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O PAPEL DA TEORIA HERMENEUTICA NA CONCRETIZAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS E FUNDAMENTAIS

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REUNI (2022), Edição XII 54-69 
2022, Revista Científica do Centro Universitário de Jales (Unijales), ISSN: 1980-8925 
http://www.unijales.edu.br/reuni 
 
 
 
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REVISTA ELETRÔNICA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JALES (REUNI) 
ISSN 1980-8925 versão online 
 
Editor - chefe Conselho Consultivo 
Silvio Luiz Lofego Antônio Carlos Lofego (UNESP) 
 Clinton André Merlo (UNIFEI) 
 Lucilo Antônio Rodrigues (UFMS) 
 Sedeval Nardoque (UFMS - Dourados) 
 
Conselho editorial 
Jéssika Viviani Okumura 
Adriana Juliano Mendes Campos 
Tamar Naline Shumiski 
Alessandro Henrique Cavichia Dias 
Silvio Luiz Lofego 
Adriana Cristina Lourenção 
Jémerson Quirino de Almeida 
Ana Paula dos Santos Santana 
Viviane Kawano Dias 
 
 
EDITORIAL 
A REUNI é o espaço dedicado ao conhecimento. Com o propósito de articular as diversas áreas 
e possibilitar a difusão do conhecimento, a revista sintetiza nosso esforço em busca da 
excelência acadêmica. Diante dos desafios enfrentados no campo da Ciência a REUNI se 
notabiliza enquanto uma proposta ousada ao buscar interligar diferentes campos de pesquisa, e, 
ao mesmo tempo consciente das dificuldades inerentes ao diálogo com as diversas fronteiras da 
produção científica. A cada edição entregamos uma obra construída de sonhos e objetivos que 
norteiam todo o processo de sua elaboração. Criada a partir da iniciativa do professor Clinton 
André Merlo, a revista constitui-se num marco do Centro Universitário de Jales ao dar 
visibilidade a capacidade de produção do corpo docente e dos discentes que se destacam na 
Iniciação Científica, nos Trabalhos de Conclusão de Curso ou em algum dos nossos cursos de 
pós-graduação. A REUNI (Revista Unijales) traz em sua sigla a identidade de sua Instituição 
de origem como a de reunir, somar esforços e oferecer ao público publicações capazes de 
contribuir no avanço do ensino e pesquisa num amplo espectro formativo. 
 
 
OBJETIVO 
 
MISSÃO 
Usar o meio eletrônico para disseminar o 
conhecimento científico, através de trabalhos de 
pesquisa originais de todos os cursos de 
graduação, produzidos pela comunidade 
acadêmica do Centro Universitário de Jales, 
visando a estimular o intercâmbio de informações, 
bem como auxiliar os profissionais que atuam nas 
diversas áreas na realização de suas atividades. 
Publicação de artigos científicos que 
contribuam para a expansão do 
conhecimento nas diversas áreas do 
conhecimento. 
 
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MENSAGEM DO EDITOR-CHEFE 
Caro leitor, 
Ainda impactados pelas mudanças impostas pela pandemia, percorremos o ano de 2021 
e encontramos 2022 ancorados em grandes esforços e nas superações de cenários que oscilaram 
entre o medo, a angústia e a perseverança por dias melhores. A penumbra das novas ondas de 
contágios e suas variantes teve como contraste a luz lançada pela ciência, emanada de centros 
de pesquisas por todo o planeta, trouxe vacinas e fortaleceu nossa esperança. Mas, sobretudo, 
reforçou a necessidade de continuarmos na luta em favor da pesquisa acadêmica. Em 2020, 
escrevi que nossos intelectuais deveriam enfrentar os desafios de analisar um ano que mal 
começou e, talvez, entrasse para história como aquele que nunca terminou, carregado de lições 
e inquietações que assombraram o planeta. Passado mais de um ano vivemos tempos de 
otimismo e cautela. O retorno às atividades práticas foi imperativo, mas nos familiarizamos 
com outros modos de aprendizado, buscando proteger nossa saúde. 
A realidade mostrou que a ciência não terá tarefa fácil, seja para combater variantes do 
vírus ou para entender as variantes que o comportamento humano expõe a cada dia. Neste 
sentido, tanto as ciências médicas, como as sociais terão ainda enormes desafios pela frente. 
E, neste mundo em transe, seguimos nossa batalha. Seguimos unindo esforços. Desse 
modo, o programa de Iniciação Científica do UNIJALES manteve a política de incentivo à 
pesquisa, com os ajustes necessário, contudo, cumprindo rigorosamente o cronograma de 
atividades. Entendemos que, apesar das turbulências, celebrar a vida e tudo que contribui para 
sua preservação deve ser buscado. 
Cabe ao Ensino Superior a missão de formar pessoas capacitadas para nos libertar do 
senso comum e promover o espírito crítico, dotados de condições para discernir conhecimento 
científico das assombrações dogmáticas. Neste sentido, visando a produção que ora 
disponibilizamos, o Programa de Iniciação Científica da UNIJALES (PIC), vinculado à 
Diretoria de Pós-graduação, Pesquisa e Extensão, promoveu o IV Fórum Científico, “Respeitar 
a Ciência é Respeitar a Vida” (11 e 12 de agosto), bem como a XIV Jornada de Iniciação 
Científica, no final do ano letivo. O Fórum foi resultado da preocupação em se construir uma 
reflexão sobre os desafios da pesquisa e de preparar o jovem pesquisador, objetivando dialogar 
com as diversas áreas do conhecimento e, ao mesmo tempo, debater amplamente os desafios de 
se fazer pesquisa na conjuntura atual. Já a XIV Jornada de Iniciação Científica da UNIJALES, 
intitulada “Ciência on-line e os novos e velhos desafios”. Com convidados do Brasil e do 
exterior, a jornada foi, sem dúvida, um momento muito especial para pensar a importância da 
ciência e apresentar a produção científica do Centro Universitário de Jales. 
Esta foi parte da trajetória que nos trouxe à décima segunda edição da Revista REUNI, 
a Revista Eletrônica do Centro Universitário de Jales – UNIJALES. Assim sendo, a Diretoria 
de Pós-graduação, Pesquisa e Extensão dá sequência ao programa de fomento à pesquisa, cuja 
publicação desta edição da REUNI brinda mais um tempo de enfrentamentos e realizações na 
produção acadêmica científica de docentes e discentes do UNIJALES. Volto a ressaltar que, 
mais uma vez, a tradição da pesquisa se juntou aos persistentes esforços para valorizar a 
produção acadêmica, nos seus mais variados aspectos, com o compromisso e a vontade de 
oferecer um trabalho capaz de deixar um legado significativo para o futuro. Boa leitura! 
 
Prof. Dr. Silvio Luiz Lofego 
Diretor da Revista REUNI. 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
 
Saúde e Sociedade 
 
1. A escala de medidas de independência funcional em pacientes com acidente vascular encefálico 
................................................................................................................................................................06 
 
2. Atuação da fisioterapia pós-parto......................................................................................18 
 
3. Avaliação do uso de Pisctrópicos dispensados pelo sistema único de saúde(SUS) frente à 
pandemia da covid-19 na região Noroeste Paulista ................................................................. .28 
 
4. Drenagem linfática no tratamento de mulheres mastectomizadas radicalmente ............... 38 
 
5. Impacto na qualidade de vidas de mulheres com incontinência urinária: Estudo de 
revisão.. ..................................................................................................................................... 56 
 
6. Influências do ciclo menstrual no treinamento resistido ................................................... 72 
 
7. Ivermectina: Uso na tratamento da covid-19 .................................................................... 84 
 
8. O papel da teoria hermeneutica na concretização dos direitos humanos e fundamentais. 
........... .......................................................................................................................................99 
 
9. Regulação de pesquisas com seres humanos: Um estudo comparado entre Brasil e 
Portugal ................................................................................................................................... 123 
 
10. Tratamento fisioterapêutico na disfunção sexual feminina Dispaurenia ..................... 139 
 
11. O uso incorreto dos jalecos por profissionais da saúde e a contaminação por 
microrganismos ...................................................................................................................... 156 
 
 
 
 
 
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Saúde & Sociedade 
 
 
 
 
 
 
 
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A ESCALA DE MEDIDAS DE INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL EM PACIENTES 
COM ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO 
 
