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Resumo Platão REPUBLICA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
SETOR DE EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE TEORIA E FUNDAMENTOS DA
EDUCAÇÃO
DISCIPLINA: FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO I
PROFESSOR: UDO BALDUR MOOSBURGER
NOMES: ALLANA VICTÓRIA FRANÇA, CARLA SAIOMARA SOARES DOS REIS,
GIOVANA DO NASCIMENTO PEREIRA, JESSICA APARECIDA DE SOUZA, MARIA
EDUARDA CARDOZO.
A República
Parte 1: Resumo 369 B à 427 D.
O livro A República, trata-se de um diálogo narrado por Sócrates, escrito por
Platão no século IV a.C, em que traz a ideia do início de uma sociedade, com os
aspectos políticos, educacionais e sobre a justiça.
Sendo assim, na paginação 369B, o diálogo ocorre com a idealização dos
filósofos de quais eram os princípios básicos para a criação de uma cidade. Isso
posto, para eles, uma cidade se inicia quando uma pessoa torna-se incapaz de viver
sozinha, uma vez que, é necessário que haja uma colaboração entre os indivíduos
para que um empreendimento seja criado. Ademais, inicialmente, alguns aspectos
básicos considerados pelos filósofos para a construção de uma cidade, é a
necessidade de um lavrador para cultivar os alimentos, um tecelão para
confeccionar as roupas, e um pedreiro para construir as moradias. Outrossim, seria
necessário que cada indivíduo fosse apto para elaborar as determinadas atividades,
dado que, conforme as suas aptidões, os objetos seriam criados mais rápido e com
mais qualidade.
Dessarte, após uma longa discussão, os filósofos chegam a conclusão de que
é fundamental a implementação de importações, mercados e moedas para o bom
funcionamento da cidade, visto que, os poucos produtores agrícolas e artesãos
existentes não dariam conta de produzir sozinhos todos os elementos básicos
necessários para a população. Sendo assim, os trabalhadores responsáveis pelas
atividades do comércio, seriam os indivíduos que eram considerados fracos
fisicamente e incapazes de exercer outra função.
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DEPARTAMENTO DE TEORIA E FUNDAMENTOS DA
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À vista disso, os filósofos debatem sobre a classe dos trabalhadores, que
eram formados por pessoas que vendiam o seu trabalho braçal em troca de um
salário, ou seja, são os assalariados. Consequentemente, para Sócrates, esses
trabalhadores deveriam produzir suas próprias vestes e alimentos, trabalhariam
construindo casas, descalços e despidos durante o verão, e no inverno vestidos e
calçados da forma que convinha à eles. Além disso, os trabalhadores assalariados
fariam pães e bolos feitos com farinha de cevada e trigo produzidas por eles, que
seriam servidos em esteiras ou folhas limpas, dormiriam com seus filhos sobre as
folhas de teixo e murta, e seriam controlados à ter poucos filhos pela ausência de
recursos, uma vez que assim, teriam uma cidade farta e justa.
Desta maneira, os filósofos debatem que esta cidade possui lacunas que
devem ser resolvidas, pois acreditavam que o crescimento populacional geraria
guerras por disputa de territórios. Por conta disso, haveria soldados e guardas para
manter a ordem entre a população, que deveriam ser bons homens para a sua
família e agressivos para os inimigos, além de serem filósofos, fortes, ágeis e
honrosos. Ademais, os guardas deveriam ser educados através da ginástica para o
corpo, música para a alma e deveriam escutar fábulas. Isso posto, as fábulas seriam
vigiadas, em que, as boas seriam aceitas e as ruins seriam negligenciadas.
Consequentemente, as mães e as amas, seriam orientadas a contar essas fábulas à
seus filhos, a fim de que eles fossem moldados a serem boas pessoas.
Outrossim, as primeiras criações mitológicas deveriam conter grandes valores
morais, haja vista que os jovens não seriam capazes de distinguir o mal em
divindades ruins, sendo que, para os filósofos, Deus era justo e bom, e castigava
somente os malfeitores. Sendo assim, não seria aceito que poetas divulgassem
informações inerentes à Deus, com base nisso, foi criada uma lei que dizia ‘’Deus
não é causa de tudo, mas apenas do bem’’.
