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GERIATRIA E GERONTOLOGIA PARA TERAPIA OCUPACIONAL PROF. CARLOS ESCUDEIRO Reitor: Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira Pró-Reitoria Acadêmica Maria Albertina Ferreira do Nascimento Diretoria EAD: Prof.a Dra. Gisele Caroline Novakowski PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação: Edson Dias Vieira Thiago Bruno Peraro Revisão Textual: Camila Cristiane Moreschi Danielly de Oliveira Nascimento Fernando Sachetti Bomfim Luana Luciano de Oliveira Patrícia Garcia Costa Renata Rafaela de Oliveira Produção Audiovisual: Adriano Vieira Marques Márcio Alexandre Júnior Lara Osmar da Conceição Calisto Gestão de Produção: Cristiane Alves © Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo (a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Primeiramente, deixo uma frase de Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Cada um de nós tem uma grande responsabilidade sobre as escolhas que fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente e busca por tecnologia, informação e conhecimento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivência no mercado de trabalho. De fato, a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis. Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Distância, a proporcionar um ensino de qualidade, capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa, preparados para o mercado de trabalho, como planejadores e líderes atuantes. Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência, conhecimento e sucesso. Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira REITOR 33WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 01 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................5 1. ENFOQUE CONCEITUAL EM GERONTOLOGIA E GERIATRIA ...............................................................................6 1.1 OBJETIVOS DA GERONTOLOGIA ............................................................................................................................6 1.1.1 CAMPO DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL DA GERONTOLOGIA ............................................................................. 7 1.2 GERIATRIA ............................................................................................................................................................... 7 2. DEFINIÇÃO DE ENVELHECIMENTO ....................................................................................................................... 7 2.1 SENESCÊNCIA E SENILIDADE ............................................................................................................................... 7 2.2 TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA E DEMOGRÁFICA DO ENVELHECIMENTO .....................................................8 2.3 CONCEITOS IMPORTANTES NO ESTUDO DA GERONTOLOGIA ........................................................................9 2.3.1 AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA .......................................................................................................................9 PRINCÍPIOS NORTEADORES EM GERIATRIA E GERONTOLOGIA PROF. CARLOS ESCUDEIRO ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: GERIATRIA E GERONTOLOGIA PARA TERAPIA OCUPACIONAL 44WWW.UNINGA.BR EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.4 ATIVIDADES INSTRUMENTAIS DA VIDA DIÁRIA - AIVDS ................................................................................. 11 2.5 ATIVIDADES BÁSICAS DA VIDA DIÁRIA – ABVDS .............................................................................................. 11 3. PROCESSO BIOPSICOSSOCIAL ............................................................................................................................. 12 3.1 ENVELHECIMENTO FISIOLÓGICO ........................................................................................................................ 12 3.1.1 COMPOSIÇÃO CORPORAL .................................................................................................................................. 12 3.1.2 ÓRGÃOS DO SENTIDO ........................................................................................................................................ 12 3.1.3 SISTEMA NERVOSO ............................................................................................................................................ 12 3.1.4 SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO .................................................................................................................. 12 3.2 ASPECTOS FISIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO .......................................................................................... 13 3.2.1 MARCHA, POSTURA E EQUILÍBRIO .................................................................................................................. 13 3.2.2 SISTEMA CARDIOVASCULAR ........................................................................................................................... 13 3.2.3 ALTERAÇÕES NEUROLÓGICAS ......................................................................................................................... 14 3.3 PROCESSO COGNITIVO DO ENVELHECIMENTO .............................................................................................. 16 3.3.1 FATORES QUE INFLUENCIAM O ENVELHECIMENTO COGNITIVO ................................................................ 17 3.4 PROCESSO SOCIAL DO ENVELHECIMENTO ...................................................................................................... 17 3.4.1 CIDADANIA E INCLUSÃO SOCIAL DOS IDOSOS ............................................................................................... 18 3.4.2 MEIOS DE INCLUSÃO SOCIAL PARA A PESSOA IDOSA ................................................................................. 18 3.5 APOSENTADORIA: MUDANÇAS DE PAPÉIS OCUPACIONAIS........................................................................... 18 3.5.1 INTERVENÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL NO PROCESSO DE APOSENTADORIA ................................... 19 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................20 5WWW.UNINGA.BR GE RI AT RI A E GE RO NT OL OG IA P AR A TE RA PI A OC UP AC IO NA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Sejam bem-vindos ao estudo da disciplina de Geriatria e Gerontologia! O conteúdo apresentado é interessante, pois se trata do estudo de uma fase da vida do ser humano, o envelhecimento. A Geriatria e a Gerontologia nos trazem um conhecimento do processo de envelhecimento quanto aos aspectos fisiológicos, psicológicos, cognitivos e sociais, possibilitando uma fundamentação teórica e científica para atuarmos como Terapeutas Ocupacionais com essa população. Enquanto a Geriatria atua especificamente sobre os aspectos físicos e psíquicos, na promoção e cuidado de saúde da pessoa idosa, a Gerontologia se foca na promoção de bem-estar, olhando tanto para as condições biopsicossociais quanto para a espiritualidade, que permite maior qualidade de vida às pessoas idosas. O aumento da expectativa de vida da população idosa é um fenômeno irreversível no Brasil e no mundo, sendo uma das maiores conquistas da humanidade. Mas exige a implementação de políticas públicas e privadas para atender, da melhor forma possível, às pessoas com mais de 60 anos. Nesse panorama, segundo Bernardo e Raymundo (2018), os Terapeutas Ocupacionais têm, junto à população que envelhece, uma atuação na busca de maior autonomia, participação social e engajamento em ocupações significativas.Portanto, esta disciplina tem o objetivo de elucidar a relevância do profissional de Terapia Ocupacional e de suas diversas áreas de atuação, cujo foco principal é a ocupação humana. O principal instrumento de trabalho dessa profissão é a utilização de recursos terapêuticos para manter e ampliar as capacidades funcionais, autonomia e independência, ajudando o idoso a utilizar ao máximo suas potencialidades e habilidades. No conjunto de ações da Terapia Ocupacional, estão ações de prevenção, promoção e reabilitação. Enfatizamos também o importante papel do Terapeuta Ocupacional no âmbito da inclusão social, atuando de forma preventiva na (re)construção de um projeto de vida e na organização de um cotidiano significativo para os aposentados. 