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GERIATRIA E GERONTOLOGIA PARA TERAPIA OCUPACIONAL

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GERIATRIA E GERONTOLOGIA 
PARA TERAPIA OCUPACIONAL
PROF. CARLOS ESCUDEIRO
Reitor: 
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-Reitoria Acadêmica
Maria Albertina Ferreira do 
Nascimento
Diretoria EAD:
Prof.a Dra. Gisele Caroline
Novakowski
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Edson Dias Vieira
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Camila Cristiane Moreschi
Danielly de Oliveira Nascimento
Fernando Sachetti Bomfim
Luana Luciano de Oliveira
Patrícia Garcia Costa
Renata Rafaela de Oliveira
Produção Audiovisual:
Adriano Vieira Marques
Márcio Alexandre Júnior Lara
Osmar da Conceição Calisto
Gestão de Produção: 
Cristiane Alves
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de 
Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios 
não vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande 
responsabilidade sobre as escolhas que 
fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida 
acadêmica e profissional, refletindo diretamente 
em nossa vida pessoal e em nossas relações 
com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade 
é exigente e busca por tecnologia, informação 
e conhecimento advindos de profissionais que 
possuam novas habilidades para liderança e 
sobrevivência no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a 
Distância, a proporcionar um ensino de qualidade, 
capaz de formar cidadãos integrantes de uma 
sociedade justa, preparados para o mercado de 
trabalho, como planejadores e líderes atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
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01
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................5
1. ENFOQUE CONCEITUAL EM GERONTOLOGIA E GERIATRIA ...............................................................................6
1.1 OBJETIVOS DA GERONTOLOGIA ............................................................................................................................6
1.1.1 CAMPO DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL DA GERONTOLOGIA ............................................................................. 7
1.2 GERIATRIA ............................................................................................................................................................... 7
2. DEFINIÇÃO DE ENVELHECIMENTO ....................................................................................................................... 7
2.1 SENESCÊNCIA E SENILIDADE ............................................................................................................................... 7
2.2 TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA E DEMOGRÁFICA DO ENVELHECIMENTO .....................................................8
2.3 CONCEITOS IMPORTANTES NO ESTUDO DA GERONTOLOGIA ........................................................................9
2.3.1 AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA .......................................................................................................................9
PRINCÍPIOS NORTEADORES EM GERIATRIA 
E GERONTOLOGIA
PROF. CARLOS ESCUDEIRO
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
GERIATRIA E GERONTOLOGIA 
PARA TERAPIA OCUPACIONAL
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
2.4 ATIVIDADES INSTRUMENTAIS DA VIDA DIÁRIA - AIVDS ................................................................................. 11
2.5 ATIVIDADES BÁSICAS DA VIDA DIÁRIA – ABVDS .............................................................................................. 11
3. PROCESSO BIOPSICOSSOCIAL ............................................................................................................................. 12
3.1 ENVELHECIMENTO FISIOLÓGICO ........................................................................................................................ 12
3.1.1 COMPOSIÇÃO CORPORAL .................................................................................................................................. 12
3.1.2 ÓRGÃOS DO SENTIDO ........................................................................................................................................ 12
3.1.3 SISTEMA NERVOSO ............................................................................................................................................ 12
3.1.4 SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO .................................................................................................................. 12
3.2 ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO .......................................................................................... 13
3.2.1 MARCHA, POSTURA E EQUILÍBRIO .................................................................................................................. 13
3.2.2 SISTEMA CARDIOVASCULAR ........................................................................................................................... 13
3.2.3 ALTERAÇÕES NEUROLÓGICAS ......................................................................................................................... 14
3.3 PROCESSO COGNITIVO DO ENVELHECIMENTO .............................................................................................. 16
3.3.1 FATORES QUE INFLUENCIAM O ENVELHECIMENTO COGNITIVO ................................................................ 17
3.4 PROCESSO SOCIAL DO ENVELHECIMENTO ...................................................................................................... 17
3.4.1 CIDADANIA E INCLUSÃO SOCIAL DOS IDOSOS ............................................................................................... 18
3.4.2 MEIOS DE INCLUSÃO SOCIAL PARA A PESSOA IDOSA ................................................................................. 18
3.5 APOSENTADORIA: MUDANÇAS DE PAPÉIS OCUPACIONAIS........................................................................... 18
3.5.1 INTERVENÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL NO PROCESSO DE APOSENTADORIA ................................... 19
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................20
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Sejam bem-vindos ao estudo da disciplina de Geriatria e Gerontologia!
O conteúdo apresentado é interessante, pois se trata do estudo de uma fase da vida do 
ser humano, o envelhecimento. A Geriatria e a Gerontologia nos trazem um conhecimento 
do processo de envelhecimento quanto aos aspectos fisiológicos, psicológicos, cognitivos e 
sociais, possibilitando uma fundamentação teórica e científica para atuarmos como Terapeutas 
Ocupacionais com essa população. Enquanto a Geriatria atua especificamente sobre os aspectos 
físicos e psíquicos, na promoção e cuidado de saúde da pessoa idosa, a Gerontologia se foca 
na promoção de bem-estar, olhando tanto para as condições biopsicossociais quanto para a 
espiritualidade, que permite maior qualidade de vida às pessoas idosas. 
O aumento da expectativa de vida da população idosa é um fenômeno irreversível no Brasil 
e no mundo, sendo uma das maiores conquistas da humanidade. Mas exige a implementação de 
políticas públicas e privadas para atender, da melhor forma possível, às pessoas com mais de 60 
anos.
Nesse panorama, segundo Bernardo e Raymundo (2018), os Terapeutas Ocupacionais 
têm, junto à população que envelhece, uma atuação na busca de maior autonomia, participação 
social e engajamento em ocupações significativas.Portanto, esta disciplina tem o objetivo de 
elucidar a relevância do profissional de Terapia Ocupacional e de suas diversas áreas de atuação, 
cujo foco principal é a ocupação humana. O principal instrumento de trabalho dessa profissão é 
a utilização de recursos terapêuticos para manter e ampliar as capacidades funcionais, autonomia 
e independência, ajudando o idoso a utilizar ao máximo suas potencialidades e habilidades. No 
conjunto de ações da Terapia Ocupacional, estão ações de prevenção, promoção e reabilitação. 
Enfatizamos também o importante papel do Terapeuta Ocupacional no âmbito da inclusão 
social, atuando de forma preventiva na (re)construção de um projeto de vida e na organização de 
um cotidiano significativo para os aposentados.
 
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
1. ENFOQUE CONCEITUAL EM GERONTOLOGIA E GERIATRIA
Gerontologia (do grego gero = envelhecimento + loggia = estudo), segundo Elie 
Metchnikoff, em 1903, é a ciência que estuda o processo de envelhecimento em suas dimensões 
biológica, psicológica e sociocultural.
De acordo com Anita Liberalesso Neri, a Gerontologia trata-se de um campo multi 
e interdisciplinar, que visa à descrição e à explicação das mudanças típicas do processo de 
envelhecimento e de seus determinantes genético-biológicos, psicológicos e socioculturais. 
A Gerontologia é o campo de estudos que investiga as experiências de velhice e 
envelhecimento em diferentes contextos socioculturais e históricos, abrangendo aspectos 
do envelhecimento normal e patológico. Investiga o potencial de desenvolvimento humano, 
associado ao curso de vida e ao processo de envelhecimento. Caracteriza-se como um campo 
de estudos multidisciplinar, recebendo contribuições metodológicas e conceituais da biologia, 
psicologia, ciências sociais e de disciplinas, como a biodemografia, neuropsicologia, história, 
filosofia, direito, psicologia educacional, psicologia clínica e medicina.
Para Alkema e Haley (2006), a Gerontologia estuda os processos associados à idade, 
ao envelhecimento e à velhice, sendo uma área de convergência entre a biologia, a sociologia 
e a psicologia do envelhecimento. O envelhecimento, nesse sentido, representa a dinâmica de 
passagem do tempo, e a velhice inclui como a sociedade define as pessoas idosas. A biologia do 
envelhecimento estuda o impacto da passagem do tempo nos processos fisiológicos ao longo 
do curso de vida e na velhice. A psicologia do envelhecimento, por sua vez, se concentra nos 
aspectos cognitivos, afetivos e emocionais relacionados à idade e ao envelhecimento, com ênfase 
no processo de desenvolvimento humano. A sociologia baseia-se em períodos específicos do 
ciclo de vida e concentra-se nas circunstâncias socioculturais que afetam o envelhecimento e as 
pessoas idosas.
É campo interdisciplinar, que visa ao estudo das mudanças típicas do processo de 
envelhecimento e de seus determinantes biológicos, psicológicos e socioculturais. É um campo 
multiprofissional e multidisciplinar.
A Gerontologia é uma ciência que estuda o processo de envelhecimento. Cuida da 
personalidade e da conduta dos idosos, levando em consideração todos os aspectos ambientais e 
culturais do envelhecer. Os profissionais da Gerontologia têm formação diversificada e interagem 
entre si e com os geriatras.
É campo científico e profissional dedicado às questões multidimensionais do envelhecimento 
e da velhice, tendo por objetivo a descrição e a explicação do processo de envelhecimento nos 
seus mais variados aspectos. É, por essa natureza, multidisciplinar e interdisciplinar.
1.1 Objetivos da Gerontologia
- Tratar dos aspectos biológicos, sociais, psíquicos e legais do envelhecimento, dentre 
outros.
 - Promover pesquisas que possam esclarecer os fatores envolvidos no envelhecimento.
 
