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DESCRIÇÃO Os fundamentos teórico-conceituais e o objeto de estudo da Psicopedagogia relacionados ao desenvolvimento humano, ao papel da escola e da família na aprendizagem e à formação profissional do psicopedagogo. PROPÓSITO Compreender os fundamentos teóricos, os conceitos básicos e o objeto de estudo da Psicopedagogia, assegurando que o valor que o desenvolvimento, a aprendizagem e o papel que a escola e a família assumem na formação educacional é importante para a atuação profissional do psicopedagogo. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar os fundamentos teóricos e os conceitos básicos da Psicopedagogia MÓDULO 2 Descrever os aspectos gerais do desenvolvimento humano e da aprendizagem MÓDULO 3 Definir o papel da escola e da família na aprendizagem MÓDULO 4 Reconhecer o objeto de estudo da Psicopedagogia na formação profissional do psicopedagogo INTRODUÇÃO A Psicopedagogia se constitui como uma área de estudos, pois busca seu status de ciência e tem seu objeto de pesquisa. Embora o termo lembre a união da Psicologia e da Pedagogia, a Psicopedagogia procura construir-se como área de conhecimento. Relaciona-se a uma prática e a um conhecimento direcionados para a questão da relação entre a subjetividade de cada indivíduo e o processo de aprendizagem. Quando iniciam sua trajetória nessa área, as pessoas pensam na Psicopedagogia como algo voltado somente para a questão do aprendizado no âmbito da escola. Contudo, todos os pré-requisitos para a aprendizagem escolar decorrem da história da aprendizagem humana, portanto ambas não estão desvinculadas. A partir de agora, você está convidado a aprender mais sobre o assunto e a dialogar conosco por meio deste tema, que lhe dará uma visão global e fascinante do que é a Psicopedagogia. MÓDULO 1 Identificar os fundamentos teóricos e os conceitos básicos da Psicopedagogia PEDAGOGIA, PSICOLOGIA ESCOLAR, PSICOLOGIA EDUCACIONAL E PSICOPEDAGOGIA Para que você compreenda melhor os fundamentos teóricos e os conceitos básicos da Psicopedagogia, inicialmente, é necessário mostrarmos a diferença entre Pedagogia, Psicologia Escolar, Psicologia Educacional e Psicopedagogia. PEDAGOGIA É uma ciência da educação, uma área de conhecimento acerca da problemática educativa em sua totalidade e historicidade, bem como uma diretriz orientadora da ação educativa (LIBÂNEO, 2001). PSICOLOGIA ESCOLAR É um campo de atuação da Psicologia que possui um compromisso teórico e prático com as questões relativas à escola e a seus processos, à sua dinâmica, a seus resultados e atores. PSICOLOGIA EDUCACIONAL OU PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO Envolve questões mais amplas, como, por exemplo, pesquisa, ensino, processos de aprendizagem e intervenção de psicólogos que atuam em estreita relação com o campo educativo (MARINHO-ARAÚJO; ALMEIDA, 2014). Pensar acerca da Psicopedagogia não é o mesmo que pensar na Psicologia Escolar ou Psicologia Educacional. A Psicopedagogia é uma área nova, resultante da articulação de conhecimentos do campo educacional e de outros, que aponta novos rumos para a solução de problemas antigos. Quem atua nessa área de aplicação é o psicopedagogo. Esse profissional se ocupa dos problemas de aprendizagem – estudados, inicialmente, pela Medicina e pela Pedagogia –, os quais são hoje tratados por um corpo teórico que vem se organizando a partir das contribuições de outros campos (BOSSA, 2011). Você já parou para refletir acerca destas definições? A importância de compreendermos esses diferentes conceitos é justamente a possibilidade de esclarecer prováveis confusões ou distorções que possam surgir no campo de estudo da Psicopedagogia. Imagem: Shutterstock.com FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOPEDAGOGIA Para entender como a Psicopedagogia surgiu, você precisa conhecer sua história. A área nasceu da necessidade de uma melhor compreensão do processo de aprendizagem e não se restringe somente à aplicação da Psicologia e da Pedagogia. Os inúmeros autores que estudam a Psicopedagogia e se interessam pela área enfatizam sua relação com diversos campos de conhecimento. Admitir tal aspecto significa reconhecer sua especificidade como área de estudos, uma vez que, buscando uma diversidade de saberes e conhecimentos, ela cria seu próprio objeto – condição essencial da interdisciplinaridade. VOCÊ SABIA Como área de aplicação, a Psicopedagogia antecede o status de área de estudos, procurando, assim, sistematizar um corpo teórico próprio, definir seu objeto de estudo e delimitar seu campo de atuação. Para isso, recorre à Psicologia, à Psicanálise, à Linguística, à Fonoaudiologia, à Medicina e à Pedagogia. Os autores brasileiros que são referências na Psicopedagogia, como Neves, Kiguel, Scoz, Golbert, Rubinstein, Weiss, Barone e outros, assim como os argentinos Fernández, Paín, Visca e Müller, concordam quanto à necessidade de conhecimentos de várias áreas, que, articulados, devem fundamentar a constituição de uma teoria psicopedagógica (BOSSA, 2011). Veja, a seguir, alguns conhecimentos específicos de diversas outras teorias que contribuem para a área da Psicopedagogia: PSICOLOGIA GENÉTICA Procura analisar e descrever o processo construtivo do conhecimento pelo sujeito em interação com os outros e com os objetos. PSICANÁLISE Estuda o mundo inconsciente, das representações profundas e operantes, por meio da dinâmica psíquica que se expressa por sintomas e símbolos, permitindo-nos levar em conta o desejo do homem. NEUROLOGIA Possibilita a compreensão dos mecanismos cerebrais, que são fundamentais no aprimoramento das funções mentais, apontando-nos a que correspondem, o enfoque orgânico e todas as evoluções ocorridas no contexto psíquico. LINGUÍSTICA Traz a compreensão da linguagem como um dos meios que caracterizam o tipicamente humano e cultural: a língua como código disponível a todos os membros de uma sociedade e a fala como fenômeno subjetivo, evolutivo e historiado de acesso à estrutura simbólica. PSICOLOGIA SOCIAL Estuda a constituição dos sujeitos, respondendo às relações familiares, grupais e institucionais, em condições socioculturais e econômicas específicas, o que inclui a aprendizagem. Nenhuma dessas áreas surgiu especificamente para responder à problemática da aprendizagem humana. Contudo, elas nos oferecem caminhos para refletir cientificamente e operar no campo psicopedagógico (BOSSA, 2011). Agora, vamos pensar um pouco sobre a atuação do psicopedagogo frente ao problema de aprendizagem de uma criança a partir das áreas de conhecimento mencionadas. Suponhamos que a escola encaminhou uma criança ao psicopedagogo por apresentar problemas de produção textual e dificuldades em matemática. O profissional recorre a um corpo teórico para investigar sobre o que está originando essas dificuldades e analisa, então, algumas questões para auxiliar a criança. Veja: Ao entrar em contato com a Pedagogia, ele pode questionar se a metodologia utilizada no processo de alfabetização está adequada. Afinal, essa área envolve aspectos do processo de ensino e aprendizagem que podem ser compreendidos a partir das teorias pedagógicas, como, por exemplo, a Psicologia Genética, que estuda os processos cognitivos. Se o psicopedagogo analisar o problema a partir da Psicanálise, poderá supor que o processo se inviabiliza na relação professor-aluno. Essa área pode identificar mecanismos psíquicos e dificuldades emocionais de ordem inconsciente que favorecem a não aprendizagem da criança. Em outro cenário, imagine que, no contato inicial com a família da criança, o psicopedagogo descubra que faltou oxigênio no parto, o que ocasiou nela uma lesão cerebral. Nesse caso, alguns princípios da Neurologia são essenciais ao profissional da Psicopedagogia para o devido encaminhamento a outros profissionais, bem como para verificar como será o tratamento da criança. O psicopedagogo pode descobrir, ainda, que a dificuldade na produção textual do aluno resultou de diferenças culturais e de linguagem. Nessa questão,a Linguística pode auxiliar o profissional na causa da problemática e – quem sabe? – na intervenção. Já a Psicologia Social possibilita ao psicopedagogo pensar na natureza do grupo a que pertence o sujeito da aprendizagem e nas interferências socioculturais de tal grupo nesse indivíduo. Como você percebeu, o psicopedagogo busca conhecimentos de diversas áreas. Contudo, nenhum desses campos surge, em sua totalidade, para responder aos problemas de aprendizagem. As diversas combinações entre esses conhecimentos resultam em posturas teórico-práticas diversificadas, mas com vários aspectos de convergência. Assim, a partir de pressupostos teóricos iniciais da Medicina, da Psicologia e da Pedagogia, foram constituídos saberes acerca dos problemas de aprendizagem, os quais se transformaram