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Medicina – Thayna Borba 1 SAÚDE MENTAL • Nise da Silveira o Pioneiras da terapia ocupacional o Psiquiatra Junguiana o Desprestígio na psiquiatria o Interface com cultura o Atividades terapêuticas o Animais no tratamento o Histórias de vida o Anos 1940 • Franco Basaglia o REDE DE SERVIÇOS EM SAÚDE MENTAL o Fechamento de hospital psiquiátrico o Implantação da rede de cuidados em SM (lei 180) § Brasil : política nacional de SM Lei 10216/01 • Roberto Tykanori o Psiquiatra na casa de Anchieta de santos o Constituição de 1988, violação dos direitos o CONTRATUALIDADE – poder de atestar quem esta dentro e quem esta fora; § Colocar a contratualidade a favor do doente sem violar os direitos. • Frantz Fanon o Antimanicomial o Humanista o Psicologia comunitária § Família § Comunidade o Antirracismo o Clínica pública o Pensamento descolonizar e antirracista : § Negro desumanizado, trabalho escravo nas colônias o Integração mente/ corpo/ comunidade o EFEITOS PSÍQUICOS DO RACISMO Transtornos de humor – aula prática p3 • O humor é o estado emocional basal do indivíduo e é expresso de forma difusa • Transtornos de humor são doenças que tem como principal alteração o estado de humor. • São caracterizados principalmente por alterações patológicas do humor, cognitivas e psicomotoras. Tratam-se de doenças fásicas que evoluem em episódios únicos ou repetidos e podem ter Início súbito e remitir espontaneamente ou apresentar curso crônico ao longo da vida com sintomas de intensidade leve a grave ou incapacitantes. • quando os transtornos do humor são corretamente diagnosticados e tratados, o prognóstico é bom e as chances de recuperação são máximas, desde que o tratamento seja mantido por tempo suficiente, de meses a vitalício. • Eutimia = normal • Hipertimia = humor exaltado • Hipotimia = humor rebaixado Etiologia • São multifatoriais, resultantes da combinação de fatores ambientais (dieta, álcool, ritmos biológicos), individuais relacionados à personalidade e dos relacionamentos pessoais • observam-se alterações de provas funcionais, modelos de integração neuroquímicos e de comportamento nos processos de prazer, Medicina – Thayna Borba 2 Recompensa e perturbações dos ritmos circadianos. • a convergência desses fatores provocam desequilíbrio das aminas biogênicas, especialmente a noradrenalina, a serotonina e, em segundo plano, a dopamina, E dos sistemas de mensageiros secundários e peptídeos neuroativos. • geralmente os fatores psicossociais representam desencadeantes dos transtornos de humor (perda do emprego, do ente querido, separações). • não existem traços de personalidade predisponentes para os transtornos do humor • fatores genéticos têm importante papel para o surgimento de alguns transtornos principalmente no transtorno bipolar ( Cerca de 50% dos TAB I têm Pelo menos um dos pais com transtorno afetivo, especialmente depressão; se um dos pais é portador de TAB I, Chance de um dos filhos apresentar transtorno do humor é de 25%, que sobe para 50 a 75% no caso de ambos os pais serem afetados). METODOLOGIA SNAPPS • QUAIS CARACTERÍSTICAS RELACIONADAS AO HUMOR DO PACIENTE PODEM SER DESTACADAS ? SENSAÇÃO DE VAZIO NO PEITO; PENSAMENTO DE MORTE; QUEIXA DE NÃO CONSEGUIR FAZER MAIS NADA/ SEM ÂNIMO PARA AS ATIVIDADES DIÁRIAS • NA HISTÓRIA CLÍNICA, QUE FATORES PODEM SER ENTENDIDOS COMO DESENCADEANTES OU PREDISPONENTES DA ALTERAÇÃO DE HUMOR OBSERVADA ? O DESEMPREGO; AVC DA MÃE DO PACIENTE • OS SINAIS E SINTOMAS DO CASO CLÍNICO PERMITEM A CONSIDERAÇÃO DE QUAIS HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS ? PENSAMENTO DE MORTE; INDISPOSIÇÃO; CANSAÇO; VAZIO NO PEITO; • Autopsiquicamente – se reconhece • Alopsiquicamente – orientação em tempo e espaço Principais transtornos de humor • Depressão • Transtorno bipolar TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR • Transtorno de humor no qual o paciente apresenta episódios onde são percebidas alterações no afeto, na cognição e em funções neurovegetativas. • Embora o diagnóstico seja dado com apenas um episódio depressivo, a doença se não tratada apresenta recorrência geralmente. • Os sintomas devem causar sofrimento significativo e prejuízo funcional. além de estarem presentes quase todos os dias na maior parte do dia. • Episódio depressivo : o alteração do estado basal do paciente por um período mínimo de 2 semanas, nas quais ele deve apresentar pelo menos 5 dos critérios citados abaixo, sendo necessariamente obrigatória a presença dos critérios 1 ou 2 Medicina – Thayna Borba 3 Medicina – Thayna Borba 4 • O tratamento da depressão possibilita diferente escolha de antidepressivos. O objetivo do tratamento possui três fases : o 1. Deprimir o episódio depressivo o 2. Prevenção de novos episódios o 3. Acompanhamento do indivíduo TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR (TAB) • Doença crônica cíclica com grande morbimortalidade, na qual os pacientes apresentam episódios de mania, hipomania e depressão ao longo da vida. • Geralmente suas manifestações iniciam final da adolescência início da vida adulta • A presença de um desses episódios caracteriza a fase aguda da doença. Porém, o paciente também experimenta momentos de eutimia entre um episódio e outro. Durante a eutimia, eles têm funcionalidade normal. • Episódio maníaco : o Período de Exaltação ou irritação persistente do humor com duração de pelo menos uma semana, presente quase todos os dias, na maior parte do dia. o Sintomas principais de mania: § humor expansivo e/ou irritável § aumento de energia e atividade § aceleração psicomotora § aumento da impulsividade § Idéias grandiosas, otimismo exagerado § Físicos: redução da necessidade do sono, aumento da libido. o Necessariamente precisa ser diferente do comportamento normal do paciente e causar prejuízo funcional. • Episódio hipomaníaco : o Período de exaltação do humor ou humor irritável persistente com duração de pelo menos 4 dias consecutivos presentes quase todos os dias, Na maior parte do dia, de forma diferente do funcionamento basal do paciente em um grau significativo. o Menos grave e com menor duração do que a mania. • No tratamento de escolha do TAB, utiliza se os estabilizadores de humor, sendo lítio o principal. • a terapia medicamentosa Visa restaurar o comportamento, Controlar os sintomas agudos e prevenir a ocorrência de novos episódios. • os pacientes com risco de suicídio, de violência ou de comportamentos de risco devem ser monitorados de perto, e a internação hospitalar está indicada em casos de ameaça a si ou a outras pessoas, complicações psiquiátricas ou médicas, resposta inadequada ou ausência de resposta anterior ao tratamento. Medicina – Thayna Borba 5 • a intervenção farmacológica é necessária imprescindível, mas não o suficiente para recuperação e sua manutenção. a psico educação do paciente, da família ou do cuidador é fundamental e tem por objetivo oferecer informações sobre a doença, seu prognóstico e as opções de tratamento, propiciando maior entendimento do processo terapêutico e aumento da adesão. • Tópicos principais do tratamento do transtorno bipolar • qualquer que seja a fase, usar sempre agentes antimaníacos/ estabilizadores do humor • na depressão bipolar, nunca usar monoterapia com antidepressivos, sempre acrescentaragentes antimaníacos/ estabilizadores do humor • não há dados consistentes em relação ao tratamento da depressão bipolar • não há dados consistentes em relação ao tratamento de episódios mistos e ciclagem rápida • a hipomania deve ser tratada do mesmo modo que a mania • Lítio, valproato, carbamazepina e antipsicóticos atípicos são mais efetivos no tratamento e na prevenção de mania e em menor grau na intervenção da depressão. • a lamotrigina é efetiva no tratamento e na prevenção da depressão e, em menor grau, na intervenção da mania. Exame Psíquico • Principal ferramenta do psiquiatra : a entrevista do paciente • A anamnese, histórico dos sinais e sintomas que o indivíduo apresenta ao longo de sua vida, seus antecedentes pessoais e familiares, assim como de sua família e meio social • O exame psíquico também chamado de exame do estado mental atual. • Doenças físicas mais frequentes : o Diabetes tipo II e resistência insulínica, dislipidemia, doenças cardiovasculares, obesidade o Neoplasias malignas • Exames complementares: o Hemograma completo o Glicemia de jejum o Perfil lipídico (triglicérides + colesterol) o Eletrólitos o Ureia e creatinina o Bilirrubinas o Enzimas hepáticas o TSH + T4L o Teste de gravidez o Prolactina o Coagulograma o Vitaminas B12 e D o Exame de imagem do encéfalo ( RNM ou TC sem contraste) o Eletrocardiograma de repouso com DII longo o Sorologias : HIV , Sífilis, hepatite B e C, sempre avisar e solicitar o consentimento do paciente. • A entrevista : o Variáveis do paciente o Contexto institucional o Objetivos da entrevista (criar vínculo, Ajuste medicamentoso) o Personalidade do entrevistador Medicina – Thayna Borba 6 o Evitar : posturas rígidas, atitudes frias ou neutra, reações exageradamente emotivas, Julgamentos, reações emocionais de pena ou compaixão; responder com hostilidade ou agressão; Exame psíquico 1. Apresentação e atitude • Cuidado pessoal, higiene, trajes, postura, mímica • Atitude global do paciente : colaborativo, pouco colaborativo, dissimulado (está com sintoma mas nega a presença deste), simulado (inventar sintoma). 