mecanismos de transferência de calor, além de analisar os dois principais efeitos do calor: variação de temperatura e mudança de estado. Seção 1: Temperatura, calor, escalas de temperatura e termômetro Seção 2: Equilíbrio térmico e a Lei Zero da Termodinâmica Seção 3: Expansão térmica e transmissão de calor Seção 4: Natureza e quantidade de calor Seção 5: Gases ideais Seção 6: Calor, trabalho e a Primeira Lei da Termodinâmica SCHERVENSKI, Altamiro Quevedo. Fundamentos da termodinâmica e mecânica dos fluidos. 1ª ed. Palhoça: UnisulVirtual, 2014 10 Capítulo 1 Seção 1 Temperatura, calor, Escalas de temperatura e Termômetros Como podemos definir temperatura? O conceito de temperatura tem sua origem nas ideias qualitativas de “quente” e “frio”, que são baseadas em nosso sentido de tato. Quando tocamos um corpo qualquer, podemos dizer se ele está frio ou quente. O tato nos permite ter essa percepção. Mas qual é a diferença de um corpo “frio” para um corpo “quente”? Para responder a essa questão, precisamos entender que as moléculas dos corpos estão em constante movimento ou em constante vibração. A energia de movimento que elas possuem é chamada energia térmica ou energia interna. Essa energia está associada à propriedade da temperatura, e quanto maior for a temperatura, maior é a energia térmica do corpo. Assim, podemos afirmar que: <exclamação> Temperatura é a grandeza física que mede o estado de agitação de átomos e moléculas que constituem os corpos. Muitas propriedades da matéria que podem ser medidas dependem da temperatura. O comprimento de uma barra metálica, a pressão no interior de uma caldeira, a intensidade da corrente elétrica transportada por um fio e a cor de um objeto incandescente muito quente são exemplos de grandezas que dependem da temperatura e, portanto, sofrem alteração, à medida que a temperatura varia. Essas propriedades, então, podem ser utilizadas para se medir temperatura. Para se medir temperatura, necessitamos de uma propriedade em um sistema que sofra alteração, com a variação da temperatura. As substâncias em geral sofrem dilatação ou aumentam de volume, quando sofrem aumento de temperatura. Assim, uma barra de ferro, por exemplo, aumenta de comprimento quando colocada em contato com o fogo. Do mesmo modo, o volume de um gás contido num balão elástico aumenta quando cresce a temperatura. E uma coluna de mercúrio contida num tubo sofre o mesmo efeito quando submetida a uma alteração de temperatura e quando aumenta de altura. Essa propriedade que os corpos apresentam de mudar de volume quando a temperatura é modificada pode ser usada para medir temperaturas. Fundamentos de Termodinâmica e Mecânica dos Fluidos 11 Os termômetros de mercúrio, muito comuns em laboratórios, clínicas médicas e mesmo em casa, funcionam baseados na dilatação do mercúrio. Também devemos observar que a medida de temperatura é feita após ser atingido o equilíbrio térmico entre um corpo e o termômetro. Vamos supor que precisamos medir a temperatura da água em um copo. Colocamos o termômetro dentro dele e aguardamos alguns minutos, para que a água e o termômetro entrem em equilíbrio térmico. A variação de temperatura, para mais ou para menos, sofrida pelo mercúrio, vai fazer com que seu volume varie, para mais ou para menos. Com isso, ele sobe ou desce na escala de temperaturas, indicando o valor correto da temperatura. Além do termômetro de mercúrio, outros termômetros podem ser comercialmente encontrados. Abaixo descrevem-se alguns tipos de termômetros. 1.1 Tipos de termômetros e suas características 1.1.1 Termômetro de mercúrio Tubo capilar de vidro, fechado a vácuo, e um bulbo (espécie de bolha arredondada) em uma extremidade, contendo mercúrio Esse aumenta de volume quando sofre variação de temperatura. O volume do mercúrio aquecido se expande no tubo capilar do termômetro. E essa expansão é medida pela variação do comprimento, numa escala graduada que pode ter uma de 0,05° C, conforme ilustra a Figura 1.1. Figura 1.1 - Termômetro com bulbo cheio com mercúrio Fonte: EGERT, PAOLA (2010). 12 Capítulo 1 1.1.2 Lâmina bimetálica Os mais conhecidos termômetros metálicos baseiam-se no fenômeno da deformação termodinâmica. Esse efeito acontece quando uma barra de metal é ligada à outra de coeficientes de dilatação diferentes, conforme ilustra a Figura 1.2. A passagem da corrente elétrica irá aquecer o conjunto de forma desigual, resultando diferentes dilatações e assim num arqueamento da barra, que pode ser usado tanto para abrir ou fechar válvulas, como para ligar ou desligar circuitos elétricos, ou no caso, registrar a quantidade de corrente que atravessa a barra. Figura 1.2 - Lâmina bimetálica Fonte: EGERT, PAOLA ( 2010). 1.1.3 Pirômetro óptico Um pirômetro (também denominado de pirômetro óptico) é um dispositivo que mede temperatura sem contato com o corpo/meio do qual se pretende conhecer a temperatura. Geralmente esse termo é aplicado a instrumentos que medem temperaturas superiores a 60° C, conforme ilustra a Figura 1.3. Uma utilização típica é a medição da temperatura de metais incandescentes em fundições. Figura 1.3 - Pirômetro óptico. Fonte: EGERT, PAOLA (2010). Fundamentos de Termodinâmica e Mecânica dos Fluidos 13 1.2 Escalas de temperatura Muitas escalas de temperaturas foram construídas ao longo do tempo, mas duas delas foram popularmente escolhidas, a escala Celsius (anteriormente chamada escala centígrada) e a escala Fahrenheit. Essas duas escalas foram definidas atribuindo-se dois pontos de temperatura na escala e, posteriormente, a distância entre eles em um determinado número de intervalos igualmente espaçados. 1.2.1 Escala Celsius A escala Celsius foi sugerida pelo físico e astrônomo sueco Anders Celsius, no século XVII, que utilizou a temperatura de fusão do gelo e a temperatura de ebulição da água. Ele sugeriu para temperatura de fusão do gelo, ao nível do mar, o valor arbitrário de 0 grau (hoje 0° C) e para a temperatura de ebulição da água, também ao nível do mar, o valor de 100 graus (100° C, valor igualmente arbitrário). Construindo um termômetro: Com os pontos descritos acima, podemos construir um termômetro calibrado na escala Celsius. Para tal é necessário um tubo fino (tubo capilar) de vidro, com um reservatório para o mercúrio. Coloca-se o conjunto num recipiente com gelo em fusão (que, portanto, está à temperatura de 0° C) e, após alguns minutos, quando o mercúrio parar de descer, por entrar em equilíbrio térmico com a mistura água- gelo, faz-se uma marca para 0° C. Em seguida, coloca-se o tubo em água fervente (que na escala Celsius está a 100 graus) e faz-se uma marca para 100° C. A seguir divide-se o espaço entre as duas marcas em 100 partes e fecha-se o tubo. O termômetro está pronto para ser usado. 