Para os filósofos, a mentira era odiada tanto pelos deuses, quanto pelos
homens. Para eles Deus era o grande exemplo de verdade, e não aceitavam que
ninguém falasse que Deus sendo bom era causador da desgraça, portanto, os
filósofos reforçam que não seria aceita qualquer propagação poética.
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Além disso, os professores não poderiam propagar suas poesias mentirosas
na educação dos moços, caso desejassem que eles possuíssem uma piedade
semelhante à de Deus, e tornou isso uma lei.
Em vista disso, não deveriam ministrar aos guardas os ensinamentos de
libertação, uma vez que, desta maneira não teriam medo da morte, e os gêneros de
fábulas deveriam elogiar as informações do inferno, dado que, isto seria necessário
para a aprendizagem dos novos combatentes. Eles tinham certo receio de que os
guardas se tornassem efeminados com tais abalos e mais excitáveis.
Para os deuses era inútil a guisa de medicamentos, mas para os homens era
bastante útil, mas seu uso deve ser reservado aos médicos, sem que os leigos
coloquem as mãos sobre elas.
Apenas tinham permissão de mentir os dirigentes da cidade, para enganar os
inimigos ou até mesmo os próprios cidadãos, e ninguém mais tinha esse privilégio.
No diálogo, Platão e os outros determinam que para a criação de uma cidade
ideal não se deve ensinar aos cidadãos histórias que possam deixar os jovens
levianos e maus. O autor passa então a pensar qual o estilo de narrativa deve ser
adotado na cidade platônica, para que se determine como deve ser seu conteúdo e
forma, em especial para a formação dos guardas. Como tem-se que na cidade ideal,
cada cidadão deve exercer somente um papel, uma profissão, já que só pode se sair
bem em uma, uma vez que se dividir suas forças em diversas partes em um só
tempo não se distinguirá em nenhuma, a imitação não é boa, já que uma pessoa
que reproduz imitações divide sua força em muitas partes, perdendo a potencial
eficácia em sua ocupação. Sendo assim, deve-se ter cautela com os ensinamentos
de tragédia e comédia na cidade, já que, nestas, os autores praticam a imitação e
não demonstram êxito nisso, em se parecer com outra coisa que não a sua
atribuição. Ou seja, é impossível à natureza humana, imitar bem muitas coisas ou
fazer as próprias coisas que a imitação reproduz.
Sendo assim, como se pretende que os guardas não tenham qualquer outra
obrigação além de se dedicarem exclusivamente à liberdade da cidade, será preciso
que não façam mais nada nem imitem coisa alguma. Salvo a única imitação que lhes
possa ser útil ao seu papel, a que lhes convém para tal, para que se tornem
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corajosos, temperantes, santos, livres e demais qualidades do mesmo gênero, ou
seja, o que lhes torne nobre. Porém, contanto que se reproduza tal ato desde a
infância, pois assim, o tempo torna a imitação em hábito, incorporando em si o que é
reproduzido, o que evidencia também o perigo da imitação, já que esta acaba por
ser incorporada à própria natureza, deve-se conhecer os loucos e os maus, mas não
imitá-los. Logo, lhes é desencorajado que imitem mulheres, doentes ou amorosas, já
que essas atitudes não condizem com o que os filósofos definem como bons
cidadãos, ideais, como se devem ser formados os guardas. Assim como escravos,
uma vez que realizam ocupações servis, em síntese, qualquer cidadão que faça o
contrário do determinado ideal para formação de um bom guarda.
Ao fim da discussão sobre a narrativa a ser adotada, como o que está em
questão é a imitação do próprio guardião a formar a sua nobreza, há somente uma
modalidade de estilo narrativo na qual o indivíduo de valor poderá se expressar, o
moderado, de modo a narrar feitos de pessoas de bem se exprimindo como se fosse
o próprio, sem envergonhar-se desta imitação, não querendo copiar exemplos
inferiores a ele, a não ser superficialmentee com vergonha, afinal, quanto maior a
mediocridade do orador, mais ele considerará tudo digno de si e imitará tudo,
constituindo seu discurso mais da imitação e menos de narração, o que não convém
à cidade platônica, pois a imitação leva a multiplicidade do indivíduo, o contrário do
ideal da ocupação única.
