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Farmacologia Geral, dos Analgésicos e Anti-inflamatórios

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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
CURSO DE 
INTRODUÇÃO À FARMACOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: Nome do Aluno 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
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CURSO DE 
INTRODUÇÃO À FARMACOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou 
distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do 
conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências 
Bibliográficas. 
 
 
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Histórico 
 
A palavra Farmacologia vem do grego pharmakon e pode ser definida 
como o estudo do mecanismo pelo qual a função dos sistemas vivos é afetada 
por agentes químicos. É uma ciência muito jovem, tendo pela primeira vez 
obtido o reconhecimento independente no final do século XIX, na Alemanha. 
Porém, existem registros mostrando que o homem pré-histórico já conhecia os 
efeitos benéficos ou tóxicos de materiais de origem vegetal e animal, descritos 
na China e no Egito. Porém, pouco se sabia e boa parte dos remédios tornava-
se inútil na cura de algumas doenças, outros até eram prejudiciais. 
Muitos medicamentos baseados em ervas eram amplamente usados 
ou mesmo estratégias terapêuticas bizarras eram indicadas, como mistura de 
elementos como vermes, esterco, urina, entre outros. Somente no final do 
século XVII, o recurso da observação e do experimento começou a substituir a 
teoria da medicina, colocando em prática esta experiência, iniciou-se, então, o 
desenvolvimento da Farmacologia. Foi Virchow o primeiro a motivar estas 
condutas, com a posição de que a terapêutica deveria ser abordada por meio 
de uma associação entre prática clínica e a fisiologia e ser elevada a uma 
ciência. 
Naquela época, o conhecimento do funcionamento normal e anormal 
do corpo humano era precário demais para fornecer mesmo uma base 
grosseira para a compreensão dos efeitos das drogas; na mesma época havia 
uma forte crença de que doença e morte eram temas semissagrados, 
apropriadamente tratados por doutrinas autoritárias, e não científicas. Os 
avanços da Química e da Fisiologia, por volta do fim do século XVIII e início do 
século XX, proporcionaram a base necessária para compreender os 
mecanismos de atuação das drogas nos tecidos e órgãos. 
A compreensão científica da ação farmacológica é o tipo de 
compreensão que nos possibilita prever quais os efeitos farmacológicos que 
uma nova substância química tende a produzir, ou projetar uma substância 
 
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química que produzirá um efeito terapêutico específico ainda é relativamente 
restrito. Para compreender o mecanismo pelo qual a administração de uma 
substância química específica afeta o funcionamento de qualquer célula ou 
órgão, é necessário um conhecimento detalhado do mecanismo bioquímico e 
fisiológico normal. Deve ser lembrado que a fisiologia só começou a ser 
estudada intensivamente há pouco mais de 100 anos, e a bioquímica há 
aproximadamente 50 anos. 
Há cerca de 50 anos, iniciaram-se os esforços no campo de pesquisa 
por parte da indústria Farmacêutica, foi quando os remédios mais confiáveis 
começaram a surgir, com novos conceitos e novas técnicas. 
 
Rudolf Ludwing Karl Virchow (1821 - 1902) é considerado o pai da Patologia 
Moderna. Foi o primeiro a publicar um trabalho científico sobre leucemia. Em 
1858, estabeleceu o conceito de Teoria Celular, pelo qual todas as formas de 
lesão orgânica começam, com alterações moleculares ou estruturais das 
células. Em 1874, padronizou a técnica de necropsia, cuja base é utilizada até 
os dias atuais. Fundou as disciplinas de Patologia Celular e Patologia 
Comparativa. 
 
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O sucesso terapêutico do tratamento de doenças em humanos 
depende de bases farmacológicas que permitam a escolha do medicamento 
correto, de forma científica e racional. Mais do que escolher o fármaco 
adequado ("certo") pretendendo reverter, atenuar ou prevenir um determinado 
processo patológico; o clínico, ao prescrever, também, precisa selecionar o 
mais adequado às características fisiopatológicas (idade, sexo, peso corporal e 
raça do paciente). 
Como a intensidade dos efeitos, terapêuticos ou tóxicos, dos 
medicamentos depende da concentração alcançada em seu sítio de ação, é 
necessário garantir que o medicamento escolhido atinja, em concentrações 
adequadas, o órgão ou sistema suscetível ao efeito benéfico requerido. Para tal 
é necessário escolher doses que garantam a chegada e a manutenção das 
concentrações terapêuticas junto aos sítios moleculares de reconhecimento no 
organismo, também denominados sítios receptores. 
Se quantidades insuficientes estão presentes no sítio receptor, o 
medicamento pode parecer ser ineficaz mesmo sendo o "certo", falseando, 
assim, a eficácia do fármaco escolhido; em uma situação como esta, o fármaco 
pode ser descartado erroneamente, sendo que o sucesso terapêutico poderia 
ser alcançado se a dose e/ou o intervalo de administração (posologia) correta 
fossem prescritos. 
Do mesmo modo, esquemas posológicos inapropriados podem 
produzir concentrações excessivas no sítio receptor, o que acarretaria a 
produção de toxicidade e, mais uma vez, o medicamento "certo" pode 
erroneamente ser descartado, por apresentar excessivas concentrações no 
organismo. 
 
 
 
 
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Conceitos básicos em Farmacologia 
 
• Droga: qualquer substância química, exceto alimentos, capaz de 
produzir efeitos farmacológicos, ou seja, provocar alterações em um sistema 
biológico. 
• Fármaco: sinônimo de droga. 
• Forma Farmacêutica: forma de apresentação do medicamento: 
comprimido, drágea, pílula, xarope, colírio, entre outros. 
• Remédio: palavra usada pelo leigo como sinônimo de medicamento e 
especialidade farmacêutica. Remédio refere-se a qualquer procedimento que 
possa ser usado para tratamento de patologias. 
• Medicamento: droga ou preparação com drogas usadas 
terapeuticamente. 
• Nome químico: diz respeito à constituição da droga. 
• Farmacopeia: livro que oficializa as drogas/medicamentos de uso 
corrente e consagrada como eficazes. 
• Dose: é a quantidade a ser administrada de uma vez a fim de 
produzir efeitos terapêuticos. 
• Dose letal: leva o organismo a falência (morte) generalizada. 
• Dose máxima: é a maior quantidade de uma droga capaz de produzir 
efeitos terapêuticos. Dose mínima: é a menor quantidade de uma droga capaz 
de produzir efeitos terapêuticos. 
• Dose tóxica: é a maior quantidade de uma droga que causa efeitos 
adversos. 
• Posologia: é o estudo das doses. 
• Pró-droga: substância química que precisa transformar-se no 
organismo a fim de tornar-se uma droga ativa. 
• Latrogenia: problemas ou complicações resultantes de tratamentos 
clínicos ou cirúrgicos. 
 
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• Placebo: palavra derivada do latim que significa “vou agradar”. Em 
farmacologia significa uma substância inativa administrada para satisfazer a 
necessidade psicológica do paciente. 
 
A naturezadas drogas 
 
Uma droga pode ser definida como qualquer substância capaz de 
produzir uma alteração em determinada função biológica por suas ações 
químicas. Na maioria dos casos, a molécula da droga interage com uma 
molécula específica no sistema biológico, que desempenha um papel 
regulador, isto é, faz o papel de uma molécula receptora. 
 
 
 
 
Efeito benéfico  Efeito adverso 
FARMACOLOGIA  TOXICOLOGIA 
Fármaco Agente 
tóxico 
DROGA 
 
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Conceitos de Farmacologia 
 
A fim de tornar cada vez mais previsíveis os efeitos das drogas, os 
farmacologistas tentam quantificar todas as fases da interação droga-
organismo. Apesar da dificuldade inerente ao problema, pois talvez a variação 
biológica jamais possa ser totalmente enquadrada nos métodos matemáticos 
atuais, alguns resultados interessantes têm sido obtidos, determinando os 
efeitos benéficos e efeitos adversos das drogas. 
 
Relações entre Farmacocinética e Farmacodinâmica 
 
Em 1953, Dost propôs o termo farmacocinética para descrever o 
movimento da droga pelo organismo. Até essa época, mesmo depois, 
empregava-se a palavra farmacodinâmica para indicar não só o movimento da 
droga no organismo, mas também seu mecanismo de ação e seus efeitos 
terapêuticos e tóxicos. Atualmente, os campos da farmacocinética e 
farmacodinâmica estão mais bem definidos didaticamente. 
 
Farmacocinética 
 
É o caminho que a droga faz no organismo. Note que não é o estudo 
do seu mecanismo de ação, mas sim as etapas que a droga percorre desde a 
administração até a excreção, são elas: absorção, destribuição, 
biotransformação e excreção. Uma vez que a droga encontra-se no organismo, 
essas etapas ocorrem de forma simultânea sendo essa divisão apenas de 
caráter didático. 
 
Farmacodinâmica 
 
É a área da farmacolgia que estuda o efeito de uma determinada droga 
 
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(ou fármaco, ou medicamento) em seu tecido-alvo, ou simplesmente estuda 
como uma droga age no tecido-alvo. Entende-se tecido-alvo como o orgão ou 
sítio onde uma determinada droga tem efeito. 
 
