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Neoplasias: Conceitos e Classificação

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AULA DE PATOLOGIA
NEOPLASIAS
Enfermeira Érica de Sousa 
Uniplan- Balsas 
2º SEMESTRE/ 2022
NEOPLASIAS
CONCEITOS
 
Oncologia/cancerologia: Ramo da patologia que estuda as neoplasias (gr."oykos"= volume, tumor).
Neoplasia (gr. "neo" + "plasis" = neoformação): Proliferação local de clones celulares atípicos, sem causa aparente, de crescimento excessivo, progressivo e ilimitado, incoordenado e autônomo (ainda que se nutra as custas do organismo, numa relação tipicamente parasitária), irreversível (persistente mesmo após a cessação dos estímulos que determinaram a alteração), e com tendência a perda de diferenciação celular.
NEOPLASIAS
 Agentes neoplásicos podem ser divididos em:
AGENTES FÍSICOS:
energia radiante: representadas pela radiação ultra-violeta e pelo raio X. Provocaram danos diretos à estrutura do DNA.
b) energia térmica: principalmente exposições constantes ao calor ou queimaduras, envolvendo principalmente lesões em pele. A constante exposição ao calor implica um alto grau de renovação celular, principalmente do epitélio cutâneo, o que faz com que a célula se multiplique constantemente, aumentando a probabilidade de mutações
NEOPLASIAS
 AGENTES QUÍMICOS
corantes: as anilinas, por exemplo, têm sido relacionadas ao desenvolvimento de cânceres no trato urinário.
b) fumo: a queima do tabaco também pode ser um agente promotor de transformação maligna
NEOPLASIAS
AGENTES BIOLÓGICOS:
virais: o DNA-vírus incorpora-se ao genoma humano ou participa diretamente dos mecanismos de multiplicação celular, incluindo suas proteínas nesse processo. Os RNA-vírus, ao contrário, copiam seqüências genéticas humanas e passam a interferir diretamente nos mecanismos celulares.
b) bacterianos: ainda não se conhece bem a participação de bactérias no mecanismo de formação neoplásica (alguns autores nem acreditam que tenha participação); contudo, têm sido fonte também de pesquisas.
NEOPLASIAS
NOMENCLATURA E CLASSIFICAÇÃO
Baseia-se na 
origem (epitelial, mesenquimal ou embrionária), 
no comportamento (benigno ou maligno) 
na morfologia da neoplasia.
 
NEOPLASIAS
Hipoplasia – reduzido número de células
Hiperplasia – aumentado número de células
Metaplasia – conversão de tipo celular
Displasia – mudança no fenótipo celular
Anaplasia – perda da diferenciação celular
Neoplasia – proliferação celular anormal
NEOPLASIAS
No organismo taxa de multiplicação celular é controlada dentro de certos limites
Uma das principais características das neoplasias é a proliferação celular descontrolada
Células neoplásicas sofrem perda de diferenciação
Vários receptores celulares controlam a resposta a estímulos de crescimento
Células neoplásicas sofrem alterações e conseguem evitar a apoptose, tornando a proliferação constitutiva
NEOPLASIAS / NOMENCLATURA
Tumor – qualquer lesão que tem como consequência aumento de volume…pode ser uma inflamação localizada.
Câncer – normalmente este termo é usado para identificar qualquer neoplasia maligna.
NEOPLASIAS /CLASSIFICAÇÃO
1. Pelo comportamento clínico (maligno e benigno)
2. Pelo aspecto microscópico
3. Pela origem da neoplasia
Mais comum identificar pelo aspecto histomorfológico
NEOPLASIA
Classificadas em:
Benignas – crescem de maneira localizada, circunscrita. Não são letais nem causam transtornos ao hospedeiro, podem evoluir despercebidas por muito tempo.
Malignas – crescimento muito acelerado, infiltram tecidos vizinhos e sofrem metástase, provocando perturbações homeostáticas graves que podem levar a morte.
NEOPLASIAS /NOMENCLATURA
Nome da célula, tecido ou órgão + sufixo
 –oma: qualquer neoplasia,maligna ou benigna
-sarcoma: neoplasia maligna de céls de origem mesenquimal
Osso, cartilagem, gordura, musculo, vascular…
Mais raro … em torno de 1% dos casos
-carcinoma: neoplasia maligna de tecido de epitélio de revestimento
- Linfoma – células sanguineas que maturam na medula - linfóide
- Leucemia – células sanguineas que maturam na circulação - mielóide
NEOPLASIAS /NOMENCLATURA
Quando a neoplasia epitelial for maligna, utiliza-se o sufixo "Carcinoma". Se a neoplasia maligna for de origem mesenquimal utiliza-se o sufixo "Sarcoma".
NEOPLASIAS /NOMENCLATURA
	Estrutura	Tumor Benigno	Tumor Maligno
	Tecidos epiteliais
Epitélio de revestimento
Epitélio glandular	Papiloma
Adenoma	Carcinoma
Adenocarcinoma
	Tecidos conjuntivos
Tecido fibroso
Tecido adiposo
Tecido cartilaginoso	Fibroma
Lipoma
Condroma	Fibrossarcoma
Lipossarcoma
Condrossarcoma
	Tecido nervoso
Neuroblasto	Ganglioneuroma	Ganglioneuroblastoma
	Vasos
Sanguíneos
Linfáticos	Hemangioma
Linfangioma	Angiosarcoma
Linfangiossarcoma
			
