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UNIVERSIDADE PAULISTA RAQUEL KÊNIA DE MEDEIROS DIAS ABUSO SEXUAL INFANTIL E A VULNERABILIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DE TRANSTORNOS MENTAIS SÃO PAULO 2013 Dias, Raquel Kênia de Medeiros Abuso sexual infantil e a vulnerabilidade para o desenvolvimento de transtornos mentais./ Raquel Kênia de Medeiros Dias. – São Paulo, 2013. 27 f. : il. color. , tabelas + 1 CD Trabalho de conclusão de curso (especialização) – apresentado à pós-graduação lato sensu da Universidade Paulista, São Paulo, 2013. Área de concentração: Saúde. “Orientação: Profª. Ana Carolina Schmidt” “Orientação: Prof. Hewdy Lobo” 1. Infantil. 2. Abuso sexual. 3. Transtornos. 4. Multiprofissionais. Universidade Paulista - UNIP. II. Título. III. Dias, Raquel Kênia de Medeiros. . . . . . RAQUEL KÊNIA DE MEDEIROS DIAS ABUSO SEXUAL INFANTIL E A VULNERABILIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DE TRANSTORNOS MENTAIS SÃO PAULO 2013 Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do título de Especialista em Saúde Mental para Equipes Multiprofissionais apresentado à Universidade Paulista - UNIP. Orientadores: Ana Carolina Schmidt de Oliveira e Hewdy Lobo Ribeiro. RAQUEL KÊNIA DE MEDEIROS DIAS ABUSO SEXUAL INFANTIL E A VULNERABILIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DE TRANSTORNOS MENTAIS Aprovado em: BANCA EXAMINADORA ____________________/__/____ Professor Dr. Hewdy Lobo Ribeiro Universidade Paulista UNIP ___________________/__/___ Ana Carolina Schmidt de Oliveira Universidade Paulista UNIP ___________________/__/___ Dr. Mário de Souza Costa Instituto Sedes Sapientiae Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do título de Especialista em Saúde Mental para Equipes Multiprofissionais apresentado à Universidade Paulista - UNIP. Orientadores: Ana Carolina Schmidt de Oliveira e Hewdy Lobo Ribeiro DEDICATÓRIA Ofereço este trabalho à minha cunhada Hannah Hussein El Saifi, a qual mesmo distante fisicamente me inspirou forças para concretizar este trabalho e me fez acreditar que podemos contribuir para o tratamento de vítimas de abuso sexual. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por me conceder a vida e as condições físicas para poder pensar, falar, escrever e auxiliar de forma profissional as pessoas que, assim como eu, precisam de apoio em algum momento de suas vidas. Aos meus pais, Iranilda de Medeiros Dias e Wagner Dias, pessoas tão valiosas, que me ensinaram a persistir sempre e caminhar para o bem comum. Por acreditarem em mim e compreenderem o tempo que dedico aos meus estudos e trabalho. Ao meu namorado Hélcio Martinho, com amor, presente em mais uma formação e etapa de minha vida. Por compreender, admirar e incentivar meus estudos. Por me aceitar como sou e entender que a ciência faz parte de mim como mulher. Ao querido Dr. Hewdy Lobo Ribeiro, pelas suas aulas fantásticas, didáticas e cheias de humor. Por ensinar fazendo a diferença no meu aprendizado. À Ana Carolina Schmidt de oliveira pela calma, sapiência e incentivo no decorrer deste trabalho. À Claudia Rosa Queiroz, com carinho, pela credibilidade e pelas situações vivenciadas no trabalho, as quais me inspiraram a escrever sobre a violência, especificamente a sexual, tão presente em nosso cotidiano de trabalho. Ao meu querido e sempre Professor Mário de Souza Costa, sempre atencioso e incentivador, guardo sua amizade em meu coração. E finalmente, a todas as mulheres vitimas de violência, as quais caminham para uma vida mais justa em sociedade e me animam para participar de suas conquistam. “A violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota”. (Jean-Paul Sartre) RESUMO Contexto: A correlação entre transtornos mentais em vitimas de abuso sexual infantil é frequentemente observada na literatura cientifica que descreve os impactos deste evento na vida e no desenvolvimento infantil. O abuso sexual é o segundo tipo de violência mais frequente em denuncias telefônicas do Brasil. Objetivo: Identificar e discutir a partir de artigos científicos atuais os impactos psicológicos do abuso sexual infantil, e relacioná-los à vulnerabilidade de crianças e adolescentes para desenvolver os transtornos mentais. Método: Revisão bibliográficas de artigos científicos na língua portuguesa referente ao abuso sexual infantil, e suas implicações no desenvolvimento de transtornos mentais em crianças e adolescentes. Foram selecionados sete artigos para a discussão dos resultados. Resultados: Os artigos descreveram a relação do abuso sexual com o transtorno de estresse pós traumático (TEPT), transtornos do