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Hanseníase: Doença Crônica Infectocontagiosa

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MEDICINA UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO
@junamed
Especialidades 
clínicas e cirúrgicas 1 
Hanseníase 
 
- Doença crônica infectocontagiosa causada 
pelo Mycobacterium leprae (BAAR gram +)
- Acomete principalmente os nervos 
superficiais da pele e troncos nervosos 
periféricos (face, pescoço, terço médio do 
braço, abaixo dos cotovelos e joelhos, olhos 
e órgãos internos) 
- Afeta ambos os sexos e todas as idades
- Se não tratada na forma inicial, evolui e 
torna-se transmissível podendo levar a 
incapacidades físicas e deformidades
- Pacientes diagnosticados com hanseníase 
têm direito a tratamento gratuito com 
poliquimioterapia disponível em qualquer 
unidade de saúde
- O tratamento interrompe a transmissão em 
poucos dias e cura a doença 
- É uma doença de notificação compulsória
* A hanseníase é uma doença causada pelo 
bacilo de Hansen, que afeta os nervos. O 
doente pode apresentar manchas 
esbranquiçadas ou avermelhadas na pele. 
Nas manchas geralmente há perda de pelos 
e a pessoa pode ter perda total ou 
diminuição de sensibilidade, além de sentir 
dores ou formigamentos 
* Mycobacterium leprae = bactéria intracelular 
com tropismo para macrófagos cutâneos e 
células de Schwann do sistema nervoso 
periférico 
Epidemiologia
- O brasil é o 2º país com maior número de 
casos no mundo (perde apenas para índia) 
- A sociedade brasileira de hansenologia 
acredita que existam 3-5 vezes mais casos 
do que os atualmente diagnosticados (doença 
subdiagnosticada)
Transmissão 
- Contato próximo e prolongado de uma 
pessoa suscetível com um doente com 
hanseníase que não está sendo tratado 
- A transmissão ocorre pelas vias 
respiratórias através de secreções nasais, 
gotículas da fala, tosse e espirro (a maioria 
das pessoas que entram em contato com 
estes bacilos não desenvolve a enfermidade)
- O período de incubação é longo (3-5 ou 
2-10 anos) 
Sinais e sintomas
- Alteração de sensibilidade (formigamentos, 
choques e câimbras nos braços e pernas que 
evoluem para dormência) 
- Manchas (manchas hipoicrômicas/
esbranquiçadas, acastanhadas ou 
avermelhadas com alterações de 
sensibilidade ao calor e/ou ao toque)
- Nodulações (pápulas, tubérculos e caroços)
- Dormência (ex: a pessoa se queima ou se 
machuca sem perceber) 
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- Mandarose (diminuição ou queda de pelos 
localizada ou difusa, especialmente nas 
sobrancelhas)
- Pele infiltrada (avermelhada), com 
diminuição ou ausência de suor no local 
Sinais e sintomas extra-cutâneos 
- Sistema músculo esquelético: artralgias, 
nódulos nas articulações, periostite
- Sistema circulatório: linfadenomegalias 
indolores, cianose e edema de mãos e pés, 
úlceras indolores e com bordas elevadas, 
geralmente múltiplas, em membros inferiores 
(úlceras tróficas)
- Vísceras: hepatoesplenomegalia, insuficiência 
suprarrenal ou renal, atrofia dos testículos 
(orquites, azospermia)
- Mucosas: obstrução nasal, ressecamento e/
ou sangramento da mucosa nasal, edema da 
região do osso do nariz ou até desabamento 
nasal, nodulações ou ulcerações indolores no 
palato e rouquidão
Classificação 
• De acordo com a OMS (1982)
A) Paucibacilares: até 5 lesões de pele com 
baciloscopia de raspado intradérmico negativo 
B) Multibacilares: 6 ou mais lesões de pele ou 
baciloscopia de raspado intradérmico positiva
• De acordo com Madri (1953)
1. Paucibacilares: subdivididos em hanseníase 
indeterminada e tuberculóide 
A) Hanseníase indeterminada 
