Buscar

SERIAL KILLER E O DIREITO PENAL - VALDIR BARBOSA JUNIOR

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 64 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 64 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 64 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

VALDIR BARBOSA JUNIOR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SERIAL KILLER E O DIREITO PENAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Centro Universitário Toledo 
Araçatuba 
2019 
VALDIR BARBOSA JUNIOR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SERIAL KILLER E O DIREITO PENAL 
 
Monografia apresentada ao curso de Direito do Centro 
Universitário Toledo, como requisito parcial para obtenção 
do grau de Bacharel em Direito, sob a orientação do Prof. 
Me Carlos Paschoalik Antunes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Centro Universitário Toledo 
Araçatuba 
2019 
Valdir Barbosa Junior 
 
 
SERIAL KILLER E O DIREITO PENAL 
 
 
Monografia apresentada ao curso de Direito do Centro 
Universitário Toledo, como requisito parcial para obtenção 
do grau de Bacharel em Direito, sob a orientação do Prof. 
Me Carlos Paschoalik Antunes. 
 
 
Aprovado em ____de ______________de ______ 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
_______________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Centro Universitário Toledo 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Primeiramente, gostaria de agradecer a todos os Professores Mestres do curso de Direito do 
Centro Universitário Toledo, por toda sua dedicação e empenho, para nos transmitir 
conhecimento teórico e prático de todos os ramos compreendidos nesta graduação, 
contribuindo para nossa formação acadêmica. Agradeço também a minha família, pelo apoio 
proporcionado a mim em mais esta empreitada a que me projetei, para absorção de 
conhecimento, na qual me enveredei durante cinco longos anos, em especial a minha esposa 
por toda tolerância e solidariedade nesse período de nova formação. E por fim a todos os 
novos amigos que angariei durante o período de curso, por todo o tempo de convivência. 
 
RESUMO 
 
 
Um cidadão considerado por todos a sua volta como uma pessoa do bem, quieta, quase 
sempre imperceptível dentro de uma sociedade, comete da noite para o dia um crime 
considerado como bárbaro com requintes de crueldade. Inúmeras perguntas surgem tanto para 
os leigos quanto para os maiores doutrinadores e psiquiatras. O que se passa em sua cabeça? 
O que leva uma pessoa a cometer tamanha atrocidade? Como podemos identificá-las? Seriam 
problemas psicológicos ou apenas o frio desejo de cometer assassinatos desmotivados? Quais 
medidas legais poderiam ser aplicadas ao assassino? Seriam elas suficientes? O presente 
trabalho terá como objetivo apresentar estes indivíduos e buscar respostas para as dúvidas que 
sempre recaem quanto ao tema em tela. 
 
Palavras – chave: Serial Killer; Psicopata; Direito Penal; 
 
ABSTRACT 
 
 
A citizen considered by all around him as a person of good, quiet, almost always 
imperceptible within a society, commits overnight a crime considered as barbarous with 
refinements of cruelty. Countless questions arise for both the laity and the greatest teachers 
and psychiatrists. What goes on in your head? What causes a person to commit such an 
atrocity? How can we identify them? Are they psychological problems or just the cold desire 
to commit demotivated murders? What legal measures could be taken against the murderer? 
Would they be enough? The present work will aim to present these individuals and seek 
answers to the doubts that always fall on the subject on screen. 
 
Key-words: Serial Killer; Psycho; Criminal Law; 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 09 
I O DIREITO PENAL BRASILEIRO ..................................................................... 11 
1.1 Evolução do direito penal .................................................................................... 11 
1.2 Crime .................................................................................................................... 13 
1.2.1 Diferença entre crime e contravenção penal ....................................................... 14 
1.3 Sujeitos e objetos do crime .................................................................................. 14 
1.4 Classificação doutrinária dos crimes ................................................................. 16 
1.5 Culpabilidade ....................................................................................................... 18 
1.5.1 Imputabilidade e inimputabilidade ..................................................................... 19 
1.6 Pena ....................................................................................................................... 21 
1.6.1 Princípios da pena ............................................................................................... 22 
1.6.2 Tipos de pena ...................................................................................................... 24 
1.7 Medida de segurança ........................................................................................... 26 
1.7.1 Espécies de medidas de segurança .................................................................... 27 
1.7.2 Pressupostos da medida de segurança ............................................................... 27 
1.7.3 Duração da medida de segurança ....................................................................... 28 
1.7.4 Fim da medida ou liberação condicional ........................................................... 28 
1.7.5 Conversão da pena em medida de segurança .................................................... 29 
II SERIAL KILLERS ............................................................................................... 30 
2.1 Origens e definições ............................................................................................ 30 
2.2 Tipos de assassinos .............................................................................................. 33 
2.2.1 Psicopata x psicótico .......................................................................................... 35 
2.3 Características de um serial killer ..................................................................... 36 
2.4 Classificação ........................................................................................................ 41 
2.5 Modus operandi do assassino ............................................................................ 42 
2.6 Modus operandi dos investigadores .................................................................. 44 
2.7 Outras informações ............................................................................................ 46 
III CASOS REAIS .................................................................................................... 47 
3.1 Theodore Robert Cowel (1946 - 1989) .............................................................. 47 
3.2 Jeffrey Lionel Dahmer (1960 - 1994) ................................................................ 50 
3.3 Edmund Emil Kemper III (1948-) ..................................................................... 53 
3.4 Serial killers brasileiros ...................................................................................... 55 
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 58 
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 64 
9 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
Para que se entenda qual é o objetivo deste trabalho, imagine a seguinte situação: 
Mais um dia se inicia em uma pacata rua de uma pequena cidade, aparentemente um 
dia normal onde às pessoas acordam, tomam café da manhã e saem para levar seus filhos para 
a escola e posteriormente trabalhar. 
Um dos moradores desta rua segue o mesmo “roteiro”. Acorda, toma banho, faz a 
barba, veste-se com sua melhor roupa e senta para tomar o café da manhã tranquilamente 
enquanto lê as notícias no jornal. Contudo, após sua rotina matutina, vai atéo porão de sua 
casa e pega uma espingarda. 
Ao sair de sua casa, caminha lentamente pela rua (até então pacata), disparando contra 
todos aqueles que estivessem em sua frente. Seja homem ou mulher, idoso ou criança. 
Entra em uma barbearia e atira a sangue frio contra o trabalhador e seu cliente, uma 
pequena criança. 
Após alguns minutos, o “calmo” morador já havia deixado um rastro de 13 mortes. 
Não havendo mais munição em sua arma, retorna a sua casa e deita-se em sua cama, 
todo ensangüentado, como se nada tivesse acontecido. 
Minutos depois, após grande conflito com a polícia que cercara sua casa pouco antes, 
o “morador” é levado preso. 
Os motivos para tudo isso? O mesmo acreditava que os vizinhos andavam falando mal 
de sua pessoa. 
A cena descrita acima é trágica, não é mesmo? Parece sair direto de um filme. Não é 
possível que tamanha crueldade possa realmente existir. 
Pois bem, e se lhe disser que o caso acima é real, sendo este “calmo” morador Howar 
Unruh que em 6 de Setembro de 1949 cometeu tamanha barbárie em sua rua, pelo simples 
motivo de achar que seus vizinhos conspiravam contra sua pessoa. 
É neste momento que tenho sua atenção e também que você pensa “Como isso é 
possível?”, “o que se passa na cabeça de uma pessoa que comete tamanha atrocidade?”, “ele é 
louco?”, “qual fim ele levou?”. 
Perguntas como essas são as mais feitas quando o assunto se trata de um Serial Killer. 
E não é somente apenas por pessoas leigas, mas também por doutrinadores jurídicos, médicos 
psiquiátricos e investigadores criminais. 
10 
 
Procurarei responder a essas e outras perguntas no decorrer deste trabalho. 
Em um primeiro momento, iremos nos debruçar sobre o direito penal para termos 
respostas sobre o que é um crime, quais são os tipos de crime, quais são as medidas punitivas 
adotadas em nosso país e pelo resto do mundo. Basicamente, uma pequena e sintetizada aula 
da parte geral do direito penal. 
Em seguida, o foco será sobre o “Serial Killer”, vamos falar detalhadamente sobre os 
tipos de assassinos, sobre suas características perturbadoras (físicas e mentais), sobre a 
diferença entre os serial killers e os portadores de doenças mentais (psicóticos), a 
classificação de um Serial Killer, o seu modo operandi, assim como o modus operandi dos 
investigadores que desde o início procuram caçar estes seres frios e inescrupulosos. 
Caminhando-se para o final, e não nos atendo apenas a “teoria”, apresentaremos 
alguns casos reais e chocantes, os mais famosos e repugnantes assassinos em sério, tais como 
Theodore Bundy , o qual matava a sangue frio estudantes universitárias, Edmundo Kemper, 
que levado por um sentimento de raiva por sua mãe, assassinava mulheres apenas por prazer, 
e alguns outros, inclusive brasileiros. Aqui, com toda a certeza o leitor terá a noção do que 
este tipo de ser humano é capaz. 
Por fim, após responder inúmeras questões no decorrer do trabalho, iremos chegar a 
conclusão, onde buscaremos responder aquela que talvez seja a mais importante deste 
trabalho. As medidas punitivas brasileiras são suficientes frente a um Serial killer? Qual a 
medida punitiva é a mais aconselhável para estes assassinos? 
 