6WWW.UNINGA.BR GE RI AT RI A E GE RO NT OL OG IA P AR A TE RA PI A OC UP AC IO NA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. ENFOQUE CONCEITUAL EM GERONTOLOGIA E GERIATRIA Gerontologia (do grego gero = envelhecimento + loggia = estudo), segundo Elie Metchnikoff, em 1903, é a ciência que estuda o processo de envelhecimento em suas dimensões biológica, psicológica e sociocultural. De acordo com Anita Liberalesso Neri, a Gerontologia trata-se de um campo multi e interdisciplinar, que visa à descrição e à explicação das mudanças típicas do processo de envelhecimento e de seus determinantes genético-biológicos, psicológicos e socioculturais. A Gerontologia é o campo de estudos que investiga as experiências de velhice e envelhecimento em diferentes contextos socioculturais e históricos, abrangendo aspectos do envelhecimento normal e patológico. Investiga o potencial de desenvolvimento humano, associado ao curso de vida e ao processo de envelhecimento. Caracteriza-se como um campo de estudos multidisciplinar, recebendo contribuições metodológicas e conceituais da biologia, psicologia, ciências sociais e de disciplinas, como a biodemografia, neuropsicologia, história, filosofia, direito, psicologia educacional, psicologia clínica e medicina. Para Alkema e Haley (2006), a Gerontologia estuda os processos associados à idade, ao envelhecimento e à velhice, sendo uma área de convergência entre a biologia, a sociologia e a psicologia do envelhecimento. O envelhecimento, nesse sentido, representa a dinâmica de passagem do tempo, e a velhice inclui como a sociedade define as pessoas idosas. A biologia do envelhecimento estuda o impacto da passagem do tempo nos processos fisiológicos ao longo do curso de vida e na velhice. A psicologia do envelhecimento, por sua vez, se concentra nos aspectos cognitivos, afetivos e emocionais relacionados à idade e ao envelhecimento, com ênfase no processo de desenvolvimento humano. A sociologia baseia-se em períodos específicos do ciclo de vida e concentra-se nas circunstâncias socioculturais que afetam o envelhecimento e as pessoas idosas. É campo interdisciplinar, que visa ao estudo das mudanças típicas do processo de envelhecimento e de seus determinantes biológicos, psicológicos e socioculturais. É um campo multiprofissional e multidisciplinar. A Gerontologia é uma ciência que estuda o processo de envelhecimento. Cuida da personalidade e da conduta dos idosos, levando em consideração todos os aspectos ambientais e culturais do envelhecer. Os profissionais da Gerontologia têm formação diversificada e interagem entre si e com os geriatras. É campo científico e profissional dedicado às questões multidimensionais do envelhecimento e da velhice, tendo por objetivo a descrição e a explicação do processo de envelhecimento nos seus mais variados aspectos. É, por essa natureza, multidisciplinar e interdisciplinar. 1.1 Objetivos da Gerontologia - Tratar dos aspectos biológicos, sociais, psíquicos e legais do envelhecimento, dentre outros. - Promover pesquisas que possam esclarecer os fatores envolvidos no envelhecimento. 7WWW.UNINGA.BR GE RI AT RI A E GE RO NT OL OG IA P AR A TE RA PI A OC UP AC IO NA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.1.1 Campo de atuação profissional da Gerontologia O campo de atuação profissional da Gerontologia envolve: prevenção, ambientação, reabilitação e cuidados paliativos. Os profissionais da equipe multidisciplinar (como Terapeutas Ocupacionais, Fisioterapeutas, Fonoaudiólogos, Nutricionistas e outros) podem atuar nas seguintes áreas: Prevenção: propõe intervenções que antecipem os problemas mais comuns que afetam os idosos e orienta a criação de condições adequadas para um envelhecimento com qualidade de vida. Ambientação: orienta a criação de condições para uma vida com qualidade na velhice, focando os mais variados espaços por onde circulam ou vivem os idosos. Reabilitação: propõe intervenções quando ocorrem perdas que são resgatáveis e, quando irreversíveis, orienta a criação de condições individuais e ambientais para uma vida digna. Cuidados paliativos: propõe intervenções quando ocorrem doenças progressivas e irreversíveis, abrangendo aspectos físicos, psíquicos e espirituais, com atenção estendida aos familiares, visando ao maior bem-estar possível e dignidade do idoso até a sua morte. 1.2 Geriatria É uma especialidade médica que se integra na área da Gerontologia, com instrumental específico para atender aos objetivos da promoção da saúde, da prevenção e do tratamento das doenças, da reabilitação funcional e dos cuidados paliativos. 2. DEFINIÇÃO DE ENVELHECIMENTO O envelhecimento é um processo sequencial, individual, acumulativo, irreversível, não patológico, de deterioração de um organismo maduro, próprio a todos os membros da espécie, de maneira que o tempo o torne menos capaz de fazer frente ao estresse do meio-ambiente. Segundo Fino (2016), o envelhecimento implica a degradação progressiva, comum a todos os seres vivos, gerando mudanças ao nível biológico, psicológico e social, que tendem a intensificar-se com a idade. A forma como cada indivíduo envelhece depende de uma vasta lista de características, como o contexto cultural, ambiental, histórico, clínico e genético, não descartando os relacionamentos sociais. 2.1 Senescência e Senilidade Senescência – processo natural de diminuição progressiva da reserva funcional dos indivíduos. Senilidade – condição de sobrecarga, como doenças, acidentes e estresse emocional, podendo ocasionar uma condição patológica que requeira atenção. São erros que devem ser evitados: 8WWW.UNINGA.BR GE RI AT RI A E GE RO NT OL OG IA P AR A TE RA PI A OC UP AC IO NA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - Considerar que todas as alterações que ocorrem com a pessoa idosa sejam decorrentes de seu envelhecimento natural; - Tratar o envelhecimento natural como doença. Por sua vez, envelhecimento saudável é o processo de desenvolvimento e manutenção da capacidade funcional que permite o bem-estar em idade avançada. Conceitos importantes são a independência e a autonomia. O maior desafio na atenção à pessoa idosa é contribuir para que, apesar das progressivas limitações que possam ocorrer, elas possam redescobrir possibilidades de viverem sua própria vida com a máxima qualidade possível. 2.2 Transição Epidemiológica e Demográfica do Envelhecimento Segundo Oliveira et al. (2010), o Brasil está passando por transformações importantes no aspecto demográfico. O País vem registrando quedas acentuadas da natalidade, o que determina um ritmo cada vez menor de aumento do contingente populacional. A redução do número de nascimentos vem acompanhada pela queda da mortalidade. Esses dois componentes, juntos, intensificam o processo de envelhecimento populacional. Com mais pessoas alcançando idades elevadas, uma série de mudanças é observada, como a transição epidemiológica, passando a mortalidade a predominar entre os mais velhos. As principais causas de morte passam a ser as doenças típicas do envelhecimento, o que demanda atenção e cuidado especiais para pessoas com mais de 60 anos que visammanter a autonomia, independência e bem-estar. De acordo com o IBGE, o Brasil passará dos atuais 8,6% de idosos para 13% em 2020, podendo chegar a 20% da população em 2050. Dados das Nações Unidas mostram que o mundo tem hoje cerca de um décimo da população com 60 anos e que, em 2050, o número de idosos será de um quinto. Em outras palavras, em 2050, o número de idosos será, provavelmente, superior ao de jovens abaixo de 15 anos. Figura 1- Índice de envelhecimento da população do Brasil (1970 - 2010). Fonte: Censo (2000). Juntamente com o aumento populacional de idosos no Brasil, houve uma queda da taxa de fecundidade, resultando em um grupo de idosos maior que o grupo de crianças. Essa é a estimativa do IBGE para 2050. O envelhecimento da população do Brasil é fato irreversível e que deverá se acentuar num futuro imediato. O impacto dessa nova ordem demográfica é imenso, sobretudo quando se observa que os fatores associados ao subdesenvolvimento continuam se manifestando por um tempo difícil de ser definido. 9WWW.UNINGA.BR GE RI AT RI A E GE RO NT OL OG IA P AR A TE RA PI A OC UP AC IO NA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Compare a expectativa de vida da população brasileira e japonesa em 2019: - Japão: 84,2 anos. - Brasil: 76.6 anos. 2.3 Conceitos Importantes no Estudo da Gerontologia Figura 2 - Funcionalidade global x idade. Fonte: O Autor. A Figura 2 mostra a relação entre a funcionalidade global do organismo e os ciclos de vida (infância, adolescência, adultez e velhice). O ser humano atinge o máximo das suas funções orgânicas por volta dos 30 a 40 anos. Entre os 40 e 50 anos, há uma estabilização e, a partir daí, um declínio funcional progressivo, com a perda funcional global de 1% ao ano. Portanto, quanto maior a reserva funcional, menor será a repercussão do declínio considerado fisiológico (envelhecimento fisiológico). 2.3.1 Autonomia e Independência A autonomia é o conteúdo ético do princípio da dignidade humana. Ela é o fundamento que determina a liberdade de um indivíduo, permitindo-o fazer suas próprias escolhas, de modo a gerir sua vida conforme seu livre-arbítrio. Autonomia refere-se à capacidade que o ser humano tem para decidir, decisões essas que irão afetar sua vida, sua saúde, sua integridade físico-psíquica e suas relações sociais com o mundo externo. É uma palavra que deriva do grego “auto” (próprio) e “nomos” (lei, regra, norma). O agir com autonomia livra o sujeito das coações externas. O seu pensamento livre é que determina as escolhas que serão feitas frente às situações que se apresentarão no cotidiano de sua vida. Autonomia tem relação direta com a capacidade cognitiva, principalmente com as funções executivas, pois o indivíduo, em diferentes situações, deverá acessar esses domínios cerebrais para analisar e responder coerentemente a seus anseios e expectativas. Portanto, a autonomia inclui a liberdade de escolha, de ação e de autocontrole sobre a vida. É a capacidade de tomar decisões. Por exemplo: “Quero ir ao banheiro” = autonomia = capacidade de decidir executar a tarefa. 