 
 
Relações entre farmacocinética e farmacodinâmica 
 
Na interação droga-organismo, farmacocinética estuda a ação do 
organismo sobre a droga, e, na farmacodinâmica, observa-se a ação da droga 
sobre o organismo (Penildon, 2006). 
O estabelecimento de esquemas posológicos padrão e de seus ajustes 
na presença de situações fisiológicas (idade, sexo, peso, gestação), hábitos do 
paciente (tabagismo, ingestão de álcool) e algumas doenças (insuficiência 
renal e hepática) é orientado por informações provenientes de uma importante 
subdivisão da farmacologia, a FARMACOCINÉTICA. 
O termo CINÉTICA refere-se a um objeto em movimentação. 
 
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Farmacocinética é a disciplina que usa modelos matemáticos para descrever e 
prever a quantidade dos medicamentos e suas concentrações em vários fluidos 
do organismo e as mudanças nestas quantidades com o tempo. Para fins 
didáticos e conceituais, o comportamento das substâncias ativas, após 
administração, dentro do corpo humano é usualmente dividido, de uma maneira 
arbitrária, em processos de absorção, distribuição, biotransformação e 
excreção. Devemos ter clara a ocorrência simultânea destes processos no 
organismo vivo, apesar de que, muitas vezes, assumimos a independência de 
cada um destes processos em relação aos outros; as variações nas 
concentrações dos fármacos em alguns fluidos corporais são sempre o 
resultado da simultaneidade da ocorrência destes processos, o que ocasiona 
taxas que estão continuamente sendo alteradas. 
A farmacocinética é definida como o estudo quantitativo do 
desenvolvimento temporal dos processos de absorção, distribuição, 
biotransformação e excreção dos fármacos. Nestes estudos, os teores dos 
fármacos e seus metabólitos (produtos da biotransformação) no organismo são 
determinados, permitindo a obtenção de importantes dados sobre estas 
substâncias, tais como: 
 Condições para seu uso adequado, pela determinação da via de 
administração, posologia (doses e intervalo entre as doses) e variações 
correlatas em função de patologias como insuficiência renal, alterações 
hepáticas e outras. 
 Previsão de outros efeitos em potencial, como os colaterais, por 
exemplo, no caso de acúmulo do fármaco em determinado compartimento 
(organotropismo); ou ainda os oriundos de interações medicamentosas dos 
processos de absorção, distribuição, biotransformação e excreção. 
 Determinação dos principais sítios de biotransformação. 
 Determinação das vias de excreção. 
Assim, podemos afirmar que a compreensão e a aplicação cuidadosa 
dos princípios farmacocinéticos podem frequentemente auxiliar no 
estabelecimento e manutenção de quantidades terapêuticas e não tóxicas dos 
 
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medicamentos no organismo; isto por permitir uma escolha racional da dose, 
frequência e via de administração. Além disso, como referido, em muitos casos 
as características dos pacientes são reconhecidamente responsáveis por 
alterações do movimento do fármaco naquele organismo, ou seja, das 
propriedades farmacocinéticas desta substância em particular (Tabela 2). 
Ajustes apropriados na dose ou frequência de administração podem ser 
realizados, para compensar estas mudanças, evitando, assim, os problemas 
potenciais da ineficácia terapêutica ou toxicidade. Em uma ampla visão, a 
compreensão da farmacocinética pode favorecer as chances de segurança e 
eficácia da terapêutica medicamentosa. 
A farmacocinética estabelece estreita relação com duas outras 
importantes áreas do estudo farmacológico: a biofarmácia e a 
farmacodinâmica. O efeito ou resposta terapêutica é o resultado dos 
fenômenos que ocorrem após a administração de um medicamento e estes 
dependem, por sua vez, das características do fármaco, das características do 
indivíduo e, o mais importante, da interação entre estes dois fatores: fármaco e 
indivíduo. Didaticamente, podemos dividir o estudo da resposta terapêutica em 
três fases: 
1. Fase Farmacêutica. 
2. Fase farmacocinética. 
3. Fase farmacodinâmica. 
 
 
 
 
 
 
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Possíveis interferentes da farmacocinética 
 
A. Características do Paciente 
Idade 
Sexo 
Peso corporal total 
Tabagismo 
Consumo de álcool 
 
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Obesidade 
Outros medicamentos em uso 
 
B. Estados Patológicos 
Disfunção hepática (cirrose, hepatite) 
Insuficiência cardíaca 
Infecção 
Queimaduras severas 
Febre anemias 
As três fases da reposta terapêutica: 
 
1. Fase farmacêutica: estuda a liberação do fármaco a partir do 
produto farmacêutico. É constituída pelo conjunto de fenômenos 
compreendidos entre a administração do medicamento e a absorção 
propriamente dita, os quais determinam à intensidade e velocidade com que 
ocorre a entrada da substância ativa no organismo. Estes fenômenos 
compreendem basicamente a liberação e a dissolução do fármaco contido no 
produto farmacêutico. 
 Liberação: ao ser administrado, o fármaco encontra-se em uma 
forma farmacêutica (F.F.) a partir da qual deve ser liberado; dependendo da 
F.F. empregada (comprimido, cápsula, suspensão, xarope, supositório,etc.) e 
da via de administração utilizada, esta etapa pode ser mais ou menos 
complexa, rápida ou completa. A liberação ocorrerá sob influência do meio 
biológico de aplicação [ex: pH e peristaltismo do trato gastrintestinal (TGI) nas 
vias enterais (oral e retal)], principalmente para formas farmacêuticas sólidas, 
que necessitam desintegrar-se para, então, liberar a substância ativa. A 
 
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finalidade desta etapa é obter uma dispersão no estado sólido do fármaco, no 
meio aquoso de administração, o que permitirá o cumprimento da etapa 
posterior de dissolução. 
 Dissolução: esta etapa, por sua vez, compreende a formação de 
uma dispersão molecular na fase aquosa, ou seja, a dissolução progressiva do 
fármaco, essencial para sua posterior absorção, desde que seja requerida uma 
ação sistêmica e não local. A dissolução, muitas vezes, é a etapa determinante 
da velocidade do processo de absorção. 
A fase farmacêutica, importante etapa do estudo da resposta 
terapêutica, é um dos objetos de estudo da Biofarmácia, disciplina que vem 
despontando como um ramo importantíssimo da investigação de fármacos. 
Além de estudar esta fase de liberação e dissolução da substância 
ativa, a biofarmácia compreende também a avaliação das interações, entre o 
fármaco e o organismo (local de administração), que determinam sua 
biodisponibilidade. Este último termo define uma característica biofarmacêutica 
de um medicamento administrado a um organismo vivo intacto e que expressa, 
simultaneamente, a quantidade e velocidade na qual o princípio ativo (fármaco) 
alcança a circulação sanguínea geral, a partir de seu local de administração. 
Em virtude de sua extrema importância e, principalmente, tendo em 
vista a regulamentação de medicamentos genéricos em nosso país (Lei n0 
9787 de 10/02/99 e Resolução n0 391 de 09/08/99), a biodisponibilidade de 
fármacos será estudada em um tópico em separado, logo à frente nesta 
apostila. 
 
2. Fase Farmacocinética: como já foi dito, esta etapa corresponde ao 
estudo da evolução temporal do movimento do fármaco in vivo, que 
esquematicamente pode resumir-se nos processos de absorção, distribuição, 
biotransformação e excreção de fármacos. Esta fase consiste, portanto, na 
identificação e quantificação da passagem do fármaco pelo organismo. 
 
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3. Fase Farmacodinâmica: estuda a interação de um fármaco 
específico com seu receptor, ou seja, a ação do fármaco em seu sítio receptor 
com as alterações moleculares e celulares correspondentes (efeito 
farmacológico), o que culmina no aparecimento do efeito terapêutico requerido. 
O controle das concentrações plasmáticas constitui, na atualidade, uma 
prática habitual na terapia com diferentes classes de fármacos, visando ao 
estabelecimento de regimes de dosagem apropriados para determinados 
pacientes. Isto porque as concentrações de um fármaco no plasma 
correlacionam-se melhor com a resposta farmacológica que a dose 
administrada, uma vez que esta relação não é afetada pelas variações 
individuais dos processos farmacocinéticos de absorção, distribuição, 
biotransformação e excreção que, como sabemos, influi na resposta do 
paciente. 
 