			
			
Quando a neoplasia apresenta componentes epiteliais e mesenquimais igualmente neoplásicos, recebe a denominação "Tumor misto".
CLASSIFICAÇÃO
	Existem critérios de classificação para as neoplasias conforme os padrões de comportamento destas (se agressivas ou não). Esses critérios dizem respeito À CLASSIFICAÇÃO PROGNÓSTICA, pela qual,  basicamente, as neoplasias podem ser divididas em BENIGNAS ou MALIGNAS. Dentro dessa classificação, esses dois tipos possuem características macroscópicas e microscópicas peculiares:
 
	Critérios	Neoplasias benignas	Neoplasias malignas
	velocidade de crescimento	lenta	rápida
	forma de crescimento	expansiva	 expansiva e infiltrativa
	crescimento a distância (metastáses)	ausente	presente
CARACTERÍSTICAS ANATÔMICAS MACROSCÓPICAS
CARACTERÍSTICAS ANATÔMICAS MICROSCÓPICAS
Os tumores benignos apresentam suas células semelhantes às do tecido de origem. Seus núcleos não estão alterados
As neoplasias malignas apresentam células com núcleos alterados: há irregularidades na forma, tamanho e número; podem surgir mitoses atípicas, hipercromasia nuclear (=grande quantidade de cromatina), pleomorfismo (variados tamanhos e formas de núcleo e da célula como um todo) etc. O citoplasma dessas células pode ter a relação núcleo/citoplasma alterada. Essas características microscópicas são consideradas índices de atipia.
NEOPLASIAS BENIGNAS
Células não tão diferentes do tecido original – bem diferenciadas
Células crescem unidas entre si e não infiltram em tecidos vizinhos
Compressão do tecido adjacente forma cápsula fibrosa
Crescem de maneira lenta ... boa vascularização ... não formam zona de necrose e hemorragias são incomuns
NEOPLASIAS BENIGNAS
Apesar de benignos podem trazer consequências
Compressão de órgãos e vasos, produção de excesso de alguma substância
Tumores pancreáticos
Secretores de insulina ... podem levar a hipoglicemia fatal
Gliomas localizado sem regiões profundas do encéfalo
Difícil remoção ... podem levar a compressão, necrose de regiões vitais e morte
Portanto, visão mais ampla da definição de maligno ou benigno é necessária
NEOPLASIAS MALIGNAS
Característica e propriedades das células malignas
Crescimento e diferenciação
Multiplicação fora do controle normal do organismo
Tumores diferenciados são menos agressivos e crescem mais lentamente
Tumores malignos são menos diferenciados e tem ritmo de crescimento mais rápido
NEOPLASIAS
Malignidade
Grau 1: Bem diferenciado
Grau 2: Moderadamente diferenciado
Grau 3: Pouco diferenciado
Grau 4: Não diferenciado
 