Isabela Borges Daguam1 
Adriana Cristina Lourenção2 
 
 
RESUMO 
 
O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é uma síndrome clínica que afeta o cérebro, 
onde a circulação sanguínea que vai em direção ao cérebro é interrompida no meio do trajeto, 
não chegando ao seu destino devido ao rompimento de um vaso sanguíneo (hemorragia) ou a 
presença de uma obstrução (isquemia), causando uma série de alterações cognitivas, sensoriais 
e/ou motoras. Metodologia: através de uma revisão de literatura se permite entender que a escala 
de Medida de Independência Funcional (MIF) é utilizada principalmente em lesões 
neurológicas, como os acidentes vasculares cerebrais. Objetivo: utilizar a escala de MIF para 
avaliar as incapacidades fisiológicas deixadas pelas lesões, e verificar o quanto isso implica nas 
atividades. A forma de se obter informações deriva da observação do desempenho do paciente, 
e/ou nas informações fornecidas pelo paciente/familiar/acompanhantes/equipe. Tem como 
vantagem o fato de não compreender somente as atividades motoras, mas também os aspectos 
cognitivos e capacidade de comunicação. Conclusão: Assim após um extenso levantamento 
bibliográfico e analises em campo concluímos que a aplicação correta da Escala de Medidas de 
Independência Funcional se revelou extremamente eficiente, possibilitando a recuperação do 
paciente em um prazo relativamente mais curto ou em alguns casos o desaparecimento das 
incapacidades. 
Palavras-chave: Doenças crônicas. Acidente vascular encefálico. Escala de MIF 
 
 
 
 
1 Acadêmica do Curso Superior de Fisioterapia, Centro Universitário de Jales (UNIJALES), Jales/SP. 
2 Mestre em Engenharia Biomédica, Fisioterapeuta e docente do Centro Universitário de Jales (UNIJALES), 
Jales/SP. 
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ABSTRACT 
 
Stroke is a clinical syndrome that affects the brain, where the blood circulation that 
goes to the brain is interrupted in the middle of the path, not reaching its destination due to the 
rupture of a blood vessel (hemorrhage) or the presence of an obstruction (ischemia), causing 
a series of cognitive, sensory and/or motor changes. Methodology: through a literature review, 
it is possible to understand that the Functional Independence Measure (FIM) scale is mainly 
used in neurological injuries, such as strokes. Objective: to use the FIM scale to assess the 
physiological incapacities left by injuries, and to verify how much this implies in activities. The 
way to obtain information is derived from observation of the patient's performance, and/or the 
information provided by the patient/family member/companion/team. Its advantage is the fact 
that it does not only understand motor activities, but also cognitive aspects and communication 
skills. Conclusion: After an extensive literature review and field analysis, we concluded that 
the correct application of the Functional Independence Measures Scale proved to be extremely 
efficient, enabling the patient's recovery in a relatively shorter period or, in some cases, the 
occurrence of disabilities. 
Keywords: Chronic diseases. Brain stroke. MIF scale. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O envelhecimento fisiológico traz consigo disfunções do organismo que, em uma fase 
inicial pode ser leve e ao passar dos anos comece a atingir níveis crescentes de limitações em 
relação a realização de atividades básicas, por exemplo. O metabolismo e as células sofrem 
alterações durante o processo de envelhecimento, que de certa forma, estão evoluindo, e 
consequentemente gerando incapacidades nos sistemas orgânicos, como a perda de integração 
osteomuscular e cerebral (ESQUENAZI; DA SILVA; GUIMARÃES; 2014). 
Em uma pesquisa feita em 2012 por Bezerra; Almeida e Therriem foi estimado que em 
2020 o número de idosos com idade acima de 60 anos alcançaria 32 milhões, e dados do IBGE 
mostraram que em 2019 esse número chegou em 32,9 milhões. 
O interesse em pesquisas sobre o envelhecimento populacional ganha mais importância 
principalmente em países em desenvolvimento, e os idosos se caracterizam em um nível 
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socioeconômico baixo e educacional baixo. A população idosa cresceu, porém vem 
acompanhada também de uma crescente prevalência de doenças crônicas presentes nesses 
idosos, e o desafio do século XXI juntamente com o sistema de saúde é cuidar dessa população 
(BEZERRA; ALMEIDA; THIERRIEM, 2012). 
São várias as doenças crônicas, tais como neoplasias, diabetes mellitus, doenças 
respiratórias e as doenças cardiovasculares (DVC), e dentro desse último grupo está o acidente 
vascular encefálico (AVE), que se tornou uma das principais causas de sequelas e morte. O 
Acidente Vascular Encefálico (AVE), é também conhecido como Acidente Vascular Encefálico 
(AVC) ou ainda como derrame. É uma síndrome clínica que afeta o cérebro, onde a circulação 
sanguínea que vai em direção ao cérebro pode ser interrompida no meio do trajeto e não chegar 
ao seu destino devido ao rompimento de um vaso sanguíneo (hemorragia) ou a presença de uma 
obstrução (isquemia). Então, o oxigênio que seria levado ao cérebro através do sangue para que 
ele funcionasse normalmente não chega para nutrir as células cerebrais, causando uma série de 
alterações cognitivas, sensoriais e/ou motoras, dependendo do local em que ocorreu (CHAVES, 
2000). 
Considerado a segunda causa de morte mundial, anualmente são mais de 20 milhões de 
indivíduos acometidos pelo AVE, e 5 milhões destes vão a óbito, sendo que no Brasil, é a 
principal causa de morte com algumas exceções. Sobre a incidência, é possível notar que ela 
aumenta com a idade e dobra a cada década de vida após os 55 anos. Alguns estudos 
epidemiológicos apontam que os principais fatores de riscos são classificados em não-
modificáveis (idade, sexo, raça e história familiar) e modificáveis (hipertensão arterial, história 
de ataques isquêmicos transitórios (AIT), estenose significativa da artéria carótida, fibrilação 
atrial de início recente, obesidade, diabetes, uso de contraceptivos principalmente associado ao 
fumo, abuso de álcool, inatividade física, entre outros) (VIANA et al., 2008). 
 
 
MATERIAIS E MÉTODOS 
 
A pesquisa trata-se de uma revisão bibliográfica de característica descritiva e 
explicativa. Foi realizada em artigos que contenham explicação sobre a anatomia e fisiologia 
do AVE, e artigos acadêmicos sobre escala de MIF e a sua correlação no tratamento 
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fisioterápico de pacientes comacidente vascular encefálico, disponíveis em plataformas virtuais 
como Google Acadêmico e Scientific Eletronic Library Online (Scielo), usando os seguintes 
descritores: doenças crônicas, doenças cerebelares, doenças vasculares, acidente vascular 
encefálico e escala de independência funcional. A pesquisa teve início em fevereiro de 2021 
com término previsto para novembro de 2021. 
 
DESENVOLVIMENTO 
 
O acidente vascular encefálico, ou ainda acidente vascular cerebral, descreve um 
comprometimento funcional neurológico. As causas e, a partir delas, as formas de AVE são 
anóxico-isquêmicas (resultado da falência vasogênica para suprir adequadamente o tecido 
cerebral de oxigênio e substratos) e hemorrágicas (resultado do extravasamento de sangue para 
dentro ou para o entorno das estruturas do sistema nervoso central). Os subtipos isquêmicos são 
lacunares, ateroscleróticos e embólicos, e os hemorrágicos são intraparenquimatosos e 
subaracnóide. Nos anos 30, um estudo de autópsias indicou que mais de 70% dos casos de AVE 
se deviam à aterosclerose e apenas 3% à embolia. Nos anos 60 e 70, estudos prospectivos 
identificaram os infartos aterotrombóticos também como a causa mais comum (44%), seguida 
de embolia cerebral (21%) e hemorragia intracraniana (12%) (CHAVES, 2000). 
Pela utilização de critérios mais modernos, 31% foram diagnosticados como embolia, 
10% como hematoma intracraniano e 6% como hemorragia subaracnóide, mas ainda não 
continha uma categoria separada para infartos cujas causas permaneciam indeterminadas. Em 
1968, um grupo francês relatou 28% de casos de infarto de causa indeterminada. Esses estudos 
reforçaram a visão de que embolia é forma comum de AVE. As exigências tradicionais de 
fibrilação atrial e doença cardíaca valvular para esse diagnóstico foram suplementadas por 
dados angiográficos, mostrando oclusão de ramos intracranianos em relação a exame normal 
realizado antes do AVE. Nas últimas décadas, estudos de métodos mais apurados, têm 
identificado riscos não modificáveis bem como modificáveis para AVE isquêmico e 
hemorrágico, como demonstrado na figura 1. A identificação e o controle de fatores de risco 
visam à prevenção primária de AVE na população (CHAVES, 2000). 
 