Farmacologia Clínica 
 
A aplicação generalizada desta importante ferramenta na terapia clínica 
tem sido possível graças ao desenvolvimento de métodos analíticos que 
permitem o doseamento de substâncias ativas com precisão em diferentes 
líquidos biológicos e à possibilidade de expressar em termos quantitativos os 
processos que experimentam os fármacos após sua administração; isto permite 
a determinação de regimes de dosagem que se ajustam às necessidades dos 
pacientes. A utilidade clínica da farmacocinética reside fundamentalmente 
nestes aspectos, ou seja, a aplicação dos princípios farmacocinéticos no 
manejo, ajuste da terapêutica em diferentes pacientes, e isto é o que constitui a 
disciplina de Farmacocinética Clínica. 
O princípio básico da farmacocinética clínica é que a magnitude tanto 
da resposta desejada quanto da toxicidade são funções da concentração do 
 
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fármaco em seu sítio de ação. No entanto, sabemos que raramente podemos 
dosar diretamente a concentração do fármaco neste local; por isso, as 
concentrações são normalmente medidas em um sítio alternativo e mais 
acessível, o plasma. 
Desta forma, podemos dizer que a hipótese fundamental em 
farmacocinética clínica é a relação existente entre os efeitos farmacológicos ou 
tóxicos de um medicamento e a concentração dele neste sítio facilmente 
acessível do organismo. Esta hipótese tem sido documentada para inúmeros 
fármacos, embora para alguns não exista esta clara relação entre os efeitos 
farmacológicos e as concentrações sanguíneas. Na maioria dos casos a 
concentração na circulação geral estará relacionada com a concentração no 
sítio de ação. Os efeitos farmacológicos podem incluir efeitos tóxicos em 
adição aos efeitos clínicos desejados. O clínico precisa avaliar o potencial 
tóxico de uma determinada dose e a sua eficácia clínica para determinar a 
utilidade do agente em uma situação clínica específica. 
A farmacocinética exerce um papel importantíssimo na promoção da 
eficácia dos fármacos ao fornecer relações quantitativas entre a eficácia e a 
dose utilizada. Pelas avaliações das concentrações nos fluidos biológicos, 
conseguimos reduzir a toxicidade relacionada aos níveis sanguíneos 
aumentando a segurança da utilização dos medicamentos. O conhecimento da 
relação entre a eficácia e as concentrações dos medicamentos nos fluidos 
biológicos permite ao clínico levar em consideração as características 
fisiológicas ou patológicas de um paciente, o que o torna diferente dos 
indivíduos normais na resposta a uma determinada dose de um fármaco. 
A consciência dos benefícios da compreensão da farmacocinética e 
das relações entre concentração-resposta do fármaco tem levado, 
principalmente nesta última década, à aplicação destas informações pela 
indústria farmacêutica no planejamento, seleção e desenvolvimento de novos 
fármacos. A farmacocinética é ferramenta básica nas diferentes fases da 
investigação farmacológica de um novo fármaco: 
 
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 Fase pré-clínica, onde os estudos são realizados em animais. Esta 
fase permite a seleção não somente do composto terapeuticamente mais 
promissor, mas também a previsão de uma faixa de doses seguras para uma 
primeira aplicação em humanos. 
 Fase clínica, com estudos em humanos, compreende o estudo de 
Fase I, usualmente realizada em voluntários sadios, onde a farmacocinética, 
aliada à avaliação de alguns efeitos colaterais produzidos, ajuda a definir 
formas e regimes de dosagem para avaliação na Fase II. Nesta fase, os 
estudos são conduzidos em um pequeno número de pacientes e os trabalhos 
são dirigidos para a definição do regime de dosagem mais seguro e eficaz, o 
qual será usado na Fase III, de triagem clínica, que frequentemente envolve 
centenas de pacientes. Finalmente, o fármaco que demonstrar eficácia 
terapêutica e segurança será aprovado para uma determinada indicação 
clínica, por autoridades que regulamentam o uso de fármacos naquele país. 
 Vigilância pós-comercialização – Farmacovigilância, após a 
liberação para comercialização, o medicamento deve ser continuamente 
avaliado, visando além de um aprimoramento em seu perfil farmacoterapêutico, 
à garantia de eficáciae segurança para o paciente, no que se referem os 
efeitos tardios ou raros que estes possam induzir. 
 
Biodisponibilidade de drogas 
 
A Biodisponibilidade refere-se à fração de uma dose ingerida de uma 
substância que tem acesso à circulação sistêmica na forma quimicamente 
inalterada. A Biodisponibilidade é calculada comparando os níveis plasmáticos 
da droga, após ser usada uma determinada via de administração (VO, IM, SC), 
com os níveis dessa droga atingidos no plasma após injeção IV, na qual a 
totalidade do agente entra na circulação. 
 
Fatores que interferem na biodisponibilidade da droga: 
 Efeito de primeira passagem; 
 
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 Solubilidade da droga; 
 Instabilidade química; 
 Fórmula farmacêutica; 
 Características individuais do paciente. 
 
O tema biodisponibilidade de fármacos merece destaque, tendo em 
vista que, segundo a Lei n0 9.787 de 10/02/99 e a Resolução n0 391 de 
09/08/99 (publicada no Diário Oficial da União (DOU) de 10/08/99 e que 
regulamenta a referida lei), a implantação do uso de medicamentos genéricos 
em nosso país é "prioridade política de medicamentos do Ministério da Saúde" 
e, tendo também em conta, a necessidade de assegurar a qualidade, eficácia e 
segurança destes medicamentos, garantindo sua intercambialidade com o 
medicamento referência. 
A biofarmácia, como já exposto, é uma disciplina voltada à 
determinação da variabilidade da ação farmacológica como consequência dos 
aspectos ligados à formulação e processo tecnológico dos medicamentos; ela 
não se ocupa da atividade do fármaco em si, mas do modo com que ele é 
introduzido no organismo. Seu objetivo final é escolher as condições de 
administração em função da disponibilidade fisiológica da substância ativa, 
uma vez que, sua atividade farmacológica depende principalmente da 
quantidade do fármaco disponível para absorção e para atingir seu sítio 
receptor. 
Em suma, a principal função da biofarmácia é a determinação, 
interpretação e modulação da disponibilidade biológica (biodisponibilidade) dos 
medicamentos, objetivando a melhor forma farmacêutica para efeito terapêutico 
máximo. 
A biodisponibilidade é uma característica do medicamento administrado 
a um sistema biológico intacto e indica, simultaneamente, segundo que cinética 
e que proporção um fármaco alcança a circulação geral a partir da dose contida 
no medicamento administrado. A partir deste conceito, podemos observar que 
 
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a biodisponibilidade compreende dois aspectos distintos e importantíssimos: 
velocidade e intensidade. O estudo da biodisponibilidade, portanto, consiste em 
uma avaliação das características quantitativas e cinéticas de um medicamento 
administrado a um organismo concreto, excluindo a utilização de estudos in 
vitro. 
A noção de disponibilidade da substância ativa a partir de um 
medicamento nasceu da observação de não-equivalência terapêutica entre 
formulações contendo o mesmo fármaco, em um mesmo teor e forma 
farmacêutica, até então consideradas substituíveis. Vários incidentes 
(ineficácia) ou acidentes (toxicidade) foram a origem desta observação. 
Em 1968-69, apareceram vários comunicados a respeito de uma 
epidemia de intoxicação por anticonvulsivantes em epilépticos australianos. O 
surto foi investigado em Brisbane, onde todos os pacientes afetados estavam 
tomando medicamentos à base de fenitoína, a redução da dose aboliu os 
sintomas. Observou-se que o excipiente nas cápsulas de fenitoína implicadas 
havia sido mudado de sulfato de cálcio para lactose alguns meses antes do 
surto, e que tal mudança podia resultar em uma biodisponibilidade alterada do 
fármaco e, consequentemente, em toxicidade. 
Em 1971, pesquisadores finlandeses mostraram que os níveis 
sanguíneos de digoxina, resultantes da administração contínua de dois 
preparados comerciais eram pronunciadamente diferentes, com as 
disparidades sendo suficiente para intoxicar alguns pacientes, supostamente 
recebendo uma quantidade da preparação com maior biodisponibilidade, 
equivalente a uma dose anteriormente demonstrada como suficiente para a 
manutenção. 
Aproximadamente na mesma época, uma mudança aparentemente 
pequena no processo de fabricação do Lanoxin® (preparação de digoxina feita 
na Inglaterra pela Wellcome) resultou em perda de potência consequente à 
baixa biodisponibilidade. Essas alterações chamaram a atenção para a não 
equivalência dos comprimidos de digoxina disponíveis no Reino Unido e 
 
   Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste 
Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos 20
alertaram os médicos para a toxicidade potencial do tratamento com diferentes 
formulações de digoxina. Sabe-se hoje que as marcas de digoxina variam 
pronunciadamente entre si e, até mesmo, de um lote para outro, quando da 
mesma fabricação. 
 
 
Com os exemplos supracitados, percebemos que a origem dos estudos 
de biodisponibilidade deu-se a partir de relatos de problemas de ineficácia ou 
toxicidade com o uso de determinados medicamentos que, até então, eram 
tidos como substituíveis. Desde então, estudos no sentido de garantir ao 
paciente eficácia terapêutica vêm sendo amplamente realizados mundialmente. 
Em nosso país, nos últimos dois anos, trabalhos têm sido efetivamente 
realizados pelo Governo Federal neste sentido, por meio de seus órgãos 
competentes como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA); bem 
como no sentido de garantir ao paciente um menor custo do medicamento. 
Alguns conceitos básicos, importantes para compreensão dos estudos 
de biodisponibilidade, são frequentemente confundidos ou trocados e, por isso, 
devem aqui ser esclarecidos; segundo a Resolução n0 391 de 09/08/99: 
 
 
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Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos 21
 Equivalentes farmacêuticos - São medicamentos que contêm a 
mesma substância ativa, na mesma quantidade e forma farmacêutica. Devem 
cumprir com as mesmas especificações atualizadas da Farmacopeia Brasileira 
e, na ausência destas, com a de outros códigos autorizados pela legislação. 
 