11 
 
I O DIREITO PENAL BRASILEIRO 
 
 
1.1 Evolução do direito penal 
 
 
Antes de aprofundarmos no tema que aqui será estudado, faz-se necessário breve 
análise ao ramo do direito que está intimamente ligado aos crimes e seus autores: o Direito 
Penal. 
Também chamado de Direito Criminal está área jurídica pode ser conceituada através 
de dois aspectos: o aspecto material, o qual se refere a comportamentos socialmente 
inaceitáveis e que trazem danos aos bens públicos ou particulares; e, aspecto formal o qual 
trata-se de área destinada a aplicar às normas criadas pelo poder legislativo para prevenir e 
punir os considerados crimes, imputando-lhes penas com o escopo de proteger a sociedade e 
por conseguinte proporcionar de forma indireta o seu desenvolvimento e crescimento em 
harmonia. 
Mas para chegar ao que conhecemos hoje (direito penal moderno), o direito penal 
passou por grandes mudanças, influências e evoluções. 
Durante o decorrer das décadas, o direito criminal sofreu influência de importantes 
doutrinas, tais como a romana, grega e até mesmo a canônica (a igreja buscava sempre a paz 
dentro da sociedade, mesmo que às vezes em deleite próprio), além também das “escolas” 
(conjunto de escritores, pensadores, filósofos e doutrinadores) como a clássica (a qual 
utilizava teses do iluminismo) e a positiva. 
Toda essa influência doutrinária no decorrer dos tempos acabou tornando o direito 
penal como é hoje conhecido, inclusive servindo como base para a criação dos princípios 
penais (os quais não irão ser abordados tendo em vista o seu grande número). 
E qual seria a função do direito penal? É comum o entendimento de que este ramo do 
direito visa resguardar os bens jurídicos fundamentais (ex.: patrimônio e vida). Assim, além 
de proteger estes bens vitais, há também o entendimento de que através dele são garantidos os 
direitos da pessoa humana frente às punições impostas pelo Estado. Ou seja, o mesmo ramo 
que pune, também protege o cidadão. E tal proteção, é uma exigência ético-social da plena 
garantia do respeito ao tão controvertido direitos humanos do indivíduo. Controvertido pois, 
muitos acreditam ser este “direito” mera proteção a aqueles que cometem crimes e não são 
punidos na mesma intensidade pelo crime cometido. 
12 
 
Portanto, ao se utilizar o direito penal (o qual deve ser utilizado sempre em último 
caso tendo em vista ser o controle social mais gravoso), é necessário que haja o respeito a 
dignidade da pessoa humana, ao caráter estritamente pessoal da pena (esta não pode passar 
para outro ou ser cumprido por outro, senão apenas por aquele que cometeu o delito), a 
proporcionalidade e por fim ao contraditório e ampla defesa. 
Assim, tem-se que este direito não deve ser utilizado a todo momento, como por 
exemplo, em casos pequenos, que sejam insignificantes perante a sociedade (ex.: caso em que 
uma pessoa furta para saciar sua fome) e muito menos utilizado para ser um instrumento de 
repressão utilizado por figuras governamentais. 
Caminhando-se para o final, devemos dizer que atualmente o direito penal tem como 
base, de forma hierárquica as seguintes fontes: Constituição Federal de 1988, o código Penal e 
de Processo Penal, os costumes, a analogia, a equidade, os princípios gerais do direito e por 
fim os tratados e convenções internacionais. 
No Brasil, diante do surgimento de inúmeras leis que se relacionavam ao direito penal, 
fora necessário compilar todas essas normas regulamentadoras em um só lugar, surgindo-se 
assim em 1932 a Consolidação das Leis Penais. Posteriormente, em 1942 entrou em vigor o 
Código Penal que até hoje permanece como o sistema básico de regras penais e que passou 
por reformulação em sua parte geral em 1984. 
Diante de tudo que foi falado acima, chegamos a uma breve conclusão que o direito 
penal trata-se de uma área jurídica muito controversa por seus princípios e disposições, o que 
causa inúmeras discussões de pessoas leigas até juristas renomados. Quem nunca opinou 
quanto à aplicação de penas sem se quer saber a diferença de furto e roubo? Há aqueles que 
são a favor do direito penal máximo, opostamente há aqueles que são a favor dos direitos 
humanos e que rogam por menos violência na aplicação das penas, discussões essas 
infindáveis. 
Mas fato é que, o principal objetivo do direito penal é de proteger o cidadão de bem 
que cumpre com todas as regras e punir aqueles que desviam-se dos preceitos legais. 
Cientes dos objetivos desta área jurídica, a partir de agora passaremos a analisar a 
figura do crime, ou seja, o ato o qual gera uma atividade jurisdicional por parte do Estado a 
fim de punir o autor da infração. 
 
 
 
 
13 
 
1.2 Crime 
 
 
Definir um conceito para“Crime” é complexo, tendo em vista que não há qualquer 
definição exata para tanto, contudo, a definição mais simples encontrada no dia a dia é que o 
crime é uma criação da lei penal, ou seja, algo é considerado como crime quando há lei penal 
que o declare assim. 
Contudo, em uma definição mais popular, tem-se que o crime é um ato nocivo 
praticado por um ou mais indivíduo contra a pessoa (Ex.: homicídio), contra a honra (Ex.: 
injúria), contra o patrimônio (Ex.: furto e roubou), contra a administração pública (Ex.: 
Peculato), contra a dignidade sexual (Ex.: estupro), contra a incolumidade pública (Ex.: 
Incêndio) e até mesmo crimes econômicos (Ex.: estelionato). 
Outro ponto de destaque é que o crime é definido também por leis de jurisdições 
particulares, e, por conta disso, há muitos casos em que em um país a conduta é considerada 
como legal e em outros é considerada como crime. Além do mais, com o passar dos anos e a 
evolução da vida em sociedade, atos que antes eram considerados como crime, hoje não são 
mais, e de forma oposta, atos que antes não eram considerados como crime, hoje são. 
No ordenamento pátrio, a definição de crime está contida no artigo 1º da lei de 
introdução do Código Penal (decreto-lei n. 3.914 de 9 de Dezembro de 1941), a qual assim o 
define: 
 
Art. 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou 
de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de 
multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de 
prisão simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente. 
 
 
Mas o que seria “infração penal”? A infração penal é um comportamento humano 
causador de relevante lesão ou perigo ao bem jurídico tutelado pelo Estado, e também 
repudiado pela legislação penal, sendo, portanto, passível de uma sanção. 
Em nosso país, “infração penal” é gênero, sendo dividida em crime (ou como também 
é chamado: delito) e contravenção penal (considerados crimes menores, sem grande 
relevância). E, como observado no dispositivo acima, entre eles, o crime é considerado como 
mais grave, tendo em vista o tipo de sanção que lhe é cabida. 
Entretanto, não é apenas essa a diferença entre eles, havendo muitas outras que 
veremos a seguir. 
14 
 
1.2.1 Diferenças entre crime e contravenção penal 
 
 
De forma breve, temos que a diferença entre o crime e a contravenção penal é 
determinada conforme o comportamento humano e o valor que lhe é conferido (ao 
comportamento) pelo legislador. Ou seja, condutas mais graves, são consideradas como 
crime, enquanto as menos lesivas são consideradas apenas como contravenção. 
Mas existem outras diferenças trazidas pela própria lei, como por exemplo: Quanto a 
pena privativa de liberdade (como visto a cima, os crimes possuem sanções penais mais 
severas); Quanto à espécie de ação penal (as contravenções serão somente por ação penal 
pública incondicionada, enquanto o crime pode ser por ação com iniciativa privada ou pública 
condicionada, a depender da lei); Quanto à admissibilidade da tentativa (a tentativa de crime é 
punida, enquanto da contravenção não); Quanto a extraterritorialidade da lei penal brasileira 
(a lei brasileira se aplica apenas aos crimes praticados em outros países e não as 
contravenções); 
Tem-se diferenças também: Quanto à competência para processar e julgar; Quanto aos 
limites da pena (a prisão do crime pode ser de até 30 anos, enquanto da contravenção no 
máximo 5 anos); Quanto ao período de prova do sursis (2 a 4 anos para crimes e 1 a 3 anos 
para contravenções); Quanto ao cabimento de prisão preventiva e temporária (ambos tipos de 
prisão não podem ser aplicadas a contravenção penal); Quanto a possibilidade de confisco 
(somente é possível o confisco de bens que configurem produto do crime); e, por fim, quanto 
à ignorância à compreensão da lei (a lei pode deixar de ser aplicada quando há excusa, em 
contravenções penais, de que não sabia sobre a proibição de tal ato). 
 
 
1.3 Sujeitos e objetos do crime 
 
 
Todo crime praticado, consequentemente tem que ter um autor e uma vítima, e, no 
direito penal, chamam-se essas partes de sujeito ativo (autor) e sujeito passivo (vítima). 
O sujeito ativo de um crime é a pessoa que pratica a infração penal, o autor, que pode 
ser qualquer pessoa física, capaz e com pelo menos 18 anos completos na data do crime. 
Já o sujeito passivo, é a pessoa ou ente que sofre com as consequências da infração 
cometida. Pode ser qualquer pessoa física ou mesmo jurídica, até mesmo, ente indeterminado, 
15 
 
destituído de personalidade jurídica (ex. uma família), caso este que é doutrinariamente 
chamado de “vago”. 
Outro ponto, é que o sujeito passivo pode ser classificado em: 
 
a) Sujeito passivo constante: Aqui se tem sempre a figura do Estado, mesmo que o crime 
seja praticado contra uma pessoa física aleatória, tendo em vista que o Estado é 
interessado na manutenção da paz pública e da ordem social. 
b) Sujeito passivo eventual: é a figura do titular do interesse penalmente protegido, ou 
seja, é a considerada vítima. 
Em relação ao sujeito passivo eventual, este ainda pode ser dividido em outras duas 
categorias: comum ou próprio, a depender se o tipo exige ou não qualidade ou condição 
especial da vítima. Por exemplo, no crime de homicídio, a vítima pode ser qualquer pessoa 
(sujeito passivo comum), enquanto que, no crime de infanticídio, é necessário que a vítima 
seja uma criança (sujeito passivo próprio) 
Ademais, é necessário que se faça breve análise quanto ao bem, objeto da infração 
penal, que pode ser tanto material, quanto jurídico. 
O objeto material é a pessoa ou coisa (carro, casa, dinheiro) sobre a qual recai a 
conduta criminosa. Importante enaltecer que em regra, o objeto material e o sujeito passivo 
não se confundem isso porque, por exemplo, no crime de furto, o objeto material é a coisa 
subtraída, enquanto que o sujeito passivo é o proprietário da coisa furtada. Já no crime de 
homicídio, por exemplo, o objeto material e o sujeito passivo se confundem, tendo em vista 
que são idênticos, isso porque a vítima também é a pessoa sobre o qual recai a ação do agente. 
Já no que concerne ao objeto jurídico do delito, temos que este revela o interesse 
tutelado pela norma, o bem jurídico protegido. 
Aduz Fernando de Almeida Pedroso (2008. Pag. 81): 
 
Bem representa tudo quanto satisfaça uma necessidade humana ou do agrupamento, 
despertando um interesse individual ou coletivo a ele endereçado. Quando esse bem 
interessa igualmente ao mundo do Direito, que o regulamenta e disciplina por meio 
de suas prescrições legais, recebe a denominação bem jurídico. Se esta disciplina 
legal é porém feita a título de proteção, preservação e garantia do bem e é procedida 
dentro do ordenamento jurídico pelo Direito Penal, surge a figura do bem jurídico 
penalmente tutelado. 
 
