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Sociologia 01

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DISCIPLINAS COMPLEMENTARES 
Sociologia Jurídica 
João Lordelo 
Aula 1 
 
 
ROTEIRO DE AULA 
 
 
• 1 - Introdução à sociologia da administração judiciária 
 
➢ Gestão significa realidade empresarial 
 
o Juiz como gestor (da coisa pública e processual) 
o Gestão processual: forma como esse serviço é prestado: (Processo eletrônicos; segurança digital; tecnologia da 
informação; videoconferência; rodízios de juízes; dentro outros exemplos que impactam diretamente na prestação 
jurisdicional) 
o Lógica de empresa 
o Jurisdicionados como clientes 
o Trazer resultados adequados 
 
➢ 1.1 Aspectos gerenciais da atividade judiciária 
 
o Marcos tradicionais do Poder Judiciário (PJ) 
▪ Como o poder judiciário é visto de uma forma tradicional 
▪ Inércia (somente se manifestar quando provocado), 
▪ Imparcialidade (distanciamento dos demais sujeitos), 
▪ Essas marcas geraram uma excessiva burocratização e 
▪ Distanciamento da sociedade 
▪ O juiz não se comunicava com o público, somente se manifestava nos autos 
▪ O juiz atuava como jurista, nada além disso (ausência de postura proativa –se afastando da ideia de eficiência) 
 
 
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▪ Poder Judiciário como conservador, burocratizado e distanciado da sociedade 
 
o Década de 1990: 
▪ Crise do PJ. 
- Crise no judiciário surgiu com o aumento das relações de consumo 
 
▪ Novo modelo de administração e formação de membros; 
- Juízes passaram a ser demandados em outros aspectos 
- Formação mais atualizada 
- Novo tipo de capacitação dos juízes 
- ex. juízes de garantia, quando surgiu no Chile, trouxe muitas mudanças ao processo penal e fez com que muitos 
juízes se aposentassem; passou a ser matéria autônoma nas faculdades; a mudança foi tão grande que foi 
necessária a mudança da mentalidade dos juízes de lá 
 
▪ Implicações da sociedade de massas 
▪ Influências e preocupações com o processo coletivo 
▪ Processos por bloco/amostragem 
▪ Começa a dialogar com a sociedade diante da maior provocação desta 
▪ Reformas no processo de execução 
 
o Res n. 75 do CNJ: aspectos gerenciais da atividade judiciária. 
▪ Juízes como juristas E gestores administradores 
▪ Juiz e formas eficientes de administração dos processos e da estrutura do poder judiciário 
 
o Modelos de administração dos tribunais 
 
▪ Presença de muitos entraves e ineficiência 
▪ Resultados ruins com muitos gastos (relação de eficiência deve ser: gastos x resultados – resultado alto e gastos 
baixos) 
▪ Juiz apenas como jurista, não havendo nada de administrador 
 
 
 
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▪ Muita delegação e fragmentação dos órgãos e unidades ao invés de concentração em apenas uma pessoa 
▪ Quanto maior o destaque do servidor, maior o “prêmio” 
▪ Judiciário usando a tecnologia para gerir processos e a estrutura 
▪ “Grande empresa”: a máquina deve funcionar de forma eficiente, de modo que é necessário introduzir 
mecanismos de gestão da iniciativa privada 
▪ Continuidade: busca por estratégias de gestão que contemplem vários anos (planejamento a longo prazo) 
▪ Juiz para além de ser jurista, sendo também um gestor da coisa pública 
 
 
▪ Divisões temáticas que importam para o modelo gestionário 
 
➢ 1.2 Gestão 
 
o Planejamento do judiciário 
o Papel da EC nº 45/2004: CNJ. 
▪ CNJ no topo da função administrativa do Judiciário 
▪ surge no contexto de crise do Poder Judiciário 
▪ Dois pilares de atuação como órgão de controle do Poder Judiciário: 
- a) função correcional; 
i) correições 
 
 
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ii) fiscalização 
iii) controle da atuação lícita dos servidores e membros do Judiciário 
 
- b) função de planejamento central e gestão do Poder Judiciário. 
i) Planejamento da forma de gestão no plano macro (mais amplo) 
 
▪ “Art. 103-B, § 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e 
do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe [...] 
VI - elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças prolatadas, por unidade da 
Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário; 
VII - elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário 
no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Federal a 
ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa.” 
 