. Todos os pacientes passam por essa fase no 
início da doença (pode ser ou não perceptível)
. Geralmente afeta crianças <10 anos, ou mais 
raramente, adolescentes e adultos
. As lesões de pele geralmente são únicas e se 
caracterizam por: mácula hipocrômica, plana, 
bordas mal delimitadas, não pega poeira 
(devido a anidrose) e há perda da sensibilidade 
térmica e/ou dolorosa (mas a tátil geralmente 
é preservada)
B) Hanseníase tuberculóide
. É a forma da doença em que o sistema imune 
da pessoa consegue destruir os bacilos 
espontaneamente
. Tem um tempo de incubação médio de cinco 
anos
. É mais comum em crianças maiores e adultos
. As lesões de pele caracterizam-se por: placa 
elevada ou com bordas elevadas, bem 
delimitada e centro claro, totalmente 
anestésica e com menor frequência um único 
nervo espessado
. Os exames geralmente são desnecessários, 
devido a perda total dos 3 tipos de 
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sensibilidade (perda total da sensibilidade 
térmica, tátil e dolorosa)
* Hanseníase nodular da infância: criança 
pequena, nódulo totalmente anestésico na 
face ou tronco
2. Multibacilares: subdivididos em hanseníase 
dimorfa e virchowiana 
A) Hanseníase dimorfa 
. É a forma mais comum: > 70% dos casos
. O período de incubação é longo: > 10 anos, 
devido à lenta multiplicação do bacilo (14 dias)
. As lesões de pele caracterizam-se por: 
múltiplas máculas avermelhadas ou 
esbranquiçadas, bordas elevadas e geralmente 
mal delimitadas com perda parcial ou total da 
sensibilidade e diminuição de funções 
autonômicas (anidrose ou teste da histamina 
incompleto)
. É comum haver comprometimento assimétrico 
de nervos periféricos (fazendo com que sejam 
palpáveis)
B) Hanseníase virchowiana 
. É a forma mais contagiosa da doença
. Os pacientes geralmente não apresentam 
lesões visíveis, mas a pele é avermelhada, 
seca, infiltrada e com poros dilatados (“casca 
de laranja”)
. As lesões poupam o couro cabeludo, axilas e 
o meio da coluna lombar (regiões mais quentes 
e vascularizadas)
. É comum o surgimento de hansenomas 
(nódulos escuros, endurecidos e assintomáticos)
. Em estágio mais avançado há perda parcial 
ou total das sobrancelhas (madarose) e 
também dos cílios e outros pelos
. A face costuma ser lisa e sem rugas (face 
leonina) devido a infiltração
. O suor está diminuído ou ausente, porém é 
intenso nas áreas poupadas (couro cabeludo e 
axilas)
. Os pacientes podem apresentar câimbras e 
formigamentos nas mãos e pés, artralgias e 
orquites em homens (azospermia e disfunção 
erétil)
. Os nervos periféricos estão simetricamente 
espessados, o que dificulta a comparação 
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* Para ter suor precisa de resposta 
autonômica, como esses pacientes tem um 
acometimento eles não suam na região da 
lesão 
RESUMINDO
Reações hansênicas
- São fenômenos de aumento da atividade da 
doença que podem ocorrer de forma aguda 
antes, durante ou após o final do tratamento
- 15 a 30% dos pacientes podem apresentar 
fenômenos agudos como a primeira queixa 
da doença
- São mais comuns em pacientes 
multibacilares 
- Pacientes com carga bacilar mais alta 
geralmente apresentam reações de início 
mais tardio (no final ou logo após o 
tratamento)
- Constituem a maior causa de lesão no nervo 
periférico e aumento das incapacidades
- Podem ser desencadeadas por focos 
infecciosos (fazer exames odontológico e 
urinário para exclusão) 
- Os surtos reacionais são, em geral, 
autolimitados, sendo em média de 1 mês para 
a reação tipo 2 (eritema nodoso hansênico), 
e de 3 a 6 meses para a reação tipo 1
- São autolimitadas, porém deve fazer 