1.2.2 Escala Fahrenheit Na escala Fahrenheit, ainda em uso nos países de língua inglesa, ao 0 e ao 100 da escala Celsius correspondem respectivamente os números 32 e 212, conforme ilustra a Figura 1.4. Assim, entre a temperatura de fusão do gelo, que nessa escala corresponde a 32° F, e da ebulição da água, que é 212° F, estão compreendidos 180° F. 14 Capítulo 1 Figura 1.4 - Escalas de temperaturas: Celsius e Fahrenheit Fonte: EGERT, PAOLA ( 2010). Podemos ver na Figura 1.4 que o intervalo entre os pontos de congelamento e ebulição da água, na escala Celsius, é de 100 graus, enquanto que na escala Fahrenheit é de 180 graus. Podemos então dizer que o grau da escala Celsius é maior que o grau da escala Fahrenheit. O tamanho do grau da escala Celsius é maior do que o grau da escalaFahrenheit, por um fator de 180/100 ou 9/5. Exemplo 1 Uma pessoa saudável apresenta uma temperatura que, se medida na escala Fahrenheit, é 98,6° F. Com base na Figura 1.5, qual é o valor correspondente dessa temperatura na escala Celsius? Fundamentos de Termodinâmica e Mecânica dos Fluidos 15 Figura 1.5 - Exercício sobre escalas de temperaturas: Celsius e Fahrenheit Fonte: EGERT, PAOLA (2010). Como a temperatura de 98,6° F está 66,6 graus da escala Fahrenheit acima do ponto de congelamento, que é 32° F, determinamos o valor correspondente a esse intervalo na escala Celsius, usando a relação: Esse é o correspondente intervalo de temperatura na escala Celsius. E a temperatura da pessoa está 37° C acima do valor de congelamento da água, que é 0° C. Assim, a temperatura é a soma de 37,0° C + 0° C = 37,0° C. 1° C = 9 5 °F 16 Capítulo 1 A relação entre as escalas Celsius e Fahrenheit é dada pela equação 1.1. 09 32. 5F C T T F= + ou (Eq. 1.1) 1.2.3 Escala Kelvin As escalas Celsius e Fahrenheit são amplamente utilizadas, mas a escala que apresenta uma maior importância científica é a escala Kelvin. Ela foi proposta pelo Lord Kelvin (1824-1907) e, por acordo internacional, o símbolo K não utiliza o sinal de grau (°). Assim, uma temperatura nessa escala, como 300 K, é lida como “trezentos Kelvins” e não “trezentos graus kelvins”. O Kelvin é a unidade fundamental do SI para temperaturas. Teoricamente, sabemos que não há um limite superior para a temperatura que um corpo pode alcançar, mas sabemos também que existe um limite inferior. Os cientistas verificaram que é impossível reduzir a temperatura de qualquer substância a um valor inferior a –273° C (correspondente ao zero absoluto). A Figura 1.6 compara as escalas Kelvin e Celsius, onde podemos observar que o tamanho um Kelvin é idêntico ao de um grau na escala Celsius. Na escala Kelvin, a temperatura de fusão do gelo corresponde a 273,15 K e a de ebulição da água, a 373,15 K, portanto, existe um intervalo entre esses pontos de cem divisões, exatamente como na escala Celsius. Figura 1.6 - Escalas de temperaturas: Celsius e Kelvin Fonte: EGERT, PAOLA (2010). Fundamentos de Termodinâmica e Mecânica dos Fluidos 17 A temperatura Kelvin T e a temperatura Celsius TC estão relacionadas pela equação 1.2. 273,15.K CT T K= + (Eq. 1.2) Seção 2 Equilíbrio térmico e a Lei Zero da Termodinâmica Dois corpos que apresentam temperaturas iniciais diferentes, ao serem colocados em contato, experimentam uma temperatura final intermediária. Essa é uma experiência que todos nós temos de nosso dia a dia. Como exemplo, podemos utilizar o caso de uma pedra de gelo, ao ser introduzida em um copo de água. Nesse caso, o gelo derrete e a temperatura da água sofre um decréscimo. Imaginemos então dois corpos colocados em um recipiente isolado, formando aquilo que chamaremos de um sistema isolado. Quando esses corpos apresentam temperaturas diferentes, energia é trocada entre eles, até que ao final suas temperaturas sejam as mesmas. Dizemos que esses corpos estão em contato térmico e as trocas de energia cessam quando esses corpos atingem o equilíbrio térmico. Assim, dois corpos estão em equilíbrio térmico quando suas temperaturas são iguais. Esse resultado pode ser resumido em um enunciado conhecido como a Lei Zero da Termodinâmica. Vamos acompanhar o raciocínio: Sejam três sistemas A, B e C que não estavam inicialmente em equilíbrio térmico. Colocamos os sistemas no interior de uma caixa isolante ideal (um material isolante térmico é um material que inibe a passagem de calor). Separamos A e B por meio de uma parede isolante ideal e deixamos C interagir com A e com B, por meio de uma parede condutora. Aguardamos o equilíbrio térmico. A e B estão simultaneamente em equilíbrio com C. E A está em equilíbrio com B? Se isolarmos C e colocarmos A e B em contato veremos que não haverá trocas térmicas. Quando C está em equilíbrio térmico com A e B, então, A também está simultaneamente em equilíbrio com B, conforme ilustra a Figura 1.7. Assim, podemos enunciar a Lei Zero da Termodinâmica: Todo corpo tem uma propriedade chamada temperatura. Quando dois corpos estão em equilíbrio térmico, suas temperaturas são iguais. 18 Capítulo 1 Figura 1.7 - Equilíbrio térmico entre três corpos Fonte: EGERT, PAOLA (2010). Seção 3 Expansão térmica e transmissão de calor A maioria dos materiais sofre uma dilatação ou um aumento de volume, como consequência de um aquecimento, e sofre uma contração, ou uma diminuição de volume, devido ao resfriamento. Esses fenômenos estão diretamente relacionados com o aumento ou a diminuição da temperatura dos corpos e são conhecidos como dilatação e contração térmica. Você certamente já observou os trilhos de uma estrada de ferro. Entre dois pedaços consecutivos de trilho, há um espaço. As pontes de concreto, quando muito extensas, não são construídas em um único bloco. São formadas por vários blocos de concreto, construídos um ao lado do outro. E, entre dois blocos vizinhos, também há um espaço. Esses espaços são calculados pelos construtores de linhas férreas ou de pontes, porque, sob a ação do calor, o aço e o concreto aumentam de tamanho. Se uma linha férrea fosse construída com os trilhos se tocando, a dilatação que ocorreria quando os trilhos se aquecessem provocaria uma deformação na linha. Com as pontes aconteceria coisa semelhante. Se uma ponte de concreto fosse construída em um único bloco, a dilatação do concreto, quando a temperatura aumentasse, causaria rachaduras na ponte. Esse efeito sobre os materiais pode ser mais bem compreendido se usarmos um raciocínio já construído. Já vimos que, quando um corpo absorve calor, a agitação térmica de suas moléculas torna-se mais intensa, provocando um aumento na temperatura desse corpo. Com o aumento da agitação térmica, aumenta a amplitude da vibração de cada átomo. Assim, o volume necessário para acomodar os átomos ou moléculas de um sólido em alta temperatura é maior do que o volume ocupado pelas mesmas Fundamentos de Termodinâmica e Mecânica dos Fluidos 19 partículas quando o material está em temperaturas mais baixas. Portanto, o corpo aumenta de volume. Suponha um corpo com um comprimento inicial Lo a uma determinada temperatura, ao longo de uma direção. Se a temperatura desse corpo aumenta de uma quantidade ∆T, experimentos mostram que seu comprimento aumenta de uma quantidade dada pela equação 1.3 ou de outra forma, pela equação 1.4: ∆L = Loa∆T (Eq. 1.3) L – Lo = Loa(Tf - Ti) (Eq. .4) Onde é coeficiente médio de dilatação linear que depende do material e tem unidades de ou , dado pela equação 1.5. (Eq. 1.5) Observamos que o aumento no comprimento ∆L é diretamente proporcional à variação de temperatura ∆T e é a constante de proporcionalidade na relação. Isso é válido para intervalos de temperatura baixos. Então, quando duas barras feitas com o mesmo material sofrem