e, consequentemente, modificaram a prática psicopedagógica até chegar à configuração atual. Atualmente, a Psicopedagogia refere-se a um saber e a um saber-fazer, às condições subjetivas e relacionais – em especial familiares e escolares –, às inibições, aos atrasos e aos desvios do sujeito ou grupo a ser diagnosticado (BOSSA, 2011). Imagem: Shutterstock.com CONCEITOS BÁSICOS DA PSICOPEDAGOGIA A área da Psicopedagogia surgiu de uma necessidade. Você pode imaginar qual seria? RESPOSTA Trata-se de contribuir na busca de soluções para a questão do problema de aprendizagem e dos fatores que interferem no ato de aprender. A Psicopedagogia busca colaborar para uma melhor compreensão desse processo. Como sabemos, essa área é constituída de pressupostos de diferentes ciências e tem o intuito de construir uma visão sobre os diversos aspectos relacionados ao processo de aprendizagem. A Psicopedagogia preocupa-se com duas práticas. São elas: PRÁTICA CLÍNICA Na qual a área tem-se transformado em campo de estudos para investigadores interessados no processo de construção do conhecimento e nas dificuldades que se apresentam nessa construção. PRÁTICA PREVENTIVA Na qual a área busca criar uma relação saudável com o conhecimento, de modo a facilitar sua construção. A área da Psicopedagogia tem como propósito: [...] INVESTIGAR A FORMA DE APRENDER DE CADA INDIVÍDUO, OU A DE NÃO APRENDER, OU A DE APRENDER COM DIFICULDADE, DE NÃO REVELAR O QUE APRENDEU, DE FUGIR DE SITUAÇÕES POSSÍVEIS DE APRENDIZAGEM, OBSERVANDO FATORES OBJETIVOS E SUBJETIVOS IMPLICADOS NO PROCESSO. PAÍN, 1992, p. 24 javascript:void(0) javascript:void(0) Imagem: Shutterstock.com No Brasil, o psicopedagogo ocupa-se das seguintes funções (MACEDO, 1990 apud BOSSA, 2011): Imagem: Shutterstock.com ORIENTAÇÃO DE ESTUDOS Organização da vida escolar da criança, quando esta não consegue fazê-lo espontaneamente. Busca-se promover o melhor uso do tempo, a elaboração de uma agenda e tudo aquilo que é necessário a “como estudar” (como ler um texto, como escrever, como estudar para a prova etc). Imagem: Shutterstock.com ACOMODAÇÃO DOS CONTEÚDOS ESCOLARES Visa ao domínio de disciplinas escolares em que a criança não está tendo um bom desempenho. O conteúdo escolar será utilizado apenas como uma estratégia para ajudar e fornecer ao aluno o domínio de si próprio e as condições necessárias ao desenvolvimento cognitivo. Imagem: Shutterstock.com DESENVOLVIMENTO DO RACIOCÍNIO Trabalham-se os processos de pensamento necessários ao ato de aprender. Utilizam-se os jogos, pois promovem a criação de um contexto de observação e diálogo sobre processos de pensar e de construir o conhecimento. Imagem: Shutterstock.com ATENDIMENTO DE CRIANÇAS Esse atendimento também se estende a pessoas com deficiências, com Transtorno do Espectro Autista (TEA) ou com comprometimentos orgânicos mais graves. Conforme vimos, a Psicopedagogia atua nos processos da aprendizagem e se interessa por eles. Pertence a um campo de conhecimentos com diversas áreas – cada uma influencia a outra e dispõe de elementos que podem ser compartilhados e utilizados. O QUE É A PSICOPEDAGOGIA? A especialista Patricia Rossi Carraro aborda o conceito de Psicopedagogia, o processo da aprendizagem e as diversas áreas que auxiliam na construção deste estudo. Assista: VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. AO CONSIDERARMOS A COMPLEXIDADE DA QUESTÃO DO PROCESSO DE APRENDIZAGEM, COM TODAS AS VARIÁVEIS E TODOS OS ELEMENTOS QUE INTERFEREM NESSE PROCESSO, NEM A PSICOLOGIA NEM A PEDAGOGIA E MUITO MENOS A PSICOLOGIA ESCOLAR DÃO CONTA DESSA DIMENSÃO SOZINHAS. SOBRE O ASSUNTO, ANALISE AS ASSERÇÕES A SEGUIR: I. QUANDO RECORREMOS À PSICOPEDAGOGIA PARA RESOLVER OS PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM, NÃO É O MESMO QUE UTILIZAR OS PROCEDIMENTOS E AS TÉCNICAS DA PSICOLOGIA, DA PEDAGOGIA, DA PSICOLOGIA ESCOLAR OU DA PSICOLOGIA EDUCACIONAL. PORQUE II. A PSICOLOGIA, A PEDAGOGIA, A PSICOLOGIA ESCOLAR E A PSICOLOGIA EDUCACIONAL SÃO ÁREAS DE CONHECIMENTO DISTINTAS, E CADA UMA TRAZ SUAS CONTRIBUIÇÕES À PSICOPEDAGOGIA. CONSIDERANDO O EXPOSTO, ASSINALE A ALTERNATIVA QUE APRESENTA A RELAÇÃO ENTRE AS ASSERÇÕES: A) A primeira é verdadeira, e a segunda é falsa. B) Ambas são verdadeiras, e a segunda justifica a primeira. C) Ambas são verdadeiras, mas a segunda não justifica a primeira. D) A primeira é falsa, e a segunda é verdadeira. E) Ambas são falsas. 2. OS FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA PSICOPEDAGOGIA ESTÃO VINCULADOS A VÁRIOS CAMPOS DO CONHECIMENTO QUE CONTRIBUÍRAM PARA A EVOLUÇÃO DESSA ÁREA. QUE CAMPO DO SABER NÃO TEM RELAÇÃO COM A PSICOPEDAGOGIA? A) Psicanálise, que estuda o universo psíquico do indivíduo e seus processos inconscientes. B) Psicologia Social, que estuda os processos grupais, institucionais e familiares. C) Psicologia Genética, que estuda os aspectos cognitivos e a construção do conhecimento. D) Enfermagem, que presta assistência às pessoas e promove a saúde. E) Linguística, que estuda os aspectos da linguagem, da língua e da fala. GABARITO 1. Ao considerarmos a complexidade da questão do processo de aprendizagem, com todas as variáveis e todos os elementos que interferem nesse processo, nem a Psicologia nem a Pedagogia e muito menos a Psicologia Escolar dão conta dessa dimensão sozinhas. Sobre o assunto, analise as asserções a seguir: I. Quando recorremos à Psicopedagogia para resolver os problemas de aprendizagem, não é o mesmo que utilizar os procedimentos e as técnicas da Psicologia, da Pedagogia, da Psicologia Escolar ou da Psicologia Educacional. PORQUE II. A Psicologia, a Pedagogia, a Psicologia Escolar e a Psicologia Educacional são áreas de conhecimento distintas, e cada uma traz suas contribuições à Psicopedagogia. Considerando o exposto, assinale a alternativa que apresenta a relação entre as asserções: A alternativa "B " está correta. Por mais que a Psicopedagogia sugira uma junção da Psicologia e da Pedagogia, ou tenha alguma relação com a Psicologia Escolar e a Psicologia Educacional, essa área de estudos vai mais além, pois envolve conhecimentos de diversos campos do saber e tem suas particularidades. 2. Os fundamentos teóricos da Psicopedagogia estão vinculados a vários campos do conhecimento que contribuíram para a evolução dessa área. Que campo do saber não tem relação com a Psicopedagogia? A alternativa "D " está correta. A área da Enfermagem também cuida das pessoas. No entanto, o enfermeiro oferece assistência ao paciente no que diz respeito às doenças orgânicas, aos exames clínicos, à aplicação de injeção e curativos, ao bem-estar do paciente em clínicas, hospitais e domicílios, e não necessariamente aos aspectos relacionados ao aprendizado. MÓDULO 2 Descrever os aspectos gerais do desenvolvimento humano e da aprendizagem DESENVOLVIMENTO HUMANO A área do desenvolvimento humano relaciona-se ao estudo científico dos processos sistemáticos de mudança e estabilidade que acontecem com as pessoas. Aqueles que se dedicam a estudar essa área observam os aspectos de transformação do indivíduo, desde a concepção até a maturidade, bem como as características que permanecem razoavelmenteestáveis. É um processo que dura a vida toda, também denominado desenvolvimento do ciclo da vida (PAPALIA; FELDMAN, 2013). Imagem: Shutterstock.com Estudar o desenvolvimento humano é uma condição para tentar responder o porquê das condutas do bebê, da criança, do adolescente, do jovem, do adulto e dos mais velhos. O desenvolvimento é um processo contínuo e ininterrupto, em que os aspectos biológicos, físicos, sociais e culturais se interconectam, influenciam-se reciprocamente, produzindo indivíduos com um modo de pensar, sentir e estar no mundo absolutamente singulares e únicos. O desenvolvimento humano refere-se ao desenvolvimento mental e ao crescimento orgânico, o qual abordaremos mais adiante. O desenvolvimento mental é uma construção contínua, que se caracteriza pelo aparecimento gradativo de estruturas mentais: formas de organização da atividade mental que se vão aperfeiçoando e solidificando até o momento em que todas, plenamente desenvolvidas, caracterizarão um estado de equilíbrio superior quanto aos aspectos da inteligência, da vida afetiva e das relações sociais (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008). Você sabia que, ao mesmo tempo em que é rico e diversificado, o desenvolvimento humano é complexo? Cada pessoa tem suas próprias características que a distinguem das demais e seu próprio ritmo de desenvolvimento. As motivações e mudanças de comportamento podem ser as mais diversas. Muitas vezes, os pesquisadores discordam a respeito dos fatores que levam uma pessoa a se comportar de uma ou de outra maneira. Por mais que estudemos e nos esforcemos para compreender o comportamento humano e seu desenvolvimento, este sempre nos reservará surpresas