 
Então, por exemplo, temos que em um crime de homicídio, o objeto jurídico é a vida, 
e, em um furto, é o patrimônio. 
 
16 
 
1.4 Classificações doutrinárias dos crimes 
 
 
A classificação de um crime pode ser considerada legal ou doutrinária. A classificação 
legal é quanto à denominação conferida pela própria lei aquele ato considerado como ilegal. 
Já a classificação doutrinária é aquela atribuída pelos doutrinadores levando em consideração 
as características previstas na infração. 
A seguir, iremos apresentar as classificações doutrinárias de maior relevância no 
estudo dos crimes. 
 
A) Crime material, formal e de mera conduta: 
 
Crime material é aquele que descreve o resultado e exige sua ocorrência para a 
consumação, estes que são cronologicamente separados. O crime formal é aquele em que o 
resultado é previsto, mas é dispensável, ou seja, sua consumação (a infração) ocorre apenas 
com a conduta. Por fim, o crime de mera conduta é aquele que apenas descreve a conduta, 
semmencionar qualquer resultado, ou seja, pune o agente pela simples prática. Um exemplo 
clássico é o cidadão que porta arma de forma ilegal. 
 
B) Crime comum, próprio e de mão própria: 
 
Crime comum é aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa. No crime próprio, 
é necessário que o autor possua certas características, como por exemplo, o caso de crimes 
funcionais, tais como o peculato, em que é necessário que o autor seja um servidor público. 
Por fim, o crime de mão própria é aquele que somente pode ser praticado por determinado 
agente previsto no dispositivo legal, por exemplo, o crime de falso testemunho só pode ser 
cometido por aquele que presta algum testemunho. 
 
C) Crime doloso, culposo e preterdoloso: 
 
Crime doloso é aquele onde o autor visa o resultado, ou ao menos assume o riso de 
produzi-lo. O crime culposo é aquele em que o autor não visa o resultado, mas que acaba 
ocorrendo por imprudência, negligência ou imperícia. Por fim, o crime preterdoloso é aquele 
em que o autor pratica um ato (visado), contudo, o resultado é diverso do esperado. Por 
exemplo, em casos de lesão corporal seguida de morte, onde a intenção é apenas ferir a 
vítima, contudo esta venha a falecer (mesmo que contra a vontade do autor). 
 
17 
 
D) Crime instantâneo, permanente e instantâneo de efeitos permanentes: 
 
Crime instantâneo é aquele que se consuma em momento determinado, sem qualquer 
prolongação. O crime permanente é aquele em que a execução se protrai no tempo por 
determinação do autor (ex.: extorsão mediante sequestro). Por fim, nos crimes instantâneos de 
efeitos permanentes, a consumação ocorre em momento determinado, mas os efeitos são 
irreparáveis, como por exemplo, o homicídio consumado. 
 
E) Crime consumado e tentado: 
 
Considera-se que um crime foi consumado quando se reúnem na infração todos os 
requisitos de ordem legal, conforme previsto no Art. 14, I do Código Penal. E há também o 
crime tentado, onde, por situações alheias a vontade do autor, o crime acaba não ocorrendo. 
 
F) Crime de dano e de perigo: 
 
O crime de dano ocorre quando há a efetiva lesão ao bem, ou seja, quando o autor 
conseguiu cumprir com o planejado (por exemplo, a morte no crime de homicídio). Já o crime 
de perigo não é necessário que haja a lesão, bastando apenas que haja a exposição do bem ao 
perigo. 
 
G) Crime simples, complexo, qualificado e privilegiado: 
 
O crime simples é aquele que é formado por apenas um tipo penal, sem nenhuma 
circunstância que aumente ou diminua sua gravidade. O crime complexo é formado pela 
reunião de dois ou mais tipos penais, como por exemplo, o roubo, onde é necessário que haja 
o furto de um objetivo e o constrangimento ilegal da vítima. 
O crime qualificado é aquele que deriva tanto do simples quanto do complexo, cuja 
sanção sofre um agravamento, em virtude da gravidade da situação. Já o crime privilegiado é 
aquele em que a lei considerada determinadas circunstancias que diminuem a gravidade da 
ação e, consequentemente, sua sanção. 
 
H) Crime plurissubjetivo e unissubjetivo: 
 
Ocorrerá o crime plurissubjetivo quando o concurso de agentes seja imprescindível 
para sua configuração, ou seja, é necessário o concurso de pessoas. Já o crime unissubjetivo é 
aquele que pode ser praticado por apenas uma pessoa. 
 
18 
 
I) Crime comissivo e omissivo: 
 
O crime comissivo é aquele que ocorre em virtude da ação de uma pessoa, ação está 
considerada como crime (Ex.: Matar alguém). Já o crime omissivo é a não realização de 
determinada conduta necessária, principalmente quando o sujeito ativo esta obrigado a fazê-
la. Por exemplo, o caso de um salva vidas que não socorre um banhista afogando-se. 
 
J) Crime unissubsistente e plurissubsistente: 
 
O primeiro é aquele em que não se admite o fracionamento da conduta, isto é, a 
infração é realizada em apenas um ato. Já no segundo, a conduta infratora é fracionada em 
diversos atos que, somados, provocam a consumação. 
 
K) Crime habitual: 
 
É aquele onde há a reiteração de atos. Somente irá ocorrer se houver repetição da 
conduta que revele ser aquela atividade algo costumeiro por parte do agente. Por exemplo, o 
dono de um bordel onde há exploração sexual. Para cometer o crime, é necessário que o 
agente mantenha o estabelecimento. O crime não poderá se configurar com apenas um ato, já 
que é necessária certa regularidade. 
 
 
1.5 Culpabilidade 
 
 
Primeiramente, tem-se que a culpabilidade é o juízo de reprovação que recai sobre 
determinada conduta, típica e ilícita (crime). Ou seja, é um juízo relacionado à necessidade de 
aplicação de sanção penal. 
Para Brandão (2003, p. 131-2) “a culpabilidade é um juízo de reprovação pessoal, feito 
ao autor de um fato típico e antijurídico, porque, podendo se comportar conforme o direito, o 
autor do referido fato optou livremente por se comportar contrário ao direito”. 
Quando falamos em culpabilidade nos remetemos a duas teorias “opostas”, as quais 
tentam justificar os atos praticados pela pessoa, são elas: a teoria do livre-arbítrio e o 
determinismo. 
No primeiro caso, temos que uma pessoa comum, ou seja, o considerado “homem 
médio”, possui capacidade cognitiva e moral para tomar suas próprias decisões desvinculadas 
19 
 
de qualquer coerção, assim, a pessoa deve ser responsabilizada por todos os atos por ela 
praticados (sejam lá quais forem). Em contrapartida, a teoria do determinismo alega que o 
homem não consegue ter pleno controle sobre todos os seus atos e escolhas, isso, pois há 
inúmeros fatores internos e externos que podem o levar a tomar certas decisões e praticar 
certos atos ilícitos. 
As mencionadas teorias criam muitas discussões sobre qual seria a correta. Trata-se de 
uma situação onde não há o certo ou errado, mas sim o ponto de vista. 
Veremos mais a frente que, muita das vezes um assassino em série comete seus crimes 
tendo em vista ser uma condição psicológica sua enraizada, criada desde o início de sua vida, 
devido a inúmeros fatores, que hoje os faz cometer os crimes e acreditar estar correto. Ora, 
eles encaixar-se-iam na teoria do livre-arbítrio ou do determinismo? 
A meu ver, o assassino em série encontra-se na teoria do determinismo, isso, pois, suas 
decisões são tomadas por contas de fatores internos (pensamentos insanos), ainda mais porque 
estes não podem ser considerados como “homens médios”, portanto, não se pode dizer que 
possuem capacidade moral para fazerem escolhas e tomarem decisões lúdicas. 
Ademais, vale dizer que a culpabilidade possui três elementos: Imputabilidade, 
Potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa. 
Assim, haverá a incidência da culpabilidade quando o autor for imputável 
(possibilidade de se atribuir a alguém a responsabilidade pela prática de uma infração penal), 
tiver consciência da ilicitude do ato que está praticando, ou seja, o agente imputável consegue 
compreender a reprovabilidade de sua conduta (a pessoa sabe que aquilo que ela está fazendo 
é crime) e que, obviamente, venha a praticar a conduta diversa, cometer o fato ilícito de 
acordo com o ordenamento jurídico. 
Mas, e se autor for inimputável? E quando se dá a chamada inimputabilidade? 
 