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1.1.1 Campo de atuação profissional da Gerontologia
O campo de atuação profissional da Gerontologia envolve: prevenção, ambientação, 
reabilitação e cuidados paliativos. Os profissionais da equipe multidisciplinar (como Terapeutas 
Ocupacionais, Fisioterapeutas, Fonoaudiólogos, Nutricionistas e outros) podem atuar nas 
seguintes áreas:
Prevenção: propõe intervenções que antecipem os problemas mais comuns que afetam 
os idosos e orienta a criação de condições adequadas para um envelhecimento com 
qualidade de vida.
Ambientação: orienta a criação de condições para uma vida com qualidade na velhice, 
focando os mais variados espaços por onde circulam ou vivem os idosos.
Reabilitação: propõe intervenções quando ocorrem perdas que são resgatáveis e, quando 
irreversíveis, orienta a criação de condições individuais e ambientais para uma vida digna.
Cuidados paliativos: propõe intervenções quando ocorrem doenças progressivas e 
irreversíveis, abrangendo aspectos físicos, psíquicos e espirituais, com atenção estendida 
aos familiares, visando ao maior bem-estar possível e dignidade do idoso até a sua morte.
1.2 Geriatria
É uma especialidade médica que se integra na área da Gerontologia, com instrumental 
específico para atender aos objetivos da promoção da saúde, da prevenção e do tratamento das 
doenças, da reabilitação funcional e dos cuidados paliativos.
2. DEFINIÇÃO DE ENVELHECIMENTO
O envelhecimento é um processo sequencial, individual, acumulativo, irreversível, não 
patológico, de deterioração de um organismo maduro, próprio a todos os membros da espécie, de 
maneira que o tempo o torne menos capaz de fazer frente ao estresse do meio-ambiente.
Segundo Fino (2016), o envelhecimento implica a degradação progressiva, comum a 
todos os seres vivos, gerando mudanças ao nível biológico, psicológico e social, que tendem a 
intensificar-se com a idade.
A forma como cada indivíduo envelhece depende de uma vasta lista de características, como 
o contexto cultural, ambiental, histórico, clínico e genético, não descartando os relacionamentos 
sociais.
 
2.1 Senescência e Senilidade
Senescência – processo natural de diminuição progressiva da reserva funcional dos 
indivíduos.
Senilidade – condição de sobrecarga, como doenças, acidentes e estresse emocional, 
podendo ocasionar uma condição patológica que requeira atenção.
São erros que devem ser evitados:
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- Considerar que todas as alterações que ocorrem com a pessoa idosa sejam decorrentes 
de seu envelhecimento natural;
- Tratar o envelhecimento natural como doença.
Por sua vez, envelhecimento saudável é o processo de desenvolvimento e manutenção da 
capacidade funcional que permite o bem-estar em idade avançada. Conceitos importantes são a 
independência e a autonomia. 
O maior desafio na atenção à pessoa idosa é contribuir para que, apesar das progressivas 
limitações que possam ocorrer, elas possam redescobrir possibilidades de viverem sua própria 
vida com a máxima qualidade possível.
2.2 Transição Epidemiológica e Demográfica do Envelhecimento
Segundo Oliveira et al. (2010), o Brasil está passando por transformações importantes no 
aspecto demográfico. O País vem registrando quedas acentuadas da natalidade, o que determina 
um ritmo cada vez menor de aumento do contingente populacional. 
A redução do número de nascimentos vem acompanhada pela queda da mortalidade. 
Esses dois componentes, juntos, intensificam o processo de envelhecimento populacional. Com 
mais pessoas alcançando idades elevadas, uma série de mudanças é observada, como a transição 
epidemiológica, passando a mortalidade a predominar entre os mais velhos. As principais causas 
de morte passam a ser as doenças típicas do envelhecimento, o que demanda atenção e cuidado 
especiais para pessoas com mais de 60 anos que visammanter a autonomia, independência e 
bem-estar.
De acordo com o IBGE, o Brasil passará dos atuais 8,6% de idosos para 13% em 2020, 
podendo chegar a 20% da população em 2050. Dados das Nações Unidas mostram que o mundo 
tem hoje cerca de um décimo da população com 60 anos e que, em 2050, o número de idosos será 
de um quinto. Em outras palavras, em 2050, o número de idosos será, provavelmente, superior 
ao de jovens abaixo de 15 anos. 
 
Figura 1- Índice de envelhecimento da população do Brasil (1970 - 2010). Fonte: Censo (2000).
 Juntamente com o aumento populacional de idosos no Brasil, houve uma queda da taxa 
de fecundidade, resultando em um grupo de idosos maior que o grupo de crianças. Essa é a 
estimativa do IBGE para 2050.
O envelhecimento da população do Brasil é fato irreversível e que deverá se acentuar 
num futuro imediato. O impacto dessa nova ordem demográfica é imenso, sobretudo quando se 
observa que os fatores associados ao subdesenvolvimento continuam se manifestando por um 
tempo difícil de ser definido.
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Compare a expectativa de vida da população brasileira e japonesa em 2019: 
- Japão: 84,2 anos.
- Brasil: 76.6 anos.
2.3 Conceitos Importantes no Estudo da Gerontologia
 
Figura 2 - Funcionalidade global x idade. Fonte: O Autor.
A Figura 2 mostra a relação entre a funcionalidade global do organismo e os ciclos de 
vida (infância, adolescência, adultez e velhice). O ser humano atinge o máximo das suas funções 
orgânicas por volta dos 30 a 40 anos. Entre os 40 e 50 anos, há uma estabilização e, a partir 
daí, um declínio funcional progressivo, com a perda funcional global de 1% ao ano. Portanto, 
quanto maior a reserva funcional, menor será a repercussão do declínio considerado fisiológico 
(envelhecimento fisiológico).
2.3.1 Autonomia e Independência
A autonomia é o conteúdo ético do princípio da dignidade humana. Ela é o fundamento 
que determina a liberdade de um indivíduo, permitindo-o fazer suas próprias escolhas, de modo 
a gerir sua vida conforme seu livre-arbítrio.
Autonomia refere-se à capacidade que o ser humano tem para decidir, decisões essas 
que irão afetar sua vida, sua saúde, sua integridade físico-psíquica e suas relações sociais com 
o mundo externo. É uma palavra que deriva do grego “auto” (próprio) e “nomos” (lei, regra, 
norma). O agir com autonomia livra o sujeito das coações externas. O seu pensamento livre é que 
determina as escolhas que serão feitas frente às situações que se apresentarão no cotidiano de sua 
vida.
Autonomia tem relação direta com a capacidade cognitiva, principalmente com as funções 
executivas, pois o indivíduo, em diferentes situações, deverá acessar esses domínios cerebrais para 
analisar e responder coerentemente a seus anseios e expectativas. Portanto, a autonomia inclui a 
liberdade de escolha, de ação e de autocontrole sobre a vida. É a capacidade de tomar decisões. 
Por exemplo: “Quero ir ao banheiro” = autonomia = capacidade de decidir executar a tarefa.
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Por sua vez, independência é a capacidade de execução daquilo que foi decidido e está 
diretamente relacionada à capacidade motora, como mobilidade, destreza manual, força muscular, 
força articular, equilíbrio, coordenação motora e comunicação. É a capacidade de realizar as 
atividades do dia a dia, relacionadas à manutenção de vida e higiene pessoal, capacidade motora 
e controle esfincteriano.
Em resumo:
- Autonomia = capacidade cognitiva e emocional - AIVDs.
- Independência = capacidade motora e funcional - ABVDs (capacidade de execução 
daquilo que foi decidido).
 - Avaliaçâo da capacidade funcional = atribuição do terapeuta ocupacional
No processo terapêutico, a Terapia Ocupacional utiliza instrumentos de avaliação 
funcional, das estruturas mentais, emocionais e sociais e avalia, principalmente, o desempenho 
das Atividades da Vida Diária, pois são os principais indicadores da autonomia do idoso.
As deficiências neuromotoras e sensoriais acarretam inúmeras incapacidades e limitações 
ao idoso para o desempenho de ocupações e atividades do cotidiano.
O Terapeuta Ocupacional almeja, em sua intervenção, maximizar as potencialidades 
dos indivíduos acometidos por essas condições, proporcionando-lhes maior independência na 
execução das AVDs, ou seja, melhorar a sua funcionalidade.
AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES BÁSICAS DA VIDA DIÁRIA - ABVDs;
AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES INSTRUMENTAIS DA VIDA DIÁRIA – AIVDs;
ABVDS = autocuidado – necessidade de cuidador ou não;
AIVDs = vida comunitária independente = capacidade de tomar decisões e morar 
sozinho, quando possível.
Visão global do Processo de Terapia Ocupacional:
• Muitas profissões usam um processo semelhante de avaliação, intervenção e 
análise dos resultados da intervenção.
• No entanto, apenas os profissionais de Terapia Ocupacional focam no uso de 
ocupações para promover a saúde, o bem-estar e a participação na vida.
• Profissionais de Terapia Ocupacional usam ocupações e atividades 
selecionadas de forma terapêutica, como métodos primários de intervenção 
em todo o processo.
 
