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PSICOPATAS E ASSASSINOS EM SÉRIE: COMO A MÍDIA INFLUENCIA SUAS ATUAÇÕES? Lindyhellen Albuquerque1 Resumo O objetivo deste trabalho incide em analisar a influência da mídia acerca dos psicopatas e assassinos em série, a fim de compreender tal influxo por meio da conceituação e discussão sobre os resultados obtidos, analisando os impactos das difusões da imprensa a respeito dos criminosos. Três capítulos explanarão a temática, sendo o primeiro o conceito, identificação comportamental do psicopata e exemplificação de caso; o segundo aborda o perfil do assassino em série; e, por fim, o terceiro capítulo expõe os efeitos que o poder persuasivo midiático gera na sociedade. A utilização da pesquisa de cunho bibliográfico como método visa promover reflexões no que concerne às perspectivas científicas do assunto abordado. Palavras-chave: Serial-killer; Psicopata; Mídia. Introdução ‘’Eu quero controlar a vida e a morte”2 Ted Bundy No mundo hodierno, a velocidade do compartilhamento de opiniões e críticas aumentou drasticamente. Tecnologia, informação e exposição, definem a sociedade moderna. Desse modo, com a amplitude de visões divergentes sobre as questões que permeiam a mente humana, principalmente acerca da criminalidade, a necessidade de compreender as raízes do mal no corpo social, implica em observar as interferências dos meios de comunicação no comportamento dos criminosos. A partir da contínua presença da mídia no cotidiano mundial, a forma de propagação de notícias gera, muitas vezes, estereótipos que distorcem a visão pública do real significado da temática. 1 Graduanda em Psicologia, Universidade Anhanguera de São Paulo. lindyhellena@gmail.com. 2 “I want to master life and death.” Em https://www.inspiringquotes.us/author/3119-ted-bundy acessado em 28 de maio de 2022. 2 O crescente debate a respeito da conduta psicopática e a exploração da temática em mídias televisivas, impende o aumento de estudos científicos, uma vez que tal âmbito ainda encontra vieses para consolidação de respostas para questionamentos do público no que tange ao extremismo delituoso dos assassinos em série e psicopatas. Nesse sentido, a psicopatia é definida como um transtorno de personalidade no qual a falta de empatia e a dificuldade de expressão emocional são intrínsecos aos indivíduos que a possuem. Ademais, os assassinos em série, também denominados de Serial Killers, termo cunhado na década de 70 por Robert Ressler, agente do FBI (CASOY, 2014), são caracterizados por cometerem dois ou mais assassinatos em série, em um intervalo de tempo que separa os eventos criminosos, variando desde horas a anos, com um padrão de vítimas e assinatura dos crimes. Na maioria das eras da humanidade, as narrativas sobre morte e assassinos sempre atraíram a atenção do público. Contudo, o que de fato corroborou para que tal fascínio tenha tomado proporções assustadoras? Desse modo, o artigo tem como objetivo descrever e discutir o perfil dos psicopatas e seriais killers, demonstrando correlações biopsicossociais em suas tipificações, com o intuito de esclarecer a correspondência da mídia na atuação dos perpetradores e o interesse público gerado pela divulgação de notícias relacionadas. Metodologia O presente trabalho possui delineamento bibliográfico e por intermédio de referenciais teóricos publicados, a pesquisa foi realizada. Tal exploração traz benefícios para desenvolvimento da temática, a partir da interpretação de perspectivas apresentadas na literatura científica. Por meio de busca eletrônica, artigos das bases de dados do Google Acadêmico e do portal de Periódicos Eletrônicos de Psicologia (PePSIC), foram utilizados para elucidação a respeito da influição midiática no perfil atuante do indivíduo considerado psicopata e dos assassinos em série. 17 artigos, 5 livros e 2 arquivos de vídeo, publicados nos últimos 45 anos, foram selecionados objetivando focar os resultados deste trabalho nas contribuições mais recentes. 1. Psicopata: 3 “Desafio qualquer ser humano da face da terra que queira apontar os meus defeitos, sem ter que dar margem para apontar os seus erros.”3 Pedro Rodrigues Filho, ‘’Pedrinho Matador’’ 1.1 Origem do termo e designação: Em 1801, o psiquiatra francês Philippe Pinel, publicou um estudo intitulado de Traité médico-philosophique sur l'aliénation mentale (Tratado médico-filosófico sobre alienação mental) na tentativa de compreender a anormalidade comportamental de alguns criminosos que possuíam plena consciência de seus atos, denominando o termo mania sans délire (mania sem delírio), para descrever o quadro de alguns pacientes que cometeram delitos sem delírios, de forma racional (TEIXEIRA e FILHO, 2009 apud ARRIGO e SHIPLEY, 2001). Contudo, após diversos estudos científicos e o aumento de discussões sobre o tema, o termo e conceito de psicopatia estabeleceram-se, de fato, em 1941, pelo psiquiatra Hervey Cleckley, em sua obra The Mask of Sanity (A máscara da sanidade), no qual ele expõe fatores determinantes para identificação da personalidade psicopática (TEIXEIRA e FILHO, 2009 apud VAUGH & HOWARD, 2005). Cleckley expôs as características dos psicopatas, auxiliando na identificação deles: 1)Charme superficial e boa inteligência; 2) Ausência de delírios e outros sinais de pensamento irracional; 3) Ausência de nervosismo e manifestações psiconeuróticas; 4) Não-confiabilidade; 5) Tendência à mentira e insinceridade; 6) Falta de remorso ou vergonha; 7) Comportamento antissocial inadequadamente motivado; 8) Juízo empobrecido e falha em aprender com a experiência; 9) Egocentrismo patológico e incapacidade para amar; 10) Pobreza generalizada em termos de reações afetivas; 11) Perda específica de insight; 12) Falta de reciprocidade nas relações interpessoais; 13) Comportamento fantasioso e não-convidativo sob influência de álcool e às vezes sem tal influência; 14) Ameaças de suicídio raramente levadas a cabo; 15) Vida sexual impessoal, trivial e pobremente integrada; 16) Falha em seguir um plano de vida. (CLECKLEY, 1941, p.96) 3 Em https://www.thecrimebrasil.com.br/2021/04/pedrinho-matador-o-maior-serial-killer.html acessado em 29 de maio de 2022. 