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COSMETOLOGIA APLICADA II Aline Andressa Matiello Protocolos de tratamento para desordens estéticas faciais Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Aplicar protocolos cosméticos para envelhecimento. Analisar a associação de cosméticos em casos de acne e rosácea. Elaborar protocolos faciais com peelings químicos. Introdução As disfunções estéticas que acometem a face são queixas comuns de pa- cientes em consultórios e clínicas de estética, por causarem desconfortos e redução importante na autoestima e, consequentemente, na qualidade de vida. Dentre as desordens mais comuns, há o envelhecimento, a acne e a rosácea. O profissional de estética tem ao seu alcance uma série de modalida- des terapêuticas para manejo dessas disfunções, prevenindo, tratando e amenizando sinais e sintomas. Essas modalidades podem ser utilizadas de maneira isolada ou, ainda, associadas. O uso da cosmetologia é um dos recursos disponíveis para as disfunções estéticas, sendo que o mercado proporciona uma gama de produtos cosméticos com as mais variadas funções. Entretanto, para que esses produtos proporcionem os resultados esperados, eles precisam ser bem indicados e bem utilizados. Neste capítulo, você vai estudar os ativos cosméticos empregados em disfunções estéticas faciais, incluindo tratamento de acne, envelheci- mento e rosácea, por meio do uso de ativos associados e também com o uso do peeling químico. Serão, ainda, abordadas sugestões de protocolos a serem utilizados na prática diária do profissional de estética. Alterações cutâneas relacionadas ao envelhecimento e protocolos cosméticos Há, basicamente, dois processos de envelhecimento da pele: intrínseco e extrínseco. O primeiro deles refere-se aos sinais que costumam acontecer em virtude do tempo, sendo inevitável. Enquanto o segundo, chamado de extrínseco, refere-se ao envelhecimento causado por fatores externos, como exposição excessiva ao sol, tabagismo, má nutrição, sendo caracterizado por um envelhecimento prematuro da pele. A pele envelhecida intrinsecamente é geralmente lisa e sem deformidades, mas apresenta-se com linhas de expressão exageradas, com atrofia dérmica e epidérmica, enquanto a pele envelhecida precocemente é mais comum em áreas mais expostas, como face, colo e mãos, e inclui alterações cutâneas como: rugas, manchas pigmentadas e hipopigmentadas (BAUMANN, 2004). Mas, em geral, independente da causa do envelhecimento, a pele se apre- senta com características importantes que definem uma pele envelhecida, como: perda de tônus, perda de elasticidade, aumento da fragilidade cutânea, áreas de púrpuras causadas por fragilidade dos vasos sanguíneos e lesões benignas, como telangiectasias e ceratoses. Estas alterações acometem tanto o tecido subcutâneo como a derme e a epiderme. O tecido subcutâneo sofre em algumas partes do corpo um aumento de volume com o envelhecimento, enquanto em outras partes são evidenciadas reduções nesse tecido, como, por exemplo, na face e nas mãos. Na derme há uma redução importante dos componentes, como das fibras de colágeno e elastina, e redução da vascularização, associada à perda de água e de outros componentes (GUIRRO; GUIRRO, 2010) Na epiderme acontece uma desorganização celular, com camadas com descontinuidade e, associado a isso, redução do número de células em cada camada. Contudo, a camada córnea encontra-se espessada em peles enve- lhecidas, porque há uma redução nas taxas de renovação celular, fazendo com que uma pele envelhecida demore mais para reepitelizar, acumulando queratinócitos na superfície, tornando a pele seca e áspera. Essas alterações anatômicas e funcionais fazem com que os sinais de envelhecimento surjam, como: bolsas infraorbitais, flacidez cutânea, acne, lentigos e discromia, rugas periorbitais, atrofia dérmica e rugas profundas. Além destes sinais, outros sinais fisiológicos são encontrados em uma pele envelhecida, como redução na permeabilidade cutânea, fazendo com que haja uma desidratação gradual; redução da produção sebácea; redução da Protocolos de tratamento para desordens estéticas faciais2 atividade de glândulas sudoríparas; poros abertos e, ainda, acúmulo maior de metabolitos locais pela redução da circulação sanguínea e linfática (IFOULD; FORSYTHE-CONROY; WHITTAKER, 2015). Os tratamentos cosméticos voltados para peles envelhecidas estão pautados, basicamente, em medidas de hidratação e nutrição. Assim como a reposição de água, outros nutrientes, como vitaminas, aminoácidos e proteínas, favorecem a manutenção e a restauração das funções da pele envelhecida (OLIVEIRA, 2014). Aliado ao uso de cosméticos, pode-se fazer o uso de outras técnicas de estética, que sejam pautadas no aumento da circulação sanguínea local, como as massagens, por exemplo, e o uso de alguns equipamentos que proporcionam melhora do aspecto envelhecido da pele. Os ativos mais utilizados nesses produtos cosméticos são os com função antioxidantes, hidratante, renovadores celulares, tensores e miorrelaxantes. Quanto aos ativos antioxidantes, estes atuam por meio da redução da produção de radicais livres na pele. Estes são formados naturalmente por meio dos pro- cessos metabólicos do organismo, mas podem ter a sua produção aumentada frente a fatores extrínsecos, como tabagismo, exposição solar, má alimentação, estresse, dentre outros (VANZIN; CAMARGO, 2011). Nesse contexto, os ativos antioxidantes atuam de modo a reduzir o dano cutâneo causado pela formação dos radicais livres, pois atuam tornando os radicais livres produzidos inofensivos. Cita-se, por exemplo, como ativos antioxidantes empregados no envelhecimento da pele: Bioflavonoides: são derivados normalmente de vegetais, sendo muito utilizados em cosméticos anti-idade. Neste grupo, encontram-se a rutina, que contém, além de função antioxidante, ação vasoprotetora, sendo indicada para