Figura 01 - Fatores de risco para AVE 
Riscos modificáveis Riscos não modificáveis Outros 
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Hipertensão Idade Álcool 
Diabetes Sexo Anticorpo antifosfolipídeo 
Fumo Raça Homocisteína elevada 
Fibrilação atrial Etnia Processo inflamatório 
Doenças cardíacas Hereditariedade Infecção 
Hiperlipidemias 
Sedentarismo 
Estenose carotídea 
assintomática 
 
Ataques isquêmicos transitórios 
Fonte: CHAVES, 2000 
 
O acidente vascular cerebral é a segunda principal causa de morte em uma escala 
mundial, e é uma doença que ocorre predominantemente em adultos de meia-idade e idosos. O 
Brasil vem mudando o seu perfil de morbimortalidade nas últimas décadas, com as doenças 
crônicas não transmissíveis liderando as principais causas de morte. Entre as mais importantes 
doenças crônicas está o AVE, que é uma das principais causas de internações e que leva a 
mortalidade, causando na maioria dos pacientes, algum tipo de deficiência parcial ou completa 
(ALMEIDA, 2012). 
Os dados são alarmantes, mas o Brasil vem seguindo uma tendência de queda das taxas 
de mortalidade por AVC, conforme apresentado na figura 2. Nas três últimas décadas, houve 
um declínio da taxa de mortalidade em todas as regiões do país, porém de forma desigual, sendo 
mais evidente nas regiões Sul e Sudeste, as mais ricas do país. A distribuição geográfica do 
AVC é também influenciada pelas condições sociais e econômicas da população, onde uma 
carência de acesso a informações e ao sistema de saúde pode aumentar em até 20% a chance de 
acometimento por AVC, sendo que quanto maior o nível educacional formal dos indivíduos, 
maior o nível de conhecimento sobre a doença e sobre seus inúmeros fatores de risco, e menores 
os índices de comportamentos de risco (ABRAMCZUK; VILLELA, 2009). 
 
Figura 02 - Relação entre taxa de mortalidade por AVC e indicadores sócio-econômicos em seis 
capitais brasileiras (2000). 
Cidade Taxa de 
mortalidade por AVC 
(óbitos/100mil hab) 
Porcentagem 
da população com 50 
anos ou mais 
% 
analfabetos 
acima de 15 
anos 
Produto 
Interno 
Bruto per 
capita (R$) 
Curitiba 
(PR) 
48,57 16,51 3,38 8.087 
São Paulo 
(SP) 
56,05 17,51 4,89 12.154 
Recife 
(PE) 
68,52 17,11 10,55 6.585 
Goiânia 
(GO) 
43,18 14,25 5,18 5.392 
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Rio 
Branco (AC) 
36,36 10,56 6,09 4.401 
Fonte: Ministério da Saúde – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) e Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (ABRAMCZUK; VILLELA, 2009). 
 
Para o diagnóstico, cada caso de AVC deve ser considerado como potencial recebedor 
de tratamento trombolítico endovenoso, independentemente da região do cérebro afetada. A 
avaliação da neuroimagem é fundamental no processo, uma vez que a medicação não pode ser 
utilizada quando há sinais de hemorragia no cérebro ou quando a área isquêmica é maior do 
que um terço da área cerebral média, como apresentado abaixo na figura 3 (ABRAMCZUK; 
VILLELA, 2009). 
 
Figura 03 – AVC isquêmico e hemorrágico 
 
Fonte: https://draraquelzorzi.com.br/doencas/detalhes/46/Acidente%20Vascular%20Cerebral%20-
%20AVC%20 
 