2. Nível de consciência • Estado total de alerta: consciente • Níveis de redução da consciência: o 1°Obnubilação: turvação da consciência ou sonolência patológica leve o 2°Torpor : é um grau mais acentuado de rebaixamento da consciência. Paciente evidentemente sonolento. o Sorpor: marcante e profunda turvação da consciência, de sonolência intensa, da qual o indivíduo pode ser despertado apenas por um tempo muito curto, por estímulos muito enérgicos • Alterações qualitativas da consciência: o Estado crepusculares: relativa conservação da atividade motora coordenada, estreitamento transitório do campo da consciência, surge de forma abrupta, amnésia lacunar o Estado segundo : atividade psicomotora coordenada, porém possui uma certa estranheza quanto à sua personalidade. o Dissociação de consciência: fragmentação da consciência; afeta a memória, a percepção, a identidade e o controle motor. o Transe: assemelha com sonhar acordado (ex. Uso de substâncias; o Perplexidade patológica: estranheza inquietante, perda de uma sensação de naturalidade das coisas. 3. Atenção • Voluntária : concentração ativa é intencional • Espontânea: incidental, interesse momentâneo • Atenções voltadas para processos internos ou externos • Focal ou dispersa • Tenacidade : capacidade do indivíduo de fixar e manter sua atenção sobre determinado estímulo • Vigilância : aspecto da atenção relacionado a capacidade de mudança de foco (hipervigil, hipovigil). 4. Orientação • Autopsíquica : é aquela do indivíduo em relação a si mesmo. Revela se o sujeito sabe quem é: seu nome, idade, profissão, estado civil, com quem mora • Alopsíquica: diz respeito à capacidade do indivíduo relacionar-se em relação ao espaço 5. A senso percepção e suas alterações • Sensação : fenômeno passivo • Percepção : fenômeno ativo • A imagem real sensoperceptiva se caracteriza: o Nitidez o Corporeidade o Estabilidade o Extrojeção Medicina – Thayna Borba 7 • Representação : reapresentação de uma imagem na consciência, sem a presença real, externa, do objeto que, em um primeiro momento, gerou uma imagem sensorial. • Imaginação : atividade psíquica, geralmente voluntária, que consiste na evocação de imagens percebidas no passado (imagem mnêmica) ou na criação de novas imagens (imagem criada). • Ilusão: percepção deformada, alterada, de um objeto real e presente. • Alucinação: percepção clara d definida de um objeto (voz, ruído, imagem) sem a presença de objeto estimulante real. 6. Memória • Fases da memória : o Codificação : captar, adquirir e codificar informações o Armazenamento : reter informações de modo fidedigno o Recuperação ou evocação • Memória de trabalho : situar-se entre os processos e a habilidade de atendi e os da memória imediata. • Memória semântica : representação de longo prazo dos conhecimentos que temos sobre o mundo. • Alterações de memória : o Hipermnésia o Amnésia § Anterógrada – indivíduo não consegue fixar elementos mnêmicos a partir do evento que lhe causou dano cerebral § Retrógrada – indivíduo perde memória para fatos ocorridos antes do início do transtorno o Confabulação – lacuna de memória -> preenchimento 7. Vida afetiva • Sentimentos e emoções • Afeto: tônus (hipertônico; hipotônico), modulância (hipermodulante, normomodulante ou hipomodulante) e ressonância • Humor : Eutímico ( normal ), deprimido (lentidão pra falar), hipotímico (triste mas não está deprimido) • Maníaco, hipertímico (acelerado). • Disfólico (irritação) 8. Volição • Tem a ver com a vontade da pessoa • Processo volitivo: o Fase de intensão e propósito o Fase de deliberação (avaliar pontos positivos ou negativos) o Fase de decisão propriamente dita o Fase de execução 9. Psicomotricidade • Como está a motricidade associado ao psiquismo o Aceleração o Lentificação o Parkinsonismo o Inibição o Catatonia (igual cera; negativismo “senta, ele fica em pé”) o Estereotipias motoras o Maneirismo (movimentos muito exagerados) o Conversão o Praxia 10. Pensamento • Curso do pensamento (ritmo) – lentos rápido • Forma do pensamento (constituição) Medicina – Thayna Borba 8 • Conteúdo • Pensamentos inibidos, vago, prolixo, concreto ou concretismo, deficitário, demencial, confusional, desagregado, obsessivo, ruminações ou pensamento ruminativo perseverativo ( pensamento volta o tempo inteiro) • Pensamento pode estar acelerado, lentificado, bloqueio ou interceptação do pensamento; roubo do pensamento; fuga de ideias (arborizado). • Alterações formais de pensamento : o Afrouxamento das associações o Descarrilhamento do pensamento o Dissociação e incoerência do pensamento o Desagregação do pensamento 11. Juízo de realidade • Associado com a memória do paciente • Preservado ou prejudicado Sofrimento mental na prática médica – aula prática • Diferentes dimensões do sofrimento humano • O que é sofrimento ? Sofrimento é quando aspectos sociais, físicos e mentais da vida do indivíduo estão em desequilíbrio causando desconfortos, pensamentos negativos, dor, angústia, sendo portanto de maneira subjetiva. • Sofrimento por Cassel: o Sofrimento é experimentado por pessoaso Sofrimento surge quando tememos que algo nosso seja destruído. o O sofrimento pode acometer qualquer aspecto de “personhood”. • Três exemplos que nos constitui enquanto pessoas : Ser racional; linguagem; habilidade social. o Sentimentos o Racionalidade o Individualidade § Personalidade o Convívio em sociedade o Linguagem o Caráter • Definição de pessoa segundo Cassel : 1. Personalidade e caráter – como reagir a doença e sofrimentos de formas diferentes 2. Passado – memória/ bagagem/ fator que contribui na formação de nossa personalidade. § Disease- doença em si § Ellness – experiência da doença 3. Cultura 4. Desempenham papéis 5. Pessoas não existem sem outras pessoas § Convívio social 6. Pessoas são seres políticos § Temos interesses e iremos agir conforme eles. 7. Pessoas fazem coisas -> realizações § Trabalhar § Cozinhar § Construir 8. Pessoas não tem consciência da maior parte das coisas que acontecem com elas e do seu por quê § Doença por exemplo § Somos agentes passivos de uma série de coisas que acontecem 9. Pessoas têm hábitos regulares § Comer 10. Pessoas têm um corpo § Habilidades do corpo – doenças podem limitar; sentimento de traição pelo corpo 11. Pessoas têm uma vida secreta Medicina – Thayna Borba 9 § Pensamentos § Sonhos § Imaginações § As doenças podem invadir esse área; 12. Pessoas têm uma percepção de futuro § Planos § Doenças podem alterar isso e gerar sofrimento 13. Pessoas têm uma dimensão transcendental § Qualquer coisa que nos faz nos sentir maior do que nós mesmos § Luz Correlacione três formas de sofrimento segundo Cassel com o sofrimento da escultora : b. Retirada dos ovários -> questão de sofrimento relacionado com a cultura segundo Cassel. c. Perda de capacidade profissional – sofrimento quando a capacidade social d. e. Sofrimento quanto a sua aparência; habilidades acometidas f. Sofrimento pela sua percepção de futuro Reforma psiquiátrica e rede de atenção psicossocial PRINCIPAIS MOMENTOS HISTÓRICOS PARA A “CONSTRUÇÃO” DA PSIQUIATRIA • Psiquiatria antiga e grego latina : primeiros registros de patologias psiquiátricas. Acredita-se que o termo histeria vem da convicção de que o útero seria independente, capaz de se deslocar pelo interior do corpo. O termo foi descrito por Hipócrates como uma falta de funcionamento sexual. • Formas terapêuticas recomendavam para moças e viúvas o uso de fumegações (administração de medicamentos em partes do corpo através de vapores e fumaças) vaginal com plantas aromáticas para atrair o útero para o seu local de origem. PSIQUIATRIA MEDIEVAL • “Idade das trevas” • Concepções mágico-religiosas exercida por magos e feiticeiros ate o início da idade moderna. • Manual de caça as bruxas – relatos de orgias sexuais como método de identificação de hereges e demônios. • Período marcado por exorcismo PRIMEIRA REVOLUÇÃO PSIQUIÁTRICA – A ESCOLA FRANCESA: • Fundação de locais objetivando o cuidado de doentes mentais foi um marco de mudança de paradigma que ocorreu no séc. XVII. • Pessoas com enfermidades mentais passaram a ser “reconhecidas” como dignas de cuidados médicos, reduzindo o estigma de serem temidos, hostilizados, rejeitados ou ainda, possuídos. • Assim ocorreu o que se chamou habitualmente de revolução psiquiátrica, onde houve o reconhecimento do doente mental como objeto da psiquiatria através do movimento de fundação dos hospitais psiquiátricos e casas de saúde. • Por conseguinte surgiu o método psicopatológico e a classificação das doenças mentais. Medicina – Thayna Borba 10 • Questões que tais momentos históricos trazem e são dignos de atenção: sexualidade, religião e segregação Philippe Pinel • Se interessou pela loucura e doenças mentais; influenciado pelas ideias iluministas e pela revolução francesa. • Publicação do Tratado sobre Alienação Mental : o Ele integrou a corrente que constitui o saber psiquiátrico por meio da observação e análise sistemática dos fenômenos perceptíveis da doença. • Com isso ele baniu tratamentos antigos, como as sangrias, vômitos induzidos, purgações e ventosas, substituindo por tratamentos dignos e respeitosos, que inclui terapias ocupacionais. • Dentro dessa linha foi um dos primeiros a libertar os pacientes dos manicômios e correntes, propiciando liberdade de momentos por si só terapêutica. • Para explicar a loucura o alienista identificou três causas, tais como: o Causas físicas que se ligavam as fisiológicas o Causas ligadas a hereditariedade o E as causas morais (paixões intensas, excessos de todos os tipos, irregularidades dos costumes e hábitos de vida). • Ele defendia a cura da loucura por meio do chamado “tratamento moral”, que consistia em uma ampla pedagogia normalizadora com horários e rotina rigidamente estabelecidos, medicamentos recitados somente pelo médico e atividades de trabalho e lazer. • A reforma psiquiátrica no Brasil teve como primeira fonte inspiradora as ideias e práticas do psiquiatra franco Basaglia, que revolucionou, a partir da década de 1960, as abordagens e terapias dano tratamento de pessoas com transtornos mentais nas cidades italianas. • Ele rompeu com muros culturais e físicos nas forma como uma sociedade deve lidar com seus “loucos” para reintegra-los à sociedade. • Ele revolucionou o tratamento psiquiátrico • Devido aos alcançou positivos a recomendação por ele feita passou a ser recomendada pela organização mundial de saúde (OMS) a partir de 1973. Isso tornou o debate mundial, chegando a discussão ao brasil. • Em 1979 foi criado o movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM) e em 1987, o movimento antimanicomial, dando continuidade à luta pela nova psiquiatria. • 1989 surge a lei da reforma psiquiátrica (projeto de reforma psiquiátrica) • O texto foi aprovado e sancionado em 2001 • Aprovação da lei Orgânica da Saude Lei nº 8.080 e 8.142 (SUS e controle social); • Lei federal 10.216/2001 (proteção e os direitos das pessoas com transtornos mentais) – LEI DA REFORMA PSIQUIÁTRICA o substituir os leitos em hospitais psiquiátricos por uma Rede comunitária de atenção psicossocial. • “Cuidar sim, excluir não” – lema da campanha da OMS em 2001 • Decreto 7.508/2011 – dispor sobre a organização do sistema único de saude. Medicina – Thayna Borba 11 APS como ordenadora da rede de atenção psicossocial • Portaria GM/MS 3.088 de 23/12/2011, republicada em 21/05/2013 o Institui a rede de atenção psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do sistema único de saude. • A RAPS tem como objetivo geral : o Ampliar acesso à atenção psicossocial da população em geral o Promover a vinculação das pessoas com transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas e de suas famílias aos pontos de atenção o Garantir a articulação e a integração dos pontos de atenção das redes de saude do território, qualificando o cuidado por meio do acolhimento, do acompanhamento contínuo e da atenção as urgências. • Objetivos específicos que se destacam : o Promover cuidado em saude especialmente a grupos mais vulneráveis (crianças, adolescentes, jovens, pessoas em situação de rua) Componentes da RAPS: • Precisa garantir atendimento em todos os níveisde atenção à saude : primário, secundário e terciário • Primário – atenção básica em saúde • Outros 4 pontos -> garantir a reinserção social • UBS tradicional -> demanda espontânea • ESF -> UBS mapeia e vai até o território o Consultório de rua -> ESF que realiza atendimento itinerantes. o Atendimento a pessoas que não tem documentos e moram na rua o Cria vínculo entre a unidade e traz eles para a UBS para mais acompanhamentos. Muitos trabalhos de promoção e prevenção de saude. Medicina – Thayna Borba 12 o CECOS -> centro de convivência que ofertam atividades de cultura e lazer (abertos ao público em geral) o Residência transitória -> pessoas que estão sem família, sem renda, mas com bom prognóstico. Acompanhados por equipe para reinserção – máximo de 6 meses. • Atenção especializada – CAPS o Pessoas com alteração de pensamento (forma: conteúdo-delírio-processo psicótico e curso) e somatossensorial (alucinações) o Processo psicótico com prejuízo funcional -> situação de crise -> CAPS da suporte. o CAPS I – equipe mínima. Funciona das 8- 17h o CAPS II – equipe ampliada – funcionamento das 8-19h o CAPS III – 24h § 7-19h demanda espontânea § O restante do horário cabe à hospitalização noturna para casos em específico que necessitam desse suporte. § Como ex: paciente em mania, não sente necessidade de dormir. Pode colocar outras pessoas em risco. Fica no CAPS até o medicamento fazer efeito (4 semanas no máximo. 15 dias é o ideal) o CAPS i (ij) – criança e adolescente, 0–18 anos. Pode ser I, II ou III. o CAPS AD – adultos com comorbidades do uso de substâncias. Dependência química como carro chefe do adoecimento. • Equipe mínima : psiquiatra, enfermeiro, auxiliar de enfermagem, TO e assistente social. • O PACIENTE É SEMPRE DA ATENÇÃO PRIMÁRIA MESMO QUE ELE FAÇA USO DE OUTROS SERVIÇOS – ORDENADORA DO CUIDADO. Unidade básica de saude – UBS (atenção primária) ESF - Estratégia de saude da família • Os usuários com questões relacionadas à saude mental receberão seus cuidados na atenção primária quando, mesmo com a doença, apresentarem pouco ou nenhum prejuízo em suas atividades de vida diária. • Paciente mais funcional dentro da singularidade de cada um. • Em caso de crise e/ou mudança significativa do quadro, avaliar se o paciente apresenta demanda para os CAPS ou para a rede de urgência e emergência. CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL – ATENÇÃO SECUNDÁRIA • Equipe preparada para tratar questões de saude mental • Os pacientes que fazem uso do serviço CAPS são aqueles que já apresentam prejuízo de funcionalidade • MATRICIAMENTO – é o diálogo entre as equipes Rede de urgência e emergência — atenção terciária (alta complexidade) • Samu, leitos em hospitais gerais Medicina – Thayna Borba 13 • Irão minimizar e estabilizar clinicamente o paciente. o Intoxicação e abstinência grave o Intoxicação exógena o Atentado a integridade física por auto e/ou heteroagressividade o Intensa agitação psicomotora o Tentativa de suicídio o Pacientes com vozes de comando, alterações de conteúdo e comportamento Projeto terapêutico singular – PTS ; MATRICIAMENTO • Revogaço – tentativa de transferir verbas que eram dos serviços da rede e voltar a maior parte das verbas para hospital. Seria um movimento de retrocesso em saúde mental O ACOLHIMENTO é uma das diretrizes de maior relevância da política nacional de humanização do SUS. o Compromisso em reconhecer e acolher o outro em suas diferenças o Fortalecimento do vínculo o Escuta qualificada o Momento onde a demanda do usuário é atendida de forma singular o É mais do que ouvir a queixa/demanda e repassar para outro profissional o Não existe local, hora ou profissional específico. o Encontro com troca de saberes, compartilhamento de angústias e ofertar possibilidades de mudanças o Construção de forma coletiva – trabalhador/ equipe e usuário o Praticar empatia MATRICIAMENTO em saude mental • Encontro das equipes para pensar na formulação de estratégias de cuidado integral. Podem ser pensadas em termos de território; como em termos individuais para um paciente, para um caso ou para uma família. • Definição : é um novo modo de produzir saúde em que duas ou mais equipes, num processo de construção compartilhada, criam uma proposta de intervenção pedagógico-terapêutica • Objetivo: o Estruturar o cuidado colaborativo entre Saúde mental e atenção primária o Superar a lógica de encaminhamentos indiscriminados o Corresponsabilização entre as equipes de saude da família (SF) e saude mental (SM) • Construção compartilhada entre a atenção básica e a equipe de apoio matricial • Verticalidade x horizontalidade • Rompimento de paradigmas • Horizontalidade : matriciamento o Proporcionar à retaguarda especializada da assistência o Suporte técnico-pedagógico o Vínculo interpessoal e o apoio institucional no processo de construção o Integrar saude mental e atenção primária Medicina – Thayna Borba 14 • O matriciamento pode ser feito entre as equipes internas ou entre as equipes de outros níveis de atenção • O matriciamento dentro da própria atenção primária : NASF-AB (prestam suporte para questões de saude mental) o Núcleo Ampliado de saude da família e atenção básica § Equipe multiprofissional e interdisciplinar composta por categorias de profissionais de saude, complementar às equipes que atuam na atenção básica § Formada por