4 Ademais, Kraepelin, psiquiatra alemão, definiu em 1904, a "personalidade psicopática", afirmando que a psicopatia é o intermédio entre os estados patológicos manifestos e os estados no limite das neuroses, ou seja, um desvio no desenvolvimento apropriado do funcionamento psíquico do sujeito (BITTENCOURT, 1981 apud ZAC, 1977). Em 1952 foi publicada a primeira edição do DSM (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), a psicopatia foi renomeada como Distúrbio de Personalidade Sociopática, enfatizando sua definição como anormalidade na conduta social. A posteriori, diversas atualizações do DSM foram publicadas e em 1987, a nova nomenclatura de Transtorno Antissocial de Personalidade (TASP), enfoca a patologização da conduta criminal, delimitando traços que apontam dissociação do psicopata dos critérios de normalidade modernos. Sendo assim, depreende-se que a psicopatia é um transtorno de personalidade com comportamentos antissociais e desvios de conduta. Caracteriza-se pelo carisma superficial, facilidade em manipular pessoas, transgressões no meio social, falta de empatia e culpa, egocentrismo patológico e incapacidade de amar (ALMEIDA, 2007 apud CLECKLEY, 1941). 1.2 Tipos de psicopatas: Kurt Schneider, psiquiatra alemão, impulsionou a área de pesquisa sobre a psicopatia ao defender que esta era um distúrbio da personalidade e não, uma doença. Em 1948 publicou o livro Le personalità psicopatiche(Personalidades psicopáticas) apresentando dez tipos de personalidade psicopáticas: • Hipertímicos: ativos e impulsivos, propensos a delitos como ofensas, falsidades, fraudes e pequenas transgressões; • Deprimidos: melancólicos, paranoicos, alto grau de insensibilidade e grande predisposição à vícios; • Inseguros: dificuldade em expressar emoções, obsessivos e inflexíveis; • Fanáticos: idealizam intensamente; perturbam a sociedade eventualmente; • Vaidosos: fingem emoções; narcisistas; excêntricos; • Lábeis de humor: episódios maníacos de tristeza profunda; cometem crimes passionais ocasionalmente; 5 • Explosivos: irritabilidade alta, violência constante e descontrole emocional; costumam transgredir a lei; • Frios: maioria dos psicopatas; frieza emocional; zero empatia; • Abúlicos: influenciáveis, cometem furtos e fraudes por pressões externas; jovens; • Astênicos: auto-observação constante de si mesmos; estranheza diante de si; propensão a doenças imaginárias. 1.3 Psicopatas vs Mídia Filmes, séries e documentários são constantemente reproduzidos no meio midiático, apresentando diferentes óticas em relação aos psicopatas. Com isso, a frequente reprodução televisiva de assassinatos, sequestros e vários outros atos de violência se tornou comum na grade de programação das redes de canais abertas e fechadas. Dessa forma, as informações chegam à sociedade, continuadamente, de forma distorcida e com comentários e críticas equivocados (DANTAS, 2018). O interesse e fascínio do público pelos psicopatas é de longa data, com eventos que vão desde o século XVIII, na Inglaterra, com a atração dos povos pelas histórias macabras de famosos como Mary Ann Cotton, Jesse Pomeroy e Colonel Blood. Além do êxtase pelas histórias de Jack, O Estripador, que tomou amplitude mitológica. (SCHECHTER 2013) Outrossim, a título de exemplo tem-se a série Dexter, de 2006, na qual o protagonista Dexter Morgan assassina criminosos, tornando a sua imagem heroica. Observa-se, logo, a admiração do público telespectador e, consequentemente, a rotulação do psicopata como aquele detentor de grande beleza, de fácil camuflagem social e comportamento assustador. (SILVA, 2015) A popularização do termo gera uma pseudo-explicação para a sociedade, criando estereótipos e generalizando as conclusões do tema. Além disso, pelas redes sociais frequentemente ocorre a disseminação de falsas informações, comparando os criminosos pelos estigmas popularizados, determinando que tal conduta o rotula como ser marginal, que deveria estar longe da sociedade e deveria sofrer penas cruéis. Deve-se considerar, também, que nem todos os psicopatas são assassinos (SILVA, 2015 apud FILHO 2006). 6 Evidencia-se, por fim, que essa rotulação influencia a sociedade a pensar que, todos os indivíduos que apresentem as características físicas e sociais daquele que é apresentado na mídia, podem ser considerados criminosos em potencial. (ARAÚJO, 2018) 1.4 Caso Bundy Theodore Robert Cowell, ou Ted Bundy, de Vermont nos Estados Unidos, nasceu no dia 24 de novembro de 1946. Filho de Louise Cowell, nunca chegou a conhecer seu pai já que foi fruto de um encontro casual entre sua mãe e um segurança com quem havia saído algumas vezes. Louise passava por dificuldades financeiras e voltou a morar com os pais. Devido ao rigor extremo de seus avós, que tinham vergonha de que a vizinhança soubesse que sua filha era mãe solteira, Ted passou vários anos de sua vida achando que sua mãe na verdade era sua irmã mais velha (SOUSA, 2018 apud SILVA, 2014). O primeiro indício dado por Ted de que algo não estava certo. Foi quando ele tinha apenas três anos de idade e entrou no quarto de sua tia adolescente com uma faca na mão e as enfiou no colchão da cama. Sua tia levantou assustada e levou as facas de volta para a cozinha, pela manhã, ao relatar o que havia acontecido aos outros moradores da casa, todos acharam que aquele comportamento de Ted era apenas uma travessura de criança. (SOUSA, 2018). Na vida acadêmica, apesar de ter sofrido bullying, Ted sempre foi um ótimo aluno. Dedicando-se, majoritariamente aos estudos, o que proporcionou uma imagem de bom moço, inteligente, educado e elegante. (ROSA, 2019). Após uma adolescência explosiva e de temperamento difícil, namorou pela primeira vez aos 21 anos e, nessa mesma época, obteve sua primeira decepção com o término busco do relacionamento, o que o levou a uma grande depressão. Contudo, Ted logo descobriu que sua mãe era na verdade sua irmã mais velha. Profundamente decepcionado e surpreso, mudou radicalmente seu comportamento, tornando-se frio, autoritário, egocêntrico e perfeccionista ao extremo. 