O tratamento vai depender do tipo de AVC que acometeu o indivíduo. O AVC 
isquêmico (AVCi) corresponde a 80% dos casos, sendo caracterizado pela interrupção do fluxo 
sanguíneo para o cérebro por um coágulo (trombo), o que leva a uma região de neurônios mortos 
e outra em que há interrupção de atividade elétrica – área de penumbra isquêmica –, mas sem 
que haja morte neuronal. O tratamento envolve a remoção do trombo para que o fluxo sanguíneo 
seja reestabelecido na área de penumbra isquêmica. Isso pode ser feito por meio de cateteres, 
que removem mecanicamente o coágulo (trombólise mecânica) ou através de medicamentos 
(trombólise química). O tratamento trombolítico endovenoso é utilizado desde 1995. Antes 
disso, era utilizado o ácido acetilsalicílico (AAS), que apenas diminui o risco de um novo AVC 
e, por isso, é tido como um método de prevenção secundária (ABRAMCZUK; VILLELA, 
2009). 
https://draraquelzorzi.com.br/doencas/detalhes/46/Acidente%20Vascular%20Cerebral%20-%20AVC
https://draraquelzorzi.com.br/doencas/detalhes/46/Acidente%20Vascular%20Cerebral%20-%20AVC
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Após a ocorrência do AVE, que causa incapacidades neurológicas, o indivíduo 
apresenta paralisia parcial ou total de um hemicorpo (hemiparesia ou hemiplegia), acometendo 
a função das extremidades dos membros, controle motor, equilíbrio, força e mobilidade, 
rebaixamento do nível de consciência, demência, disfunção proprioceptiva decorrente de 
distúrbios do campo visual, dificuldade em deambular, tonteira ou desequilíbrio, disfunção 
sensorial, distúrbios da fala e da linguagem, disfagia, disfunção intestinal, vesical, entre outros 
(VIANA et al., 2008). 
Muitos sobreviventes apresentam consequências crônicas que são, usualmente, 
complexas e heterogêneas, podendo resultar problemas em vários domínios da funcionalidade. 
Essa funcionalidade se refere à capacidade de realizar atividades do dia-a-dia, seja no 
aprendizado e aplicação de conhecimentos (atenção, pensamento, cálculos, resolução de 
problemas); na comunicação (linguagem falada, escrita); na mobilidade (manutenção da 
posição corporal, transferências, deambulação);no autocuidado, vida doméstica, interação 
interpessoal e social (ALMEIDA, 2012). 
Uma das sequelas consideradas importantes do AVE é a dificuldade na realização dos 
movimentos, que está relacionada também à diminuição da função cognitiva, indicando uma 
influência negativa para a recuperação dos movimentos e sobrevivência. Dependendo da 
gravidade das sequelas apresentadas, os indivíduos ficam com seu nível de independência 
funcional comprometido para realização das atividades cotidianas, tais como se alimentar, 
tomar banho, usar o banheiro, trocar de roupa, circular pelos ambientes, se deitar e se levantar, 
necessitando então do auxílio de uma pessoa para a realização das atividades diárias 
(BENVEGNU et al., 2008). 
 A validade de um instrumento de avaliação funcional pode ser definida como a 
capacidade que esse instrumento tem de atribuir um valor, pontuação ou classificação a pessoas 
com incapacidades de forma apropriada. Uma vez que MIF escolhe como objeto de valoração 
a quantidade de cuidados exigidos pela pessoa com tais limitações e, por conseguinte, identifica 
o nível de independência, torna-se única na sua forma de avaliação, sendo impossível a sua 
comparação a um “padrão ouro” da independência funcional. Quando não existe um 
instrumento considerado como “padrão ouro” para uma determinada grandeza avaliada por um 
instrumento clínico de avaliação, é necessário recorrer a outros instrumentos de avaliação que 
se aproximem do resultado esperado pelo instrumento em teste, permitindo demonstrar uma 
concordância de resultados. É a chamada validade convergente. Apesar de incapacidade e 
deficiência não significarem a mesma coisa, espera-se que os pacientes com maior deficiência 
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acabem desenvolvendo uma incapacidade proporcional, pelo menos no período anterior à 
reabilitação (RIBEIRO et al, 2004). 
Em revisão de literatura permite entender que a escala de Medida de Independência 
Funcional (MIF) é utilizada principalmente em lesões neurológicas (como os acidentes 
vasculares cerebrais e lesões medulares) podendo ser utilizada em crianças além dos idosos. A 
forma de se obter informações deriva da observação do desempenho do paciente, e/ou nas 
informações fornecidas pelo paciente/familiar/acompanhantes/equipe. Tem como vantagem o 
fato de não compreender somente as atividades motoras, mas também os aspectos cognitivos e 
capacidade de comunicação (VIANA et al., 2008). 
A escala (apêndice 1), avalia 18 categorias pontuadas de um a sete e que são 
classificadas quanto ao nível de dependência para a realização da tarefa. As categorias são 
agrupadas em seis dimensões: autocuidados (alimentação, higiene pessoal, banho, vestir metade 
superior, vestir metade inferior, utilização do vaso sanitário), controle de esfíncteres (controle 
da diurese e defecação), transferências (leito, cadeira, cadeira de rodas, vaso sanitário, banheiro, 
chuveiro), locomoção (marcha, cadeira de rodas, escadas), comunicação (compreensão, 
expressão) e cognição social (interação social, resolução de problemas, memória). Cada 
dimensão é analisada pela soma de suas categorias referentes; quanto menor a pontuação, maior 
é o grau de dependência. Somando-se os pontos das dimensões da MIF, obtém-se um escore 
total mínimo de 18 e o máximo de 126 pontos, que caracterizam os níveis de dependência pelos 
sub escores (BENVEGNU et al., 2008). 
Como já dito, a pontuação de cada categoria varia de um a sete, de acordo com o grau 
de dependência: 7– independência completa; 6- independência modificada; 5- supervisão; 4- 
ajuda mínima (indivíduo realiza >=75% da tarefa); 3- Ajuda moderada (indivíduo realiza 
>=50% da tarefa); 2- Ajuda máxima (indivíduo realiza >=25% da tarefa), 1- Ajuda total. A MIF 
total pode ser dividida em quatro sub escores, de acordo com a pontuação total obtida: a) 18 
pontos: dependência completa (assistência total); b) 19 – 60 pontos: dependência modificada 
(assistência de até 50% da tarefa); c) 61 – 103 pontos: dependência modificada (assistência de 
até 25% da tarefa); d) 104 – 126 pontos: independência completa / modificada (BENVEGNU 
et al., 2008). 
A Escala MIF ainda é dividida em dois domínios para melhor resultado, sendo o motor 
e o cognitivo. 1) Motor: comer, aprontar-se, banho, vestir parte superior do corpo, vestir parte 
inferior do corpo, vaso sanitário, controle de bexiga, controle de intestino, transferência da cama 
para a cadeira de rodas, transferência da cadeira de rodas para o vaso sanitário, transferências 
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no banheiro e chuveiro, marcha/cadeira de rodas, escadas; 2) Cognitivo: compreensão, 
expressão, integração social, resolução de problemas, memória (BENVEGNU et al., 2008). 
A aplicação da MIF é feita por meio de uma entrevista individual e com 
avaliadores/fisioterapeutas devidamente treinados. Nessa entrevista são coletados, também, 
dados sociodemográficos e clínicos, tais como sexo, idade e hemicorpo acometido pelo AVE, 
e se os sujeitos já faziam ou não tratamento fisioterapêutico (FERNANDES et al., 2012). 
 Na busca de aplicações de escalas aos pacientes sequelados de AVE, é encontrado vários 
artigos voltados a este assunto, abrangendo também outras populações que manifestam sinais e 
sintomas semelhantes ao paciente pós-AVE. Por isso escolha do instrumento deve ser criteriosa, 
a fim de achar a melhor conduta de avaliação para o tratamento do indivíduo afetado. O uso de 
avaliações relacionadas aos indivíduos com sequelas desta patologia forneceria um perfil 
integral das reais condições funcionais, psicossociais e expectativa de vida, podendo guiar o 
processo de reabilitação aos objetivos específicos do tratamento. Sendo assim os profissionais 
da área da saúde têm a sua disposição um bom suprimento de materiais, auxiliando sua 
avaliação com o paciente neurológico, direcionando suas condutas nas reais necessidades do 
paciente (CECHETTI et al., 2013). 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
Em relação ao instrumento utilizado, o MIF é um instrumento de validade e 
confiabilidade, assim como a reprodutibilidade das medidas encontradas são confiáveis, mesmo 
para diferentes formas de observação, tornando a utilização das informações mais seguras, seja 
por fonte direta ou mesmo indireta. Idosos com sequelas de acidente vascular encefálico irão 
apresentar dependência em praticamente todas as dimensões, necessitando de assistência para 
realizar as atividades de vida diária em até 50% no mínimo. As maiores dependências 
geralmente são nas dimensões autocuidados, controle de esfíncteres e cognição social, e menor 
dependência para as dimensões comunicação e locomoção. Considerando os resultados obtidos 
mediante a MIF, pode-se sugerir que o instrumento utilizado foi adequado às necessidades dos 
pacientes (VIANA et al, 2008). 
Viana et al (2008) através de um estudo transversal e descritivo, avaliou 14 idosos 
portadores de sequela de acidente vascular encefálico, residentes do Complexo Gerontológico 
Sagrada Família. Então concluiu que a maioria dos idosos possuíam dependência significativa 
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para a realização das AVDs, resultante de uma baixa performance funcional, necessitando de 
acompanhamento e orientações direcionadas que possibilitem uma maior independência. 
Benvegnu et al (2008) fez um estudo observacional do tipo longitudinal e foram 
avaliados 26 pacientes adultos, de ambos os sexos, com sequelas motoras decorrentes de AVE, 
tanto na fase hospitalar (aguda) quanto na ambulatorial (crônica)no período de março de 2007 
a maio de 2008, no setor de Fisiatria do Hospital Universitário de Porto Alegre. No grupo 
hospitalar, houve diferença significativa entre o escore inicial e final (p=0,011), sendo que os 
itens “cuidados pessoais”, “locomoção” e “comunicação” foram os que mais apresentaram 
evolução. No grupo ambulatorial não houve diferença significativa entre os escores das duas 
avaliações (p>0,10). Sendo assim, na fase hospitalar, os pacientes acometidos pelo AVE 
apresentam uma recuperação mais rapidamente nas primeiras semanas. Já os pacientes em 
atendimento ambulatorial mantiveram-se estáveis. 
Fernandes et al (2012) realizou um estudo transversal com indivíduos na fase crônica 
pós AVE recrutados em hospitais públicos (setor de neurologia), clínicas de fisioterapia e 
Unidades de Saúde da Família (USF) da cidade de Recife-Pernambuco. A amostra constou de 
69 hemiparéticos crônicos com média de idade de 64-65 anos, para avaliar a funcionalidade, 
utilizou-se MIF e foram determinados os efeitos “chão” e “teto”. O item “controle de esfíncteres 
(fezes)” apresentou o maior número de indivíduos realizando de forma totalmente independente 
(88,4%) e o item “subir e descer escadas” foi o que obteve menor escore. De modo geral, não 
houve relação entre a independência funcional e a realização da fisioterapia. Entretanto, o 
elevado efeito teto pode ter interferido nos resultados, sugerindo limitação da MIF em 
discriminar os indivíduos avaliados. 
Cechetti et al (2013) em um trabalho observacional bibliográfico na Biblioteca Central 
da Universidade de Caxias do Sul (BICE) e em banco de dados virtual, selecionou 15 artigos 
de cinco diversas escalas de funcionalidades utilizadas em pacientes pós-AVE, incluindo a MIF. 
As pesquisas mostraram que existem na literatura diversas escalas avaliativas voltadas para as 
principais funções do paciente e que os profissionais da área da saúde possuem a sua disposição 
um amplo material para avaliar funcionalmente um paciente pós-AVE. 
 
 
CONCLUSÃO 
 
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Ao longo das discussões apresentadas no corpo desse trabalho buscou-se evidenciar a 
seriedade da atuação do profissional de fisioterapia na avaliação das sequelas do AVE, visto 
que o Acidente Vascular Encefálico pode resultar em incapacidades permanentes que os 
limitam nas atividades de vida diária reduzindo a qualidade de vida e alto-estima do paciente. 
Desse modo, a utilização correta da Escala de Medida de Independência Funcional se mostrou 
de suma importância, sendo que as sequelas do AVE podem se diferenciar em cada caso, ou 
seja, deve-se trabalhar com especificidade de cada caso e jamais de maneira genérica, por isso, 
avaliar corretamente as incapacidades do paciente pode reduzir na grande maioria dos casos o 
tempo de tratamento, bem como reduzir também essas incapacidades. 
 