10WWW.UNINGA.BR GE RI AT RI A E GE RO NT OL OG IA P AR A TE RA PI A OC UP AC IO NA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Por sua vez, independência é a capacidade de execução daquilo que foi decidido e está diretamente relacionada à capacidade motora, como mobilidade, destreza manual, força muscular, força articular, equilíbrio, coordenação motora e comunicação. É a capacidade de realizar as atividades do dia a dia, relacionadas à manutenção de vida e higiene pessoal, capacidade motora e controle esfincteriano. Em resumo: - Autonomia = capacidade cognitiva e emocional - AIVDs. - Independência = capacidade motora e funcional - ABVDs (capacidade de execução daquilo que foi decidido). - Avaliaçâo da capacidade funcional = atribuição do terapeuta ocupacional No processo terapêutico, a Terapia Ocupacional utiliza instrumentos de avaliação funcional, das estruturas mentais, emocionais e sociais e avalia, principalmente, o desempenho das Atividades da Vida Diária, pois são os principais indicadores da autonomia do idoso. As deficiências neuromotoras e sensoriais acarretam inúmeras incapacidades e limitações ao idoso para o desempenho de ocupações e atividades do cotidiano. O Terapeuta Ocupacional almeja, em sua intervenção, maximizar as potencialidades dos indivíduos acometidos por essas condições, proporcionando-lhes maior independência na execução das AVDs, ou seja, melhorar a sua funcionalidade. AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES BÁSICAS DA VIDA DIÁRIA - ABVDs; AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES INSTRUMENTAIS DA VIDA DIÁRIA – AIVDs; ABVDS = autocuidado – necessidade de cuidador ou não; AIVDs = vida comunitária independente = capacidade de tomar decisões e morar sozinho, quando possível. Visão global do Processo de Terapia Ocupacional: • Muitas profissões usam um processo semelhante de avaliação, intervenção e análise dos resultados da intervenção. • No entanto, apenas os profissionais de Terapia Ocupacional focam no uso de ocupações para promover a saúde, o bem-estar e a participação na vida. • Profissionais de Terapia Ocupacional usam ocupações e atividades selecionadas de forma terapêutica, como métodos primários de intervenção em todo o processo. Atua na: Terapia - Autonomia + AIVDS = estimulação e reabilitação cognitiva. Ocupacional - Independência + ABVDS = treinamento funcional e tecnologia assistiva. 11WWW.UNINGA.BR GE RI AT RI A E GE RO NT OL OG IA P AR A TE RA PI A OC UP AC IO NA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.4 Atividades Instrumentais da Vida Diária - AIVDs Compreendem as atividades que dão suporte às atividades de vida diária em casa ou na comunidade e que, frequentemente, exigem interações mais complexas que as ABVDs devido à exigência da capacidade cognitiva preservada. - Gerenciamento da comunicação: enviar, receber e interpretar informações, utilizando uma variedade de sistemas e equipamentos, incluindo ferramentas para a escrita, telefones, computadores, recursos audiovisuais, pranchas de comunicação, campainhas de emergência, máquinas em comunicação em Braille, campainhas de telecomunicação para surdos, equipamentos de comunicação alternativa. - Mobilidade na comunidade: movimentar-se na comunidade e utilizar transporte público ou privado, como caminhar, dirigir, andar de bicicleta e pegar táxi, Uber ou ônibus. - Gerenciamento financeiro: uso de recursos financeiros e planejamento financeiro a curto e longo prazos. - Estabelecimento e manutenção da casa: casa, jardim, quintal, carro, manutenção e conserto de roupas e objetos da casa, conhecimento para identificar e solicitar ajuda para reparos. - Preparação de alimentos e limpeza: planejamento, preparação e habilidade de servir refeições balanceadas nutricionalmente, habilidade para higienizar os alimentos e limpar os utensílios após as refeições. - Compras: preparação de listas de compras, seleção, compra e transporte de itens, seleção de método de pagamento, uso adequado do dinheiro. 2.5 Atividades Básicas da Vida Diária – ABVDs São tarefas básicas de autocuidado: - Alimentar-se; - Ir ao banheiro; - Vestir-se; - Arrumar-se e cuidar da higiene pessoal; - Tomar banho; - Controle esfincteriano; - Mobilidade e mudanças posturais. Numa avaliação funcional, os possíveis resultados são independentes, parcialmente dependentes e dependentes. Para Santos et al. (2018), a capacidade funcional é documentada na literatura como uma habilidade de executar atividades cotidianas em um padrão considerado normal, de acordo com comportamentos socialmente constituídos. Segundo a Classificação Internacional de Capacidade e Saúde (CIF),da Organização Mundial da Saúde, a capacidade funcional é a capacidade de executarmos uma tarefa ou ação, visando a indicar o provável nível máximo de funcionalidade que a pessoa pode atingir em um dado domínio e em determinados momentos. Reflete a capacidade ajustada ao ambiente. Neri (2011) destaca que capacidade funcional diz respeito à capacidade de manter as habilidades físicas e mentais necessárias para uma vida independente, valorizando a autonomia e a autodeterminação. O autor complementa, relatando que funcionalidade seria a capacidade de realizar algo por seus próprios meios. 12WWW.UNINGA.BR GE RI AT RI A E GE RO NT OL OG IA P AR A TE RA PI A OC UP AC IO NA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Estatísticas do Ministério da Saúde mostram que quase metade dos idosos brasileiros precisa de ajuda para realizar, pelo menos, uma das atividades necessárias à vida diária, entretanto, apenas 7% são dependentes. Estudos apontam que a prevalência de incapacidade para realizar as AIVDs é maior quando comparada à prevalência para realizar ABVDs e aumenta com o passar dos anos para ambos os sexos. Funcionalidade é o produto da preservação da cognição, da mobilidade e da comunicação. 3. PROCESSO BIOPSICOSSOCIAL 3.1 Envelhecimento Fisiológico 3.1.1 Composição corporal Dentre as principais alterações no envelhecimento, está a composição corporal. Com o avanço da idade, uma das consequências é a redução do teor de água no organismo do idoso, o que pode levar à desidratação. Além disso, também há redução da massa muscular, o que pode desenvolver a sarcopenia e uma redução da massa óssea, podendo levar a um quadro de osteoporose. 3.1.2 Órgãos do sentido Alterações no paladar, podendo apresentar os sabores azedo e amargo com frequência. Isso está relacionado a um menor prazer na ingestão de alimentos, o que, muitas vezes, pode levar à desnutrição, com associação de diversos outros fatores, tais como: - diminuição do olfato; - alteração visual, como diminuição da visão relacionada à catarata e a outras doenças. Essas alterações podem causar diversos problemas ao idoso, como ocasionar quedas; 3.1.3 Sistema nervoso As alterações do envelhecimento também atingem o sistema nervoso, causando a perda neural, ou seja, uma diminuição das células do sistema nervoso, com consequentes alterações que se refletem em todo o organismo. Com uma menor funcionalidade neurológica, ocorrem também alterações no padrão postural, equilíbrio, propriocepção, alterações na sensibilidade, dentre outras. Isso é comum especialmente na presença de acometimentos como o acidente vascular encefálico. 3.1.4 Sistema musculoesquelético As massas muscular e óssea sofrem grandes perdas, podendo ocasionar diversas patologias no idoso. Isso está diretamente relacionado à diminuição da mobilidade, quedas com fraturas, maior dependência e limitação funcional. A massa muscular sofre grande diminuição, o que gera a sarcopenia, uma preocupação para a qualidade de vida do idoso. A massa óssea também se reduz, acarretando fragilidade dos ossos. Isso está relacionado a diversos fatores complexos, como a nutrição do indivíduo ao longo da vida, sedentarismo e fatores hormonais e genéticos. 13WWW.UNINGA.BR GE RI AT RI A E GE RO NT OL OG IA P AR A TE RA PI A OC UP AC IO NA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A perda muscular é acelerada, chegando a 30% por década. Essa redução ocorre tanto em número quanto no volume das fibras. A atividade física, independentemente da idade, aumenta a força e a velocidade muscular, além de prevenir contra perda óssea, quedas, hospitalizações e melhorar a função articular. 3.2 Aspectos Fisiológicos do Envelhecimento 3.2.1 Marcha, postura e equilíbrio É comum uma certa hesitação no andar, menor balanço dos braços e passos menores. Há redução na amplitude dos movimentos, tendendo a modificar a marcha, passos mais curtos e lentos, com tendência a arrastar os pés. A base de sustentação se amplia, e o centro de gravidade corporal tende a se adiantar em busca de maior equilíbrio. Para vencer as dificuldades, o idoso diminui o tamanho dos passos e anda mais devagar. O grande problema nos grandes distúrbios da marcha é a queda, com todas as complicações posteriores. 3.2.2 Sistema cardiovascular É possível observar que as alterações no envelhecimento afetam diretamente o sistema cardíaco. Tais mudanças causam efeitos, como: - o enrijecimento das artérias, resultado da diminuição das fibras elásticas e do colágeno; - deposição de gordura, caracterizando a aterosclerose; - hipertrofia da parede do ventrículo esquerdo e enrijecimento da aorta; - outras alterações e maior risco de acometimentos cardiovasculares. Qual é a projeção do percentual de pessoas com mais de 65 anos no Brasil até 2.060? Um, em quatro brasileiros, será idoso, representando 25,5%, contra os 9,2% atuais. 14WWW.UNINGA.BR GE RI AT RI A E GE RO NT OL OG IA P AR A TE RA PI A OC UP AC IO NA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.2.3 Alterações neurológicas São elas: - diminuição de água intra e extracelular; - diminuição de massa cerebral; - diminuição do número de neurônios e sinapses; - alteração da membrana lipídica e da condução nervosa; - diminuição do fluxo sanguíneo cerebral. Parte da cognição pode sofrer certa deterioração nas pessoas idosas saudáveis, como a velocidade do processamento cognitivo, menor destreza para executar movimentos finos e problemas com a memória recente. Em resposta ao dano neuronal, as células gliais aumentam. Esse acúmulo de células gliais, denominado gliose, representa uma resposta compensatória, protegendo a função neuronal e a plasticidade. Em resumo, para Papalia e Feldeman (2013), são alterações fisiológicas para pessoas acima dos 60 anos: - Diminuição de 10 a 15 % da força muscular; - Aumento do tempo de reação aos estímulos; - Os reflexos tornam-se mais lentos em cerca de 20%. Rol de atividades do Terapeuta Ocupacional em Gerontologia e Geriatria: - Realizar entrevista (anamnese) com o idoso e seus familiares para conhecimento de sua rotina, seu perfil ocupacional, suas dificuldades, sua saúde de forma integral, habilidades e interesses; - Realizar avaliações individuais a fim de propor atividades de acordo com as necessidades dos idosos; - Construir um plano individual de atendimento (PIA) com o idoso, família e/ou cuidadores e equipe multiprofissional; - Realizar atividades que estimulem as funções cognitivas, sensoriais e motoras dos idosos; - Reavaliar periodicamente o processo de tratamento, sua evolução e fazer modificações quando necessário; - Propor uma rotina que estimule a realização das ABVDs , AIVDs e uso de tecnologia assistiva, se houver indicação. - Orientar os cuidadores e/ou familiares no estímulo das atividades do idoso no domicílio e na comunidade; - Participar de reuniões com a presença da equipe multidisciplinar. 