Passa-se então, ao debate sobre o canto e a melodia. Para a tradição musical
grega, uma canção se compõe de três partes: texto, melodia e ritmo, uma vez que
as palavras não diferem do discurso não cantado, e harmonia e ritmo devem
acompanhá-las, assim como na narrativa não é útil queixas e lamentações,
harmonias tristes e as dos banquetes também são impróprias para os guardas,
restando deste modo, a harmonia violenta, aquelas que imitam a voz e a expressão
de valentia e violência, e a voluntária, aquelas que se encontram em momentos de
paz e na execução que qualquer ato espontâneo, de moderação. Quanto aos ritmos,
deve-se determinar quais exprimem a vida ordenada e corajosa, e a partir disso,
adaptá-lo às palavras, e não o contrário.
O que distingue a aparência graciosa ou não, ou seja, o belo é sempre em
decorrência do ritmo ou sua falta, em qualquer arte. Esta presença do ritmo resulta
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da boa ou ruim maneira de falar, o ritmo e a harmonia regulam-se pela palavra. O
discurso a ser acompanhado por esses elementos depende da maneira de falar de
quem se ocupa da música, portanto, dependem da disposição da alma do músico. O
belo decorre da simplicidade da alma, do caráter tomado de beleza e bondade.
Assim, na educação musical, um indivíduo que desfruta adequadamente dela
aprecia o belo, alimenta-se dele e desta forma torna-se nobre e bom. Para isso, é
essencial ao músico que este saiba distinguir as formas de temperança, coragem,
liberdade e outras virtudes de mesmo gênero. Por fim, cabe a música também se
ocupar de zelar pelo prazer do amor, já que este, se verdadeiro, é amante da
sabedoria e beleza, devendo ser temperante e músico. Seguindo a virtude do belo,
os filósofos definem que, na cidade platônica, o amor não deve ser erotizado, caso
contrário o indivíduo será considerado grosseiro e carente de educação musical.
Em seguida, deve-se ensinar aos jovens a Ginástica, praticada desde a
infância, já que a alma, pela virtude que lhe é própria, molda o corpo da melhor
maneira possível, para que isso ocorra, que a alma possa cuidar adequadamente do
corpo ela deve ser devidamente educada. Em síntese, é a alma boa que torna o
corpo bom e não o contrário. Após tratar da educação do espírito, deve-se passar a
considerar os modelos de cuidados com o corpo: abster-se da embriaguez; regime
que não o torne precário e sonolento para a luta. As qualidades da educação do
corpo são consideradas por analogia à música, já que assim como a música gera a
temperança na alma, a ginástica gera saúde no corpo, tornando a dieta comparável
aos ritmos e harmonias.
Platão traz a prática “essencialmente dorminhoca” dos atletas como uma
conduta prejudicial, uma vez que os atletas deveriam se portar como guerreiros, já
que o regime de vida de um atleta não se trata de maneira frágil. De igual modo, a
Ginástica se destina para a guerra. Durante os banquetes, há de se reparar que a
comida do guerreiro é simples, deve saciar e não trazer peso, para que a
alimentação não seja um empecilho na rotina do atleta. Aos atletas que buscam
manter o corpo preparado, é sabido que há necessidade de abster-se das delícias
das cozinhas siracusana e siciliana, por exemplo. Sendo assim, Platão sugere a
carne assada para as refeições.
Comparam-se, ainda, à Música, uma vez que uma certa quantidade de ritmo e
harmonia desregulam a melodia, tal como uma variedade desregrada de alimentos
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despreparam um atleta. Caso haja um desequilíbrio, há uma concordância no
diálogo em que faz-se necessário aumentar a presença de hospitais e clínicas na
cidade, ainda que seja vergonhoso. Ao olhar para tal panorama, podemos ver uma
educação viciada, que tende a passar a maior parte da vida nos tribunais do que
buscar se organizar internamente para que isso não venha a ser necessário. Quanto
à Medicina, a questão que fica é: pelo que se dá o aumento dos nomes das
doenças? Heródico, professor de Ginástica, por exemplo, misturou tal
questionamento à Medicina e, na tentativa de prolongar seus dias na Terra, estudou
em busca de resultados de maneira que isso lhe levou à velhice.