 Alternativas farmacêuticas - São medicamentos que contêm a 
mesma substância ativa ou seu precursor, mas não necessariamente na 
mesma quantidade ou forma farmacêutica. Devem cumprir com as mesmas 
especificações atualizadas da Farmacopeia Brasileira e, na ausência destas, 
com a de outros códigos autorizados pela legislação. Ex. fenacetina e 
paracetamol. 
 
 Medicamentos bioequivalentes - Medicamentos equivalentes 
farmacêuticos ou alternativos farmacêuticos, que ao serem administrados na 
mesma dose molar e condições experimentais, não demonstram diferenças 
estatisticamente significativas em relação à biodisponibilidade. 
 
 Medicamento similar - Aquele que contém o mesmo ou os mesmos 
princípios ativos apresenta a mesma concentração, forma farmacêutica, via de 
administração, posologia e indicação terapêutica, preventiva ou diagnóstica do 
medicamento de referência registrado no órgão federal responsável pela 
vigilância sanitária, podendo diferir somente em características relativas ao 
tamanho e forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, 
excipientes ou veículos, devendo sempre ser identificado por nome comercial 
ou marca. 
 
 Medicamento inovador - Medicamento apresentando em sua 
composição ao menos um fármaco ativo que tenha sido objeto de patente, 
mesmo já extinta, por parte da empresa responsável pelo seu desenvolvimento 
e introdução no mercado no país de origem e disponível no mercado nacional.Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste 
Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos 22
 
 Medicamento de referência - Medicamento inovador registrado no 
órgão federal responsável pela vigilância sanitária e comercializado no País, 
cuja eficácia, segurança e qualidade foram comprovados cientificamente junto 
ao órgão federal competente, por ocasião do registro. 
 
 Medicamento genérico - Medicamento similar a um produto de 
referência ou inovador, que pretende ser com este intercambiável, geralmente 
produzido após a expiração ou renúncia da proteção de patentes ou de outros 
direitos de exclusividade, comprovada a sua eficácia, segurança e qualidade e 
designado pela Denominação Comum Brasileira (DCB) – denominação do 
fármaco aprovada pelo órgão federal responsável pela vigilância sanitária – ou, 
na sua ausência, pela Denominação Comum Internacional (DCI) – 
denominação do fármaco recomendada pela Organização Mundial de Saúde. 
 
Existe hoje, prova indubitável de que a biodisponibilidade de diferentes 
produtos farmacêuticos varia de maneira significativa e a lista de 
medicamentos para as quais isso vem sendo demonstrado aumenta a cada 
ano. É importante distinguir entre bioinequivalência, uma diferença 
estatisticamente significativa na biodisponibilidade, e inequivalência 
terapêutica, uma diferença clinicamente significativa na biodisponibilidade. A 
frequência com que ocorre a bioinequivalência, apesar de não conhecida, 
provavelmente é muito comum. A inequivalência terapêutica, por sua vez, é 
nitidamente menos comum e o grau de diferença na biodisponibilidade, que 
precisa existir para que se manifestem consequências terapêuticas, irá variar 
com o fármaco. Grandes diferenças de biodisponibilidade serão sempre 
significativas. Diferenças pequenas provavelmente terão consequências para o 
fármaco com uma curva de dose e resposta íngreme ou um índice terapêutico 
pequeno. 
Problemas de bioinequivalências têm sido observados entre vários 
 
   Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste 
Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos 23
produtos, o que justifica a importância dos estudos comparativos de diferentes 
preparações quanto à biodisponibilidade, denominados estudos de 
bioequivalência, no intuito de garantir ao paciente equivalência terapêutica 
entre os diferentes medicamentos comercializados principalmente, em terapias 
de risco, onde as substituições entre formulações podem resultar em falhas 
graves. 
 
Em geral, os estudos de biodisponibilidade atendem a diferentes 
objetivos: 
 
1. Realizar estudos de bioequivalência 
2. Avaliar medicamentos que contêm novas substâncias ativas em 
terapêutica 
3. Avaliar novas formulações contendo substâncias ativas já 
conhecidas 
4. Determinar as alterações no perfil de absorção causadas por 
formas farmacêuticas de liberação controlada, em relação às 
formulações normais. 
5. Avaliar medicamentos com vários fármacos 
6. Avaliar mudanças na formulação 
7. Orientar mudanças de posologia /esquema terapêutico 
 
Avaliação de biodisponibilidade e bioequivalência 
 
Os estudos de biodisponibilidade e bioequivalência devem ser 
realizados em humanos, voluntários, adultos, sadios e em condições 
padronizadas. O emprego de pacientes poderia acarretar variações na 
biodisponibilidade e eliminação em função das doenças, bem como risco de 
 
   Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste 
Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos 24
interações medicamentosas, nos casos de administrações concomitantes. Em 
geral, doses únicas dos produtos são analisadas, com o objetivo de avaliar o 
desempenho das mesmas nas condições padronizadas; raramente a 
biodisponibilidade é avaliada em esquemas de doses múltiplas. 
Os sujeitos devem ser selecionados com base em exame médico 
satisfatório, tendo funções hepáticas e renais normais. A idade deve ser 
mantida na faixa de 18 a 50 anos, reduzindo, assim, respostas anômalas 
idade-dependente. Mesmo assim, variações intra e intersujeitos comumente 
ocorrem. 
O número de voluntários para os estudos de biodisponibilidade, 
segundo a Resolução n0 391 de 09/08/99 é de no mínimo 12 do sexo 
masculino (exceto para os casos em que o medicamento seja indicado apenas 
para mulheres); já para os estudos de bioequivalência o número mínimo de 
voluntários sadios previsto é de 24, não sendo feita exigência de sexo, porém, 
quando ambos são usados, o número de homens e mulheres deve ser igual. 
Em qualquer dos casos, os voluntários devem dar seu consentimento à 
realização do trabalho, após terem sido conscientizados ou informados das 
reais condições do mesmo. 
O peso dos voluntários deverá estar em um limite de ± 10% do peso 
considerado normal para homens e mulheres, levando-se em consideração a 
altura e a estrutura física. Não fumantes são preferidos e a ingestão de álcool 
deve ser proibida. 
A padronização das atividades dos voluntários durante o período de 
realização dos experimentos também é de crucial importância. Jejum de 10 a 
12 horas deve ser feito antes da administração do produto e as refeições, após 
a administração e durante o período de coleta das amostras, devem ser 
padronizadas. Outros fármacos não devem ser administrados paralelamente e, 
preferencialmente, o voluntário não deve ter tomado outra medicação no 
período de uma semana antes da realização do experimento, evitando, assim, 
alguma interação do tipo indução enzimática, competição por proteínas 
 
   Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste 
Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos 25
plasmáticas, entre outras. 
O plano experimental inclui, necessariamente, o desenho do 
experimento, que deve identificar e isolar as fontes de variação dos dados em 
estudo que podem ser: variações entre sujeitos e intrassujeitos, em diferentes 
períodos do trabalho; efeito dos períodos de administração, causado pela ação 
residual dos tratamentos; variabilidade do tratamento ou do próprio produto por 
diferentes doses ou formulações; erro residual ou experimental, que inclui 
qualquer fonte de variação que não tenha sido identificada, tal como erro no 
método de análise. 
O estudo de bioequivalência é do tipo aberto, aleatório, cruzado, onde 
os voluntários recebem os medicamentos teste e referência em ocasiões 
separadas (períodos); o número de períodos e de sequências do estudo será 
determinado em função do número de medicamentos em análise, de forma a 
assegurar a validade estatística. O intervalo entre os períodos deve ser de, no 
mínimo, cinco meias-vidas de eliminação do fármaco ou seu metabólito, 
quando o mesmo for ativo. O desenho experimental mais comumente utilizado 
e citado como apropriado para avaliação de bioequivalência entre formulações 
é o tipo "cross-over". Delineamentos, onde todos os sujeitos recebem cada 
produto, denomina-se "cross-over" completo, sendo seu objetivo o de que cada 
indivíduo funcione como seu próprio controle, com base no fato de que a 
variação intrassujeitos é bem menor que a intersujeitos. 
Em estudos de biodisponibilidade, após o planejamento e delineamento 
do experimento, os indivíduos recebem as formulações em horário e condições 
pré-determinadas e é submetido a coletas de sangue, fluido biológico 
normalmente utilizado para quantificação das concentrações das substâncias 
ativas em questão. 
O cronograma de coleta das amostras deverá contemplar um tempo 
igual ou superior a 3-5 vezes a meia-vida de eliminação do fármaco ou do 
metabólito quando o mesmo for ativo. Em estudos de doses simples, um 
número suficiente de amostras deve ser coletado para descrever, 
 
   Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste 
Programa. Os créditos deste conteúdosão dados aos seus respectivos 26
adequadamente, as fases críticas da curva de concentração versus tempo: 
absorção, permitindo, assim, comparação qualitativa da velocidade da 
disponibilidade; tempo em que ocorre o pico de concentração máxima; declínio 
da concentração na fase de eliminação. Para evitar problemas de interação 
entre as próprias formulações testadas, em geral, intervalos de uma semana 
são respeitados entre uma administração e outra. 
O projeto de pesquisa, o protocolo experimental e o termo de 
consentimento dos voluntários devem ser submetidos a um Comitê de Ética em 
Pesquisa (CEP) credenciada no Comitê Nacional de Ética em Pesquisa 
(CONEP) do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde (MS). 
O sangue, plasma ou soro, como já mencionado, é o fluido biológico de 
escolha para quantificação do fármaco ou metabólito ativo nos estudos de 
biodisponibilidade e bioequivalência. Dados urinários também podem ser 
utilizados, no entanto, os métodos de avaliação, por dados de excreção 
urinária, estão sujeitos à maior variação e erro em relação aos que empregam 
técnicas de análise no sangue; devem ser utilizados para estudos de fármacos 
extensamente eliminados pela urina na forma não metabolizada e o período 
aconselhado de coleta de amostras é de, pelo menos, sete meias-vidas 
biológicas do fármaco. 
Assim, o melhor caminho para avaliar a biodisponibilidade de um 
fármaco é a medida de seus níveis sanguíneos. Nestes estudos, sempre que 
possível faz-se referência aos níveis plasmáticos resultantes da administração 
intravenosa do fármaco, já que esta via apresenta biodisponibilidade de 100%. 
Caso a administração não seja possível, a preparação referencial pode ser 
uma solução administrada por via oral ou outra preparação do fármaco de 
comprovada eficiência. 
Uma vez obtidos os dados dos teores do fármaco na circulação, curvas 
de concentração sanguínea versus tempo são traçadas e parâmetros 
farmacocinéticos extraídos das mesmas para determinação da 
biodisponibilidade e/ou bioequivalência. Três parâmetros que descrevem a 
 
   Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste 
Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos 27
curva de nível sanguíneo são considerados importantes nestes estudos. 
 
 Concentração plasmática máxima (Cmáx) 
Este parâmetro representa a maior concentração sanguínea alcançada 
pelo fármaco após administração oral, sendo, por isso, diretamente 
proporcional à absorção. Desta forma, depende diretamente da extensão e 
velocidade de absorção, porém, também da velocidade de eliminação, uma vez 
que esta se inicia assim que o fármaco é introduzido no organismo. Esta 
medida não deve ser avaliada por si só, pois pode conduzir a conclusões 
errôneas. Para efeito terapêutico ótimo e seguro, este parâmetro deve estar 
posicionado, na curva de concentração sanguínea versus tempo, entre a 
concentração mínima efetiva (CME) e a concentração máxima tolerada (CMT). 
 
 Tempo para alcançar a concentração máxima no plasma (Tmáx) 
Este parâmetro tem íntima relação com a velocidade de absorção do 
fármaco e pode ser usado como simples medida desta. É alcançado quando a 
velocidade de entrada do fármaco na circulação excede as velocidades de 
eliminação e distribuição; a absorção não pode, portanto, ser considerada 
completa neste estágio. 
 
 Área sob a curva de concentração plasmática versus tempo 
(ASC) 
Representa a quantidade total de fármaco absorvido. Para fármacos 
administrados cronicamente, é um parâmetro mais crítico que a velocidade de 
absorção. É considerado o mais importante parâmetro na avaliação da 
biodisponibilidade, sendo expresso em quantidade/volume versus tempo 
(mg/mL versus h) e pode ser considerado representativo da quantidade total de 
fármaco absorvido após administração de uma só dose desta substância ativa. 
ASC é proporcional à quantidade de fármaco que entra na circulação sistêmica 
 
   Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste 
Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos 28
e independe da velocidade. Matematicamente, é obtida por cálculo pelo 
método da regra trapezoidal. 
Duas formulações são consideradas bioequivalentes quando liberam 
a substância ativa e esta alcança a circulação geral com a mesma extensão e 
velocidade relativa, ou seja, os perfis de níveis sanguíneos do fármaco, obtidos 
destas formulações, são "superponíveis" dentro de limites razoáveis; 
normalmente 20% é o valor de diferença aceito na comparação dos três 
parâmetros farmacocinéticos. A Resolução n0 391, de 09/08/99, determina que 
além dos três parâmetros acima descritos também devem ser determinados a 
depuração, o volume aparente de distribuição e a meia-vida de eliminação. 
Na avaliação de biodisponibilidade de um fármaco, também o 
parâmetro biodisponibilidade absoluta deverá ser determinado, o qual 
corresponde à fração da dose administrada do fármaco efetivamente 
absorvido. É calculada pela relação entre a Área Sob a Curva (ASC) obtida 
após a administração do medicamento teste, por via extravascular e a ASC 
obtida após administração do medicamento de referência, por via intravenosa. 
Caso a administração intravenosa não seja possível, pode-se empregar uma 
solução contendo o fármaco administrado por via oral. 
 
Relativa à mesma dose e via de administração 
 
Como já referido, a biodisponibilidade é consequência precípua da 
formulação farmacêutica utilizada e, consequentemente, da fase farmacêutica 
do estudo da resposta terapêutica. No entanto, além dela, diferentes 
circunstâncias como patologias, a presença de alimentos para fármacos 
administrados por via oral ou outros medicamentos administrados 
concomitantemente, são fatores que podem interferir diretamente na absorção 
de fármacos (como anteriormente descrito) e, consequentemente, em sua 
 
   Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste 
Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos 29
biodisponibilidade. 
Didaticamente podem-se classificar os fatores que influem na 
biodisponibilidade de medicamentos em: farmacêuticos, fisiopatológicos e 
genéticos. 
Os fatores farmacêuticos, objeto de estudo da biofarmácia, estão 
particularmente relacionados com as formas farmacêuticas de administração, 
dentre os quais merecem destaque as características das matérias-primas 
(ativas ou não), as formulações e os processos tecnológicos. 
Os fatores fisiológicos estão relacionados com o peso corpóreo, 
idade, velocidade de esvaziamento gástrico, velocidade de fluxo sanguíneo, 
estado de nutrição, gravidez e outros; muitos deles discutidos no tópico sobre 
absorção de fármacos. Alterações biológicas derivadas de estados 
patológicos podem também interferir de forma significativa na 
biodisponibilidade de medicamentos, muito particularmente daqueles 
relacionados com doenças cardíacas e hepáticas. 
Já os fatores genéticos, estão relacionados com diferenças 
bioquímicas características de grupos étnicos, que se distinguem de estados 
patológicos, as quais, no entanto, podem promover significativas alterações na 
biodisponibilidade de medicamentos. 
 
Noções Gerais de Toxicologia 
 
 
   Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste 
Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos 30
1. Toxicologia 
 
A toxicologia se ocupa da natureza e dos mecanismos das lesões 
tóxicas e da avaliação quantitativa do espectro das alterações biológicas 
produzidas pela exposição aos agentes químicos. 
É a ciência que tem como objeto de estudo o efeito adverso de 
substâncias químicas sobre os organismos vivos, com a finalidade principal de 
prevenir o aparecimento deste efeito, ou seja, estabelecer o uso seguro destas 
substâncias químicas. 
A toxicologia se apoia, então, em três elementos básicos:1) O Agente Químico (AQ) capaz de produzir um efeito; 
2) O Sistema Biológico (SB) com o qual o AQ irá interagir para 
produzir o efeito; 
3) O efeito resultante que deverá ser adverso (ou tóxico) para o SB. 
 
2. Áreas da Toxicologia 
 
A toxicologia é uma ciência multidisciplinar, que abrange uma vasta 
área de conhecimento, relacionando-se estritamente com diversas outras 
ciências, pois sem os conhecimentos inter-relacionados, dificilmente poderá 
atingir seus objetivos: prevenir, diagnosticar e tratar. 
A toxicologia é desenvolvida por especialistas com diferentes 
formações profissionais, oferecendo cada um, contribuições específicas em 
uma ou mais áreas de atividade permitindo assim, o aperfeiçoamento dos 
conhecimentos e o desenvolvimento das áreas de atuação. 
No âmbito da toxicologia, distinguem-se várias áreas, de acordo com a 
natureza do agente ou a maneira como este alcança o organismo. Destacam-
 
   Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste 
Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos 31
se entre outras: 
a) Toxicologia ambiental: que estuda os efeitos nocivos produzidos 
pela interação dos contaminantes químicos ambientais com os organismos 
humanos. 
b) Toxicologia ocupacional: que estuda os efeitos nocivos produzidos 
pela interação dos contaminantes do ambiente de trabalho, com o indivíduo 
exposto e o impacto sobre sua saúde. 
c) Toxicologia de alimentos: que estuda os efeitos adversos 
produzidos por agentes químicos presentes nos alimentos sejam estes 
contaminantes ou de origem natural. É a área da toxicologia que estabelece as 
condições nas quais os alimentos podem ser ingeridos sem causar danos à 
saúde. 
d) Toxicologia de medicamentos: que estuda os efeitos nocivos 
produzidos pela interação dos medicamentos com o organismo, decorrentes do 
uso inadequado ou da suscetibilidade individual. 
e) Toxicologia social: estuda os efeitos nocivos dos agentes químicos 
usados pelo homem em sua vida de sociedade, seja sob o aspecto individual, 
social (de relação) ou legal. 
 