e imprevistos. Antes de ser desfavorável, essa imprevisão e certeza são o que dão graça e beleza à vida humana. Essa aparente desordem do ser humano, que não se ajusta a padrões preestabelecidos, produz o avanço, o progresso e a mudança. Pare e pense no que acontece quando várias pessoas estão juntas. Com certeza, cada uma tem suas características, com pensamentos, sentimentos e posturas distintos. E precisa ser assim. Você já pensou como seria nossa vida se realizássemos todos os dias as mesmas tarefas e repetíssemos sempre os mesmos comportamentos? E se as outras pessoas fizessem tudo igual a você, tudo programado desde a concepção, como acontece com as outras espécies animais? O que faz a vida ser fascinante é essa constante incerteza quanto ao momento seguinte. Esse aspecto nos estimula a inventar, a criar, a realizar, a tentar melhorar nosso mundo. SAIBA MAIS Apesar das diferenças e da incerteza que marcam o desenvolvimento humano, é possível estabelecer alguns princípios básicos, algumas tendências gerais que se verificam no desenvolvimento de todas as pessoas e de cada indivíduo em particular (PILETTI, 2008). Ao analisar o desenvolvimento de grande número de pessoas, muitos pesquisadores chegaram a estabelecer certas fases para esse processo. São períodos regidos por certa sequência e por princípios. Ao se desenvolverem, todas as pessoas experimentam essas etapas, embora varie a idade em que cada uma delas inicia cada fase. Vamos estudar a respeito? FASES DO CICLO VITAL Não há períodos de ruptura radical no desenvolvimento humano. Afinal, a evolução é gradual e contínua. Entretanto, em alguns momentos, as mudanças são maiores que em outros. Ao considerarmos o crescimento físico, a infância e a adolescência são os períodos em que as mudanças são mais visíveis. Agora, se pensarmos na vida adulta, sob esse ponto de vista, vamos notar que é um período de maior estabilidade. Aqueles que estudam o desenvolvimento contínuo dividem o processo em cinco fases, as quais têm características próprias. São elas: 1. Vida pré-natal – antes do nascimento 2. Infância – do nascimento aos 12 anos 3. Adolescência – dos 12 aos 21 anos 4. Idade adulta – dos 22 aos 65 anos 5. Velhice – depois dos 65 anos Imagem: Shutterstock.com No entanto, essa divisão é arbitrária. O período da adolescência, por exemplo, varia de pessoa para pessoa. Se um menino começa a trabalhar aos 13 anos para ajudar no sustento de sua família, já está assumindo responsabilidades de adulto. E se um rapaz apenas estuda até os 28 anos, sem trabalhar, sua adolescência foi mais estendida. A divisão das fases do desenvolvimento humano depende dos critérios estabelecidos para concluir que alguém é adulto. A idade cronológica não pode ser o único critério. A fase da velhice também aponta para a arbitrariedade dessa divisão. Se considerarmos velhice o momento em que a pessoa já não pode trabalhar, em que tem suas funções orgânicas bastante prejudicadas, veremos que essa idade varia de acordo com a situação social e econômica de um país. No Brasil, por exemplo, a maioria das pessoas começa a velhice antes dos 65 anos, pois poucos conseguem chegar até essa idade. Imagem: Shutterstock.com Os psicólogos divergem muito quanto à classificação das diversas fases do desenvolvimento humano e quanto às características mais importantes de cada etapa. Entre todos aqueles que realizaram estudos sobre o desenvolvimento humano no século XX, Sigmund Freud e Jean Piaget merecem um destaque especial. Eles acreditavam que o desenvolvimento humano se dividia por estágios ou fases, que se sucediam na mesma ordem em todos os indivíduos. Também acreditavam que todas as pessoas passam por essas fases na mesma ordem, desde que tenham um desenvolvimento normal, embora as idades possam variar (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008). SIGMUND FREUD (1856-1939) Neurologista austríaco que fundou a Psicanálise – teoria que teve grande efeito na Psicologia e na Psiquiatria, a qual diz respeito a uma camada profunda de nossa mente: o inconsciente e a forma como este influencia as ações dos homens. Fonte: Infopédia – Dicionários Porto Editora. javascript:void(0) javascript:void(0) Imagem: Max Halberstadt/Wikimedia Commons. JEAN PIAGET (1896-1980) Psicólogo suíço apaixonado pela teoria do conhecimento, que acreditava na Psicologia como via científica para elaborar a epistemologia genética: uma base estabelecida por natureza para o desenvolvimento da habilidade da criança de pensar. De acordo com sua teoria, a mente da criança evolui ao longo de uma série de estágios até atingir a fase adulta. Fonte: Infopédia – Dicionários Porto Editora. Imagem: Autor não identificado/Anuário da Universidade de Michigan (1968)/Wikimedia Commons. ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO Agora, vamos compreender como os cientistas estudam o desenvolvimento humano. Você já parou para pensar nesse assunto? Os cientistas do desenvolvimento humano centralizam seus estudos em três grandes aspectos do indivíduo: FÍSICO COGNITIVO PSICOSSOCIAL Ao explorarmos o crescimento do corpo e do cérebro, as capacidades sensoriais, as habilidades motoras e a saúde, estamos dando ênfase ao desenvolvimento físico. Quando pensamos em aprendizagem, atenção, memória, linguagem, inteligência, pensamento, raciocínio e criatividade, voltamos nosso olhar para o desenvolvimento cognitivo. No entanto, quando estudamos aspectos relacionados às emoções, à personalidade e às relações sociais, estamos falando do desenvolvimento psicossocial (PAPALIA; FELDMAN, 2013). ATENÇÃO Por mais que estudemos cada aspecto separadamente, todos estão interrelacionados, conectados e unificados. O estudo do desenvolvimento humano está em constante evolução. As questões que os cientistas procuram responder, os métodos que empregam e as explicações que oferecem são mais bem elaborados e diversificados do que há anos. Vários avanços contribuíram para esse cenário e impactaram o desenvolvimento, como, por exemplo, a tecnologia digital, que revolucionou diversos exames e muitas técnicas nessa área (PAPALIA; FELDMAN, 2013). Imagem: Shutterstock.com E como os profissionais de Psicologia atuam nas fases do desenvolvimento humano? Os psicólogos infantis se concentram em estudar os bebêse as crianças. Preocupam-se em saber se os bebês nascem com personalidades e temperamentos distintos, de que maneira se relacionam com pais e babás, como as crianças aprendem uma língua e desenvolvem sua moral, a idade na qual surgem as diferenças sexuais no comportamento, além das mudanças no significado e na importância da amizade durante a infância. Os psicólogos da adolescência especializam-se nesse estágio do desenvolvimento humano, interessam-se em saber de que modo a puberdade, as mudanças nos relacionamentos com os colegas e com os pais e a busca de identidade podem tornar esse período da vida bastante difícil para alguns jovens. Os psicólogos da maturidade preocupam-se com a idade adulta e as diferentes maneiras por meio das quais os indivíduos se ajustam aos parceiros, ao papel dos pais, à meia-idade, à aposentadoria e, por fim, à perspectiva da morte (MORRIS; MAISTO, 2004). FATORES INFLUENCIADORES DO DESENVOLVIMENTO Você sabe se são os aspectos inatos, a hereditariedade ou a carga genética que influenciam o desenvolvimento humano, ou se são as influências externas produzidas no ambiente (meio) que exercem esse papel? Antigamente, esse debate era constante e presente entre os pesquisadores, mas, na atualidade, os teóricos contemporâneos do desenvolvimento estão mais preocupados em descobrir meios de explicar como a genética e o ambiente atuam juntos do que apresentar qual dos fatores é o mais importante nesse contexto (PAPALIA; FELDMAN, 2013). Vamos conhecer, agora, os fatores indissociáveis e em permanente interação que influenciam o desenvolvimento humano (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008). São eles: Imagem: Shutterstock.com HEDITARIEDADE Está relacionada aos aspectos genéticos, os quais estabelecem o potencial do indivíduo, que pode não se desenvolver. Existem pesquisas que comprovam os aspectos genéticos da inteligência, a qual, no entano, pode se desenvolver aquém ou além de seu potencial, dependendo das condições do meio. Imagem: Shutterstock.com CRESCIMENTO ORGÂNICO Refere-se ao aspecto físico. O aumento de altura e a estabilização do esqueleto permitem ao indivíduo comportamentos e um domínio do mundo que antes não existiam. Pense nas possibilidades de descobertas de uma criança quando começa a engatinhar e, depois, a andar em relação a quando estava no berço, com alguns semanas de vida. Imagem: Shutterstock.com MATURAÇÃO NEUROFISIOLÓGICA É o que torna possível determinado padrão de comportamento. Para andar, subir e descer uma escada sem apoio ou andar de bicicleta, é necessário um desenvolvimento