sinais de envelhecimento próximo aos olhos. O ginkgo biloba também é um bioflavonoide e atua por meio de sua composição rica em flavonoides que retardam os processos de oxidação; e o green tea, que é utilizado na redução de radicais livres formados pela exposição à radiação solar. Coenzima Q10: atua inibindo radicais livres e ainda melhorado o sistema imunológico da epiderme, deixando-a mais jovem e saudável. Pode ser em- pregada tanto no tratamento como na prevenção do envelhecimento precoce. Vitamina C: é um dos ativos cosméticos com propriedades antioxidantes mais empregados em cosméticos, sendo que sua ação é considerada multifun- cional na pele pelos inúmeros benefícios que promove. Além de antioxidante, é empregada como agente clareador, que pode ser efetivo nos casos de manchas decorrentes do envelhecimento (manchas senis), além de atuar estimulando a síntese de colágeno, melhorando a sustentação da derme. 3Protocolos de tratamento para desordens estéticas faciais Vitamina E: é também muito utilizada em formulação para envelhecimento, assim como a vitamina C. Normalmente, esses dois ativos são utilizados conjuntamente. Além de antioxidante, atua como anti-inflamatória. Costa (2012) cita outros ativos antioxidantes: Licopeno: é um potente antioxidante carotenoide da vitamina A. Tem grande capacidade de neutralizar o oxigênio nas reações e neutralizar os radicais livres. Resveratrol: é um composto polifenólico que, além de propriedade antio- xidante, atua com propriedades anti-inflamatórias e antiproliferativas. Niacinamida: também chamada de nicotinamida, é um ativo da vitamina B3. Além de sua atividade antioxidante, também tem ação anti-inflamatória, despigmentante e imunomoduladora. O uso da niacinamida atua na melhora da textura e da tonalidade da pele, além de reduzir linhas finas, rugas e hiperpigmentação. Sobre os agentes hidratantes, estes podem atuar de modo a restaurar o conteúdo hídrico e lipídico da pele. De forma geral, esses ativos hidratantes são classificados como ativosoclusivos, umectantes, emolientes e outros ingredientes. O mecanismo de ação de cada grupo desses hidratantes é espe- cífico (BAUMANN, 2004). Os agentes hidratantes oclusivos agem pela cobertura do estrato córneo para retardar a perda de água através da pele. São exemplos desses ativos: petrolato (derivado do petróleo), é um dos hidratantes oclusivos mais utili- zados atualmente, sendo considerado padrão-ouro nesse tipo de hidratação, além de ser não comedogênico; e a lanolina (derivada de secreções sebáceas de ovelhas), por conter colesterol e lipídios, repõe o manto lipídico da pele. Os agentes hidratantes umectantes atuam pela atração da molécula de água na pele, mantendo-a hidratada, como por exemplo, glicerina (repõe o manto hidrolipídico da pele, mantendo-a com quantidade adequada de água, mesmo com baixa umidade externa) e a ureia (atua como hidratante umectante, sendo indicada, principalmente, para pele seca e envelhecida das mãos e pés). No terceiro tipo de hidratantes existem os emolientes, que atuam por meio do amolecimento e da suavização da pele, preenchendo os espaços entre os que- ratinócitos, sendo que muitos emolientes são também umectantes e oclusivos, como a lanolina e o petrolato. Outros ingredientes podem ser aplicados com a finalidade de hidratação da pele envelhecida, como o colágeno. Nesse caso, ativos à base de colágeno criam uma fina película protetora sobre a pele, preenchendo quaisquer irregu- laridades e melhorando o seu aspecto. Além desses, podem ser empregados os seguintes ativos com propriedades hidratantes em peles envelhecidas: ácido Protocolos de tratamento para desordens estéticas faciais4 gama-linolênico, ácido hialurônico, ácido mandélico, alga marinha, amêndoa doce, Aquaporine®, Hidraskin®, Hidroviton® e vitamina A (OLIVEIRA, 2014). Além de hidratantes e antioxidantes, os tratamentos voltados para o envelhe- cimento cutâneo podem utilizar renovadores celulares, pois a pele envelhecida tem uma redução nas taxas de renovação celular, fazendo com que se torne seca, áspera e opaca. Nesse sentido, os ativos renovadores celulares são empregados como uma importante ferramenta antienvelhecimento, pois aumentam o ritmo de renovação das células, estimulam a síntese de componentes essenciais, desfazem irregularidades e, ainda, favorecem a penetração de outros ativos cosméticos. Esses renovadores podem ser produtos cosméticos ou meios físicos que auxiliam na remoção da camada córnea por meio de uma esfoliação e, assim, induzam a um aumento na renovação celular da pele envelhecida, podendo ser utilizados meios físicos, químicos ou biológicos como agentes renovadores (COSTA, 2012). Dentro dos ativos químicos encontram-se os ácidos que, quando aplicados, removem parte das células mortas da epiderme. Dentro dos ativos físicos é incluído o uso de cosméticos esfoliantes que contêm grânulos em sua compo- sição e permitem, por meio da fricção desses produtos sobre a pele, a remoção da camada córnea e o incremento nas taxas de renovação celular. Nesse grupo de ativos renovadores celulares, pode-se citar o uso de argilas ou de sementes com poder esfoliativo. Nesse contexto, os tratamentos estéticos que induzem a renovação celular por meio da esfoliação física podem ser empregados de maneira conjunta ao uso de cosméticos, promovendo resultados mais efetivos. Por isso, o profissional de estética pode incluir em seus protocolos técnicas de esfoliação com o uso de microdermoabrasão pelo peeling de diamante, microdermoabrasão pelo peeling de cristal, a realização de peeling ultrassônico, ou outros tratamentos estéticos que proporcionem esfoliação da pele. Os ativos com propriedades tensoras também podem ser empregados em tratamentos de peles envelhecidas que apresentem flacidez cutânea. Nestes casos, podem ser utilizados ativos como: Tensine® e Raffermine®, que têm ação tensora (OLIVEIRA, 2014). E, por fim, outra classe de ativos cosméticos empregados nos casos de envelhecimento facial são os produtos com propriedade miorrelaxantes, ou seja, que reduzem a contração muscular nas rugas de expressão, garantindo uma pele mais lisa e uniforme. Nessa classe de ativos encontram-se: Argireline®, Leuphasyl® e Vialox®. 