a mesma variação de temperatura, porém, uma possui o dobro do comprimento da outra, a variação do comprimento também é duas vezes maior. Alguns materiais como a madeira e o cristal se dilatam de modo diferente, em diferentes direções, mas esse fator não está sendo considerado em nosso estudo. A tabela a seguir mostra os valores para o coeficiente médio de expansão linear para diferentes materiais. Quando tratamos de um líquido, a expansão volumétrica é o único parâmetro que faz algum sentido. Assim, se a temperatura de um líquido, de volume Vo, aumenta sua temperatura de um valor ∆T, a variação de volume sofrida é dada pela equação 1.6 ou de outra forma, pela equação 1.7. ∆V = Vob∆T (Eq. 1.6) Sendo b o coeficiente médio de dilatação volumétrico, que depende do material e tem unidades de ou . A relação entre os coeficientes de dilatação linear e volumétrico é dado pela equação 1.8.: b = 3a(Eq. 1.8) L = Lo T 20 Capítulo 1 Tabela 1.1 - Coeficiente de dilatação Coeficiente de dilatação • K–1 ou (°C) –1 Material Dilatação linear Dilatação volumétrica Aço 1,1×10–5 — Gelo 5,1×10–5 Água 4,19×10–5 Álcool etílico — 75×10–5 Alumínio 2,3×10–5 7,2×10–5 Ar — 3,67×10–3 Chumbo 2,9×10–5 — Cobre 1,7×10–5 5,1×10–5 Diamante 0,12×10–5 — Glicerina — 0,5×10–3 Latão 2,0×10–5 — Mercúrio — 18,2×10–5 Ouro 1,4×10–5 — Petróleo — 0,9×10–3 Prata 1,9×10–5 — Vidro 0,4-0,9×10–5 1,2-2,7×10–5 Zinco 2,5×10–5 — Fonte: . EGERT, PAOLA (2010). Exemplo 2 Os trilhos em uma ferrovia são constituídos de aço e colocados quando a temperatura é de 0° C. Qual é o espaçamento necessário entre os trilhos de 12 m de comprimento, para que eles se toquem quando a temperatura atingir 42° C? Fundamentos de Termodinâmica e Mecânica dos Fluidos 21 Para resolver essa questão, precisamos consultar a tabela de coeficientes de dilatação linear para encontrar o valor para o aço que é 1,1×10–5° C–1. Aplicando a equação para a dilatação temos: ∆L = Loa∆T ∆L = 12 m × 1,1×10-5° C–1 (42 – 0)° C ∆L = 5,5×10-3 m = 5,5 mm 3.1 O comportamento da água em função da temperatura Conforme já estudamos, um líquido geralmente aumenta de volume quando sofre um aumento de temperatura e diminui de volume quando sofre uma redução de temperatura. No entanto, a água constitui uma exceção para uma pequena faixa de temperatura. Entre 0 e 4° C, o volume se contrai com o aumento da temperatura ou a densidade aumenta (r = m⁄v) e, em 4° C, o volume passa por um mínimo, logo, a densidade passa por um valor máximo 1000 kg/m3. Esse comportamento da densidade da água em função da temperatura pode ser entendido se observamos o gráfico da Figura 1.8. Acima de 4° C, a água apresenta o comportamento previsto em função da temperatura. Figura 1.8 - Dilatação térmica da água Fonte: EGERT, PAOLA (2010). É por meio desse fenômeno que podemos explicar por que um lago congela inicialmente na superfície e não em seu interior. Ao diminuir a temperatura do ambiente, a água na superfície do lago também diminui e, consequentemente, diminui seu volume ou sua densidade na superfície aumenta. A água abaixo da superfície está com uma densidade menor e ainda não sofreu diminuição de temperatura. Assim, a água da superfície afunda e a água do fundo sobe para superfície onde será resfriada. Essas são as correntes de convecção que serão descritas na Seção 6. 22 Capítulo 1 Porém, quando a temperatura está entre 4° C e 0° C, a água da superfície se expande durante resfriamento e, portanto, tem uma diminuição em sua densidade, então não afunda mais e sofre um congelamento. O gelo formado tem densidade menor que a da água e, então, permanece na superfície enquanto que a massa de água abaixo dela se mantém a 4° C. Esse fenômeno garante a sobrevivência da fauna e da flora aquática, durante o inverno. Seção 4 Natureza e quantidade de calor Qualquer sistema busca o equilíbrio térmico com seu ambiente. Assim, ao colocarmos em contato dois corpos com diferentes temperaturas, eles, depois de algum tempo, atingem uma temperatura comum, intermediária entre suas temperaturas iniciais. Durante esse processo, ocorre uma passagem de calor do corpo que está a uma temperatura maior para o corpo que está a uma temperatura menor. Quais as transformações provocadas pelo fluxo de calor no interior de cada corpo? Já estudamos que a temperatura é uma medida da vibração das moléculas e que a energia interna ou térmica desse corpo é a soma da energia cinética e potencial associada aos movimentos moleculares nesse corpo. Quando os dois corpos são colocados em contato, dá-se o encontro, na superfície que os separa, das moléculas velozes do corpo o qual está a uma temperatura superior, (corpo A) com as moléculas lentas do corpo que está a uma temperatura inferior (corpo B). Em decorrência dos choques, as moléculas rápidas perdem velocidade e as lentas ficam mais velozes. Com o passar do tempo, esse processo se estende também para o interior de ambos os corpos, até que os dois diferentes tipos de molécula fiquem, em média, com a mesma energia cinética. No final do processo, as moléculas do corpo B apresentam mais energia cinética do que tinham de início, e com as moléculas do corpo A ocorre o contrário. No conjunto, há uma passagem de energia do corpo A para o corpo B. O calor é, portanto, uma transferência de energia entre dois corpos que inicialmente apresentam temperaturas diferentes. Joule, em 1843, estudou como transformar energia mecânica em calor por meio de um experimento. Esse vem mostrado no esquema da Figura 1.9. No experimento do cientista, uma hélice em movimento e, portanto, com energia cinética, faz aumentar a energia interna das moléculas da água dentro do Fundamentos de Termodinâmica e Mecânica dos Fluidos 23 recipiente, que sofre um aumento de temperatura. Dessa forma, o calor nada mais é que uma forma de energia. As hélices do agitador transferem energia para a água, realizando um trabalho sobre ela. Joule verificou que o aumento de temperatura é proporcional ao trabalho. A mesma variação de temperatura pode também ser obtida colocando-se a água em contato com algum corpo mais quente. Em unidades modernas, Joule descobriu que: 1 caloria= 4,186 joules A demonstração da equivalência entre calor e energia mecânica foi uma das maiores revoluções conceituais da física. Esse fator de conversão é conhecido como o equivalente mecânico do calor. Dessa forma, podemos alterar a temperatura de um corpo fornecendo ou retirando calor desse corpo, ou fornecendo ou retirando outras formas de energia, tal como a energia mecânica. As unidades para energia e, portanto, para o calor, no SI são o Joule (J) e: 1 cal = 4,186 J Figura 1.9 - Ilustração sobre o experimento de Joule Fonte: EGERT, PAOLA (2010). A energia potencial das massas suspensas é convertida em energia cinética, a qual movimenta as pás no recipiente. A energia cinética das pás é convertida em energia térmica, que aquece a água no recipiente. 