O texto diz que “(...)em qualquer comunidade bem organizada, todo cidadão
recebe determinada incumbência que é obrigado a executar, sem que lhe sobre
tempo em toda a vida para ficar doente ou submeter-se a tratamentos” (PLATÃO. A
República, livro III, 406c), porém, o mesmo não pode-se aplicar aos artesãos e
demais trabalhadores. Cita ainda, o exemplo de um carpinteiro que foi ao médico e
as instruções do mesmo eram de repouso absoluto ou qualquer outro paliativo que o
atrapalhasse no desempenho pleno de seu trabalho, porém tal trabalhador deixará
que a vida se encarregue de melhorá-lo enquanto mantém suas obrigações em dia.
Caso o corpo não resista às doenças ou a recuperação, o carpinteiro finalmente
encontrará descanso. Dessa forma, cumpre-se o que Focílides disse: “é preciso
praticar a virtude quando se tem de que viver”.
Em seguida, tais questionamentos surgem em meio ao diálogo: quanto aos
que já são ricos, esses devem praticar tal virtude? E quanto a quem possui cuidado
excessivo com o corpo, prejudicando outras áreas da vida? Asclépio apresentou a
Medicina de maneira parcial, de modo que não tratava aqueles que foram minados
pela doença em si, pois isso não seria proveitoso nem para si nem para a
sociedade. Pelo que se afirma em meio a conversa, Asclépio é filho de Apolo e,
sendo filho de um deus, o dinheiro “mal adquirido” ou “lucro sórdido” não fazia parte
de suas raízes.
Sócrates ainda diz que é necessário termos em comunidade bons médicos e
bons juízes. Quanto à formação do primeiro, esses devem examinar a maior
quantidade de enfermidades, uma vez que é a sua alma que cuida de outros corpos
e precisa de estudo para tal. Quanto ao juiz, “a alma governa a alma”, sendo
necessário que esse seja educado desde cedo e não se dê as más companhias,
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para que não seja chegado aos vícios e tenha juízo perfeito para julgar a partir da
própria consciência, atingindo a maturidade necessária através dos estudos, não da
experiência pessoal. Tal maturidade se dá com o tempo e com muita observação,
para que se torne um juiz sábio.
Se assim fosse, a Medicina não alcançaria apenas o corpo, mas também a
alma. Entretanto, alguns cidadãos serão entregues por si mesmos às enfermidades.
Aqueles, porém, que se dedicam à Música e Ginástica, formam o corpo através da
alma, sendo flexíveis em um e inabaláveis em outro, dispostos a fazer o necessário,
sem que haja exagero, buscando não tornar-se bruto nem amolecer diante das
situações e dos treinos. Seria, ainda, a doçura de natureza filosófica? Uma vez que,
equilibrada, cumpre seu propósito mas, nos extremos, torna-se prejudicial para os
que possuem tal virtude? A necessidade em trazer harmonia para tais se mostra
cada dia mais presente.
Aqueles que se dedicam à Música não podem se deixar maleáveis demais,
mas precisam transbordar a mesma através de si, de maneira harmoniosa e fluente,
para que alcancem a fortificação do espírito, então fraco por natureza. A curiosidade
de saber pode-se enfraquecer através da falta de estímulos e alimentação
adequada, uma vez que não irá recorrer a argumentos, mas a força do próprio
braço, numa vida ignorante, fugindo do sentido e equilíbrio. Os que conciliam a
Música e a Ginástica alcançam a plenitude, sendo exemplos para o restanteda
comunidade.
Da mesma forma se dá o ensino e a educação, que deverão obedecer os
preceitos já mencionados. Seria prudente determinar que compete aos mais velhos
mandarem e aos mais novos obedecerem? Deve-se, ainda, escolher os melhores e
mais dedicados aos seus trabalhos: líderes, agricultores, guardas. Todos devem se
dedicar com amor, a fim de fazer um trabalho bem feito. Assim, que sejam vistos
desde sua mais tenra idade, buscando fidelidade a este princípio, visando o bem da
cidade como um todo.