NEOPLASIAS MALIGNAS
Adesividade
Reduzida adesividade entre si
1. Irregularidades na membrana
2. Diminuição de estruturas juncionais
3. Redução de moléculas de adesão
4. Redução da adesão ao interstício
NEOPLASIAS MALIGNAS
Característica e propriedades das células malignas
Função celular
Perda da diferenciação pode estar associada a perda da função
Alguns perdem totalmente a função do tecido original
Alguns perdem parcialmente
 Ex.:Adenoma ou carcinoma da suprarenal
Continua com função de produção de hormônios esteróides Porém se tornam insensíveis aos mecanismos de controle .Consequência = níveis excessivos na circulação
NEOPLASIAS MALIGNAS
Característica e propriedades das células malignas
Bioquímicas
Captam mais aminoácidos
Células cancerosas consomem muita glicose
Consumo de glicose permite rastrear localização
Características de células embrionáriasProliferação e metabolismo rápido
NEOPLASIAS MALIGNAS
Característica e propriedades das células malignas
Motilidade
Devido a menor adesividade e modificação da estrutura
Podem infiltrar tecidos adjacentes
Primeiro passo da disseminação
No novo local podem originar novas colônias tumorais
NEOPLASIAS MALIGNAS
Propagação e disseminação de neoplasias
Propriedade mais importante das células malignas
Infiltração = via de disseminação para tecidos adjacentes
A gravidade do câncer depende deste fator
Podem ser localmente invasivos mas não originar metastáses
NEOPLASIAS MALIGNAS
Propagação e disseminação de neoplasias
Metástase = mudança de lugar
Formação de nova lesão tumoral a partir de uma primeira sem continuidade entra as duas
Processos:
1. Destacamento das células da massa tumoral
2. Deslocamento pela matriz extracelular
3. Invasão de vasos linfaticos ou sanguíneos
4. Adesão ao endotélio do vaso no órgão alvo
5. Saída do vaso
6. Proliferação no tecido alvo
Classificação das neoplasias
Todos os tecidos tem origem em três camadas germinativas (ectoderma, mesoderma e endoderma).Os tumores podem se originar de qualquer um destes folhetos:
1.Tumores simples: as células neoplásicas (benignas ou malignas) se originam de apenas 1 folheto embrionário.
2.Tumores mistos: as células neoplásicas dão origem a 2 ou 3 folhetos embrionários (ambos neoplásicos). Podem ter um componente benigno e outro maligno, ambos benignos ou ambos malignos.
3.Tumores bifásicos: as células tumorais (monoclonais) estimulam a proliferação de um componente celular normal (policlonal).
Classificação prognóstica das neoplasia em benignas ou malignas conforme a macroscopia. À esquerda vemos uma neoplasia benigna (fibroma em útero), em que se nota aumento de volume do órgão como um todo (crescimento expansivo), sem alteração de superfície; a coloração está meio alterada (mais esbranquiçada, em decorrência do acúmulo de fibras colágenas). À direita um carcinoma em fígado, uma neoplasia maligna. Olhe como é irregular a distribuição do tecido neoplásico (mapeamento), parecendo infiltrar-se no tecido hepático (crescimento infiltrativo e expansivo). A superfície é mais rugosa e também há alteração de cor.
Neoplasia maligna epitelial, exibindo hipercromatismo (setas), células de tamanhos e formas variados (pleomorfismo), vacuolização no citoplasma e alteração da relação núcleo-citoplasma. Mitose atípica é vista no centro do campo.
Leiomioma de útero, neoplasia benigna de tecido muscular liso, o qual apresenta massas esféricas e bem delimitadas.
Neoplasia maligna metastática (AC) em pulmão. Vemos que a massa tumoral apresenta coloração bem diferente em relação ao pulmão, bem sua consistência é mais fibrosa. As metástases em geral costumam ser mais delimitadas, apesar de malignas.
Principais estruturas derivadas das camadas germinativas:
1)Ectoderma
•Sistema nervoso
•Epitélio sensorial do olho, ouvido e nariz
•Epiderme e seus anexos
•Neurohipófise
•Esmalte dos dentes
•Melanócitos da pele
Principais estruturas derivadas das camadas germinativas:
2) Mesoderma
•Cartilagem
•Osso
•Tecido conjuntivo
•Músculos lisos e estriados
•Rins
•Gônadas 
•Membranas serosas
•Baço 
•Córtex supra renal
Principais estruturas derivadas das camadas germinativas:
3) Endoderma
•Revestimento epitelial dos trato gastrointestinal e respiratório
•Revestimento das vias urinárias
•Revestimento da cavidade timpânica e tuba auditiva
CRESCIMENTO SECUNDÁRIO
	As neoplasias podem se desenvolver no seu local de origem, com crescimento dito primário ou in situ. Porém, diante de um desenvolvimento neoplásico maligno, podem-se observar crescimentos secundários, ou seja, há um desenvolvimento neoplásico distante do seu local de origem.
 
CRESCIMENTO SECUNDÁRIO
Os crescimentos secundários podem se desenvolver de duas maneiras:
a) por invasão: as células neoplásicas penetram os tecidos vizinhos, estas mantendo continuidade anatômica com a massa neoplásica de origem. Fatores como proliferação celular, movimento amebóide das células, pouca adesividade etc. contribuem para esse tipo de crescimento
CRESCIMENTO SECUNDÁRIO
Os crescimentos secundários podem se desenvolver de duas maneiras:
b) por metástase: constitui um crescimento à distância, sem continuidade anatômica com a massa neoplásica de origem. 
Os órgãos mais afetados por metástases são o pulmão, o fígado, os rins, o cérebro e os ossos. Algumas teorias tentam explicar essa predileção; uma primeira teoria aborda a fisiologia tecidual desses órgãos, a qual seria propicia para a implantação das células neoplásicas; uma segunda teoria aborda a arquitetura vascular do órgão e a fisiologia de circulação, propiciando o contato das células neoplásicas com esses órgãos. É importante acrescentar que uma célula que atinja a corrente sangüínea não significa que haverá metástase. Essa célula pode ou ser destruída por mecanismos de defesa ou formar um êmbolo e um trombo, vindo a morrer mais tardiamente. Quando penetra no interstício, a massa neoplásica pode se instalar fragilmente e iniciar sua multiplicação (formando-se daí a metástase), ou cair novamente na corrente sangüínea, continuando seu caminho.
VIAS DE DISSEMINAÇÃO DAS METASTASES
As vias de disseminação das metástases são principalmente a rede linfática (devido a presença marcante em tecido conjuntivos e sua estrutura sensível). A via hematogênica também pode ser responsável por este tipo de crescimento neoplásico devido a permeação de células em capilares e vênulas. Os carcinomas, em geral, se disseminam por via linfática; já os sarcomas, via hematogênica. Outras vias seriam a linfo-hematogênica,  a canalicular (de ductos envolvidos por epitélio) e a transcelômica (passagem de células neoplásicas através das cavidades serosas atingindo um local distante do primário).

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