5Protocolos de tratamento para desordens estéticas faciais Você sabia que, além de todos esses ativos, o mercado de cosmética ainda conta com produtos cosméticos preenchedores de rugas, de modo a reduzir seu aspecto de modo temporário? Essa opção atua por meio do uso de ativos com partículas suspensas que, quando depositadas sobre a pele, preenchem os espaços nas rugas e uniformizam a superfície da pele. O resultado é imediato e dura enquanto o produto estiver na pele. À medida que ela é lavada, os efeitos se perdem. Esse tratamento é considerado um método que proporciona um efeito “massa corrida” na pele. Fonte: Vanzin e Camargo (2011, p. 206). Nesse contexto, entende-se que os cosméticos empregados nas desordens do envelhecimento cutâneo são classificados nas seguintes categorias: ativos antioxidantes, hidratantes, renovadores celulares, tensores e miorrelaxantes. A seguir são exemplificados três protocolos de tratamento para pele envelhecida, que associam diferentes categorias de ativos cosméticos. Protocolo 1: tratamento de pele envelhecida com sinais de flacidez cutânea. Passo 1: higienização com mousse de limpeza indicado para peles secas. Passo 2: esfoliação física com uso de cosmético esfoliante. Passo 3: tonifi cação com uso de tônico hidratante. Passo 4: aplicação de radiofrequência em toda a face (radiofrequência atua no quadro de fl acidez cutânea). Passo 5: aplicação de sérum com ativo antioxidante, como a vitamina C, com manobras de massagem. Protocolos de tratamento para desordens estéticas faciais6 Passo 6: fi nalização com aplicação de proteção solar. Protocolo 2: tratamento de pele envelhecida com sinais de rugas finas. Passo 1: higienização com sabonete de limpeza indicado para peles secas ou maduras. Passo 2: tonifi cação com ativos hidratantes. Passo 3: esfoliação física com uso da microdermoabrasão por meio do pee- ling de diamante, dando ênfase na passagem pelas rugas fi nas. Neste caso, o peeling de diamante objetiva aumentar a taxa de renovação celular e remover a camada córnea da epiderme, facilitando a permeação dos ativos cosméticos aplicados em seguida. Passo 4: aplicação de máscaras com efeito antienvelhecimento que contenham ativos hidratantes e antioxidantes de maneira associada. Como exemplo po- demos citar a máscara de algas marinhas (efeito hidratante) e com coenzima Q (efeito antioxidante). Passo 5: fi nalização com aplicação de proteção solar. Protocolo 3: tratamento de pele envelhecida, desvitalizada. Passo 1: higienização com gel de limpeza. Passo 2: tonifi cação com tônico revitalizante. Passo 3: esfoliação com peeling de cristal. Passo 4: aplicação de sérum com vitamina E e biofl avonoides. Passo 5: aplicação de máscara com ativos hidratantes oclusivos, como glicerina. Passo 6: aplicação do protetor solar em creme. Vale lembrar o paciente de utilizar no ambiente domiciliar ativos hidratantes e antioxidantes, que podem estar associados em um mesmo produto cosmético. Além disso, orientar a respeito do uso diário de filtro solar. 7Protocolos de tratamento para desordens estéticas faciais Acne e rosácea Alterações cutâneas e protocolos de tratamento cosmético para acne A acne é uma disfunção que tem como característica o aumento da produção sebácea, o que promove obstrução do folículo pilossebáceo e gera um processo infl amatório local. As lesões mais comuns são pápulas, pústulas, nódulos e cistos que podem variar de lesões muito leves até lesões mais graves (OLIVEIRA, 2014). De acordo com a gravidade das lesões, a acne pode ser classificada em quatro graus ou tipos, I, II, III e IV. A acne tipo I é chamada de acne comedo- niana não inflamatória, e é caracterizada pela presença maior de comedões, sendoraras as pápulas ou as pústulas. No grau II, chamado de acne pápulo- -pustulosa, ela tem caráter inflamatório, com presença de comedões, pápulas eritematosas e pústulas. No grau III, acne nodulocística, há presença de todos os sinais anteriores e, em associação, há presença de cistos. No grau IV, acne conglobata, os cistos presentes drenam e formam fístulas na pele. E, por fim, a acne tipo V, chamada de acne fulminans, que vem associada a sintomas sistêmicos como febre (SOUZA; ANTUNES JUNIOR, 2009). Na fisiopatologia, os sinais e os sintomas da acne acontecem por um con- junto de fatores como: hiperatividade das glândulas sebáceas, alterações na queratinização do folículo, influência de bactérias e liberação de mediadores inflamatórios (DRAELOS, 2005). Para saber mais sobre a acne, o link a seguir traz uma reportagem da Sociedade Brasileira de Dermatologia sobre essa disfunção. https://qrgo.page.link/aWD2L Considerando as lesões e a fisiopatologia da acne, a cosmetologia pode atuar de maneira única ou, ainda, coadjuvante a outros tratamentos voltados para o seu manejo. Os cosméticos aplicados devem promover os seguintes efeitos: calmante sobre a pele que se encontra com processo inflamatório localizado, ação Protocolos de tratamento para desordens estéticas faciais8 secativa das lesões, afinar o estrato córneo e diminuir a oleosidade. Estas são as principais finalidades dos cosméticos para tratar a acne (OLIVEIRA, 2014). Além disso, atuarão reduzindo a queratinização excessiva da pele por meio de processos de esfoliação, redução ou eliminação bacteriana, remoção de substâncias que estejam bloqueando os poros, reduzindo a produção de sebo, além de atuarem com efeito anti-inflamatório sobre as lesões. Costa (2012) comenta que os tratamentos cosméticos para peles acneicas podem associar formulações que contenham