neurológico que uma criança entre 6 e 8 meses não tem. Imagem: Shutterstock.com MEIO É o conjunto de influências e estimulações ambientais que altera os padrões de comportamento do indivíduo. Vamos pensar no seguinte exemplo: se a estimulação verbal for muito intensa, uma criança de 3 anos poderá ter um repertório verbal muito maior do que a média das crianças de sua idade, mas, ao mesmo tempo, pode não subir e descer uma escada com facilidade, se essa situação não fez parte de sua experiência de vida. Para entender o desenvolvimento humano, é necessário: Considerar as características herdadas, as quais oferecem a cada indivíduo determinadas condições para iniciar sua vida. Dar a devida importância aos diversos fatores ambientais, às experiências ou aos contextos (família, amigos, escola) que afetam o desenvolvimento. Considerar como a hereditariedade e o ambiente interagem, e entender quais os processos de desenvolvimento são maturacionais ou não. Observar as influências que afetam muitas ou a maioria das pessoas em determinada idade ou em determinado momento histórico. Observar como o momento da ocorrência de determinado evento pode afetar o impacto de certas influências (PAPALIA; FELDMAN, 2013). DEFINIÇÕES DE APRENDIZAGEM Com certeza, você já deve estar cansado(a) de ouvir a palavra aprendizagem, que tal pessoa tem facilidade ou dificuldade em aprender, ou, ainda, que a gente aprende a todo momento. Mas você sabe o que realmente significa esse termo? Já parou para pensar no significado desse conceito? A aprendizagem é um processo que ocorre durante toda a vida e que nos permite adquirir algo novo em qualquer idade (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008). Imagem: Shutterstock.com Aprendizagem também pode ser considerada o resultado da estimulação do ambiente sobre o indivíduo já maduro, que se expressa, diante de uma situação-problema, sob a forma de uma mudança de comportamento em função da experiência (JOSÉ; COELHO, 2008). Quando repetimos comportamentos já realizados, não estamos aprendendo. Só há aprendizagem quando ocorre uma mudança no comportamento. A maior parte dos nossos comportamentos é aprendida, como, por exemplo: andar, falar, gritar, nadar, telefonar, sentar etc. (PILETTI, 2008). Existem pelo menos sete fatores para que a aprendizagem se efetive, independentemente da teoria de aprendizagem considerada (DROUET, 2006). São eles: 1. SAÚDE FÍSICA E MENTAL 2. MOTIVAÇÃO 3. PRÉVIO DOMÍNIO 4. MATURAÇÃO 5. INTELIGÊNCIA 6. CONCENTRAÇÃO OU ATENÇÃO 7. MEMÓRIA Entre os teóricos do desenvolvimento, há variações sobre a definição de aprendizagem. Alguns acreditam na importância do ambiente. Outros destacam mais os fatores orgânicos. E há aqueles que consideram a relevância da parte emocional e intelectual. De modo geral, os teóricos dessa área concordam que a aprendizagem envolve necessariamente mudança de comportamento, resultante da experiência. Ao explorarmos o universo das teorias de aprendizagem, notamos que essas representam uma tradição muito diferente daquela dos psicanalistas ou dos cognitivo-desenvolvimentistas a qual enfatiza mais a forma como o ambiente molda a criança do que em como a criança entende suas experiências. SAIBA MAIS Os teóricos da aprendizagem consideram o comportamento humano bastante plástico, moldado por processos de aprendizagem previsíveis, apesar de não negarem a importância da genética e do meio ambiente em todos esses processos. PRINCIPAIS TEORIAS DA APRENDIZAGEM As três das teorias da aprendizagem mais importantes são (BEE; BOYD, 2011): Modelo de condicionamento clássico – de Ivan Pavlov Modelo de condicionamento operante – de Frederic Skinner Teoria sociocognitiva – de Albert Bandura IVAN PAVLOV (1849-1936) Fisiologista russo, autor da teoria do reflexo condicionado (inato), que influenciou o desenvolvimento das teorias comportamentais da Psicologia até as primeiras décadas do século XX. Fonte: Infopédia – Dicionários Porto Editora. Imagem: Autor desconhecido/Wikimedia Commons. FREDERIC SKINNER (1904-1990) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Psicólogo norte-americano que questionou parcialmente a teoria de Pavlov ao explicar o comportamento como resultado de um condicionamento de “primeiro tipo", de estímulo mecânico, e de um condicionamento de “segundo tipo”, quando, no processo de adaptação ao meio, o sujeito alcança uma satisfação que provoca a repetição desse comportamento. Fonte: Infopédia – Dicionários Porto Editora. Imagem: Silly rabbit/Wikimedia Commons/Licença (CC BY 3.0). ALBERT BANDURA Psicólogo norte-americano que desenvolveu a teoria da aprendizagem social, segundo a qual a aprendizagem se processa por observação e imitação. Suas investigações também envolveram o estudo dos meios de comunicação social na aquisição de comportamentos. Fonte: Infopédia – Dicionários Porto Editora. Imagem: Departamento de Psicologia da Universidade de Stanford/Wikimedia Commons/Licença (CC BY-SA 4.0). MODELO DE CONDICIONAMENTO CLÁSSICO De acordo com essa teoria de Pavlov, a aprendizagem é igual ao condicionamento. Para que uma pessoa aprenda um novo comportamento, devemos condicioná-la. O condicionamento clássico envolve a aquisição de novos sinais para respostas já existentes. EXEMPLO Suponhamos que você toque um bebê no queixo. Ele se voltará à direção do toquee começará a sugar. Na terminologia técnica do condicionamento clássico, o toque no queixo é o estímulo não condicionado, e a virada e a sucção são as respostas não condicionadas. O bebê já está programado para fazer tudo aquilo. Esses condicionamentos são reflexos automáticos. A aprendizagem ocorre quando algum estímulo novo é introduzido ao sistema. EXEMPLO Inúmeros estímulos ocorrem aproximadamente ao mesmo tempo do toque no queixo do bebê antes da amamentação: o som dos passos da mãe se aproximando, o fato de ser pego, ser tocado e ser segurado nos braços pela mãe. Todos esses estímulos podem, eventualmente, tornar-se estímulos condicionados e ativar a resposta do bebê de virada e sucção, mesmo sem qualquer toque no queixo. MODELO DE CONDICIONAMENTO OPERANTE Nesse modelo de Skinner, o processo consiste em apresentar estímulos agradáveis – chamados de reforços – quando a pessoa manifesta o comportamento que queremos que ela aprenda. Os reforços devem ser apresentados quando o indivíduo emite comportamentos desejados, como receber um sorriso ou um abraço após um comportamento esperado. Imagem: Shutterstock.com EXEMPLO Os pais querem que o filho obtenha bons resultados na escola e prometem que, se ele tirar boas notas, ganhará um celular novo em seu aniversário. Aqui, podemos considerar o presente um reforço positivo. No entanto, o indivíduo pode evitar comportamentos considerados indesejáveis para esquivar-se dos chamados reforços negativos, como repreensões e ameaças. Além disso, não é preciso dar o reforço todas as vezes em que o indivíduo manifesta o comportamento desejado. Reforço intermitente (ora sim, ora não) também funciona e pode ser duradouro. Skinner trabalhou muito com animais em laboratório. Para os seres humanos, criou as máquinas de ensinar e um método didático conhecido como instrução programada ou aprendizagem programada, que é individual e por meio do qual o aluno estuda sem a intervenção direta do professor e progride em sua própria velocidade. A metodologia apresenta-se sob a forma de textos especiais (livros, apostilas etc). A matéria aprendida é mostrada em pequenas partes e, na sequência, aparece uma atividade, cujos acertos e erros são imediatamente verificados. Nesse momento, surge o reforço. TEORIA SOCIOCOGNITIVA Essa teoria de Bandura é a mais influente na atualidade entre os psicólogos do desenvolvimento. A partir da base dos conceitos de aprendizagem tradicionais, o psicólogo acrescentou diversas outras ideias fundamentais a sua teoria. Primeiro, Bandura afirma que a aprendizagem nem sempre requer reforço direto, pois também pode ocorrer como resultado de observar alguém realizando uma ação, conhecida como aprendizagem observacional ou modelação, a qual está envolvida em uma ampla variedade de comportamentos. EXEMPLO As crianças aprendem a bater assistindo a outras pessoas em seu cotidiano e na televisão. Elas aprendem a ser generosas observando outros doarem dinheiro ou compartilharem bens. Bandura contribuiu muito para a transposição de uma lacuna entre a teoria da aprendizagem e a teoria cognitivo-comportamental ao enfatizar elementos cognitivos (mentais) importantes na aprendizagem observacional. A teoria chamada por ele de sociocognitiva enfatiza o fato de que a modelação pode ser veículo para aprender informação abstrata e habilidades concretas. Na modelação abstrata, o observador deduz uma regra que pode ser a base do comportamento específico. EXEMPLO Uma criança que vê seus pais como voluntários um dia por mês em um banco de