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Das obrigações de dar, fazer, não fazer e alternativas

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Ana Luiza Bittencourt 
DIREITO CIVIL III – DAS OBRIGAÇÕES E RESP. CIVIL 
Das obrigações dar, fazer, não fazer e alternativas 
DAS OBRIGAÇÕES DE DAR COISA CERTA 
 
Devedor não é obrigado a entregar. 
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário 
resultar do título ou das circunstâncias do caso. Princípio da gravitação jurídica = os acessórios acompanham o 
principal, mesmo se não forem mencionados. Ex.: quando você compra um carro, devem vir os tapetes. Só pode negar 
a entrega dos acessórios se devedor e credor combinarem isso. Não engloba as pertenças (bem que foi feito para 
utilizar no bem principal, mas que não é parte integrante do bem principal), ao menos que isso esteja estabelecido no 
contrato. 
Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente 
a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, 
responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos. Perda da coisa. 
● Se a coisa se perder sem culpa do devedor antes da tradição ou pendente condição suspensiva: devedor não 
tem responsabilidade > resolve-se a obrigação para ambas as partes (o vendedor não pode exigir o valor para 
o devedor ou vice-versa > extingue-se a obrigação para ambas as partes) > Ex.: caso fortuito ou força maior. 
● Se a coisa se perder por culpa do devedor: devedor tem responsabilidade > haverá perdas e danos + o 
equivalente (preço da coisa). Ex.: Joaquim (credor) entabula um contrato de compra e venda com Juvenal 
(devedor), que deverá lhe entregar uma égua manga larga, com prazo de entrega para o dia 20/07/22, e o 
local de cumprimento da obrigação é a fazenda de Joaquim. O empregado parou num boteco e tomou umas 
e outras. Dispara com a égua e acaba sendo atropelado por um jipe. A égua tem que ser sacrificada. O Joaquim 
vai cobrar de Juvenal o valor da égua + perdas e danos. 
 
Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, 
abatido de seu preço o valor que perdeu. Deterioração sem culpa. Opções: resolver a obrigação // aceitar a coisa 
abatido o preço. Ex.: geladeira com arranhão na porta > resolver a obrigação (extinguir a obrigação) OU aceitar a coisa 
como está com valor mais baixo. 
Obs.: perecimento é quando o bem sofre perda total ou deixa de existir. Na deterioração a coisa foi apenas danificada, 
tendo perda parcial da coisa. 
Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, 
com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos. Deterioração com culpa. Opções: 
exigir o equivalente + perdas e danos // aceitar a coisa + perdas e danos. 
Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá 
exigir aumento no preço; se o credor não anuir (concordar), poderá o devedor resolver a obrigação. Ex.: vender a vaca 
para outra pessoa, mas antes da entrega descobre que a vaca está prenha > o melhoramento e acréscimo (o filhote) 
pertence ao vendedor OU caso o comprador queira o filhote pode aumentar o valor. Se não for acordado, extingue-
se a obrigação > o contrato é “cancelado” sem perdas e danos. 
Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes. Frutos percebidos são os que 
já foram colhidos (separados do bem principal) e os pendentes são os que já se separaram do principal. 
Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá 
o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda. Perda sem culpa do 
devedor: quem vai perder é o credor. Ex.: o proprietário aluga seu imóvel para o inquilino, mas ocorre uma ventania 
e leva o telhado. Nesse caso, quem vai arcar com as despesas é o credor (dono do imóvel). Os direitos anteriormente 
continuam > aluguéis atrasados ainda devem ser pagos, por exemplo. 
Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos. Perda com 
culpa do devedor: quem tem responsabilidade é o devedor > reparar o dano. 
Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a 
indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239. Deterioração sem culpa do devedor: o 
credor não tem direito de indenização. Deterioração com culpa do devedor: o credor pode aceitar a coisa deteriorada 
e/ou aceitar o equivalente + perdas e danos. 
Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, 
lucrará o credor, desobrigado de indenização. Se houver melhoramento da coisa sem despesa, não se pode pedir 
indenização (o restituidor não pode reclamar nada). Ex.: chuva faz cair uma árvore que depois se fortifica no terreno 
da casa > é um melhoramento, a casa agora tem uma árvore > o inquilino deve devolver a casa com a árvore > o lucro 
é do credor. O credor vai ficar com a coisa melhorada. 
Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas 
normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé. A partir do momento 
que o devedor faz acréscimos naquilo que ele tem que restituir, ele faz benfeitorias, que podem ser: 
Necessárias: aquilo que precisa ser feito > quando o devedor for restituir, o valor das despesas deve ser cobrado > o 
devedor tem direito a indenização > caso o credor não aceite, o devedor pode fazer a retenção da coisa > como não 
sair do local em que ele está morando. Ele pagou algo que o credor deveria ter pago. 
Úteis: melhora a coisa > mesma coisa > indenização ou retenção da coisa. 
Voluptuárias: coisa de mero prazer e deleite > o devedor pode fazer levantamento caso o credor não queira a coisa 
com os acréscimos > se não tiver como fazer o levantamento sem estragar, o devedor deve devolver a coisa com o 
conserto do estrago. 
Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do mesmo modo, o disposto neste Código, acerca do 
possuidor de boa-fé ou de má-fé. Frutos: 
Civil: aquilo de vantagem que a coisa produz para você. Pendentes (que ainda não foram colhidos, pertencem ao 
credor); Colhidos (pertencem ao possuidor de boa-fé); Percebidos (pertencem ao que de boa-fé estavam usufruindo 
de uma coisa alheia). 
Naturais: produzidos pela própria natureza. 
Industriais: coisa que você pegou e modificou (produzidos pelo homem) 
DAS OBRIGAÇÕES DE DAR COISA INCERTA 
Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade. Conceito de coisa incerta. Ex.: 
negócio jurídico > compra e venda de 100 canetas > haverá um momento em que o vendedor terá que 
especificar/determinar o que ele deve entregar > cor, marca, ponta > esse momento de especificação chama-se 
CONCENTRAÇÃO > transformação da coisa incerta em certa. 
Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não 
resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor. Regra geral > 
quem faz a concentração é o devedor, exceto se houver outra disposição/acordo no título (contrato/documento); 
PRINCÍPIO DO MEIO TERMO > aquele que for responsável pela coisa incerta pela coisa certa, não pode abusar do seu 
direito de escolha > ele deve obedecer ao meio termo. 
Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente. Depois que o devedor informa o 
credor sobre a concentração, o credor deverá dar a coisa certa. 
Art. 246. Antes da escolha (concentração), não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por 
força maior ou caso fortuito. Logo, se ele perdera coisa ou ela se deteriorar, o prejuízo será de quem deveria cumprir 
a obrigação. Mesma regra do art. 234. 
DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER 
- Pode ser de fazer coisa fungível (substituíveis) ou infungível (não podem ser substituídos). 
Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só 
por ele exequível. Obrigação de fazer infungível > aquele que não cumpriu sua obrigação, irá responder por perdas 
e danos. Ex.: se você contrata um determinado cantor, esse cantor não pode simplesmente recusar > se ele fizer isso, 
deve pagar indenização. Mas se você vai numa agência de shows e contrata um show sertanejo, a empresa pode 
mandar qualquer um, pois não foi especificado. 
Art. 248. Se a prestação do fato se tornar impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa 
dele, responderá por perdas e danos. Prestação impossível: sem culpa do devedor > extingue a obrigação (ex.: cantor 
não consegue ir ao show por caso fortuito ou de força maior) / com culpa do devedor (ex.: cantor não quis ir ao show) 
> perdas e danos. 
Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo 
recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível. Fungível. Ex.: o telhado de João estragou e ele contrata 
Juvenal para executar a obra, que não vai ao local. João contrata Joaquim, que passa a ter a obrigação de fazer o que 
Juvenal devia ter feito, sendo que é Juvenal que deve pagar Joaquim pelo trabalho. 
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar 
executar o fato, sendo depois ressarcido. Autotutela (desforço próprio) > contrata primeiro um terceiro para fazer o 
serviço e depois entra com ação de cobrança em busca do ressarcimento + perdas e danos. De acordo com o artigo, 
quem deve pagar Joaquim é o Juvenal, mas em caso de urgência o João pode pagar Joaquim e depois entrar com ação 
de cobrança contra Juvenal, pelas perdas e danos. 
 