 Atua na:
Terapia - Autonomia + AIVDS = estimulação e reabilitação cognitiva. 
 
Ocupacional - Independência + ABVDS = treinamento funcional e tecnologia 
 assistiva.
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2.4 Atividades Instrumentais da Vida Diária - AIVDs
Compreendem as atividades que dão suporte às atividades de vida diária em casa ou na 
comunidade e que, frequentemente, exigem interações mais complexas que as ABVDs devido à 
exigência da capacidade cognitiva preservada. 
- Gerenciamento da comunicação: enviar, receber e interpretar informações, utilizando 
uma variedade de sistemas e equipamentos, incluindo ferramentas para a escrita, telefones, 
computadores, recursos audiovisuais, pranchas de comunicação, campainhas de emergência, 
máquinas em comunicação em Braille, campainhas de telecomunicação para surdos, equipamentos 
de comunicação alternativa.
- Mobilidade na comunidade: movimentar-se na comunidade e utilizar transporte público 
ou privado, como caminhar, dirigir, andar de bicicleta e pegar táxi, Uber ou ônibus.
- Gerenciamento financeiro: uso de recursos financeiros e planejamento financeiro a 
curto e longo prazos.
- Estabelecimento e manutenção da casa: casa, jardim, quintal, carro, manutenção e 
conserto de roupas e objetos da casa, conhecimento para identificar e solicitar ajuda para reparos.
- Preparação de alimentos e limpeza: planejamento, preparação e habilidade de servir 
refeições balanceadas nutricionalmente, habilidade para higienizar os alimentos e limpar os 
utensílios após as refeições.
- Compras: preparação de listas de compras, seleção, compra e transporte de itens, seleção 
de método de pagamento, uso adequado do dinheiro.
2.5 Atividades Básicas da Vida Diária – ABVDs
São tarefas básicas de autocuidado: 
 - Alimentar-se;
 - Ir ao banheiro;
 - Vestir-se;
 - Arrumar-se e cuidar da higiene pessoal;
 - Tomar banho;
 - Controle esfincteriano;
 - Mobilidade e mudanças posturais. 
 Numa avaliação funcional, os possíveis resultados são independentes, parcialmente 
dependentes e dependentes.
Para Santos et al. (2018), a capacidade funcional é documentada na literatura como uma 
habilidade de executar atividades cotidianas em um padrão considerado normal, de acordo com 
comportamentos socialmente constituídos. Segundo a Classificação Internacional de Capacidade 
e Saúde (CIF),da Organização Mundial da Saúde, a capacidade funcional é a capacidade de 
executarmos uma tarefa ou ação, visando a indicar o provável nível máximo de funcionalidade que 
a pessoa pode atingir em um dado domínio e em determinados momentos. Reflete a capacidade 
ajustada ao ambiente. Neri (2011) destaca que capacidade funcional diz respeito à capacidade 
de manter as habilidades físicas e mentais necessárias para uma vida independente, valorizando 
a autonomia e a autodeterminação. O autor complementa, relatando que funcionalidade seria a 
capacidade de realizar algo por seus próprios meios.
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Estatísticas do Ministério da Saúde mostram que quase metade dos idosos brasileiros 
precisa de ajuda para realizar, pelo menos, uma das atividades necessárias à vida diária, entretanto, 
apenas 7% são dependentes. Estudos apontam que a prevalência de incapacidade para realizar as 
AIVDs é maior quando comparada à prevalência para realizar ABVDs e aumenta com o passar 
dos anos para ambos os sexos.
Funcionalidade é o produto da preservação da cognição, da mobilidade e da comunicação.
3. PROCESSO BIOPSICOSSOCIAL
 
3.1 Envelhecimento Fisiológico
3.1.1 Composição corporal
Dentre as principais alterações no envelhecimento, está a composição corporal. Com o 
avanço da idade, uma das consequências é a redução do teor de água no organismo do idoso, o 
que pode levar à desidratação.
Além disso, também há redução da massa muscular, o que pode desenvolver a sarcopenia 
e uma redução da massa óssea, podendo levar a um quadro de osteoporose.
3.1.2 Órgãos do sentido
Alterações no paladar, podendo apresentar os sabores azedo e amargo com frequência. 
Isso está relacionado a um menor prazer na ingestão de alimentos, o que, muitas vezes, pode levar 
à desnutrição, com associação de diversos outros fatores, tais como:
- diminuição do olfato;
- alteração visual, como diminuição da visão relacionada à catarata e a outras doenças. 
Essas alterações podem causar diversos problemas ao idoso, como ocasionar quedas;
3.1.3 Sistema nervoso
As alterações do envelhecimento também atingem o sistema nervoso, causando a perda 
neural, ou seja, uma diminuição das células do sistema nervoso, com consequentes alterações que 
se refletem em todo o organismo.
Com uma menor funcionalidade neurológica, ocorrem também alterações no padrão 
postural, equilíbrio, propriocepção, alterações na sensibilidade, dentre outras. Isso é comum 
especialmente na presença de acometimentos como o acidente vascular encefálico.
3.1.4 Sistema musculoesquelético
As massas muscular e óssea sofrem grandes perdas, podendo ocasionar diversas patologias 
no idoso. Isso está diretamente relacionado à diminuição da mobilidade, quedas com fraturas, 
maior dependência e limitação funcional.
A massa muscular sofre grande diminuição, o que gera a sarcopenia, uma preocupação 
para a qualidade de vida do idoso. A massa óssea também se reduz, acarretando fragilidade dos 
ossos. Isso está relacionado a diversos fatores complexos, como a nutrição do indivíduo ao longo 
da vida, sedentarismo e fatores hormonais e genéticos.
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A perda muscular é acelerada, chegando a 30% por década. Essa redução ocorre tanto em 
número quanto no volume das fibras.
A atividade física, independentemente da idade, aumenta a força e a velocidade muscular, 
além de prevenir contra perda óssea, quedas, hospitalizações e melhorar a função articular. 
3.2 Aspectos Fisiológicos do Envelhecimento
3.2.1 Marcha, postura e equilíbrio
É comum uma certa hesitação no andar, menor balanço dos braços e passos menores.
Há redução na amplitude dos movimentos, tendendo a modificar a marcha, passos mais 
curtos e lentos, com tendência a arrastar os pés. A base de sustentação se amplia, e o centro de 
gravidade corporal tende a se adiantar em busca de maior equilíbrio. 
Para vencer as dificuldades, o idoso diminui o tamanho dos passos e anda mais devagar. 
O grande problema nos grandes distúrbios da marcha é a queda, com todas as complicações 
posteriores.
 
3.2.2 Sistema cardiovascular
É possível observar que as alterações no envelhecimento afetam diretamente o sistema 
cardíaco. Tais mudanças causam efeitos, como:
- o enrijecimento das artérias, resultado da diminuição das fibras elásticas e do colágeno;
- deposição de gordura, caracterizando a aterosclerose;
- hipertrofia da parede do ventrículo esquerdo e enrijecimento da aorta;
- outras alterações e maior risco de acometimentos cardiovasculares.
 