 
1.5.1 Imputabilidade e a inimputabilidade 
 
 
Como visto anteriormente, a imputabilidade é a capacidade de imputação, ou seja, 
possibilidade de atribuir a alguém a responsabilidade pela prática de um ato ilícito. 
O código penal pátrio enumera algumas hipóteses de inimputabilidade (distúrbios 
mentais, menoridade, embriaguez), os quais podem definir através dos seguintes critérios: 
 
20 
 
a) Critério biológico 
 
Aqui se leva em conta apenas o desenvolvimento do agente. Detalhe importante que 
neste caso muitas pessoas pensam se tratar apenas de doença mental, mas a idade também é 
um critério biológico. Sendo assim, basta ser portador de distúrbio mental, ou menor de idade 
(18 anos) quese considera inimputável. 
 
b) Critério psicológico 
 
Aqui se considera apenas se o autor da conduta possuía, ao tempo da conduta, 
capacidade de entendimento do que estava fazendo, independentemente de sua condição 
mental ou idade. 
 
c) Critério biopsicológico 
 
Por fim, nesta situação, considera-se inimputável aquele que, em razão de sua 
condição mental, é inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato, conforme 
verifica-se no Art. 26 do código penal brasileiro: 
 
Art. 26 É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento 
mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente 
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse 
entendimento. 
 
 
Diante do que vimos, em quais desses critérios poderia um serial killer se encaixar? 
Veremos mais a frente se um assassino em série possui algum problema psicológico 
ou se toda sua conduta criminosa é advinda de imensa frieza. 
Mas, adianta-se que, a defesa destes criminosos procura sempre enquadrá-los como 
doentes mentais, ou seja, inimputáveis, para que assim consigam diminuir sua pena ou até 
mesmo conseguir medida de segurança e não pena privativa de liberdade. 
Afinal de contas, os assassinos em série seriam loucos (doentes mentais) ou apenas 
cruéis? Essa questão será respondida ao final deste trabalho, após análise minuciosa sobre a 
mente destes criminosos. 
 
 
 
 
 
21 
 
1.6 Pena 
 
 
A pena é uma sanção penal, ou seja, uma resposta do Estado aqueles que praticarem 
alguma infração (crime ou contravenção), a qual consiste em uma privação ou restrição de 
determinados bens jurídicos do autor (por exemplo, a liberdade). 
Para que seja aplicada a pena, faz-se necessário um devido processo legal, através do 
qual constatada a autoria e a prática da infração assim como a imputabilidade do suspeito. 
Portanto, para que a pessoa que cometeu uma infração seja penalizada, é necessário 
que ela passe por um processo legal, onde terá direito a defesa, e só assim, depois de 
finalizado e constada a prática criminosa e sua autoria é que o infrator poderá sofrer uma 
sanção. 
Luiz Flávio Gomesvai além e apresenta fundamentos e justificativas quanto à sanção 
penal (2007, p. 459): 
 
Do ponto de vista político-estatal a pena se justifica porque sem ela o ordenamento 
jurídico deixaria de ser um ordenamento coativo capaz de reagir com eficácia diante 
das infrações. 
Desde a perspectiva psicossocial a pena é indispensável porque satisfaz o anseio de 
justiça da comunidade. Se o Estado renunciasse à pena, obrigando o prejudicado e a 
comunidade a aceitar as condutas criminosas passivamente, dar-se-ia 
inevitavelmente um retorno à pena privada e a autodefesa (vingança privada), 
próprias de etapas históricas já superada;. 
No que se relaciona com o aspecto ético-individual, a pena se justifica porque 
permite ao próprio delinqüente, como um ser 'moral', liberar-se (eventualmente) de 
algum sentimento de culpa. 
 
 
No que condiz a finalidade da pena, há entendimentos diversos. 
Para a escola Clássica, pena é uma forma de prevenção de novos crimes, trata-se de 
uma defesa da sociedade para evitar a violência e manter a paz social. Já a escola positiva, 
defende que a pena funda-se na defesa social, objetivando a prevenção de crimes, devendo ser 
indeterminada, adequando-se ao criminoso para corrigi-lo. 
Portanto, através do entendimento de ambas as escolas, temos que a pena é uma forma 
de proteção encontrada pela sociedade, punindo o criminoso e objetivando que tal sanção 
sirva como exemplo para que não haja novos crimes. 
No Brasil, a pena tem “tríplice finalidade”. 
Quando o legislador cria uma norma incriminadora e lhe concede uma sanção penal, 
tem-se um caráter preventivo geral. Ao estabelecer condições (parâmetros) mínimo e máximo 
22 
 
de pena, afirma-se a validade da norma desafiada pela prática da infração (como se fosse uma 
prevenção geral positiva), objetivando que demais pessoas de uma sociedade venham a 
cometer crimes (prevenção geral negativa) 
No atual cenário de nosso país, verifica-se que, através deste ponto de vista (punição 
servir como exemplo) a criminalidade está fora de controle, isso, pois, o criminoso não deixa 
de praticar o ato apenas porque sofrerá uma sanção. Quanto mais um serial killer, que pouco 
se importa com as consequências futuras de seus atos. 
 
 
1.6.1 Princípios da pena 
 
 
De forma breve, falaremos sobre alguns dos mais importantes princípios referentes à 
sanção penal e sua aplicação. 
 
a) Princípio da personalidade 
 
Previsto no Art. 5º, inciso XLV da Constituição Federal de 1988 temos que “nenhuma 
pena passará da pessoa do condenado podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação 
do perdimento de bens serem, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles 
executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido”. 
Trata-se, portanto, da impossibilidade de se transferir a pena para qualquer pessoal, 
seja sucessor, descendente ou ascendente. Só poderá responder penalmente aquele que 
praticou a infração. 
 
b) Princípio da individualização da pena 
 
Dispõe o art. 5º, XLVI da CF/88 “A lei regulará a individualização da pena e adotará, 
entre outras, as seguintes; a) privação OU restrição da liberdade; b) perda de bens; C) 
multa; d) prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos”. 
A individualização da pena deve ser observada em três momentos: a) na definição, 
pelo legislador, do crime e sua pena; b) na imposição da pena pelo juiz; c) e na fase da 
execução da pena, momento o qual os condenados serão classificados, através de seus 
antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da execução penal. 
 
 
23 
 
c) Princípio da proporcionalidade 
 
Trata-se de um princípio pelo qual para que a sanção penal cumpra a sua função, deve-
se ajustar à relevância do bem jurídico tutelado, sem desconsiderar as condições pessoais do 
agente. 
Basicamente, a pena deve ser proporcional ao ato ilícito praticado. Por exemplo, uma 
pessoa que furtou determinado bem, não poderá sofrer a mesma pena que uma pessoa que 
cometeu um assassinato. Assim, cada infração deve ter sua própria sanção, e sempre 
proporcional ao crime cometido. 
Este princípio abre uma breve discussão. Seria proporcional aplicar a pena de 
homicídio aquele que matou diversas pessoas de forma brutal e desumana? Um serial killer 
deve ser tratado da mesma forma que um criminoso “comum”, no que concerne à sua pena? 
 
d) Princípio dignidade da pessoa humana 
 
Segundo este princípio a ninguém pode ser imposta pena ofensiva à dignidade da 
pessoa humana, ou seja, penas indignas, cruéis, desumanas ou degradantes (por exemplo, 
tortura, que veremos mais a frente). 
O Art. 5º, §1º e 2º da Convenção Americana de Direitos Humanos assim estipula: 
“Toda pessoa tem direito a que se respeite sua integridade física, psíquica e moral” (§1º). 
“Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a penas ou tratos cruéis, desumanos ou 
degradantes. Toda pessoa privada de liberdade deve ser tratada com o devido respeito à 
dignidade inerente a ao ser humano” (§2º). 
Inclusive a proibição de tais penas é prevista na CF/88, a qual dispõe proibições de 
penas de: a) morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do Art. 84, XIX; b) de 
caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis. 
Este princípio encontra-se ligado diretamente com o princípio da proporcionalidade, 
pois proibi penas cruéis e de certa forma, considera que todas penas devem ser proporcionais 
a seus crimes. 
Para grande parte da população, aliada ao direito penal máximo, é difícil de aceitar que 
um criminoso, após crime cruel, não pode sofrer punição maior do que a permitida. A vítima 
teve todos seus direitos violados, inclusive a dignidade da pessoa humana, porém o criminosotem que ter preservado seus direitos. 
 
 
24 
 
 
1.6.2 Tipos de penas 
 
 
Feita análise sobre o que é a pena e quais são seus princípios e objetivos, agora iremos 
nos debruçar nos tipos de penas existentes e quais são permitidas em nosso país, assim como 
quais são proibidas. 
Hoje em nosso país são permitidas as seguintes penas: Privativa de liberdade; 
Restritivas de direito e Multa. 
 
A) Pena privativa de liberdade 
 
Trata-se da pena mais severa. As penas privativas de liberdade podem ser de reclusão 
(para crimes mais graves), detenção (para crimes menos graves) ou prisão simples (para casos 
de simples contravenções penais). 
Basicamente, o delinquente é encaminhado para uma prisão e por ali fica até cumprir 
com a pena que lhe foi imposta. Vale dizer que não necessariamente o criminoso passa o 
tempo todo encarcerado, podendo haver regimes onde o mesmo após algum tempo, tem 
direito a cumprir pena fora da prisão sob certas condições. 
De qualquer forma, através dessa punição, busca-se fazer com que o criminoso 
arrependa-se de seus atos, e saia dali pronto para um novo convício social. 
Porém, mais uma vez, o que é visto em nossa sociedade são pessoas que saem do 
sistema carcerário pior do que quando entraram. Pessoas que se revoltam com o tratamento 
dentro da prisão, o qual acaba aumentando seu desejo de praticar infrações. 
 
B) Penas restritivas de direito 
 
Tais penas são previstas nos Artigos 43 a 48 do código penal, e podem ser: prestação 
de serviços a comunidade, limitação de fins de semana, interdição temporária de direitos, 
prestação pecuniária, perda de bens ou valores. 
Como são previstas pra crimes menos graves, não são tão severas quanto a pena de 
reclusão. 
 