▪ Portanto, o CNJ: 
- Incentiva as ferramentas de gestão 
- Não possui o monopólio da administração 
- Buscou descentralizar essa administração 
- Planejamento com linhas gerais pelo CNJ 
- Controle dos atos administrativos 
- Preocupação com o controle de produtividade (ex. elaboração de relatórios semestrais) 
 
o Planejamento e a Gestão Estratégica no âmbito do Poder Judiciário 
▪ O planejamento estratégico traz ideias de qual a missão, valores e objetivos a serem alcançados pela “empresa” 
▪ Planejamento macro e que vincula todas as unidades do judiciário 
▪ Resolução n. 198/2014: Estratégia Nacional do Poder Judiciário para o sexênio 2015/2020 (Estratégia Judiciário 
2020) - (min. 6 anos): 
- Note o planejamento amplo e contínuo (6 anos) 
- “Art. 1º Instituir a Estratégia Nacional do Poder Judiciário para o sexênio 2015/2020 – Estratégia Judiciário 2020 
– aplicável aos tribunais indicados nos incisos II a VII do art. 92 da Constituição Federal e aos Conselhos da Justiça, 
nos termos do Anexo, sintetizada nos seguintes componentes: 
a) Missão; 
b) Visão; 
c) Valores; 
d) Macrodesafios do Poder Judiciário. 
 
 
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Parágrafo único. Os atos normativos e as políticas judiciárias emanados do CNJ serão fundamentados, no que 
couber, na Estratégia Nacional do Poder Judiciário. 
 
- “Art. 3º A Estratégia Judiciário 2020 poderá ser desdobrada e alinhada em três níveis de abrangência: 
I – nacional, nos termos do Anexo, de aplicação obrigatória a todos os segmentos de justiça; 
II – por segmento de justiça, de caráter facultativo; 
III – por órgão do Judiciário, de caráter obrigatório, desdobrada a partir da estratégia nacional e, quando aplicável, 
também da estratégia do respectivo segmento, sem prejuízo da inclusão das correspondentes especificidades.” 
 
- “Art. 4º Os órgãos do Judiciário devem alinhar seus respectivos planos estratégicos à Estratégia Judiciário 2020, 
com a possibilidade de revisões periódicas.” 
 
- “Art. 7º A execução da estratégia é de responsabilidade de magistrados de primeiro e segundo graus, conselheiros, 
ministros e serventuários do Poder Judiciário. 
Parágrafo único. Para promover a estratégia, devem ser realizados eventos, pelo menos anualmente.” 
 
- “Art. 8º Os órgãos do Poder Judiciário manterão unidade de gestão estratégica para assessorar a elaboração, a 
implementação e o monitoramento do planejamento estratégico.” 
 
- “Art. 13. O CNJ manterá disponível, no seu portal, o Banco de Boas Práticas e Ideias para o Judiciário (BPIJus), a 
ser continuamente atualizado, com o intuito de promover a divulgação e o compartilhamento de práticas e ideias 
inovadoras, visando ao aperfeiçoamento dos serviços judiciais.” 
 
- ANEXO 
“Missão do PJ: Realizar justiça. 
Visão do PJ: Ser reconhecido pela sociedade como instrumento efetivo de justiça, equidade e paz social. 
Atributos de valor para a sociedade: Credibilidade; Celeridade; Modernidade; Acessibilidade; Transparência e 
Controle Social; Responsabilidade Social e Ambiental; Imparcialidade; Ética; Probidade. 
MACRODESAFIOS 
- Efetividade na prestação jurisdicional; 
- Garantia dos direitos de cidadania; 
- Combate à corrupção e à improbidade administrativa; 
- Celeridade e produtividade na prestação jurisdicional; 
- Adoção de soluções alternativas de conflito Gestão das demandas repetitivas e dos grandes litigantes; 
- Impulso às execuções fiscais, cíveise trabalhistas; 
- Aprimoramento da gestão da justiça criminal; 
 
 
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- Fortalecimento da segurança do processo eleitoral; 
- Melhoria da Gestão de Pessoas; 
- Aperfeiçoamento da Gestão de Custos; 
- Instituição da Governança Judiciária Melhoria da Infrainstrutura e Governança de TI.” 
 