7 Em 1974, uma jovem Linda Healy desapareceu e outra moça Susan Clarke oi agredida brutalmente, ambos crimes em tempo paralelo. Pouco tempo depois, as jovens Donna Manson e Susan Rancourt também desapareceram. Cada vez mais constantes, os desaparecimentos se tornaram alvo de investigação. Testemunhas indicaram Bundy como autor dos crimes, mas sua reputação e aparência dignos, aos olhos da polícia, logo o descartaram. Os crimes passaram a ocorrer em diversos estados próximos e mais uma vez Ted foi alvo de investigação. Uma de suas vítimas que conseguiu escapar, Carol DaRonche, ajudou a identificá-lo como responsável pelos ocorridos brutais e a capturá-lo. A avaliação psicológica de Bundy o descreveu como psicótico, neurótico, controlador, alcoólatra, usuário de drogas, e com um enorme desvio sexual. As vítimas de Bundy se pareciam com sua mãe quando era mais jovem, e algumas também se pareciam um pouco com sua primeira namorada (SOUSA, 2018 apud GARCIA, 2013). Bundy fugiu duas vezes da prisão para continuar praticando os assassinatos, mas em 24 de maio de 1989, foi executado na cadeira elétrica. Estima-se que, entre 1974 e 1978, ele matou entre 30 e 36 mulheres nos Estados Unidos. Ted era um clássico psicopata, utilizava como arma sua comunicação e aparência para capturar as vítimas, de grande maioria universitária. Ele estacionava o carro, um Volkswagen Beetle, dizendo precisar de ajuda e, quando mulheres bonitas se aproximavam para ajudar, ele agredia as vítimas até a morte. As descrições de Bundy que eram formuladas pela mídia e sustentadas pelo seu comportamento diante das câmeras, o apresentavam para o grande público como um homem de boa aparência, jeito extrovertido e com técnicas de sociabilidade suficientes para que o assassino em série recebesse um benefício de dúvida diante das acusações. Logo, não só groupies e telespectadores distantes se perguntavam se Ted Bundy realmente poderia cometer crimes tão bárbaros, mas também pessoas que estavam ao redor dele, como policiais, jornalistas, advogados e, inclusive, o júri. E, como respaldo para essa imagem positiva, seu histórico enquanto estudante de psicologia e direito, além de seu trabalho na política, eram suficientes para colocá-lo numa posição em que, aparentemente, seria incapaz de gerar ou promover quaisquer distúrbios ou “desencaminhamentos” no bem-estar social. Era uma fama que não exigia 8 fazer nenhum trabalho para obtê-la, exceto conseguir aparecer na mídia. (ROSA, 2019 apud GABLER, 1999, p. 157) De acordo com ROSA (2019) Ted desfrutou da celebrificação que, segundo Olivier Driessens, “é o processo pelo qual pessoas comuns ou figuras públicas se transformam em celebridades”. (ROSA, 2019 apud DRIESSENS, 2012, p. 10). A título de exemplo tem-se os documentários e filmes amplamente divulgados sobre os crimes de Bundy que continuam captando a atenção de telespectadores de todas as idades, evidenciando a ‘’lenda’’ que o assassino se tornou, devido ao papel de fama que a mídiaproporcionou. 2. Assassinos em série: "Gosto de matar pessoas porque é muito divertido. É mais divertido do que matar animais selvagens na floresta porque o homem é o animal mais perigoso de todos."4 Assassino do Zodíaco 2.1 Origem do termo e definição: Assassinos em série, também chamados de serial killers, são aqueles que cometem três ou mais crimes com um período de reflexão emocional entre os homicídios, seguindo um padrão de vítimas escolhidas e método de ação. De acordo com Ilana Casoy, serial killer é (2002, p. 16): São indivíduos que cometem uma série de homicídios durante algum período, com pelo menos alguns dias de intervalos entre eles. O espaço de tempo entre um crime e outro os diferencia dos assassinos de massa, indivíduos que matam várias pessoas em questões de horas. Em 1974, Robert Ressler, agente aposentado da FBI (órgão americano de investigações federais), por meio de um estudo de caso de um assassino inglês, cunhou o termo Serial Killer para referenciar indivíduos que realizam crimes de 4 "I like killing people because it is so much fun. It is more fun than killing wild game in the forest because man is the most dangerous animal of them all." Em https://www.indiatimes.com/lifestyle/20-disturbing-quotes-from- deadly-serial-killers-that-will-chill-you-to-the-bone-350810.html acessado em 28 de maio de 2022. 9 forma contínua e padronizada, sendo a serialidade das mortes sua característica principal (LESTER, 2010). Desde então, incontáveis estudos foram feitos na tentativa de compreender a mente desses seres e desvendar as formas em que a esfera midiática influencia o modus operandi de cada um. Uma série de dois ou mais assassinatos cometidos como eventos separados, geralmente, mas nem sempre, por um criminoso atuando sozinho. Os crimes podem ocorrer durante um período que varia de horas a anos. Muitas vezes o motivo é psicológico e o comportamento do criminoso e as provas matérias observadas nas cenas do crime refletem nuanças sádicas e sexuais (SCHECHTER, 2013, p.18). 5 Figura 1 - American Journal of Forensic Psychiatry, Volume 31, Issue 3, 2010/17 – Researchgade.net 2.2 Características: É importante ressaltar a relação entre o psicopata e o serial killer. Na série Por dentro da Mente do Criminoso, exibida pela Netflix, no capítulo 1 ‘’Assassinos em Série’’, Adrian Raine, professor de criminologia da Universidade da Pensilvânia, denota em seu livro The Anatomy of Violence (A Anatomia da Violência), um estudo realizado sobre os padrões cerebrais de assassinos e não-assassinos. Foi concluído 5 ‘’Os termos “matança em série” e “assassinato em série”, usados intermitentemente nesse artigo, evoluíram durante os anos vindo das descrições de múltiplos assassinatos sem definição precisa. Nos anos de 1800, assassinos em série foram chamados de “matadores seguidores de padrão” (1). James Reinhardt começou a chamar esses tipos de assassinos de “assassinos de sequência” em 1957 com a publicação de seu livro, Perversões Sexuais e Crimes Sexuais (2). Em 1961, O Terceiro Novo Dicionário Internacional de Merriam-Webster incluiu o termo assassino em série como usado pelo escritor germânico Siegfried Kracauer. Em 1966, o escritor britânico John Brophy usou o termo assassino em série.’’ 