15WWW.UNINGA.BR GE RI AT RI A E GE RO NT OL OG IA P AR A TE RA PI A OC UP AC IO NA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 3 - Fragilidade do idoso. Fonte: Arengheri (2016). O filme Conduzindo Miss Daisy, de 1989, retrata o processo de envelhecimento de uma senhora de 72 anos, com as limitações impostas pela idade. Ela não consegue mais dirigir, causando acidentes. O filho dela tenta convencê-la de que seria melhor que ela tivesse um motorista, mas ela resiste à ideia. Mesmo assim, o filho contrata um afro-americano como motorista. Inicialmente, ela se recusa a ser conduzida por esse novo empregado, mas, gradualmente, ela quebra as barreiras sociais, culturais e raciais que existem entre eles, crescendo entre os dois uma amizade que atravessaria décadas. Sinapse é uma região de proximidade entre um neurônio e outra célula, por onde é transmitido o impulso nervoso. A neuroplasticidade, ou plasticidade neural, permite que os neurônios se regeneremtanto anatômica quanto funcionalmente, formando novas conexões sinápticas. A plasticidade cerebral, ou neuroplasticidade, é a habilidade de o cérebro se reestruturar. 16WWW.UNINGA.BR GE RI AT RI A E GE RO NT OL OG IA P AR A TE RA PI A OC UP AC IO NA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.3 Processo Cognitivo do Envelhecimento Consideramos que o processo de envelhecimento acarreta alterações no funcionamento cognitivo e comportamental. Contamos com diversos estudos de autores da Neuropsicologia, que descrevem os declínios em diferentes funções cognitivas e que permitem afirmar a existência de um impacto significativo da idade no funcionamento cognitivo. Cognição é uma palavra associada ao processo de aprendizado e à elaboração do conhecimento. É a partir do processo cognitivo que o ser humano consegue desenvolver suas capacidades intelectuais e emocionais, isto é, linguagem, pensamento, memória, raciocínio, capacidade de compreensão, percepção etc. De acordo com Yassuda e Abreu (2006), no processo de envelhecimento normal, algumas funções cognitivas diminuem naturalmente, ocorrendo declínio significativo em funções como atenção, memória e funções executivas. Santos et al. (2018) apontam que os envelhecimentos normal e patológico são processos gradativos. Os impactos sobre a memória não acontecem de maneira uniforme e devastadora. Alguns aspectos da memória são mais afetados do que outros no processo de envelhecimento. Apesar do declínio em algumas funções de memória, a maioria das pessoas na terceira idade mantém habilidades cognitivas suficientes para permanecer independentes até idades avançadas. Almeida (1998) relata que há evidências de que o desempenho intelectual do idoso apresenta discreta deterioração em tarefas que exigem maior flexibilidade no processo das informações. Estudos recentes ressaltam que existe grande variabilidade do envelhecimento sobre a cognição. Há fatores que modulam os efeitos do envelhecimento sobre a memória, tais como composição genética, nível educacional, nível socioeconômico, estilo de vida, atividades físicas frequentes, boa acuidade visual e auditiva e relações sociais. Neri (2011) elucidou, em um estudo longitudinal feito com pessoas acima de 60 anos, que nenhum dos participantes do estudo mostrou declínio generalizado em todas as funções cognitivas examinadas. Constatou-se que o declínio desencadeado pelo envelhecimento incidiu, especialmente, nas tarefas que exigem rapidez, atenção, concentração e raciocínio indutivo. Nas últimas décadas, os psicólogos cognitivos têm documentado declínios em diferentes funções cognitivas, possibilitando confirmar que existe um impacto significativo da idade no funcionamento cognitivo. Mas é importante ressaltar que a funcionalidade cognitiva de idosos está relacionada com a saúde e qualidade de vida, sendo considerada um indício importante de envelhecimento ativo e de longevidade. Ambos procuram uma visão mais positiva do processo de envelhecimento. Nessa perspectiva, podemos afirmar que o declínio cognitivo não é, de modo algum, universal e inevitável. Muitos idosos, incluindo alguns centenários, mantêm funções cognitivas excelentes e apresentam desempenho tão bom, ou até melhor, que adultos mais jovens até 80 ou 90 anos. O comprometimento da memória associado à idade se refere a sintomas leves de declínio cognitivo, que ocorrem como parte do processo de envelhecimento. Ele pode ser aplicado a quase 90% da população de idosos. Nesse sentido, o comprometimento cognitivo associado à idade é considerado como “envelhecimento normal” (KATZ, 2017, p. 118). Para Doron e Parot (2001, p.144), a “[...] cognição designa o conjunto dos atos e processos de conhecimento, o conjunto dos mecanismos pelos quais um organismo adquire informação, trata-a, conserva, explora-a”. Nela, as grandes funções psicológicas tradicionalmente reconhecidas e que asseguram ao organismo os ganhos de informação necessários para a vivência em seu meio são: a percepção, a aprendizagem, a memória, a inteligência, a função simbólica e a linguagem. 17WWW.UNINGA.BR GE RI AT RI A E GE RO NT OL OG IA P AR A TE RA PI A OC UP AC IO NA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Segundo Nunes (2009), quando falamos em funcionamento cognitivo, falamos em cognição. De acordo com o autor, este não é um processo único, mas um conjunto de desempenhos e comportamentos em tarefas de laboratório ou em tarefas do dia a dia. 3.3.1 Fatores que influenciam o envelhecimento cognitivo - genéticos: cerca de 50% da variabilidade cognitiva no envelhecimento podem ser devidos a fatores genéticos; - idade: quanto mais avançada, maior o risco de aquisição de déficits cognitivos; - saúde: os idosos que manifestam melhor saúde obtêm testes cognitivos com melhores resultados do que os que apresentam problemas médicos; - instrução e escolaridade: isso explica até 30% da variabilidade cognitiva na velhice; - atividade física e mental: correlaciona-se de forma positiva à prática de atividades mentais estimulantes e físicas, com melhor desempenho cognitivo e menor declínio longitudinal; - personalidade e humor: a depressão está correlacionada à insuficiência autopercebida da memória e a déficits de desempenho; - contexto sociocultural; - treino cognitivo: idosos se beneficiam da prática e do treino de capacidades cognitivas específicas; - diferença entre sexos: embora as tendências cognitivas no envelhecimento sejam semelhantes entre os sexos, as mulheres podem revelar déficits em tarefas espaciais mais prematuramente que os homens, enquanto estes últimos podem mostrar déficits em tarefas verbais em idade inferior à das mulheres. 3.4 Processo Social do Envelhecimento O papel social dos idosos é um fator importante no significado do envelhecimento, pois ele depende tanto da forma de vida que as pessoas tenham levado como das condições atuais em que se encontram. Nesse aspecto, destacamos a aposentadoria, momento em que, geralmente, o indivíduo se afasta da vida produtiva. Na vida do homem, a aposentadoria muitas vezes acontece como uma descontinuidade. Há ruptura com o passado, o homem deve ajustar-se a uma nova condição que lhe traz certas vantagens, como o descanso e o lazer, mas também graves desvantagens, como a desvalorização e a desqualificação. Recomendamos a leitura de: KATZ, N. Neurociência, reabilitação cognitiva e modelos de intervenção em Terapia Ocupacional. 3. ed. São Paulo: Santos, 2017. 18WWW.UNINGA.BR GE RI AT RI A E GE RO NT OL OG IA P AR A TE RA PI A OC UP AC IO NA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Podemos analisar que, em certos momentos, a aposentadoria é sinônimo de perda de papel social, levando-se em consideração que o indivíduo reduz suas relações interpessoais, ocasionando um processo de isolamento, diminuição da autoestima, sedentarismo e diminuição do poder aquisitivo, favorecendo o processo de envelhecimento patológico. 3.4.1 Cidadania e inclusão social dos idosos O cidadão é o sujeito no gozo dos direitos civis e políticos de um estado. Cidadania é o conjunto de direitos e deveres exercidos por um indivíduo que vive em uma sociedade, no que se refere ao poder e grau de intervenção no usufruto de seus espaços e na sua posição, em poder de nele intervir e transformá-lo. 3.4.2 Meios de inclusão social para a pessoa idosa A inclusão do idoso depende principalmente da família, que exerce a função de supervisionar e cuidar, seja em situação de saúde ou de doença, tomando decisões relativas ao seu cotidiano. Alguns estudos identificaram que idosos residentes com a família são mais participantes e ocupados em diversas tarefas, procurando menos os serviços de saúde se comparados aos que têm o tempo ocioso. O apoio da família ajuda a manter a integridade física e psicológica, havendo, consequentemente, uma melhoria na qualidade de vida do idoso. Podemos destacar,como principal meio de inclusão na atualidade, os grupos de convivência, que são espaços de inclusão social do idoso, promovendo sua participação por meio de diversas atividades desenvolvidas, refletindo sobre o processo de envelhecimento, a qualidade de vida e a valorização da própria vida. Possíveis atividades culturais são: A participação grupal permite elaborar e compartilhar o processo de envelhecimento e as representações sociais impostas externa e internamente, contribuindo à construção de novos conceitos do envelhecimento e a uma nova visão da velhice, compartilhada em algum projeto social. 