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AN02FREV001/REV 4.0 1 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE PERÍCIA AMBIENTAL Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 2 CURSO DE PERÍCIA AMBIENTAL MÓDULO I Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 3 SUMÁRIO MÓDULO I 1 NOÇÕES BÁSICAS ESSENCIAIS À PERÍCIA AMBIENTAL 1.1 PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL 1.1.1 Conceito de Meio Ambiente 1.1.2 Legislação Ambiental 1.1.2.1 Competência ambiental 1.1.2.2 Política ambiental brasileira 1.1.2.3 Licenciamento ambiental 1.1.2.4 Estudos ambientais 1.1.2.5 Legislação ambiental brasileira relevante 1.2 IMPACTOS E PASSIVOS AMBIENTAIS 1.2.1 Impacto e Poluição Ambiental 1.2.2 Áreas de Influências: Direta e Indireta 1.2.3 Passivo Ambiental 1.3 PERÍCIA 1.3.1 Definição de Perícia Ambiental 1.3.2 Laudo Pericial 1.4 O PERITO 1.4.1 O Perito Ambiental 1.4.2 Assistente Técnico ANEXO: CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO IBAPE MÓDULO II 2 PROCEDIMENTO PADRÃO PARA A REALIZAÇÃO DE PERÍCIAS AMBIENTAIS 2.1 PROCEDIMENTOS EM PERÍCIA AMBIENTAL AN02FREV001/REV 4.0 4 2.1.1 Demanda por Perícias Ambientais 2.1.2 Demanda por Peritos Ambientais 2.1.3 A Perícia Ambiental e a Legislação 2.2 REGRAS DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 2.2.1 Artigos Importantes do Código de Processo Civil 2.2.1.1 Sobre a remuneração da perícia 2.2.1.2 Sobre o perito e o assistente técnico 2.2.1.3 Sobre impedimento e suspeição 2.2.1.4 Sobre os prazos 2.2.1.5 Sobre a perícia 2.2.1.6 Sobre as petições 2.2.1.7 O laudo pericial 2.3 RESUMO GERAL ANEXOS: MODELOS DE PETIÇÕES MÓDULO III 3 INTRODUÇÃO 3.1 PERÍCIA AMBIENTAL 3.2 O PERITO AMBIENTAL 3.2.1 Como se Tornar um Perito Ambiental? 3.2.2 Procedimentos Técnicos do Perito Ambiental 3.3 IDENTIFICAÇÃO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS POR TIPOLOGIA DE ATIVIDADE 3.3.1 Agropecuária 3.3.2 Agroindústria 3.3.3 Indústria do Couro 3.3.4 Indústria Química 3.3.5 Mineração 3.3.6 Obras Rodoviárias 3.3.7 Saneamento Ambiental 3.3.8 Barragens e Reservatórios AN02FREV001/REV 4.0 5 MÓDULO IV 4 MÉTODOS E TÉCNICAS APLICÁVEIS NA EXECUÇÃO DA PERÍCIA 4.1 POLUIÇÃO VS. CONTAMINAÇÃO 4.2 FONTES DE POLUENTES: PONTUAIS E DIFUSAS 4.3 MÉTODOS E TÉCNICAS APLICÁVEIS NA PERÍCIA AMBIENTAL 4.3.1 Amostragem de Água 4.3.1.1 Parâmetros 4.3.1.2 Para fins de potabilidade 4.3.2 Efluentes Industriais 4.4 ESTUDO DE CASO 4.4.1 Exemplo Perícia e Laudo Pericial 4.5 VOCABULÁRIO ÚTIL REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AN02FREV001/REV 4.0 6 MÓDULO I Este curso tem como objetivo contribuir com a difusão dos conhecimentos, técnicas e modos de aplicação da Perícia Ambiental no contexto brasileiro. Nos diversos módulos procura-se mostrar os procedimentos de como fazer uma Perícia Ambiental e a sua importância quando bem feita, não só como ferramenta para avaliação de danos ambientais, mas também pelos impactos positivos para a proteção do meio ambiente propiciado à sociedade. O público-alvo do curso são os estudantes, empresários, profissionais autônomos, associações e organizações que trabalham com a área ambiental, ou não, e desejam conhecer mais sobre este tema. 1 NOÇÕES BÁSICAS ESSENCIAIS À PERÍCIA AMBIENTAL 1.1 PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL O homem possui necessidades básicas para sua sobrevivência e diariamente busca a satisfação dessas necessidades, sejam elas fisiológicas, de segurança, sociais, de estima ou de autorrealização. No entanto, com o passar do tempo começaram a surgir conflitos entre os homens, que eram resolvidos entre as próprias partes envolvidas, usando dos meios possíveis para fazer valer sua vontade sobre a do oponente, já que o que valia naquela época era a máxima: “olho por olho, dente por dente”. Com o avanço da sociedade foi-se percebendo que podia ser criado AN02FREV001/REV 4.0 7 outro meio para resolver os conflitos. Os estados começaram a chamar para si essa responsabilidade e criaram leis baseadas nos princípios morais da época. Por meio do aperfeiçoamento, baseado em experiências do cotidiano, esses princípios passaram a ser mais fortes e amplos, versando sobre os mais variados temas que eram de interesse comum da sociedade e do Estado. A essa Ordem Jurídica que estava sendo criada para dirimir os conflitos deu-se o nome de Direito. Com a evolução tecnológica o ser humano foi capaz de entender o meio ambiente à sua volta e assim perceber seus efeitos e as consequências que seus atos tinham sobre a natureza. Como atualmente a natureza não consegue se recompor com a mesma velocidade com que os seres humanos a