10 que os criminosos possuem atividades cerebrais reduzidas na amígdala, área responsável pela autoconsciência, processamento de emoções e empatia. Neles, essa área estava fisicamente atrofiada 18%. Além disso, a pesquisa revelou que a parte biológica tem influência na formação da identidade, mas a social, ou seja, o ambiente no qual o sujeito cresceu, é mais decisiva. De acordo com Genival Veloso França em seu livro Medicina Legal (1998, p.358), os assassinos possuem uma personalidade psicopática e não patológica, denominando de personalidade anormal, haja vista que sua inteligência é normal, ou até mesmo elevada, mas seu caráter é distorcido, apresentando assim, uma perturbação (PEREIRA e RUSSI, 2016). Em quase todos os aspectos podemos igualar o serial killer ao psicopata, pois realmente a maioria dos serial killer é psicopata, tem esse transtorno mental (o que não é doença), mas não são todos os seriais killers que são psicopatas e nem todo psicopata é um serial killer [...] Contudo, o fato é que 90% dos denominados "assassinos em série" apresentam sintomas de psicopatia. Daí surge uma íntima relação entre uma figura e outra. (PEREIRA e RUSSI, 2016). Segundo PEREIRA e RUSSI (2016) ‘’a característica mais marcante do psicopata é ausência de empatia, pois possuem um vazio emocional e buscam emoções fortes de forma impulsiva, desprezando as relações humanas e a consequência dos seus atos. A vítima é apenas um objeto para o assassino em série’’: Quando os assassinos em série são convidados a expressar as razões dos seus crimes, suas argumentações não despertam no interlocutor confiança alguma e são consideradas, na maioria das vezes, desculpas para evitar o cárcere ou a pena de morte (PEREIRA e RUSSI apud TENDLARZ; GARCIA, 2013, p.156). O serial killer, ao cometer seus crimes, objetiva uma posição de controle e superioridade, inferiorizando suas vítimas. Possuem grandes semelhanças, principalmente na infância, com episódios de sofrerem agressões e abusos, cometerem atos cruéis com animais e a dificuldade na formação de vínculos com outros sujeitos. 11 “Outras características comuns na infância desses indivíduos são: devaneios diurnos, masturbação compulsiva, isolamento social, mentiras crônicas, rebeldia, pesadelos constantes, roubos, baixa autoestima, acessos de raiva exagerados, problemas relativos ao sono, fobias, fugas, propensão a acidentes, dores de cabeça constantes, possessividade destrutiva, problemas alimentares, convulsões e automutilações. Todas elas relatadas pelos próprios serial killers em entrevista com especialistas” (CASOY, 2002). O criminólogo estadunidense Eric W. Hickey, Ph.D., em seu livro Serial Murderers and Their Victims (2015) (Serial killers e suas vítimas), expõe fatores que caracterizam os criminosos: 1. Muitas vezes têm sérios problemas de saúde mental; 2. Geralmente não são motivados pela exposição a vídeos, filmes ou televisão; 3. Não estão usando álcool ou outras drogas no momento dos ataques; 4. Frequentemente estão desempregados; 5. Às vezes são mulheres; 6. Geralmente não são satanistas ou racistas; 7. São mais frequentemente homens brancos, embora alguns sejam asiáticos ou afro-americanos; 8. Às vezes tem diploma universitário ou alguns anos de faculdade; 9. Frequentemente tem experiência militar; 10. Dá muitos sinais de alerta pré-ataque; 11. Frequentemente carrega armas semiautomáticas obtidas legalmente; 12. Frequentemente não tentam escapar; 13. Metade comete suicídio ou é morto por outros; 14. A maioria tem um desejo de morte (Fessenden, 2000).” 6. Por fim, os assassinos podem ser divididos em dois tipos, como explica a escritora Ilana Casoy: O assassino tipo organizado é aquele que possui um ótimo relacionamento com a sociedade, conseguem se adequar a ela, e com isso apresentam uma vantagem, conseguindo assim, seduzir a sua vítima com confiança e 6 https://www.goodreads.com/work/quotes/265147-serial-murderers-and-their-victims acessado em 28 de maio de 2022. 12 segurança. Exibe um grande grau de inteligência e planejam os seus crimes com muito cuidado, se atentando aos detalhes, mantendo, com isso, um controle sobre o cenário criminoso. Esse indivíduo ainda, possui um conhecimento na área da ciência forense e por isso consegue não deixar rastros na cena do ato delituoso, dificultando a investigação do crime. Muitas vezes ele se orgulha doato que praticou, como se não passasse de um projeto feito por ele. Por fim, esse assassino acompanha os delitos que cometeu pela mídia, de uma maneira cuidadosa. Os desorganizados agem por impulso e perto de casa, usando as armas ou os instrumentos encontrados no local da ação. É comum manterem um diário com anotações sobre suas atividades e vítimas, trocam de emprego frequentemente e tentam fazer carreira militar ou similar, mas não passam no teste. É raro manter qualquer contato com a vítima antes do crime, agem de forma furiosa, gratificam-se com estupro ou mutilação post mortem e, nesse grupo, é comum encontrarmos canibais e necrófilos. Têm mínimo interesse no noticiário sobre seus crimes e deixam muitas evidências no local em que mataram.” (CASOY, 2002, p.39 a 41). 2.3 Fases Segundo SILVA e PANUCCI (2016), os serial killers podem ser divididos em quatro tipos: ‘’(1) Visionário: é um agente totalmente insano e psicótico, ouve vozes e em alguns casos pode sofrer de alucinações ou visões; (2) Missionários: são aqueles que externamente não parecem ser psicopatas, mas dentro dele tem o sentimento de justiça para com o que julga errado, na maioria dos casos é escolhido um grupo específico para cometer os homicídios. (3) Emotivos: são sujeitos que matam por prazer, diversão, utilizando métodos mais cruéis. (4) Libertinos: essas são os assassinos sexuais aqueles que sentem prazer sexual ao matar sua vítima, sendo que seu prazer está direcionado ao sofrimento da vítima.’’ Uma pesquisa realizada pelo psicólogo americano Joel Norris, Ph.D., em seu livro Serial Killers: The Growing Menace (1988) (Serial Killers: A ameaça crescente), enunciou que os assassinos possuem seis fases: 1) Fase Áurea, quando o assassino começa a perder o controle da realidade, intensificando a ideia do que deseja cometer; 2) Fase da Pesca, quando ele procura uma vítima; 3) Fase Galanteadora, ele atrai sua vítima; 4) A Fase de Captura, a vítima cai na armadilha; 13 5) A fase do Assassinato ou Totem, que é a elevação da satisfação emocional; e, finalmente, 6) A Fase da Depressão, que ocorre após o assassinato. 