• 2. Relações sociais e jurídicas 
 
➢ Qual é o objeto da sociologia? 
 
o Aspecto amplo: 
▪ Estudo das relações humanas = comportamento do ser humano em relação aos seus pares. 
▪ Relações intersubjetivas 
▪ Conduta humana intersubjetiva 
▪ Diferentemente da psicologia, que nasceu focando nos elementos internos da psique humana, a sociologia se 
preocupa com os aspectos intersubjetivos 
▪ Não se preocupa com o ser humano de forma isolada, mas com a relação entre os seres humanos 
 
o A sociologia jurídica observa as influências que o Direito tem sobre o comportamento humano 
 
➢ Émile Durkheim (1858-1917): 
o Objeto fatos sociais estruturais: elementos e instituições estruturantes externas aos indivíduos, capazes de 
determinar as suas ações (direito, arte, religião, família). 
▪ Portanto, não é qualquer conduta intersubjetiva 
▪ Atente-se que o direito pode ser considerado como fato social estruturante (instituição criada com determinados 
objetivos) 
o Não existe uma lei universal da sociologia 
o Não precisa fazer experimentos para verificar como o ser humano se comporta em sociedade 
o O comportamento social, para Durkheim, é influenciado pelos fatos sociais estruturais 
o Cada fato social estrutural possui uma lógica própria (Forma de organização peculiar) 
 
 
➢ A divisão do trabalho social (obra de Durkheim). 
 
o A sociedade divide as atribuições das pessoas, no âmbito da relação de trabalho (funções que cada um exerce,) 
sendo que essa divisão do trabalho gera duas grandes consequências 
o Gera: 
 
 
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▪ A) produção de bens; 
- Pessoas produzindo os bens e serviços 
 
▪ B) coesão social 
- “Colmeia” em que cada um possui sua função 
- A sociedade somente existe em razão da divisão de funções 
 
o Solidariedade social = base da divisão do trabalho 
▪ Reconhecimento/vínculo de dependência/complementaridade entre as pessoas 
▪ É o que gera coesão social 
 
o Solidariedade mecânica (núcleo = semelhança) – Sociedades antigas. 
▪ Prevalecia a semelhança no momento de divisão do trabalho 
▪ Trabalho social pouco diferenciado 
▪ “Espécie de tribo” 
▪ Características comuns levavam ao pertencer 
▪ Direito = repressor. 
- Todos deveriam ser iguais 
- Objetivava manter a coesão social pela semelhança 
- Aqueles que pensavam diferente deveriam ser punidos 
- “ou você faz parte da sociedade ou você é inimigo da sociedade” 
- Sendo inimigo (não pensando, se vestindo, agindo ou trabalhando igual aos outros), será punido (sofrerá sanção) 
 
o Solidariedade orgânica (núcleo = interdependência). 
▪ Alta divisão do trabalho: 
- Funções mais amplas 
- Funções mais especializadas 
-Menos funções 
▪ Não se fala em semelhança, mas sim em interdependência 
▪ Coesão social surge da dependência 
▪ Nexo de complementariedade 
▪ Direito = restitutivo e cooperativo: 
- Busca restituir quem foi lesado e 
- Estimular cooperação entre as pessoas 
- Caso violado o direito, haverá uma restituição/compensação (não se busca a punição) 
 
 
 
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➢ Crítica de Durkheim a Herbert Spencer: não há “leis gerais da evolução social”, mas diversos fatos sociais com leis 
próprias. 
 
o Herbert Spencer: buscava leis gerais para o comportamento social (note a oposição à ideia de Durkheim, já que 
esse dizia não existir uma lei universal) 
▪ Sociedade vista de forma mecânica 
▪ Spencer era um determinista 
▪ Leis gerais da evolução social 
 
o Durkheim dizia que deveria dissecar a sociologia e seus fatos, atentando-se para a diversidade dos fatos (com suas 
leis próprias) 
▪ Sociedade não é como um corpo humano (como pensava Spencer) 
 
➢ Max Weber (1864-1920): objeto da sociologia = "ação social”. 
 