diferentes ocupações (profissões e especialidades) da área da saude § Atua de maneira integrada para dar suporte (clínico, sanitário e pedagógico) aos profissionais das equipes de saude de família o Mudança de portaria – gestores municipais podem modificar as equipes multidisciplinares § Nota técnica nº 3/2020- DESF/SAPS/MS § PROGRAMA PREVINE BRASIL – reorganização de repasse de verba o Não são de livre acesso para atendimento individual ou coletivo (os acessos quando necessários, devem ser regulados pelas equipes que atuam na atenção básica). Quando a equipe de referencia deve solicitar o matriciamento ? o Equipe de saude da família – médico, enfermeiro, técnico e auxiliar de enfermagem e o ACS. (NASF – equipe multidisciplinar; seria a retaguarda) o Auxílio para esclarecimento diagnóstico, estruturação de um projeto terapêutico e abordagem de família o Suporte para realizar intervenções psicossociais específicas da atenção primária, como grupos de pacientes com transtornos mentais o Integração do nível especializado com a atenção primária o Apoio em dificuldades nas relações pessoais ou especialmente difíceis encontrada na realidade do trabalho diário Pontos importantes na discussão conjunta : • 1.motivo do matriciamento • 2. Informações sobre o indivíduo, a família e o ambiente • 3. Dificuldades no manejo e na comunicação • 4. História do problema atual, cronologia, intervenções já realizadas, resultados. • 5.Configuração familiar: genograma • 6.Social: convívio em grupos, instituições, apoio social, situação econômica • 7. Reflexos do caso na equipe referência • 8. Formulação de diagnóstico multiaxial Clínica ampliada • Não é apenas prescrever medição e solicitar exames • Olhar para além da doença e da queixa • Perceber o indivíduo como um ser singular – “cada caso é um caso” • Cuidado integral • Não fragmentar a pessoapor especialidades Medicina – Thayna Borba 15 • Interação entre diversas abordagens/especialidades. PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR • É o fruto do encontro das equipes multidisciplinares • É um conjunto de propostas de condutas terapêuticas articuladas para um indivíduo, uma família ou um grupo que resulta da discussão coletiva de uma equipe interdisciplinar com apoio matricial, se esse for necessário Abordagem do paciente com depressão – 06/08 • A importância da depressão na APS: o 19,9% de prevalência na vida da população geral de São Paulo o 10% de todas as novas consultas na APS • Carga global da doença: o DALY : é resultante da soma de 2 parcelas de tempo. § 1. os anos de vida perdidos por morte prematura § 2. os anos de vida vividos com incapacidade • Anedonia – perda de prazer • Insônia terminal – pessoa dorme e acaba acordando mais cedo do que ela deveria; despertar precoce; possível que se tenha um nível de sonolência diurno. o Mais característica de depressão • Insônia inicial – mais característica de ansiedade • Sintomas depressão : o Diminuição da libido – diminuição do desejo sexual; pode ter o desejo mas acaba não entrando no clima; o Anedonia – perda do prazer o Aumento ou diminuição do apetite o Insônia terminal o Alteração de memória § Esquecimento § Concentração -> acaba prejudicando a apreensão dos estímulos o Baixa auto estima o Sintomas psicóticos § Ruptura com a realidade ; ideias delirantes e alucinações • Deve-se classificar a depressão em leve, moderada e grave e assim tem-se a tomada de decisão quanto a medida terapêutica a ser adotada. • A gravidade está baseada no número de sintomas dos critérios, em sua gravidade e no grau de incapacitação funcional o Terapia – depressões leves o Moderada – já tem indicações para entrada com psicofármacos (antidepressivos) o LEVES – são poucos os sintomas presentes além daqueles necessários para fazer o diagnóstico; a intensidade do sintoma causa sofrimento, mas é manejável, e os sintomas resultam em pouco prejuízo no funcionamento social ou profissional. o MODERADA – o número de sintomas, sua intensidade e/ou prejuízo funcional estão entre aqueles especificados para “leve”e “grave”. o GRAVE – o número de sintomas está substancialmente além do requerido para fazer o diagnóstico; sua intensidade causa grave sofrimento e não é manejável, e os Medicina – Thayna Borba 16 sintomas interferem acentuadamente no funcionamento social e profissional. Hipótese monoaminérgica • Ideia de que os transtornos são causados por desequilíbrio químico o Na depressão – menos neurotransmissor disponível na fenda sináptica o Neurônio pós-sináptico otimiza a situação expressando novos receptores o Inibidor seletivos de recaptação de serotonina por exemplo – bloqueiam receptores de recaptação dos neurônios pré sinópticos e a concentração de neurotransmissores na fenda aumenta. • Norepinefrina: energia e estresse • Serotonina: impulsividade • Dopamina: energia • Correlação dos 3 neurotransmissores resulta em: humor, emoção, cognição • norepinefrina + serotonina = Ansiedade e irritabilidade • Norepinefrina + dopamina = motivação • Serotonina + dopamina = sexo / apetite / agressão Fisiopatologia – neurobiologia da depressão 1. Desregulação da neurotransmissão cerebral 2. Alterações neuroendócrinas anatômicas e autoimunes 3. Alterações de cascatas intracelulares, expressão gênica e fatores neurotróficos Fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) • É uma proteína secretada, que em humanos é codificada pelo gene BDNF. • BDNF É um membro da família das neurotrofinas dos fatores de crescimento. É encontrado no cérebro e na periferia ajudando na sobrevivência neuronal (manutenção) e na neurogênese. • Você controla seus níveis de BDNF o Exercício – aumenta BDNF em qualquer idade o Estresse – cortisol atua contra BDNF o Nutrição – gordura + açúcar = menos BDNF o Sono – perdeu sono = menos BDNF Abordagem clínica da depressão na APS Rastreamento; apresentação clínica; diagnóstico; diagnóstico diferencial; orientações e tratamentos. • RASTREIO o Nas últimas semanas, você tem se sentido incomodada, triste e sem esperança ? – HUMOR DEPRIMIDO o Nas ultimas semanas, você perdeu o interesse ou o prazer de fazer as coisas ? – PERDA DO INTERESSE **alta sensibilidade (90%) e menor especificidade (57%) • 5 TIPOS BÁSICOS DE VIVÊNCIAS AFETIVAS. o Humor ou estado de ânimo – tônus afetivo do indivíduo, o estado basal e difuso, que se encontra a pessoa em determinado momento. o Emoções – são as reações afetivas momentâneas, agudas, desencadeadas por estímulos significativos o Sentimentos - são configurações afetivas estáveis, comumente associados a conteúdos intelectuais, valores e representações. o Afetos - a qualidade o tônus emocional que acompanham uma idéia da representação mental Medicina – Thayna Borba 17 o Paixões - é um estado afetivo extremamente intenso que domina a atividade psíquica como um todo captando e dirigindo a atenção HUMOR • ESTADO EMOCIONAL BASAL E DIFUSO • A disposição afetiva que penetra toda a experiencia psíquica. • a lente afetiva que da as vivências do sujeito, a cada momento, uma cor particular, ampliando ou reduzindo o impacto das experiências reais e, muitas vezes modificando a natureza e o sentido das experiências vivenciadas. • Tristeza X Depressão • Tristeza – sentimento humano normal que corresponde à frustração, decepção, perda ou fracasso. o Não compromete a capacidade de raciocinar, de desempenhar atividades rotineiras, ou reagir favoravelmente a uma boa notícia. Diminui com o passar do tempo e a aceitação da perda. • Depressão – Doença com sintomas físicos e psíquicos bastante claros e intensos o pode ocorrer na ausência de um fator ambiental desencadeante o quando relacionada a um evento estressante ou entristecedor é desproporcional e anormalmente duradouro. Caso clínico 1 Márcia, 46 anos, ensino fundamental incompleto, dona de casa, moradora da periferia de Fortaleza. Há 5 meses vem sentindo cansaço, fraqueza, sem ânimo para as atividades diárias e perdeu 6 kg em 3 meses não consegue dormir direito. Procurou o posto e conseguiu ser consultado no mesmo dia. Chorou durante a Entrevista, Relatando problemas com marido que perdeu o emprego há 6 meses e que voltou a beber demais. relatou também saudades do filho que não vê há 10 meses, Porque ele mora na rocinha, no Rio de Janeiro, e tem uma vida muito difícil. Discussão : Márcia apresenta síndrome depressiva, também sendo indicado tratamento medicamentoso, pois manifesta número de sintomas indicativo de moderada gravidade e já está com sua saúde física comprometida. TRANSTORNOS MENTAIS COMUNS NA APS • São as formas mais comuns de apresentação do sofrimento psíquico nas unidades • são menos estruturados e de menor gravidade que aqueles atendidos nas unidades especializadas, com muitas queixas sintomáticas com sintomas mistos de ansiedade e depressão associados a problemas psicossociais. • uma parcela significativa de pacientes tem remissão espontânea dos sintomas e apresentam melhoras quando apoiados pelas equipes, individualmente ou nos grupos das unidades da atenção primária. 