alimentos pode deduzir uma regra sobre a importância de “ajudar os outros”, mesmo que os pais nunca a articulem. Portanto, por meio da modelação, uma criança pode adquirir atitudes, valores, formas de resolver problemas e até padrões de autoavaliação (BEE; BOYD, 2011). A partir do conhecimento das teorias do desenvolvimento, podemos constatar que o indivíduo aprende de diferentes modos. As maneiras como cada teórico do desenvolvimento e da aprendizagem aborda seus construtos são importantes para pensarmos no indivíduo em toda a sua magnitude. O mais interessante é que as teorias se complementam. Não existe a melhor. Você deve estar se perguntando: Quais os motivos de estudarmos o desenvolvimento humano, a aprendizagem e sua relação com a Psicopedagogia? RESPOSTA É fundamental que o psicopedagogo conheça as fases do desenvolvimento e suas características, bem como os diversos fatores que influenciam e impactam o desenvolvimento humano. Além disso, como esse profissional lidará diretamente com os processos cognitivos do indivíduo e suas dificuldades, precisará compreender o que é aprendizagem, como o indivíduo aprende e quais são as principais teorias envolvidas nesse processo. ASPECTOS GERAIS DA APRENDIZAGEM HUMANA A especialista Patricia Rossi Carraro aborda o processo de aprendizagem humana, a interação do sujeito com o objeto de conhecimento e a modificação da forma de pensar a realidade. Assista: VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. O DESENVOLVIMENTO OCORRE EM VÁRIOS DOMÍNIOS OU DIMENSÕES DO EU. OS PSICÓLOGOS DA ÁREA FAZEM DISTINÇÃO ENTRE DESENVOLVIMENTO FÍSICO, COGNITIVO E PSICOSSOCIAL. TOMANDO POR BASE AS CONSIDERAÇÕES APRESENTADAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO HUMANO, ASSINALE A ALTERNATIVA INCORRETA: A) O desenvolvimento é um processo contínuo e ininterrupto, em que os aspectos biológicos, físicos, sociais e culturais se interconectam, influenciam-se reciprocamente, produzindo a subjetividade de cada ser. B) A psicologia do desenvolvimento é uma área do conhecimento que estuda o desenvolvimento do indivíduo em todos os seus aspectos — físico-motor, intelectual, afetivo-emocional e social —, desde o nascimento até a idade adulta. C) O estudo do desenvolvimento humano possibilita conhecer as características comuns a cada faixa etária – formas de perceber, compreender e se comportar diante do mundo. D) A compreensão do desenvolvimento implica descrever, tão completa e exatamente quanto possível, as funções psicológicas das crianças em diferentes faixas etárias e descobrir como tais funções mudam com a idade. E) O estudo do desenvolvimento humano se baseia especificamente no histórico familiar de doenças orgânicas e nos fatores protetivos e de risco presentes no contexto psicossocial. 2. A APRENDIZAGEM OCUPA UM PAPEL PRIMORDIAL NA VIDA DOS INDIVÍDUOS E NO CAMPO DE ESTUDO DA PSICOPEDAGOGIA. ELA SE FAZ PRESENTE CONSTANTEMENTE NO CONTEXTO FAMILIAR E ESCOLAR. SOBRE O CONCEITO E OS ASPECTOS GERAIS DA APRENDIZAGEM, ASSINALE A ALTERNATIVA INCORRETA: A) A aprendizagem é um processo e, em suas unidades mais primárias ou básicas, ocorre quando a pessoa, em virtude de determinadas experiências, que incluem necessariamente inter-relações com o contexto, produz respostas novas e modifica as existentes. B) A aprendizagem envolve fatores individuais – como memória, atenção e pensamento, autoestima e autoconfiança, visão e audição, bem como a capacidade de estabelecer relacionamentos. C) A aprendizagem é um processo que ocorre durante a vida, permitindo-nos adquirir algo novo em qualquer idade. Há diversos fatores que nos levam a apresentar um comportamento que anteriormente não apresentávamos. D) Os estudiosos costumam afirmar que, para acontecer a aprendizagem, não precisamos das interferências de fatores específicos, como, por exemplo, a saúde física e mental, a motivação, a maturação etc. E) A aprendizagem é a modificação do comportamento frente a uma situação e implica progresso e evolução. GABARITO 1. O desenvolvimento ocorre em vários domínios ou dimensões do eu. Os psicólogos da área fazem distinção entre desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial. Tomando por base as considerações apresentadas sobre o desenvolvimento humano, assinale a alternativa incorreta: A alternativa "E " está correta. O desenvolvimento humano preocupa-se em conhecer o indivíduo como um todo, e não somente os aspectos de seu desenvolvimento físico (doençasorgânicas) e os fatores protetivos e de risco de sua saúde. 2. A aprendizagem ocupa um papel primordial na vida dos indivíduos e no campo de estudo da Psicopedagogia. Ela se faz presente constantemente no contexto familiar e escolar. Sobre o conceito e os aspectos gerais da aprendizagem, assinale a alternativa incorreta: A alternativa "D " está correta. A aprendizagem é influenciada por diversos fatores internos do indivíduo, bem como por fatores externos. No caso dos aspectos internos, não há como negar a importância dos fatores orgânicos e psicológicos. MÓDULO 3 Definir o papel da escola e da família na aprendizagem PAPEL DA FAMÍLIA NA APRENDIZAGEM Para compreendermos a família, precisamos lembrar que ela é considerada uma instituição social fundamental na vida do indivíduo. Apesar das diversas críticas que recebe, não podemos negar a grande importância que exerce no desenvolvimento e na formação do indivíduo. A partir da segunda metade do século XX, a família passou por diversas transformações tanto em sua estrutura e organização quanto nas funções de seus membros (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008). Geralmente, as primeiras experiências educacionais da criança são proporcionadas pela família. Depois de nascer, a criança começa a sofrer influências familiares que, aos poucos, vão modelando seu comportamento. Muitos pais não têm plena consciência de que seus comportamentos, sua maneira de ser e de falar, de andar e cumprimentar as pessoas, de olhar para os outros e até mesmo de carregar o filho no colo têm enorme influência sobre o desenvolvimento da criança (PILETTI, 2008). Imagem: Shutterstock.com A primeira instituição mediadora entre o homem e a cultura é a família. Ela estimula as relações sociais, afetivas e cognitivas da criança, e possui significados e práticas culturais prontas que moldam nossa construção individual e coletiva, além de criar modelos comportamentais predefinidos para resolução de problemas (DESSEN; POLONIA, 2007). Além de ser responsável por garantir a sobrevivência da criança, a família deve fornecer afeto, considerar sempre suas necessidades básicas e novos aprendizados para que ela seja capaz de viver em sociedade (CASARIN; RAMOS, 2007). Imagem: Shutterstock.com Os sentimentos que os pais têm em relação à criança durante os anos anteriores à escola são essenciais para seu desenvolvimento posterior e para sua aprendizagem escolar. Parte da influência dos pais provém da maneira como encaram a aprendizagem escolar. Certamente, o atraso do filho pode estar relacionado com a atitude dos pais em relação à leitura. Eles podem influenciar a aprendizagem que os filhos vão ter na escola por meio de atitudes e valores que lhes passam, sem a intenção de ensinar (PILETTI, 2008). Não basta comprar livros e dizer à criança que leia. Os pais também precisam ler e valorizar a leitura. A família também deve estabelecer junto às crianças alguns limites, pois a existência de regras a serem cumpridas favorece que a convivência entre todos os membros do ambiente familiar seja harmoniosa e amigável. Essa instituição deve fornecer à criança um sentimento de segurança e compreensão, para que possa existir estabilidade emocional e um processo de socialização saudável em sua vida (CASARIN; RAMOS, 2007). PAPEL DA ESCOLA NA APRENDIZAGEM A partir do momento em que a criança começa a frequentar o contexto escolar, amplia seu meio social e desenvolve significativamente suas competências cognitivas e habilidades sociais. Como instituição social, a escola assume um papel relevante para a formação do indivíduo como cidadão. Após o ambiente familiar, a escola é a instituição social mais importante e tem o dever de proporcionar ao aluno um preparo intelectual e ético, bem como a inclusão social (SILVA; FERREIRA, 2014). A escola também é um lugar em que os indivíduos iniciam o convívio com diferentes pessoas, de raças, cor, etnia e religião distintas, pois a diversificação cultural é enorme (SILVA; FERREIRA, 2014). Conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente: ART. 53. A CRIANÇA E O ADOLESCENTE TÊM DIREITO À EDUCAÇÃO, VISANDO AO PLENO DESENVOLVIMENTO DE SUA PESSOA, PREPARO PARA O EXERCÍCIO DA CIDADANIA E QUALIFICAÇÃO PARA O TRABALHO [...]