Qual é a projeção do percentual de pessoas com mais de 65 anos no Brasil até 
2.060?
Um, em quatro brasileiros, será idoso, representando 25,5%, contra os 9,2% atuais.
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3.2.3 Alterações neurológicas
São elas:
- diminuição de água intra e extracelular;
- diminuição de massa cerebral;
- diminuição do número de neurônios e sinapses;
- alteração da membrana lipídica e da condução nervosa;
- diminuição do fluxo sanguíneo cerebral.
Parte da cognição pode sofrer certa deterioração nas pessoas idosas saudáveis, como 
a velocidade do processamento cognitivo, menor destreza para executar movimentos finos e 
problemas com a memória recente. Em resposta ao dano neuronal, as células gliais aumentam. 
Esse acúmulo de células gliais, denominado gliose, representa uma resposta compensatória, 
protegendo a função neuronal e a plasticidade.
Em resumo, para Papalia e Feldeman (2013), são alterações fisiológicas para pessoas 
acima dos 60 anos:
- Diminuição de 10 a 15 % da força muscular;
- Aumento do tempo de reação aos estímulos; 
- Os reflexos tornam-se mais lentos em cerca de 20%. 
Rol de atividades do Terapeuta Ocupacional em Gerontologia e Geriatria:
- Realizar entrevista (anamnese) com o idoso e seus familiares para conhecimento 
de sua rotina, seu perfil ocupacional, suas dificuldades, sua saúde de forma 
integral, habilidades e interesses;
- Realizar avaliações individuais a fim de propor atividades de acordo com as 
necessidades dos idosos;
- Construir um plano individual de atendimento (PIA) com o idoso, família e/ou 
cuidadores e equipe multiprofissional;
- Realizar atividades que estimulem as funções cognitivas, sensoriais e motoras 
dos idosos;
- Reavaliar periodicamente o processo de tratamento, sua evolução e fazer 
modificações quando necessário; 
- Propor uma rotina que estimule a realização das ABVDs , AIVDs e uso de 
tecnologia assistiva, se houver indicação.
- Orientar os cuidadores e/ou familiares no estímulo das atividades do idoso no 
domicílio e na comunidade;
- Participar de reuniões com a presença da equipe multidisciplinar.
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Figura 3 - Fragilidade do idoso. Fonte: Arengheri (2016).
O filme Conduzindo Miss Daisy, de 1989, retrata o processo de envelhecimento 
de uma senhora de 72 anos, com as limitações impostas pela idade. Ela não 
consegue mais dirigir, causando acidentes. O filho dela tenta convencê-la de que 
seria melhor que ela tivesse um motorista, mas ela resiste à ideia. Mesmo assim, o 
filho contrata um afro-americano como motorista. Inicialmente, ela se recusa a ser 
conduzida por esse novo empregado, mas, gradualmente, ela quebra as barreiras 
sociais, culturais e raciais que existem entre eles, crescendo entre os dois uma 
amizade que atravessaria décadas.
Sinapse é uma região de proximidade entre um neurônio e outra célula, por onde é 
transmitido o impulso nervoso. A neuroplasticidade, ou plasticidade neural, permite 
que os neurônios se regeneremtanto anatômica quanto funcionalmente, formando 
novas conexões sinápticas. A plasticidade cerebral, ou neuroplasticidade, é a 
habilidade de o cérebro se reestruturar.
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3.3 Processo Cognitivo do Envelhecimento 
Consideramos que o processo de envelhecimento acarreta alterações no funcionamento 
cognitivo e comportamental. Contamos com diversos estudos de autores da Neuropsicologia, 
que descrevem os declínios em diferentes funções cognitivas e que permitem afirmar a existência 
de um impacto significativo da idade no funcionamento cognitivo.
Cognição é uma palavra associada ao processo de aprendizado e à elaboração do 
conhecimento. É a partir do processo cognitivo que o ser humano consegue desenvolver suas 
capacidades intelectuais e emocionais, isto é, linguagem, pensamento, memória, raciocínio, 
capacidade de compreensão, percepção etc.
De acordo com Yassuda e Abreu (2006), no processo de envelhecimento normal, algumas 
funções cognitivas diminuem naturalmente, ocorrendo declínio significativo em funções como 
atenção, memória e funções executivas.
Santos et al. (2018) apontam que os envelhecimentos normal e patológico são processos 
gradativos. Os impactos sobre a memória não acontecem de maneira uniforme e devastadora. 
Alguns aspectos da memória são mais afetados do que outros no processo de envelhecimento. 
Apesar do declínio em algumas funções de memória, a maioria das pessoas na terceira idade 
mantém habilidades cognitivas suficientes para permanecer independentes até idades avançadas.
Almeida (1998) relata que há evidências de que o desempenho intelectual do idoso 
apresenta discreta deterioração em tarefas que exigem maior flexibilidade no processo das 
informações. Estudos recentes ressaltam que existe grande variabilidade do envelhecimento 
sobre a cognição. Há fatores que modulam os efeitos do envelhecimento sobre a memória, tais 
como composição genética, nível educacional, nível socioeconômico, estilo de vida, atividades 
físicas frequentes, boa acuidade visual e auditiva e relações sociais.
Neri (2011) elucidou, em um estudo longitudinal feito com pessoas acima de 60 anos, 
que nenhum dos participantes do estudo mostrou declínio generalizado em todas as funções 
cognitivas examinadas. Constatou-se que o declínio desencadeado pelo envelhecimento incidiu, 
especialmente, nas tarefas que exigem rapidez, atenção, concentração e raciocínio indutivo.
Nas últimas décadas, os psicólogos cognitivos têm documentado declínios em diferentes 
funções cognitivas, possibilitando confirmar que existe um impacto significativo da idade no 
funcionamento cognitivo. Mas é importante ressaltar que a funcionalidade cognitiva de idosos 
está relacionada com a saúde e qualidade de vida, sendo considerada um indício importante de 
envelhecimento ativo e de longevidade. Ambos procuram uma visão mais positiva do processo 
de envelhecimento. Nessa perspectiva, podemos afirmar que o declínio cognitivo não é, de modo 
algum, universal e inevitável. Muitos idosos, incluindo alguns centenários, mantêm funções 
cognitivas excelentes e apresentam desempenho tão bom, ou até melhor, que adultos mais jovens 
até 80 ou 90 anos. 
O comprometimento da memória associado à idade se refere a sintomas leves de declínio 
cognitivo, que ocorrem como parte do processo de envelhecimento. Ele pode ser aplicado a quase 
90% da população de idosos. Nesse sentido, o comprometimento cognitivo associado à idade é 
considerado como “envelhecimento normal” (KATZ, 2017, p. 118). 
Para Doron e Parot (2001, p.144), a “[...] cognição designa o conjunto dos atos e processos 
de conhecimento, o conjunto dos mecanismos pelos quais um organismo adquire informação, 
trata-a, conserva, explora-a”. Nela, as grandes funções psicológicas tradicionalmente reconhecidas 
e que asseguram ao organismo os ganhos de informação necessários para a vivência em seu meio 
são: a percepção, a aprendizagem, a memória, a inteligência, a função simbólica e a linguagem.
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Segundo Nunes (2009), quando falamos em funcionamento cognitivo, falamos em 
cognição. De acordo com o autor, este não é um processo único, mas um conjunto de desempenhos 
e comportamentos em tarefas de laboratório ou em tarefas do dia a dia. 
3.3.1 Fatores que influenciam o envelhecimento cognitivo
- genéticos: cerca de 50% da variabilidade cognitiva no envelhecimento podem ser 
devidos a fatores genéticos;
- idade: quanto mais avançada, maior o risco de aquisição de déficits cognitivos;
- saúde: os idosos que manifestam melhor saúde obtêm testes cognitivos com melhores 
resultados do que os que apresentam problemas médicos;
- instrução e escolaridade: isso explica até 30% da variabilidade cognitiva na velhice;
- atividade física e mental: correlaciona-se de forma positiva à prática de atividades mentais 
estimulantes e físicas, com melhor desempenho cognitivo e menor declínio longitudinal;
- personalidade e humor: a depressão está correlacionada à insuficiência autopercebida 
da memória e a déficits de desempenho;
- contexto sociocultural;
- treino cognitivo: idosos se beneficiam da prática e do treino de capacidades cognitivas 
específicas;
- diferença entre sexos: embora as tendências cognitivas no envelhecimento sejam 
semelhantes entre os sexos, as mulheres podem revelar déficits em tarefas espaciais mais 
prematuramente que os homens, enquanto estes últimos podem mostrar déficits em 
tarefas verbais em idade inferior à das mulheres. 
3.4 Processo Social do Envelhecimento
O papel social dos idosos é um fator importante no significado do envelhecimento, pois 
ele depende tanto da forma de vida que as pessoas tenham levado como das condições atuais em 
que se encontram. Nesse aspecto, destacamos a aposentadoria, momento em que, geralmente, o 
indivíduo se afasta da vida produtiva. Na vida do homem, a aposentadoria muitas vezes acontece 
como uma descontinuidade. 
Há ruptura com o passado, o homem deve ajustar-se a uma nova condição que lhe 
traz certas vantagens, como o descanso e o lazer, mas também graves desvantagens, como a 
desvalorização e a desqualificação.
Recomendamos a leitura de:
KATZ, N. Neurociência, reabilitação cognitiva e modelos de intervenção em 
Terapia Ocupacional. 3. ed. São Paulo: Santos, 2017.
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Podemos analisar que, em certos momentos, a aposentadoria é sinônimo de perda de 
papel social, levando-se em consideração que o indivíduo reduz suas relações interpessoais, 
ocasionando um processo de isolamento, diminuição da autoestima, sedentarismo e diminuição 
do poder aquisitivo, favorecendo o processo de envelhecimento patológico.
3.4.1 Cidadania e inclusão social dos idosos
O cidadão é o sujeito no gozo dos direitos civis e políticos de um estado.
Cidadania é o conjunto de direitos e deveres exercidos por um indivíduo que vive em 
uma sociedade, no que se refere ao poder e grau de intervenção no usufruto de seus espaços e na 
sua posição, em poder de nele intervir e transformá-lo.
3.4.2 Meios de inclusão social para a pessoa idosa
A inclusão do idoso depende principalmente da família, que exerce a função de 
supervisionar e cuidar, seja em situação de saúde ou de doença, tomando decisões relativas ao 
seu cotidiano.
 Alguns estudos identificaram que idosos residentes com a família são mais 
participantes e ocupados em diversas tarefas, procurando menos os serviços de saúde se 
comparados aos que têm o tempo ocioso. O apoio da família ajuda a manter a integridade física 
e psicológica, havendo, consequentemente, uma melhoria na qualidade de vida do idoso.
 Podemos destacar,como principal meio de inclusão na atualidade, os grupos de 
convivência, que são espaços de inclusão social do idoso, promovendo sua participação por meio 
de diversas atividades desenvolvidas, refletindo sobre o processo de envelhecimento, a qualidade 
de vida e a valorização da própria vida.
Possíveis atividades culturais são: 
 