1. TRANSTORNO DEPRESSIVOMAIOR A. Cinco (ou mais) Dos seguintes sintomas estiverem presentes durante o mesmo período de 2 semanas e representa uma mudança em relação ao funcionamento anterior; pelo menos um dos sintomas é (1) humor deprimido ou (2) perda de interesse ou prazer. • 1. humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, conforme indicado por relato subjetivo (p ex. sente-se triste, vazio, sem esperança) ou por observação feita por outras Medicina – Thayna Borba 18 pessoas (p ex. Parece choroso) (nota: Em crianças e adolescentes pode ser humor irritável) • 2. Acentuada diminuição do interesse o prazer em todas o ou quase todas as atividades na maior parte do dia quase todos os dias (indicada ir relato subjetivo ou observação feita por outras pessoas). • 3. Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta (P ex. uma alteração de mais de 5% do peso corporal em 1 mês), ou redução ou aumento do apetite quase todos os dias. (Nota: em crianças, considerar o insucesso em obter o ganho de peso esperado). • 4. Insônia ou hipersonia quase todos os dias • 5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observáveis por outras pessoas, não meramente sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento). • 6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias • 7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada (que podem ser delirantes) quase todos os dias (não meramente autorrecriminção ou culpa por estar doente). • 8. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão (por relato subjetivo ou observação feita por outras pessoas) • 9. Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida recorrente com um plano específico, uma tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio. B. Os sinais causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. C. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra condição médica. Nota: Os critérios A-C representam um episódio depressivo maior Especificadores Com sintomas ansiosos : Definido como a presença de pelo menos 2 dos seguintes sintomas durante a maioria dos dias de um episódio depressivo maior ou transtorno depressivo persistente (distimia): 1. sentir-se nervoso 2. sentir-se anormalmente inquieto 3. dificuldade de se concentrar devido a preocupações 4. temor de que algo terrível aconteça 5. sentimento de que o indivíduo possa perder o controle de si mesmo Com características melancólicas : A. Uma das seguintes está presente durante o período mais grave do episódio atual: 1. perda de prazer em todas ou quase todas as atividades 2. falta de reatividade à estímulos em geral prazerosos ( não se sente muito bem, mesmo temporariamente, quando acontece alguma coisa boa). B. 3 ou mais das seguintes: 1. uma qualidade distinta de humor depressivo caracterizada por prostração profunda desespero e/ou morosidade ou pelo chamado humor vazio 2. depressão regularmente pior pela manhã 3. despertar muito cedo pela manhã (pelo menos 2 horas antes do despertar habitual) 4. acentuada agitação ou retardo psicomotor 5. anorexia ou perda de peso significativa Medicina – Thayna Borba 19 6. Culpa excessiva ou inadequada. Com características atípicas : Este especificador pode ser aplicado quando essas características predominam durante a maioria dos dias do episódio depressivo maior atual ou mais recente ou do transtorno depressivo persistente A. reatividade do humor (Ex. o humor melhor em resposta a eventos positivos reais ou potenciais) B. Duas (ou mais) das seguintes características: 1. ganho de peso ou aumento do apetite significativos 2. Hipersonia 3. paralisia de chumbo (sensação de peso nos braços ou nas pernas). 4. Um padrão persistente de sensibilidade à rejeição interpessoal (não limitado aos episódios de perturbação do humor) que resulta em prejuízo social ou profissional significativo. C. não são satisfeitos os critérios para “com características melancólicas” ou “ com catatonia” durante o mesmo episódio. Com características psicóticas: delírios e/ou alucinações estão presentes • com características psicóticas congruentes com o humor: delírios e alucinações cujo conteúdo é coerente com os temas depressivos típicos de inadequação pessoal, culpa, doença, morte, niilismo Ou punição merecida. • com características psicóticas incongruentes com o humor: delírios ou alucinações cujo conteúdo NÃO envolve temas depressivos típicos ou inadequação pessoal, culpa, doença, morte, niilismo ou punição merecida ou cujo conteúdo é uma mistura de temas incongruentes e congruentes com o humor Com catatonia: O especificador de catatonia pode ser aplicado a um episódio de depressão se características catatônicas estão presentes durante a maior parte do episódio. Com início no Periparto : esse especificador pode ser aplicado ao episódio atual ou se atualmente não são satisfeitos todos os critérios para um episódio depressivo maior, ao episódio mais recente de depressão maior se o início dos sintomas de humor ocorre durante a gravidez ou nas 4 semanas seguintes ao parto. Com padrão sazonal: O especificador se aplica ao transtorno depressivo maior recorrente. A. Há relação temporal regular entre o início dos episódios depressivos maiores no transtorno Depressivo maior a determinada estação do ano (outono, inverno). B. Remissões completas (ou uma de depressão para a mania ou hipomania) também ocorrem em uma época característica do ano (p ex. A depressão desaparece na primavera). C. nos últimos 2 anos, ocorreram 2 episódios depressivos maiores, demonstrando as relações temporais sazonais definidas acima, e nenhum episódio depressivo maior não sazonal ocorreu durante o mesmo período. D. os episódios depressivos maiores sazonais (como já descritos) superam substancialmente em número os episódios depressivos maiores não sazonais que podem ter ocorrido durante a vida do indivíduo. Medicina – Thayna Borba 20 2.TRANSTORNO DEPRESSIVO PERSISTENTE (distimia) A. Humor deprimido na maior parte do dia, na maioria dos dias, indicado pelo relato subjetivo ou por observação feita por outras pessoas, pelo período mínimo de 2 anos. Nota: em crianças e adolescentes, o humor pode ser irritável, com duração mínima de um ano. B.Presença, enquanto deprimido, de duas (ou mais) das seguintes características: 1. Apetite diminuído ou alimentação em excesso 2. insônia ou hipersonia 3. baixa energia ou fadiga 4. baixa autoestima 5. concentração pobre ou dificuldade em tomar decisões 6. sentimento de desesperança C. Durante o período de 2 anos (um ano para crianças ou adolescentes) de perturbação, o indivíduo jamais esteve sem os sintomas dos critérios A e B por mais de 2 meses . D. Os critérios para um transtorno depressivo maior podem estar continuamente presente por 2 anos. E. Jamais houve um episódio maníaco ou episódio hipomaníaco e jamais foram satisfeitos os critérios para transtorno ciclotímico. F. A Perturbação não é mais bem explicada por um transtorno esquizoafetivo persistente, esquizofrenia, transtorno delirante, 1420 outros transtornos do espectro da esquizofreniae outro transtorno psicótico especificado ou transtorno do espectro da esquizofrenia e outro transtorno psicótico não especificado. G. os sintomas não se devem aos efeitos fisiológicos de uma substância (P ex. droga de abuso, medicamento) ou a outra condição médica (p ex. hipotiroidismo). H. os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outra área importante da vida do indivíduo. Caso clínico 2 Miguel, comerciante, sempre foi uma pessoa alegre comunicativa. Há poucas semanas começou a notar que estava falando menos. Sentia-se triste, desanimado, desmotivado para tudo. começou a ter prejuízo em seu negócio porque não tinha vontade de se dedicar como anteriormente. ficava triste, choroso pensando sempre em coisas ruins e desagradáveis. nenhuma notícia situação o fazia melhorar. Tudo parece em “preto e branco”. HIPÓTESE DIAGNÓSTICA : transtorno depressivo maior com especificador de caráter melancólico ??? Caso clínico 3 Heloísa, 75 anos, está apresentando mais um episódio depressivo. essas fases depressivas são recorrentes desde os 40 anos de idade. já houve grandes períodos de bem-estar sem sintomas de depressão o maior deles durou 10 anos. Entretanto, ela e a família já reconhecem logo quando “... a depressão está chegando...”