tratamento pois estas reações são a 
principal causa de incapacidades 
irreversíveis 
Classificação 
A) Reação hansênica tipo 1
- Pacientes em bom estado geral
- NÃO HÁ comprometimento sistêmico
- Caracteriza-se por lesões de pele mais 
avermelhadas e edemaciadas, com nervos 
periféricos dolorosos e piora da perda de 
sensibilidade ou da função muscular
- Pode haver surgimento abrupto de novas 
lesões de pele até 5 anos após a alta 
medicamentosa
Manejo
. Geralmente é ambulatorial
. Se presença de neurite ou lesão ulcerada: 
prednisona 1 mg/kg/dia ou dexametasona 0,15 
mg/kg/dia (se HAS ou cardiopatas)
. Para analgesia: antidepressivo tricíclico 
(amitriptilina 25 mg até 75 mg/dia) + 
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clorpromazina5 mg 12/12h ou carbamazepina 
200-400 mg/ dia
. Fazer profilaxia para Strongiloides stercoralis 
com albendazol 400mg por 5 dias
. Retorno mensal ou antes se necessário para 
realizar avaliação dermatoneurológica
. Quando melhora/estabiliza: iniciar redução 
lenta da prednisona (10 mg por mês), até a 
menor dose possível
B) Reação hansênica tipo 2 
- HÁ comprometimento sistêmico
- Caracteriza-se por presença de nódulos 
quentes, dolorosos e avermelhados, às vezes 
ulcerados
- Há artralgia, artrite, febre, dor nos nervos 
periféricos (mãos e pés) e comprometimento 
dos olhos 
- Ocorre um comprometimento sistêmico 
(anemia severa aguda, leucocitose com 
desvio à esquerda, comprometimento do 
fígado, baço, linfonodos, rins, testículos, 
suprarrenais)
Manejo
. Geralmente é ambulatorial
. Para analgesia: amitriptilina 25 mg até 75 
mg/dia + clorpromazina 5 mg 12/12h ou 
carbamazepina 200-400 mg/ dia
. Talidomida 100 a 400 mg/dia via oral (para 
mulheres em idade fértil: pentoxifilina 400 mg 
três vezes ao dia, ou antiinflamatórios)
. Se ocorrer neurite, lesão ulcerada ou 
comprometimento de outros órgãos: prednisona 
1 mg/kg/dia
. Se houver associação de talidomida e 
corticoide: prescrever AAS 100 mg/ dia 
(profilaxia TVP)
. Fazer profilaxia para Strongiloides stercoralis 
com albendazol 400mg por 5 dias
. Retorno mensal ou antes se necessário: 
realizar avaliação dermatoneurológica
. Quando melhora/estabilização: iniciar 
redução lenta da prednisona (10 mg por mês), 
até a menor dose possível
* Em casos de surtos subitrantes ou 
corticodependentes, ou talidomida-
dependentes é importante reavaliar a 
presença de focos infecciosos (ex: problemas 
dentários), o contato do paciente reacional 
com doentes não tratados e sem diagnóstico 
e insuficiência de tratamento
Abordagem do paciente 
1º passo 
- Explicar sobre a doença e os motivos pelos 
quais estamos considerando o diagnóstico de 
hanseníase
- Enfatizar que a doença tem cura e que o 
tratamento é gratuito pelo SUS
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- Alertar sobre a importância da adesão ao 
tratamento e informar sobre a transmissão
- Esclarecer que os contactuantes devem ser 
examinados e acompanhados por pelo menos 
5 anos, mesmo que assintomáticos
2º passo - anamnese + avaliação 
dermatológica
- Identificar se há: queixa de lesão de pele e 
há quanto tempo apareceram, queixa de 
alterações de sensibilidade em alguma área 
do seu corpo, queixa de dores nos nervos ou 
fraqueza nas mãos e nos pés
- Verificar se o paciente usou algum 
medicamento para tais problemas e qual o 
resultados
- Inspecionar toda a superfície corporal, no 
sentido crânio-caudal, todos os segmentos 
(sendo as áreas mais comuns a face, orelhas, 
nádegas, braços, pernas e costas, mucosa 
nasal)
- Pesquisar a sensibilidade térmica, dolorosa e 
tátil nas lesões de pele:
. Sensibilidade térmica: feita com 2 tubos de 