Quanto à expressão “jogar fora”, Platão diz que a opinião que se dá com o
nosso consentimento, quando emitida, não costuma ser a verdadeira, diferente
daquela que emitimos contra a nossa vontade. Isso tem a ver com a chamada
“linguagem dos trágicos”, quando o indivíduo pode alterar a sua opinião, seja através
do roubo, do encantamento ou da violência. Para tanto, a respeito da procura entre
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os guardas se dará de forma a visar sempre o bem da cidade em primeiro lugar,
acima daquilo que seja vantajoso ou confortável para si próprio. É necessário que
desde a infância sejam promovidos confrontos, trabalhos e também sofrimentos,
para que desde cedo aprendam a lidar com tais situações onde a dicotomia lhes
aperte o espírito, a fim de trazer maturidade. Aqueles que permanecerem puros ao
passar por tais provações e pela própria mocidade “devem ser colocados como
dirigentes e guardas da cidade e, tanto vivos quanto mortos, receberão honrarias”.
Em meio a conversa, surge a dúvida de como tais coisas serão induzidas aos
dirigentes da cidade e aos cidadãos, uma vez que se tratam de um mito. Usariam
aquilo que os poetas chamam de “origem fenícia”? Aquilo que por eles foram
ensinados é como um sonho, onde aprenderam tais coisas debaixo da terra, até que
se completassem neles a obra da criação, onde todos são irmãos e que, a divindade
que os criou, os tornou tão preciosos que, em meio a sua criação, misturou-se ouro
com aqueles que foram chamados a liderar, prata naqueles que auxiliam e ferro e
bronze naqueles trabalhadores braçais.
Mesmo que todos possuam um nascimento comum, pode acontecer que pais
de ouro tragam filhos de prata, tal como o contrário e muitas outras possibilidades.
De maneira respeitosa, cada um será direcionado para a classe que
verdadeiramente pertence, a fim de honrar o seu valor. Ainda não há nenhuma
maneira de fazer com que os habitantes da cidade acreditem em tal mito, mas quem
sabe, o vivam a sua descendência, uma vez que seria de bom tom que todos se
dedicassem plenamente à cidade.
De toda forma, precisamos fazer a nossa parte, dando aos filhos da terra para
que os que lideram cuidem da cidade. Para aqueles que se recusam a obedecer a
Lei, em um acampamento da cidade, farão os sacrifícios necessários para o bem da
cidade. Que se preparem com tendas, para que possam se proteger dos inimigos,
do inverno e do verão.
Sócrates propõe que os guardiões vivam sem luxo, bens caros e conforto
excessivo, os guardiões devem trabalhar apenas para seu sustento, porque eles
trabalham para o bem estar com, segundo ele a classe de guardas seriam mais
felizes vivendo desta forma.
Sócrates considera a riqueza excessiva e a pobreza excessiva as causadoras
da deterioração das artes, a riqueza excessiva leva ao descuido, desleixo, por outro
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lado a pobreza excessiva leva os artistas a não ter dinheiro para comprar bons
materiais e assim também não conseguem ensinar a seus filhos o seu ofício, para
ele é necessário encontrar o meio termo.
Outra discussão que surge para criação da cidade perfeita é a guerra. Como
arcar com os custos da guerra? Para Sócrates na sociedade ideal haveria unidade e
valorização dos aliados, todos unidos arcariam com as despesas da guerra. Surge
também a discussão sobre a educação. Sócrates considera quatro virtudes
principais: Ciências (sabedoria), coragem, temperança e justiça. Ciências e coragem
têm classes específicas , temperança deve estar presente em todas as classes e a
justiça garante a harmonia entre as classes que formam o estado, cada uma dessas
classes devem se dedicar a sua área de especialidade e elas não devem se
intrometer nas áreas das outras classes. A justiça será considerada como condição
de ordem social.
Parte 2: Dúvidas relacionadas ao livro
● Quais seriam os prós e contras, caso essa organização fosse vigente nos
tempos atuais?
● O estabelecimento de uma cidade estado proposta por Sócrates é possível?
● A boa disposição física pode auxiliar no processo de maturidade, a fim de que
através do corpo, a alma seja fortificada?

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