 
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ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA NO PÓS-PARTO 
 
Geovanna Silva Machado1 
Roselene Tribioli Iamamoto2 
 
RESUMO 
 
O puerpério é um período cronologicamente variável, de âmbito impreciso, durante o 
qual se desenrolam todas as manifestações involutivas e de recuperação da genitália materna 
havidas após o parto. A relevância e a extensão desses processos são proporcionais ao vulto das 
transformações gestacionais experimentadas e diretamente subordinadas à duração da gravidez. 
A fisioterapia é de grande importância para melhor recuperação das mulheres no pós-parto. Seu 
papel consiste na recuperação, prevenção e tratamento de alterações nos diversos sistemas. O 
objetivo deste estudo foi identificar as principais intervenções fisioterápicas e as dificuldades 
encontradas pelas puérperas durante essa fase. Diante das principais dificuldades enfrentadas 
pelas puérperas, podemos citar as intercorrências mamárias relacionadas à lactação (dor, 
fissuras mamares, mastites, ingurgitamento mamário), incontinência urinária, dores incisionais 
associadas ao corte e episiotomia, sintomas gastrointestinais (constipações, timpanismo, dor 
abdominal) e diástase dos músculos reto-abdominais (DMRA). Diante disso concluímos que a 
fisioterapia no período puerperal visa promover através de suas intervenções durante essa fase, 
uma melhor adaptação da mulher à nova realidade corporal que segue ao nascimento de seu 
filho. 
Palavras-chave: fisioterapia. saúde feminina. período puerperal 
 
 
ABSTRACT 
 
The puerperium is a chronologically variable period, with an imprecise scope, during 
which all the involutive manifestations and recovery of the maternal genitalia that occurred 
after childbirth unfold. The relevance and extent of these processes are proportional to the 
 
1 Acadêmica do Curso Superior de Fisioterapia, Centro Universitário de Jales (UNIJALES), Jales/SP. 
2 Mestre em Fisioterapia e docente do Centro Universitário de Jales (UNIJALES), Jales/SP. 
 
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scale of the gestational changes experienced and directly subordinated to the duration of the 
pregnancy. Physiotherapy is of great importance for the better recovery of women in the 
postpartum period. Its role consists in the recovery, prevention and treatment of changes in the 
various systems. The aim of this study was to identify the main physical therapy interventions 
and the difficulties encountered by the puerperal women during this phase. In view of the main 
difficulties faced by the puerperal women, we can mention breast complications related to 
lactation (pain, breast fissures, mastitis, breast engorgement), urinary incontinence, incisional 
pain associated with cutting and episiotomy, gastrointestinal symptoms (colds, tympanism, 
abdominal pain) and diastasis of the rectus abdominis muscles (AMD). Therefore, we conclude 
that physical therapy in the puerperal period aims to promote, through its interventions during 
this phase, a better adaptation of women to the new body reality that follows the birth of their 
child. 
Keywords: physiotherapy. women's health. puerperal period 
 
DESENVOLVIMENTO 
 
A gravidez é um período em que ocorrem algumas alterações físicas e emocionais, que 
tem como finalidade adequar a mulher a sua condição de gestação. Além dessas alterações, 
ainda são incluídas as hormonais, musculoesqueléticas, cardiovasculares, respiratórias, 
tegumentares, nervosas, gastrointestinais e urogenitais. Essas alterações são importantes para 
controlar o metabolismo materno, contribuir para o crescimento do feto e prepara a gestante 
para o período de trabalho de parto e amamentação (BARBOSA, SILVA; MOURA, 2011). 
O puerpério, também chamado de pós-parto, é o período com duração média de 6 a 8 
semanas em que as modificações imprimidas no corpo materno durante a gestação irão retornar 
ao estado pré-gravídico (SOUZA, 1999; NEME, 2000; REZENDE, 2002). Este período pode 
ser dividido em três estágios, que difere de autor para autor. 
 Segundo Rezende (2000), o puerpério é a última fase do ciclo gravídico 
puerperal compreendida pelo período de dequitação da placenta. Podemos dividi-los em três 
fases: 
• puerpério imediato que é do 1° ao 10° dia e tem início logo após a expulsão da 
placenta. Na primeira hora, o útero continua contraindo e os sinais vitais estabilizam. Mulheres 
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que fizeram parto natural, podem se levantar e caminhar um pouquinho pelo quarto, já nas 
primeiras horas seguintes ao parto. Isto evita o surgimento de trombose, beneficia o fluxo 
intestinal e colabora para seu bem-estar. Caso a mulher tenha passado por uma cesárea ou tenha 
tido um parto normal, que precisou de pontos na vagina, a limitação aos esforços será 
importante, entretanto, movimentar-se ainda é necessário como prevenção de trombose e 
retorno das funções intestinais, o útero estará voltando ao tamanho normal. Por isso é comum 
ter cólicas, que, às vezes, aumentam durante a amamentação. Nesses 10 primeiros dias, até mais 
ou menos um mês após o parto, pode acontecer uma secreção que sai pela vagina, que no início 
é como um sangramento e depois vai diminuindo e clareando gradativamente. A pressão arterial 
e a frequência cardíaca, no entanto, mantêm-se dentro dos parâmetros normais. A temperatura 
no terceiro ou quarto dia experimenta uma elevação pelo aumento do metabolismo mamário. 
Este aumento não deve durar por mais de 24 horas. 
• puérperio tardio do 10° ao 45° dias, o corpo feminino ainda está sofrendo 
alterações e os cuidados devem continuar, mesmo que a fase inicial tenha se encerrado, pois 
tanto o útero quanto a região genital ainda estão passando por mudanças para retornar ao seu 
estado natural. As mudanças sofridas pelo útero após dar à luz continuam. No final da gestação 
o órgão media 32 centímetros, e após o nascimento do bebê ele voltará a medir apenas 7. 
Também diminui o seu peso: de 1 quilo e meio, o útero volta a pesar 60 gramas. Durante os 25 
dias pós-parto, o endométrio (mucosa que cobre o interior do útero) vai cicatrizando de forma 
natural e, com o passar das semanas, vai recobrando a espessura. Como explicamos no início 
do texto, entre 30 e 45 dias pode reaparecer a ovulação. No caso de não haver fecundação, 
reaparece a menstruação. Se você deseja amamentar o seu bebê por um longo período e de 
modo bastante ativo, notará que o seu puerpério pode durar por mais tempo, inclusive, atrasar 
o retorno do ciclo menstrual. 
• puerpério remoto que é após o 45° dia após o parto, mesmo depois que a mãe 
começar a amamentar, ela temmodificações em seu corpo. No período puerperal, a mulher não 
ovula, entretanto, a partir do quadragésimo dia, ela pode começar a ovular novamente, e caso 
isso aconteça, essa é a marca do puerpério remoto. 
Muitas mulheres ao engravidarem desconhecem o funcionamento interno do seu 
corpo. É importante a consciência do efeito das mudanças e suas alterações sobre a 
postura. Nesta fase, uma postura correta deve ser dinâmica e vital, variando sempre com suas 
necessidades. A gravidez envolve extensas modificações em todo o corpo, inclusive nos 
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músculos, articulações e ossos. À medida que o útero aumenta de tamanho, o centro da 
gravidade da mulher tende a alterar-se, forçando-a a adaptar-se (BARRACHO, 1999). 
No pós-parto imediato domina a crise genital; prevalecem os fenômenos catabólicos e 
involutivos das estruturas hipertrofiadas ou hiperplasiadas durante a gravidez. Ocorrem as mais 
dramáticas alterações fisiológicas, assim como o surgimento de complicações. Já o pós-parto 
tardio é o período em que todas as funções começam a ser influenciadas pela lactação. E no 
pós-parto remoto é um período com duração imprecisa, já que nas mulheres que não 
amamentam ele é breve (SOUZA, 1999; REZENDE, 2002). 
A diástase dos músculos DMRA representa uma condição que pode estar pre-sente tanto 
no último trimestre gestacional quanto no período puerperal, sendo con-siderada uma condição 
patológica quando apresenta comprimento maior que 3cm, podendo interferir na capacidade da 
musculatura abdominal de estabilização e também na movimentação do tronco (BEZERRA; 
NUNES; LEMOS, 2011; RETT et al., 2009; SOUZA, 2002;) 
A fisioterapia apresenta diversos benefícios, dentre eles a redução do desconforto 
causado pela gravidez, melhora da ansiedade e pouca possibilidade da prescrição de parto 
cesárea (CANESIN; AMARAL, 2010). 
A atuação fisioterapêutica durante o puerpério pode ser iniciada logo após o parto, 
respeitando apenas um período de repouso de seis horas para o parto normal e doze horas para 
o parto cesárea. O atendimento é iniciado com a coleta de dados, da história da gestação e parto. 
Na avaliação são observados os dados vitais e realizado o exame físico, deve-se verificar o 
padrão respiratório, a mobilidade diafragmática e a expansibilidade torácica. (SOUZA, 1999). 
O fisioterapeuta deve orientar a paciente quanto a uma postura correta no leito, como, 
por exemplo, o decúbito lateral para facilitar a eliminação dos flatus, incentivar a deambulação 
precoce e evitar posturas antiálgicas, aliviando as tensões musculares e promovendo analgesia, 
estimulando sempre uma postura correta (SOUZA, 1999). 
Os exercícios para o assoalho pélvico devem ser realizados com frequência e de forma 
gradativa e em diversas posições, decúbito dorsal, lateral, ventral, sentada, em pé e de cócoras. 
A bola suíça é um instrumento de grande valia para treino do assoalho pélvico, pois melhora a 
percepção sensorial e a força desta musculatura além de exercitar simultaneamente várias 
estruturas musculares dos segmentos pelve-perna e pelve-tórax (CARRIÈRE, 1999). 
Nesse contexto vê-se que a atuação da fisioterapia na saúde da mulher atua intervinda 
sobre várias perspectivas da função e do movimento humano, que sofrem por mudanças durante 
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todo o período da vida da mulher, desde adolescência até a idade adulta, ocorrendo pelo período 
gestacional, menopausa e terceira idade (FRIGO; BRAZ, 2010). 
Durante a gestação a mulher tem que adaptar sua postura para compensar a mudança do 
centro de gravidade, levando ao aumento das curvaturas lombar e torácica, após o parto esses 
desvios posturais estão presentes e devem ser tratados. A avaliação postural é indispensável 
para traçar um plano de tratamento individual de acordo com a necessidade de cada puérpera. 
A bola suíça é um instrumento que auxilia para a reeducação postural, pois ela aumenta a 
percepção proprioceptiva de alinhamento postural, treina equilíbrio e coordenação 
(CARRIÈRE, 1999). 
Os alongamentos musculares podem contribuir bastante para reduzir a tensão muscular, 
melhorar a postura, mas deve-se tomar cuidado com o efeito remanescente da relaxina sobre as 
articulações. O alongamento para aumentar a flexibilidade deve ser evitado até a 16º. a 20º. 
semana de pós-parto, já o alongamento para a manutenção do comprimento muscular pode ser 
realizado (DIFIORI, 2000). 
Um método muito utilizado para a reeducação postural é o isostretching. Este é definido 
como uma ginástica postural global ereta já que a maioria dos exercícios é executada na posição 
vertical. O corpo todo trabalha de maneira concêntrica e excêntrica durante a expiração, a 
musculação e o relaxamento são incluídos a cada postura, solicitando da coluna um auto-
engrandecimento (REDONDO, 2001). 
O condicionamento físico é extremamente importante para ajudar na recuperação pós-natal. 
Seus efeitos vão auxiliar na reabsorção do excesso de líquido retido na gravidez, aumentar o 
retorno diminuindo a estase das veias varicosas, melhorar a eficiência do coração e dos pulmões 
auxiliando a puérpera a retornar para suas tarefas de maneira mais fácil, contribui para a perda 
de peso além de diminuir o estresse e a ansiedade (DIFIORI, 2000). Deve-se tomar cuidado 
quanto à escolha dos exercícios, lembrando efeito da relaxina sobre as articulações esses efeitos 
podem se prolongar se o aleitamento continuar. A atividade de alta intensidade é contraindicada 
podendo reduzir a quantidade de leite disponível para a próxima amamentação e a produção de 
ácido lático durante o treino intenso pode dar um sabor ácido ao leite. A sessão de 
condicionamento cardiovascular deve ser dividida em aquecimento, treino cardiovascular e 
resfriamento sendo que as atividades de baixo impacto são as mais indicadas (DIFIORI, 2000). 
 