3.5 Aposentadoria: Mudanças de Papéis Ocupacionais Alguns adultos acima dos 80 anos apresentam níveis de capacidade física e mental comparáveis aos níveis de muitos jovens de 20 anos, mostrando o lado positivo do processo de envelhecimento. 19WWW.UNINGA.BR GE RI AT RI A E GE RO NT OL OG IA P AR A TE RA PI A OC UP AC IO NA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.5.1 Intervenção da terapia ocupacional no processo de aposentadoria - Preparar a pessoa para a transição de um período marcado pelo trabalho para a aposentadoria; - Planejar as mudanças em sua rotina de vida; - Reorganizar as atividades e papéis ocupacionais; - Identificar sonhos e habilidades para a construção de um novo projeto de vida; - Avaliar o perfil ocupacional do aposentado e buscar compreender as suas especificidades. SANTOS, D. K. F. B. Planejamento da aposentadoria: A Terapia Ocupacional auxiliando na construção de projeto de vida. Brasília: UnB, 2016. O link para acesso é: https://bdm.unb.br/handle/10483/18135. 20WWW.UNINGA.BR GE RI AT RI A E GE RO NT OL OG IA P AR A TE RA PI A OC UP AC IO NA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base nos ensinamentos mais detalhados, pode-se perceber que o estudo do processo de envelhecimento vem desde a Antiguidade. As ideias de velhice são tão antigas quanto a origem da humanidade, mas, foi a partir do século XX, que aconteceram grandes avanços da ciência do envelhecimento. É de suma importância entendermos os aspectos biopsicossociais do envelhecimento, baseados nos conhecimentos técnico-científicos. O constante crescimento da população idosa tem conduzido a um aprimoramento de conceitos, teorias e práticas profissionais, favorecendo a intervenção do Terapeuta Ocupacional como membro fundamental da equipe interdisciplinar nas diferentes fases do envelhecimento, atuando nos programas de prevenção de doenças e manutenção da saúde e reabilitação, incentivando seu convívio social e familiar, sendo um profissional especializado no treinamento da autonomia e independência nas atividades básicas e instrumentais da vida diária. 2121WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 02 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................. 23 1. TRAJETÓRIAS DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA OS IDOSOS NO BRASIL E SEUS PRINCIPAIS DIREITOS . 24 2. ENVELHECIMENTO ATIVO E QUALIDADE DE VIDA ............................................................................................ 26 2.1 OBJETIVOS DO PROGRAMA ENVELHECIMENTO ATIVO................................................................................... 27 3. A INSERÇÃO DOS TERAPEUTAS OCUPACIONAIS NOS DIFERENTES CONTEXTOS DE ATENÇÃO À PESSOA IDOSA .......................................................................................................................................................................... 29 3.1 A ATUAÇÃO DOS TERAPEUTAS OCUPACIONAIS JUNTO À POPULAÇÃO IDOSA NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE ......................................................................................................................................................................... 29 3.2 TERAPIA OCUPACIONAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE (APS) .............................................................. 29 3.3 TERAPIA OCUPACIONAL NA ATENÇÃO SECUNDÁRIA À SAÚDE ................................................................... 30 POLÍTICAS PÚBLICAS, PROGRAMAS OFICIAIS DE ATENDIMENTO AO IDOSO E A INSERÇÃO DO TERAPEUTA OCUPACIONAL NESSES CONTEXTOS PROF. CARLOS ESCUDEIRO ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: GERIATRIA E GERONTOLOGIA PARA TERAPIA OCUPACIONAL 2222WWW.UNINGA.BR EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.4 TERAPIA OCUPACIONAL NA ATENÇÃO TERCIÁRIA À SAÚDE......................................................................... 31 4. ATUAÇÃO DO TERAPEUTA OCUPACIONAL JUNTO À PESSOA IDOSA NOS SERVIÇOS DE PROTEÇÃO SOCIAL .......................................................................................................................................................................................32 4.1 DESCRIÇÃO DAS ATRIBUIÇÕES DO TERAPEUTA OCUPACIONAL COM OS IDOSOS ..................................... 33 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................................................... 34 23WWW.UNINGA.BR GE RI AT RI A E GE RO NT OL OG IA P AR A TE RA PI A OC UP AC IO NA L | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO O crescimento do quantitativo de idosos resulta em múltiplos problemas que refletem social, política e economicamente na vida dos idosos e da família, além de no âmbito da vida pública. Essa conjuntura demanda políticas públicas e programas sociais que abordam a questão social. Nesta unidade, iremos realizar uma análise da trajetória das Políticas Públicas do Idoso no Brasil. A construção desse estudo foi realizada com base nas leis, eventos nacionais e internacionais e artigos concernentes ao tema. No âmbito internacional, são significativas as contribuições das Assembleias Mundiais sobre envelhecimento para a incorporação do conceito de envelhecimento ativo nas políticas públicas no Brasil. Apesar dos avanços sobre o envelhecimento e saúde, ainda temos baixa prioridade das políticas públicas de saúde para a questão do envelhecimento, baixa formação de profissionais na área de saúde dos idosos e pouca prioridade para o suporte aos cuidadores. Mesmo nos países de alta renda, os sistemas de saúde se organizam de forma fragmentada, voltados para as enfermidades agudas, com reduzido foco na capacidade funcional e participação social dos idosos. Então, partiremos da premissa de que as pressões dos debates internacionais influenciaram a formulação de um campo de discussões no Brasil sobre o envelhecimento e podem ter surgido subsídios para a formulação de políticas públicas nacionais para amparo dos idosos e para assegurar os direitos sociais conquistados na Constituição Federal. 24WWW.UNINGA.BR GE RI AT RI A E GE RO NT OL OG IA P AR A TE RA PI A OC UP AC IO NA L | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. TRAJETÓRIAS DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA OS IDOSOS NO BRASIL E SEUS PRINCIPAIS DIREITOS A preocupação da atenção pública com o idoso é notória, sobretudo com a promulgação da Política Nacional do Idoso (PNI) em 1994 e sua regulamentação em 1996, o que assegurou os direitos sociais à pessoa idosa, bem como seu direito à saúde. Em 2003, foi sancionado o Estatuto do Idoso. O referido Estatuto avança em relação à PNI no que concerne aos direitos fundamentais e às necessidades de proteção da população idosa. A Política Nacional da Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI), anunciada em 1999, é um importante dispositivo para o reconhecimento dos direitos já preconizados na PNI. A inclusão dos temas pertinentes ao envelhecimento populacional nas políticas brasileiras ocorreu pela força e influência da sociedade civil, destacando-se a criação da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia em 1961. O direito universal e integral à saúde foi conquistado pela sociedade na Constituição de 1988 e reafirmado com a criação do SistemaÚnico de Saúde (SUS). O Estatuto do Idoso, aprovado em 2003 e destinado a regulamentar os direitos dos idosos, incorpora num único dispositivo leis e políticas anteriormente aprovadas, além de novas questões, como a internação domiciliar e a proteção do idoso em situação de risco social. O dispositivo amplia a resposta do Estado e da sociedade às necessidades da população idosa. Em 2006, por influência das decisões tomadas na V Conferência Internacional sobre a Promoção da Saúde, no México, os gestores do SUS assumem o compromisso do Pacto pela Saúde, que tem como componente o Pacto pela Vida, o qual inclui como prioridade a saúde do idoso na busca da atenção integral e integrada, promoção do envelhecimento ativo e saudável e implantação da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI). A PNSPI apresenta como questão central recuperar, manter e promover a autonomia e a independência dos indivíduos idosos, direcionando medidas coletivas e individuais de saúde para esse fim, em consonância com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde. O foco dessa política é todo cidadão brasileiro com 60 anos ou mais. Os principais avanços da PNSPI consistem na incorporação do conceito de envelhecimento ativo, preconizado pela Organização Mundial da Saúde (2002), na desmistificação da velhice e na valorização da participação dos idosos na vida social e intergeracional. Na PNSPI, a saúde do idoso resulta da interação entre saúde física, mental, suporte social, independência financeira e capacidade funcional. Segundo Marinho (2008), o papel da Saúde, como conceito ampliado, refere-se a ter energia para pegar um ônibus, ir a uma biblioteca, a um show ou à praia e participar da vida em sociedade de modo geral, destacando que tal papel não se restringe à prevenção de agravos de doenças crônicas não degenerativas. Da mesma forma, Bernardo e Raymundo (2018), em busca de compreensão dos significados atribuídos à saúde pelos próprios idosos, constatam que a autonomia na execução das atividades funcionais, a capacidade de responder às obrigações no núcleo familiar e a capacidade de desempenhar papéis sociais (estar engajado em atividades significativas) são palavras-chave para definir saúde como boa ou razoável, não se limitando o conceito à ausência de doenças. Ainda segundo os autores, a perda da capacidade funcional é o principal problema que pode afetar a população idosa e comprometer o alcance do envelhecimento ativo. A PNSPI indica as responsabilidades dos serviços nas ações promotoras da saúde, na manutenção da capacidade funcional e na assistência integral ao idoso. 