exploram, o Direito – que constitui-se no estabelecimento de regras pelo próprio grupo e em seu interesse, criando assim um complexo de regulamentos que conforme o tempo podem receber inovações para se adequar ao surgimento de novas necessidades – acabou por atender às necessidades da natureza, resultando assim no Direito Ambiental, que prima pela utilização racional dos recursos naturais e do meio ambiente. O Direito Ambiental busca regular a interação do ser humano com o meio ambiente e, se necessário, intervir com sanções para os que desobedecem as leis. Essas punições podem ser de várias formas, desde a perda da liberdade até o pagamento de multa. A base do Direito são os princípios, são os pilares que sustentam e servem como guia na criação de leis. Eles são tão importantes no direcionamento do Direito que se uma lei for feita em desacordo com algum princípio ela será inválida. O ramo do Direito Ambiental também possui seus princípios, que além de serem moldados pelas leis brasileiras também possuem influências internacionais, provenientes dos acordos e tratados internacionais dos quais o Brasil faz parte. Os princípios mais conhecidos do Direito Ambiental são: Princípio da precaução: Previsto no artigo 225 da Constituição Federal, ele cuida do controle de precaução que o Poder Público pode exercer para controlar os meios e técnicas de uso de substâncias ou AN02FREV001/REV 4.0 8 objetos que trazem risco à saúde do ser humano e do meio ambiente. O objetivo é evitar que novas substâncias químicas ou até mesmo inovações tecnológicas sejam usadas sem a devida precaução, causando danos ambientais. Princípio da prevenção: É uma continuação do Princípio da Precaução e firma os cuidados que devem ser tomados para evitar danos ambientais decorrentes de tecnologias ou substâncias já existentes, que se utilizadas de modo errôneo podem acarretar danos. Esse princípio resultou na criação das licenças ambientais que são obrigatórias para a instalação e operação de atividades potencialmente poluidoras. Princípio da publicidade: Também conhecido como Princípio da Informação, tem a finalidade de promover a conscientização pública para a preservação do meio ambiente, no que diz respeito a expandir o conhecimento por meio da educação ambiental. Também exige que sejam abertos os processos que tenham relação ao meio ambiente, nisso incluídos processos de licenciamentos ambientais. Este princípio está descrito no artigo 225, parágrafo 1º da Constituição. Princípio da responsabilização do dano ambiental: É a responsabilidade que o poluidor enfrenta de reparar e indenizar por meio de multas as áreas afetadas quando, mesmousando de meios lícitos, por motivo de negligência ou imperícia, acaba por provocar danos ao meio ambiente. Princípio da função socioambiental da propriedade: As propriedades não dão aos seus donos o direito de a usarem como quiserem. Seu uso deve estar sempre de acordo com as leis ambientais. A finalidade do princípio é fazer com que as propriedades não se tornem um peso para a sociedade ao serem instaladas em local impróprio, como, por exemplo, dentro de uma reserva florestal, ou que soltem poluentes acima do permitido. Este princípio foi estabelecido pelo Código Civil, artigo 1228. Princípio do poluidor pagador: Possui dois aspectos, o primeiro que obriga a indenizar todo e qualquer dano que o poluidor tenha causado e, o segundo, que o poluidor pague por todas as medidas e licenças AN02FREV001/REV 4.0 9 necessárias para não causar danos ou deixar os níveis de sua poluição dentro do aceitável. Internacionalmente, esse princípio também está englobando o mercado dos créditos de carbono, no qual empresas poluidoras precisam comprar os créditos equivalentes a reduções certificadas de emissões para poder continuar em funcionamento. Sua previsão está no artigo 225, parágrafo 3º da Constituição Federal. Princípio do desenvolvimento sustentável: Tem por ideal o crescimento das cidades de modo ordenado e com a utilização racional dos recursos naturais, sem que se corra o risco de esgotá-los ou de comprometê-los com poluentes, permitindo assim a sua continuidade para as próximas gerações. É referido no artigo 4º da Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, também conhecida como Lei do SNUC. Princípio da cooperação internacional: Pretende a união de diversos países por meio de convenções e tratados internacionais para firmarem metas conjuntas de proteção do meio ambiente. A participação dos países é voluntária e só se torna obrigatória quando o país decidir por fazer parte e assinar, se comprometendo com as metas conjuntas. Muitos dos princípios acima estão estabelecidos no artigo 225 da Constituição Federal, que discorre sobre o meio ambiente, assim torna-se fundamental uma leitura detalhada do mesmo, que consta no extrato abaixo: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente por meio de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; AN02FREV001/REV 4.0 10 IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. § 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. § 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. § 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. § 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, artigo 225, 1988). 