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MATERIAIS E METODOS 
 
O estudo exploratório se classifica como um artigo de uma revisão bibliográfica. As 
pesquisas foram realizadas nas bases de dados ScientificElectronic Library Online (SCIELO), 
Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), BIBLIOTECA 
VIRTUAL DA SAÚDE, com as seguintes buscas: fisioterapia, dor, puerpério, tratamento, pós-
parto. Com o objetivo de descrever a importância da fisioterapia no pós-parto, relatar sobre as 
delimitações dos períodos puerperais, identificar quais técnicas e tratamentos que são realizadas 
nos determinados períodos. 
 
RESULTADO E DISCUSSÃO 
 
O assoalho pélvico deve ser trabalhado já no puerpério imediato independentemente do 
tipo de parto, pois os mesmos são enfraquecidos durante a gestação. Caso a mulher tenha sofrido 
episiotomia e no pós-parto queixar-se de dor no local da sutura, a crioterapia pode ser indicada. 
Aplicação de compressas de gelo moído por vinte minutos ou a massagem com o gelo na região 
perineal devem ser utilizados para promover analgesia, diminuir o edema e a inflamação. Em 
caso de pós-cesariana, a mulher necessita de auxílio para corrigir a postura em flexão assumida 
para proteção decorrente da dor pós-operatória. A estimulação elétrica nervosa transcutânea 
(TENS) pode ser um recurso utilizado para analgesia pós-operatória. Seu efeito ocorre através 
da modulação do processo de neurocondução da dor, através da liberação de opióides 
endógenos a nível medular e da hipófise e na teoria das comportas. Dois eletrodos podem ser 
colocados em cada extremidade da incisão. Os parâmetros utilizados são freqüênciade 50-
100Hz, pulso até 100us, intensidade em nível sensorial de 30-60 minutos (POLDEN; 
MANTLE, 1997; MELO et al., 2006). Os exercícios físicos são muito importantes para 
puérperas com depressão leve ou melancolia, os exercícios pós-natais promovem melhora da 
resistência física, diminui a fadiga e recupera a autoconfiança. São importantes dentro do 
tratamento técnicas de relaxamento. Vários são os métodos utilizados, devendo sempre estar 
associado a respiração profunda reduzindo o estresse, ansiedade e todas as consequências 
físicas que elas acarretam. 
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Discutir-se que puerpério é uma fase de grandes mudanças para a mulher, que necessita 
de cuidados e atenção da equipe de saúde que a assiste nesse período. Contudo, a atenção é 
concentrada no recém-nascido e os desconfortos vivenciados pela puérpera são negligenciados. 
Ainda bem que, a literatura científica vem ganhando vulto em relação a uma assistência focada 
na melhoria da qualidade de vida da puérpera. A revisão da literatura voltada para esse tema 
indica alta prevalência de dor, constipação intestinal, IU, DME e o desconforto ao amamentar 
no pós-parto, e que a atuação da fisioterapia é de suma importância para a parturiente, durante 
esse período é que ocorre as grandes modificações em seu corpo, e ela necessita de ajudar de 
um profissional bem qualificado, desde uma simples orientação de como se posicionar para 
amamentar até um exercício para o fortalecimento do MAP, para assim, evitar as disfunções do 
assoalho pélvico, e mostrar que a fisioterapia apesar de nova nesse ramo vem provar que é 
muito importante na saúde da mulher. 
 