vidro, um contendo água fria e outro água 
quente
. Sensibilidade tátil: feita com fio dental, 
algodão ou monofilamento (é a última a ser 
perdida)
. Sensibilidade dolorosa: feita com agulha 
(sem furar a pele)
3º passo - avaliação neurológica
- Visa a identificação de neurites, 
incapacidades e deformidades
- Deve ser realizada a cada 3 meses se 
paciente assintomático, em todas as 
consultas se houver alterações e na alta do 
tratamento
- Os principais nervos periféricos acometidos 
são: trigêmeo e facial (na face); radial, 
ulnar e mediano (nas mãos e braços); fibular 
comum e tibial posterior (nos pés e pernas) 
* A neurite ocorre pela ação do bacilo nos 
nervos e/ou pela resposta do organismo ao 
bacilo. Cursa com dor e espessamento dos 
nervos, alteração de sensibilidade e perda de 
força nos músculos inervados por esses 
nervos. Pode haver anidrose, queda de pelos, 
perda de sensibilidade e paralisia muscular 
4º passo - avaliação dermatoneurológica 
A) Inspeção dos olhos
. Questionar ardência, prurido, vista embaçada, 
ressecamento dos olhos, pálpebras pesadas, 
lacrimejamento
. Verificar nódulos, secreção, hiperemia, 
ausência de sobrancelhas (madarose), cílios 
invertidos (triquíase), eversão (ectrópio) e 
desabamento da pálpebra inferior (lagoftalmo), 
ou opacidade da córnea
. Verificar alterações das pupilas
B) Inspeção de nariz
. Questionar congestão nasal, sangramento ou 
ressecamento
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. Verificar condições da pele, da mucosa e do 
septo nasal (perfuração do septo ou 
desabamento do nariz)
C) Inspeção dos MMSS e MMII
. Pesquisar por redução da força, dormência, 
ressecamento, nódulos, fissuras, atrofias 
musculares e reabsorções ósseas (perda de 
uma ou mais falanges)
. Analisar se há deformidades (dedos em garra, 
pé caído)
. Observar marcha e ver se há 
comprometimento neural (ex: pé caído)
. Realizar inspeção do interior dos calçados 
para prevenir incapacidades
D) Palpação dos troncos nervosos periféricos
. Feita com as polpas digitais, deslizando-as 
sobre a superfície óssea, acompanhando o 
trajeto do nervo
. Verifica a consistência, espessamento e se há 
dor (se houver neurite os troncos nervosos 
estarão dolorosos ou com sensação de choque) 
E) Avaliação da força muscular
. Verificar se há ausência ou redução através 
do teste da mobilidade articular das mãos e 
pés (ativa e passiva, identificando limitações
da amplitude do movimento, deformidades)
5º passo - exames subsidiários 
- O diagnóstico da hanseníase deve ser 
essencialmente baseado no quadro clínico 
(portanto, os exames devem sempre ser 
correlacionados ao quadro clínico e dados 
epidemiológicos) 
- Na dúvida diagnóstica, apesar do resultado 
dos exames laboratoriais, o paciente deve 
ser tratado como MB
- Os principais exames subsidiários são: 
A) Baciloscopia de raspado intradérmico 
. Feita nos lobos auriculares e cotovelos 
. Paciente paucibacilar (hanseníase 
indeterminada ou tuberculóide) = baciloscopia 
negativa
. Paciente multibacilar = baciloscopia positiva 
* O resultado positivo de uma baciloscopia 
classifica o caso como MB, porém o resultado 
negativo não exclui o diagnóstico clínico da 
hanseníase, e nem classifica o doente 
obrigatoriamente como PB -> por isso 
relacionar exame com quadro clínico 
B) Biópsia de pele 
. Hanseníase indeterminada = infiltrado 
inflamatório inespecífico que não confirma o 
diagnóstico e a procura de bacilos (BAAR) é 
quase sempre negativa
. Hanseníase tuberculóide = granuloma do tipo 
tuberculóide (ou epitelióide) que destrói 
pequenos ramos neurais, agride a epiderme e 