humor, transtornos alimentares, fobias, esquizofrenia, parafilias e depressão. Também informaram sobre a queda no rendimento escolar, impactos na área social e na saúde física. Conclusão: Fica clara a necessidade de publicações referentes à prevenção do desenvolvimento de transtornos mentais em crianças e adolescentes que sofreram ASI, e promoção da resiliência; técnicas de manejo para o cuidado de crianças e adolescentes com transtornos mentais decorrentes do ASI; estratégias de cuidados para pais de jovens que sofreram ASI; e prevenção do ASI. Palavras Chaves: Abuso Sexual Infantil, Transtornos Mentais, Transtorno de Estresse Pós Traumático, TEPT, Infância, Adolescência, Revisão. ABSTRACT Context: The relationship between mental disorders in victims of child sexual abuse is often observed in the scientific literature that describes the impacts of those events on life and child development. Sexual abuse is the second type of violence most frequent in telephone complaints from Brazil. Objective: Identify and discuss psychological impacts of child sexual abuse, and relate them to the vulnerability of children and adolescents to develop mental disorders. Method: A review of scientific literature in the Portuguese language related to child sexual abuse and its implications in the development of mental disorders in children and adolescents. Seven articles were selected for discussion of results. Results: The articles described the relationship of sexual abuse with posttraumatic stress disorder (PTSD), mood disorders, eating disorders, phobias, schizophrenia, depression and paraphilias. Also reported the drop in school performance, impacts on social and physical health. Conclusion: It is clear the need of publications on the prevention of the development of mental disorders in children and adolescents who have suffered sexual abuse, and promoting resilience; management techniques for the care of children and adolescents with mental disorders arising from sexual abuse; care strategies for parents of young people who have suffered sexual abuse, and sexual abuse prevention. Key Words: Child Sexual Abuse, Mental Disorders, Post Traumatic Stress Disorder, PTSD, Childhood, Adolescence, Revision. SUMÁRIO LISTA DE ABREVIAÇÕES 11 1. INTRODUÇÃO 12 2. OBJETIVOS 16 3. METODOLOGIA 17 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO18 5. CONCLUSÃO 26 REFERÊNCIAS 28 11 Lista de abreviações: TEPT - Transtorno de Estresse Pós Traumático. TCC – Terapia Cognitivo-Comportamental AS – Abuso Sexual. ASI – Abuso Sexual infantil. AF – Abuso Físico. GC – Grupo Controle. GT – Grupo Teste. TH – Transtornos de Humor. 12 1. INTRODUÇÃO Segundo o Centro Regional de Atenção aos Maus Tratos na Infância – CRAMI (2009), o primeiro serviço destinado ao combate da violência contra crianças criado em 1988 no Brasil, o Abuso Sexual Infantil (ASI) é caracterizado como uma satisfação sexual do adulto com a criança que pode ser com ou sem contato físico. O CRAMI (2009) identifica as seguintes formas de ASI: Voyeurismo: sentir prazer sexual por meio de observação de relações sexuais ou genitais de crianças e adolescentes. Ocorre geralmente em locais que não possa ser visto observando outros. Carícias: manipulação do corpo da criança ou adolescente, podendo esta retribuir o ato com o adulto ou não, de modo que o abusador tenha satisfação sexual. Falas obscenas: falar explicitamente sobre qualquer forma de sexo na presença de crianças e adolescentes, ou dirigir-se com frases ou verbalizações obscenas. Material Pornográfico: apresentar à criança ou adolescente, vídeos, fotos ou qualquer material que expresse de forma explicita o sexo, podendo até mesmo usar a criança para produção destes. Exibicionismo: mostrar órgãos genitais ou submeter à criança ou adolescente a presenciar cenas de masturbação ou relações sexuais, bem como qualquer forma de manipulação do órgão sexual. Relação Sexual: nesta classe, classifica-se o estupro. É qualquer forma de manter relação sexual contra a criança e adolescente, seja ela oral, vaginal ou anal. O ASI pode acontecer em diversos contextos, sendo estes, intrafamiliar, extrafamiliar ou na forma de exploração sexual comercial, classificada como uma troca entre o ato (trabalho sexual) e um pagamento, sendo em dinheiro ou não (CRAMI, 2009). Tendo em vista o ASI na humanidade, Bass e Thornton (1983), verificaram que o ASI tem uma história difundida por meio de tradições em todo o mundo. Por exemplo, conforme as autoras, a lei talmúdica consentia a venda de mulheres e crianças desde que fossem pagas de forma adequada. Meninas de três anos de idade eram classificadas