o “A ação social toma o significado de uma ação que, quanto ao sentido visado pelo indivíduo, tem como referência 
o comportamento de outros, orientando-se por estes em seu curso” 
o Ação social é o comportamento do indivíduo que tem como referência o comportamento de outros indivíduos 
o Note a visão mais individualizada de Weber (diferindo de Durkheim) 
o Como a conduta humana é influenciada pela conduta de outras pessoas (que tipo de ações são utilizadas) 
o Ação social referente aos fins - estabelece determinados objetivos. 
▪ Ex.: consumidor adquire um produto eletrônico levando em consideração sua utilidade. 
▪ Ex.: criminoso pratica delito pensando no proveito que terá desse crime 
▪ Indivíduo age pensando em determinados objetivos 
 
o Ação social referente a valores – componente axiológico. 
▪ Ex.: um consumidor adquire um produto eletrônico em razão da sua marca. 
▪ Ex. criminoso que pratica um ato de terror em razão de um valor pessoal/social próprio 
 
o Ação social de modo afetivo – Elementos de ordem emocional. 
▪ Ex.: consumidor adquire um produto eletrônico que mais lhe agrada. 
▪ Ex. homicídio sob violenta emoção 
 
o Ação social tradicional – Determinada pelos hábitos/costumes. 
▪ Ex.: consumidor adquire um determinado produto eletrônico por ser uma marca mais usada em sua família. Um 
indivíduo pratica determinado delito por se tratar de uma conduta desviante comum em seu meio social. 
 
 
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▪ Ex. criminoso pratica um crime em razão de ser uma conduta comum em seu meio social (ex. confusão entre 
público e privada é algo que motiva muitos crimes contra a Administração Pública) 
▪ Teoria da associação diferenciada (da criminologia) 
- O crime resulta, também, de costumes e associações educativas próprias 
- Um indivíduo que nasce, é criado e educado no seio de determinada sociedade, muitas vezes assume uma postura 
como uma espécie de estado paralelo (é desviante para o direito, mas é esperada em seu seio social) 
 
➢ 2.1 Controle social e o direito 
 
o Direito como forma de controle social 
o Manutenção da ordem social - padrão mínimo de comportamento – previsibilidade/estabilidade. 
▪ Uma das missões do Direito 
▪ Evita que a sociedade se torne mera imposição do mais forte sob o mais fraco 
▪ Formas: preventiva/repressiva 
▪ Previne o desvio social e 
▪ Reprime os desvios que existem (ainda que de forma meramente simbólica) 
 
o Os componentes da Civil law. 
▪ Tradição jurídica mais antiga 
- Direito privado (principalmente o direito civil) tem influência no direito romano 
- Direito canônico 
- Direito comercial tem influência da “lex mercatoria” 
- Direito público tem influência nas revoluções liberais 
- obs. todas formas de influências na construção do Direito como forma de controle social para trazer estabilidade 
e previsibilidade nas relações sociais 
 
o Somos todos fariseus? 
▪ Frase de Nietsche na obra: genealogia da moral 
▪ Todo revolucionário persegue, após suas conquistas, a conservação (dessas conquistas; todo revolucionário se 
torna um conservador) 
▪ Direito se tornou uma ferramenta de controle social (de manutenção das conquistas jurídicas) 
▪ Caminhos jurídicos distintos podem levar para um mesmo fim: segurança jurídica 
- Revoluções em cada país utilizavam um determinado fundamento/justificativa, mas buscavam a segurança 
jurídica 
- Ex. na França, utilizava-se a ideia de juiz “boca da lei”. Já nos EUA, utilizava-se o juiz que realizava o controle de 
constitucionalidade (sistema de precedentes); mas ambos buscavam a segurança jurídica 
 
 
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o Desvio social = comportamento de não-observância que o grupo desaprova. 
▪ Gradação: mero desrespeito às regras de etiqueta até ações criminosas. 
▪ No direito, existe um desvio social ontológico? 
- Ontologia: essência; por natureza;inato 
- Não existe ilícito ontológico 
- Não existe um comportamento que é sempre ilícito 
- Ilícito é o que contraria a lei vigente e essa é uma construção cultural 
- Alguma coisa é ilícita pois o Direito diz que é ilícito 
- O ilícito não é extrajurídico (fora do direito), pois possui uma resposta jurídica (sanção) 
- O ilícito também é jurídico (na teoria dos fatos jurídicos) 
 
o Concepções do controle social: 
▪ 1ª Ampla: processo de socialização/convivência 
- Controle social como algo natural 
- Controle social como processo de estruturação de uma sociedade 
- Socialização entre os grupos sociais marcada pelo controle que um grupo exerce sobre o outro 
- Ideia de convivência 
- Conviver gera o controle social naturalizado (Regras comuns) 
 