A participação grupal permite elaborar e compartilhar o processo de envelhecimento e 
as representações sociais impostas externa e internamente, contribuindo à construção de novos 
conceitos do envelhecimento e a uma nova visão da velhice, compartilhada em algum projeto 
social.
3.5 Aposentadoria: Mudanças de Papéis Ocupacionais
 
Alguns adultos acima dos 80 anos apresentam níveis de capacidade física e mental 
comparáveis aos níveis de muitos jovens de 20 anos, mostrando o lado positivo do processo de 
envelhecimento. 
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3.5.1 Intervenção da terapia ocupacional no processo de aposentadoria
 
- Preparar a pessoa para a transição de um período marcado pelo trabalho para a 
aposentadoria;
 - Planejar as mudanças em sua rotina de vida;
 - Reorganizar as atividades e papéis ocupacionais;
- Identificar sonhos e habilidades para a construção de um novo projeto de vida;
 - Avaliar o perfil ocupacional do aposentado e buscar compreender as suas especificidades.
 
SANTOS, D. K. F. B. Planejamento da aposentadoria: A Terapia Ocupacional 
auxiliando na construção de projeto de vida. Brasília: UnB, 2016. 
O link para acesso é: https://bdm.unb.br/handle/10483/18135.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nos ensinamentos mais detalhados, pode-se perceber que o estudo do processo 
de envelhecimento vem desde a Antiguidade. As ideias de velhice são tão antigas quanto a 
origem da humanidade, mas, foi a partir do século XX, que aconteceram grandes avanços da 
ciência do envelhecimento. É de suma importância entendermos os aspectos biopsicossociais do 
envelhecimento, baseados nos conhecimentos técnico-científicos.
O constante crescimento da população idosa tem conduzido a um aprimoramento de 
conceitos, teorias e práticas profissionais, favorecendo a intervenção do Terapeuta Ocupacional 
como membro fundamental da equipe interdisciplinar nas diferentes fases do envelhecimento, 
atuando nos programas de prevenção de doenças e manutenção da saúde e reabilitação, 
incentivando seu convívio social e familiar, sendo um profissional especializado no treinamento 
da autonomia e independência nas atividades básicas e instrumentais da vida diária. 
 
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02
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................. 23
1. TRAJETÓRIAS DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA OS IDOSOS NO BRASIL E SEUS PRINCIPAIS DIREITOS . 24
2. ENVELHECIMENTO ATIVO E QUALIDADE DE VIDA ............................................................................................ 26
2.1 OBJETIVOS DO PROGRAMA ENVELHECIMENTO ATIVO................................................................................... 27
3. A INSERÇÃO DOS TERAPEUTAS OCUPACIONAIS NOS DIFERENTES CONTEXTOS DE ATENÇÃO À PESSOA 
IDOSA .......................................................................................................................................................................... 29
3.1 A ATUAÇÃO DOS TERAPEUTAS OCUPACIONAIS JUNTO À POPULAÇÃO IDOSA NA REDE DE ATENÇÃO À 
SAÚDE ......................................................................................................................................................................... 29
3.2 TERAPIA OCUPACIONAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE (APS) .............................................................. 29
3.3 TERAPIA OCUPACIONAL NA ATENÇÃO SECUNDÁRIA À SAÚDE ................................................................... 30
POLÍTICAS PÚBLICAS, PROGRAMAS OFICIAIS 
DE ATENDIMENTO AO IDOSO E A INSERÇÃO DO 
TERAPEUTA OCUPACIONAL NESSES CONTEXTOS
PROF. CARLOS ESCUDEIRO
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
GERIATRIA E GERONTOLOGIA 
PARA TERAPIA OCUPACIONAL
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
3.4 TERAPIA OCUPACIONAL NA ATENÇÃO TERCIÁRIA À SAÚDE......................................................................... 31
4. ATUAÇÃO DO TERAPEUTA OCUPACIONAL JUNTO À PESSOA IDOSA NOS SERVIÇOS DE PROTEÇÃO SOCIAL 
.......................................................................................................................................................................................32
4.1 DESCRIÇÃO DAS ATRIBUIÇÕES DO TERAPEUTA OCUPACIONAL COM OS IDOSOS ..................................... 33
CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................................................... 34
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INTRODUÇÃO
O crescimento do quantitativo de idosos resulta em múltiplos problemas que refletem 
social, política e economicamente na vida dos idosos e da família, além de no âmbito da vida 
pública. Essa conjuntura demanda políticas públicas e programas sociais que abordam a questão 
social.
Nesta unidade, iremos realizar uma análise da trajetória das Políticas Públicas do 
Idoso no Brasil. A construção desse estudo foi realizada com base nas leis, eventos nacionais 
e internacionais e artigos concernentes ao tema. No âmbito internacional, são significativas as 
contribuições das Assembleias Mundiais sobre envelhecimento para a incorporação do conceito 
de envelhecimento ativo nas políticas públicas no Brasil. 
Apesar dos avanços sobre o envelhecimento e saúde, ainda temos baixa prioridade das 
políticas públicas de saúde para a questão do envelhecimento, baixa formação de profissionais na 
área de saúde dos idosos e pouca prioridade para o suporte aos cuidadores. Mesmo nos países de 
alta renda, os sistemas de saúde se organizam de forma fragmentada, voltados para as enfermidades 
agudas, com reduzido foco na capacidade funcional e participação social dos idosos. Então, 
partiremos da premissa de que as pressões dos debates internacionais influenciaram a formulação 
de um campo de discussões no Brasil sobre o envelhecimento e podem ter surgido subsídios para 
a formulação de políticas públicas nacionais para amparo dos idosos e para assegurar os direitos 
sociais conquistados na Constituição Federal.
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1. TRAJETÓRIAS DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA OS IDOSOS NO 
BRASIL E SEUS PRINCIPAIS DIREITOS
A preocupação da atenção pública com o idoso é notória, sobretudo com a promulgação 
da Política Nacional do Idoso (PNI) em 1994 e sua regulamentação em 1996, o que assegurou 
os direitos sociais à pessoa idosa, bem como seu direito à saúde. Em 2003, foi sancionado o 
Estatuto do Idoso. O referido Estatuto avança em relação à PNI no que concerne aos direitos 
fundamentais e às necessidades de proteção da população idosa.
A Política Nacional da Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI), anunciada em 1999, é um 
importante dispositivo para o reconhecimento dos direitos já preconizados na PNI.
A inclusão dos temas pertinentes ao envelhecimento populacional nas políticas brasileiras 
ocorreu pela força e influência da sociedade civil, destacando-se a criação da Sociedade Brasileira 
de Geriatria e Gerontologia em 1961.
O direito universal e integral à saúde foi conquistado pela sociedade na Constituição de 
1988 e reafirmado com a criação do SistemaÚnico de Saúde (SUS).
O Estatuto do Idoso, aprovado em 2003 e destinado a regulamentar os direitos dos idosos, 
incorpora num único dispositivo leis e políticas anteriormente aprovadas, além de novas questões, 
como a internação domiciliar e a proteção do idoso em situação de risco social. O dispositivo 
amplia a resposta do Estado e da sociedade às necessidades da população idosa.
Em 2006, por influência das decisões tomadas na V Conferência Internacional sobre a 
Promoção da Saúde, no México, os gestores do SUS assumem o compromisso do Pacto pela 
Saúde, que tem como componente o Pacto pela Vida, o qual inclui como prioridade a saúde do 
idoso na busca da atenção integral e integrada, promoção do envelhecimento ativo e saudável e 
implantação da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI). A PNSPI apresenta como 
questão central recuperar, manter e promover a autonomia e a independência dos indivíduos 
idosos, direcionando medidas coletivas e individuais de saúde para esse fim, em consonância 
com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde. O foco dessa política é todo cidadão 
brasileiro com 60 anos ou mais.
 Os principais avanços da PNSPI consistem na incorporação do conceito de envelhecimento 
ativo, preconizado pela Organização Mundial da Saúde (2002), na desmistificação da velhice e na 
valorização da participação dos idosos na vida social e intergeracional. 
Na PNSPI, a saúde do idoso resulta da interação entre saúde física, mental, suporte social, 
independência financeira e capacidade funcional. Segundo Marinho (2008), o papel da Saúde, 
como conceito ampliado, refere-se a ter energia para pegar um ônibus, ir a uma biblioteca, a um 
show ou à praia e participar da vida em sociedade de modo geral, destacando que tal papel não se 
restringe à prevenção de agravos de doenças crônicas não degenerativas.
Da mesma forma, Bernardo e Raymundo (2018), em busca de compreensão dos 
significados atribuídos à saúde pelos próprios idosos, constatam que a autonomia na execução das 
atividades funcionais, a capacidade de responder às obrigações no núcleo familiar e a capacidade 
de desempenhar papéis sociais (estar engajado em atividades significativas) são palavras-chave 
para definir saúde como boa ou razoável, não se limitando o conceito à ausência de doenças.
Ainda segundo os autores, a perda da capacidade funcional é o principal problema que 
pode afetar a população idosa e comprometer o alcance do envelhecimento ativo. A PNSPI indica 
as responsabilidades dos serviços nas ações promotoras da saúde, na manutenção da capacidade 
funcional e na assistência integral ao idoso.
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Figura 1 - Particularidades no cuidado à pessoa idosa. Fonte: COSAPI/DAET/SAS/MS (2014).
A Figura 1 mostra as particularidades no cuidado à pessoa idosa, destacando os fatores 
relacionados aos cuidados e funcionalidade do idoso, bem como apontando as doenças crônicas 
não transmissíveis (DCNT) como causa da morbidade e incapacidades, impactando no aumento 
da demanda de serviços especializados.
Para Willig (2012), a trajetória das Políticas Públicas para os idosos no Brasil mostra que 
a sua criação ocorreu de forma tardia e morosa. Mas constate-se que tais políticas são fruto de 
ações desenvolvidas pela sociedade civil, que procuram chamar a atenção do governo para os 
problemas enfrentados pelos idosos e para a necessidade da criação de políticas específicas para 
esse segmento populacional. As conferências e assembleias internacionais foram determinantes 
para a promulgação das políticas e para a incorporação do conceito de envelhecimento ativo.
 A trajetória aponta também a necessidade da capacitação e formação específica em 
Geriatria e Gerontologia por parte de profissionais que atuam no atendimento ao idoso, o que é 
deficitário no Brasil, especialmente quanto aos que cuidam dessa população. Só se faz necessário 
para atender o preconizado pelo Estatuto do Idoso, a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa 
e proporcionar efetivamente atenção e promoção da saúde.
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O futuro da população idosa dependerá da implementação adequada das políticas 
e programas existentes, que favoreçam o acesso a bens e serviços, além de sua integração e 
participação na comunidade de maneira a alcançar um envelhecimento digno e ativo.
 