. disse que começa a ficar mais quieta, perde o prazer e o interesse. a vaidade logo desaparece. o que mais preocupa a todos é o retardo motor. Heloísa fica parada por horas, não fala com Medicina – Thayna Borba 21 quase ninguém nem participa das conversas da casa. quando insistem, demora muito para responder e, ao fazê-lo, utiliza monossílabos. nessas fases começa logo a perder peso por não se alimentar Diagnósticos diferenciais • Transtorno do humor devido a uma condição médica geral • transtorno do humor induzido por uma substância • Demência • transtorno de déficit de atenção/ hiperatividade • transtorno da adaptação com humor deprimido • Luto O que o médico não deve fazer • Dizer que “não é nada só nervosismo” - minimizar as queixas e o sofrimento do paciente • Confundir tristeza com depressão - Tristeza pode ser uma mudança adaptativa; • Encaminhar para a psicoterapia - evitar se envolver com as queixas do paciente • procurar razões para depressão O que o médico deve fazer • Mostrar empatia e interesse - orientar que a depressão é uma doença, não é defeito de caráter, fraqueza ou falta de ocupação • Manter um monitoramento próximo - Esclarecer que o risco de recorrência é significativo : 50% após um episódio, 70% após 2 episódios, 90% após 3 episódios. • recuperação é a regra não A Exceção - explicar que os tratamentos são efetivos e que há muitas opções • medicamento não causa dependência - explicar sobre o tratamento medicamentoso aumenta adesão. CONSIDERAÇÕES PARA O USO DE PSICOFÁRMACOS NA CLÍNICA DA APS • Benefícios de intervenções de apoio psicossociais - o apoio, o acolhimento e a escuta estrutura um espaço de organização e solução de problemas que contribuem para uma melhora efetiva. • Resolutividade - medicação correta, na dose correta, pelo tempo correto o manejar as situações de crise até que o paciente possa ser atendido por especialistas - encaminhamento ou matriciamento • Recurso extremamente importante no manejo desses casos o continuidade do tratamento - início, meio e fim Antidepressivos tricíclicos - amitriptilina, clomipramina, nortriptilina, imipramina • 3 semanas para se verificar o efeito obtido com a dose utilizada • introduzidos progressivamente • devem proporcionar melhora de cerca de pelo menos 80% • doses terapêuticas ao serem utilizadas na APS situam-se entre 75-150 mg/dia • em caso de primeiro episódio depressivo: manutenção por 6 meses a um ano após o paciente estar compensado • se houver episódio anterior, deve ser solicitada avaliação de psiquiatra, seja por meio de Medicina – Thayna Borba 22 matriciamento ou de referência a serviço especializado. • Efeitos colaterais nessa faixa terapêutica: boca seca, hipotensão postural, visão turva e sonolência. • contra-indicações: hiperprostatismo, distúrbios de condução (monitorar ECG) e glaucoma. Antidepressivos - inibidores seletivos da recaptação de serotonina - Fluoxetina • Meia vida longa da fluoxetina e da norfluoxetina (metabólito ativo) • 3 semanas para se verificar o efeito obtido com a dose utilizada • se houver episódio anterior, considerar a avaliação de um psiquiatra, seja por meio de matriciamento ou de referência a serviços especializado. • Na APS utiliza se até 40mg/dia • manutenção por 6 meses a um ano após o paciente estar compensado, em caso de primeiro episódio depressivo • a possibilidade do uso em doses maiores indica necessidade de avaliação por um especialista • efeitos colaterais: boca seca, náuseas, enjôos e disfunção sexual geralmente um retardo no orgasmo. Transtornos de ansiedade – prática 4 (10/08) • Conceito : grupo de condições caracterizadas pela ansiedade idiopática acompanhada de sintomas psicológicos (p. Ex. Alterações de pensamentos) e somáticos (ex. Taquicardia e sudorese) • A diferença entre a ansiedade “normal” e a patológica pode ser vista no grau de interferência na funcionalidade do indivíduo • Transtornos de ansiedade apresentam alta prevalência na sociedade sendo os mais comuns entre os transtornos psiquiátricos. • O estado de ansiedade patológica corresponde ao acionamento inadequado do sistema de resposta ao estresse (luta e fuga) associado com um variedade de respostas do sistema cognitivo, motor, neuroendócrino e autonômico, envolvendo assim não apenas o sistema simpático. • A pessoa que sofre com os transtornos de ansiedade se sente como um indivíduo normal (no ansioso) se sente em situações de risco. A diferença é que a pessoa com ansiedade em crise não esta em situação de risco. • Quando se tem um transtorno de ansiedade não elimina a possibilidade de se ter outro. Transtornos relacionados à ansiedade incluem : o Fobia especifica o Transtorno de ansiedade social o Transtorno do pânico o Agorafobia o Transtorno de ansiedade generalizada (TAG) ETIOLOGIA • Embora suas causas não sejam completamente conhecidas, múltiplos fatores podem estar relacionados ao seu surgimento, entre eles fatores Medicina – Thayna Borba 23 genéticos, ambientais, eventos traumáticos, fatores psiquiátricos ou condições médicas gerais. Múltiplos fatores que se somam e aumentam as chances do indivíduo apresentar transtornos de ansiedade. • A maioria das pessoas com transtornos de ansiedade apresentam um ou mais sintomas somáticos como: o Palpitações, sudorese, dor torácica o Dispneia ou sensação de estar sufocado o Dispepsia, inchaço abdominal, náusea o Diarreia o Frequência ou urgência urinaria o Cefaleia, tonturas e pré-síncope o Parestesia, termos entre outros. • Os transtornos de ansiedade podem ser ordenado em dois grandes grupos : 1. Ansiedade constante e permanente, onde se enquadra a TAG 2. Crises de ansiedade, que cursam com períodos discretos de sintomas agudos no qual há elevação abrupta da ansiedade, associada a pensamentos de medo e sintomas somáticos (“ïnício crescente”), que normalmente se resolvem o período de uma hora, onde se enquadra a síndrome do pânico. Caso clínico 1 • Paciente, sexo masculino, 23 anos, estudante de direito, refere que há três semanasficou preso no elevador da faculdade durante cerca de 10 minutos. Enquanto estava no elevador, começou a sentir falta de ar, aperto no peito, coração batendo forte e acelerado e dormência no braço esquerdo. O paciente relata que os sintomas foram tão fortes que achou que fosse morrer, sendo preciso ser levado ao serviço de pronto atendimento próximo à faculdade por um colega. Os exames realizados no serviço não mostraram alterações e os sinais vitais dentro da normalidade. Refere que sempre teve medo de lugares fechados e que dificilmente andava de elevador sozinho. Questionado sobre as semanas seguintes, o paciente relata ter mantido suas atividades diárias, mas que não anda mais de elevador porque tem medo de ter outra crise. • Quais características presentes no caso podem ser relacionadas aos transtornos de ansiedade ? (Grifado) • Hipótese diagnóstica – Fobia especifica ou transtorno do pânico; mais característico de fobia específica. Fobia especifica • Pessoa fica apreensiva; ansiosa, se esquiva de objetos ou a situação que desencadeia tal ansiedade. • Medo, ansiedade, comportamento de esquiva, até um ponto que se torna persistente e fora de proporção em relação ao risco real que se apresenta. Transtorno de ansiedade social • Sintomas de ansiedade, comportamento de esquiva relacionado a interações e situações sociais que envolvem a possibilidade de ser avaliado. A ideação cognitiva associada é a de ser avaliado negativamente Transtorno do pânico Medicina – Thayna Borba 24 • Ataques inesperados e recorrentes; situação de constante apreensão de novos ataques de pânico; medo intenso, desconforto intenso, associado a sintomas físicos e/ou cognitivos. • Apresenta ansiedade antecipatória – sofrimento psíquico contínuo provocado pela preocupação com o próximo ataque de pânico ou com seus efeitos. Agorafobia • A pessoa se sente apreensiva, ansiosa acerca de situações como o uso de transporte público, estar em lugares fechados ou abertos, pegar filas, multidões, sair de casa sozinho, entre outras situações. • Ela teme essas situações devido aos pensamentos de que pode ser difícil escapar ou de que pode não haver auxilio disponível caso tenha sintomas do tipo pânico, incapacitantes ou constrangedores. • Estar em ambiente público e se ocorrer algum evento ela pensa que não vai ter suporte; • Identificada independente da presença de transtorno de pânico. Transtorno de ansiedade generalizada (TAG) • Ansiedade patológica, não é especifica a um objeto, situação. • Condição mais heterogênea, caracterizada pela presença de ansiedade clinicamente significativa e sintomas somáticos associados a pelo menos 6 meses ou mais. • A pessoa experimenta sintomas físicos, incluindo inquietação ou sensação de “nervos à flor da pele”, fatigabilidade; dificuldade de concentração ou “ter brancos”; irritabilidade; tensão muscular; e perturbação do sono. • Ela é constante; constantemente a pessoa sente, somatiza; sempre preocupada, temerosa Transtorno obsessivo-compulsivo • Caracterizado pela presença de obsessões e/ou compulsões o Obsessões – campo dos pensamentos – pensamentos impulsivos ou imagens recorrentes e persistentes que são vivenciados como intrusivos, indesejados o Compulsão – comportamento que a pessoa desenvolve : comportamentos repetitivos ou atos mentais que um indivíduo se sente compelido a executar em resposta a uma obsessão ou de acordo com regras que devem ser aplicadas rigidamente. • Impactam funcionalidade; não são decorrentes do uso de álcool ou drogas; Tratamento • O tratamento baseia-se no tripé : o Tratamento medicamentoso o Tratamentos psicossociais o Psicoeducação • Tratamento