. BRASIL, 1990 Cabe aos professores ajudar na procura de conhecimentos, além de agregar suportes teóricos à construção do indivíduo e auxiliar nas dificuldades dos alunos por meio da afetividade. No espaço escolar, também ocorrem a vivência e a aquisição de cultura, competências e conhecimentos do indivíduo. Logo, a escola não pode se limitar a passar apenas informações sobre as matérias e meramente transmitir o conteúdo do livro didático (LIBÂNEO, 2004). ATENÇÃO A escola tem o objetivo de desenvolver as potencialidades corporais, intelectuais e afetivas dos indivíduos, formando sujeitos cooperativos no meio em que vivem mediante conteúdos aprendidos, bem como cidadãos íntegros, éticos e reflexivos (COSTA, 2006). Como você percebeu, a instituição escolar é uma ferramenta importante e indispensável para o desenvolvimento do aluno, pois, ao adentrar nesse universo, a criança começa a ampliar seu meio social e a moldar sua personalidade a partir de sua rotina, suas amizades e dos conhecimentos adquiridos (MAHONEY, 1999). Além disso, o ambiente escolar proporciona ao indivíduo o controle dos conhecimentos, da cultura e da ciência, e envolve um progresso nas habilidades de pensamento. A escola precisa torná-lo capaz de interferir criticamente na realidade em que vive, para que ele possa transformá-la, e não apenas para integrar-se ao mercado de trabalho. Imagem: Shutterstock.com ATENÇÃO A função da escola é preparar o aluno para exercer a cidadania, desenvolver sua autonomia, atuar e se comunicar com os conceitos educativos, participar dos processos organizacionais internos escolares, bem como dos movimentos e das organizações da sociedade (LIBÂNEO, 2004). Imagem: Shutterstock.com Como a escola é uma instituição social, suas ideias estão relacionadas ao contexto político, econômico, social e cultural de uma comunidade. Nesse sentido, é importante que os educadores saibam suas metas e funções, e possibilitem a fluidez no desempenho da aprendizagem e no trabalho da escola (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012). Outro ponto importante a destacar é a divergência que ocorre entre escola e família. Veja: A escola tem a função de ensinar, de favorecer a aprendizagem dos conhecimentos construídos socialmente em determinado momento histórico, de ampliar as possibilidades de convivência social e de legitimar uma ordem social. A família tem a função de promover a socialização das crianças, incluindo o aprendizado de padrões comportamentais, atitudes e valores aceitos pela sociedade (OLIVEIRA; MARINHO-ARAÚJO, 2010). A escola é um local que propicia aprendizagem a partir do modo de ensinar, do contato e do conhecimento de várias pessoas, gerando reflexões distintas e interesse dos alunos em estudar por meio do diálogo (BONA; VAZ, 2016). PARCERIA ENTRE ESCOLA E FAMÍLIA Você já deve ter lido em algum livro ou artigo científico sobre a importância da parceria entre família e escola para o desempenho escolar da criança. Essa relação não é válida somente para questões educacionais e escolares, mas também para o desenvolvimento integral do indivíduo. A escola e a família destacam-se como duas instituições fundamentais que só se comparam à existência do Estado. Imagem: shutterstock.com Escola No ambiente escolar, uma vez atendidas as demandas psicológicas, sociais, culturais e, consequentemente, cognitivas, esse desenvolvimento acontece de maneira mais estruturada e pedagógica do que no ambiente doméstico-familiar (DESSEN; POLONIA, 2007). Tais instituições se complementam: uma depende da outra para alcançarem juntas o objetivo em comum de formar bons cidadãos que atuem positivamente na sociedade. javascript:void(0) Imagem: shutterstock.com Família Os paise a escola devem atuar na função educativa do aluno, orientando sobre diversos assuntos, para que ambas as instituições possibilitem um desempenho escolar adequado e a socialização dessa criança. É essencial que a família esteja envolvida no processo de ensino e aprendizagem. Isso ajuda no desempenho escolar de maneira positiva, considerando que o convívio da criança com a família é maior do que o convívio com a escola (SOUZA, 2009). O ambiente familiar exerce grande influência na aprendizagem escolar, atuando junto à escola para que ocorra o progresso intelectual e social do aluno (SOUZA, 2009). A instrução oferecida na escola está voltada para o processo de ensino e aprendizagem. Já na família, essa instrução é orientada para a socialização e proteção, e para que as necessidades básicas das crianças sejam garantidas (DESSEN; POLONIA, 2007). javascript:void(0) Imagem: Shutterstock.com Imagem: Shutterstock.com Nesse contexto, vários problemas afetam o processo de desenvolvimento e a aprendizagem do aluno. A falta de incentivo, de estímulos e de encorajamento, bem como as más condições de ensino, tem como consequência o baixo desempenho ou rendimento escolar. Quando falamos em desempenho escolar, não podemos rejeitar a instituição familiar, porque o aprendizado começa antes de a criança ser inserida na escola. Afinal, ela traz consigo uma considerável bagagem de conhecimento que adquiriu no ambiente familiar, além de valores e atitudes em relação ao processo de aprendizagem de forma geral (OLIVEIRA; MARINHO-ARAÚJO, 2010). ATENÇÃO A família é responsável pelo desenvolvimento humano, e a escola se torna uma extensão do ambiente familiar, o intermédio entre a cultura e as gerações. Por meio da escola, são gerados cidadãos críticos e racionais (SILVA et al., 2015). A escola, porém, não trabalha sozinha. É necessário o diálogo entre pais, escola e alunos para ajudar nas necessidades diárias. O ambiente escolar pode até ser considerado a segunda casa da criança por ensinar os valores morais e afetivos, mas a obrigação moral é de total responsabilidade da família (SANTOS; PAULINO, 2014). De qualquer modo, as duas instituições precisam estar em harmonia e integradas para auxiliar, de maneira intensa, em relação ao processo de ensino e aprendizagem dos alunos. Já sabemos que a escola é um lugar essencial para realizar a aprendizagem, pois possibilita a criação de conhecimentos, para que os sujeitos atuem na sociedade de maneira determinada. Em parceria com a família no desenvolvimento da criança e com qualidade de ensino, proporciona oportunidades positivas que trazem o progresso cognitivo (BRITO; FREITAS, 2012). O comprometimento da escola e da família possui grandes benefícios para a formação da identidade e o avanço da autonomia do aluno, pois permite que ele se sinta seguro em relação aos pais e aos professores, que conheça suas dificuldades e que consiga atingir suas metas (OLIVEIRA; MARINHO-ARAÚJO, 2010). A DIMENSÃO FAMILIAR E A APRENDIZAGEM A especialista Patricia Rossi Carraro aborda a importância da família no processo de ensino e aprendizagem. Assista: VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. A FAMÍLIA É UMA INSTITUIÇÃO SOCIAL QUE TEM PASSADO POR TRANSFORMAÇÕES SIGNIFICATIVAS AO LONGO DOS ANOS E É FOCO DE INTERESSE ENTRE VÁRIOS ESTUDIOSOS DESSA ÁREA. SOBRE O ASSUNTO, ASSINALE A ALTERNATIVA INCORRETA: A) Atualmente, existem muitas formas de estrutura familiar – de pais separados, chefiados por mãe, nuclear e externa. B) A família é responsável pela sobrevivência física e psíquica das crianças e constitui o primeiro grupo de mediação do indivíduo. C) A família também deve estabelecer limites às crianças, pois o cumprimento de regras contribui para uma boa convivência entre os membros do ambiente familiar. D) A família reproduz a cultura que a criança internaliza, auxilia na convivência em sociedade e orienta condutas aceitáveis. E) No contexto atual, fatores como dificuldade econômica, baixa escolaridade, baixa renda, trabalho instável e perda financeira são considerados insignificantes para prejudicar o bem-estar familiar. 2. A ESCOLA E A FAMÍLIA DEVEM ESTABELECER UMA UNIÃO E INTERAÇÃO ENTRE SI, PARA QUE, JUNTAS, POSSAM INFLUENCIAR E AGIR POSITIVAMENTE NA VIDA ESCOLAR DA CRIANÇA E DO JOVEM, VISANDO A SEU BOM DESEMPENHO ESCOLAR E A SEU PLENO DESENVOLVIMENTO. SOBRE O ASSUNTO, ASSINALE A ALTERNATIVA INCORRETA: A) A família e a escola têm funções muito importantes na vida das pessoas. B) A família e a escola contribuem para o desenvolvimento e para a aprendizagem do indivíduo em diversos aspectos, seja cognitivo e afetivo, seja biológico e social. C) Muitos pais não sabem que seus comportamentos influenciam o desenvolvimento dos filhos. D) Na escola, o professor deve estar sempre atento às etapas do desenvolvimento do aluno, colocando- se na posição de facilitador da aprendizagem e calcando seu trabalho no respeito mútuo, na confiança e no afeto. E) A família e a escola dificultam as interações das crianças e dos jovens com o mundo por meio da relação afetiva saudável, das atividades e das experiências que lhes oferecem. GABARITO 1. A família é uma instituição social que tem passado por transformações significativas ao longo dos anos e é foco de interesse entre vários estudiosos dessa área. Sobre o assunto, assinale a alternativa incorreta: A alternativa "E " está correta. O ambiente familiar pode ser prejudicado pelo impacto de diversos fatores, como, por exemplo, o econômico e o social. 