grupos de ativos como: antimicro- bianos, antioxidantes, anti-inflamatórios, extratos botânicos e queratolíticos. Os ativos antimicrobianos, como o ácido picolínico, por exemplo, têm atividade antiviral e antibacteriana. Dentre os ativos antioxidantes e extratos botânicos, citam-se o chá verde, que contém propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes; o chá preto, que contém ação sobre a redução de pápulas e pústulas; e o resveratrol, que é um composto natural útil no tratamento da acne, pois interfere na hiperproliferação de queratinócitos e na resposta inflamatória. Os queratolíticos também são ativos empregados nos casos de acne, pois contêm ação esfoliante. Neste sentido, o resorcinol (1 a 5%) favorece a des- camação superficial. São utilizados, principalmente, em acnes leves, sendo frequentemente encontrados associados em diferentes formulações, tais como: sabonetes, loções, géis, cremes e espuma. São úteis nas etapas iniciais da acne leve a moderada, pós-tratamentos sistêmicos em acne moderada a grave e na manutenção durante todas as etapas da acne. Como adjuvantes, são associados ao tratamento tópico com antimicrobianos. Os alfa-hidroxiácidos, os beta-hidroxiácidos e os retinoides tópicos são exemplos de ativos queratolíticos utilizados no manejo da acne. Os alfa- -hidroxiácidos derivam dos produtos isolados de diferentes frutas (ácido glicólico, ácido cítrico, ácido mandélico, ácido tartárico, ácido málico). Em concentrações baixas, diminuem a ligação entre os queratinócitos. Os mais utilizados são o ácido láctico e o ácido glicólico. O ácido glicólico é o mais utilizado em concentrações de 5 a 15%, e pode ser utilizado em solução, gel ou cremes. Os beta-hidroxiácidos, como o ácido salicílico, são o ativo queratolítico mais utilizado, atuando sobre os comedões e exercendo um leve efeito anti-inflamatório. Além disso, dentro do grupo dos queratolíticos, os retinoides cosmecêuticos, que compreendem o retinol, o ácido retinoico em baixas concentrações, o retinaldeído e os ésteres de retinol, são indicados para sinais de acne moderada, prevenindo a hiperpigmentação e diminuindo as cicatrizes. Ainda acerca dos ativos descritos para o manejo da acne, Draelos (2005) cita os ativos mais empregados: 9Protocolos de tratamento para desordens estéticas faciais Ácido salicílico: auxilia na esfoliação da camada córnea, além de ser um anti-inflamatório. Pode ser utilizado até em peles sensíveis. Ácido glicólico: promove a remoção da camada córnea, sendo indicado, principalmente, para peles acneicas em pacientes de peles fotoenvelhecidas. Ácido lactobiônico: contém propriedades hidratantes e comedolíticas, proporcionando esfoliação, efeito antioxidante e baixo poder de irritação. Niacinamida: reduz a oleosidade em peles acneicas e auxilia na esfoliação superficial da pele. Zinco: ação secativa. Considerando essas informações, a seguir são apresentadas sugestões de protocolos cosméticos para o manejo da acne. Protocolo 1: tratamento domiciliar para prevenção de acne. Pela manhã: lavagem facial com solução de limpeza suave de ácido salicílico a 2%. Em seguida, aplicar solução tópica com ácido azelaico em gel. Deve ser utilizado fi ltro solar em gel nas peles oleosas. Pela noite: lavagem facial com a mesma solução de limpeza e, em seguida, aplicar retinoide tópico (BAUMANN, 2004). Protocolo 2: tratamento cosmético com finalidade calmante e descon- gestionante para acnes grau I e II. Passo 1: proceda com a higienização da pele com o uso de sabonete com ativos queratolíticos, como ácido salicílico ou glicólico. Passo 2: aplique um tônico calmante. Passo 3: realize uma esfoliação leve com ativos esfoliantes suaves. Passo 4: aplique a alta frequência (neste caso, utilizada com o objetivo de descongestionar a pele, além de ter efeito bactericida). Passo 5: realize drenagem linfática manual na face. Passo 6: aplique uma máscara de chá verde, que contém propriedades anti- -infl amatórias e antioxidantes. Protocolos de tratamento para desordens estéticas faciais10 Passo 7: fi nalize com protetor solar em gel, ou fl uido, específi co para a pele do cliente. Protocolo 3: tratamento cosmético com efeito secativo para acnes grau I e II. Passo 1: limpe a pele com gel de limpeza. Passo 2: aplique um tônico adstringente. Passo 3: aplique algum ativo queratolítico para promover a esfoliação, como, por exemplo, o ácido lactobiônico. Passo 4: aplique máscara secativa à base de zinco. Passo 5: fi nalize com a aplicação de fi ltro solar em pó. Alterações cutâneas e protocolos de tratamento cosmético para rosácea A rosácea é uma doença infl amatória crônica da pele. Ela se manifesta, prin- cipalmente, no centro da face, mas pode se expandir pelas bochechas, nariz, testa e queixo e afeta mais os adultos entre 30 e 50 anos. Diversos fatores estão envolvidos no aparecimento da rosácea, como predisposição genética, alterações emocionais e hormonais, mudanças bruscas de temperatura, ex- posição solar, uso de bebidas alcoólicas, medicamentos vasodilatadores ou fotossensibilizantes e ingestão de alimentos muito quentes. Para a Sociedade Brasileira de Dermatologia (c2017), as manifestações clínicas mais comuns são: Flushing facial: caracteriza-se por períodos de sensação abrupta de vermelhidão e calor na pele, como se fosse um surto de vasodilatação. Telangiectasias: são dilatações de pequenos vasos permanentes. Eritema facial persistente: neste caso, associado a edema. Formação de pápulo-pustulosas: em alguns casos podem ocorrer nódulos ou placas granulomatosas. Rinofima: trata-se do espessamento irregular e lobulado da pele do nariz, associado à dilatação folicular, levando ao aumento e à deformação do 11Protocolos de tratamento para desordens estéticas faciais nariz. Além disso, esses espessamentos podem ocorrer em outras áreas além do nariz, como na região frontal, malares e orelhas. Alterações oculares: acometem aproximadamente 50% dos casos com sinais de irritação, ressecamento, blefarite, conjuntivite e ceratite. Esses pacientes, por apresentarem essessinais e sintomas, têm a pele mais sensível. A Figura 1 mostra os sinais clínicos da rosácea, com presença de edema, eritema e telangiectasias. Figura 1. Sinais da rosácea. Fonte: Lipowski Milan/Shutterstock.com. Os tratamentos voltados para o manejo da rosácea estão pautados em reduzir a inflamação e a irritação, melhorar a função de barreira da pele, aumentar a hidratação e evitar a exposição ao sol. Todos os produtos utilizados devem ser não irritantes, que contenham baixas concentrações de ingredientes ativos e que não tenham função adstringente ou fragrâncias, considerando que a pele está mais sensível e qualquer um desses fatores pode exacerbar o quadro (SMALL; HOANG; LINDER, 2014). Além disso, vale ressaltar que a função de barreira hidrolipídica da pele em casos de rosácea encontra-se alterada. Esses pacientes têm a pele sensível e o flushing ocorre facilmente, assim como também ocorre ardor, picadas e prurido, o que é bem comum, e tudo isso se deve à disfunção dessa barreira. Por isso, o cuidado na escolha dos cosméticos é essencial (GONÇALVES, 2016). Vale ressaltar que a rosácea é uma disfunção que não tem cura, por isso os tratamentos empregados desempenham um papel apenas na manutenção da remissão e no alívio de sintomas. Protocolos de tratamento para desordens estéticas faciais12 Para isso, são empregados ativos cosméticos com propriedades antieritema- tosas (reduzem o eritema e a vermelhidão), suavizantes e anti-inflamatórias, e ativos que auxiliam a pele a repor a barreira natural de proteção que, nos casos de rosácea, encontra-se reduzida, além da aplicação imprescindível do filtro solar. Os ativos anti-inflamatórios proporcionam uma ação suavizante na pele, pois agem reduzindo o processo de inflamação presente nela. Enquanto os ativos umidificantes suaves visam a repor a barreira natural de proteção (GONÇALVES, 2016). Small, Hoang e Linder (2014) descrevem alguns ativos empregados nos casos de rosácea e a função que exercem: Extratos de algas: contêm ação anti-inflamatória e auxiliam a inibir a angiogênese. Alantoína: ação suavizante. Aloe vera: ação anti-inflamatória. Ácido azelaico: ação anti-inflamatória e ação antimicrobiana. Ele reduz o eritema facial, trata as pápulas e, ainda, atua como um agente clareador da pele. Entretanto, deve ser utilizado em concentrações bem baixas, pois pode desencadear sinais de irritação na pele. Bisabolol: ativo presente na camomila, contém propriedades calmantes na pele. Bisabolol e alontoína são utilizados, frequentemente, em formulações associadas para o uso domiciliar. Extrato de pepino: ação suavizante. Chá verde: ação anti-inflamatória. É um potente ativo nos casos de rosácea, em virtude de sua alta concentração de polifenóis. Pantenol: é um ativo hidratante umectante, além de ter ação anti-inflamató- ria. Os umidificantes suaves, normalmente em loções, auxiliam na recuperação da função de barreira da pele. As formulações em cremes auxiliam também pacientes com a pele extremamente seca. Protetor solar: para a proteção solar, indica-se o uso de filtros solares físicos apenas, como os que contêm óxido de zinco e dióxido de titânio, uma vez que os filtros químicos podem liberar calor quando expostos ao sol e exacerbar o quadro de rosácea. Esfoliantes suaves: os ácidos poli-hidroxílicos são menos irritativos, como o ácido lactobiônico, e podem ser empregados em esfoliações. Ainda podem ser citados outros ativos a serem empregados na rosácea. Ginkgo biloba: por conter polifenóis, tem ação anti-inflamatória e aumenta a circulação. 13Protocolos de tratamento para desordens estéticas faciais Em virtude do quadro de sensibilidade encontrado em pacientes com rosácea, alguns ativos devem ser evitados. A pele com rosácea pode ser es- foliada com ativos suaves, entretanto, o uso de esfoliantes de frutas cítricas, como, por exemplo, o ácido glicólico, deve ser evitado nesses casos, pois pode agravar o eritema facial, assim como, para a higienização da pele, são indicadas formulações sem espuma e com bases cremosas, evitando retirar excessivamente a hidratação da pele (SMALL; HOANG; LINDER, 2014). Outros ativos que devem ser evitados nesses casos são os retinoides, como o ácido retinoico, que, por sua formulação, podem ocasionar dermatite em peles muito sensíveis, por isso não são recomendados para o manejo da rosácea. Os fatores de crescimento que induzem a síntese de colágeno e outras estru- turas da pele podem ser utilizados na rosácea, entretanto, não são indicados na fase aguda da doença, quando os sinais inflamatórios estão presentes. Devem apenas ser utilizados assim que o eritema facial estiver bem controlado (SMALL; HOANG; LINDER, 2014). Considerando esses ativos, a seguir são descritos alguns protocolos cos- méticos para o manejo da rosácea. Protocolo 4: manejo da rosácea com sinais de pele ressecada. Passo 1: higienização da pele com creme de limpeza. Passo 2: tonifi cação com ativos calmantes. Passo 3: aplicação de um sérum hidratante ou um creme hidratante potente. Small, Hoang e Linder (2014) sugerem o uso diário, pelo cliente no ambiente domiciliar, de creme hidratante com ácido hialurônico, vitamina B5, ureia e niacinamida para casos de pele com ressecamento excessivo. Passo 4: aplicação de fi ltro solar físico em pó. Protocolo 5: manejo da rosácea com ativos calmantes para descongestionamento. Passo 1: higienização com leite de limpeza. Passo 2: tonifi cação com tônico calmante. Passo 3: esfoliação leve com uso de ácido lactobiônico. Protocolos de tratamento para desordens estéticas faciais14 Passo 4: aplicação de drenagem linfática manual em toda a face. Passo 5: aplicação de máscara calmante à base de alantoína. Passo 6: aplicação de fi ltro solar físico em