 
 
   Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste 
Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos 32
 
3. Agente Tóxico (AT) 
É qualquer substância química que interagindo com o 
organismo é capaz de produzir um efeito tóxico, seja este uma 
alteração funcional ou morte. A maioria das substâncias químicas, 
consideradas como agentes tóxicos são substâncias exógenas conhecidas 
como xenobióticos. 
 
3.1. Classificação dos agentes tóxicos 
Os AT podem ser classificados de diversas maneiras dependendo dos 
critérios utilizados. A seguir, são apresentadas classificações quanto às 
características físicas e químicas, e quanto ao tipo de ação tóxica. 
 
3.1.1. Quanto às características físicas: 
 Gases: são fluidos sem forma, que permanecem no estado gasoso 
em condições normais de pressão e temperatura. 
Ex.: CO, NO e NO2, O3, etc. 
 Vapores: são as formas gasosas de substâncias normalmente 
sólidas ou líquidas nas condições ambientais. 
Ex: vapores resultantes da volatilização de solventes orgânicos como 
benzeno, tolueno, xileno, etc. 
 Partículas ou aerodispersoides: partículas de tamanho microscópico, 
em estado sólido ou líquido. 
Ex: poeiras e fumos; neblinas e névoas. 
 
 
   Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste 
Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos 33
3.1.2. Quanto às características químicas: 
Esta classificação se baseia na estrutura química das substâncias que 
mais se destacam quanto ao interesse toxicológicos 
Ex: Halogêneos; Produtos alcalinos; Hidrocarbonetos alifáticos; 
Hidrocarbonetos aromáticos; Metais; outros. 
 
3.1.3. Quanto ao tipo de ação tóxica (onde atuam ou órgão): 
Nefrotóxico; Neurotóxico; Hepatotóxico; e outros. 
 
4. Toxicidade 
 
É a capacidade, inerente a um agente químico, de produzir danos aos 
organismos vivos, em condições padronizadas de uso. Uma substância muito 
tóxica causará dano a um organismo se for administrada em quantidades muito 
pequenas, enquanto que uma substância de baixa toxicidade somente 
produzirá efeito quando a quantidade administrada for muito grande. 
O conhecimento da toxicidade das substâncias químicas se obtém por 
meio de experimentos em laboratório utilizando animais. Os métodos são 
empregados com todo rigor científico com a finalidade de fornecer informações 
relativas aos efeitos tóxicos e principalmente para avaliar riscos que podem ser 
extrapolados ao homem. 
Os agentes químicos podem ser classificados em seis classes de 
toxicidade, de acordo com os valores de DL50 (Tabela I). Esta classificação é 
utilizada para consultas rápidas, qualitativas, com finalidade de obter 
informações relativas à toxicidade intrínseca das substâncias. 
A falha desta classificação está no fato de ela se basear apenas na 
 
   Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste 
Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos 34
toxicidade intrínseca da substância que é um parâmetro extremamente 
variável, sendo influenciado por uma série de fatores, relacionados 
principalmente ao agente químico, organismo e à exposição. 
Em situações práticas não se deve conhecer somente a toxicidade das 
substâncias, representadas geralmente pela DL50, pois tão importante como 
conhecer a toxicidade dos agentes químicos, é conhecer e saber avaliar o risco 
tóxico de uma substância química. 
 
Tabela I: Classificação Quanto ao Grau de Toxicidade 
 
Categoria de Toxicidade DL50 – Rata (via Oral) 
 
Extremamente tóxico 
Altamente tóxico 
Moderadamente tóxico 
Ligeiramente tóxico 
Praticamente não tóxico 
Relativamente atóxico 
 
< 1mg/kg 
1-50 mg/kg 
50-500 mg/kg 
0,5-5 g/kg 
5-15 g/kg 
> 15 g/kg 
 
 
 
 
 
 
   Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste 
Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos 35
4.1. Fatores que influem na toxicidade 
 
4.1.1. Fatores ligados ao agente químico 
 Propriedade físico-química (solubilidade, grau de ionização, 
coeficiente de partição óleo/água, pka, tamanho molecular, estado 
físico, etc.); 
 Impurezas e contaminantes; 
 Fatores envolvidos na formulação (veículo, adjuvantes). 
 
4.1.2. Fatores relacionados com o organismo 
 Espécie, linhagem, fatores genéticos; 
 Fatores imunológicos, estado nutricional, dieta; 
 Sexo, estado hormonal, idade, peso corpóreo; 
 Estado emocional, estado patológico. 
 
4.1.3. Fatores relacionados com a exposição 
 Via de introdução; 
 Dose ou concentração; 
 Frequência. 
4.1.4. Fatores relacionados com o ambiente 
 Temperatura, pressão; 
 Radiações; 
 Outros (luz, umidade, etc.). 
 
5. Risco e segurança 
 
 
   Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste 
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O risco associado a uma substância química se define como a 
probabilidade de uma substância produzir um efeito adverso, um dano, sob 
condições específicas de uso. 
Nem sempre a substância de maior toxicidade é a de maior risco, ou 
seja, de maior “perigo” para o homem. Dependendo das condições de uso, 
uma substância classificada como muito tóxica (elevada toxicidade intrínseca) 
pode ser menos “perigosa” do que uma pouco tóxica. Existindo um risco 
associado ao uso de uma substância química, há a necessidade de 
estabelecer condições de segurança. Portanto, define-se como segurança, a 
certeza prática de que não resultarão efeitos adversos para um indivíduo 
exposto a uma determinada substância em quantidade e forma recomendada 
de uso. Ou seja, quando se fala em risco e segurança, significa a possibilidade 
ou não da ocorrência de uma situação adversa. 
Um problema sério, no entanto, é estabelecer oque é um risco 
aceitável no uso de substância química. Esta decisão é bastante complexa e 
envolve o binômio risco-benefício, ou seja, altos riscos podem ser aceitáveis no 
uso das chamadas life saving drugs, ou seja, os fármacos essenciais à vida e 
não serem aceitáveis no uso de aditivos de alimentos, por exemplo. 
Na utilização das substâncias químicas para diversos fins, alguns 
fatores devem ser considerados na determinação de um risco aceitável: 
 Necessidade do uso da substância; 
 Disponibilidade e a adequação de outras substâncias alternativas 
para o uso correspondente; 
 Efeitos sobre a qualidade do ambiente e conservação dos recursos 
naturais; 
 Considerações sobre o trabalho (no caso de ser usada no nível 
ocupacional); 
 Avaliação antecipada de seu uso público (ou seja, o que ela poderá 
causar sobre a população em geral, onde existe, por exemplo: 
crianças, velhos, doentes, etc.); 
 
   Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste 
Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos 37
 Considerações econômicas. 
 
6. Intoxicação 
 
É um conjunto de efeitos nocivos representado pelos sinais e sintomas 
que revelam o desequilíbrio orgânico produzido pela interação do agente 
químico com o sistema biológico. Corresponde ao estado patológico provocado 
pelo agente tóxico, em decorrência de sua interação com o organismo. 
Logicamente, o efeito tóxico só será produzido, se a interação com o 
receptor biológico apropriado ocorrer em dose e tempo suficientes para quebrar 
a homeostasia do organismo. Existe, então, na maioria das vezes, uma série 
de processos envolvidos, desde o contato do agente tóxico com o organismo, 
até o sintoma clínico que revela esta interação. Isto permite dividir a intoxicação 
em quatro fases distintas, a saber: 
 
Fase de Exposição: corresponde ao contato do agente tóxico com o 
organismo. Representa a disponibilidade química das substâncias químicas e 
passíveis de serem introduzidas no organismo. 
 
Fase Toxicocinética: consiste no movimento do AT dentro do 
organismo. É formada pelos processos de absorção, distribuição, 
armazenamento e eliminação (biotransformação e excreção). Todos esses 
processos envolvem reações mútuas entre o agente tóxico e o organismo, 
conduzindo à disponibilidade biológica. 
 
Fase Toxicodinâmica: corresponde à ação do AT no organismo. 
Atingindo o alvo, o agente químico ou seu produto de biotransformação 
 
   Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste 
Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos 38
interage biologicamente causando alterações morfológicas e funcionais, 
produzindo danos. 
 
Fase Clínica: corresponde à manifestação clínica dos efeitos 
resultantes da ação tóxica. É o aparecimento de sinais e sintomas que 
caracterizam o efeito tóxico e evidenciam a presença do fenômeno da 
intoxicação. 
 