DAS OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER 
Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do 
ato, que se obrigou a não praticar. Ex.: A (credor) pede para B (devedor) fazer um muro onde não pode ser feito > B 
pode se abster do ato e a obrigação será extinta. 
Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena 
de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos. Ex.: se B faz o muro onde não podia ser feito, A pode 
exigir que quebre o muro 
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de 
autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido. 
 
DAS OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS 
Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou. Regra geral: a escolha 
será do devedor, EXCETO se outra coisa não fora combinada (convenção das partes) > isso só pode ser se for uma 
obrigação alternativa. Ex.: entrega de um carro ou de um lote. Ou é o carro ou é o lote. 
§1º Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra. Proíbe cumprimento 
da obrigação de forma incompleta. Ex.: 100 cabritas ou 100 sacas de café > você não pode entregar 50 cabritas e 50 
sacas de café. Vai pagar perdas e danos. 
§2º Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período. 
Obrigação periódica: aquela que você não cumpre de uma vez (é cumprida por etapas). Ex.: negócio jurídico com um 
restaurante e se compromete a entregar 100 garrafas de vinho tinto mensalmente, ficando acordado que é pra 
entregar 25 garrafas por semana; no outro mês são garrafas de refrigerante. Como é periódica, numa semana você 
pode entregar 25 garrafas de vinho e na outra semana entrega 25 garrafas de refrigerante, depois vinho e por aí vai. 
§3º No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este 
assinado para a deliberação. Pluralidade de sujeitos que estão legitimados a fazer a escolha (concentração) entre 
uma coisa ou outra > ex.: gerente quer vinho tinto seco; credor quer refrigerante zero; terceiro quer vinho tinto suave 
> as 3 vontades são diferentes (e os 3 estão legitimados a escolher), então não dá pra resolver, logo, é o juiz que fará 
a escolha se já esgotou o prazo determinado pelo juiz. 
§4º Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não 
houver acordo entre as partes. Para evitar conflito, o juiz pode decidir alguém para efetuar a escolha. 
Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexequível, subsistirá o débito 
quanto à outra. Sendo impossível uma, a outra prestação continua vigorando. Se o devedor não entregar > perdas e 
danos. 
Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao credor a escolha, 
ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso 
determinar. Vai ter que apurar se essa impossibilidade é derivada da culpa do devedor e se ele que deveria fazer a 
escolha. Nesse caso, o credor deve pagar o valor do bem que se perdeu por último (a alternância já acabou) + perdas 
e danos. 
Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor 
terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas 
as prestações se tornarem inexequíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização 
por perdas e danos. Prestação subsistente ou o valor da outra + perdas e danos > o credor não é obrigado a receber 
aquilo que subsistiu (como é feito em regra) porque a escolha foi do credor > logo, tornou-se obrigação de dar coisa 
certa, então ele pode pedir perdas e danos. Se a escolha for do credor: ele tem 2 opções > pode ficar com a outra 
alternativa OU exigir perdas e danos + equivalente do que escolheu. Ex.: carro e lote > credor escolhe carro e a coisa 
se perde por culpa do devedor > ele poderia ficar com o lote, mas ao escolher o carro, a obrigação passou a ser de dar 
coisa certa > logo, ele pode ficar com o lote OU exigir perdas e danos e o valor do carro. 
Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação. Ex.: 
enchente que levou as cabritas e as galinhas, que eram as alternativas > caso fortuito (sem culpa) > extingue-se a 
obrigação. 
- Obrigações ALTERNATIVAS são diferentes das FACULTATIVAS: 
• Facultativas: o devedor cumpre a seu bel prazer aquela que te convém (não cabe escolha ao credor). 
• Cumulativa: deve entregar duas coisas > entregar “coisa X” e “coisa Y”. 
• Alternativas: ou uma ou outra das obrigações que foram convencionadas > entregar “coisa X” ou “coisa Y”.

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