2.4 Vítimas Os serial killers costumam escolher vítimas que representem simbolicamente algo para eles, uma vez que elas são objetos de fantasia e não há uma relação identificável entre eles e suas vítimas, o que dificulta a identificação dos criminosos. A série Por dentro da Mente do Criminoso, produzida pela Netflix, no capítulo 1 ‘’Assassinos em Série’’, expõe que as vítimas escolhidas pelos serial killers são as mais acessíveis, preferencialmente prostitutas, pois elas abordam os carros e isso facilita a captura. Foi evidenciado também que a forma mais comum de homicídio é o estrangulamento e 78% dos casos envolveu atividade sexual. Muitos assassinos entram em transe durante suas fases de predação e matança. O psicopata busca vítimas idealizadas para envergonhá-las e humilhá-las. Portanto, ao degradar a vítima, o psicopata está tentando destruir o inimigo hostil dentro de sua própria mente (SCOTT, 2018) Segundo Scott (2018) ‘’no julgamento de John Wayne Gacy, ‘’o palhaço assassino’’, que matou mais de 33 pessoas nos Estados Unidos, entre 1972 e 1976, o psiquiatra forense Richard Rappaport disse que "ele está tão convencido de que essas qualidades existem nessa outra pessoa, ele está completamente fora de contato com a realidade... e ele tem que se livrar delas e se salvar... tem que matá- los." 2.5 Modus Operandi, ritual e assinatura O assassino em série possui uma forma para realizar seus crimes, tal ação é intitulada de modus operandi. Já o ritual é a prática associada as sensações experimentadas por ele. Por fim, a assinatura é o padrão deixado por ele nas cenas dos crimes. Para SILVA (2019) “os assassinos em série aprendem e adotam os comportamentos que deram certo e não repetem os atos que num dado momento suspeitou-se que poderia apresentar riscos de ser pego, de modo que, quanto mais 14 estiver confortável com a situação, mais crimes passará a cometer, passando a evoluir seu modus operandi’’ (SILVA, 2019 apud PETHERICK; FERGUSON,2012). Consoante o autor Michael Newton, em seu livro The Encyclopedia of Serial Killers (2016) (A Enciclopédia dos Serial Killers), o modus operandi dos assassinos em série pode ser definido em três tipos: • Nômades: são os viajantes, movendo-se frequentemente – muitas vezes compulsivamente – de um local para outro. outro, matando pela estrada. Esses caçadores são os principais beneficiários de “linkage blindness”7, derivando de uma jurisdição para outra antes da polícia em uma área reconhecer um padrão de comportamento. Exemplos: Henry Lucas Lee e Ottis Toole. • Territoriais: são os mais comuns, demarcando um terreno de caça específico que varia muito em tamanho de um caso para o outro, como cidades e bairros. O assassino “Green River Killer”, encontrava suas vítimas na estrada e abandonava seus corpos entre duas cidades (Seattle e Tacoma). Alguns ainda conseguem permanecer em geral por anos - ou para escapar completamente, como com "Jack, o Estripador" de Londres. • Estacionários: são os mais raros, assassinando a maioria (se não todas) de suas vítimas em um local. geralmente o crime é em casa ou no local de trabalho. Neste grupo está incluído as viúvas negras, os anjos da morte (médicos e enfermeiras) e um exemplo clássico é o John Wayne Gacy. Harold Schechter, escritor americano, considera que a assinatura, muitas vezes, é usada por psicopatas para provocar a polícia e chamar atenção da mídia. Em Serial Killers: Anatomia do mal (2013), ele expõe: ‘’Mutilar corpos de formas específicas ou colocá-los em poses obscenas, constituem a “assinatura” única do serial killer. Como há um caráter ritualístico nesse comportamento uma compulsão para realizá-lo repetidamente a fim de satisfazer alguma necessidade psicossexual 7 “Cegueira de ligação’’ é a falta de cooperação entre departamentos de polícia descentralizados, dificultando a mobilização de recursos policiais para investigar crimes graves porque os padrões não são identificados. 15 distorcida, os criminologistas às vezes usam os termos “assinatura” e “ritual” de forma intercambiável.’’ Para Jonh E. Douglas, agente do FBI, que é autor juntamente com Mark Olshaker do livro intitulado Mindhunter: O primeiro caçador de serial killers americano, “é mais importante encontrar a assinatura do serial killer do que buscar semelhanças entre as vítimas, pois é por meio do ritual que o assassino demonstra todo o seu ódio, e não pelo aspecto físico das vítimas”. Daí a importância, do estudo da cena do crime, para tentar encontrar tudo que for mais relevante para solucionar delitos desse caráter (SILVA, 2019). Destarte, evidencia-se, então, a necessidade de mais aperfeiçoamento e estudo por parte das autoridades para facilitar a identificação dos assassinos em série, por meio dos vestígios deixados ou levados, e padrões ocasionados em seus crimes, evitando, antecipadamente, sua repetição. 2.6 O que leva um serial killer a matar? Conforme a escritora e criminóloga brasileira Ilana Casoy, explica em seu livro ‘Serial Killer: Louco ou Cruel’, A teoria freudiana acredita que a agressão nasce dos conflitos internos do indivíduo. [...] A Escola Clássica baseia-se na ideia de que pessoas cometem certos atos ou crimes utilizando-se de seu livre-arbítrio, ou seja, tomando uma decisão consciente com base em uma análise de custo versus benefício. Em outras palavras, se a recompensa é maior do que o risco, vale a pena corrê-lo. Se a punição for extrema, não haverá crimes. Já a Escola Positivista acredita que os indivíduos não têm controle sobre suas ações; elas sãodeterminadas por fatores genéticos, classe social, meio ambiente e influência de semelhantes, entre outros. Não seria a punição que diminuiria a criminalidade, e sim reformas sociais entre outras medidas, para recuperar o indivíduo.8 Passos, 2019, expõe: 8 CASOY, Ilana. Serial Killer: Louco ou Cruel? Rio de Janeiro: Darkside Books, 2013. p. 19. 16 Experimentos mostraram que quando pessoas nascidas com “baixa atividade” de certo gene (algo chamando de “gene da monoamina oxidase A”) são submetidas a maus-tratos graves na infância, elas têm uma probabilidade muito maior de se tornar criminosos violentos do que as pessoas nascidas com “alta atividade” desse gene (SCHECHTER, 2010, p.261). Dessa forma, compreende-se que fatores biopsicossociais são determinantes na formação e atuação de um assassino. Logo, urge a necessidade de mais estudos acerca do tema, com a finalidade de que respostas concretas e evidentes sejam elaboradas. 2.7 Caso Pedrinho Matador Aos 14 anos de idade, após levar um soco no olho porque havia passeado com o cavalo do seu primo sem pedir permissão, Pedro Rodrigues Filho, vulgo Pedrinho Matador, nascido em 1954 e natural de Santa Rita do Sapucaí (Minas Gerais), cometeu seu primeiro crime ao empurrar seu primo contra o moedor de cana, como forma de vingança. Seu histórico agressivo vem desde a infância. Sua mãe era agredida constantemente pelo seu pai, pois durante a gravidez chutava a barriga de sua mãe e isso lhe ocasionou uma rachadura no crânio. Após uma infância conturbada (excessivas brigas entre os pais) e precária (grande dificuldade financeira), Pedrinho mudou-se para São Paulo na década de 70 e seguiu matando. Hoje é considerado culpado por mais de 100 homicídios, incluindo o do próprio pai. Metade de suas vítimas foi morta em celas por onde ele passou.9 O pai de Pedrinho havia assassinado sua mãe com 21 facadas, ele, então, matou o pai, preso na mesma cadeia que ele, com 22 facadas, arrancando um pedaço do seu coração e o mastigando para selar a vingança. Na prisão, ele foi um 9 Em https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/vitrine/pedrinho-matador-o-serial-killer-brasileiro.phtml acessado em 29 de maio de 2022. 