C) Multa 
 
25 
 
Prevista no Art. 32 do código penal, possui seu regramento previsto no Art. 49 e 
seguintes do código penal, a qual consiste no pagamento de determinado valor tendo em vista 
o ato ilícito praticado. Geralmente atos esses de baixa periculosidade social. 
Em contrapartida, como já vimos anteriormente, existem penas que são proibidas em 
nosso país (mesmo sendo lícitas em outros países do mundo). São elas: Pena de Morte, Penas 
de caráter perpétuo, pena de trabalhos forçados, pena de banimento, pena de natureza cruel. 
 
a) Pena de morte 
 
Como visto, a pena de morte é proibida em nosso país, tanto pela CF/88 quanto pela 
Corte Americana de Direitos Humanos, contudo, é permitida em casos de guerra declarada. 
Essa sanção causa grande discussão popular. Muitos são a favor da aplicação dela em 
casos extremos. Já, defensores de direitos humanos, não concordam, alegando que todos 
possuem direito a vida. 
Em vários países a pena de morte é legalizada, sendo realizada por cadeira elétrica, 
injeção letal e até mesmo por fuzilamento. E não estamos falando de países pequenos, têm-se 
como exemplo os Estados Unidos da América (apenas alguns Estados) e Japão, países 
extremamente desenvolvidos e que adotam tal penalização. 
 
b) Penas de caráter perpétuo 
 
São proibidas penas “infindáveis”, ou seja, penas que perdurem por toda a eternidade 
(ou pelo menos enquanto durar a vida do condenado). O Art. 75 do código penal assim define 
“O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 30 
(trinta) anos”. 
Adiante, iremos nos deparar com outro tema polêmico, neste caso, quanto ao fato de 
que as medidas de segurança (pena aplicada aos inimputáveis) possui tempo mínimo para sua 
duração, porém não possuir tempo máximo de duração, o que pode gerar uma interpretação de 
pena perpétua. 
 
c) Pena de trabalhos forçados 
 
Em nosso país, ninguém pode ser obrigado a cumprir pena mediante trabalhos 
forçados. Contudo, não se pode confundir essa pena, com o trabalho realizado pelos presos 
durante seu cárcere. Este trabalho previsto na LEP (Lei da Execução Penal) busca tornar útil o 
preso enquanto encarcerado e inclusive ajudá-lo diminuindo sua pena a cada dia de trabalho 
realizado. 
26 
 
d) Pena de banimento 
 
Basicamente é a proibição de penas que expulsem cidadão brasileiro, nato ou 
naturalizado, de nosso país. 
 
e) Pena de natureza cruel 
 
Qualquer pena que possa vir a ferir a dignidade da pessoa humana, ou seja, penas 
indignas, cruéis, desumanas ou degradantes, como por exemplo, a pena de restrição de 
liberdade cumprida em uma cela escura e insalubre, ou até mesmo em presídios com 
superlotação. 
 
 
1.7 Medidas de segurança 
 
 
Após falarmos sobre as penas previstas em nosso país, resta ainda falar sobre outra 
modalidade de pena, esta aplicada aqueles autores de ilícitos considerados como inimputáveis. 
Assim, tem-se que a medida de segurança é outro instrumento utilizado pelo Estado 
como resposta para os considerados atos ilícitos que geram violação a norma penal e que são 
destinadas para os considerados inimputáveis (já apresentados anteriormente). 
Conceitua Fernando de Almeida Pedroso em sua obra (ano 2008, p. 758): 
 
Constitui a medida de segurança, destarte, resposta penal dada aos autores de fatos 
típicos ilícitos que apresentam distúrbio mental que afeta suas faculdades 
intelectivas ou volitivas, insurgindo como sanção penal de conotação social 
protetora eminentemente preventiva, pois visa, sobretudo, afastar o agente do ilícito 
típico do convívio social e obstar que ele, por insanidade mental, sem o domínio 
psicológico de seus atos e, portanto, sem peias ou freios inibitórios que o impeçam 
de delinqüir, venha a reiterar e reproduzir condutas previstas como criminosas. 
 
 
Dessa forma conclui-se que a medida de segurança possui caráter preventivo, ou seja, 
busca impedir que determinado agente (considerado como perigoso) volte a praticar crimes, 
assim como busca manter a paz social e até mesmo conseguir a “cura” do agente infrator, ou 
ao menos um tratamento que minimize os efeitos da doença mental. 
 
 
 
27 
 
 
 
1.7.1 Espécies de medidas de segurança 
 
 
A medida pode se dar de duas formas: Detentiva ou restritiva. 
No primeiro caso, previsto no Art. 96, I do CP, o agente é internado em hospital de 
custódia e tratamento psiquiátrico. Esta medida é aplicada aos crimes com pena de reclusão. 
A definição do tipo de medida neste caso se dá pela gravidade da infração e não pela 
periculosidade do agente. 
Já na medida restritiva, prevista no Art. 96, II do CP, o agente passa por tratamento 
ambulatorial. É cabível em casos de crime punido com detenção, salvo se o grau de 
periculosidade do infrator indicar necessidade da internação. 
 
 
1.7.2 Pressupostos da medida de egurança 
 
 
O primeiro pressuposto e mais importante é a prática de fato previsto como crime. O 
segundo é a periculosidade do agente, indicando sua maior ou menor inclinação para o crime. 
Confirmada a periculosidade, duas situações são possíveis: 
a) Concluindo a perícia que o réu além de doente mental ou com desenvolvimento 
mental incompleto, era, no tempo do crime, inteiramente incapaz de entender o caráter 
ilícito do que estava fazendo, será considerado como inimputável conforme artigo 26, 
caput do CP. Após o devido processo legal, o inimputável será absolvido com a 
aplicação da medida de segurança. 
b) Agora, caso a perícia apontasse que o agente, portador de doença mental ou 
desenvolvimento mental incompleto, não era, na época do crime, inteiramente capaz 
de entender o caráter ilícito do fato, será considerado como semi-imputável conforme 
artigo 26, parágrafo único do CP. Após o processo legal, deverá ser condenado, 
decidindo o juiz se impõe pena diminuída de 1/3 a 2/3 ou, se impõe medida de 
segurança. 
 
 
28 
 
 
 
1.7.3 Duração da medida de segurança 
 
 
A internação ou o tratamento será por termo indeterminado, durando o quanto for 
necessário e enquanto não for atestada a “cura” mediante perícia médica. 
A perícia médica será realizada ao fim do prazo mínimo estipulado pelo juiz. No mêsanterior a expiração do prazo mínimo, deverá a autoridade administrativa remeter ao juiz a 
perícia realizada para que este decida pela revogação ou manutenção da medida. A partir de 
então, a perícia deverá ser realizada de ano em ano, podendo ser realizada a qualquer 
momento a pedido do juiz. 
Entretanto, há um prazo mínimo (para internação), o qual deverá ser de um à três anos, 
proporcionalmente estipulados de acordo com o crime praticado. 
Tal entendimento (não haver prazo máximo, mas haver prazo mínimo) traz grande 
debate no mundo jurídico, isso porque, por não houver um tempo máximo de duração, supõe-
se que a aplicação desta medida pode ter caráter perpétuo, o que é proibido pela carta magna 
conforme vimos acima. 
Diante desta controvérsia surgiram duas correntes de pensamento: A primeira sugere 
que o tempo de duração da medida não ultrapasse 30 anos (mesmo tempo previsto para penas 
restritivas de liberdade), fundamentando-se no fato de que ninguém pode ter sua liberdade 
restrita “perpetuamente”. Já um segundo entendimento diz que, a medida de segurança não 
deve suplantar o limite máximo da pena cominada ao fato previsto como crime praticado pelo 
inimputável. 
É inegável que pelo fato de não haver tempo máximo de internação, a medida acaba 
tornando-se como “perpétua”. Contudo, tal medida divide opiniões. Do lado social, o fato de 
um criminoso ficar até o fim de sua vida internado, traz grande alívio como sensação de 
justiça. Contudo, do outro lado, pela óptica do criminoso e seus defensores, tal medida é 
descabida e desumana. 
 
 
1.7.4 Fim da medida de segurança ou liberação condicional 
 
 
29 
 
Caso, mediante a perícia médica, tenha-se comprovado a cessação da periculosidade 
do agente, haverá a “desinternação”, em casos de medida detentiva, ou a liberação, em caso 
de tratamento ambulatorial, ao qual será concedida pelo juiz, por um período de um ano. 
Durante este prazo, a “desinternação” /liberação poderá ser revogada a qualquer momento, 
caso pratique o criminoso novo crime que indique ainda a existência de sua periculosidade. 
Pode acontecer também o caso da “reinternação” do agente, ou seja, durante o 
tratamento ambulatorial, poderá o juiz determinar a internação do agente, se esta for 
necessária para alcançar-se a “cura”. 
Segundo Rogério Greco (ano, p. 678): 
 
Pode acontecer que o agente, após a sua desinternação – tendo iniciado o tratamento 
ambulatorial, ou mesmo na hipótese de ter sido esse tratamento o escolhido para o 
início do cumprimento da medida de segurança -, demonstre que a medida não está 
sendo .suficientemente eficaz para a sua cura, razão pela qual poderá o juiz da 
execução determinar, fundamentadamente, a internação do agente em Hospital de 
custódia e Tratamento Psiquiátrico ou outro local com dependências médicas 
adequadas 
 
 
1.7.5 Conversão de pena em medida de segurança 
 
 
Como vimos o criminoso imputável cumpri pena, o inimputável, medida de segurança, 
e o semi-imputável deverá cumprir pena reduzida ou medida de segurança, dependendo do 
caso concreto e sua gravidade. 
Analisado o caso concreto, o juiz da execução poderá optar entre uma simples 
internação para tratamento e cura da doença, hipótese em que o tempo de tratamento será 
considerado como pena cumprida, ou a substituição da pena privativa de liberdade em medida 
de segurança em se tratando de doença não passageira, seguindo as regras previstas nos 
artigos 96 e seguintes do CP as quais falamos neste tópico. 
 