a procura de bacilos (BAAR) é negativa
. Hanseníase dimorfa = infiltrado linfo-
histiocitário, que varia desde inespecífico até 
com a formação de granulomas tuberculóides, 
a baciloscopia da biópsia é frequentemente 
positiva
. Hanseníase virchowiana = infiltrado 
histiocitário xantomizado ou macrofágico, e a 
pesquisa de bacilos mostra incontáveis bacilos 
dispersos e organizados em grumos (globias)
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* Resultados negativos para baciloscopia da 
biópsia NÃO excluem o diagnóstico clínico da 
hanseníase. Em pacientes com clínica de 
hanseníase multibacilar, desconsidere a 
baciloscopia da biópsia e trate-os como MB
- Testes para auxílio (não são diagnósticos): 
A) Prova da histamina
. Pode ocorrer resultado falso positivo quando 
lesão de nascença (ex: nevo anêmico) ou uso 
de antialérgicos 
. Quando alterado (prova da histamina 
incompleta) não ocorre eritema (sinal altamente 
sugestivo de hanseníase) 
B) Prova da histamina endógena 
. Permite avaliar a função vascular.
. É feita traçando uma reta na pele com um 
instrumento rombo, passando pela área com 
alteração, o esperado é um eritema linear 
homogêneo. Porém nas lesões de hanseníase, 
esse eritema não acontece dentro da lesão
C) Avaliação da sudorese/teste da anidrose 
Tratamento
- Deve ser iniciado logo após o diagnóstico (se 
não houvercontraindicações formais, como 
alergia a sulfa ou á rifampicina) 
- Consiste na poliquimioterapia (PQT)
- As medicações diárias deverão ser tomadas 
2 horas após o almoço para evitar 
intolerância gástrica e eventual abandono do 
tratamento por esse motivo (se ainda assim 
houver dor epigástrica, introduzir 
omeprazol, ranitidina ou cimetidina pela 
manhã)
- Caso haja náuseas, pode administrar 
metoclopramida uma hora antes de tomar o 
medicamento
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* Para que haja sucesso do tratamento: é 
necessário que o paciente tenha consciência 
da sua doença e da sua reabilitação; a 
participação do paciente é de fundamental 
importância para alcançar resultados 
satisfatórios; o doente deve ser orientado a 
fazer a autoinspeção (autocuidado) diária e, 
se necessário, estimulado a usar proteção, 
especialmente voltada para os olhos, nariz, 
mãos e pés
 
Esquemas de tratamento 
A) Hanseníase PB
. Supervisionada: 1x no mês, 600 mg de 
Rifampicina + 100 mg de Dapsona por 6 meses
. Em casa: diário, 100 mg de Dapsona por 6 
meses
* Caso a Dapsona precise ser suspensa, deverá 
ser substituída pela Clofazimina 50 mg por 
dia + 1 dose supervisionada de 300 mg no 
mês
B) Hanseníase MB
. Supervisionada: 1x no mês → 600 mg de 
Rifampicina + 100 mg de Dapsona + 300 mg de 
Clofazimina por 12 meses
. Em casa: uso diário, 100 mg de Dapsona + 50 
mg de Clofazimina por 12 meses
* Caso a Dapsona precise ser suspensa, deverá 
ser substituída pela Ofloxacina 400 mg ou 
pela Minociclina 100 mg, supervisionada e 
em casa
Efeitos adversos das medicações
A) Dapsona 
- Cutâneos: síndrome de Stevens-Johnson, 
dermatite esfoliativa ou eritrodermia
- Hepáticos: icterícias, náuseas e vômitos
- Hemolíticos: tremores, febre, náuseas, 
cefaléia, às vezes choque, podendo também 
ocorrer icterícia leve, metahemoglobinemia, 
cianose, dispnéia, taquicardia, cefaléia, 
fadiga, desmaios, náuseas, anorexia e 
vômitos
- Mais raros: insônia e neuropatia motora 
periférica
• Orientação
. Se houver discreta anemia: repor ácido fólico 
e vitamina B 12
. Se tiver alterações renais ou hepáticas 
prévias, é discutível o uso da dapsona ou 
iniciar com esquema alternativo
B) Rifampicina (tem menos EA pois é usada 1x 
ao mês)
- Cutâneos: rash facial ou generalizado. 