medicamentoso : (sempre vai estar apoiado no uso de antidepressivos; ansiolíticos tem necessidade de avaliação se há necessidade ou não do seu uso – severidade do quanto atrapalha); ansiolíticos possuem efeitos rápidos de ação porém seu uso contínuo não é recomendado por gerar tolerância. • Os benzodiazepínicos. São a segunda classe de fármacos mas importantes no tratamento dos transtornos de ansiedade. Entretanto, elas causam importantes efeitos colaterais, como sedação, amnésia anterógrada e, principalmente, Medicina – Thayna Borba 25 dependência e tolerância. Por serem ansiolíticos de início rápido, são ótimas drogas para alívio imediato de quadros de ansiedade, porem não tão adequado para tratamentos prolongados exigidos nesses transtornos. O uso pontual e temporário de benzodiazepínicos pode ser feito quando há exacerbação aguda dos sintomas e, eventualmente, no inicio do tratamento com antidepressivos, fase em que eles ainda não fizeram efeito ou até à piora inicial da ansiedade. o Transtorno de pânico § Antidepressivo (ação dupla; inibidores da recaptação de serotonina) e ansiolítico da classe dos benzodiazepínicos • Caso clínico Transtorno de ansiedade e associados + Benzodiazepínicos Epidemiologia • Fobia especifica 6 a 12% da pop. • Transtorno ansiedade social 10% • Agorafobia pura 2% • Ansiedade de separação na infância 2 a 3% • Pânico 2 a 5% • TAG 3 a 5% • Região metropolitana de São Paulo 12,4% fobia especifica; 5,6% ansiedade social, 3,7% para TAG; 2,5% para agorafobia e 1,7% para pânico. Importância para a saude pública • 10% das causas de incapacidade, ajustada para todos os transtornos mentais. Atrás apenas de transtorno depressivo maior. • Combinação de fatores alta incidência, instalação precoce, elevado tempo de sintomas sem tratamento, uso abusivo de substâncias psicoativas associado, outras comorbidades psiquiátricas associadas e elevada comorbidades clínica. • A diferença entre as condições funciona e clínica é apenas dimensional (intensidade, duração e frequência). • MEDO X ANSIEDADE o Medo -> emoção normal; caráter mais externo o Ansiedade -> temporalidade do ansioso (presentificação de um sofrimento futuro; antecipação de um tempo futuro) ANSIEDADE EM GERAL • Amígdala: área límbica; o Envolvida em uma série de reações relacionadas ao medo e também a ataques de pânico, funciona como um alarme. • Hipocampo: o Centro de armazenamento de memórias e experiências Medicina – Thayna Borba 26 o Fornece essas informações a amígdala que confere se é desconhecido fornecendo um alarme ou então se conhecido qual a qualidade daquela experiência. TAG – transtorno de ansiedade generalizada • Preocupação crônica e persistente que é altamente aversivo e incontrolável, multifocal, saúde, finanças. (Preocupações futuras no tempo presente) • TAG em crianças se manifesta como dores abdominais • Crianças costumam ter mais sintomas físicos e muitas faltas na escola • Tratamento obrigatório : psicoterapia; • Um dos transtornos mais comuns na APS • 7 a 8% dos pacientes raramente os sintomas vem como preocupação mas surgem como sintomas somáticos • Proporção de mulheres para homem 2:1 • Parentes de primeiro grau com TAG dobram a prevalência de ansiedade e aumenta em 5 a 6 vezes a prevalência de TAG • Idade de início variável, picos início da vida adulta e final da vida adulta • Sintomas devem durar mais de 6 meses. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS – DSM 5 • Para ser TAG o indivíduo tem de apresentar o critério A e B; além de três dos sintomas relatados em C. A. Ansiedade e preocupação excessiva ( Expectativa apreensiva),ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos 6 meses, com diversos eventos ou atividades B. O indivíduo considera difícil controlar a preocupação C. Ansiedade e E preocupação estão associados com 3 ou mais dos seguintes 6 sintomas: ( nota: apenas um item é exigido para crianças). 1. inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele 2. Fatigabilidade 3. Dificuldade em concentrar-se ou sensações de “branco”na mente. 4. Irritabilidade 5. Tensão muscular 6. Perturbação de sono D. Ansiedade, a preocupação ou sintomas físicos causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. E. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra condição médica • Tratamento – psicoterapia e uso de inibidores seletivo da recaptação de serotonina (fluoxetina, sertralina; exitalopran (lexapro referência); paroxetina (da sono), aumenta muito o apetite • Desafios – tolerância do antidepressivos pois de inicio há aumento dos sintomas ansiosos; o Alternativa : Fracionar doses ou associar a benzodiazepínicos. Ou também variar classe de antidepressivo (duais – inibem a Medicina – Thayna Borba 27 recaptação de serotonina e noradrenalina (desvenlafaxenia como exemplo); Pregabalina – ação Gabaérgica importante). Transtorno do pânico A. Precisa ser recorrente; inesperado, começa acontecer sem estimulo algum ou com estímulos que não eram para acontecer o ataque do pânico. Um ataque de pânico é um surto abrupto de medo intenso ou desconforto intenso que alcançou um pico em minutos e durante o qual ocorrem 4 ou mais dos seguintes sintomas: • Palpitações, coração acelerado, taquicardia • Sudorese • Tremores e abalos • Sensações de falta de ar ou sufocamentos • Sensações de asfixia • Dor ou desconforto torácico • Náusea ou desconforto abdominal • sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio • calafrios ondas de calor • Parestesia • Desrealização (Sensação de irrealidade) ou despersonalização (sensação de estar distanciado de si mesmo) • Medo de perder o controle ou enlouquecer • Medo de morrer B. Pelo menos um dos ataques foi seguido de um mês (ou mais) de uma ou de ambas as seguintes características : 1. Apreensão ou preocupação persistente acerca de ataques do pânico adicionais ou sobre suas consequências 2. Uma mudança desadaptativa significativa no comportamento relacionada aos ataques Tratamento • Pode ser farmacológico e Terapia Cognitivo- Comportamental; • Bases da TCC o Psicoeducação; o Reestruturação cognitiva; o Intervenções comportamentais (experimentos comportamentais e exposição introceptiva). Tratamento Farmacológico → ISRS são a primeira escolha, de acordo com a aceitação do paciente (efeitos colaterais). Transtorno de ansiedade social • Tratamento : psicoterapia de exposição; treino de habilidades sociais, terapia de disposição (mentalizando as situações com o nível de ansiedade que você vai ter); betabloqueador – propanolol; inibidor seletivo pode ser dado mas não tem muita evidência. Fobia específica CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS A. Medo ou ansiedade acentuados a cerca de um objeto ou situações(p. Ex. Voar, altura, animais, tomar injeção, ver sangue). Tratamento • O tratamento farmacológico baseia-se na utilização de ISRS juntamente com Inibidor seletivo da recaptação de serotonina e noradrenalina (venlafaxina) → São os fármacos de primeira linha. Medicina – Thayna Borba 28 • Terapia cognitivo-comportamental→Exposição, reestruturação cognitiva, técnicas de relaxamento, treino de habilidade social e terapia comportamental em grupo.,m AGORAFOBIA CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS A. Medo ou ansiedade marcantes acerca de duas(ou mais) das cinco seguintes situações : a. Uso de transporte publico b. Permanecer em espaços abertos c. Permanecerem locais fechados d. Permanecer em uma fila ou ficar em meia a uma multidão e. Sair de casa sozinho Tratamento • Primeira linha : ISRS ou terapia cognitivo comportamental • Podem ser associados • Exemplos de ISRS: escitalopram, fluvoxamina, paroxetina, sertralina. • Segunda linha: outros antidepressivos, benzodiazepínicos e pregabalina • Reavaliação do paciente nas primeiras semanas e posteriormente mensalmente por 3 meses, caso tenha resposta manter o tratamento por 6 meses. Transtorno de adaptação • Transtorno de Estresse agudo • Evento vital; • Exposição a episódio concreto ou ameaça de morte, lesão grave ou violação sexual em uma (ou mais) das seguintes formas: • Não pode administrar benzodiazepínicos – risco de desenvolver estresse pós traumático Estresse pós-traumático • Medicação muitas vezes utilizadas para tratamento de comorbidades causadas por conta do evento • Para todos os casos fazer a solicitação de exames complementares BENZODIAZEPÍNICOS • Ansiolíticos; calmantes tarja preta • Causam dependência química, por causarem tolerância; sedação, abstinência, sensação de prazer. • Ação sedativa, fásica, ansiolíticos, inibição tônica. • • Principais representantes: o Clonazepam o Diazepam o Bromazepam o Midazolam o Lorazepam Medicina – Thayna Borba 29 Transtorno do humor bipolar Resumo depressão : o Humor deprimido o Perda de interesse **Muita sensibilidade e pouca especificidade o Alterações biológicas : § Fadiga • Alteração do sono (insônia terminal) • Alteração do apetite • Alteração da libido • Diminuição da atenção/ concentração • Alteração de memória • Diminuição da auto estima • Sentimento de inutilidade • Sem perspectiva de futuro • Pensamento de morte § Duração de mais de 15 dias e sintomas – prejuízo do funcionamento (ocupacional, laboral, sociofamiliar, acadêmico) = depressão o Tratamento de acordo com o grau de depressão. § Inibidor seletivo de recaptação de serotonina (sertralina, fluoxetina, citalopran, exitalopran, paroxicetina ...) – inicia em dose terapêutica acompanha por 4 a 6 semanas. § Antidepressivos tricíclicos (Amitriptilina, nortriptilina...) • Eufórica + interesse por atividades prazeirosas = quadro de mania o Alteração do sono – diminuição da necessidade de sono o Alteração de libido – aumentada o Atenção e concentração – distraibilidade o Auto estima – aumentada o Sentimento de inutilidade deixa de existir o Otimismo o Risco de suicídio Depressão unipolar A. Episódios de mania podem se desenvolver antes de episódios de depressão B. Mania – aumento do interesse por coisas prazerosas, por coisas arriscadas -> suicídio C. Episódio misto – mania + depressão Exame psíquico D. Pessoa depressiva X Mania 1. Apresentação § Descuidado (não toma banho com a mesma frequência, não tem a preocupação estética) § Extravagante / exagerado (roupas provocantes, mais curtas; místico religioso 2. Nível de consciência (clareza do sensório; ponto de vista neuropsicológico) § Vigil § Vigil 3. Atitude § Indiferente § Beligerante; arrogante (agressiva no contato) 4. Contato § Difícil § Difícil em situações de beligerância 5. Atenção Medicina – Thayna Borba 30 § Voluntária • Diminuída • Aumentada § Espontânea • Diminuída • Aumentada 6. Orientação § Alopsíquica • Desinteresse • Desinteresse § Autopsíquica 7. Memória § Fixação § Evocação *Não tem alterações significativas 8. Inteligência § Não caracteriza alteração de inteligência9. Linguagem § Bradilaria § Taquilaria 10. Humor § Depressivo/ hipotímico § Eufórico/ hipertímico/ maníaco/ elação/ exaltação do humor 11. Afeto § Sintônico (vivência afetiva observada § Sintônico 12. Pensamento § Curso (velocidade do pensamento • Lentificado • Acelerado § Forma (estrutura como organizamos a ideias para ser compreendido) • Agregada • Fuga de ideias (foge do objetivo proposto inicialmente : Pergunta— —————Resposta) § Conteúdo (temática do pensamento) • Ideias pessimistas, de menos valia; culpa excessiva • Otimista / ideia de grandeza 13. Juízo de realidade § Delírios secundários ao humor § Delírios de grandeza; **Lembrar que existem delírios não congruentes com o humor; como delírios perceptórios 14. Sensoperceppção § Alucinações 15. Volição § Hipobúlico § Hiperbúlico 16. Psicomotricidade (expressão final do ato volitivo) § Lentificação psicomotora § Aumento / agitação 17. Crítica § Psicótica : tanto na depressão quanto na mania a crítica estará diminuída 18. Noção de doença 19. Pragmatismo § Prejudicado § Prejudicado Medicina – Thayna Borba 31 E. Episódios misto (características se misturam) 1. Humor deprimido ou lábil 2. Pensamento discretamente acelerado junto com conteúdo mais pessimista 3. Hiperbulica 4. Inquietação psicomotora Transtorno Bipolar • É uma doença crônica marcada por episódios de mania, hipomania e depressão ao longo da vida. • O transtorno bipolar, em seus vários tipos, é marcado por seu caráter fásico, episódico. • Os episódios de mania e depressão ocorrem de modo relativamente delimitado no tempo, e, com frequência, há períodos de remissão, em que o humor do paciente encontra-se normal, eutímico, e as alterações psicopatológicas mais intensas regridem. Epidemiologia • Idade média de início 21 anos • Chance de recorrência o Após um primeiro episódio de mania ou depressão bipolar, é de 37% no primeiro no ano, chegando a 87% nos próximos cinco anos. • Apesar da possibilidade de períodos de remissão mais ou menos completa, o TB é um transtorno mental grave, com importantes implicações em termos de prejuízo na qualidade de vida, na produtividade e sociabilidade das pessoas acometidas, bem como prejuízo neuropsicológico e risco aumentado de doenças físicas e suicídio. • Prevalência na vida foi de 1,02% de TB em adultos. • O risco de SUICÍDIO aumenta para indivíduos que apresentam episódios mistos, ciclagem rápida e mais sintomas ansiosos, que estão no período inicial do TB, têm quadros refratários ou recebem tratamentos inadequados para o transtorno. • O risco de suicídio aumenta de forma marcante se há comorbidades com transtornos da personalidade (TPs) do grupo B (TPs borderline, histriônica ou narcisista) e uso e substâncias como álcool, cocaína ou maconha. • Bases genéticas e neurobiológicas do transtorno bipolar • o transtorno bipolar tem uma base genética que, embora muito é heterogênea, É indubitavelmente relevante. a concordância entre gêmeos idênticos é de 40 a 70%, e a herdabilidade estimada chega a 0,9, ou seja, os fatores genéticos, em uma população homogênea para fatores ambientais, explicam cerca de 90% da variabilidade para ocorrência do transtorno. • em relação ao componente cerebral do transtorno bipolar, há certo consenso de que haveria uma combinação de comprometimento do controle cognitivo-emocional, implicando estruturas com ação deficitária como córtex do cíngulo anterior dorsal, e os córtices pré-frontais dorsolaterais e dorsomediais, assim como, em contraste, haveria desregulação por hiper- responsividade de áreas límbicas e paralímbicas, como a amígdala, o córtex frontal ventrolateral e o córtex do cíngulo anterior ventral. Medicina – Thayna Borba 32 Sintomas da síndrome maníaca • Euforia - é alegria marcante desproporcional aos eventos da vida • Elação - é o sentimento de expansão e engrandecimento do EU • Irritabilidade – em graus variados, desde leves, passando pela beligerância, até a franca agressividade. • Euforia, alegria exacerbada, elação, Grandiosidade ou irritabilidade marcante, Desproporcionais aos fatos da vida e distintos do estado comum de Leiria ou entusiasmo que o indivíduo sadio apresenta em sua vida. • Aceleração das funções Psíquicas (taquipsiquismo) : Agitação psicomotora, exaltação, loquacidade e pressão para falar, assim como pensamento acelerado até fuga das ideias. • Deve durar pelo menos um semanas, mas a média de duração do episódio maníaco é por volta de três meses. • Na esfera ideativa verifica se, em geral, pensamento com conteúdo alegre, grandioso e impreciso, que tende a ser superficial e inconsequente. • também ocorrem ideias de grandeza, poder, riqueza e/ou importância social. Para configurar verdadeiros delírios humor-congruente, como delírios de grandeza, missão ou poder, ou o humor-incongruente, como delírio de perseguição ou de passividade. • Também podem estar presentes alucinações CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS • Na maior parte do dia por pelo menos uma semana • humor elevado (+ três) ou humor irritável (+ quatro) : o Aumento da auto-estima o diminuição da necessidade de sono o Loquacidade o Logorreia o pressão para falar o alterações formais do pensamento o Distraibilidade o aumento de atividade ou agitação psicomotora o Envolvimento excessivo em atividades potencialmente perigosas ou danosas o labilidade afetiva o agitação psicomotora o Arrogância o Heteroagressividade o desinibição social e sexual TRATAMENTO • Objetivos : o Curto prazo: tratamento dos episódios depressivos maníacos ou mistos e das condições associadas, como a ciclagem rápida. o Longo prazo : Profilaxia das recorrências de episódios depressivos ou maníacos uma vez estando em remissão do último episódio de humor. • cenários de tratamento: o Ambulatório/ UBS o CAPS o pronto socorro o Internação • LÍTIO • O primeiro fármaco aprovado pela FDA, dos Estados Unidos, para o tratamento do TB • Indicada mais de 50 anos tanto para a fase aguda da doença quanto para a de manutenção. • Exemplares: o Carbolium (300mg) Medicina – Thayna Borba 33 o Carbolitium (300mg) o Carbolitium CR (450mg) • Indicação em todas as fases do tratamento do transtorno bipolar o episódios de mania aguda e depressivos agudos o profilaxia na fase de manutenção • antes de iniciar o tratamento: o exame clínico, com especial atenção a doenças de tireóide, coração, rins e o uso de outros medicamentos o avaliação laboratorial: hemograma, TSH, creatinina, eletrólitos (Cálcio, fósforo, sódio, potássio), ECG ( Em pessoas com mais de 40 anos ou com possibilidade de apresentar cardiopatias) e testes de gravidez em todas as mulheres em idade fértil. o Indispensáveis antes do início do tratamento com lítio são os de função renal e de tireóide • estreita janela terapêutica o fase aguda de mania: entre 0,8 e 1,2 mEq/L o Fase de manutenção: entre 0,6 e 1,0 mEq/L • Durante o período de uso: o Litemia a cada 6 meses em pacientes estáveis o Creatinina a cada 6 meses o demais exames ou menos uma vez ao ano • retirada gradual: o não mais que 25% da dose em uso por mês o descontinuação abrupta ( de 1 a 14 dias ) aumenta o risco de recaídas.
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