creme. Protocolo 6: manejo da rosácea com ativos calmantes e luz intensa pulsada. Passo 1: higienização com solução de limpeza calmante. Passo 2: tonifi cação da pele. Passo 3: aplicação de microdermoabrasão por meio do peeling de diamante para esfoliação. Vale ressaltar que a microdermoabrasão na pele com rosácea deve ser realizada com menor intensidade de esfoliação, visto que é uma pele mais sensível. No caso de situações em que a pele encontra-se com muitos sinais infl amatórios e demasiadamente sensível, pode-se abandonar a micro- dermoabrasão e aplicar o equipamento de luz pulsada na região acometida pela rosácea, que terá como fi nalidade aliviar o quadro de eritema. As telangiectasias presentes no quadro de rosácea respondem bem à luz pulsada. Passo 4: aplicação de compressa gelada de camomila. Passo 5: aplicação de fi ltro solar físico. A rosácea já foi chamada de “acne rosácea” e confundida, muitas vezes, com quadros de acne. Apesar de compartilharem semelhanças, como a distribuição das lesões, pápulas e pústulas, a rosácea se difere da acne por não conter comedões nem secreção sebácea aumentada. Esta diferença é de extrema importância para o profissional de estética, pois os produtos cosméticos para pele acneica não são indicados para a pele com rosácea. Por exemplo, deve-se evitar o uso de formulações com componentes adstringentes e seborreguladores nos casos de rosácea e esses são ativos amplamente empregados no tratamento da acne. Por isso, a avaliação do profissional e a orientação acerca dos cosméticos a serem utilizados é primordial (GONÇALVES, 2016). 15Protocolos de tratamento para desordens estéticas faciais Protocolos faciais com utilização de peelings químicos Na estética, alguns ativos cosméticos podem ser empregados de modo a pro- mover uma esfoliação química da pele, chamada de peeling. Esses ativos são substâncias ácidas e, por conterem um pH menor que o da pele, proporcionam a esfoliação. São utilizados em diferentes concentrações, dependendo do ativo e dos objetivos do tratamento. Os peelings químicos também são chamados de quimioesfoliação ou dermopeeling. O mecanismo de ação de uma substância ácida na pelepromove a destruição de partes da epiderme, seguida da sua regeneração, favorecendo a renovação celular e facilitando a permeação de ativos cosméticos aplicados posteriormente (BORGES, 2010). De acordo com a profundidade de esfoliação que esses ácidos podem proporcionar, os peelings são classificados em muito superficial, médio ou profundo. Os peelings superficiais proporcionam a esfoliação apenas da epi- derme e, quando agem somente no estrato córneo, são ainda chamados de muito superficiais. Quando afetam a região mais superficial da derme (derme reticular superficial), são considerados peeling médio e, quando afetam a parte mais profunda da derme (derme reticular média), são chamados de profundo. A Figura 2 mostra a profundidade do peeling e o mecanismo de ação que promove, removendo a parte da pele e, consequentemente, deixando-a mais uniforme. Figura 2. Profundidades dos peelings químicos. Fonte: Adaptada de Designua/Shutterstock.com. Protocolos de tratamento para desordens estéticas faciais16 Vale lembrar que os peelings superficiais e muito superficiais acarretam pouco risco de complicações e podem ser facilmente combinados com outras técnicas em protocolos estéticos, como microdermoabrasão e outros ativos cosméticos. Quanto ao tipo de substâncias ácidas aplicadas, estes ativos são classifi- cados em alfa-hidroxiácidos, beta- hidroxiácidos, poli-hidroxiácidos, ácido tricloroacético e retinoides. Alfa-hidroxiácidos: são os mais utilizados em peelings químicos. São originados, principalmente, de frutas e incluem neste grupo: ácido glicólico (derivado da cana-de-açúcar), ácido málico (derivado da maçã), ácido tartárico (derivado de uvas), ácido cítrico (derivado de frutas cítricas), ácido mandélico (derivado de amêndoas), ácido láctico (derivado do leite) e ácido fítico (derivado de cereais). Destes, o ácido glicólico e o ácido láctico são os mais utilizados (SMALL; HOANG; LINDER, 2014). Quanto ao mecanismo de ação, esses ácidos agem por meio da redução da adesão entre os queratinócitos, de modo que eles percam a capacidade de adesão entre eles e as células sejam desprendidas. Esses ácidos, além de promoverem um peeling químico, têm capacidade de hidratar a pele (DRA- ELOS, 2005). Além disso, a aplicação desses ativos, além de proporcionar os benefícios anteriores, está relacionada com um aumento na qualidade das fibras elásticas e de colágeno, melhorando o aspecto geral da pele. Portanto, podem ser empregados em uma variedade de disfunções como: lesões faciais hiperpigmentadas, como melasma, no tratamento de sinais do envelhecimento, nos casos de acne e, ainda, como pré-tratamento de peeling, de modo que seja aplicado antes de outras substâncias para potencializar os efeitos de esfoliação (DEPREZ, 2009). O ácido mandélico é considerado menos irritante que os demais, podendo ser utilizado em peles mais escuras e, ainda, pode ser empregado no tratamento da acne por conter ação bactericida também (PIMENTEL, 2008). Beta-hidroxiácidos: dentro deste grupo, encontra-se o ácido salicílico. Além de ser utilizado em uma série de ativos cosméticos, o ácido salicílico, quando aplicado como peeling em concentrações de 2 a 12%, age promovendo a queratólise do estrato córneo, sem, no entanto, atingir estruturas mais pro- fundas. Além disso, age na hiporregulação de fibrinogênio, fibronectina e alfa-hemolisina, e virulência, fatores que interferem diretamente na proliferação bacteriana, por isso é amplamente empregado no manejo da acne, reduzindo também a oleosidade (DRAELOS, 2005). 