30 
 
II SERIAL KILLERS 
 
 
Quando um texto, ou uma manchete vem acompanhado do termo “Serial Killer”, 
pode-se ter certeza que o conteúdo ali exposto será de situações animalescas e sobre pessoas 
sem qualquer tipo de pudor ou consciência. 
O tema aqui abordado não é novo, pelo contrário, já é um tema um tanto quanto 
“batido”, contudo, sempre atrai a atenção, seja dos mais famosos doutrinadores penais, quanto 
do cidadão mais leigo. 
Ora, como é possível que um tema tão perturbador possua tanto apelo popular? Porque 
tanta gente possui interesse em histórias, fotos e fatos sobre este assunto? 
Há quem diga que tamanha curiosidade ao tema se dá pelo fato de que todos nós 
possuímos um lado sombrio que se deleita com fantasias anárquicas, mas isso não significa 
que somos todos assassinos, isso porque, existe uma grande diferença entre o pensar e o fazer. 
Um “homem médio” (termo utilizado no direito penal para se referir aquelas pessoas 
medianas, ou seja, trata-se de um de equilíbrio do direito com objetivo de conduta e de saber) 
pode até ter pensamentos obscuros e vontade, contudo, por inúmeros motivos não os coloca 
em prática. 
Porém, um assassino em série não possui nenhum inibidor em suas vontades. Aquilo 
que vem em sua cabeça, ele traz ao mundo real, independente de qual seja a conduta 
imaginada. Ele não possui medo das consequências, desejando apenas praticar suas mais 
obscuras ideias. 
São essas “pessoas” (se assim devem ser chamadas) que iremos analisar de forma 
aprofundada neste capítulo, desde a terminologia “Serial Killer” até suas características e 
modos operandi, buscando tentar compreender um pouco mais sobre esses assassinos cruéis. 
 
 
2.1 Origens e definições 
 
 
Diferente do que se possa imaginar, o termo “serial killer” é “novo”, sendo utilizado 
pela primeira vez apenas na década 70 pelo aposentado agente do FBI (Federal 
BureuofInvestigation) Robert Ressler o qual era grande entusiasta / estudioso do assunto. 
31 
 
Robert pertencia a uma unidade do FBI chamada de “BeharvioralSciecnes Unit” 
(BSU) (Unidade de Ciência Comportamental). Esta unidade buscou dar continuidade ao 
trabalho do renomado psiquiatra James Brussel, o qual estudava a mente dos criminosos. 
O BSU em primeiro momento montou uma biblioteca de entrevistas gravadas com os 
psicopatas encarcerados por todo o território americano. Os investigadores iam até as 
penitenciárias americanas e entrevistavam os mais famosos psicopatas daquela época, tais 
como Emil Kemper, Charles Manson, David Berkowitz. A intenção dos investigadores era de 
tentar ao máximo entrar na mente dos criminosos e compreender sua forma de pensar e 
motivações. 
Histórias, fatos e notícias quanto a todos os crimes que ocorriam em território 
americano eram encaminhados a esta unidade, para que os “caçadores de mentes” (tradução 
literal para “Mindhunter” como eram chamados) procurassem por “pistas psicológicas”. 
Através de inúmeros casos, os investigadores desenvolveram a habilidade de descrever 
suspeitos e suas características apenas observando a cena do crime. 
Tudo que foi dito acima pode ser encontrado no livro “Mindhunter – o primeiro 
caçador de Serial Killers Americano”, o qual foi escrito por John Douglas e Mark Olshaker, 
ambos investigadores do BSU. Inclusive, no ano de 2017 fora lançado um seriado norte-
americano com o mesmo título o qual retratou de forma fiel toda a origem da BSU e de seus 
dois investigadores acima mencionados. 
Nos dias atuais, existe o VICAP (Violent Criminal ApprehensionProgram), criado 
pelo FBI, o qual consiste em um programa informático criado para avaliar e relacionar crimes 
brutais. Criou-se também um novo departamento, o NCAVC (National Center for 
theanalysisofviolent crime), onde se estuda o comportamento de psicopatas, realizando 
investigações e auxiliando o policiamento nos Estados Unidos e no mundo. 
Cientes de como surgiu a terminologia aqui usada, resta definir o que serial um “Serial 
Killer”. 
Pois bem, tal definição vai além do popular “assassino cruel”. 
Associa-se sempre o assassino em série àquele que busca o prazer sexual e pessoal na 
prática de seus crimes. Assim como, aqueles que cometem inúmeros assassinatos, ou mesmo 
assassinatos isolados de forma desumana. 
 
 
 
32 
 
Contudo, os Serial Killers não se adéquam a nenhuma linha de pensamento pré-
determinada. Para Ilana (2004, p.16), temos que:O primeiro obstáculo na definição de um serial killer é que algumas pessoas 
precisam ser mortas para que ele possa ser definido assim. Alguns estudiosos 
acreditam que cometer dois assassinatos já faz daquele assassino, um serial killer. 
Outros afirmam que o criminoso deve ter assassinado pelo menos quatro pessoas. 
 
 
A definição “estatística”, que é aquele que defende ser necessária três ou mais mortes 
para a configuração de um assassino em sério, é criticada por muitos doutrinadores, isso 
porque não levariam em conta aqueles que fracassam nas suas tentativas de assassinato, ou até 
mesmo aqueles que nunca praticaram um assassinato! Como é o caso do famoso Charles 
Mason que jamais cometeu tal crime, sempre incentivando seus seguidores para tanto. 
Uma das definições mais aceitas e atuais é do professor Egger que leciona Justiça 
Criminal na universidade de Illinois nos Estados Unidos, o qual rebaixou o número de três 
homicídios para dois. Em sua concepção, um serial killer ocorre quando um indivíduo comete 
um segundo assassinato, não devendo haver, necessariamente, uma relação anterior entre a 
vítima e o autor. Os crimes posteriores ocorreriam em diferentes momentos e localidades. 
Sendo como principal motivo, o desejo do autor em exercer seu controle ou dominação sobre 
suas vítimas. 
Este é um ponto muito importante para a retratação de um psicopata. Eles nunca têm 
por intenção cometer tal crime objetivando fins financeiros. Eles não buscam furtar nada de 
suas vítimas. O foco é como dito acima, exercer seu controle ou dominação sobre a vítima, 
por vários motivos que iremos dizer mais a frente. 
As suas vítimas geralmente podem ter um valor simbólico para o assassino, e na 
maioria dos casos não podem defender-se dos ataques por questões de localidade, força física 
e até mesmo posição social. 
O que teria haver a posição social? Muitas das vezes as vítimas são homossexuais, 
prostitutas, sem tetos. Uma minoria que a sociedade “pouco se importa”, tornando-se alvo 
fácil para os assassinos. 
Por fim, entende Illana Casoy (2004), que para ser considerado serial killer é 
necessário concorrerem sete critérios cumulativos: 
 
1. Um homicídio narcísico-sexual. 
2. A falta de um motivo aparente. 
33 
 
3. Uma vítima “reificada” ou “coisificada”. 
4. O caráter anunciador da série criminosa, ou seja, teoricamente três homicídios 
narcísico-sexual devem ser cometidos para que se possa falar em serial killer. 
5. Em caso de pluralidade de homicídios, um “período de calmaria”. 
6. Em caso de pluralidade de homicídios narcísico-sexuais, a fidelidade relativa a um 
tipo de cenário, ou seja, o cenário é relativamente análogo. 
7. Em caso de pluralidade de homicídios, semelhança de “espaço – tempo”. 
Estando presentes estes 7 critérios, um assassino poderá ser considerado como “Serial 
Killer”. 
 
 
2.2 Tipos de assassino 
 
 
Agora que sabemos o que é um “Serial Killer” é importante apresentarmos as 
diferenças entre ele e outros tipos de assassinos muito parecidos. Criminosos que cometem 
crimes bárbaros e em massa, e os quais acabam sendo considerados como serial killer de 
forma indevida. 
 
a) Assassino em série 
 
Trata-se de um homicídio com natureza sexual. O padrão de um assassinato em série é 
uma caricatura grotesca do fundamento sexual normal. 
Em uma analogia simples temos que uma pessoa normal quando não faz sexo por 
algum tempo, passa a ter certa “ansiedade”, fantasiando sobre sexo constantemente até o 
momento que consegui suprir sua necessidade carnal com uma parceira, quando sua 
necessidade cessa por um tempo. 
Já o Serial Killer passa seu tempo fantasiando sobre dominação, tortura e assassinato. 
Quando seus desejos ficam incontroláveis, busca por vítimas. Sua excitação atinge o clímax 
com o sofrimento ou a morte de sua vítima. Após, a um tempo de calmaria, o qual, na maioria 
dos casos, o criminoso faz uso de seus “troféus”, objetos ou qualquer coisa que ele possa 
extrair da cena do crime (inclusive pedaços de corpo!), para que assim possa ficar revivendo o 
momento. 
34 
 
Em resumo, os atos praticados pelo assassino em sério são sua fonte maior de prazer, 
que o faz alcançar o grau máximo de excitação. Como isso o faz sentir muito bem, eles 
buscam sempre não serem capturados para que possam continuar a aproveitar de seus 
prazeres. 
 