25WWW.UNINGA.BR GE RI AT RI A E GE RO NT OL OG IA P AR A TE RA PI A OC UP AC IO NA L | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 1 - Particularidades no cuidado à pessoa idosa. Fonte: COSAPI/DAET/SAS/MS (2014). A Figura 1 mostra as particularidades no cuidado à pessoa idosa, destacando os fatores relacionados aos cuidados e funcionalidade do idoso, bem como apontando as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) como causa da morbidade e incapacidades, impactando no aumento da demanda de serviços especializados. Para Willig (2012), a trajetória das Políticas Públicas para os idosos no Brasil mostra que a sua criação ocorreu de forma tardia e morosa. Mas constate-se que tais políticas são fruto de ações desenvolvidas pela sociedade civil, que procuram chamar a atenção do governo para os problemas enfrentados pelos idosos e para a necessidade da criação de políticas específicas para esse segmento populacional. As conferências e assembleias internacionais foram determinantes para a promulgação das políticas e para a incorporação do conceito de envelhecimento ativo. A trajetória aponta também a necessidade da capacitação e formação específica em Geriatria e Gerontologia por parte de profissionais que atuam no atendimento ao idoso, o que é deficitário no Brasil, especialmente quanto aos que cuidam dessa população. Só se faz necessário para atender o preconizado pelo Estatuto do Idoso, a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa e proporcionar efetivamente atenção e promoção da saúde. 26WWW.UNINGA.BR GE RI AT RI A E GE RO NT OL OG IA P AR A TE RA PI A OC UP AC IO NA L | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA O futuro da população idosa dependerá da implementação adequada das políticas e programas existentes, que favoreçam o acesso a bens e serviços, além de sua integração e participação na comunidade de maneira a alcançar um envelhecimento digno e ativo. Figura 2 - Trajetória dos projetos de promoção dos direitos da pessoa idosa. Fonte: Ministério da Saúde (2005). 2. ENVELHECIMENTO ATIVO E QUALIDADE DE VIDA Envelhecimento ativo (doravante, EA) é o processo de otimização das oportunidades para a saúde, a participação e a segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas envelhecem. Envelhecimento ativo aplica-se tanto às pessoas como a grupos populacionais. Esse processo permite que as pessoas percebam o seu potencial para o bem-estar físico, social e mental ao longo do curso da vida, além de permitir que essas pessoas participem da sociedade de acordo com suas necessidades, desejos e capacidade, protegendo-as e providenciando segurança e cuidados quando necessário. Portanto, são necessários programas e ações que promovam o EA em diferentes regiões do País, em populações com diferentes características sociais, culturais, econômicas, ambientais e comportamentais. A funcionalidade é definida como a habilidade para realizar atividades que possibilitam à pessoa cuidar de si mesma e viver de forma independente. Sua mensuração tem sido foco no exame dos idosos e um indicador de saúde mais amplo que a morbidade, pois se correlaciona com a qualidade de vida. Também pode ser definida como a capacidade para decidir e atuar em suas vidas de forma independente no seu cotidiano. 27WWW.UNINGA.BR GE RI AT RI A E GE RO NT OL OG IA P AR A TE RA PI A OC UP AC IO NA L | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Para a OMS, o envelhecimento bem-sucedido pode ser entendido a partir de seus três componentes: a. menor probabilidade de doença; b. alta capacidade funcional física e mental; c. engajamento social ativo com a vida, considerando o cidadão idoso não mais passivo, mas como agente das ações a ele direcionadas, numa abordagem baseada em direitos que valorizem os aspectos da vida em comunidade, identificando o potencial para o bem- estar físico, social e mental ao longo da vida. O envelhecimento saudável é individual e resultado da interação multidimensional entre saúde física e mental, independência na vida diária, integração social, suporte familiar e independência econômica, os quais atuam sobre a qualidade de vida. Saúde na velhice seria, então, o resultado do equilíbrio entre as dimensões da capacidade funcional de idosos, sem necessariamente significar a ausência de problemas em todas as dimensões (BERNARDO; RAYMUNDO, 2018). A proposta do EA é baseada no reconhecimento dos direitos humanos das pessoas mais velhas e nos princípios de independência, participação social, dignidade, assistência e autorrealização. 2.1 Objetivos do Programa Envelhecimento Ativo As pessoas que se aposentam e aquelas que apresentam alguma doença ou vivem com alguma necessidade especial podem continuar a contribuir ativamente para seus familiares, companheiros, comunidades e nações. O objetivo do envelhecimento ativo é aumentar a expectativa de uma vida saudável e a qualidade de vida para todas as pessoas que estão envelhecendo, inclusive as que são frágeis, incapacitadas fisicamente e requerem cuidados. A proposta do programa é ser referência no processo de otimização de oportunidades para a inclusão digital e social, assegurando a participação da pessoa idosa. Nessa perspectiva, sugerimos os seguintes campos de ação, que podem ser ampliados de acordo com as necessidadese peculiaridades de cada município: - Tecnologia: promover a inclusão tecnológica e contribuição a todas as áreas da vida, como acesso de forma segura às redes sociais, aos caixas eletrônicos da rede bancária, totens de aeroportos, sistema eletrônico de catraca no transporte público, dentre outros. - Educação: dirigida com foco na pessoa idosa para qualificar sua convivência familiar e comunitária, como alfabetização, favorecendo os aspectos biológicos, psíquicos, cognitivos, físicos e sociais, além de educação financeira, proporcionando à pessoa idosa a capacidade para gerir seus recursos financeiros com responsabilidade. - Saúde: disseminar informações e conhecimentos mediante palestras, debates e campanhas relacionadas à prevenção de doenças crônicas. - Mobilidade física: disponibilizar à pessoa idosa a prática de atividades físicas no cotidiano e lazer, atividades culturais e recreativas, com o objetivo de propiciar um envelhecer com bem-estar físico e psicossocial. 28WWW.UNINGA.BR GE RI AT RI A E GE RO NT OL OG IA P AR A TE RA PI A OC UP AC IO NA L | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 3 - Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003). Fonte: Pinterest (2021). O documento da OMS, ao problematizar o envelhecimento ativo, toma por base o conceito de atividade, o qual está atrelado a quatro pilares, quais sejam: saúde (bem-estar psicossocial), participação (social, cidadania, cultural e espiritual), segurança/proteção e aprendizagem ao longo da vida (aprendizagem formal ou através de experiências). 29WWW.UNINGA.BR GE RI AT RI A E GE RO NT OL OG IA P AR A TE RA PI A OC UP AC IO NA L | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3. A INSERÇÃO DOS TERAPEUTAS OCUPACIONAIS NOS DIFERENTES CONTEXTOS DE ATENÇÃO À PESSOA IDOSA Neste tópico, será abordada a atuação do Terapeuta Ocupacional nos diferentes contextos de atenção ao idoso. Para efeito didático, organizaram-se as informações em dois eixos: atuação do Terapeuta Ocupacional em serviços de saúde e nos serviços de proteção social. 3.1 A Atuação dos Terapeutas Ocupacionais junto à População Idosa na Rede de Atenção à Saúde A rede de atenção à saúde é constituída por um conjunto de ações e serviços que, articulados em níveis de complexidade crescentes, têm por finalidade garantir a integralidade da atenção, desenhando uma rede de cuidado entendida como o conjunto de saberes, tecnologias e recursos necessários ao enfrentamento de determinados riscos, agravos ou condições específicas do ciclo de vida, a serem ofertados de forma oportuna, articulada e contínua (SANTOS, 2018). A “porta de entrada” do sistema público de saúde é chamada de atenção básica ou atenção primária e tem por objetivo orientar sobre a prevenção de doenças, solucionar os possíveis casos de agravo às condições de saúde e direcionar os casos mais graves para níveis de atendimento superiores em complexidade. Na rede de saúde, a atenção secundária é formada pelos serviços especializados em nível ambulatorial e hospitalar, com densidade tecnológica intermediária entre a atenção primária e a terciária, historicamente interpretada como procedimentos de média complexidade. No nível terciário de atenção da saúde, estão os hospitais de grande porte, de alta complexidade. Nesse nível de atenção, são realizadas manobras mais invasivas caso haja necessidade, intervindo quando a vida do paciente está em risco. O objetivo desse nível de atenção à saúde é garantir que o procedimento para a manutenção dos sinais vitais possa ser realizado, dando suporte para a preservação da vida sempre que preciso. Os terapeutas ocupacionais atuam profissionalmente em todos os níveis de atenção à saúde, e sua prática é influenciada pelas características do serviço no qual está inserida e também pelas características da população alvo dos cuidados (BERNARDO; RAYMUNDO, 2018, p. 128). 