17Protocolos de tratamento para desordens estéticas faciais Baumann (2004) comenta que o ácido salicílico ainda proporciona uma ação comedolítica na pele, de modo que penetra nos poros e os esfolia, assim como nos folículos pilosos, o que não é observado no uso de peeling com alfa-hidroxiácidos. Poli-hidroxiácidos: neste grupo estão o ácido glucônico e o ácido lacto- biônico. Por apresentarem moléculas maiores, esses ácidos penetram mais lentamente na pele. Além disso, são antioxidantes e umectantes, atuando diretamente nos quadros de envelhecimento facial e em peles sensíveis, como nos casos de rosácea. Ácido tricloroacético: é um ácido produzido sinteticamente a partir de ácido acético e cloro. Pode ser aplicado desde peelings muito superficiais até profundos, dependendo da concentração. Para peelings superficiais, espera-se apenas um leve branqueamento da pele após a aplicação e geram descamação após o procedimento (SMALL; HOANG; LINDER, 2014). Retinoides: a vitamina A (retinol) e seus derivados, conhecidos como retinoides, são ativos amplamente utilizados na cosmetologia. O ácido retinoico é conhecido também como tretinoína que, quando aplicada à pele, aumenta as taxas de renovação epidérmica, além de atuar diretamente na redução da melanina, garantindo efeitos positivos em disfunções estéticas faciais que cursam com hiperpigmentação. Quando utilizada em peelings químicos, pode-se fazer uso de concentrações de 1 a 5%, com o objetivo de promover uma esfoliação superficial, ou seja, a nível epidérmico. Para entender um pouco da reação que eles causam na pele durante a aplicação (desconforto sentido), e após o tratamento (descamação relatada), o Quadro 1 mostra um resumo dessas reações com base no tipo de peeling químico aplicado. Fonte: Adaptado de Small, Hoang e Linder (2014). Grupo de ácidos Desconforto Descamação Ácidos alfa-hidroxiácidos ++ Inconsistente Beta-hidroxílicos ++ Sim Ácido tricloroacético +++ Sim Retinoides + Sim Quadro 1. Reações observadas nos diferentes peelings químicos Protocolos de tratamento para desordens estéticas faciais18 Esses ativos são empregados amplamente em protocolos estéticos faciais com peelings muito superficiais, por serem de fácil aplicação, apropriados para quase todos os tipos de pele, e por tratarem inúmeras disfunções. Pessoas com lesões infecciosas ativas, gestantes, alergia aos componentes ou outras lesões cutâneas no local de aplicação não podem ser submetidos a peelings químicos. Diante das indicações dos peelings químicos, a seguir são elencadas al- gumas sugestões de protocolos estéticos que utilizam essa modalidade de tratamento. Protocolo 1: protocolo para manejo da acne com peeling químico. Antes da aplicação de protocolos de peelings químicos na face, é importante que o profissional faça a proteção dos olhos do cliente, com o uso de protetor adesivo ou gaze levemente umedecida em água, prevenindo o contato do ácido com a região ocular. Passo 1: higienização da pele com sabonete com ácido salicílico em uma concentração de 2% que, neste caso, terá ação descongestionante, antisséptica e redutora da oleosidade da pele. Passo 2: aplicação de ácido salicílico em uma concentração de 20%, com auxílio de um pincel e deixar agir por, aproximadamente, 3 minutos. Após a aplicação, é necessário esperar até que se forme uma camada de resíduo pul- verulento branco, associado ao eritema suave da pele, que garante que o ativo foi absorvido. Espera-se que essa aplicação gere um desconforto ao paciente de no máximo 6, em uma escala de 1 a 10. Durante essa fase de aplicação do peeling propriamente dita, o profi ssional pode fazer uso de ventilador para reduzir o desconforto do paciente. Em média, o tempo necessário para esses efeitos serem obtidos é de 2 a 3 minutos. Após isso, remova o produto da pele com o uso de gaze. Posterior a isso, para potencializar os efeitos, principalmente em peles mais espessas e mais resistentes, o produto pode ser aplicado novamente na pele, com a mesma técnica, aguardando-se o início dos efeitos para fazer a retirada do produto, em média 2 a 3 minutos. Após essa reaplicação, remove-se o produto com uso de gaze. Passo 3: aplicação de máscara calmante à base de camomila, por exemplo, para aliviar o eritema facial e reduzir o desconforto do paciente. 19Protocolos de tratamento para desordens estéticas faciais Passo 4: fi nalizaçãocom aplicação do fi ltro solar. Protocolos com esses ativos podem ser repetidos semanalmente até que os resultados sejam alcançados (BORGES, 2010). Para potencializar os efeitos desse peeling químico para acne e reforçar a esfoliação, o profissional pode utilizar em sessões subsequentes uma concentração de ácido salicílico em uma concentração de 30% ou, ainda, após a aplicação do protocolo anteriormente mencionado, aplicar um reforço com uso de ácido retinoico 0,3%, potencia- lizando ainda mais a esfoliação. Vale ressaltar que as concentrações utilizadas inicialmente devem ser menores e, à medida que a tolerância do paciente e as condições da pele permitirem, o profissional pode realizar reforços, aplicando uma camada a mais do ácido ou aumentando a concentração utilizada. Protocolo 2: protocolo para revitalização cutânea de pele envelhecida. Passo 1: limpeza da face com sabonete líquido com ácido glicólico a 10%, para promover uma limpeza mais profunda da pele. Passo 2: aplicação de um esfoliante físico na face, realizando movimentos circulares ao longo dela para remover a camada mais externa de células mortas da epiderme. Passo 3: aplicação de ácido glicólico em uma concentração de 50% e, após o tempo de pausa, retirar. O tempo de pausa do peeling de ácido glicólico é defi nido pela reação da pele do paciente ao contato com o ácido glicólico, mas, normalmente, costuma ser, em média, 4 a 8 minutos. Lembre-se que o efeito esperado é o eritema facial, que pode acontecer em alguns pontos da face ou em toda ela, mas não pode haver fenômeno de frosting (caracterizado pela formação de uma camada esbranquiçada sobre a pele, que é resultado da coagulação de proteínas), como