Figura 2 - Trajetória dos projetos de promoção dos direitos da pessoa idosa. Fonte: Ministério da Saúde (2005).
2. ENVELHECIMENTO ATIVO E QUALIDADE DE VIDA
Envelhecimento ativo (doravante, EA) é o processo de otimização das oportunidades 
para a saúde, a participação e a segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à 
medida que as pessoas envelhecem. Envelhecimento ativo aplica-se tanto às pessoas como a 
grupos populacionais. Esse processo permite que as pessoas percebam o seu potencial para o 
bem-estar físico, social e mental ao longo do curso da vida, além de permitir que essas pessoas 
participem da sociedade de acordo com suas necessidades, desejos e capacidade, protegendo-as 
e providenciando segurança e cuidados quando necessário. Portanto, são necessários programas 
e ações que promovam o EA em diferentes regiões do País, em populações com diferentes 
características sociais, culturais, econômicas, ambientais e comportamentais.
A funcionalidade é definida como a habilidade para realizar atividades que 
possibilitam à pessoa cuidar de si mesma e viver de forma independente. Sua 
mensuração tem sido foco no exame dos idosos e um indicador de saúde mais 
amplo que a morbidade, pois se correlaciona com a qualidade de vida. Também 
pode ser definida como a capacidade para decidir e atuar em suas vidas de forma 
independente no seu cotidiano.
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Para a OMS, o envelhecimento bem-sucedido pode ser entendido a partir de seus três 
componentes: 
a. menor probabilidade de doença; 
b. alta capacidade funcional física e mental; 
c. engajamento social ativo com a vida, considerando o cidadão idoso não mais passivo, 
mas como agente das ações a ele direcionadas, numa abordagem baseada em direitos que 
valorizem os aspectos da vida em comunidade, identificando o potencial para o bem-
estar físico, social e mental ao longo da vida.
O envelhecimento saudável é individual e resultado da interação multidimensional 
entre saúde física e mental, independência na vida diária, integração social, suporte familiar e 
independência econômica, os quais atuam sobre a qualidade de vida. Saúde na velhice seria, 
então, o resultado do equilíbrio entre as dimensões da capacidade funcional de idosos, sem 
necessariamente significar a ausência de problemas em todas as dimensões (BERNARDO; 
RAYMUNDO, 2018).
A proposta do EA é baseada no reconhecimento dos direitos humanos das pessoas 
mais velhas e nos princípios de independência, participação social, dignidade, assistência e 
autorrealização.
2.1 Objetivos do Programa Envelhecimento Ativo
As pessoas que se aposentam e aquelas que apresentam alguma doença ou vivem com 
alguma necessidade especial podem continuar a contribuir ativamente para seus familiares, 
companheiros, comunidades e nações. O objetivo do envelhecimento ativo é aumentar a expectativa 
de uma vida saudável e a qualidade de vida para todas as pessoas que estão envelhecendo, inclusive 
as que são frágeis, incapacitadas fisicamente e requerem cuidados.
 A proposta do programa é ser referência no processo de otimização de oportunidades 
para a inclusão digital e social, assegurando a participação da pessoa idosa. Nessa perspectiva, 
sugerimos os seguintes campos de ação, que podem ser ampliados de acordo com as necessidadese peculiaridades de cada município:
- Tecnologia: promover a inclusão tecnológica e contribuição a todas as áreas da vida, 
como acesso de forma segura às redes sociais, aos caixas eletrônicos da rede bancária, totens de 
aeroportos, sistema eletrônico de catraca no transporte público, dentre outros.
- Educação: dirigida com foco na pessoa idosa para qualificar sua convivência familiar 
e comunitária, como alfabetização, favorecendo os aspectos biológicos, psíquicos, cognitivos, 
físicos e sociais, além de educação financeira, proporcionando à pessoa idosa a capacidade para 
gerir seus recursos financeiros com responsabilidade.
- Saúde: disseminar informações e conhecimentos mediante palestras, debates e 
campanhas relacionadas à prevenção de doenças crônicas.
- Mobilidade física: disponibilizar à pessoa idosa a prática de atividades físicas no 
cotidiano e lazer, atividades culturais e recreativas, com o objetivo de propiciar um envelhecer 
com bem-estar físico e psicossocial.
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Figura 3 - Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003). Fonte: Pinterest (2021).
O documento da OMS, ao problematizar o envelhecimento ativo, toma por base 
o conceito de atividade, o qual está atrelado a quatro pilares, quais sejam: saúde 
(bem-estar psicossocial), participação (social, cidadania, cultural e espiritual), 
segurança/proteção e aprendizagem ao longo da vida (aprendizagem formal ou 
através de experiências).
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3. A INSERÇÃO DOS TERAPEUTAS OCUPACIONAIS NOS DIFERENTES 
CONTEXTOS DE ATENÇÃO À PESSOA IDOSA
 Neste tópico, será abordada a atuação do Terapeuta Ocupacional nos diferentes contextos 
de atenção ao idoso. Para efeito didático, organizaram-se as informações em dois eixos: atuação 
do Terapeuta Ocupacional em serviços de saúde e nos serviços de proteção social.
3.1 A Atuação dos Terapeutas Ocupacionais junto à População Idosa na 
Rede de Atenção à Saúde
A rede de atenção à saúde é constituída por um conjunto de ações e serviços que, 
articulados em níveis de complexidade crescentes, têm por finalidade garantir a integralidade da 
atenção, desenhando uma rede de cuidado entendida como o conjunto de saberes, tecnologias e 
recursos necessários ao enfrentamento de determinados riscos, agravos ou condições específicas 
do ciclo de vida, a serem ofertados de forma oportuna, articulada e contínua (SANTOS, 2018).
A “porta de entrada” do sistema público de saúde é chamada de atenção básica ou atenção 
primária e tem por objetivo orientar sobre a prevenção de doenças, solucionar os possíveis casos 
de agravo às condições de saúde e direcionar os casos mais graves para níveis de atendimento 
superiores em complexidade.
Na rede de saúde, a atenção secundária é formada pelos serviços especializados em nível 
ambulatorial e hospitalar, com densidade tecnológica intermediária entre a atenção primária e a 
terciária, historicamente interpretada como procedimentos de média complexidade.
No nível terciário de atenção da saúde, estão os hospitais de grande porte, de alta 
complexidade. Nesse nível de atenção, são realizadas manobras mais invasivas caso haja 
necessidade, intervindo quando a vida do paciente está em risco. O objetivo desse nível de atenção 
à saúde é garantir que o procedimento para a manutenção dos sinais vitais possa ser realizado, 
dando suporte para a preservação da vida sempre que preciso.
Os terapeutas ocupacionais atuam profissionalmente em todos os níveis de atenção à 
saúde, e sua prática é influenciada pelas características do serviço no qual está inserida e também 
pelas características da população alvo dos cuidados (BERNARDO; RAYMUNDO, 2018, p. 128).
3.2 Terapia Ocupacional na Atenção Primária à Saúde (APS)
A Atenção Básica compreende um conjunto de ações individuais e coletivas para 
proteção e promoção dos usuários. A terapia ocupacional, nesse contexto, atua no favorecimento 
da participação social de pessoas e famílias na comunidade, com foco em projetos de vida e 
nas ocupações que lhes sejam significativas. As formas mais utilizadas de atuação do Terapeuta 
Ocupacional são os grupos e oficinas terapêuticas, as visitas domiciliares e o apoio matricial.
No Brasil, em 1994, o Ministério da Saúde adotou a Saúde da Família como uma 
estratégia prioritária para a organização da Atenção Básica ou primária e estruturação do sistema 
de saúde. A Saúde da Família trabalha com práticas interdisciplinares, desenvolvidas por equipes 
que se responsabilizam pela saúde da população a ela adscrita e na perspectiva de uma atenção 
humanizada, considerando a realidade local e valorizando as diferentes necessidades dos grupos 
populacionais. No trabalho das equipes da atenção básica, as ações coletivas na comunidade, 
as atividades de grupo e a participação das redes sociais dos usuários são alguns dos recursos 
indispensáveis.
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A atividade do Terapeuta Ocupacional na APS acontece após o idoso ser acolhido pelas 
equipes de saúde. A inserção no programa de intervenções da área somente acontece a partir 
da eleição da demanda e das prioridades, que são decididas pelas equipes em conjunto com os 
Terapeutas Ocupacionais e, oportunamente, incluídas no processo de planejamento do trabalho 
na Unidade Básica de Saúde/Estratégias da Saúde da Família.
Após o acolhimento, o estabelecimento das prioridades e a definição em equipe de que 
o idoso será acompanhado pela Terapia Ocupacional, o Terapeuta Ocupacional poderá realizar 
uma avaliação funcional e verificar, de forma sistematizada, em que nível as doenças ou agravos 
interferem no desempenho, de forma sistematizada e independente, nas atividades cotidianas ou 
atividades de vida diária (AVD), permitindo o desenvolvimento de um planejamento assistencial 
mais adequado (BERNARDO; RAYMUNDO, 2018).
Algumas ações específicas de Terapia Ocupacional na APS são desenvolvidas mediante 
cada caso. Algumas dessas ações são: a promoção da independência nas Atividades de Vida 
Diária e Instrumentais da vida diária; fomento de participação em grupos de atividades lúdicas, 
intervenções ergonômicas, técnicas de relaxamento, oficinas, atividades de educação em saúde, 
visitação domiciliar para verificação e orientação quanto à necessidade de adaptações domiciliares. 
A organização de grupos de atividades corporais destinados a idosos, diabéticos e 
hipertensos é iniciativa comum ao Terapeuta Ocupacional na APS, bem como: orientações aos 
demais profissionais no atendimento de usuários com alterações neuromotoras, como adequação 
postural, atividades educativas, temas ligados à autonomia e independência das pessoas idosas.
3.3 Terapia Ocupacional na Atenção Secundária à Saúde 
Na rede de saúde, a atenção secundária é formada pelos serviços especializados em nível 
ambulatorial e hospitalar, com densidade tecnológica intermediária entre a atenção primária e a 
terciária, historicamente interpretada como procedimentos de média complexidade. É composta 
por Unidades de Pronto-Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), policlínicas, Centro de 
Atenção Psicossocial (CAPS) etc.
Frente ao idoso hospitalizado, o Terapeuta Ocupacional deve investigar o que ele fazia 
antes de apresentar a enfermidade que levou à internação, seu estado atual e o impedimento 
entre essas duas condições. Deve também avaliar seus estados biológico, psicológico e social 
(BERNARDO; RAYMUNDO, 2018).
A atuação do Terapeuta Ocupacional na atenção hospitalar pode-se dar a partir dos 
seguintes aspectos: manutenção da capacidade funcional; utilização de instrumentos para avaliação 
da capacidade funcional, das estruturas mentais, emocionais e sociais; avaliaçãoprincipalmente 
do desempenho das Atividades da Vida Diária (AVDs), pois são os principais indicadores da 
independência do idosos; em seguida, o profissional prescreve recursos terapêuticos e realiza 
treino apropriado para melhorar as AVDS. Pode também utilizar instrumentos de tecnologia 
assistiva, realizar adaptações ambientais e medidas de segurança e prevenir contra sequelas 
advindas da imobilidade. Isso envolve orientação quanto às mudanças de decúbito, cuidado com 
a pele e evitar a permanência integral no leito. Deve haver humanização do ambiente hospitalar 
(o que envolve ambiência, tornando o espaço hospitalar mais acolhedor e menos impessoal; 
deve-se incentivar a presença de objetos pessoais do idoso, fotos da família e objetos feitos pelo 
próprio paciente ao longo dos atendimentos); orientação sobre a doença e encaminhamento pós-
alta, pois é importante que o idoso, familiares e/ou cuidadores recebam todas as informações 
sobre suas necessidades durante e após a alta hospitalar, sobre as mudanças e o que sua nova 
condição irá modificar em seu cotidiano; se for o caso, prestar esclarecimentos sobre os serviços 
que irão atendê-lo após a alta, como centro de reabilitação, ambulatórios etc. (BERNARDO; 
RAYMUNDO, 2018).
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3.4 Terapia Ocupacional na Atenção Terciária à Saúde
Atenção à saúde terciária fornece atendimento de alta complexidade, sendo formada por 
hospitais de grande porte. Também envolve procedimentos que demandam tecnologia de ponta 
e custos maiores, como os oncológicos, transplantes e partos de alto risco etc.
Na atenção terciária, é a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), na atualidade, um dos 
cenários de maior complexidade no atendimento do idoso em estado de saúde grave. Em 2010, a 
Agência Nacional de Vigilância aprovou a Resolução nº 7, que dispõe sobre a obrigatoriedade do 
Terapeuta Ocupacional como profissional integrante das equipes que compõem as UTIs.
Bombarda et al. (2016) sintetizam as práticas do Terapeuta Ocupacional em UTI em 
cinco categorias. São elas: acolhimento, que envolve a escuta ativa (a escuta ativa efetivada frente 
à instabilidade emocional de pacientes e também de familiares); enfrentamento, que envolve as 
orientações (esclarecimentos sobre o quadro clínico e prognóstico funcional, minimização de 
dúvidas) e atividades de interesse; comunicação, que envolve o uso de pranchas de comunicação 
alternativa, adaptação de escrita e treinamento de sinais corporais; funcionalidade, que envolve 
as atividades expressivas, artesanais e jogos adaptados, mobilizações, posicionamentos; família, 
que envolve o acolhimento, mediação de conflitos, atividades expressivas, estratégias para 
organização de rotina e suporte ao luto.
De acordo com o portal do envelhecimento, a tecnologia assistiva consiste 
na confecção de adaptações e produtos que visam a auxiliar a realização de 
atividades de vida diária por pessoas idosas com disfunções físicas e sensoriais, 
compensando suas limitações funcionais e promovendo sua independência. 
Leia o artigo “Oficina de tecnologia assistiva: boa prática para 
saúde da pessoa idosa” (2015), disponível em 
https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/envelhecimento-e-
longevidade/.
https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/envelhecimento-e-longevidade
https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/envelhecimento-e-longevidade
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4. ATUAÇÃO DO TERAPEUTA OCUPACIONAL JUNTO À PESSOA IDOSA 
NOS SERVIÇOS DE PROTEÇÃO SOCIAL
 