b) Assassino em massa 
 
Com a semelhança de que ambos (assassino em série e assassino em massa) envolvem 
homicídios múltiplos, de resto, nada há igual. 
O assassino em massa é definido como uma “bomba-relógio”. Geralmente é alguém 
cuja vida saiu dos trilhos (fora demitido, traído pela companheira ou mesmo que tenha sofrido 
bullying). Tomado pelo sentimento de raiva e humilhação, explode em um surto de violência 
devastadora que atinge quem estiver por perto. 
Trata-se de quase sempre um ato suicida. O objetivo é causar a morte de inúmeras 
pessoas, e, logo ao fim de seu surto, põe fim a própria vida, ou entra em confronto fatal com a 
polícia. 
Para conseguir eliminar o maior número de pessoas, é necessária que seja utilizado, ao 
menos, uma arma (bombas e carros também são utilizados), o que difere de um serial killer, 
que raramente utiliza uma arma de fogo, tendo em vista que ver a pessoa morrer aos poucos 
lhe causa prazer. 
Esse é o típico exemplo do que muito ocorre nos Estados Unidos, onde 
constantemente vemos pessoas até então consideradas como “pacíficas” adentrar em algum 
lugar e causar uma carnificina, com centenas de mortes, e, ao final, tirar a própria vida. 
Quem não se lembra do famoso massacre de Columbine, onde um aluno, tomado por 
um sentimento de humilhação por conta do constante bullying sofrido e portando armas de 
fogo, adentrou em sua escola e fuzilou centenas de outros estudantes em 1999. 
Portanto, pela forma utilizada para cometer os crimes, assim como suas motivações, o 
assassino em massa não pode ser considerado como um serial killer. 
 
c) Assassino relâmpago 
 
O assassino relâmpago muito se assemelha ao assassino em massa. Ambos possuem 
forte sentimento de revolva ocasionado pelos motivos expostos acima. Ambos querem 
35 
 
vingança contra aqueles que “estragaram” sua vida. Querem mostrar ao mundo que são 
pessoas que merecem consideração, que são “especiais”, principalmente no aspecto de poder 
de “devastação”. 
Contudo, há uma grande diferença entre eles. O assassino em massa mata em apenas 
um lugar, o assassino relâmpago se desloca de um lugar a outro matando em seu percurso, 
podendo inclusive ser chamado de “assassino em massa itinerante”. 
Um exemplo deste tipo de criminoso é o ex-soldado americano Howard Unruh, que 
em 1949 percorreu sua vizinhança atirando em todos que via pelo caminho. 
 
 
2.2.1 Psicopata x psicótico 
 
 
Para uma pessoa leiga não existem diferenças entre esses dois tipos de indivíduo, 
podendo até dizer que esses dois tipos se referem a uma única condição mental. 
Mas a realidade é que há grandes diferenças entre um indivíduo psicopata e um 
psicótico. 
Os psicopatas não são legalmente insanos. Eles sabem as diferenças entre o certo e o 
errado. São pessoas “comuns”, na maioria dos casos muito inteligente e charmosas. O que 
realmente assusta é que por serem pessoas “normais” podem estar no meio de nós sem nem 
percebermos. 
Sua personalidade agradável, no entanto, é apenas uma encenação. A característica 
mais marte da personalidade psicopática e a sua total falta de empatia. O indivíduo psicopata 
é incapaz de amar, de se importar com alguém, de sentir pena. As pessoas para ele são 
simples objetos a serem usados e manipulados. 
Como não sentem culpa ou remorso, são capazes de manter uma frieza assombrosa em 
situações extremamente perturbadoras para uma pessoa comum. 
Para se ter uma idéia de como conseguem ser frios e manipuladores, certa vez, uma 
das vítimas de Jeffrey Dahmer (que iremos falar sobre no próximo capítulo),conseguiu fugir 
do seu cativeiro, indo até a polícia. Calmamente o assassino foi até a polícia e os convenceu 
de que aquele jovem era seu parente, e que deveria voltar para sua casa. Em seguida, levou de 
volta para seu cativeiro e o matou. 
Já os psicóticos são pessoas com psicose, um transtorno mental grave, caracterizado 
por certo grau de deterioração da personalidade. Pessoas com esse transtorno vivem em um 
36 
 
mundo criado por eles mesmo. Sofrem de alucinações e delírios, ouvem vozes e tem visões. 
Ao contrário dos psicopatas, os psicóticos correspondem à concepção geral de loucura. 
Portanto, com tudo o que foi visto até o momento, fica claro que um serial killer não é 
um psicótico, e sim um psicopata. Mas, obviamente, existem exceções à regra. 
 
 
2.3 Características de um serial killer 
 
 
Se perguntarmos para um indivíduo qualquer, como ele imaginaria um serial killer, 
provavelmente teríamos a seguinte resposta: Homem, branco, “jovem”, entre seus vinte a 
quarenta anos, solitário e anti-social ao extremo, basicamente uma pessoa desajustada 
socialmente, com poucos relacionamentos (família, amigos, companheiras) e provavelmente 
com algum problema psicológico. 
A descrição acima não estaria errada, porém não seria exata. Podemos dizer que, além 
das características óbvias, tais como suas mentes doentias e a compulsão desenfreada de 
matar, é difícil fazer conclusões gerais sobre esses indivíduos. 
Por exemplo, através de estatísticas, é possível perceber que a maior parte dos 
assassinos são brancos, contudo, essa é uma verdade restrita apenas aos Estados Unidos, 
tendo em vista que a maior parte de sua população é branca, o que difere das estatísticas 
Africanas, que aponta, que quase todos os serial killers são negros. 
Há também o fato popular de que quando se fala em assassino em série, vem à figura 
masculina, contudo, existem também assassinas, mulheres que cometem os mesmos crimes 
cruéis. 
Contudo, através de análises em 36 criminosos encarcerados, foi possível criar uma 
lista de características encontradas nestes indivíduos, tais como: 
 
1. A maioria é composta de homens brancos solteiros. 
2. Tendem a ser inteligentes, com QI médio de “superdotados”. 
3. Apesar da inteligência, possuem fraco desempenho escolar, histórico de empregos 
irregulares e acabam se tornando trabalhadores não qualificados. 
4. Vem de um ambiente familiar conturbado ao extremo. Normalmente foram 
abandonados quando pequenos por seus pais e cresceram em lares desfeitos e 
disfuncionais dominados por suas mães. 
37 
 
5. Há um longo histórico de problemas psiquiátricos, comportamento criminoso e 
alcoolismo em suas famílias. 
6. Enquanto crianças sofrem consideráveis abusos (as vezes psicológicos, ás vezes 
físicos, muitas vezes sexuais). Os brutais maus tratos incutem profundos 
sentimentos de humilhação e impotência neles. 
7. Devido ao ressentimento em relação a pais distantes, ausentes ou abusivos, 
possuem dificuldade em lidar com figuras de autoridade masculinas. Dominados 
por suas mães, nutrem por elas uma forte hostilidade. 
8. Manifestam problemas mentais em uma idade precoce e muitas vezes são 
internados em instituições psiquiátricas quando crianças. 
9. Extremo isolamento social e ódio generalizado pelo mundo e por todos (incluindo 
eles mesmos), costumam ter tendência suicida na juventude. 
10. Demonstram interesse precoce e duradouro pela sexualidade degenerada e são 
obcecados por fetichismo, voyeurismo (ato de ver pessoas se despindo ou 
praticando relação sexual sem que a pessoa saiba) e pornografia violenta. 
 
É importante destacar bem que, tais características foram encontradas similarmente em 
assassinos entrevistados, contudo, pode haver outras características ali não elencadas. 
Contudo, é possível notar que a maioria dos casos tem grande influência na vida no 
começo da vida, ou seja, na infância do indivíduo. 
Existe uma “tríade” presente na infância da maioria dos assassinos, ou seja, três 
“sinais de perigos” presentes no indivíduo: 
 
a) Enurese (urinar na cama) 
 
Não há nada incomum quando se é uma criança pequena, porém, se o problema 
persiste na adolescência, pode ser sinal de um distúrbio emocional significativo. 
 
b) Atos incendiários (piromania) 
 
Não há surpresa quanto a este tipo de ato destrutivo levando-se em conta a mente 
doentia do assassino. Muitos deles adoram provocar incêndios ainda quando criança. Temos o 
exemplo de OttisToole que começou a incendiar casas abandonadas com apenas 6 anos. 
 
 
 
38 
 
c) Tortura de animais e outras crianças 
 
O sadismo infantil dirigido as formas de vida inferior não é nenhuma novidade, 
sempre existem crianças e adolescentes que gostam de ferir criaturas indefesas. Contudo, 
quando se trata de uma criança com sinais de psicopatismo, os casos de tortura são muito 
piores. 
Quando adolescente, Peter Kurten tinha prazer em manter relações sexuais com vários 
animais enquanto os esfaqueava ou cortava-lhes a garganta. Edmund Kemper (o qual 
falaremos no próximo capítulo) aos dez anos enterrou vivo o gato de sua família. Depois, 
desenterrou a carcaça, levou para seu quarto, cortou fora a cabeça do animal e a prendeu em 
um carretel. Posteriormente sua mãe trouxe um novo gato para casa. Ed cortou com um facão 
a parte de cima do crânio do animal e depois segurou a perna dianteira do bicho enquanto 
agonizava. 
Jeffrey Dahmer, um dos mais famosos assassinos, assim disse a respeito da tortura de 
animais: “Encontrei m cachorro e resolvi abri-lo com uma faca só para ver como era por 
dentro e por algum motivo achei que seria uma brincadeira divertida enfiar a cabeça dele em 
uma estaca e deixar à mostra na floresta”. 
Existem outras pequenas características na infância tais como: Devaneios diurnos, 
masturbação compulsiva, isolamento social, mentiras crônicas, rebeldia, roubos, dores de 
cabeça constantes, problemas alimentares e automutilações. 
O isolamento social ou familiar é de grande perigo, pois, quando uma criança passa 
por isso por longos períodos de tempo e com certa freqüência, a fantasia e os devaneios 
passam a ocupar o vazio da solidão. A masturbação acaba sendo uma conseqüência também. 
Assim diz Ilana Casoy (2003, p. 19): 
 
As pessoas normais usam de suas fantasias temporárias para entretenimento próprio, 
sendo completamente compreensível pôr parte do indivíduo a irrealidade da mesma. 
No entanto, para serial killers, tais fantasias são assustadoramente mais complexas, 
integrando o comportamento dos assassinos em série, em vez de ser uma distração 
mental. O crime é a própria fantasia do criminoso, planejada e executada pôr ele na 
vida real, sendo a vítima o alimento maior que reforça a fantasia. 
 