2. A escola e a família devem estabelecer uma união e interação entre si, para que, juntas, possam influenciar e agir positivamente na vida escolar da criança e do jovem, visando a seu bom desempenho escolar e a seu pleno desenvolvimento. Sobre o assunto, assinale a alternativa incorreta: A alternativa "E " está correta. As ações, as posturas da família e da escola, bem como o afeto que estas instituições proporcionam às crianças e aos jovens, favorecem o aprendizado, os relacionamentos, a formação, ou seja, o desenvolvimento integral do indivíduo. MÓDULO 4 Reconhecer o objeto de estudo da Psicopedagogia na formação profissional do psicopedagogo OBJETO DE ESTUDO DA PSICOPEDAGOGIA Nas décadas de 1980 e 1990, alguns teóricos e estudiosos das áreas da educação e da saúde já se preocupavam em definir o objeto de estudo da Psicopedagogia. Ao adentrarmos nesse universo, verificaremos que tal objeto de estudo passou por fases distintas, assim como os demais aspectos dessa área. Houve momentos em que o trabalho psicopedagógico valorizava mais a reeducação. O processo de aprendizagem era averiguado em função de seus déficits, e o trabalho procurava superar tais defasagens. Esse enfoque buscava estabelecer semelhanças entre grandes grupos de sujeitos, as regularidades, o esperado para determinada idade, visando reduzir as diferenças e acentuar a uniformidade (BOSSA, 2011). Em um outros momentos, a Psicopedagogia deu ênfase à noção de não aprendizagem de outra maneira: o não aprender era carregado de significados e não se opunha ao aprender. Essa fase da Psicopedagogia é fundamentada especialmente na Psicanálise e na Psicologia Genética. A nova concepção valorizou a singularidade do indivíduo ou grupo, buscando o sentido particular de suas características e suas alterações, segundo as circunstâncias de sua própria história e de seu mundo sociocultural. Na atualidade, a Psicopedagogia foca na concepção de aprendizagem – processo do qual participa um ser biológico com disposições afetivas e intelectuais que interferem na forma de se relacionar com o meio. Essas disposições influenciam e são influenciadas pelas condições socioculturais do sujeito e de seu meio. A Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, que deriva de uma demanda: O problema de aprendizagem, colocado em um espaço pouco explorado, situado além dos limites da Psicologia e da própria Pedagogia. Essa área de estudos evoluiu devido à existênciade recursos, ainda que embrionários, para atender a essa demanda, constituindo-se, assim, em uma prática. Como se preocupa com o problema de aprendizagem, a Psicopedagogia deve ocupar-se inicialmente do processo de aprendizagem (BOSSA, 2011). A PSICOPEDAGOGIA ESTUDA AS CARACTERÍSTICAS DA APRENDIZAGEM HUMANA: COMO SE APRENDE, COMO ESSA APRENDIZAGEM VARIA EVOLUTIVAMENTE E ESTÁ CONDICIONADA POR VÁRIOS FATORES, COMO SE PRODUZEM AS ALTERAÇÕES NA APRENDIZAGEM, COMO RECONHECÊ-LAS, TRATÁ-LAS E PREVENI-LAS. ESSE OBJETO DE ESTUDO, QUE É UM SUJEITO A SER ESTUDADO POR OUTRO SUJEITO, ADQUIRE CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS, DEPENDENDO DO TRABALHO CLÍNICO OU PREVENTIVO. BOSSA, 2011, p. 24 O trabalho clínico ocorre na relação de um sujeito com sua história pessoal e sua modalidade de aprendizagem, buscando compreender a mensagem de outro sujeito, implícita no não aprender. O profissional deve comprender o que, como e por que o sujeito aprende, além de perceber a dimensão da relação entre psicopedagogo e sujeito, de modo a favorecer a aprendizagem. No trabalho preventivo, a instituição, como espaço físico e psíquico da aprendizagem, é objeto de estudo da Psicopedagogia, uma vez que são avaliados os processos didático-metodológicos e a dinâmica institucional, que interferem no processo de aprendizagem (BOSSA, 2011). Imagem: Shutterstock.com A partir dos aspectos apontados acerca do objeto de estudo da Psicopedagogia, consideramos que o psicopedagogo é alguém que está diante da interação de um indivíduo com o objeto de conhecimento. É importante que ele tenha um bom domínio e uma boa compreensão a respeito de quem é esse indivíduo e da natureza do objeto do conhecimento. FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO PSICOPEDAGOGO A formação do psicopedagogo ocorre no curso de especialização, em instituições de ensino autorizadas pelo Ministério da Educação (MEC). Esse profissional pode ser formado em Psicologia, Pedagogia, Fonoaudiologia, Assistência Social ou qualquer outra área que esteja relacionada à educação e à saúde. No entanto, a formação do psicopedagogo não acontece somente nesse âmbito. Ela também pode ocorrer em nível de graduação. A respeito do assunto, a Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) apresenta a ementa da Resolução nº 2, de 1º de julho de 2015, do MEC, que: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA (ABPP) javascript:void(0) Associação brasileira própria para os psicopedagogos, que se originou a partir da Associação Estadual de Psicopedagogia de São Paulo. Foi fundada em 1980 por profissionais que atuavam na área, que pesquisavam e procuravam construir conhecimentos sobre os processos e problemas de aprendizagem. É uma associação de direito privado, sem fins lucrativos, que opera para fortalecer a atuação e os direitos dos psicopedagogos de todo Brasil. DEFINE AS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A FORMAÇÃO INICIAL EM NÍVEL SUPERIOR (CURSOS DE LICENCIATURA, CURSOS DE FORMAÇÃO PEDAGÓGICA PARA GRADUADOS E CURSOS DE SEGUNDA LICENCIATURA) E PARA A FORMAÇÃO CONTINUADA. BRASIL, 2015 Já a Resolução nº 1, de 6 de abril de 2018, também do MEC: ESTABELECE DIRETRIZES E NORMAS PARA A OFERTA DOS CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU DENOMINADOS DE ESPECIALIZAÇÃO, NO ÂMBITO DO SISTEMA FEDERAL DE EDUCAÇÃO SUPERIOR, CONFORME PREVÊ O ART. 39, § 3º, DA LEI Nº 9.394/1996 E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS. BRASIL, 2018 A Comissão de Formação e Regulamentação da ABPp apresentou ao Conselho Nacional os referenciais de seu estudo. Essa comissão compreende que deve propor uma política de formação com o intuito de indicar os princípios que organizam as ações. Tal política aponta diretrizes entendidas como direção e orientação que fundamentam o Projeto de Lei em tramitação no Senado Federal, o qual busca regulamentar a atividade de Psicopedagogia. Normalmente, a formação em Psicopedagogia é compreendida a partir de duas perspectivas, nas quais o psicopedagogo: É visto como um teórico especialista na área da aprendizagem. Apresenta-se como um prático, a partir de ações interventivas, utilizando instrumentos próprios da área, advindos de conhecimentos científicos diversificados. Pensando por esse lado, a ABPp destaca que: [...] O PSICOPEDAGOGO NÃO É UM MERO TÉCNICO OU UM PROFISSIONAL ‘ESPONTANEÍSTA’, POIS SUA AÇÃO IMPLICA REFLETIR SOBRE AS SITUAÇÕES-PROBLEMA APRESENTADAS E INDICAR ALTERNATIVAS PARA A TOMADA DE DECISÃO CONSTRUÍDA EM SEU PROCESSO DE FORMAÇÃO PESSOAL E ACADÊMICA, VISANDO À TRANSFORMAÇÃO DA PESSOA RUMO À QUALIDADE DE VIDA E AO ENFRENTAMENTO DE SUAS DIFICULDADES. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA, 2019 Nesse sentido, a ABPp se apoia nas seguintes dimensões de trabalho na perspectiva interdisciplinar: DIMENSÃO NORMATIVA Cumprimento da esfera legal – normas e legislação. DIMENSÃO TÉCNICA Organização e operacionalização dos componentes do processo de ensino e aprendizagem, teorias da aprendizagem e enfoque cognitivo-afetivo. DIMENSÃO HUMANA Relações interpessoais, interação humana e pessoalidade, com ênfase nos processos relacionais individuais, grupais e institucionais. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) DIMENSÃO DO CONTEXTO Organização política do local ao qual a instituição pertence, enfoque socioeconômico, perspectiva cultural, social e laboral em que está inserida. Essas dimensões devem promover um processo de crescimento pessoal, interpessoal e grupal por meio de situações nas quais o psicopedagogo seja mediador de ações, a partir da relação entre teoria e prática. É prioritário que a formação do psicopedagogo também proporcione maneiras de (MASINI, 2006): 01 Ampliar a percepção e a acuidade às manifestações do indivíduo em situação de aprendizagem, considerando as relações que facilitam ou limitam seu ato de aprender. 02 Assegurar a atenção à totalidade do sujeito na situação do ato de aprender, considerando seu contexto, sua afetividade, seus valores, seus hábitos e sua linguagem. 03 Garantir a aquisição de conhecimentos sobre o desenvolvimento do indivíduo com base nas teorias da aprendizagem e nas relações com o outro. 