como sem valor monetário, pois eram 13 muito jovens para serem consideradas virgens. Em contra partida, os meninos com menos de nove anos, também poderiam ser usados sexualmente, conforme a lei previa. Com a vinda da lei canônica, a qual era substanciada pelo cristianismo, houve aumento da idade mínima legal para envolver meninas em atividade sexual, com faixa etária de até sete anos. Bass e Thornton (1983) explanam o ASI como uma cultura de massa sobreposta em diversos países. Na Índia, frequentemente os casamentos são arranjados entre homens com mais idade e crianças ou adolescentes, que são obrigadas a ter relação sexual, a qual acarreta em lesões por vezes permanentes. Ainda de acordo com as autoras, na China, durante séculos, as mulheres desde seus cinco anos de idade usavam sapatos menores que seus pés para satisfazer os homens com pés pequenos. Por fim, no passado, na África, as mulheres eram submetidas à mutilação genital, embora não se encontre literatura que confirme o objetivo desta ruptura do corpo feminino, acredita-se que tem o objetivo de permitir a relação do encesto. Referente a violência infantil no Brasil, FALEIROS (2004) descreve a história de violência contra a criança desde o descobrimento do Brasil, nos anos de 1500 à 1822, período em que o país foi colonizado por Portugal, dependendo das políticas provenientes de Lisboa, a qual juntamente com a igreja católica, definiam as leis e ordens. Nesse sentido, as crianças ficavam sobre os cuidados de padres jesuítas que as batizavam e as incluíam ao trabalho. A economia brasileira era movida por exportações de riquezas naturais, as quais eram realizadas por escravos da África, tratados como mercadorias. A criação de crianças escravas era comum, sendo estas, mais caras que a dos adultos. As crianças eram separadas de suas genitoras na primeira infância, sendo alimentadas por amas de leite (FALEIROS, 2004). Ainda de acordo com o autor, nesta época, haviam muitas crianças filhas de Senhores casados com escravas, os quais, na maioria das vezes eram abandonados em frente ás casas, chegando até mesmo serem comidos por ratos e porcos. Estes fatos ocasionaram atenção do vice-rei que propôs como forma de intervenção, o recolhimento de esmolas comunitárias ou internação dos infantes. Assim foi criado a “Casa dos Expostos”, também conhecida como 14 “Rodas” ou orfanatos que foram extintos aproximadamente no ano de 1050 por haver muitas mortes devido as más condições do orfanato ou descaso da Corte (FALEIROS 2004). Após este caminho percorrido, somente em 1959, na Assembléia Geral da ONU, proclamou-se a declaração dos Direitos da Criança, com base nos dez princípios, sendo um deles, o dever da sociedade e autoridades públicas, provir atendimento na proteção especial de crianças em situação de risco (BELOFF, 2001). Em 20 de setembro de 1990, na Convenção Internacional dos Direitos da Criança, foi definido sendo criança, toda pessoa com idade menor que dezoito anos. Este documento de lei, defende a criança sobre qualquer forma de exploração e expõe os direitos da criança (Decreto nº 99.710 de 21 de novembro de 1990). No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (Lei 8069/1990) demarcou o inicio de serviços nas políticas públicas para que garantisse os direitos dos infantes com responsabilidade envolvida em diversos setores, conforme preconiza o artigo 4º: É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. (Lei 8069/1990, art. 4 o ) Pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde e Sistema de Vigilância de Violência e Acidentes – VIVA (2012) verificou aumento de denúncias telefônicas relatando crimes de ASI no Brasil. Conforme os dados, nos primeiros quatro meses de 2012 cerca de três mil denúncias foram realizadas pelo Disque Direitos Humanos – Disque 100. Comparado com o ano de 2011, houve 71% de aumento nas denúncias. A mesma pesquisa informa ser o ASI, com idades entre 10 e 14 anos, o segundo maior tipo de violência nesta faixa etária, tendo, 10,5 % de notificações por meio de denúncias, sendo que, o primeiro lugar é ocupado por violência física. O ASI está entre as formas de maus tratos contra crianças e adolescentes, como violência física, psicológica, negligencia e abandono, que 15 podem ser fatores de risco relevantes para o desencadeamento de transtornos mentais. Devem ser consideradas as repercussões na vida dessas pessoas, como exemplo, o desenvolvimento na área escolar, social e sua saúde física e mental (ADELD et al, 2006). Nesse sentido, não somente a vida psíquica do indivíduo é abalada, pois a violência repercute em diversos setores da vida. Goldfeder (2011) descreve de forma psicanalítica que a criança é submetida ao outro como um objeto, e este adulto, muitas vezes seu pai, exerce sentimentos ambivalentes, o que mobiliza a criança ainda mais, produzindo até sentimentos de ódio voltados para si mesmo. Ainda de acordo com o autor, a criança tem sentimento de desamparo, o que é caracterizado como um sentimento primitivo. Nesse sentido, o ASI seriaum trauma para a criança, considerando ser uma experiência de excesso e diante da dificuldade de lidar com este trauma, o indivíduo fica impossibilidade de se reorganizar psiquicamente. No entanto, a criança não pode ser vista somente como uma vítima, considerando que no processo analítico cada sujeito tem uma função construtiva, tem desejos e subjetividade (JUNIOR; RAMOS, 2010). Os autores também informam que, muitas vezes, a atuação dos profissionais, fixa as vítimas e agressores nestes lugares, fato que os excluem, permanecendo apenas como objetos para exercer as leis e dar subsídios à ciência. Tendo em vista estes impactos do ASI na qualidade de vida de crianças e adolescentes, a vulnerabilidade que traz para o desenvolvimento de transtornos mentais e o aumento de denúncias de ASI no Brasil, pesquisas acerca do ASI são necessárias para contribuir no âmbito cientifico do tema, possibilitando bases para programas de prevenção e intervenção. 16 2. OBJETIVOS Identificar e discutir a partir de artigos científicos atuais os impactos psicológicos do ASI, e relacioná-los à vulnerabilidade de crianças e adolescentes para desenvolver os transtornos mentais. 17 3. METODOLOGIA Foi realizada busca de artigos científicos na língua portuguesa referente ao ASI, e suas implicações no desenvolvimento de transtornos mentais em crianças e adolescentes. A pesquisa foi realizada na base de dados Lilacs, com o descritor “Abuso Sexual Infantil”. Como filtros para a busca, foram selecionados artigos em português completos, e os termos: “Pedofilia”; “Transtornos Mentais” 1 “Transtornos de Estresse Pós-Traumáticos”; “Parafilia” 2; “Síndrome da Criança Maltratada”; “Transtornos Mentais”; “Testes Psicológicos”; “Psicopatologia”; “Psicoterapia”; “Psicoterapia de Grupo”; “Terapia Comportamental”; “Transtorno Bipolar”; “Psiquiatria Infantil”; “Transtornos de Alimentação na Infância”; “Transtornos do Humor”; “Transtornos de Estresse Traumático”; “Transtorno Depressivo”; “Serviços de Saúde Mental”. Foram incluídos artigos que apresentavam o ASI e transtornos mentais como assunto principal. Foram excluídos estudos que abordavam apenas sintomas, abuso sexual em outras faixas etárias, validação de instrumentos, e transtornos mentais no abusador ou em familiares da vítima. 1 Conforme DALGALARRONDO (2008) Transtorno Mental é adoecimento, um estado mental em que a pessoa apresenta comportamentos que lhe cause sofrimento. 2 Conforme DALGALARRONDO (2008) parafília é um transtorno de comportamento sexual, definido por fantasias e práticas sexuais lesivas à pessoa e aos demais. 18 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram encontrados 22 artigos na base de dados Lilacs, apenas sete foram selecionados de acordo com os critérios estabelecidos, e estão resumidos na tabela abaixo: Autores. Ano. Título Amostra Metodologia Resultados Conclusão SERAFIM et al. 2011 . Dados demográficos, psicológicos e comportamentai s de crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual. 205 crianças e adolescentes vítimas de AS (130 meninas e 75 meninos). Avaliação clínica com psiquiatra, entrevista diagnóstica com psicólogo e bateria de testes psicológicos (Pfister 20, TAT, CAT-A, HTP). Considerável porcentagem de crianças e adolescentes apresentaram transtornos mentais (depressão, TEPT e fobias); e expressaram alterações de comportamento. Aspectos psicológicos, psiquiátricos e comportamentai s influenciam o desenvolvimento emocional de crianças e adolescentes. PASSAREL A; MENDES; MARI. 2010. Revisão sistemática para estudar a eficácia de terapia cognitivo- comportamental para crianças e adolescentes abusadas sexualmente com transtorno de estresse pós-traumático. Apenas 03 estudos foram analisados por preencherem os critérios de inclusão. Revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados que avaliaram o TEPT em crianças e adolescentes entre 1980 e fevereiro de 2006. A TCC no tratamento de crianças e adolescentes vítimas de ASI com TEPT diminui os sintomas do TEPT, com ou sem participação da família. Os estudos apresentaram eficácia da TCC nestes casos. Não encontraram estudos de TCC combinada com tratamento farmacológico. ZAVASCHI et al . 