prurido
- TGI: diminuição do apetite e náuseas
- Hepáticos: icterícia (leve ou transitória x 
grave, com danos hepáticos)
- Hematopoéticos: trombocitopenia, púrpuras 
ou sangramentos anormais
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- Anemia hemolítica: tremores, febre, 
náuseas, cefaléia e às vezes choque
- Síndrome pseudogripal: febre, calafrios, 
astenia, mialgias, cefaléia, dores ósseas
- A urina pode apresentar uma coloração 
avermelhada algumas horas após a ingestão 
da medicação, e isso deverá ser explicado ao 
paciente
- Pode ocorrer urticária após 30 min da 
administração da medicação: corticoide e 
antialérgico
• Orientação 
. Utilizar métodos anticoncepcionais de 
barreiras por sete dias após a dose
 supervisionada em mulheres em idade fértil
C) Clorfazimina 
- Cutâneos: ressecamento da pele que pode 
evoluir para ictiose (alteração na coloração 
da pele -> pele bronzeada)
- TGI: dor abdominal, devido ao depósito de 
cristais de clofazimina nas submucosas e 
linfonodos intestinais
* Estes efeitos ocorrem mais acentuadamente 
nas lesões hansênicas e regridem, muito 
lentamente, após a suspensão do 
medicamento
Término do tratamento 
- A alta por cura depende do número de 
doses e tempo de tratamento
- Antes da alta deve-se realizar avaliação 
neurológica simplificada, avaliação do grau 
de incapacidade física e orientação para os 
cuidados pós-alta
Esquemas de término 
. Hanseníase PB: 6 doses em até 9 meses
. Hanseníase MB: 12 doses em até 18 meses
* Pacientes que não completarem o esquema 
deverão ser avaliados quanto à necessidade 
de reinício
* Se for um caso de hanseníase MB e não 
houver melhora clínica após um ciclo de 12 
doses avaliar possibilidade de reinfecção, 
insuficiência de tratamento ou resistência 
medicamentosa
* Após término do tratamento paciente deve 
ser orientado para retorno imediato se novas 
lesões de pele, neurite ou piora da função 
sensitiva e/ou motora
Incapacidades instaladas
- São elas: mão em garra, pé caído e 
lagoftalmo, madarose superciliar, 
desabamento da pirâmide nasal, queda do 
lóbulo da orelha ou atrofia cutânea da face
- Se a paciente tiver incapacidades instaladas 
poderá ser encaminhado para avaliação e 
indicação de cirurgia de reabilitação se:
. Tiver completado o tratamento PQT
. Não apresentar estado inflamatório reacional
. Não estar em uso de medicamentos 
antirreacionais há pelo menos um ano
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Investigação de contatos
- Independente de paciente MB ou PB é 
importante a investigação de contatos para o 
diagnóstico precoce e quebra da cadeia de 
transmissão 
- A transmissão pode ocorrer por: 
. Contato domiciliar: residiu ou conviveu no 
âmbito domiciliar nos últimos 5 anos
. Contato social: toda e qualquer pessoa que 
conviva ou tenha convivido em relações sociais 
(familiares ou não), de forma próxima e 
prolongada com o caso notificado
. Familiares próximos, vizinhos, colegas de 
trabalho e de escola
Prevenção dos contatos sem a doença 
. Consiste em anamnese dirigida + avaliação 
dermatoneurológica (1x ao ano por pelo menos 
5 anos) + vacina BCG 
* Não se deve fazer a vacinação BCG em 
pacientes imunossuprimidos, pessoas com 
tuberculose ativa, gestantes ou em indivíduos 
vacinados recentemente (<1ano)
* É importante orientar que a BCG não é uma 
vacina específica, mas que ela oferece 
alguma proteção contra a hanseníase

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