▪ 2ª restrita: controle que o Estado exerce sobre a sociedade. 
- Direito como mecanismo de controle social 
- Características do direito como tal: 
a) certeza (clareza); 
b) exigibilidade (não pode ser mera faculdade) 
c) generalidade (imperativo categórico) - exigível de todas as pessoas 
d) expansividade (capacidade de ampliação) - capacidade de mudar o conteúdo 
e) uniformidade (aplicação isonômica) - geral e aplicável de forma isonômica 
 
▪ 3ª restrita: controle da gestão pública. 
- Forma que a sociedade utiliza para controlar o Estado 
- Obs. Veja essa dupla acepção: controle do Estado SOBRE a sociedade e controle do Estado PELA sociedade 
- Acesso à informação, transparência, participação na gestão pública (conselhos municipais por exemplo) 
 
 
 
 
 
 
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▪ Teorias relevantes - Concepções amplas- que explicam o controle social: 
 
- Obs. teorias do conflito: concebem o direito como ferramenta de dominação e manutenção do status quo 
 
o Desvio social e evolução/mudança 
▪ Direito influencia o comportamento das pessoas e é influenciado por esses 
▪ ex. o que é lícito em alguns países, podem não ser em outros; como consumir álcool em público por exemplo 
▪ Desvio social como algo que o grupo desaprova e merece uma repressão 
▪ As vezes os comportamentos desviantes passam a ser assimilados pelos grupos existentes, de forma a possibilitar 
a transformação social 
 
o Michel Foucault (1926-1984) 
▪ Pós-estruturalista. 
▪ Pós-modernista. 
▪ Estudo da história crítica da modernidade. 
▪ Faz parte dos iconoclastas: gera uma ruptura com o pensamento tradicional (“destruir conceitos e ideias”) 
▪ Analisa os fatos sociais estruturantes na busca pelo oculto 
▪ Estudos direcionados no poder: forma de controle social exercido pelo poder nas mais variadas esferas 
▪ O poder nas variadas esferas (microfísica): 
- Relações de poder podem ser verificadas nas mais variadas esferas da convivência humana 
- Família, sexo, psiquiatria, direito etc. 
- Relações de poder dentro dos fatos sociais 
 
▪ O conhecimento como invenção. 
- Influência de Nietzsche. 
- obs. os iconoclastas mostraram que existem coisas que são explicadas não pelo que é visto ou experimentado 
pelos sentidos (Racionalmente) 
- Existem fenômenos e fatos sociais que podem ser explicados por causas ocultas 
- A mera razão sensorial não é suficiente 
- Nietzsche dizia que o conhecimento era invenção, como produto da conquista histórica 
 
 
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- Conhecimento humano não é desdobramento de mera razão ou iluminação (descoberta do racional) 
- Consolidação de conceitos e valores que são produto da história e das relações de dominação 
- O conhecimento como produto da história e das relações de dominação. 
- Poder-saber 
- Em muitas relações sociais o que existe, em verdade, são relações de poder e discricionariedade 
- Eleições de alguns caminhos feitos pelos seres humanos, definidos por aqueles que conquistam posições de poder 
(pois definem as formas de domesticação e controle social das outras pessoas) 
 
▪ O inquérito nas práticas judiciárias da Grécia Antiga. 
- Papel da descoberta da verdade no Direito 
- Antes de Sófocles (Édipo Rei): ótica cósmica e teísta: 
i) Verdade buscada através do divino (deuses, oráculos, etc.) 
ii) Prova enunciada por meio de uma divindade 
iii) Verdade jurídica construída através do divino e de elementos da natureza 
-Após Sófocles: o inquérito e a testemunha: 
i) Verdade buscada através de um inquérito; de testemunhas 
ii) Prova testemunhal 
iii) Da inquirição 
 
▪ O antigo Direito Germânico e o sistema de prova. 
- A ideia adquirida após Sófocles é perdida com a queda dos impérios antigos (notadamente o Romano) 
- Feudalismo 
- Lógica adversarial (duelo) e ordálias. 
- Ruptura com o inquérito grego 
- Eram definidas as formas de revelação da verdade (ordálias) 
 