24 Capítulo 1 1 cal é a quantidade de calor necessária para elevar a temperatura de 1 g de água de 14,5° C até 15,5° C. A caloria indica a quantidade de energia necessária para elevar a temperatura em um grau de 1 g de água, sendo necessário 4186 J de energia para elevar a temperatura em um grau de uma quantidade de 1 kg de água. Para elevar a temperatura em um grau de uma massa de 1 kg de uma substância qualquer, precisamos de uma quantidade de energia que varia para cada substância. Cada substância necessita de uma quantidade única de energia por unidade de massa para variar sua temperatura em 1,0° C. Definimos o calor específico c de uma substância como sendo a quantidade de energia transferida Q para uma massa m de uma substância, variando sua temperatura em ∆T. As unidades de calor específico são J/kg ⋅ °C e cal/g ⋅ °C. Na tabela abaixo, podem ser verificados os valores para o calor específico de diferentes substâncias. Assim, o calor Q, transferido a uma substância de massa m, variando sua temperatura em ∆T, é dado pela equação 1.9. Q = mc∆T (Eq. 1.9) Tabela 1.2 - Calores específicos Calores específicos • c, kJ/kg.K Material Calor específico Gelo (–10° C) 2,220 Água 4,186 Álcool etílico 2,43 Alumínio 0,900 Chumbo 0,128 Cobre 0,386 Mercúrio 0,140 Nitrogênio 1,040 Ouro 0,126 Oxigênio 0,920 Prata 0,236 Vidro 0,840 Zinco 0,387 Fonte: EGERT, PAOLA (2010). Fundamentos de Termodinâmica e Mecânica dos Fluidos 25 A unidade para o calor específico pode ser expressa em kJ/kg∙K, como também em kJ/kg∙° C, pois uma variação de temperatura na escala Kelvin corresponde à mesma variação de temperatura na escala Celsius. Exemplo 3 A energia necessária para elevar de 5,0° C à temperatura de 0,50 kg de água é: Vamos convencionar: Q positivo → energia flui para dentro do sistema Q negativo → energia flui para fora do sistemaA capacidade calorífica C de um objeto, como uma garrafa de café, é a constante de proporcionalidade entre uma quantidade de calor e a variação de temperatura que essa quantidade de calor produz no objeto. Então, podemos escrever conforme a equação 1.10, ou de outra forma, conforme a equação 1.11. Q = C∆T (1.10) E C = mc (1.11) As unidades para capacidade calorífica são J/°C e cal/°C. Exemplo 4 Uma cuba de um calorímetro é constituída por uma massa de 0,15 kg de Al e contém 0,20 kg de água a uma temperatura de 18° C. Um corpo de material desconhecido e com massa de 0,040 kg é aquecido até 97° C e, posteriormente, colocado no calorímetro. Se a temperatura final do conjunto (calorímetro + água + material) é de 22° C no equilíbrio térmico, determine o calor específico do material desconhecido. Para solucionar esse problema, consideramos que a energia se conserva e, portanto, o fluxo de calor entre o calorímetro e o meio externo pode ser Q = (0,50kg) 4186 J (5,0º C) = 10465J = 1,05 x 104 J Kg . º C 26 Capítulo 1 desprezado: Qabsorvido (Al + água) = Qperdido (material) (cAl⋅m⋅∆T)Al + (cH2O⋅m⋅∆T)H2O = (cmat⋅m⋅∆T)mat. desconhecido 9×102 J/kg⋅°C ⋅ 0,15 kg (22 – 18)°C + 4186 J/kg⋅°C ⋅ 0,20 kg (22 – 18)°C = 0,040 kg ⋅ c (97 – 22)°C 540 J + 3348,8 J = 3⋅c⋅kg⋅°C c = 1300 J/kg⋅°C 4.1 Transições de fase Qualquer substância pode encontrar-se no estado sólido, líquido ou gasoso, conforme a temperatura e a pressão em que está. Como exemplo, podemos pegar o caso da água, que se apresenta tanto no estado sólido, quanto no estado líquido ou no gasoso. Sob pressão normal, se aumentarmos a temperatura de uma massa de gelo, por meio do fornecimento de calor, ele passará a 0° C ao estado líquido e, depois, a 100° C ao estado gasoso. A maioria das substâncias, com o aumento de temperatura, comporta-se como a água, ou seja, passa do estado sólido ao líquido e, posteriormente, ao gasoso. Essa mudança de estado é sempre acompanhada de uma absorção ou de liberação de energia. Na fusão de um sólido e na evaporação de um líquido, há recebimento de energia do meio externo ao sistema. Na condensação de um gás e na solidificação de um líquido, há envio de energia do sistema ao exterior. A quantidade de calor ou energia necessária numa mudança de estado depende da substância (água, ferro, chumbo etc.) e também de sua massa. Para uma dada pressão, a transição de fase ocorre em uma temperatura definida (temperatura de fusão ou temperatura de ebulição), sendo acompanhada por uma emissão ou absorção de calor e por uma variação de volume e de densidade. A liquefação do gelo a 0° C é dada a partir do calor fornecido à pressão atmosférica normal. Sem variação de temperatura, adicionando-se calor lentamente, em equilíbrio térmico, o gelo sofre uma fusão, transformando-se em água no estado líquido. O calor fornecido a esse sistema não é usado para fazer sua temperatura aumentar, mas sim para produzir uma mudança de fase de sólido para líquido. É necessário usar 3,34×105 J para converter 1 kg de gelo a 0° C em 1 kg de H2O a 0° C, mantendo-se constante a pressão. O calor recebido pelo gelo recebe o nome de calor latente. Podemos então dizer que: Fundamentos de Termodinâmica e Mecânica dos Fluidos 27 Calor latente é aquele que provoca mudança de estado de uma substância sem alterar sua temperatura. Assim, para transformar a fase uma massa m de uma substância, cujo calor latente é L, é necessário fornecer ou retirar do material uma quantidade de calor Q, dada pela equação 1.12. Q mL= ± (Eq. 1.12) Em que L é calor por unidade de massa para mudança de fase ou calor latente. Vamos convencionar: Q positivo → energia flui para dentro do sistema Sólida → Líquida (absorção de calor) Líquida→ Gasosa (absorção de calor) Q negativo “ energia flui para fora do sistema Gasosa → Líquida (perda de calor) Líquida→ Sólida (perda de calor) Na tabela a seguir, temos valores para o calor latente necessário à transformação de diferentes substâncias. Tabela 1.3 - Calor latente Calor latente • L, kJ/kg Material Ponto de fusão (°C) Calor latente Ponto de Calor latente na fusão ebulição (°C) na ebulição Água 0,00 333,0 100,00 2256 Álcool etílico –114 109 78 879 Alumínio 660,32 400 2519 12300 28 Capítulo 1 Chumbo 327,3 24,7 1750 369 Cobre 1083 205 1187 4726 Hidrogênio –259,31 58,0 –252,89 455 Mercúrio –39 11,3 357 296 Ouro 1063,00 62,8 2660 1701 Oxigênio –218,79 13,9 –183,0 213 Prata 960,80 105 2193 2323 Zinco 419,53 102 907 1768 Fonte: EGERT, PAOLA (2010). A Figura 1.10 mostra a variação de temperatura no fornecimento contínuo de calor, com uma amostra de gelo inicialmente a uma temperatura abaixo de 0° C (-30° C). Essa temperatura aumenta até que se atinja 0° C ou o ponto de fusão (curva A). A partir daí, o calor fornecido ao sistema é utilizado para mudar seu estado físico e nenhum aquecimento é produzido na amostra (curva B). Quando toda a amostra sofreu a fusão, ou seja, está totalmente líquida, o aquecimento volta a ocorrer. Assim, na curva C, novamente a amostra sofre um aumento de temperatura. Quando a temperatura de 100° C ou o ponto de ebulição são atingidos, inicia-se novamente uma mudança de fase, agora transformando a amostra de líquida para gás, mantendo a temperatura novamente constante (curva D). Depois, o calor fornecido, novamente, faz a temperatura da amostra gasosa aumentar (curva E). Se a taxa de fornecimento de calor é constante, a inclinação da linha de aquecimento da fase sólida (gelo) difere da linha de aquecimento da fase líquida (água), devido aos diferentes calores específicos. Fundamentos de Termodinâmica e Mecânica dos Fluidos 29 Figura 1.10 - Transformações de fase sofridas por uma amostra de água Fonte: EGERT, PAOLA (2010). Exemplo 5 Qual é o calor necessário para fazer uma amostra de gelo de massa m = 800 g a –10° C passar para o estado líquido a 20° C. A amostra deverá receber inicialmente uma quantidade de calor para atingir a temperatura de 0° C, quando então sofrerá a transformação de fase. Para esse cálculo, precisamos do calor específico do gelo. Isso tiramos da tabela: Q = m ⋅ c ⋅ ∆T Q = 0,800 kg ⋅ 2220 J/kg ⋅ °C ⋅ [0 – (–10)]°C Q = 17760 J = 17,7 kJ Após a fusão, uma nova quantidade de calor deverá ser adicionada à amostra para seu aquecimento até 20° C. Para esse cálculo usamos o valor do calor de transformação para fusão do gelo. Q = m ⋅ L Q = 0,800 kg ⋅ 333 kJ/kg Q = 266,4 kJ 30 Capítulo 1 Finalmente calculamos o calor necessário para o aquecimento da amostra, já no estado líquido, de 0 a 20° C. Para esse cálculo precisamos do calor específico da água. Isso tiramos da tabela: Q = m ⋅ c ⋅ ∆T Q = 0,800 kg ⋅ 4186 J/kg ⋅ °C ⋅ (20 – 0)°C Q = 66976 J = 66,98 kJ Assim, podemos calcular o calor total a ser adicionado à amostra: QT = 17,76 kJ + 266,4 kJ + 66,98 kJ = 351,14 kJ Exemplo 6 Se aplicarmos no bloco de gelo da questão anterior apenas 250 kJ de calor, qual será, então, o estado final da água? 250 kJ – 17,76 kJ = 232,24 kJ Precisamos de 266,4 kJ. Então, não haverá energia suficiente para derreter todo o gelo. Calculamos a massa que passará ao estado líquido: Portanto, 0,800 kg – 0,697 kg = 0,103 kg ou 103 g (gelo) 4.2 Transmissão de calor Os mecanismos de transferência de calor são condução, convecção e radiação. A condução é a propagação do calor que ocorre no interior de um material ou quando dois materiais são postos em contato; a convecção é a transferência de calor estabelecida entre duas regiões, devido à presença de uma massa fluida; e a radiação é a transferência de calor pela radiação eletromagnética. A seguir, buscamos descrever cada mecanismo separadamente. 4.2.1 Condução Quando seguramos uma barra metálica em uma de suas extremidades e mantemos a outra extremidade na chama de uma vela, verificamos que, após algum tempo, a extremidade que estamos segurando também estará quente. Isso Fundamentosde Termodinâmica e Mecânica dos Fluidos 31 acontece porque o calor se propaga através da barra e atinge nossa mão. Esse processo de propagação do calor através das moléculas do meio é chamado de condução. Em nível atômico, os átomos da região em contato com a chama quente apresentam uma energia cinética maior que os átomos de uma região vizinha próxima. Por meio das colisões, os átomos transferem energia para esses vizinhos que, por sua vez, transferem para outros, e assim por diante. Não há deslocamento de átomos, mas sim de energia cinética. Além disso, outro processo também ocorre em muitos materiais metálicos. Elétrons livres, libertos de seus átomos, transportam também energia de uma região à outra no material. Essa transferência de calor se dá devido à diferença de temperatura existente entre duas regiões do material e sempre da região que se encontra a uma temperatura mais elevada, para outra que está a uma temperatura mais baixa. A figura, a seguir, mostra uma barra de um material condutor de comprimento L, com uma seção reta de área A. O calor flui de uma das extremidades mantidas a uma temperatura TH para outra mantida a uma temperatura mais baixa TC. O calor é mantido no interior da barra, que está envolvida por material isolante ideal ou não condutor de calor. Chamamos de condutores os materiais que permitem a condução de calor, e de isolantes, os materiais que impedem a transferência de calor entre corpos. Se uma quantidade de calor dQ flui através da barra em um tempo dt, a taxa de transferência de calor H é descrita pela equação 1.13. (Eq. 1.13) é o gradiente de temperatura ou a diferença de temperatura por unidade de comprimento; e k é a condutividade do material da barra. A unidade para a taxa de transferência de calor é o Watt (1 W = 1 J/s). Na tabela, são mostrados os valores da condutividade térmica para diferentes materiais. Observamos que os materiais em geral apresentam diferentes condutividades, ou seja, alguns conduzem mais calor que outros. Materiais com um k elevado são bons condutores térmicos. Os metais, em geral, são bons condutores de calor, enquanto o isopor, a lã de vidro, a borracha, o amianto e a madeira são maus condutores ou bons isolantes térmicos. Esse é o motivo de as paredes das geladeiras serem forradas com lã de vidro para evitar que entre calor dentro delas. As paredes dos fornos também são forradas com lã de vidro, só que para evitar que o calor saia deste. H = dQ = dt L kA TH - TC L TH - TC 32 Capítulo 1 Tabela 1.4 - Condutividade Material Condutividade (W/mK) Aço inox 14 Chumbo 35 Alumínio 235 Cobre 401 Prata 428 Lã de vidro 0,043 Fibra de vidro 0,048 Vidro 1,0 Fonte: EGERT, PAOLA (2010). 4.2.2 Convecção A convecção é o processo de transmissão de calor através do deslocamento de massa de fluido (líquidos ou gases) de uma região para outra, que estão a diferentes temperaturas. Podemos observar o fenômeno da convecção em muitas situações do dia a dia, como no funcionamento de uma geladeira, no aquecimento de uma massa de água em uma panela, no aquecimento de um ambiente por meio de um aquecedor portátil e muitos outros. Em todos eles, correntes de convecção são formadas devido à alteração na densidade do fluido, decorrente da variação de temperatura. Se tomarmos como exemplo uma panela contendo água em aquecimento, vemos que a água no fundo da panela sofre um aquecimento e assim uma dilatação ou redução na sua densidade, que assume um valor menor que a porção da água na superfície da panela. Assim, o fluido mais denso desce e o fluido menos denso sobe, formando uma corrente de convecção. A subida e a descida do fluido resultam em um movimento contínuo circular onde há transferência de energia da região do fundo da panela para a região superficial. No caso do funcionamento de uma geladeira, também temos a presença das correntes de convecção. O congelador, situado na parte superior, esfria o ar, que se torna mais denso e tende a descer. Enquanto desce, ele retira calor dos alimentos que encontra. Nesse tempo, o ar quente das partes inferiores da geladeira tende a subir. Em contato com o congelador, ele esfria e o processo continua. A convecção é uma eficiente forma de transferência de calor e é muito comum na natureza. Veja mais um exemplo: Fundamentos de Termodinâmica e Mecânica dos Fluidos 33 4.2.3 Radiação A transferência de calor por radiação se dá em virtude da existência de ondas eletromagnéticas, como a luz visível, a radiação infravermelha e a radiação ultravioleta. O calor do sol percorre milhões de quilômetros até chegar à Terra. Essa propagação não se dá por condução nem por convecção. Nesse trajeto, o calor se propaga no vazio por radiação até chegar a nós. Podemos perceber a radiação em outras situações, como o calor que vem de um forno aceso, mesmo quando não tocamos nele. Todos os objetos, mesmo a uma temperatura normal, emitem calor por radiação o tempo todo. Quando a temperatura de um corpo é constante, é porque existe um equilíbrio entre o calor recebido e o calor cedido. A uma temperatura normal, por exemplo, 