2006. Transtornos do humor no adulto e trauma psicológico na infância. GT: 59 participantes com diagnóstico de TH. GC: 47 Estudo de caso controle. Instrumentos: Mini, versão brasileira; Histórico de AF: 60,2% no GT e 38,3% no GC. Histórico de ASI: 32,3% no GC e Dados significativos de associação entre TH e traumas na infância, 19 pessoas sem diagnóstico de TH. Amostras entre 18 à 65 anos. blocos e vocabulário do WAIS R. Trauma na infância: AF, AS, exposição à violência e perda dos pais. 12,8% no GT. Sem dados de perda na infância. Exposição à violência: 12,6% no GC e 8,06% no GT. principalmente entre pacientes maníacos. HABIGZAN G et al. 2010. Caracterização dos sintomas do Transtorno de Estresse Pós- Traumático (TEPT) em meninas vítimas de abuso sexual. Dois grupos de participantes. Estudo I: 40 meninas de 9 à 16 anos. Estudo II: 15 meninas de 7 à 13 anos. Compararam instrumentos de avaliação do TEPT nos dois grupos: o SCID no I, e o K- SADS/TEPT no II. Presença de TEPT nos dois estudos, em 70% das amostras. Diferença dos sintomas encontrados: maior índice de esquiva e entorpecimento no estudo I; maior média de excitabilidade aumentada, no estudo II. Confirmou a literatura que refere o TEPT como maior patologia encontrada em crianças e adolescentes vítimas de ASI. Ambos os instrumentos são adequados para este tipo de avaliação. BORGES; DELLAGLIO . 2009. Funções cognitivas e Transtorno de Estresse Pós- Traumático (TEPT) em meninas vítimas de abuso sexual. Grupo Caso: 12 meninas vítimas de ASI. GC: 16 meninas sem histórico de AS com idade de 8 à 13 anos. Estudo clínico de caso controle. Instrumentos: K- SADS-PL Brasil; Inventário de Depressão Infantil; Teste d2); dígitos WISC III; Rey Auditory Verbal Learning Test; Trail Making Test. Grupo Caso : TEPT em 66,6%. Maior número de erros e maior amplitude de oscilação da atenção visual concentrada, nas meninas deste grupo. Exposição ao ASI é fator de risco para desenvolvimento de TEPT. O ASI pode produzir alterações na cognição, especialmente quando coexiste o TEPT e sintomas de depressão. GOSLING; ABDO. 2011. Abuso sexual na infância e desenvolviment Foram selecionados 5 estudos das Revisão narrativa com busca de artigos Alterações neuroanatômica s e funcionais Há correlação entre pessoas vítimas de ASI e 20 o da pedofilia: revisão narrativa da literatura. bases de dados Pubmed e Embase. nas bases se dados: Lilacs, PubMed, Scielo e Embase. em pessoas com vivências recorrentes de ASI e que apresentam parafilias. Pedófilos. Alterações neurológicas são evidentes a ponto de ser possível identificar pessoas com parafilia. KERR et al. 2000. Abuso sexual, transtornos mentais e doenças físicas. Foram selecionados 71 artigos e 14 livros. Revisão de literatura sobre ASI e repercussões orgânicas e psíquicas, entre o ano de 1987 e 1997, nas basesde dados: MedLine e Lilacs. Quanto às repercussões psíquicas, estudos apontaram depressão e transtornos alimentares em vítimas de ASI; alto índice entre pessoas que apresentaram transtornos psicóticos. O AS deve ser visto como fator predisponente para desenvolver mau prognóstico em algumas doenças físicas e psicológicas. Legendas: TEPT - Transtorno de Estresse Pós Traumático. TCC – Terapia Cognitivo-Comportamental AS – Abuso Sexual. ASI – Abuso Sexual infantil. AF – Abuso Físico. GC – Grupo Controle. GT – Grupo Teste. TH – Transtornos de Humor. Borges e Dell’Aglio (2009) tiveram como objetivo investigar a presença de TEPT, os sintomas de TEPT e alteração nas funções cognitivas (atenção, memória verbal declarativa, flexibilidade cognitiva/funções executivas) em meninas vítimas de ASI. A amostra foi composta por 12 meninas vítimas de ASI (grupo caso) e 16 meninas sem histórico de ASI (grupo controle), ambos os grupos com idade de oito a treze anos. 21 Foram realizados dois encontros com o responsável para coleta de dados demográficos e de saúde. Para avaliação do TEPT e comorbidades psiquiátricas foi utilizado o K-SADS-PL Brasil e Inventário de Depressão Infantil (CDI). Na avaliação das funções cognitivas (atenção visual, habilidade motora, atenção dividida sequenciada) foi utilizado o Teste d2. Para avaliação de memória de trabalho, incluiu-se o subteste dígitos da WISC III. Para avaliação da memória verbal declarativa e aprendizagem verbal foi aplicado o Rey Auditory Verbal Learning Test. Na avaliação de atenção visual, habilidade motora e atenção dividida seqüenciada foi utilizado o Trail Making Test (BORGES; DELL’AGLIO, 2009). Em relação às funções cognitivas, foi detectada maior incidência de erros tipo omissão, e alterações na atenção visual concentrada, principalmente quando associado ao TEPT e sintomas