7. Distinção entre efeitos adversos e não adversos 
 
O efeito adverso ou “anormal” com frequência é definido em relação à 
medição que está fora da amplitude “normal”. A amplitude “normal”, por sua 
vez, se define com base nos valores médios que se têm observado em um 
grupo de indivíduos presumivelmente sãos. No entanto, é praticamente 
impossível, em uma população geral, definir valores “normais”, onde se inclui 
grupos que pode ser especialmente sensíveis aos fatores ambientais, em 
especial as pessoas muito jovens e muito idosas, as afetadas por alguma 
enfermidade e as expostas a outros agentes tóxicos e tensões. 
Por isso, têm-se procurado formular critérios para determinar efeitos 
adversos baseados em considerações biológicas e não somente em diferenças 
estatisticamente significativas em relação a uma população controle. 
Sendo assim, o efeito não adverso é aquele que não reduz a 
capacidade funcional nem a capacidade para compensar tensões adicionais. 
São reversíveis logo após cessar a exposição, sem diminuição detectável da 
capacidade do organismo para manter a homeostase, e não realçam a 
suscetibilidade aos efeitos de outras influências ambientais. 
Por outro lado, se pode deduzir que os efeitos adversos são alterações 
 
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biológicas que: 
 Ocorrem com uma exposição intermitente ou continuada e que dão 
lugar à diminuição da capacidade funcional (determinada por parâmetros 
anatômicos, fisiológicos e bioquímicos ou de comportamento) ou a uma 
diminuição da capacidade para compensar tensões adicionais. 
 É reversível durante a exposição ou logo que cessada esta, quando 
tais alterações causam diminuições detectáveis da capacidade do organismo 
para manter a homeostase. 
 Realçam a suscetibilidade do organismo aos fatores nocivos de 
outras influências ambientais. 
 
8. Efeitos Tóxicos 
 
São os efeitos adversos causados por substâncias químicas. Assim, 
todo o efeito tóxico é indesejável e nocivo, mas nem todos os efeitos 
indesejáveis são tóxicos. 
 
8.1. Classificação dos efeitos tóxicos 
 
8.1.1. Efeito idiossincrático 
As reações idiossincráticas correspondem às respostas 
quantitativamente anormais a certos agentes tóxicos, provocados por 
alterações genéticas. O indivíduo pode ter uma resposta adversa com doses 
baixas (não-tóxicas) ou então ter uma resposta extremamente intensa com 
doses mais elevadas. Exemplo: sensibilidade anormal aos nitritos e outros 
agentes formadores de metahemoglobina, em virtude da deficiência, de origem 
genética, na NADH-metahemoglobina redutase. 
 
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8.1.2. Efeito alérgico 
 
Reações alérgicas ou alergia química são reações adversas que 
ocorrem somente após uma prévia sensibilização do organismo ao AT, ou a um 
produto quimicamente semelhante. 
Na primeira exposição, a substância age como um hapteno, 
promovendo a formação dos anticorpos, que em duas ou três semanas estão 
em concentrações suficientes para produzir reações alérgicas em exposições 
subsequentes. 
Alguns autores não concordam que as alergias químicas sejam efeitos 
tóxicos, já que elas não obedecem ou apresentam uma relação dose-resposta 
(elas não são doses dependentes). Entretanto, como a alergia química é um 
efeito indesejável e adverso ao organismo, pode ser reconhecido como efeito 
tóxico. 
 
8.1.3. Efeito imediato, crônico e retardado 
 
 Efeitos Imediatos ou agudos: 
São aqueles que aparecem imediatamente após uma exposição aguda, 
ou seja, exposição única ou que ocorre, no máximo, em 24 horas. Em geral, 
são efeitos intensamente graves. 
 
 Efeitos crônicos: 
São aqueles resultantes de uma exposição crônica, ou seja, exposição 
a pequenas doses, durante vários meses ou anos. O efeito crônico pode advir 
de dois mecanismos: 
a) Somatória ou Acúmulo do Agente Tóxico no Organismo: a 
 
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velocidade de eliminação é menor que a de absorção, assim ao longo da 
exposição o AT vai sendo somado no organismo, até alcançar um nível tóxico. 
b) Somatória de Efeitos: ocorre quando o dano causado é irreversível 
e, portanto, vai sendo aumentado a cada exposição, até atingir um nível 
detectável; ou, então, quando o dano é reversível, mas o tempo entre cada 
exposição é insuficiente para que o organismo se recupere totalmente. 
 
 Efeitos retardados: 
São aqueles que só ocorrem após um período de latência, mesmo 
quando já não mais existe a exposição. Exemplo: efeitos carcinogênicos que 
têm uma latência a 20-30 anos. 
 
8.1.4. Efeitos reversíveis e irreversíveis 
 
A manifestação de um ou outro efeito vai depender, principalmente,da 
capacidade do tecido lesado em se recuperar. Assim, lesões hepáticas são 
geralmente reversíveis, já que este tecido tem grande capacidade de 
regeneração, enquanto as lesões no Sistema Nervoso Central (SNC) são 
geralmente irreversíveis, uma vez que as células nervosas são pouco 
renovadas. 
 
8.1.5. Efeitos locais e sistêmicos 
 
O efeito local refere-se àquele que ocorre no local do primeiro contato 
entre a AT e o organismo. Já o sistêmico exige uma absorção e distribuição da 
substância, de modo a atingir o sítio de ação, onde se encontra o receptor 
 
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biológico. Existem substâncias que apresentam os dois tipos de efeitos (ex.: 
Benzeno, chumbo tetraetila, etc.). 
 
8.1.6. Efeitos resultantes da interação de agentes químicos 
 
O termo interação entre substâncias químicas é utilizado todas as 
vezes que uma substância altera o efeito de outra. A interação pode ocorrer 
durante a fase de exposição, toxicocinética ou toxicodinâmica. Como 
consequências destas interações podem resultar diferentes tipos de efeitos: 
 
 Adição: é aquele produzido quando o efeito final de dois ou mais 
agentes é quantitativamente igual à soma dos efeitos produzidos 
individualmente. 
Ex.: Chumbo e arsênio atuando na biossíntese do heme (aumento da 
excreção urinária da coproporfirina). 
 
 Sinergismo: ocorre quando o efeito de dois ou mais agentes 
químicos combinados, é maior do que a soma dos efeitos individuais. 
Ex.: A hepatotoxicidade, resultante da interação entre tetracloreto de 
carbono e álcool é muito maior do que aquela produzida pela soma das duas 
ações em separado, uma vez que o etanol inibe a biotransformação do 
solvente clorado. 
 
 Potenciação: ocorre quando um agente tóxico tem seu efeito 
aumentado por atuar simultaneamente, com um agente “não tóxico”. 
Ex.: O isopropanol, que não é hepatotóxico, aumenta excessivamente 
 
   Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste 
Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos 43
a hepatotoxicidade do tetracloreto de carbono. 
 
 Antagonismo: ocorre quando dois agentes químicos interferem um 
com a ação do outro, diminuindo o efeito final. É, geralmente, um efeito 
desejável em toxicologia, já que o dano resultante (se houver) é menor que 
aquele causado pelas substâncias separadamente. Existem vários tipos de 
antagonismo: 
 
a) Antagonismo químico (também chamado neutralização): ocorre 
quando o antagonista reage quimicamente com o agonista, inativando-o. Este 
tipo de antagonismo tem um papel muito importante no tratamento das 
intoxicações. Ex.: Agentes quelantes como o EDTA, BAL e penicilamina, que 
sequestram metais (As, Hg, Pb, etc.), diminuindo suas ações tóxicas. 
 
b) Antagonismo funcional: ocorre quando dois agentes produzem 
efeitos contrários em um mesmo sistema biológico atuando em receptores 
diferentes. Ex.: Barbitúricos que diminuem a pressão sanguínea, interagindo 
com a norepinefrina, que produz hipertensão. 
 
c) Antagonismo não-competitivo, metabólico ou farmacocinético: é 
quando um fármaco altera a cinética do outro no organismo, de modo que 
menos AT alcance o sítio de ação ou permaneça menos tempo agindo. Ex.: 
Bicarbonato de sódio que aumenta a secreção urinária dos barbitúricos; 
fenobarbital que aumenta a biotransformação do tolueno, diminuindo sua ação 
tóxica. 
 
d) Antagonismo competitivo, não-metabólico ou farmacodinâmico: 
 
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ocorre quando os dois fármacos atuam sobre o mesmo receptor biológico, um 
antagonizando o efeito do outro. São os chamados bloqueadores e este 
conceito é usado, com vantagens, no tratamento clínico das intoxicações. Ex.: 
Naloxona, no tratamento da intoxicação com opioides. Atropina no tratamento 
da intoxicação por organofosforado ou carbamato. 
 
 
 
 
 
 
 
FIM DO MÓDULO 
 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
CURSO DE 
ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
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CURSO DE 
ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou 
distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do 
conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências 
Bibliográficas. 
 
 
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Vias e sistemas de administração de drogas: 
 
Nos últimos anos, as pesquisas e aplicações de novos sistemas de 
administração de drogas vêm se desenvolvendo em escala exponencial. Foi 
desenvolvida inclusive uma verdadeira especialidade desse tema, que faz parte 
da recém criada Engenharia Biomédica. Prevê-se que no futuro será possível 
administrar as drogas no momento certo, na posologia certa em qualquer parte 
do corpo com alvo específico e eficiência. 
A escolha de determinada via ou sistema de administração das drogas, 
depende de vários fatores: 
 
a) efeito local ou sistêmico; 
b) propriedades da droga e da forma farmacêutica administrada; 
c) idade do paciente; 
d) conveniência; 
e) tempo necessário para o início do efeito; 
f) duração do tratamento; 
g) obediência do paciente ao regime terapêutico. 
 