20° C, a energia é transportada em sua maioria por ondas infravermelhas que possuem um comprimento de onda maior do que o comprimento de onda da luz visível. A medida que esse corpo atinge valores de temperatura mais altos, os comprimentos de onda se tornam menores. A 800° C, um corpo emite radiação visível em quantidade suficiente para adquirir luminosidade própria e assumir uma cor vermelha. A estufa de plantas é um interessante exemplo de radiação de calor. O vidro permite que o calor do sol entre e atinja as plantas. Esse calor é absorvido pelas plantas e pelos demais objetos da estufa e emitido em forma de outras ondas, que não conseguem atravessar o vidro. O calor permanece dentro da estufa, favorecendo o crescimento das plantas. Seção 5 Gases ideais Precisamos compreender sobre as propriedades dos gases para estudarmos alguns processos térmicos. Sabemos que, ao colocarmos um gás em um recipiente, esse se expande de forma a ocupar todo o volume desse recipiente. Portanto, seu volume e sua pressão dependem do tamanho do recipiente que o contém. Podemos imaginar um gás como sendo constituído por um grande número de moléculas que guardam grandes distâncias entre si, enquanto que os sólidos e os líquidos consistem de átomos e moléculas intimamente unidos. As moléculas de um gás movimentam-se através do espaço que ocupam e colidem com as paredes do recipiente, exercendo uma pressão momentânea. Essa sucessão de choques momentâneos é a pressão que empurra as paredes do recipiente onde o gás está contido. 34 Capítulo 1 Para caracterizar o estado de certa massa gasosa, é necessário o conhecimento de três grandezas: a pressão P, o volume V e a temperatura T. Provocando-se uma variação em uma dessas grandezas, verifica-se que, em geral, as outras também se modificam e esses novos valores caracterizam um outro estado do gás. Dizemos que o gás sofreu uma transformação ao passar de um estado para outro. Estado inicial Æ Processo Æ Estado final (Pi;Vi;Ti) termodinâmico (Pf;Vf;Tf) Nesta seção, faremos uma avaliação sobre o comportamento da temperatura, da pressão e do volume de um gás confinado em um recipiente e como essas grandezas estão relacionadas. A relação entre essas grandezas denomina-se equação de estado. Em algumas situações, essas equações são bastante simples, em outras não. A seguir, mostramos uma equação de estado simples para um material sólido. Se um material possui volume V0 quando sua pressão é P 0 e sua temperatura T0, quando a pressão P e a temperatura T forem ligeiramente diferentes, seu volume V será dado aproximadamente pela equação 1.14. V = V0[1 + b(T – T0) – K(P – P0)] (Eq. 1.14) Onde b - variação de volume ∆V/V0 por unidade de temperatura K - variação de volume ∆V/V0 por unidade de pressão P Quando um gás apresenta-se com umadensidade muito baixa, ou seja, está mantido a uma pressão baixa, a equação de estado torna-se bastante simples. Esse gás é denominado gás ideal. A maioria dos gases, à temperatura ambiente e à pressão atmosférica, comporta-se aproximadamente como um gás ideal. Assim, podemos dizer: Um gás ideal é um modelo de um gás cujos constituintes não exercem forças uns sobre os outros e ocupam uma fração pequena de seu recipiente. A quantidade de um gás pode ser expressa em termos do número de moles. O número de moles expressa a quantidade de substância de um sistema. Fundamentos de Termodinâmica e Mecânica dos Fluidos 35 Um mol é a quantidade de substância que contém um número de Avogadro de moléculas NA. NA = 6,022×10 23 moléculas/mol O número de moles n de uma substância relaciona-se com sua massa m, por meio da equação 1.15. (Eq. 1.15) M é a massa molecular da substância, que normalmente é expressa em gramas por mol. Exemplo 7 Determine a massa de uma molécula de nitrogênio (N2), sabendo que sua massa molecular é 28 g/mol. Podemos encontrar a massa de uma molécula, dividindo-se a massa molecular pelo número de moléculas N2: Um gás ideal confinado em um recipiente contendo um pistão móvel pode ter seu volume alterado. Experimentalmente se verifica que, para uma amostra cujo número de moles não varia, mantendo a temperatura constante, sua pressão é inversamente proporcional ao seu volume (Lei de Boyle-Mariotte). E se a pressão do gás é mantida constante, o volume é diretamente proporcional à temperatura (Lei de Gay-Lussac). Esses resultados podem ser apresentados na expressão de estado para os gases ideais, dado pela equação 1.16. PV = nRT (Eq. 1.16) R é a constante universal dos gases R = 8,315 J/mol ⋅ K, T é a temperatura absoluta em Kelvins, P é a pressão em Pascal e V é o volume em metros cúbicos ocupado pelo gás. Se a pressão for expressa em atmosferas e o volume em litros (1 L = 103 cm3 = 10–3 m3), a constante R tem o valor R = 0,0821 l ⋅ atm/mol ⋅ K. Podemos encontrar o volume ocupado por 1 mol de qualquer gás à pressão atmosférica e 0° C (273K): n = mM 36 Capítulo 1 Mas o número de moles n é igual a A N N onde N é o número total de moléculas do gás. Fazendo A R N encontramos: Essa é a constante de Boltzmann, e a equação de estado para os gases ideais pode ser assim expressa, conforme a equação 1.17. PV = NkBT (Eq. 1.17) Se uma amostra mantém constante o número de moles, o produto nR é constante e PV também é constante. Logo, essa relação pode ser escrita conforme a equação 1.18. P 1 V 1 T 1 = gás ideal, massa constante P 2 V 2 T 2 (Eq. 1.18) Exemplo 8 Qual é a pressão de n = 0,85 mol de He, ocupando um volume de 0,012 m3 à temperatura de 273 K? Qual é o volume desse gás, à mesma pressão à temperatura de 580 K? V = 1 mol . 0,0821 L .atm/ ml.k . 273 K N A R 1 atm = 22,4 L N A Fundamentos de Termodinâmica e Mecânica dos Fluidos 37 Exemplo 9 Qual é o volume (em litros) ocupado por 1,00 mol de um gás cuja temperatura é 295 K e a pressão P = 101 kPa. (Admita que o gás possa ser tratado como um gás ideal.) Seção 6 Calor, trabalho e a Primeira Lei da Termodinâmica Tanto calor como trabalho são conceitos já discutidos em nossos estudos, porém, nos exemplos utilizados, esses foram avaliados de forma separada. Nas mais variadas atividades físicas que realizamos diariamente, como caminhar, correr, subir uma escada, forças agem de forma a realizar trabalho, variando a energia mecânica do sistema. Além disso, esses mesmos exemplos ilustram as discussões realizadas nesta unidade, já que ao realizarmos esses exercícios perdemos energia por radiação na forma de calor, sempre que a temperatura de nosso corpo é maior do que a externa. Assim, todo sistema pode ser observado do ponto de vista das trocas de energia que realiza com o ambiente externo. E esse é o aspecto que interessa à termodinâmica, essa estuda as leis pelas quais os corpos trocam (cedendo e recebendo) trabalho e calor com o ambiente onde está inserido. A termodinâmica se baseia em três leis: a Lei Zero da Termodinâmica, que estabelece as condições para o equilíbrio térmico; a Primeira Lei da Termodinâmica, que consiste em uma extensão do princípio da conservação da energia mecânica – além do trabalho, ele inclui também o calor como forma de troca de energia; e a Segunda Lei da Termodinâmica, que estabelece algumas limitações à possibilidade de transformar calor em trabalho. A relação entre calor, trabalho e variação de energia interna do sistema é explicada pela Primeira Lei da Termodinâmica. Tanto a transferência de calor Q, como a realização de trabalho W são métodos por meio dos quais a energia interna U do sistema pode variar. Agora analisaremos como o calor e o trabalho são trocados entre um sistema e o ambiente onde está inserido, na ocorrência de um processo termodinâmico. Denominamos processo termodinâmico, um processo em que as variáveis de estado sofrem variação. Os valores de Q e W podem ser positivos, negativos ou nulos. Um valor de Q positivo significa que a energia está entrando no sistema na forma de calor e um valor de Q negativo significa que a energia está saindo do sistema na forma de calor. 