17 dos maiores matadores que já existiu. Durante uma emboscada, Pedrinho conseguiu improvisar uma faca e matar 5 presos, além de ferir outros dois.10 Devido ao número de vítimas, é considerado o maior serial killer do Brasil, sendo o quinto maior do mundo (MARQUES, 2019). Condenado a 400 anos de prisão, cumpriu mais de 40 anos de cárcere e é um fenômeno de sobrevivência no duro regime carcerário, haja vista que dificilmente um encarcerado dura tanto tempo. Ao tatuar no braço esquerdo 'Mato por prazer', Pedrinho evidencia sua disposição e frieza para matar. Pedrinho é a descrição perfeita do que a medicina chama de psicopata - alguém sem nenhum remorso e nenhuma compaixão pelo semelhante. Os psiquiatras Antonio José Elias Andraus e Norberto Zoner Jr., que o analisaram em 1982 para um laudo pericial, escreveram que a maior motivação de sua vida era 'a afirmação violenta do próprio eu'. Diagnosticaram 'caráter paranóide e anti-socialidade'.11 Segundo Ricardo Mendonça, autor da matéria ‘’O monstro do sistema’’ na revista Época ‘’a história do Matador mostra como o sistema carcerário fez com que um bandido perigoso, com problemas psiquiátricos, tivesse sua condição ä agravada - tendo como consequência uma matança ainda maior. Com o passar do tempo, Pedrinho começou a puxar a faca por motivos cada vez mais fúteis’’. Nessa mesma matéria, por meio de uma entrevista ele revelou: ÉPOCA - Tem algum arrependimento? Pedrinho - Não tem nada. Só matei quem não presta. ÉPOCA - Quando você mata alguém, o que vem à cabeça? Pedrinho - Nada. ÉPOCA - Nada? Pedrinho - Nada, porque morreu uma pessoa que não presta. Não tem remorso, não tem 10 Em https://darkside.blog.br/5-serial-killers-brasileiros-sanguinarios/ acessado em 29 de maio de 2022. 11 11 Em http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDR57160-6014,00.html acessado em 29 de maio de 2022. 18 nada. Eu tenho uma filosofia: traidor tem de morrer.12 De acordo com Marques (2019) ‘’essas e outras tantas reportagens nos mais variados veículos de notícias torna notório o anseio da mídia em retratar e comercializar a imagem e história do indivíduo Pedro como alguém destituído de humanidade, de forma que apenas ascenda nele aspecto de animalidade.’’ Hoje, Pedro tem 66 anos, está em liberdade e possui um canal com mais de 25 mil inscritos na plataforma YouTube, comentando sobre crimes e aconselhando jovens a não seguirem esse caminho. Contudo, ele ainda é famoso por onde passa, pois a curiosidade do público para ouvir sobre suas histórias, aumenta sua audiência nos meios midiáticos. Além disso, afirmou que mudou sua vida, convertendo-se a religião cristã. Assume também que está arrependido, porém voltaria a matar por um motivo: sua família (MARQUES, 2019). 3. Mídia Conforme Araújo e Júnior (2018), ‘’devemos entender por mídia os jornais, seriados, novelas, redes sociais e todo outro meio capaz de propagar ideias de forma eficiente e coletiva. Embora seja um sinônimo de desenvolvimento, a mídia e suas atividades, quando deturpadas, podem causar um grande impacto negativo na vida da sociedade.’’ Assim sendo, é sabido que a mídia investigativa tem se propagado cada vez mais no cotidiano da sociedade e tal fato possui grande reflexo na formação da opinião coletiva, visto que as informações disseminadas orientam o comportamento do cidadão para interagir e desenvolver seu papel social. Hodiernamente, a constante divulgação de crimes e o sensacionalismo apresentado nos meios de comunicação acrescem o medo e a insegurança na sociedade. A criminalidade se destaca e os estereótipos acerca dos significados de psicopatia e assassinos em série aumentam. Segundo o professor Eduardo Viana Portela Neves, é perfeitamente possível afirmar que a mídia deixa de transmitir a realidade e passa a ser 19 produtora da realidade (FRANÇA, 2014 apud NETO, 1987 p. 165). Além disso, Segundo Ana Lúcia Menezes Vieira, “os programas sensacionalistas exploram as misérias do cotidiano, abusam da linguagem espetacular para impressionar o público e, consequentemente, promovem a banalização do crime. A notícia que interfere na opinião pública é capaz de sensibilizar o leitor, ouvinte ou telespectador. Ela é intensa, produz impacto que fortalece a informação. O redator da notícia transforma o ato comum em sensacional, cria um clima de tensão por meio de títulos e imagens fortes, contundentes, que atingem e condicionam a opinião pública.” (FRANÇA, 2014 apud SOUSA, 1999. p. 68.) 3.1 Redes Sociais O advento da internet na década de 90, gerou uma mudança radical no mundo. As interações sociais foram revolucionadas, posto que a necessidade de exposição ou identificação on-line foi reduzida drasticamente, proporcionando um campo fértil para a disseminação de anônimos e sites foras da normalidade virtual. Fotos, vídeos e comentários de um suspeito, são fontes inesgotáveis para que os investigadores colham elementos necessários para traçar um perfil criminal ou obtenham uma prova conclusiva. Assim, o investimento em programas que transmitem alertas em razão do uso de determinadas palavras, postagem de específicas fotos, certamente trazem novas formas de prevenção e solução de crimes (GUIMARÃES, 2018). Diversos criminosos utilizam as redes sociais para captura de vítimas e para divulgação de crimes cometidos. Sites como a deep web e darknet, que possuem conteúdos obscuros e violentos, aumentam seus acessos a cada dia, denotando a necessidade de atençãopor parte das autoridades para dissipação dessas páginas. 