▪ O segundo nascimento do inquérito na Idade Média (séc. XII). 
- Inquérito volta a surgir 
- Sistema inquisitorial e direito canônico 
- Busca de testemunhas e presença de instrução 
 
▪ Direito e sociedade disciplinar. 
- Sociedade contemporânea = sociedade da disciplina e controle. 
- Relações de poder em todas as searas das relações humanas 
- Direito como instituição que tem como objetivo a disciplina social 
 
 
 
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▪ Disciplina, prisão e panoptismo (Bentham). 
- Bentham desenvolve a ideia de pan-óptico: 
i) Presos controlados por um único guarda (Pan-óptico) 
ii) Único agente, a partir de um ponto mais alto do que os detentos (posição mais privilegiada), consegue ter 
uma iii) visão geral de todos 
iv) Controle a partir de menores gastos 
- Direito tornando os “corpos dóceis”; domesticando as pessoas; criando controle sobre as pessoas 
- Crime = ruptura à lei, causando danos à sociedade. 
- Invisibilidade do controle e vigilância. 
- Sentimento de vigilância possui o efeito de dissuasão muito forte 
- O direito como “onipresente”; instrumento de controle invisível; pessoas se comportam sob o receio de sanção 
 
o O pensamento de Karl Marx. 
▪ Também é um iconoclasta 
▪ A sociedade é moldada por uma infraestrutura que, por sua vez, define uma hiperestrutura 
▪ Materialismo histórico: formas de pensamento são dominadas por elementos materiais 
- Pensamento e comportamento humano possuem causa nas razões históricas (relações materiais/sociais) 
- Comportamento humano como reflexo dos meios de produção 
- Relações econômicas fazem parte de uma infraestrutura comum a todas as outras instituições que compõem a 
superestrutura/hiperestrutura (direito; religião; arte; ciências; etc.) 
- Tudo derivando das relações econômicas 
- Ex. escravidão existiu em determinado momento, pois o sistema econômico a comportava 
- Infraestrutura: meios de produção 
- Hiperestrutura: formas de controle social 
 
▪ Ideologia como falsa percepção da realidade (internalização do instrumento de controle) 
- Marx acreditava na inevitabilidade do comunismo 
- Relações de exploração entre as pessoas derivadas de uma relação econômica (capitalista sobre o proletariado) 
- Ideologia como forma de controle 
- Para Marx, a ideologia é uma forma de mascarar e enfraquecer a luta de classes, pois o explorado não se sente 
como tal (e por conta disso, a revolução do proletariado em face do explorador é adiada) 
 
 
 
 
 
 
 
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➢ 2.2 Transformações sociais e direito 
 
o Nem só de coerção vive o Direito 
▪ Direito é dinâmico (conserva e transforma) 
▪ Ferramenta de conservação e transformação social 
▪ Conserva o que for bom e 
▪ Transforma a realidade na busca de programações sociais 
 
o Allan Johnson: mudança social = “qualquer alteração nas características culturais, estruturais, demográficas ou 
ecológicas de um sistema social, como uma sociedade”. 
▪ Difere da ideia de modismo 
▪ Obs. Hebert Spencer foi o primeiro a abordar a ideia de mudança social (apresentou o sentido originário de 
mudança social) 
- Para ele, a mudança social era uma espécie evolução cultural (uma fórmula de assimilação cultural) 
- As sociedadespodem evoluir moralmente a partir do contato com outras sociedades mais evoluídas 
- Visão darwinista (darwinismo social) europeia e preconceituosa 
- Conceito não adotado hoje 
 
o As mudanças podem ocorrer através de uma ruptura severa ou de forma paulatina 
o O Direito é concebido, sob um viés crítico, como instrumento de manutenção do status quo e, portanto, possui 
uma faceta conservativa de manutenção da ordem de forma a dar maior previsibilidade e estabilidade nas relações 
sociais, notadamente nas relações econômicas. Contudo, nem só de coerção e conservação vive o direito, o direito 
também tem por objetivo promover transformações sociais, até porque a CF, que é a norma fundamental de 
qualquer regime jurídico democrático, possui programas. Se as normas jurídicas estabelecem programas, é porque 
o direito se propõe, também, a provocar transformações e não apenas conservar as relações sociais atuais 
o Direito e transformações sociais

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