CONCLUSÃO 
 
A intervenção fisioterapêutica é uma ferramenta importante tanto na prevenção quanto 
no tratamento da DMRA, podendo ser realizada nos períodos pré e pós-parto. Deste modo, nos 
estudos analisados, o recurso fisioterapêutico mais utilizado consiste em cinesioterapia na 
forma de exercícios de reeducação respiratória e estimulação a contração dos músculos 
abdominais. A eletroestimulação e a ginástica abdominal hipopressiva também foram eficazes 
na redução significativa da diástase, podendo ser iniciados já no pós-parto 
A mulher necessita no período pós-parto de suporte social, familiar e de um 
acompanhamento multiprofissional. A fisioterapia nesta fase é de grande importância, pois um 
programa de exercícios auxilia no retorno rápido a condições pré-gravídicas e evita problemas 
futuros. 
Porém, faz necessário mais pesquisas sobre assunto, e também um maior esclarecimento 
e divulgação sobre o trabalho realizado pela fisioterapia junto as pacientes puérperas, visto que 
a fisioterapia promove benefícios e previne complicações tardias. Considerando o enfoque dos 
autores estudados, constata-se que a fisioterapia possui recursos que são indispensáveis no 
tratamento de alterações causadas nas puérperas e que o meio de tratá-las aponta para a 
possibilidade da reeducação perineal, conforme assevera, dentre outros. 
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AVALIAÇÃO DO USO DE PSICOTRÓPICOS DISPENSADOS PELO SISTEMA 
ÚNICO DE SAÚDE (SUS) FRENTE À PANDEMIA DA COVID-19 NA REGIÃO 
NOROESTE PAULISTA 
Keli Aline Sanches Palhares 1 
Ketrillin Kawane Proni Ferreira 
Natally Rol Da Rocha Vicentin 
Adônis Coelho 2 
 
RESUMO 
 
Os psicofármacos são moduladores seletivos do sistema nervoso central. Por serem 
medicamentos fundamentais e seguros, o uso inadequado, não prescrito e abusivo, provoca 
tolerância, dependência e outras reações adversas extremamente danosas aos indivíduos, 
deixando clara a necessidade de intervenção.A presente pesquisa buscou verificar se houve 
aumento na dispensação de medicamentos psicotrópicos das listas B1 e C1, definidas pela 
Portaria n.º 344/98 – SVS/MS durante a pandemia da COVID-19 nas Unidades Básicas de 
Saúde e Estratégia de Saúde da Família (UBS/ESF), uma vez que estes locais são uns dos 
principais meios de busca. Trata-se de uma pesquisa qualiquantitativa realizada em farmácias 
públicas da região noroeste paulista. Os dados foram coletados através de um formulário on-
line constituído por uma pergunta e local para upload do arquivo com o relatório de consumo 
mensal de medicamentos do período de janeiro a dezembro de 2020. O estudo analisou 8 
farmácias públicas de municípios diferentes, onde selecionou os cinco medicamentos 
psicotrópicos mais dispensados de cada uma, identificando quatro classes terapêutica. Apenas 
quatro farmácias sugeriram que para alguns medicamentos psicotrópicos ocorreram aumento 
na dispensação, sendo estas a farmácia 1 com o fármaco cloridrato de fluoxetina, farmácia 3 
com o clonazepam, farmácia 4 na dispensação de cloridrato de sertralina e a farmácia 8 na de 
carbamazepina. Conclui-se que a distinção entre os dados é esperada, porém, quando 
significativas, podem ser usadas como estratégia para a triagem de pacientes elegíveis para 
assistência farmacêutica, a fim de contribuir para o uso seguro e racional destes medicamentos. 
Palavras-chave: Psicotrópicos. Farmácia pública. Sistema Único de Saúde. 
 
1 Acadêmicas do Curso de Farmácia, Centro Universitário de Jales (UNIJALES), Jales – SP. 
2 Mestre em Química, orientador e professor do Curso de Farmácia do Centro Universitário de Jales 
(UNIJALES), Jales - SP. 
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ABSTRACT 
 
Psychopharmaceuticals are selective modulators of the central nervous system. Because 
they are fundamental and safe medications, inappropriate, non-prescribed, and abusive use 
causes tolerance, dependence, and other adverse reactions that are extremely harmful to 
individuals, making the need for intervention clear. The present research sought to verify if 
there was an increase in the dispensation of psychotropic medications from the B1 and C1 lists, 
defined by the Administrative rule no. 344/98 - SVS/MS during the COVID-19 pandemic in the 
Basic Health Units and Family Health Strategy (UBS/ESF), since these places are one of the 
main means of search. This is a qualitative-quantitative research conducted in public 
pharmacies in the northwestern region of São Paulo. Data were collected through an online 
form consisting of one question and a place to upload the file with the monthly drug 
consumption report from January to December 2020. The study analyzed 8 public pharmacies 
in different municipalities, where it selected the five most widely dispensed psychotropic drugs 
in each, identifying four therapeutic classes. Only four pharmacies suggested that for some 
psychotropic drugs there was an increase in dispensing, pharmacy 1 with fluoxetine 
hydrochloride, pharmacy 3 with clonazepam, pharmacy 4 with sertraline hydrochloride, and 
pharmacy 8 with carbamazepine. We conclude that the distinction between the data is expected, 
but when significant, it can be used as a strategy to screen patients eligible for pharmaceutical 
assistance in order to contribute to the safe and rational use of these medications. 
Keywords: Psychotropics. Public pharmacy. Unified Health System. 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
No Brasil, o controle e a fiscalização de substâncias e medicamentos sujeitos a controle 
especial são estabelecidos pela Portaria SVS/MS n° 344/1998, de 12 de maio de 1998, a qual 
define as seguintes lista de substâncias: A1 e A2 (entorpecentes), A3, B1 e B2 (psicotrópicas), 
C1 (outras substâncias sujeitas a controle especial), C2 (retinóicas para uso sistêmico) e C3 
(imunossupressoras) (CRF-SP, 2017). 
A dispensação de tais fármacos devem ser feitas exclusivamente pelo farmacêutico, 
conforme o artigo 37 da Resolução CFF nº 357/2001: 
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Art. 37 - A dispensação das substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial, 
deverá ser feita exclusivamente por farmacêutico, sendo vedado delegar a 
responsabilidade sobre a chave dos armários a outros funcionários da farmácia que 
não sejam farmacêuticos. 
 
Os psicofármacos, também denominados psicotrópicos, são moduladores seletivos do 
sistema nervoso central capazes de causar dependência física ou psíquica. Os medicamentos 
psicotrópicos podem ser classificados em: sedativos, ansiolíticos, antidepressivos, 
antipsicóticos (neurolépticos), estimulantes psicomotores, psicomiméticos e potencializadores 
da cognição (RANG; DALE e RITTER, 2007; BEUX, 2016). 
A sua classe farmacológica envolve medicamentos fundamentais e seguros, porém o uso 
inadequado, não prescrito e abusivo, provoca tolerância, dependência e outras reações adversas 
extremamente danosas aos indivíduos, deixando clara a necessidade de intervenção (NOTO et 
al., 2002). 
Com o surgimento de uma nova cepa do coronavírus (SARS-CoV-2) em Wuhan - China, 
desencadeia um evento de larga escala na saúde pública, a pandemia da COVID-19 
(Coronavirus Disease 2019) (BRASIL, 2020). A doença é uma infecção respiratória 
contagiosa, onde a transmissão viral acontece da pessoa infectada para uma sadia, seja por meio 
de contato pessoal próximo ou com objetos e superfícies contaminadas, ou por meio de 
gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, seguido de contato com a boca, nariz e/ou olhos 
(WHO, 2021). O quadro clínico varia de infecção assintomática a pneumonia leve a grave que 
resulta em insuficiência respiratória, choque séptico, falência de múltiplos órgãos e morte 
(LEYSER; MARQUES e NASCIMENTO, 2021). 
 Diversas intervenções em saúde pública passíveis de realização que visam o controle 
de um surto de uma doença infecciosa, foram estabelecidas por países, estados e municípios 
diante a pandemia. Na qual, de forma ampla foi imposto para todos os brasileiros o isolamento 
social, a fim de que a transmissão da doença seja distribuída ao longo de um tempo maior que 
permita a resguarda hospitalar para todos que necessitarem (SCHUCHMANN et al., 2020). 
Um outro lado da pandemia, muitas vezes não discutido, está o aparecimento de 
transtornos mentais, dissabor psíquico e alteração do sono, que têm sido identificados como 
estressores da pandemia do COVID-19, sendo estes vinculados a informações falsas, notícias 
alarmantes, medo de contrair a doença, tensão econômica e incerteza sobre o futuro (BARROS 
et al., 2020). O isolamento social é capaz de modificar drasticamente a rotina das pessoas, além 
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de interferir em hábitos e costumes pertencentes a uma cultura/sociedade sendo evidentemente 
uma grande fonte de estresse e impactos à saúde mental de todos (NABUCO; OLIVEIRA e 
AFONSO, 2020). 
Com isso, a dispensação de medicamentos é uma atividade estratégica, sendo uma das 
últimas oportunidades de identificar, corrigir ou reduzir possíveis riscos associados à terapia 
medicamentosa do paciente (OPAS, 2003). Quando realizada de forma ética, legal e 
tecnicamente correta, o paciente percebe a melhora de sua qualidade de vida, o que fortalece o 
vínculo com o farmacêutico e o reconhecimento desse profissional como agente de saúde e da 
farmácia como estabelecimento de saúde (CRF-SP, 2017). 
 