3.2 Influências Em sua última entrevista à BBC (1989), o serial killer Ted Bundy revelou que aos 12 anos conheceu o mundo da pornografia violenta, considerando que esse é o tipo mais prejudicial do conteúdo. Expõe ainda que o consumo de tal questão ajudou 20 a moldar o comportamento violento que ele possuía, gerando fantasias que se intensificaram ao ponto da realização dos crimes. Desvelou ainda que o álcool em conjunto com a exposição a conteúdos pornográficos foi um dos fatores impulsionadores.13 Desse modo, depreende-se que a pornografia e a exposição midiática de conteúdos violentos contribuíram para que Ted e diversos outros criminosos vissem as mulheres (maioria das vítimas) como seres inferiores e vulneráveis, despertando um primitivismo instintivo na consolidação dos assassinatos. Infere-se, ademais, que a psicopatia é socialmente construída pela sociedade e, sobretudo, pela mídia. O senso comum dispõe a ideia de que todo aquele que comete crimes é um psicopata, demonstrando que a abordagem sensacionalista amplia o desconhecimento e as falsas informações acerca da temática. “O meio de comunicação sensacionalista se assemelha a um neurótico obsessivo, um ego que deseja dar vazão a múltiplas ações transgressoras – que busca satisfação no fetichismo, voyeurismo, sadomasoquismo, coprofilia, incesto, pedofilia, necrofilia – ao mesmo tempo em que é reprimido por um superego cruel e implacável. É nesse pêndulo (transgressão-punição) que o sensacionalismo se apoia. A mensagem sensacionalista é, ao mesmo tempo, imoral-moralista e não limita com rigor o domínio da realidade e da representação.” (FRANÇA, 2014 apud. ANGRIMANI, 1995. p. 17.) Outrossim, cabe ressaltar que: As telecomunicações têm, a priori, a finalidade de informar e conceder aos indivíduos inseridos naquela sociedade notícias relevantes para aquele meio, no entanto, é cada vez mais visível que a mídia, principalmente a investigativa, que lida com questões policiais e, consequentemente, judiciais, foge léguas daquela que seria a sua única função primordial, e acaba transferindo para si o papel que caberia apenas aos órgãos judiciais: ela investiga, denuncia, julga e condena previamente indivíduos que, de início, apenas em tese cometeram um crime (ARAÚJO e JÚNIOR, 2018). 13 Youtube (27 de abr. de 2019) Serial Killer - Ted Bundy: A Última Entrevista | Traghezia [Arquivo de vídeo]. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ythmpD50BdE Assistido em: 29 de maio de 2022. 21 A ampliação dos meios midiáticos propicia um descontrole no que tange aos conteúdos publicados, principalmente em áreas anônimas da internet. Logo, os indivíduos predispostos a comportamentos violentos criam seu próprio mundo virtual em seus quartos, reforçando ideias e impulsos destruidores. Exemplifica-se o caso do serial killer Stephen Port, que encontrou suas vítimas totalmente on-line. Atraía jovens para seu apartamento, os drogando e os estuprando, para então realizar os assassinatos. Desovou os corpos num cemitério próximo e chamou a polícia para contar onde estavam, demonstrando zero remorso. Porque cidadãos honestos e descentes teriam tanto fascínio por criminosos violentos é uma questão psicológica complexa, embora tal fato esteja sem dúvidas relacionado ao prazer secreto que sentimos na identificação indireta com pessoas que extravasam os impulsos obscuros e anárquicos que a maioria de nós reprime. Em todo caso, da mesma forma que o assassino em série é um fenômeno antigo com nome novo e moderno, alguns tipos de atividades que parecem tão repreensíveis a certos moralistas – como colecionar memorabilia relacionada a serial killers, por exemplo, ou transformar os locais de notórios assassinatos em atrações turísticas – também existem há séculos (DANTAS, 2018 apud SCHECHTER, 2013 p. 95). Segundo Dantas (2018): ‘’É evidente que a mídia explora corriqueiramente essas condutas visando nada mais que a audiência, o lucro, sem se preocupar com a deformação social que está criando. Indubitavelmente os serial killers tendem a chamar as atenções para as condutas de sua autoria, de forma que acompanham as informações sobre seus crimes enquanto não são localizados, sentindo prazer frente a divulgação de seus atos. São incapazes de sentir vergonha ou arrependimento pelo que causaram, pelo contrário, sentem orgulho e gostam de ser conhecidos pelo mundo’’. O excesso de notícias, programas e filmes influencia grandiosamente a sociedade. Tem-se, por exemplo, os fascinados por conteúdos violentos relacionados aos assassinos em série, que colecionam fotos, livros e objetos acerca deles. 22 14 Figura 2 - Agenda ‘’assassinar pode ser divertido’’ Entre as décadas de 60 e 70, uma onda de crimes na Califórnia, Estados Unidos passou a ocorrer. Desafios enigmáticos foram deixados nas cenas dos crimes e cartas criptografadas chegaram aos telejornais. Sem pistas sobre o autor dos crimes, mas apenas uma assinatura de ‘Zodíaco’, a indústria cinematográfica explorou conteúdos a respeito dele e de seu anonimato, tornando-o quase mitológico, uma vez que o deslumbramento do público induzido pela mídia, gera o pensamento de que não deve haver punição, mas admiração. Ele nunca foi identificado. Sobre o assunto, diversos livros foram escritos, documentários foram feitos, websites foram criados. Quase trinta anos depois, investigações sobre alguns dos assassinatos ligados a ele ainda estão sendo feitas. O site <www.zodiackiller.com>, que as acompanha, atrai milhares de pessoas por semana. É um dos maiores mistérios da história dos crimes americanos (CASOY, 2017, p. 305). De acordo com Dantas (2018): ‘’a abordagem dos temas citados relacionados aos crimes em série não ocorreu somente nos EUA. No Brasil, por exemplo, houve a 14 Schechter e Everitt ‘’The A to Z Encyclopedia of Serial Killers’’, 1996. 23 produção de Amor Bandido (1982), filme que retrata uma relação de conflito de pai e filha, sendo aquele detetive policial e esta garota de programa que se envolve com um taxista assassino.’’ Em suma, é perceptível que a indústria cinematográfica prioriza as propriedades comerciais dos filmes, distorcendo imagens e ideias sobre o mundo dos criminosos. Depreende-se que as produções difundem estereótipos frente à figura dos psicopatas e Serial Killer, apresentando, na maioria das vezes distorções da realidade. (DANTAS, 2018) A repetição e a seriação contam uma história para nós e o nosso imaginário, bombardeado pela mídia, criam um mito, um personagem que acaba marcando um tempo e um lugar. A novidade do crime ritual junto com a serialidade, o modus operandi, a assinatura, criam um mito em tempos de violência extrema. Do mistério que envolve Jack, The Ripper, até os dias de hoje, os Serial Killers acabam por se impregnar na cultura do imaginário da violência, mostrando às sociedades que existe um Mal maior do que aquele que ela quer encarcerar e que reside no outro (MOURA, 2016). Resultados e discussão Para a realização dessa pesquisa, mais de dez artigos foram utilizados como base para fomentação de novos dados e