3.2 Terapia Ocupacional na Atenção Primária à Saúde (APS) A Atenção Básica compreende um conjunto de ações individuais e coletivas para proteção e promoção dos usuários. A terapia ocupacional, nesse contexto, atua no favorecimento da participação social de pessoas e famílias na comunidade, com foco em projetos de vida e nas ocupações que lhes sejam significativas. As formas mais utilizadas de atuação do Terapeuta Ocupacional são os grupos e oficinas terapêuticas, as visitas domiciliares e o apoio matricial. No Brasil, em 1994, o Ministério da Saúde adotou a Saúde da Família como uma estratégia prioritária para a organização da Atenção Básica ou primária e estruturação do sistema de saúde. A Saúde da Família trabalha com práticas interdisciplinares, desenvolvidas por equipes que se responsabilizam pela saúde da população a ela adscrita e na perspectiva de uma atenção humanizada, considerando a realidade local e valorizando as diferentes necessidades dos grupos populacionais. No trabalho das equipes da atenção básica, as ações coletivas na comunidade, as atividades de grupo e a participação das redes sociais dos usuários são alguns dos recursos indispensáveis. 30WWW.UNINGA.BR GE RI AT RI A E GE RO NT OL OG IA P AR A TE RA PI A OC UP AC IO NA L | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A atividade do Terapeuta Ocupacional na APS acontece após o idoso ser acolhido pelas equipes de saúde. A inserção no programa de intervenções da área somente acontece a partir da eleição da demanda e das prioridades, que são decididas pelas equipes em conjunto com os Terapeutas Ocupacionais e, oportunamente, incluídas no processo de planejamento do trabalho na Unidade Básica de Saúde/Estratégias da Saúde da Família. Após o acolhimento, o estabelecimento das prioridades e a definição em equipe de que o idoso será acompanhado pela Terapia Ocupacional, o Terapeuta Ocupacional poderá realizar uma avaliação funcional e verificar, de forma sistematizada, em que nível as doenças ou agravos interferem no desempenho, de forma sistematizada e independente, nas atividades cotidianas ou atividades de vida diária (AVD), permitindo o desenvolvimento de um planejamento assistencial mais adequado (BERNARDO; RAYMUNDO, 2018). Algumas ações específicas de Terapia Ocupacional na APS são desenvolvidas mediante cada caso. Algumas dessas ações são: a promoção da independência nas Atividades de Vida Diária e Instrumentais da vida diária; fomento de participação em grupos de atividades lúdicas, intervenções ergonômicas, técnicas de relaxamento, oficinas, atividades de educação em saúde, visitação domiciliar para verificação e orientação quanto à necessidade de adaptações domiciliares. A organização de grupos de atividades corporais destinados a idosos, diabéticos e hipertensos é iniciativa comum ao Terapeuta Ocupacional na APS, bem como: orientações aos demais profissionais no atendimento de usuários com alterações neuromotoras, como adequação postural, atividades educativas, temas ligados à autonomia e independência das pessoas idosas. 3.3 Terapia Ocupacional na Atenção Secundária à Saúde Na rede de saúde, a atenção secundária é formada pelos serviços especializados em nível ambulatorial e hospitalar, com densidade tecnológica intermediária entre a atenção primária e a terciária, historicamente interpretada como procedimentos de média complexidade. É composta por Unidades de Pronto-Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), policlínicas, Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) etc. Frente ao idoso hospitalizado, o Terapeuta Ocupacional deve investigar o que ele fazia antes de apresentar a enfermidade que levou à internação, seu estado atual e o impedimento entre essas duas condições. Deve também avaliar seus estados biológico, psicológico e social (BERNARDO; RAYMUNDO, 2018). A atuação do Terapeuta Ocupacional na atenção hospitalar pode-se dar a partir dos seguintes aspectos: manutenção da capacidade funcional; utilização de instrumentos para avaliação da capacidade funcional, das estruturas mentais, emocionais e sociais; avaliaçãoprincipalmente do desempenho das Atividades da Vida Diária (AVDs), pois são os principais indicadores da independência do idosos; em seguida, o profissional prescreve recursos terapêuticos e realiza treino apropriado para melhorar as AVDS. Pode também utilizar instrumentos de tecnologia assistiva, realizar adaptações ambientais e medidas de segurança e prevenir contra sequelas advindas da imobilidade. Isso envolve orientação quanto às mudanças de decúbito, cuidado com a pele e evitar a permanência integral no leito. Deve haver humanização do ambiente hospitalar (o que envolve ambiência, tornando o espaço hospitalar mais acolhedor e menos impessoal; deve-se incentivar a presença de objetos pessoais do idoso, fotos da família e objetos feitos pelo próprio paciente ao longo dos atendimentos); orientação sobre a doença e encaminhamento pós- alta, pois é importante que o idoso, familiares e/ou cuidadores recebam todas as informações sobre suas necessidades durante e após a alta hospitalar, sobre as mudanças e o que sua nova condição irá modificar em seu cotidiano; se for o caso, prestar esclarecimentos sobre os serviços que irão atendê-lo após a alta, como centro de reabilitação, ambulatórios etc. (BERNARDO; RAYMUNDO, 2018). 31WWW.UNINGA.BR GE RI AT RI A E GE RO NT OL OG IA P AR A TE RA PI A OC UP AC IO NA L | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.4 Terapia Ocupacional na Atenção Terciária à Saúde Atenção à saúde terciária fornece atendimento de alta complexidade, sendo formada por hospitais de grande porte. Também envolve procedimentos que demandam tecnologia de ponta e custos maiores, como os oncológicos, transplantes e partos de alto risco etc. Na atenção terciária, é a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), na atualidade, um dos cenários de maior complexidade no atendimento do idoso em estado de saúde grave. Em 2010, a Agência Nacional de Vigilância aprovou a Resolução nº 7, que dispõe sobre a obrigatoriedade do Terapeuta Ocupacional como profissional integrante das equipes que compõem as UTIs. Bombarda et al. (2016) sintetizam as práticas do Terapeuta Ocupacional em UTI em cinco categorias. São elas: acolhimento, que envolve a escuta ativa (a escuta ativa efetivada frente à instabilidade emocional de pacientes e também de familiares); enfrentamento, que envolve as orientações (esclarecimentos sobre o quadro clínico e prognóstico funcional, minimização de dúvidas) e atividades de interesse; comunicação, que envolve o uso de pranchas de comunicação alternativa, adaptação de escrita e treinamento de sinais corporais; funcionalidade, que envolve as atividades expressivas, artesanais e jogos adaptados, mobilizações, posicionamentos; família, que envolve o acolhimento, mediação de conflitos, atividades expressivas, estratégias para organização de rotina e suporte ao luto. De acordo com o portal do envelhecimento, a tecnologia assistiva consiste na confecção de adaptações e produtos que visam a auxiliar a realização de atividades de vida diária por pessoas idosas com disfunções físicas e sensoriais, compensando suas limitações funcionais e promovendo sua independência. Leia o artigo “Oficina de tecnologia assistiva: boa prática para saúde da pessoa idosa” (2015), disponível em https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/envelhecimento-e- longevidade/. https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/envelhecimento-e-longevidade https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/envelhecimento-e-longevidade 32WWW.UNINGA.BR GE RI AT RI A E GE RO NT OL OG IA P AR A TE RA PI A OC UP AC IO NA L | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 4. ATUAÇÃO DO TERAPEUTA OCUPACIONAL JUNTO À PESSOA IDOSA NOS SERVIÇOS DE PROTEÇÃO SOCIAL Os serviços de Proteção Social Especial fazem parte do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e têm como objetivo promover atenções socioassistenciais às famílias e indivíduos que se encontram em situação de risco pessoal e social, por ocorrência de abandono, maus-tratos físicos e/ou psíquicos, abuso sexual e uso de substâncias psicoativas. O Terapeuta Ocupacional na área social trabalha com base na interpretação da demanda, que é simultaneamente individual e coletiva. É importante sua problematização, o estudo do contexto e a elaboração de projeto que envolve negociação constante com os envolvidos. Segundo Bernardo e Raymundo (2018), o terapeuta ocupacional deve estar em sintonia com o que é previsto no documento Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais (2009), que reforça o atendimento prestado em serviço de acolhimento, que deve ser personalizado e em pequenos grupos, favorecer o convívio familiar e comunitário, bem como a utilização dos equipamentos e serviços disponíveis na comunidade local. Segundo a Resolução nº 383, do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO), o terapeuta ocupacional no campo social deve funcionar como articulador do desempenho ocupacional por meio do manejo das atividades humanas que sejam significativas e dialógicas, como tecnologia de mediação sócio-ocupacional, a fim de estimular a participação social da pessoa idosa, família, grupo e comunidade em atividades culturais, expressivas, econômicas, corporais, lúdicas e de convivência, dentre outras. Os Centros de Convivência para idosos podem ser entendidos como espaços idealizados para prevenir o isolamento social, com atividades que estimulam o bem-estar físico e emocional dessa população, valorizando a convivência familiar e comunitária, bem como a utilização dos equipamentos e serviços disponíveis na comunidade local. É importante salientar que a contribuição da terapia ocupacional apresenta-se especialmente nas ações que têm como eixo articulador o acompanhamento de pessoas e grupos com os quais trabalha, sobretudo no que diz respeito às atividades da vida cotidiana, expressão cultural e econômica. As atividades são elementos organizadores e, como tecnologias de mediação sócio-ocupacional, são voltadas ao desenvolvimento de processos de constituição ou reconstituição de identidades pessoais (hábitos, modos de realização da vida cotidiana, conhecimentos e da vida ocupacional, comunicacional e expressiva de pessoas e coletivos). As ações da Terapia Ocupacional ativam elementos que permitem operar com a memória social e o imaginário coletivo enquanto componentes do processo de produção de conhecimento e na formulação de projetos pessoais e coletivos. Desse modo, o universo sociocultural e histórico orienta a construção compartilhada de soluções. 