da depressão (BORGES; DELL’AGLIO, 2009). Os resultados descreveram que o TEPT foi diagnosticado em oito meninas do grupo caso (66,67%), sendo que neste grupo, mesmo as meninas sem o transtorno apresentaram sintomas declarativos de TEPT parcial. Além da violência sexual, considerado o pior evento traumático em 83% dos casos, as meninas do grupo caso tiveram ocorrência de outros tipos de violência: 58,3% violência doméstica e 50% violência urbana. Concluem que o ASI representa um importante fator de risco para TEPT, e que a demora no diagnóstico pode aumentar o risco de cronificação do transtorno (BORGES; DELL’AGLIO, 2009). Em estudo realizado com as mesmas autoras em 2008, foi realizada uma investigação com 16 meninas entre sete e treze anos vítimas de ASI, e suas mães. Foi possível constatar que, tanto as participantes quanto suas genitoras desenvolveram transtornos mentais após o evento do abuso. A partir de avaliação por equipe especializada, 10 meninas da amostra, preencheram os critérios diagnósticos para o TEPT, sendo que as outras seis participantes apresentaram TEPT parcial. Além do TEPT foram identificadas comorbidades psiquiátricas sendo estas: Transtorno de Ansiedade de Separação, Transtorno de Ansiedade generalizada, Depressão Maior, Distimia, Fobia Social e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (BORGES; DELL’AGLIO, 2008). 22 Ainda, referente aos riscos de ordem familiar sobrepostos aos casos de abuso sexual, Borges e Dell’Aglio (2008) observaram que além do abuso sexual, as meninas foram vítimas de abuso físico, psicológico negligência e maus-tratos. As participantes, em seu histórico e vida, tiveram perdas físicas e emocionais nas figuras paternas, seja pela separação dos pais, afastamento do contato emocional, ou óbito dos pais. A intergeracionalidade esteve presente neste estudo, pois foi observado que as mães de quatro meninas revelaram ter histórico de abuso sexual, uma inclusive sendo vítima do mesmo abusador. Outras formas de abuso também perpassaram pelas vidas destas mães, inclusive abuso físico e abandono (n=10), tendo ainda vivenciado problemas conjugais (n=10) (BORGES; DELL’AGLIO, 2008). Lima e Alberto (2011) também realizaram estudo com mães de vítimas de ASI. A amostra era de mulheres com idade entre 35 a 50 anos (n=13) que vivenciaram ASI, a fim de saber a forma que as participantes lidam diante do ASI em suas filhas. Com base nas entrevistas semiestruturadas, contatou-se que as palavras de maior associação das participantes em relação ao ASI ocorrido com suas filhas (vida, acontece, pessoa , coisa, muita, tipo, confiar, sei, penso, tenho, acho, vai, situação, dessa, entende, viver, forma, homem, difícil, gosto e abuso), quando comparadas com o relato da própria experiência de ASI das mães, resultaram em significativa associação com a forma subjetiva diante do episódio de ASI das genitoras. Este mesmo estudo pontuou que diante da repetição da situação do ASI com as filhas, as genitoras buscam sua própria forma de interpretar a situação atual, e o atendimento voltado para as mães destas crianças poderia ser significativo, considerando que elas poderiam dar maior suporte emocional para as crianças. Habigzang et al (2010), assim como Borges e Dell’Aglio (2009) realizaram pesquisa empírica com meninas que sofreram ASI. Para tanto, definiu dois grupos diferentes de vítimas como amostra: no grupo I participaram 40 meninas com idades entre 9 e 16 anos; no grupo II 16 meninas com idade entre 7 e 13 anos. Objetivaram avaliar os sintomas do TEPT nestas crianças e adolescentes, utilizando dois instrumentos de avaliação: o módulo de TEPT do SCID no grupo I, e o módulo de TEPT do K-SADS-PL no grupo II. Houveram duas entrevistas nos dois grupos, sendo uma com os pais ou cuidador da criança ou adolescente e, outra com o participante. Os 23 instrumentos utilizados são compostos por perguntas que investigam os critérios de avaliação para o TEPT, conforme o DSM IV- TR, sendo estes: revivência do trauma, esquiva e entorpecimento e, excitabilidade aumentada (HABIGZANG et al, 2010). Nesta pesquisa, os resultados apontaram sintomatologia do TEPT em ambos os grupos, proporcionando margem de 70% da amostra nos dois instrumentos de avaliação. Somente nos critérios de esquiva e entorpecimento, e de excitabilidade aumentada ocorreram diferenças quando comparadas nos grupos, pois no estudo I apresentou maior índice de esquiva e entorpecimento e, no estudo II, maior média de excitabilidade aumentada (HABIGZANG et al, 2010). Conforme as autoras, os instrumentos possuem o mesmo número de questões, no entanto, tal discrepância