2 OBJETIVOS 
 
2.1 Objetivo Geral 
 
 O presente estudo verificou a dispensação de medicamentos psicotrópicos das listas B1 e 
C1, definidas pelaPortaria n.º 344/98 – SVS/MS durante a pandemia da COVID-19 nas 
Unidades Básicas de Saúde e Estratégia de Saúde da Família (UBS/ESF), uma vez que estes 
locais são uns dos principais meios de busca. 
 
2.2 Objetivos Específicos 
 
 Identificar e caracterizar os medicamentos psicotrópicos mais dispensados; analisar e 
comparar a quantidade de medicamentos psicotrópicos dispensados e verificar se ocorreu 
aumento ou diminuição na dispensação de tais medicamentos. 
 
3 METODOLOGIA 
 
 Trata-se de um estudo qualiquantitativo, na qual foi realizado uma pesquisa em farmácias 
públicas da região noroeste paulista. Os dados foram coletados através de um formulário on-
line direcionado a farmacêuticos de municípios diferentes. O formulário foi constituído por uma 
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pergunta e local para anexar o relatório de consumo mensal de medicamentos da farmácia do 
período de janeiro a dezembro de 2020. 
Por se utilizar de consulta em banco de dados, a presente pesquisa fica dispensada de 
ser registrada e avaliada pelo sistema CEP/CONEP, de acordo com a Resolução do Conselho 
Nacional de Saúde, nº 510, de 07 de Abril de 2016, Art. 1º, parágrafo único, inciso V: “pesquisa 
com bancos de dados, cujas informações são agregadas, sem possibilidade de identificação 
individual”. 
Os dados são apresentados em porcentagens. 
 
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
Do total de 8 farmácias públicas que responderam à pesquisa, foram selecionados cinco 
medicamentos psicotrópicos mais dispensados de cada uma, reunindo oito fármacos sujeitos a 
controle especial. 
Dentre estes oitos medicamentos, encontram-se quatro classes terapêuticas mais 
dispensadas: os antidepressivos (ISRS) Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina com 
40% representados pelos fármacos cloridrato de sertralina (20%), cloridrato de fluoxetina 
(12%) e bromidrato de citalopram (8%). Os ansiolíticos benzodiazepínicos com 36% 
representados pelos ativos clonazepam (17%), diazepam (10%) e alprazolam (9%). O 
anticonvulsivante carbamazepina com 13% e um antidepressivo tricíclico (ADTs) inibidor não-
seletivo da receptação de monoaminas cloridrato de amitriptilina com 11%. 
O cloridrato de sertralina com 20% foi o fármaco que apresentou maior prevalência de 
dispensação, onde estava entre os cinco medicamentos psicotrópicos mais dispensados em seis 
farmácias, das oito amostras em estudo. Assim, consecutivamente do segundo ao quinto mais 
dispensado com 18% o clonazepam, a carbamazepina com 13%, o cloridrato de fluoxetina com 
12% e com 11% o cloridrato de amitriptilina. 
Os antidepressivos são drogas que aumentam o tônus psíquico melhorando o humor e, 
consequentemente, melhorando o desempenho psíquico global. Podem ser classificados em 
antidepressivos tricíclicos (ADTs), inibidores da monoamina oxidase, inibidores seletivos da 
recaptação de serotonina (ISRS) e antidepressivos atípicos (BALLONE, 2020). Medicamentos 
antidepressivos produzem aumento na concentração de neurotransmissores na fenda sináptica 
através da inibição do metabolismo, bloqueio de recaptura neuronal ou atuação em auto 
receptores pré-sinápticos (MORENO; MORENO e SOARES, 1999). 
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O Gráfico 1 apresenta fármacos antidepressivos dispensados por cinco farmácias 
públicas diferentes, sendo estes: o cloridrato de amitriptilina (antidepressivo tricíclico (ADTs)), 
cloridrato de fluoxetina e cloridrato de sertralina (antidepressivos (ISRS)). A dispensação de 
cloridrato de amitriptilina na farmácia 1 apresentou crescimento nos primeiros três meses, 
porém entrou em queda em abril e negativou o estoque do medicamento no mês de junho, não 
apresentando aumento no ano de 2020. 
 
Gráfico 1 - Dispensação de cloridrato de amitriptilina, cloridrato de fluoxetina e cloridrato de sertralina em 
farmácias públicas no ano de 2020. 
 
Fonte: autoria própria. 
 
A farmácia 5, também dispensadora de cloridrato de amitriptilina, manteve a 
dispensação constante nos primeiros cinco meses, zerando o estoque no mês de junho 
igualmente a farmácia 1, contudo exibiu fluxo decrescente nos meses de setembro a novembro, 
retratando uma diminuição na dispensação deste medicamento. 
Já a dispensação do cloridrato de fluoxetina representada pela farmácia 1 exibiu grandes 
quedas nos meses de junho e outubro, mas se manteve em crescimento nos demais meses, 
apresentando um aumento em sua dispensação no ano de 2020. Já na farmácia 2 o mesmo 
medicamento demostrou muitas alterações, revelando um fluxo maior de consumo no mês de 
julho, mas não apresentando aumento naquele ano. 
Nota-se que a farmácia 4, sendo esta dispensadora de cloridrato de sertralina, obteve um 
consumo maior do medicamento nos meses de março, junho, setembro e dezembro, mesmo 
ocorrendo menores dispensações em abril, agosto e novembro, revelando aumento no 
0
2000
4000
6000
jan 
(01)
fev 
(02)
mar 
(03)
abril 
(04)
maio 
(05)
jun 
(06)
julho 
(07)
ago 
(08)
set 
(09)
out 
(10)
nov 
(11)
dez 
(12)
Q
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Meses
Farmácia 1 - Cloridrato de Fluoxetina Farmácia 2 - Cloridrato de Fluoxetina
Farmácia 4 - Cloridrato de Sertralina Farmácia 7 - Cloridrato de Sertralina
Farmácia 1 - Cloridrato de Amitriptilina Farmácia 5 - Cloridrato de Amitriptilina
Exponencial (Farmácia 1 - Cloridrato de Fluoxetina) Exponencial (Farmácia 4 - Cloridrato de Sertralina)
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dispensamento no ano de 2020. Ao contrário, a farmácia 7 foi a que menos dispensou cloridrato 
de sertralina, mostrando pequenos aumentos nos meses de abril e junho, porém permaneceu 
constante nos demais meses. 
O Gráfico 2 demonstra a dispensação de dois medicamentos de classes terapêuticas 
diferentes em quatro farmácias públicas, sendo estes: o anticonvulsivante carbamazepina e o 
benzodiazepínico clonazepam. 
 
Gráfico 2 - Dispensação de carbamazepina e clonazepam em farmácias públicas no ano de 2020. 
 
Fonte: autoria própria. 
A carbamazepina é uma droga classificada como estabilizante do humor, sendo utilizada 
para a manutenção da estabilidade do humor. Por atuar estabilizando a hiperexcitação das 
membranas das células nervosas, apresenta propriedades anticonvulsivantes e antinociceptivas 
(ARAÚJO et al., 2011). 
Como mostrado no Gráfico 2, a farmácia 4 apresentou aumento no consumo nos meses 
de abril e maio, mas exibindo um fluxo decrescente nos demais meses. No entanto, a farmácia 
8 mostrou um fluxo crescente nos primeiros meses tendo suas quedas nos meses de junho e 
setembro, apresentando um aumento na dispensação do medicamento no ano de 2020. 
O clonazepam apresenta propriedades farmacológicas comuns aos benzodiazepínicos, 
que incluem efeitos anticonvulsivantes, sedativos, relaxantes musculares e ansiolíticos. 
Acredita-se que o seu mecanismo de ação se dá pelo aumento da transmissão de GABA (ácido 
gama-aminobutírico) que é o principal neurotransmissor inibitório do Sistema Nervoso Central 
(MOREIRA e BORJA, 2018). 
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Meses
Farmácia 3 - Clonazepam Farmácia 6 - Clonazepam
Farmácia 8 - Carbamazepina Farmácia 4 - Carbamazepina
Exponencial (Farmácia 3 - Clonazepam) Exponencial (Farmácia 8 - Carbamazepina)
REUNI (2022), Edição XII 54-69 
2022, Revista Científica do Centro Universitário de Jales (Unijales), ISSN: 1980-8925 
http://www.unijales.edu.br/reuni

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