38 Capítulo 1 Passamos agora para uma análise sobre os sinais do trabalho realizado em um processo. Seja um sistema composto por gás no interior de um cilindro com um pistão móvel, conforme ilustra a Figura 1.11, usado no estudo de diferentes processos termodinâmicos envolvendo transformações de energia. Figura 1.11 - Sistema composto por gás no interior de um cilindro com um pistão móvel Fonte: EGERT, PAOLA (2010). Consideremos o trabalho realizado pelo sistema durante uma variação de volume. Quando o gás se expande, ele empurra a superfície móvel para fora, realizando um trabalho positivo ( ), com um aumento de volume, devido ao movimento das moléculas que colidem com o pistão, produzindo uma força e um deslocamento. Quando o pistão se move para a esquerda, então um trabalho positivo é realizado sobre as moléculas durante a colisão. Logo, as moléculas do gás realizam um trabalho negativo sobre o pistão ( ). Supondo que a seção reta do cilindro tenha área A e que a pressão exercida pelo sistema sobre a face seja P, então, a força exercida pelo sistema sobre o pistão é dada por F = PA. Quando o pistão se move de uma distância infinitesimal dx, o trabalho d realizado pela força é: Sabendo que é a variação infinitesimal do volume do sistema. Fundamentos de Termodinâmica e Mecânica dos Fluidos 39 Para uma variação finita de volume de Vi até Vf , o trabalho para o sistema é obtido pela equação 1.19. (Eq. 1.19) Caso a pressão do sistema varie com a variação do volume, devemos levar isso em consideração no desenvolvimento da integral. Usamos o diagrama P-V para representar graficamente o comportamento da pressão em função do volume. Para uma quantidade fixa de gás ou número de moles constante, duas quaisquer variáveis servem para determinar a terceira. Escolhem-se P e V como variáveis independentes e então T é determinado pela equação de estado. Na Figura 1.12, a área abaixo da curva de P versus V, entre os limites Vi e Vf , representa o trabalho realizado no processo termodinâmico em questão. Figura 1.12 - Diagrama PV ilustrando diferentes processos termodinâmicos e o trabalho realizado em cada processo Do estado i até estado f, o volume aumenta e o trabalho é positivo V Pd V > 0W = V i ∫ ∫ V ∫ VV 1 Do estado i até estado f, o volume diminui e o trabalho é negativo V Pd V < 0W = V i ∫ ∫ V ∫ PdVW = V1 ∫ 40 Capítulo 1 Do estado i até estado f, o volume aumenta e o trabalho é positivo W = P(Vf – Vi) Fonte: EGERT, PAOLA (2010). Vamos convencionar: W positivo → energia flui para fora do sistema (expansão) W negativo → energia flui para dentrodo sistema (compressão) As relações de energia em processos termodinâmicos em termos da quantidade de calor Q e do trabalho realizado W são mostradas na Figura 1.13. Observe as setas indicando o sentido da energia seguindo as convenções adotadas: V ∫ VV1 Fundamentos de Termodinâmica e Mecânica dos Fluidos 41 Figura 1.13 - Relações de energia em processos termodinâmicos em termos da quantidade de calor Q e do trabalho realizado W As setas indicam o sentido da energia seguindo as convenções adotadas. Fonte: EGERT, PAOLA (2010). 6.1 Tipos de processos termodinâmicos 6.1.1 Processo isocórico (Lei de Charles) Quando o volume permanece constante, a pressão de um gás é diretamente proporcional à temperatura absoluta. Como o volume não varia, o trabalho nesse processo termodinâmico é nulo. No diagrama P-V, conforme ilustra a Figura 1.14, esse processo é representado por meio de uma reta vertical. 42 Capítulo 1 Figura 1.14 - Processos termodinâmicos: socórico (de i até f) e isobárico (de i até f’) Fonte: EGERT, PAOLA (2010). 6.1.2 Processo isobárico (Lei de Charles e Gay-Lussac) Quando a pressão permanece constante, o volume de um gás é diretamente proporcional à temperatura absoluta. Utilizando a equação para o cálculo do trabalho, como a pressão permanece constante, podemos tirá-la da integral, e a integração resulta na equação 1.20. W = P(Vf – Vi) (Eq. 1.20) No diagrama P-V, esse processo é representado por uma reta horizontal. Exemplo 10 Um grama de água é colocado em um recipiente e é aquecido de 30° C. A pressão é mantida constante a 2,0×105 Pa, a água é mantida líquida e sofre uma expansão de 1,0×10–8 m3. Determine o trabalho realizado nesse processo termodinâmico. Fundamentos de Termodinâmica e Mecânica dos Fluidos 43 6.1.3 Processo isotérmico (Lei de Boyle-Mariotte): Quando a temperatura permanece constante, o volume de um gás é inversamente proporcional à pressão. Se o gás se comporta como um gás ideal, o trabalho realizado durante esse processo termodinâmico pode ser determinado como segue: Mas a equação de estado para uma gás ideal é PV = nRT, então, resolvendo a integral abaixo, tem-se a equação 1.21. W = nRT [ln Vf – ln Vi] W = nRT ln Vf V1 (Eq. 1.21) Figura 1.15 - Processo termodinâmico: isotérmico (de i até f) Fonte: EGERT, PAOLA (2010). 44 Capítulo 1 6.1.4 Processo adiabático Quando um sistema realiza trabalho adiabaticamente, não há trocas de calor entre esse sistema e seu ambiente. Podemos impedir a transferência de calor, fechando o sistema com material isolante ou realizando o trabalho tão rapidamente sem que haja tempo para trocar de calor. Figura 1.16 - Processo termodinâmico: adiabático (de i até f) Fonte: EGERT, PAOLA (2010). 6.1.5 A Primeira Lei da Termodinâmica Todo sistema apresenta uma energia interna bem definida, que depende do seu estado termodinâmico, ou seja, das condições em que o sistema se encontra. Isso é descrito por meio dos valores de seu volume V, de sua temperatura T e de sua pressão P. Se aquecermos esse gás, seu estado mudará e, em consequência, sua energia interna também será alterada. Durante uma mudança de estado de um sistema, a energia pode variar de um valor inicial Ui até um valor final Uf , sendo a variação igual a. A transferência de energia entre um sistema e sua vizinhança pode ocorrer de duas formas: calor Q e trabalho W. Se fornecermos calor a um sistema e ele não realiza nenhum trabalho durante o processo, sua energia interna aumenta de um valor Q ou .Se o sistema realiza um trabalho termodinâmico de expansão e nenhum calor é trocado com o sistema, então sua energia interna diminui ou . Ou seja, quando W é positivo, é negativo e vice-versa. Quando ocorre tanto a transferência de calor como a realização de trabalho, a variação total da energia interna é dada pela equação 1.22. Fundamentos de Termodinâmica e Mecânica dos Fluidos 45 ∆U = Q – W (Eq. 1.22) Q = ∆U + W (Eq. 1.23) A