ocorreu devido à formulação das perguntas serem diferente em cada instrumento, o que não altera o conteúdo do sintoma a ser investigado. No entanto, foi identificado que o fator da idade das participantes pode ter direcionado para a diferença nos critérios de avaliação entre os dois instrumentos, considerando que conforme o desenvolvimento da infância e adolescência, a capacidade cognitiva difere a forma de compreender seu estado interno (HABIGZANG et al, 2010). Segundo Serafim et al (2011), dentre as formas de dano aos jovens acometidos por abuso sexual, está a sensação de desamparo. A pesquisa dos autores foi realizada Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo com crianças e adolescentes do sexo feminino e masculino (n = 205), encaminhadas para atendimento por órgãos do Sistema Judiciário. Identificaram através de avaliação psicológica que as vítimas mostraram sentirem-se em ambiente ameaçador, sem proteção, hostil e desamparador. Nesta mesma pesquisa, os autores mostraram que, nos participantes foi identificado altos índices de depressão: 59,2% em meninas e 38% em meninos; TEPT: 36, 1% em meninas e 29.3% nos meninos; fobias:23,0% nas meninas e 22,6 em meninos. Apenas 4.6% das meninas e 9, 3% dos meninos não apresentaram alteração psiquiátricas (SERAFIM et al, 2011). Em relação aos aspectos comportamentais dos participantes da referida pesquisa, houve significativa alteração do comportamento quando as crianças e adolescentes estavam na presença de uma figura masculina, pois 33% das 24 meninas e 41% dos meninos sentiam-se retraídas na presença de pessoas do sexo masculino. Observaram-se ainda outros comportamentos, como o isolamento: 15% em meninas e 33% em meninos; agressividade: 12% nas meninas e 18% nos meninos; comportamento erotizado: 23% em meninas e 02% em meninos e, queda no rendimento escolar: 14% nas meninas e 05% nos meninos. Nesse sentido, concluíram que o ASI, provoca profundo trauma e uma parcela significativa de danos psicológicos, psiquiátricos e comportamentais, impactando na vida emocional e relacional de acrianças e adolescentes (SERAFIM et al, 2011). Passarela et al (2010) realizou revisão sistemática de bibliografia referente aos estudos que utilizaram a terapia cognitivo comportamental (TCC) em crianças e adolescentes que foram vítimas de abuso sexual e, posteriormente apresentaram TEPT. Em se tratando de estudo randomizado, dentre os 43 artigos, apenas 3 foram inclusos no trabalho devido preencherem os critérios, sendo que deveriam ter diagnóstico sob o critérios do DSM-IV ou CID-10 TR e faixa etária de 0 à 18 anos. Foi utilizado ensaios clínicos dos anos de 1980 a fevereiro de 2002, com resultados que apontaram a remissão, melhora clínica e perdas medidas estatisticamente. Os autores descreveram resultados informando que nas crianças no pós- tratamento, a TCC teve maior efeito na redução dos sintomas de TEPT. A presença dos pais ou cuidadores no tratamento contribuiu para um bom prognóstico principalmente em crianças (PASSARELA et al, 2010). Em estudos com adultos que foram vítimas de ASI, também é possível verificar a associação do ASI com transtornos metais. Zavaschi et al (2006) em estudo de avaliação de caso-controle utilizando a Mini International Neuropsiquiatric Interview (MINI) para avaliar trauma durante a infância, objetivou pesquisar a associação do transtorno de humor (TH) na fase adulta com o trauma psicológico na infância. O grupo caso, foi composto por 93 participantes com TH e o grupo controle por 47 pessoas sem diagnóstico de TH. Dentre as formas de trauma psicológico, foram considerados: violência na comunidade, perdas de pais ou cuidadores, abuso físico e abuso sexual infantil. Os pacientes com TH, quando comparados com o grupo controle, tinham maior prevalência de abuso sexual na infância (34,3% versus 12, 8%) O estudo também apontou que pacientes com episódios maníacos apresentaram 25 níveis de maior contato com violência na comunidade, abuso físico e sexual do que os pacientes não maníacos (ZAVASCHI et al, 2006). Em estudo de revisão de literatura sobre histórico de ASI em adultos pedófilos, Gosling e Abdo (2011) verificaram que há uma correlação entre pessoas que foram abusados sexualmente e pedófilos. Além das alterações de comportamento, o ASI pode levar a alterações na estrutura do cérebro, mudanças neuroanatômicas e funcionais. A partir da revisão, os autores concluíram que, as alterações neurológicas são evidentes a ponto de ser possível identificar uma pessoa com parafilia e mais especificamente, o pedófilo. Nesse sentido, a prevenção do abuso sexual é fator relevante para a