Os serviços de Proteção Social Especial fazem parte do Sistema Único de Assistência 
Social (SUAS) e têm como objetivo promover atenções socioassistenciais às famílias e indivíduos 
que se encontram em situação de risco pessoal e social, por ocorrência de abandono, maus-tratos 
físicos e/ou psíquicos, abuso sexual e uso de substâncias psicoativas.
O Terapeuta Ocupacional na área social trabalha com base na interpretação da demanda, 
que é simultaneamente individual e coletiva. É importante sua problematização, o estudo do 
contexto e a elaboração de projeto que envolve negociação constante com os envolvidos.
Segundo Bernardo e Raymundo (2018), o terapeuta ocupacional deve estar em sintonia 
com o que é previsto no documento Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais (2009), 
que reforça o atendimento prestado em serviço de acolhimento, que deve ser personalizado e 
em pequenos grupos, favorecer o convívio familiar e comunitário, bem como a utilização dos 
equipamentos e serviços disponíveis na comunidade local.
Segundo a Resolução nº 383, do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional 
(COFFITO), o terapeuta ocupacional no campo social deve funcionar como articulador do 
desempenho ocupacional por meio do manejo das atividades humanas que sejam significativas 
e dialógicas, como tecnologia de mediação sócio-ocupacional, a fim de estimular a participação 
social da pessoa idosa, família, grupo e comunidade em atividades culturais, expressivas, 
econômicas, corporais, lúdicas e de convivência, dentre outras.
Os Centros de Convivência para idosos podem ser entendidos como espaços idealizados 
para prevenir o isolamento social, com atividades que estimulam o bem-estar físico e emocional 
dessa população, valorizando a convivência familiar e comunitária, bem como a utilização dos 
equipamentos e serviços disponíveis na comunidade local.
É importante salientar que a contribuição da terapia ocupacional apresenta-se 
especialmente nas ações que têm como eixo articulador o acompanhamento de pessoas e 
grupos com os quais trabalha, sobretudo no que diz respeito às atividades da vida cotidiana, 
expressão cultural e econômica. As atividades são elementos organizadores e, como tecnologias 
de mediação sócio-ocupacional, são voltadas ao desenvolvimento de processos de constituição 
ou reconstituição de identidades pessoais (hábitos, modos de realização da vida cotidiana, 
conhecimentos e da vida ocupacional, comunicacional e expressiva de pessoas e coletivos). As 
ações da Terapia Ocupacional ativam elementos que permitem operar com a memória social e 
o imaginário coletivo enquanto componentes do processo de produção de conhecimento e na 
formulação de projetos pessoais e coletivos. Desse modo, o universo sociocultural e histórico 
orienta a construção compartilhada de soluções.
 