 
Assim, o comportamento dos assassinos serve a muitos objetivos, por exemplo, aplaca 
sua necessidade de controle, dissocia a vítima tornando os acontecimentos mais reais, dá 
suporte à sua loucura e serve como combustível para futuras fantasias. 
39 
 
Degradar e desvalorizar a vítima são um dos meios do assassino estabelecer o 
controle. Este objetivo quase sempre é alcançado fazendo a vítima seguir um roteiro verbal, 
através de sexo doloroso combinado com tortura. 
Alguns se sentem no controle da situação apenas quando a vítima já está morta. Após, 
o indivíduo mutila a vítima, realizando a chamada “desfeminização” (retirando dos corpos 
identificadores femininos tais como órgãos e seios) e, por fim, deixam o corpo em posição 
humilhante. Tudo para demonstrar que estão sob o controle da situação. 
Os Seriais Killers sempre desenvolvem uma personalidade para contato, objetivando 
parecer uma pessoa normal, ou seja, por dentro existem pensamentos perturbadores, mas, por 
fora, reflete uma pessoa comum, que pode estar ao nosso lado no dia a dia. 
É interessante pensar que o fato de esconder seu comportamento psicopata, demonstra 
que o indivíduo sabe que seu comportamentonão é bem visto pela sociedade e pelas leis. Por 
este ponto podemos dizer que o serial killer é uma pessoa lúcida e capaz de discernir entre o 
certo e o errado. 
Aliás, eles se consideram muito inteligentes, basicamente “gênios do crime”, e muita 
das vezes realmente são. Com QI’s surpreendentes conseguem esconder-se da polícia por 
muitos anos. Em alguns casos, apenas são presos por que acabam se entregando e assumindo 
a autoria de todos os crimes. 
Portanto, finalizando este ponto quanto às características, podemos dizer que os serials 
podem ser: 
 
a) Homens e Mulheres: Desfazendo o conceito de que apenas homens que podem 
cometer tal barbárie. No que tange aos crimes sexuais, realmente apenas figuras 
masculinas os cometem, mas quanto ao restante, pode haver mulheres também. 
Ponto interessante é a maioria das mulheres assassinas utilizam de venenos para 
matar suas vítimas. 
Um exemplo é Anna Marie Hahn (1906-1938), enfermeira que tinha interesse em 
velhos solitários com grandes contas bancárias. Os matava sempre adicionando 
arsênio em suas bebidas. Estima-se que durante sua vida, ceifou a vida de mais de 
17 idosos. Foi a primeira mulher a morrer em uma cadeira elétrica. 
b) Branco e Negro: como dito no início, não existe uma etnia exata. Tudo depende do 
país onde o assassino comete seus crimes. Obviamente que os mais famosos já 
registrados são brancos, isso porque, são dos Estados Unidos, onde a maioria dos 
cidadãos são brancos. 
40 
 
Ponto interessante é que as vítimas quase sempre são da mesma etnia que o 
assassino, ou seja, um serial branco procura sempre matar pessoas brancas. 
Outro fato é que, mesmo ainda neste século, há grande preconceito pelo mundo. 
Um caso de pessoa branca assassinada chamará mais atenção que o caso de uma 
pessoa negra. Assim, sempre ficaremos sabendo de casos envolvendo assassinos 
ou vítimas brancas. A minoria (negros), sempre ficará “ocultada” das notícias. 
Como exemplo de um serial killer negro podemos mencionar JarvisCatoe (1905-
1943) que foi um dos mais notórios serial killers afro-americanos, e que, só foi 
capturado pela polícia após fazer sua primeira vítima branca (anteriormente eram 
apenas vítimas negras). 
c) Jovens e Velhos: Idade é mais uma característica que não é exata em um serial 
killer. Existem de todas as idades possíveis. Para se ter uma idéia, no início da 
década de 90, surgiram inúmeros crianças assassinas nos Estados Unidos. 
Um dos mais famosos casos é da pequena Mary Bell, britânica, cometeu dois 
assassinatos brutais de duas crianças em idade pré-escolar, e tudo isso com apenas 
11 anos de idade. Vídeos e notícias quanto ao seu caso são facilmente encontrados 
na internet. 
Da mesma forma, assassinos velhos também existem, como é o caso de Alberto 
Fisher de 65 anos, que em 1928 atraiu uma garotinha de 12 anos para uma casa 
abandonada nos Estados Unidos, estrangulou, partiu em pedaços e levou consigo 
para posteriormente fazer assado e comer, atingindo uma excitação sexual. 
d) Héteros e Homossexuais: Característica interessante e surpreendente. Quem pensa 
que os assassinos são sempre heterossexuais está enganado. São muitos os casos 
em que os criminosos são homossexuais, mais ainda as vítimas. 
Como dito acima, os assassinos quase sempre são inteligentes e atraentes. 
Utilizando destes “dotes” o indivíduo atrai a vítima e comete o crime. 
Embora sejam uma minoria, eles são mais propensos a “excessos”, cometendo 
diversas atrocidades com tortura e mutilação, sem motivo específico para tanto. 
Um exemplo de serial killer homossexual é Jeffrey Dahmer. 
e) Solitário e acompanhado: Na imaginação, um serial killer sempre está solitário, 
alias, foi a solidão que na maioria das vezes o transformou nesta figura diabólica. 
Contudo, nem sempre é assim. Existem casos em que estes indivíduos gostam de 
caçar em pares. Há casos em que são inclusive casados. 
41 
 
Para exemplar, temos o casal Bernardo e Homolka, os quais praticavam seus 
crimes em cumplicidade. Bernardo estuprava suas vítimas enquanto sua esposa 
filmava tudo com sua câmera. Claramente não era a atitude mais inteligente a ser 
fazer (filmes do próprio crime). Contudo, tratava-se de um fetiche. 
Podemos citar até mesmo famílias de assassinos. 
Alguns assassinos em grupo estão ligados não apenas por um vínculo psicológico, 
mas por laços de sangue também. Os Estranguladores da Colina, por exemplo, 
eram primos. Assim como também eram uma dupla de psicopatas que aterrorizou 
a fronteira norte americana. 
 
 
2.4 Classificação 
 
 
Não existe doutrinariamente uma classificação quanto aos assassinos em série, no 
entanto, Ilana em sua obra “Seria Killer – Louco ou Cruel” dividiu esses assassinos em 4 
tipos: 
 
a) Visionário: Um indivíduo completamente insano. Ouve vozes em sua cabeça e as 
obedece, sofrendo também com alucinações ou visões. Um típico caso de psicose e 
não psicopatia, como já diferenciado. 
b) Missionário: No dia a dia não demonstra ser um psicótico, mas internamente, tem 
ideais, ideologias, um totalitarismo, que lhe causa uma necessidade de livrar o mundo 
daquilo que julga imoral ou indigno. Esse tipo escolhe um grupo para matar, como por 
exemplo, prostitutas e homossexuais. 
c) Emotivos: Matam por diversão e prazer. De todas as classificações elencadas, os 
indivíduos que se encaixam nesta, são aqueles que realmente tem prazer em matar e 
utilizar de atos sádicos e cruéis. 
d) Libertinos: São aqueles que cometem assassinatos sexuais. Em outras palavras, matam 
para suprir sua necessidade sexual. Seu prazer será proporcional ao sofrimento da 
vítima sob tortura. Encaixam-se aqui os Canibais (aqueles que comem carne humana) 
e os Necrófilos (aqueles que se excitam com coisas mortas). 
 
42 
 
Por fim, eles ainda podem ser divididos em “organizados” e “desorganizados”, 
geograficamente estáveis ou não. As classificações são claras. Os organizados são aqueles que 
não deixam qualquer vestígio de seu crime, cometem crimes e limpam toda cena do crime. Já 
o desorganizado é aquele que não se preocupa com o que está deixando para trás. Por fim, os 
geograficamente estáveis são aqueles que cometem os crimes em um mesmo território, o que 
pode ser perigoso, pois facilita a sua captura. Já o contrário, o assassino procura cometer seus 
crimes em diversos lugares diferentes, para não ser capturado. Geralmente são inteligentes e 
organizados. 
 
 
2.5 Modus operandi do assassino 
 
 
De que forma age um assassino em série? Ele escolhe sua vítima e local? O que faz 
para não ser pego pela polícia? O que leva ele a cometer esta loucura? 
Resumidamente, ainda em sua obra, Ilana cita que existe um “ciclo” do serial killer e 
este é composto por 6 fases: 
 
1. Fase Áurea: O assassino começa perder sua compreensão da realidade. 
2. Fase da Pesca: O assassino busca pela próxima vítima ideal. 
3. Fase Galanteadora: Utiliza-se de toda sua inteligência, manipulação e beleza para 
seduzir ou enganar sua vítima. 
4. Fase da Captura: Momento em que a vítima é seduzida e deixa levar-se pelo 
criminoso. 
5. Fase de Assassino: Momento auge do plano do criminoso, momento que põe em 
prática todas suas ideias. 
6. Fase da Depressão: É o momento posterior ao crime cometido. O indivíduo reflete 
sobre os atos que cometeu muita das vezes procura “verdades” em suas ideias. É nesta 
fase que o assassino inicia novamente ao ciclo. 
 
A motivação para cometer o crime pode surgir a qualquer momento. De uma vontade 
incontrolável em buscar pelo prazer da carnificina, ou mesmo por meio de fatores 
desencadeantes. 
43 
 
O fato desencadeante é geralmente um tipo específico de vítima, que tem as 
qualidades que excitam o assassino. É útil para as autoridades saberem exatamente quais são 
esses fatores para que assim possam capturar o criminoso. 
Possuído pelo desejo de matar, o criminoso busca por “áreas de caças”, como dito 
anteriormente,

Outros materiais