redução de desenvolvimento da pedofilia. Ainda sobre transtornos mentais em adultos vítimas de ASI, Paravent e colaboradores (2011) conduziram uma pesquisa com 120 mulheres envolvendo um grupo com transtornos alimentares proveniente de ambulatório especializado de uma universidade, e um grupo controle sem transtornos, de um ambulatório de oftalmologia. Este estudo apontou uma relação significativa entre Anorexia Nervosa em mulheres que sofreram ASI, em relação às mulheres com bulimia nervosa e grupo controle. Ainda nesta pesquisa, 14, 4% da amostra que apresentou anorexia alegaram ter vivenciado um ou dois episódios de abuso sexual na infância. De acordo com os resultados, foi avaliado que, as vítimas de ASI tiveram risco de 5,8 % para desencadear a Anorexia Nervosa, quando comparado com o grupo que não teve histórico de ASI. Kerr et al (2000), em seu estudo de revisão bibliográfica, também identifica os transtornos alimentares como prejuízo em pessoas que sofreram o ASI. Discorre também sobre os transtorno do humor, como a depressão, e sobre os transtornos psicóticos. Esta revisão bibliográfica verificou textos em que pacientes com transtornos psicóticos relataram terem sido vítimas de abuso sexual no período da infância, sendo encontrado uma fonte com a incidência em 53% do grupo pesquisado (KERR et al, 2000). 26 5. CONCLUSÃO O presente estudo teve como objetivo identificar e discutir os impactos psicológicos do ASI, em relação à vulnerabilidade para o desenvolvimento de transtornos mentais. Pode-se verificar que atualmente existem pesquisas que confirmam esta relação. Nos artigos encontrados foi possível observar a correlação com o ASI e transtornos alimentares (KERR 2000), TEPT (SERAFIM 2011; HABGZANG 2010; BORGES e DELL´AGLIO 2009), transtornos do humor (ZAVASCHI 2006), depressão (SERAFIM 2011; KERR 2000), esquizofrenia (KERR 2000), fobias (SERAFIM 2011), e parafilias (GOSLING et al, 2011). Além do desenvolvimento de transtornos mentais, foi possível observar que há impactos nos relacionamentos da vida social e afetiva das crianças vítimas de ASI, bem como, o isolamento e retraimento na presença da figura masculina, além de comportamento desfavoráveis para uma vida social: comportamento erotizado e agressividade (SERAFIM 2011). Em relação ao tratamento, na procura, houve poucos estudos científicos comprovando a eficácia de tratamentos para estes jovens que desenvolveram transtornos mentais após o ASI, sendo encontrado apenas um artigo sobre a TCC. Este dado aponta para um campo a ser estudado para que formas de tratamento sejam embasadas para as diferentes demandas destes pacientes, inclusive para aqueles que não contemplados pela TCC. Nesse sentido, importante informar que esta forma de terapia não pode ser definida como a mais eficaz e sim como a que foi encontrada na literatura para embasamento deste artigo. Observamos que, ainda nos estudos abordados neste trabalho que, além do ASI, foram detectados outras formas de violência em vítimas de ASI, e inclusive em crianças e adolescentes de grupos controles que não tinham histórico de ASI, como a violência doméstica e urbana (BORGES; DELL’AGLIO, 2008), e exposição à traumas (ZAVASCHI 2006). Desta forma, pesquisas cientificas para a prevenção e tratamento de danos destas outras formas de violência se tornam urgentes. Vale ressaltar que a maioria dos estudos obtiveram como amostra pessoas do gênero feminino, sendo necessário maiores estudos sobre meninos 27 vítimas de ASI, e sobre os pais destas crianças, que também devem ser contemplados e respeitados em suas demandas nestes casos de ASI. Assim, uma vez que a relação do ASI com a vulnerabilidade para transtornos mentais está estabelecida em literatura científica, fica clara a necessidade de publicações referentes às técnicas de manejo para o cuidado de crianças e adolescentes que apresentam transtornos mentais decorrentes do ASI; estratégias de cuidados para pais de jovens que sofreram ASI; e prevenção do ASI. 28 REFERÊNCIAS ADED, Naura Liane de Oliveira, DALCIN, Bruno Luiz Galluzzi da Silva, MORAES Talvane Marins el al. Abuso sexual em crianças e adolescentes: revisão de 100 anos de literatura.Rev. psiquiatr. clín. Vol. 33, n.4, 2006. BASS, Ellen; THORNTON, Louise (org.). Nunca contei a ninguém. São Paulo: Harper & Row do Brasil, 1985. BELOFF, M. (Org). Infância, lei e democracia na América Latina: análise crítica do panorama legislativo no marco da Convenção Internacional dos Direitos da criança (1990-1998). Blumenau: Edfurb, 2001. BORGES, Jeane Lessinger; DELL´AGLIO, Débora Dallbosco. 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