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4.1 Descrição das Atribuições do Terapeuta Ocupacional com os Idosos
- Promove atividades culturais, expressivas, esportivas, corporais, lúdicas e de convivência, 
visando à valorização de saberes e habilidades e à criação de oportunidades para convivência, 
desenvolvimento de novos saberes e de trocas de conhecimentos e experiências, além de ampliar 
e fortalecer redes de apoio;
- Promove atividades e experiências que criam oportunidades para que o idoso exercite 
seu direito de escolha e decisão;
- Desenvolve atividades que visam a evitar ou reduzir o confinamento do idoso em 
domicílio;
- Desenvolve atividades que visam à manutenção da autonomia e do envelhecimento 
ativo, com vistas a postergar e/ou evitar a estadia em serviços de acolhida;
- Avalia e encaminha necessidades e demandas específicas, decorrentes do processo de 
envelhecimento, em conjunto com os idosos e/ou seus familiares sempre que possível;
- Promove a convivência familiar com o idoso por meio do desenvolvimento de atividades 
que criam oportunidades para respeito e valorização de sua experiência de vida;
- Constrói com os idosos e/ou familiares atividades de participação e protagonismo 
comunitário, valorizando sua presença na comunidade;
- Promove a convivência entre as diferentes faixasetárias, de forma a prevenir e combater 
preconceitos entre as diversas gerações e a envolver o idoso na comunidade;
- Desenvolve atividades e experiências que oferecem oportunidades para resgate, 
reconstrução e valorização da memória do idoso enquanto pessoa e, também, representante de 
uma geração, valorizando encontros intergeracionais;
- Auxilia na organização da vida cotidiana, da vida prática e ocupacional de 
idosos, conhecendo necessidades e demandas individuais e familiares, contribuindo para o 
reconhecimento de barreiras (atitudinais e físicas) nos ambientes e territórios de que participam, 
como também buscando recursos para o desenvolvimento de potencialidades e de acesso a 
direitos, com a valorização dos conhecimentos e recursos já existentes. 
Assista a Envelhecimento Ativo, do Instituto de Biociências da USP, 
no link 
https://www.youtube.com/watch?v=PaA22baLa2w.
O vídeo mostra a implantação de um Programa de Envelhecimento 
Ativo bem-sucedido, realizado pelo Hospital Universitário (HU) 
da USP, onde são explanadas as ações de prevenção, proteção e 
minimização dos fatores de risco do envelhecimento, como doenças degenerativas 
e incapacidades. Tem como objetivo melhorar a expectativa de vida, planejando e 
executando atividades e cuidados para manter a funcionalidade e independência.
https://www.youtube.com/watch?v=PaA22baLa2w
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CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Nesta unidade, enfatizamos a trajetória das políticas públicas para os idosos, seu histórico 
e marcos importantes nesse processo. Através do conteúdo exposto, pôde-se visualizar a legislação 
e resoluções governamentais, visando a atender os idosos nos aspectos preventivos e reabilitativos, 
salientando as diversas dimensões de assistência, incluindo as áreas de saúde e social.
Esta unidade também teve por objetivo abordar, em linhas gerais, as distintas possibilidades 
de inserção do Terapeuta Ocupacional em Gerontologia. Buscou-se enfatizar algumas áreas de 
atuação da profissão junto à população idosa.
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03
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................. 37
1. DOENÇA DE ALZHEIMER ....................................................................................................................................... 38
1.1 SINTOMAS .............................................................................................................................................................. 38
1.2 COMO IDENTIFICAR A DOENÇA DE ALZHEIMER? ............................................................................................ 39
1.3 QUAL MÉDICO PROCURAR? ............................................................................................................................... 39
1.4 DESCOBRINDO O PROBLEMA ............................................................................................................................. 39
1.5 COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO DA DEMÊNCIA?............................................................................................. 39
2. DEMÊNCIA VASCULAR .......................................................................................................................................... 41
2.1 AVALIAÇÃO CLÍNICA E DIAGNÓSTICA DA DEMÊNCIA VASCULAR .................................................................. 41
3. DEMÊNCIA DE CORPOS DE LEWY ....................................................................................................................... 41
INTERVENÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL NAS 
DISFUNÇÕES BIOPSICOSSOCIAIS
PROF. CARLOS ESCUDEIRO
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
GERIATRIA E GERONTOLOGIA 
PARA TERAPIA OCUPACIONAL
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
3.1 PRINCIPAIS SINTOMAS DA DEMÊNCIA DE CORPOS DE LEWY ...................................................................... 41
4. DEMÊNCIA DE PICK OU DEMÊNCIA FRONTOTEMPORAL ................................................................................ 42
4.1 SINTOMAS DA DEMÊNCIA DE PICK OU FRONTOTEMPORAL ......................................................................... 42
5. A TERAPIA OCUPACIONAL COMO TRATAMENTO ESSENCIAL NA REABILITAÇÃO DE PACIENTES COM 
DEMÊNCIA .................................................................................................................................................................. 43
6. A IMPORTÂNCIA DA REABILITAÇÃO COGNITIVA NAS DEMÊNCIAS ................................................................ 43
7. PROCESSO DE INTERVENÇÃO DO TERAPEUTA OCUPACIONAL ....................................................................... 45
7.1 ENTREVISTA INICIAL E ANAMNESE ................................................................................................................... 45
7.2 AVALIAÇÃO GLOBAL ............................................................................................................................................. 45
7.3 AVALIAÇÃO COGNITIVA ........................................................................................................................................ 45
8. FERRAMENTAS DE AVALIAÇÃO COGNITIVA USADAS NA TERAPIA OCUPACIONAL ...................................... 46
8.1 PLANO DE TRATAMENTO DA TERAPIA OCUPACIONAL ................................................................................... 46
8.2 PRESCRIÇÃO DE RECURSOS TERAPÊUTICOS ................................................................................................. 47
8.3 ORIENTAÇÃO E INTERVENÇÃO COM OS FAMILIARES .................................................................................... 47
8.4 ORIENTAÇÃO A CUIDADORES ............................................................................................................................ 47
CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................................................... 49
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Nesta unidade, iremos estudar as principais síndromes demenciais e a intervenção da 
Terapia Ocupacional nas respectivas patologias, sendo as principais a Síndrome de Alzheimer, 
Demência Vascular, Demência de Corpos de Lewy e Demência de Pick ou Frontotemporal.
É típico da população idosa a prevalência elevada de doenças crônicas que comprometem 
a sua autonomia. Um exemplo são as síndromes demenciais, constituindo as demências uma 
questão de saúde pública, trazendo uma preocupação bioética com o envelhecimento: a perda da 
autonomia das pessoas afetadas e a responsabilidade do sistema de saúde para atendê-las.
A síndrome demencial é um problema de saúde pública. Sua ocorrência é crescente 
uma vez que o principal fator de risco continuará existindo: o aumento da esperança de vida. 
Ademais, e como consequência da incessante inovação tecnológica, novas causas são esclarecidas 
ou descobertas apesar das dificuldades e disparidades no seu diagnóstico. Existe um consenso em 
reconhecer que a maior parte das síndromes demenciais é a Doença de Alzheimer.
No Brasil, um estudo publicado no ano de 2004 estima a incidência da síndrome 
demencial em 13,8 dentre 1000 pessoas/ano. Relacionando ambas as informações (incidência e 
prevalência), esse dado não só desvela como também corrobora a importância da proposição de 
políticas públicas de saúde capazes, senão de minimizar o impacto econômico para a sociedade, 
pelo menos de garantir o aporte necessário de recursos públicos para garantir a atenção ao 
paciente. 
Nesse contexto, a Terapia Ocupacional contribui significativamente para a reabilitação de 
pacientes com

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