ideias acerca da temática, propiciando visões diferentes. Assim sendo, o autor Almeida (2017), com embasamento em Cleckley (1941) concluiu que a psicopatia se trata de um transtorno de personalidade, com notório desvio de conduta e falta de empatia. Bittencourt (1977) considera que o traço psicopático é uma estruturação defensiva da personalidade, caracterizando-se pela falha comunicativa, identitária e complicação na expressividade emocional. Pereira e Russi (2016), afirmam que os serial killers são semelhantes aos psicopatas em diversos pontos, contudo, as características genéticase sociais se divergem em alguns casos, delineando que nem todo psicopata é serial killer e vice- versa. A autora Ilana Casoy (2002) explica ‘’O verniz social dessas pessoas é perfeito, sofisticado e construído habilmente, desenvolvendo uma personalidade 24 para o contato com o próximo, apresentando uma dissociação de seu comportamento assassino. Esse controle de seu comportamento, perante as outras pessoas, mostra que eles sabem que seus atos são oprimidos pela sociedade e esse motivo apresenta a capacidade que eles têm de discernir entre o errado e o certo’’. Dantas (2018) conclui que a mídia de fato influencia a atuação dos assassinos e contribui, em algum nível, para formação da personalidade psicopática, haja vista que eles sentem prazer em chamar atenção da mídia, que esta, pelo sensacionalismo, cumpre os desejos narcisistas dos seriais killers, ao expô-los. Passos (2019) depreende que serial killers rodeados de informações sensacionalistas, ‘’e não podem ser combatidos através de medidas que venham a criar exceções nesse sistema, em detrimento de seus direitos.’’ O jornalismo investigativo, devido aos exageros nas exposições de notícias, foge dos seus princípios de informação, e ‘’adentram no verdadeiro jornalismo inquisidor, que em suas veiculações, pretende ser agente capaz de prender, investigar, julgar e condenar o indivíduo em apenas alguns minutos de exposição da imagem deste’’, conforme explica Araújo e Júnior (2018). Rosa (2019), afirma que o público participa e colabora com a contínua forma expositora exagerada da mídia, que gera admiração para com os serial killers, se destacando em alguns momentos, ‘’como parte das multidões que estavam presentes do lado de fora do tribunal, onde Theodore Bundy foi julgado’’. Enfatiza-se, devidamente, a precisão de maiores investimentos na capacitação de profissionais e em equipamentos tecnológicos que auxiliem na identificação antecipada dos serial killers, bem como em estudos acerca de como reduzir a reincidência de tais (GUIMARÃES, 2018) Silva (2019), enfoca a dificuldade de tratamento de um sujeito psicopata, além das peculiaridades que cercam cada serial killer, finalizando com o argumento de que para tratar portadores do transtorno de personalidade antissocial, o sistema penal do país deve atribuir mais importância às pesquisas relacionadas ao tema, facilitando a redução de criminosos reincidentes. Teixeira e Filho (2009) denotam a necessidade de investigações sobre o fenômeno psicopatia e novas formas de avaliações sobre a estruturação desse comportamento de grande frieza emocional. 25 Dessa forma, com base nos resultados do presente estudo, pode-se concluir que o psicopata e os assassinatos em série têm perfis de personalidade semelhantes, no qual não há o mínimo de empatia em seus relacionamentos e dificuldades sociais estão presentes desde a infância. Constatou-se também, o crescimento da influência da mídia por meio da veiculação sensacionalista de notícias relacionadas a tais indivíduos e aos crimes cometidos. Por fim, a complexidade do funcionamento da conduta psicopática requer mais estudos para compreensão da consolidação de sua estrutura no comportamento do indivíduo, seja por fatores genéticos, seja pelo âmbito da imprensa, e de como o social é afetado por tal. Considerações Finais Com base nos resultados do presente estudo pode-se concluir que o mecanismo sensacionalista utilizado pelos meios midiáticos é um fator influenciador na sociedade. Psicopatas e serial killers, ainda que a predisposição genética seja uma das causas de seu comportamento perpetrador, são influenciados pelo ambiente em que crescem, grande parte em lares problemáticos e, como fuga de tal ocorrência, buscam refúgio no consumo de conteúdos violentos e de grave teor sexual. Dessa forma, é de urge, antes de tudo, a realização de mais pesquisas científicas para compreender o que de fato é a psicopatia, bem como sua incidência no crime de assassinato em série para a busca de medidas preventivas jurídicas apropriadas. Isto posto, cabe as autoridades que mudanças sejam efetivadas no sistema penal de cada país, principalmente no Brasil, com a finalidade de proteger a sociedade de indivíduos criminosos, contendo sua atuação e, logo, sua reincidência, efetivando o bem-estar social. Além disso, a mídia, como um dos elementos que contribuem para justiça na medida em que atrai o interesse social e este pressiona as autoridades, deve reduzir a circulação de conteúdos de teor sexual violento, bem como a estigmatização do significado de psicopatia e da imagem do assassino em série - figuras constantemente rodeadas por informações sensacionalistas -, posto que tal 26 realidade proporciona admiração do público devido aos papeis ‘heroicos’ que lhes são atribuídos, o que requer a mitigação de tal ação. Portanto, buscou-se por meio deste artigo uma explanação ampla do tema, a fim de entender as diversas formas em que os meios de comunicação social contribuem para a composição da personalidade psicopática e sua sequenciação nos assassinos em série. ‘’Somos hipócritas ou estamos apenas anestesiados? Fingimos incredulidade e somos solidários a dor do outro ou apenas não queremos que nos "roubem" o monopólio da maldade?’’ (MOURA, 2016) Referências PEREIRA, L. et al. O SERIAL KILLER E O PSICOPATA. n. 2, 2016. DANTAS, J. ANÁLISE JURÍDICA DO SERIAL KILLER E A ATUAÇÃO DADA PELA MÍDIA. 2018. 55 p. Disponível em: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/bitstream/riufcg/15206/1/JAYANNE%20MILE NA%20MATOS%20DANTAS%20%20-%20TCC%20DIREITO%202018.pdf. Acesso em: 28 mai. 2022. PASSOS, B. B. A imputabilidade penal do serial killer portador do transtorno de personalidade psicopática. 252.194.60, 2019. CASOY, Ilana. Serial Killer: Louco ou Cruel. 1. ed. Rio de Janeiro: Madras, 2002. MOURA, L. A. B. 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