04 Desenvolver visão crítica sobre as teorias que embasam a ação em relação ao contexto no qual atua profissionalmente e sobre a utilização dos recursos propostos (instrumentos e técnicas) para o desenvolvimento global do aprendiz, considerando-o em seu meio social específico e em seu momento histórico. javascript:void(0) 05 Incutir o cuidado de análise quando os recursos científicos e tecnológicos da atualidade distanciem o aprendiz de si próprio e de seus significados. Sobre esse processo de formação, a ABPp tem a preocupação de propiciar aos indivíduos que escolhem a área da Psicopedagogia informações consistentes sobre a atuação profissional, apoio e um local a que possam recorrer caso necessitem. COMPETÊNCIAS DO PSICOPEDAGOGO As competências do psicopedagogo relacionam-se ao trabalho psicopedagógico, o qual, como já vimos, é preventivo e clínico, mas também teórico, na medida em que há necessidade de se refletir sobre a práxis (prática). Vamos retomar essa reflexão de forma mais detalhada. No trabalho preventivo, existem diferentes níveis de prevenção. São eles: 1º NÍVEL Nesse nível, o psicopedagogo atua nos processos educativos com o objetivo de atenuar a “frequência dos problemas de aprendizagem”. Seu trabalho reflete nas questões didático-metodológicas, bem como na formação e orientação de docentes, além de realizar aconselhamento aos pais. 2º NÍVEL O objetivo é atenuar os problemas de aprendizagem já estabelecidos e tratar deles. Elabora-se um plano diagnóstico da realidade institucional e planos de intervenção baseados nesse diagnóstico, a partir do qual se busca avaliar os currículos com os professores para que tais problemas não ocorram. 3º NÍVEL O objetivo é tratar dos problemas já instaurados em um procedimento clínico com todas as suas consequências. No entanto, ao fazê-lo, o psicopedagogo também realiza um trabalho preventivo, pois evita que outrosproblemas possam surgir. TRABALHO PREVENTIVO O fracasso escolar é um exemplo de problema que pode ser tratado nos níveis de trabalho preventivo. Por estar ciente das inovações pedagógicas, o psicopedagogo, em conjunto com o coordenador e os professores, procura elaborar métodos de ensino compatíveis com as novas concepções acerca desse processo. Nesse momento, que corresponderia ao primeiro nível preventivo, o profissional de Psicopedagogia trabalha com os docentes, auxiliando-os a incorporar os novos conhecimentos e os procedimentos metodológicos deles decorrentes. TRABALHO CLÍNICO No trabalho clínico, cabe ao psicopedagogo compreender como o indivíduo é constituído, como as mudanças ocorrem nos diversos períodos de vida dele, quais são os instrumentos de que ele dispõe e a forma pela qual produz conhecimento e aprende. Imagem: Shutterstock.com Esse saber exige do psicopedagogo recorrer às teorias que lhe permitam reconhecer de que modo a aprendizagem acontece, bem como compreender as leis que regem esse processo: as influências afetivas e as representações inconscientes que o acompanham, o que pode comprometê-lo e o que pode favorecê-lo. É preciso, também, que o psicopedagogo compreenda (BOSSA, 2011): O que é ensinar e o que é aprender Como intervir nos sistemas e métodos educativos Como conhecer os problemas estruturais que interferem no surgimento dos problemas de aprendizagem e na dinâmica escolar PAPEL DA ABPP NA PRÁTICA DO PSICOPEDAGOGO A ABPp busca, de modo incessante, pela regulamentação do exercício da atividade de Psicopedagogia por meio do Projeto de Lei já mencionado que tramita no Congresso Nacional, iniciado em 1997. Seu papel é acompanhar, discutir e participar de todas as etapas transcorridas na esfera legislativa. Essa associação dos profissionais de Psicopedagogia brasileiros também é responsável pela organização de eventos de dimensão nacional e entrevistas, bem como por informativos, publicações e artigos em revista científica, cujos temas retratam as preocupações e tendências na área. Os assuntos dos encontros e congressos promovidos por essa entidade ao longo dos anos estão relacionados à trajetória da atuação psicopedagógica de seus primórdios aos nossos dias. VOCÊ SABIA De acordo com a ABPp, a partir da história da Psicopedagogia, inicialmente, foram implantados cursos de formação profissional. Em seguida, esses se estenderam para os cursos de especialização, que se multiplicaram no Brasil, na década de 1990, até chegarmos aos cursos de graduação, que ainda são poucos, mas buscam seu espaço. A ABPp oferece diversas informações acerca da legislação (regulamentação do exercício da atividade em Psicopedagogia e Projetos de Lei), o Código de Ética do Psicopedagogo, bem como as Diretrizes de Formação de Psicopedagogos no Brasil. OBJETO DA PSICOPEDAGOGIA A especialista Patricia Rossi Carraro fala sobre o ser humano em processo de aprendizagem, suas habilidades e interações. Veja: VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. QUANDO NOS REFERIMOS AO OBJETO DE CONHECIMENTO DA PSICOPEDAGOGIA, ESTAMOS FALANDO DO INDIVÍDUO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM. ESSE OBJETO DE ESTUDO ADQUIRE CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS, DEPENDENDO DO TRABALHO PREVENTIVO OU CLÍNICO. COM RELAÇÃO AO TRABALHO CLÍNICO, ASSINALE A ALTERNATIVA INCORRETA: A) Ocorre com a pessoa a partir de sua história de vida e de sua maneira de aprender. B) O psicopedagogo deve entender o que, como e por que a pessoa aprende. C) A instituição é o foco das atenções, e os aspectos didático-metodológicos e a dinâmica institucional são avaliados. D) Busca-se compreender a mensagem de outro sujeito, implícita no não aprender. E) Procura-se identificar a dimensão da relação entre psicopedagogo e sujeito, de forma a favorecer a aprendizagem. 2. PENSANDO NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO PSICOPEDAGOGO, VIMOS QUE ELE NÃO É UM MERO TÉCNICO, POIS SUA AÇÃO ENVOLVE REFLEXÃO SOBRE OS PROBLEMAS APRESENTADOS. NESSE SENTIDO, O PSICOPEDAGOGO É VISTO COMO UM: A) Prático ou psicanalista B) Linguista ou teórico especialista C) Pedagogo ou fonoaudiólogo D) Psicólogo ou pedagogo E) Teórico especialista ou prático GABARITO 1. Quando nos referimos ao objeto de conhecimento da Psicopedagogia, estamos falando do indivíduo no processo de aprendizagem. Esse objeto de estudo adquire características específicas, dependendo do trabalho preventivo ou clínico. Com relação ao trabalho clínico, assinale a alternativa incorreta: A alternativa "C " está correta. Na prática clínica, o psicopedagogo não pode negar o papel que a escola exerce sobre o indivíduo, porém o foco da atenção do atendimento clínico não são os processos educacionais, a orientação a docentes e aos familiares. A dinâmica da clínica centraliza-se no diagnóstico, na avaliação e no tratamento das dificuldades de aprendizagem da pessoa. 2. Pensando na formação profissional do psicopedagogo, vimos que ele não é um mero técnico, pois sua ação envolve reflexão sobre os problemas apresentados. Nesse sentido, o psicopedagogo é visto como um: A alternativa "E " está correta. Pensar na formação do psicopedagogo é esclarecer que sua identidade profissional está centralizada em construções teóricas e reflexões para fundamentar sua prática. Nesse sentido, esse profissional é considerado um teórico especialista ou prático. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo deste tema, discutimos os fundamentos teóricos e os conceitos básicos da Psicopedagogia, os quais são fundamentais para a compreensão da prática profissional do psicopedagogo. Estudamos os aspectos gerais acerca do conceito de desenvolvimento humano e das diferentes fases do ciclo vital, identificamos as formas de estudar e compreendemos os fatores que impactam o desenvolvimento humano. Também definimos aprendizagem e suas principais teorias. A Psicopedagogia lida diretamente com esses assuntos. Além disso, entendemos o objeto de estudo da Psicopedagogia, a formação profissional, as competências do psicopedagogo e o papel da ABPp na prática do psicopedagogo, contribuindo, assim, para contextualizar a Psicopedagogia e o papel do profissional que atua nessa área. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA. Diretrizes da formação de psicopedagogos no Brasil. São Paulo: ABPp, 2019. BEE, H.; BOYD, D. A criança em desenvolvimento. 12. ed. Tradução de Cristina Monteiro. Porto Alegre: Artmed Editora, 2011. BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. BONA, V.; VAZ, P. G. A. B. Os sentidos atribuídos à escola por crianças da educação infantil. Revista Tópicos Educacionais, Recife, v. 22, n. 2, p. 55-75, jul./dez. 2016. BOSSA, N. A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. 4. ed. 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CONTEUDISTA Patricia Rossi Carraro CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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