33WWW.UNINGA.BR GE RI AT RI A E GE RO NT OL OG IA P AR A TE RA PI A OC UP AC IO NA L | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 4.1 Descrição das Atribuições do Terapeuta Ocupacional com os Idosos - Promove atividades culturais, expressivas, esportivas, corporais, lúdicas e de convivência, visando à valorização de saberes e habilidades e à criação de oportunidades para convivência, desenvolvimento de novos saberes e de trocas de conhecimentos e experiências, além de ampliar e fortalecer redes de apoio; - Promove atividades e experiências que criam oportunidades para que o idoso exercite seu direito de escolha e decisão; - Desenvolve atividades que visam a evitar ou reduzir o confinamento do idoso em domicílio; - Desenvolve atividades que visam à manutenção da autonomia e do envelhecimento ativo, com vistas a postergar e/ou evitar a estadia em serviços de acolhida; - Avalia e encaminha necessidades e demandas específicas, decorrentes do processo de envelhecimento, em conjunto com os idosos e/ou seus familiares sempre que possível; - Promove a convivência familiar com o idoso por meio do desenvolvimento de atividades que criam oportunidades para respeito e valorização de sua experiência de vida; - Constrói com os idosos e/ou familiares atividades de participação e protagonismo comunitário, valorizando sua presença na comunidade; - Promove a convivência entre as diferentes faixasetárias, de forma a prevenir e combater preconceitos entre as diversas gerações e a envolver o idoso na comunidade; - Desenvolve atividades e experiências que oferecem oportunidades para resgate, reconstrução e valorização da memória do idoso enquanto pessoa e, também, representante de uma geração, valorizando encontros intergeracionais; - Auxilia na organização da vida cotidiana, da vida prática e ocupacional de idosos, conhecendo necessidades e demandas individuais e familiares, contribuindo para o reconhecimento de barreiras (atitudinais e físicas) nos ambientes e territórios de que participam, como também buscando recursos para o desenvolvimento de potencialidades e de acesso a direitos, com a valorização dos conhecimentos e recursos já existentes. Assista a Envelhecimento Ativo, do Instituto de Biociências da USP, no link https://www.youtube.com/watch?v=PaA22baLa2w. O vídeo mostra a implantação de um Programa de Envelhecimento Ativo bem-sucedido, realizado pelo Hospital Universitário (HU) da USP, onde são explanadas as ações de prevenção, proteção e minimização dos fatores de risco do envelhecimento, como doenças degenerativas e incapacidades. Tem como objetivo melhorar a expectativa de vida, planejando e executando atividades e cuidados para manter a funcionalidade e independência. https://www.youtube.com/watch?v=PaA22baLa2w 34WWW.UNINGA.BR GE RI AT RI A E GE RO NT OL OG IA P AR A TE RA PI A OC UP AC IO NA L | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade, enfatizamos a trajetória das políticas públicas para os idosos, seu histórico e marcos importantes nesse processo. Através do conteúdo exposto, pôde-se visualizar a legislação e resoluções governamentais, visando a atender os idosos nos aspectos preventivos e reabilitativos, salientando as diversas dimensões de assistência, incluindo as áreas de saúde e social. Esta unidade também teve por objetivo abordar, em linhas gerais, as distintas possibilidades de inserção do Terapeuta Ocupacional em Gerontologia. Buscou-se enfatizar algumas áreas de atuação da profissão junto à população idosa. 3535WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 03 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................. 37 1. DOENÇA DE ALZHEIMER ....................................................................................................................................... 38 1.1 SINTOMAS .............................................................................................................................................................. 38 1.2 COMO IDENTIFICAR A DOENÇA DE ALZHEIMER? ............................................................................................ 39 1.3 QUAL MÉDICO PROCURAR? ............................................................................................................................... 39 1.4 DESCOBRINDO O PROBLEMA ............................................................................................................................. 39 1.5 COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO DA DEMÊNCIA?............................................................................................. 39 2. DEMÊNCIA VASCULAR .......................................................................................................................................... 41 2.1 AVALIAÇÃO CLÍNICA E DIAGNÓSTICA DA DEMÊNCIA VASCULAR .................................................................. 41 3. DEMÊNCIA DE CORPOS DE LEWY ....................................................................................................................... 41 INTERVENÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL NAS DISFUNÇÕES BIOPSICOSSOCIAIS PROF. CARLOS ESCUDEIRO ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: GERIATRIA E GERONTOLOGIA PARA TERAPIA OCUPACIONAL 3636WWW.UNINGA.BR EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3.1 PRINCIPAIS SINTOMAS DA DEMÊNCIA DE CORPOS DE LEWY ...................................................................... 41 4. DEMÊNCIA DE PICK OU DEMÊNCIA FRONTOTEMPORAL ................................................................................ 42 4.1 SINTOMAS DA DEMÊNCIA DE PICK OU FRONTOTEMPORAL ......................................................................... 42 5. A TERAPIA OCUPACIONAL COMO TRATAMENTO ESSENCIAL NA REABILITAÇÃO DE PACIENTES COM DEMÊNCIA .................................................................................................................................................................. 43 6. A IMPORTÂNCIA DA REABILITAÇÃO COGNITIVA NAS DEMÊNCIAS ................................................................ 43 7. PROCESSO DE INTERVENÇÃO DO TERAPEUTA OCUPACIONAL ....................................................................... 45 7.1 ENTREVISTA INICIAL E ANAMNESE ................................................................................................................... 45 7.2 AVALIAÇÃO GLOBAL ............................................................................................................................................. 45 7.3 AVALIAÇÃO COGNITIVA ........................................................................................................................................ 45 8. FERRAMENTAS DE AVALIAÇÃO COGNITIVA USADAS NA TERAPIA OCUPACIONAL ...................................... 46 8.1 PLANO DE TRATAMENTO DA TERAPIA OCUPACIONAL ................................................................................... 46 8.2 PRESCRIÇÃO DE RECURSOS TERAPÊUTICOS ................................................................................................. 47 8.3 ORIENTAÇÃO E INTERVENÇÃO COM OS FAMILIARES .................................................................................... 47 8.4 ORIENTAÇÃO A CUIDADORES ............................................................................................................................ 47 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................................................... 49 37WWW.UNINGA.BR GE RI AT RI A E GE RO NT OL OG IA P AR A TE RA PI A OC UP AC IO NA L | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Nesta unidade, iremos estudar as principais síndromes demenciais e a intervenção da Terapia Ocupacional nas respectivas patologias, sendo as principais a Síndrome de Alzheimer, Demência Vascular, Demência de Corpos de Lewy e Demência de Pick ou Frontotemporal. É típico da população idosa a prevalência elevada de doenças crônicas que comprometem a sua autonomia. Um exemplo são as síndromes demenciais, constituindo as demências uma questão de saúde pública, trazendo uma preocupação bioética com o envelhecimento: a perda da autonomia das pessoas afetadas e a responsabilidade do sistema de saúde para atendê-las. A síndrome demencial é um problema de saúde pública. Sua ocorrência é crescente uma vez que o principal fator de risco continuará existindo: o aumento da esperança de vida. Ademais, e como consequência da incessante inovação tecnológica, novas causas são esclarecidas ou descobertas apesar das dificuldades e disparidades no seu diagnóstico. Existe um consenso em reconhecer que a maior parte das síndromes demenciais é a Doença de Alzheimer. No Brasil, um estudo publicado no ano de 2004 estima a incidência da síndrome demencial em 13,8 dentre 1000 pessoas/ano. Relacionando ambas as informações (incidência e prevalência), esse dado não só desvela como também corrobora a importância da proposição de políticas públicas de saúde capazes, senão de minimizar o impacto econômico para a sociedade, pelo menos de garantir o aporte necessário de recursos públicos para garantir a atenção ao paciente. Nesse contexto, a Terapia Ocupacional contribui significativamente para a reabilitação de pacientes com
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