equação 1.23 mostra que, quando um calorQ é fornecido a um sistema, uma parte da energia que entra permanece no sistema e produz uma variação na sua energia interna . A parte da energia que deixa o sistema sai na forma de realização de trabalho W . Essa equação pode ser aplicada a qualquer sistema, desde que se atribuam sinais algébricos ao calor e trabalho. Q > 0 → o sistema recebe calor Q < 0 → o sistema fornece calor → o volume do sistema aumenta → o volume do sistema diminui Portanto, durante um processo que envolva tanto calor como trabalho, a combinação (Q - ) representa a energia resultante, ou líquida, que entra no sistema. Tanto Q quanto dependem do processo. O primeiro princípio da termodinâmica pode ser enunciado da seguinte forma: A diferença entre o calor recebido e o trabalho realizado é igual à variação da energia interna de um sistema. Figura 1.17 - Relações de energia em três processos termodinâmicos em termos da quantidade de calor Q e do trabalho realizado W. Fonte: EGERT, PAOLA (2010). Assim, se pela Lei Zero da Termodinâmica descrevemos o equilíbrio térmico de um sistema com seu ambiente, por meio da propriedade física chamada temperatura, pela Primeira Lei da Termodinâmica, cada sistema termodinâmico que esteja em equilíbrio térmico tem uma propriedade física chamada energia 46 Capítulo 1 interna. E a variação da energia interna de um sistema é dada pela diferença entre o calor trocado com o ambiente e o trabalho realizado no processo termodinâmico. 6.2 Aplicações da Primeira Lei da Termodinâmica Podemos aplicar a Primeira Lei da Termodinâmica a alguns casos especiais de processos termodinâmicos. 6.2.1 Processos a volume constante Nesses casos, o trabalho é nulo, pois não há variação de volume ou ∆V = 0. Aplicando a Primeira Lei da Termodinâmica temos: ∆U = Q – 0 ∆U = Q Se o calor entra no sistema ou se Q > 0, a energia interna desse aumenta e se o calor sai do sistema ou se Q < 0, a energia interna desse diminui. 6.2.2 Processos cíclicos Quando um processo é cíclico, este retorna ao estado inicial a cada ciclo. Nesses casos, a energia interna final é igual à energia interna inicial, ou a variação da energia interna é igual a zero . Aplicando a Primeira Lei da Termodinâmica temos: 0 = Q – W Ou seja, o trabalho total realizado no processo deve ser igual à quantidade total de calor transferido nesse trabalho. Q = W 6.2.3 Processos adiabáticos Em um processo adiabático, não há transferência de calor entre o sistema e o ambiente ou Q = 0. Aplicando a Primeira Lei da Termodinâmica temos: Assim, a energia entra ou sai do sistema apenas pela realização e trabalho, pois não há transferência de calor. Fundamentos de Termodinâmica e Mecânica dos Fluidos 47 Atividades de autoavaliação Escalas de temperatura e expansão térmica 1. Supondo que você esteja apresentando uma medida de temperatura de 100°F, nos EUA. Isso deve ser um motivo de preocupação? Qual é a temperatura normal do corpo humano na escala Fahrenheit? 2. Numa escala de temperatura que chamaremos de X, a água ferve a –53,5°X e congela a –170°X. Qual valor de 340 K corresponde na escala X? 3. Usando a escala Fahrenheit, expresse o coeficiente de dilatação linear do alumínio. 4. Um frasco de vidro de volume igual 200 cm3 está completamente cheio com mercúrio a 20°C. Qual volume de mercúrio que transbordará se a temperatura do sistema aumenta para 100°C? O coeficiente de dilatação volumétrica do vidro é 1,20×10–5 °C–1. 5. Explique por que é possível soltar tampas metálicas rosqueadas, em recipientes de vidro, mergulhando-as em água quente. 6. Uma barra feita com uma liga metálica mede 10,000 cm a 20,0°C e 10,015 cm no ponto de ebulição da água. a. Qual seu coeficiente de dilatação? b. Qual seu comprimento, no ponto de congelamento da água? 7. Um orifício circular numa placa de alumínio apresenta 1,425cm de diâmetro a 0°C. Qual o seu diâmetro a 100°C? 8. Encontre a variação no volume de uma esfera de alumínio de raio igual a 20 cm, quando é aquecida de 0 a 100°C. Repita a operação para uma esfera de aço, de mesmo volume. ( Al=23 10 –6 °C –1 e Aço=11 10 –6 °C –1 ) 48 Capítulo 1 Calor 1. Uma determinada substância apresenta uma massa por mol no valor de 50 g/mol. Quando 320 J de calor são adicionados a uma amostra de 20,0 g desse material, sua temperatura aumenta de 25°C para 45°C. a. Qual o calor específico dessa substância? b. Quantos moles desta estavam presentes? 2. Uma massa de 300 g de água encontra-se no ponto de congelamento ou a uma temperatura de 0°C. Qual é a massa de água que permanece no estado líquido após 50,2 kJ serem extraídos da amostra? 3. Determine a quantidade mínima de calor, em Joules, necessária para a fusão completa de 150 g de prata que inicialmente encontra- se a 20°C. 4. Uma colher de cobre cuja massa mc é de 60 g é aquecida em um forno de laboratório até a temperatura T = 320°C. A colher é então colocada em um béquer de vidro contendo massa ma = 200 g de água. A capacidade térmica efetiva Cb é de 45 cal/K, a temperatura inicial Ti da água e do béquer é de 15°C. Qual a temperatura final Tf da colher, do béquer e da água? 5. Que massas de água a 60°C e gelo a –25°C precisamos misturar para que se obtenham 10 kg da água a 15°C no equilíbrio térmico? 6. Uma garrafa térmica contém 150 g de café, à temperatura de 75°C. Nela, você põe uma pedra de gelo de 10 g, em seu ponto de fusão, para resfriar o café. Em quantos graus o café resfria, após o gelo ter derretido? Trate o café como se fosse água pura. 7. Que massa de vapor a 100°C precisa ser misturada com 180 g de gelo em seu ponto de fusão, em uma garrafa térmica, para produzir água líquida a 40°C? Fundamentos de Termodinâmica e Mecânica dos Fluidos 49 Calor, trabalho e a Primeira Lei da Termodinâmica 1. Uma amostra de um gás está sujeita a três diferentes processos, conforme mostra o diagrama pV abaixo. Qual trabalho é realizado pelo gás em cada um dos três processos (A, B e C) mostrados no gráfico p-V da figura? Figura 1 - Gráfico pressão x volume Fonte: EGERT, PAOLA (2010). 2. Suponha que uma amostra de gás se expanda de 2,0 para 8,0 m3, por meio do caminho B do gráfico da questão 1. Ela é então comprimida de volta para 2,0 m3, pelo caminho A ou C. Calcule o trabalho total realizado pelo gás para o ciclo total em cada caso BA e BC. 3. Considere que J190 de trabalho são realizados sobre um sistema e 85,0 cal de calor são extraídos dele. Do ponto de vista da Primeira Lei da Termodinâmica, quais os valores (incluindo sinais algébricos) de e ∆E int ? 4. Um gás dentro de uma câmara passa pelo ciclo mostrado na figura abaixo. Determine o calor total adicionado ao sistema durante o processo CA, se o calor Q AB adicionado ao sistema durante o processo AB for de 25,0 J; nenhum calor for transferido durante o processo BC e o trabalho total realizado durante o ciclo for de 10,0 J. 50 Capítulo 1 Figura 2 - Gráfico pressão x volume (2) Fonte: EGERT, PAOLA (2010). 5. Um gás dentro de uma câmara passa pelo processo mostrado no gráfico P – V da figura. Calcule o calor total adicionado ao sistema durante um ciclo completo. Figura 3 - Gráfico pressão x volume (3) Fonte: EGERT, PAOLA (2010).
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