acontece em outros peelings. Desse modo, ao ter a formação do eritema, o tempo de pausa é sufi ciente e o produto já cumpriu a sua função. Passo 4: após a formação do eritema, o peeling de ácido glicólico precisa ser neutralizado. Para realizar a neutralização de um peeling de ácido glicólico, pode-se utilizar uma solução com bicarbonato de sódio, que deve ser aplicada na pele assim que o eritema se formar. Nesses casos, para o uso desse ácido, indica-se utilizar a solução neutralizante para cessar completamente a ação do Protocolos de tratamento para desordens estéticas faciais20 peeling na pele, pois a retirada com água apenas iria reduzir a sua concentra- ção, sem, no entanto, respeitar o tempo adequado de ação do ácido, enquanto que o uso de solução neutralizante cessa totalmente a ação do ativo na pele. Para preparar a solução neutralizante, o profissional deve separar uma cuba com água morna e adicionar bicarbonato de sódio em pó, mexendo a solução constantemente. Passo 5: aplicação de máscara calmante em toda a face, com ativos nutritivos para peles desvitalizadas, ativos biofl avonoides, como, por exemplo, o ginkbo biloba, podem ser empregados nessa fase pós-peeling. A realização de peelings seriados de ácido glicólico, com intervalos de 15 dias entre as sessões, permitem excelentes resultados no manejo dos sinais do envelhecimento facial. Além disso, a concentração do peeling de ácido glicólico a 30%, 1 a 2 minutos, promove, neste caso, um peeling muito su- perficial. Para casos em que o objetivo é um peeling superficial, indica-se o uso de uma concentração 50 a 70%, com tempo de ação de 2 a 20 minutos (YOKOMIZO et al., 2013). Protocolo 3: protocolo para hipercromias. Passo 1: higienização com sabonete de limpeza com ativos despigmentantes as- sociados, como sabonete líquido com ácido glicólico a 10% em sua composição. Passo 2: realização da aplicação de um tônico facial, para equilibrar o pH da pele. Passo 3: realização da esfoliação da pele com peeling de diamante, com ênfase nas manchas, passando a caneta diamantada duas vezes por toda a face e nas áreas de manchas. Pode-se aumentar um pouco a pressão e ainda realizar um número maior de passagens e com uma velocidade menor, potencializando a esfoliação nessas áreas. Passo 4: aplicação de ácido mandélico, em concentrações médias de 20% quando o objetivo for um peeling superfi cial mediano. Aplicar o ácido em toda a face, mas com ênfase nas manchas, e aguardar o tempo de ação, que costuma variar de 2 a 20 minutos. Para enfatizar a área das manchas, o pro- fi ssional pode passar a primeira camada de produto em toda face e, assim que o produto secar, pode-se aplicar mais uma camada do ácido especifi camente sobre as manchas, aumentando a concentração do produto nessas regiões e potencializando a despigmentação. Esse ácido é aplicado em peles com hiper- 21Protocolos de tratamento para desordens estéticas faciais cromias, porque age inibindo a síntese de melanina, reduzindo a melanina já formada na camada córnea e, dessa maneira, é útil na eliminação de pigmentos hipercrômicos na pele. Passo 5: realização da retirada do produto com o uso de gaze. Passo 6: aplicação de uma máscara com ativos despigmentantes em sua formulação, como a vitamina C. Passo 7: aplicação do fator de proteção solar em pó. Este protocolo pode ser repetido semanalmente por um mês e, a partir disso, pode ser realizado em intervalos quinzenais ou mensais. O paciente ainda pode enfatizar a ação do ácido utilizando cosméticos domiciliares à base de vitamina C. Cuidados na aplicação de peelings químicos Além das contraindicações elencadas anteriormente, é importante que os pro- fi ssionais leiam atentamente as orientações acerca dos produtos estabelecidos pelo fabricante. Vale lembrar, também, que, para a aplicação, o profi ssional deve fazer uso de luvas e jaleco, enquanto o cliente deve utilizar touca, toalha para proteger o colo, protetor ocular (pode ser gaze úmida ou tampões oculares adesivos). O profi ssional deve ter ao seu alcance também uma bancada com os produtos e os materiais a serem utilizados previamente separados, como gazes, água, algodão, pincel e cosméticos utilizados. Além disso, é responsabilidade do profi ssional realizar a avaliação do paciente prévia à aplicação, identifi cando quaisquer condições que possam ter contraindicação ao tratamento e, ainda, estabelecer as melhores modalidades de tratamento. Small, Hoang e Linder (2014) orientam, ainda, que seja feito o teste de placa antes da realização do peeling químico. Esse teste consiste em detectar qualquer reação alérgica que o cliente possa ter ao tratamento. Para isso, aplica-se previamente o ácido a ser utilizado em região de antebraço ou atrás da orelha, espera-se o tempo de ação e se faz a retirada do produto. Após isso, observa-se a pele da região, se ela não apresentar sinais de irritação, como coceira, ardência excessiva, formação de urticaria ou vesículas, o cliente pode ser submetido ao peeling químico na face. Protocolos de tratamento para desordens estéticas faciais22 BAUMANN, L. Dermatologia cosmética: princípios e prática. Rio de Janeiro: Revinter, 2004. BORGES, F. S. Dermato-funcional: modalidades terapêuticas nas disfunções estéticas. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Phorte, 2010. COSTA, A. Tratado Internacional de cosmecêuticos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. DEPREZ, P. Peeling químico superficial, médio e profundo. Rio de Janeiro: Revinter, 2009. DRAELOS, Z. D. (ed.). Cosmecêuticos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. (Procedimentos em Dermatologia Cosmética). GONÇALVES, M. M. B. M. M. Cuidados dermocosméticos na rosácea. 2016. Monografia (Mes- trado Integrado em Ciências Farmacêuticas) — Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, Coimbra, 2016. 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