 
 
 
 
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Representação esquemática das vias de administração de drogas 
 
 
 
Formas Farmacêuticas 
 
Uso Interno: expressão que indica a administração de medicamentos 
por via oral. 
Uso Externo: expressão usada para indicar aplicação local ou tópica de 
medicamentos. 
Uso Parenteral: indica o uso de medicamentos por via que não seja 
interna ou enteral: intravenosa, intramuscular, subcutânea. 
 
Via Oral: 
Sólidos: pós, granulados, comprimidos, pílulas, cápsulas drágeas, 
pastilhas, bolos. 
 
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Líquidos: soluções simples e compostas, xaropes, elixires, dispersões, 
emulsões e suspensões. 
 
Via Parenteral: 
Injeções e implantes (pellets) 
Intramuscular, intravenoso, subcutâneo, intradérmico, intrarraquidiano, 
intratecal, intraperitoneal, intracardíaco. 
 
Uso Tópico ou Externo: 
Cutâneo: pomadas, unguento, creme, loção, pós, gel, aerossóis. 
Retal: supositórios 
Vaginal: óvulos, comprimidos, geleias, cremes, bolos. 
Oftálmicos: soluções, pomadas, gel. 
 
Principais Características das Vias de Administração de Drogas 
 
A administração de medicamentos deve ser realizada com eficiência, 
segurança e responsabilidade, a fim de que sejam alcançados os objetivos da 
terapêutica implementada e, dessa forma, haja uma melhora no quadro clínico 
do paciente. Para tanto, deve-se ter conhecimento de alguns dados quanto ao 
processo de administração: informações farmacológicas do medicamento 
(farmacocinética, farmacodinâmica, dose máxima e efetiva, além do intervalo 
entre as doses), bem como métodos, vias e técnicas de administração. 
O método de administração dos medicamentos depende da rapidez 
com que se deseja a ação da droga, da natureza e quantidade da droga a serEste material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste 
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administrada e das condições do paciente. As condições do paciente 
determinam, muitas vezes, a via de administração de certas drogas. 
Todavia, inúmeros problemas limitam a administração de drogas, por 
isso as vias utilizadas para administração de fármacos apresentam 
contraindicações em alguns casos específicos. A seguir, serão abordadas 
algumas vias de administração com seus prós e contras. 
 
 
 
1. Administração Enteral (oral): 
 
A ingestão é o método mais comum de prescrição de um fármaco. 
Além disso, é o mais seguro, mais conveniente e o mais econômico. Muitas 
vezes, a via oral é contraindicada por: 
- O medicamento irritar a mucosa gástrica; 
 
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- O medicamento interferir na digestão; 
- O paciente não poder deglutir. 
 
Além disso, o paciente pode apresentar algum quadro cujas 
características o impedem de ingerir drogas, como, por exemplo, patologias do 
sistema digestivo. Algumas desvantagens da via oral incluem, portanto, a 
impossibilidade de absorção de alguns agentes por causa de suas 
características físicas, os vômitos em resposta à irritação da mucosa 
gastrintestinal, destruição de alguns agentes farmacológicos por enzimas 
digestivas ou pelo pH gástrico, irregularidades de absorção ou propulsão na 
presença de alimentos e outros fármacos e necessidade de cooperação por 
parte do paciente. 
Na via oral um evento que deve ser ressaltado é a ocorrência do efeito 
de primeira passagem, onde pode ocorrer perda parcial de droga, por 
metabolização hepática após a absorção, uma vez que a droga absorvida no 
trato gastrintestinal passa primeiramente pelo fígado pela circulação porta-
hepática. 
 
 
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Fatores que influem na absorção de drogas no pelo TGI 
 
Além das propriedades físico-químicas das drogas, outros fatores 
poderão influir na absorção: 
a) Administração de EDTA: parece que este quelante altera a 
permeabilidade da membrana, por sequestrar o cálcio presente na sua 
estrutura, facilitando assim, de maneira inespecífica, a absorção de ácidos, 
bases e substâncias neutras. Existe sempre, entretanto, no caso da ingestão 
de minerais, a possibilidade do EDTA quelar o AT, o que resultaria em uma 
menor absorção do mesmo. 
b) Conteúdo estomacal: a absorção será favorecida se o estômago 
estiver vazio, em função do maior contato do AT com a mucosa. 
c) Secreções gastrintestinais, sua concentração enzimática, e sua 
acidez: estes sucos digestivos, seja por sua acidez iônica, seja por ação 
enzimática, podem provocar mudanças na atividade ou na estrutura química do 
agente, alterando, assim, a velocidade de absorção. Ex.: sabe-se que o pH 
estomacal das crianças não é tão ácido como o dos adultos. Isto implica em um 
desenvolvimento maior de microorganismos, principalmente Encherichia coli, 
microorganismo que reduz, no estômago, o nitrato a nitrito. Como as crianças 
possuem dietas ricas em nitratos, estes serão reduzidos a nitritos que são 
rapidamente absorvidos pela mucosa estomacal, causando, então, 
metahemoglobinemia. 
d) Motilidade intestinal: o aumento da mobilidade intestinal diminuirá o 
tempo de contato do agente tóxico com a mucosa e, consequentemente, a 
absorção neste local. 
e) Efeito de primeira passagem pelo fígado: como mencionado 
anteriormente, as substâncias absorvidas no TGI entram na circulação porta e 
passam pelo fígado, podendo ser biotransformadas de maneira mais ou menos 
intensa. Pela secreção biliar serão excretadas no intestino, onde serão 
reabsorvidas ou excretadas pelas fezes. É o também chamado de ciclo entero-
hepático. Este efeito pode ser responsável pela menor biodisponibilidade de 
algumas substâncias, quando estes são administrados por via oral. 
 
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Diferenças fisiológicas entre homens e mulheres que podem afetar a 
absorção de agentes tóxicos pelo TGI 
 
Parâmetro Diferença fisiológica Diferença na absorção 
 
pH Suco Gástrico 
 
 
Gestante>mulher>homem 
 
Altera absorção oral 
 
Motilidade intestinal 
 
 
< Nas gestantes 
 
> Absorção 
 
Esvaziamento gástrico 
 
 
Prolongado nas gestantes 
 
> Absorção 
 
Alguns dos fatores que influem na absorção pelo TGI podem variar de 
acordo com o sexo e, no sexo feminino, entre as gestantes e não gestantes. 
Este fato é importante na avaliação da intensidade de absorção de drogas por 
essa via. A tabela acima mostra as principais diferenças fisiológicas existentes 
entre homens e mulheres, gestantes e não gestantes que podem influenciar a 
absorção pelo TGI. 
 
2. Via Sublingual: 
 
Alguns medicamentos são colocados debaixo da língua para serem 
absorvidos diretamente pelos pequenos vasos sanguíneos ali situados. A via 
sublingual é especialmente boa para a nitroglicerina, que é utilizada no alívio 
da angina (dor no peito), porque a absorção é rápida e o medicamento ingressa 
diretamente na circulação geral, sem passar por meio da parede intestinal pelo 
fígado. Mas a maioria dos medicamentos não pode ser administrada por essa 
 
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via, porque a absorção é, em geral, incompleta e errática. 
 
3. Administração Retal 
 
Com frequência, a via retal é utilizada quando a ingestão não é 
possível por causa de vômitos ou porque o paciente se encontra inconsciente. 
A administração de drogas via retal, por supositórios, tem como objetivo deixar 
o fármaco livre do metabolismo de primeira passagem, no fígado, pois a droga 
entra em vasos que a levam direto à veia cava inferior. Entretanto, muitas 
vezes, o supositório penetra um pouco mais, situando-se em uma região 
drenada por veias que drenam ao fígado e, dessa forma, não evitam o efeito de 
primeira passagem. Deve-se ressaltar o desconforto que a via retal pode 
proporcionar ao paciente. Além disso, a absorção retal costuma ser irregular e 
incompleta e muitos fármacos provocam irritação da mucosa retal. 
 
4. Administração Parenteral 
 
Todavia, a injeção do fármaco também tem suas desvantagens. Pode 
 
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ocorrer uma injeção intravascular acidental, a injeção pode vir acompanhada 
de forte dor e, às vezes, é difícil para um paciente injetar o fármaco em si 
mesmo se for necessária a automedicação. Os custos desse tipo de 
intervenção é outra consideração importante. 
Muitas vezes, a droga é impedida de ser administrada pela via 
parenteral, por suas próprias características, ou pelas condições apresentadas 
pelo paciente. 
 
5. Intravenosa 
 
 
 
A concentração desejada de um fármaco no sangue é obtida com uma 
precisão e rapidez que não são possíveis com outros procedimentos. Algumas 
características são essenciais para que uma substância possa ser injetada pela 
via intravenosa: 
- Não ser hemolítica; 
- Não ser cáustica; 
- Não coagular as albuminas; 
- Não produzir embolia ou trombose; 
 
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- Não conter pirogênio. 
 
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