1.1.1 Conceito de Meio Ambiente O campo de atuação da Perícia Ambiental é o meio ambiente, assim é fundamental conceituar este termo. A Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, Lei no 6.938 de 1981, define em seu artigo 3º: “Meio ambiente é o conjunto de condições, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. Analisando o conceito acima, percebemos que o meio ambiente é tomado como uma entidade natural e dinâmica, com características próprias e particulares. Já outros autores possuem conceitos mais abrangentes para meio ambiente que englobam a divisão do mesmo em quatro meios, como veremos futuramente. José Afonso da Silva conceitua o meio ambiente como “a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que AN02FREV001/REV 4.0 11 propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas”. O conceito de meio ambiente é muito abrangente, pois engloba tudo que há na superfície terrestre. Assim sendo, surge a divisão deste conceito em quatro meios diferentes: Meio Ambiente Artificial: o espaço urbano construído, tanto fechado, como aberto. Exemplo: praças, edifícios, ruas, etc. Meio Ambiente Natural: a natureza. Exemplo: o solo, a água, o ar, a flora, a fauna, etc. Meio Ambiente Cultural: obra do homem e do seu intelecto, exemplo: o patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico, turístico. Meio Ambiente do Trabalho: relacionado com os aspectos sanitários ou de saúde pública do meio em que as pessoas trabalham. Exemplo: escritórios, construções civis, órgãos públicos, etc. A figura 1 exemplifica os diferentes meios e a relação entre eles. Analisando esta figura percebemos que o meio ambiente é uma parte essencial de nossas vidas e do qual também fazemos parte. Vivemos nosso cotidiano no meio ambiente, assim os problemas que o afetam, consequentemente, também nos afetam, por exemplo: a falta de rede de coleta e tratamento de esgoto sanitário, o ar poluído, os lixões, a falta de arborização urbana, etc. O artigo 225 da Constituição Federal expressa que o meio ambiente é passível de proteção, pois é essencial à qualidade de vida, e que cabe à coletividade e ao poder público o dever de defendê-lo e preservá-lo. Essa afirmação é muito importante, pois demonstra que existe o compromisso brasileiro com o meio ambiente, principalmente em termos legislativos. 1.1.2 Legislação Ambiental É fundamental para um perito ambiental conhecer a legislação da área, AN02FREV001/REV 4.0 12 principalmente a pertinente ao caso periciado, pois a legislação fornece o embasamento necessário para a identificação das não conformidades que podem ser registradas durante a perícia. No Brasil, a legislação ambiental é ampla, com inúmeras leis, resoluções e portarias, no entanto, antes de falar especificamente sobre os seus aspectos mais relevantes precisamosintroduzir alguns conceitos: FIGURA 1 - ABRANGÊNCIA DO CONCEITO DE AMBIENTE FONTE: Sánchez, 2006. 1.1.2.1 Competência ambiental Competência legislativa: é a competência atribuída aos entes da AN02FREV001/REV 4.0 13 Federação (estados, municípios) para fazer leis. Ou seja, são os limites impostos para cada ente federativo na capacidade de legislar sobre determinadas matérias. As competências legislativas para assuntos ambientais estão descritas na Constituição e podem ser brevemente resumidas como: Privativa: A União (ou seja, o Governo Federal) é a única responsável por redigir as leis que dizem respeito à água, energia, jazidas, energia nuclear e minas (art. 21 da Constituição). Já os estados podem legislar sobre temas não vedados pelo art. 25 da Constituição. Os municípios podem legislar no que não foi citado anteriormente e pelo art. 30 da Constituição no que for do interesse local. Concorrente: Os estados podem legislar, se a União não tiver feito. No caso de a União produzir uma lei no mesmo conteúdo, sua lei prevalece. A competência se dá nas áreas de pesca, florestas, fauna, caça, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição, proteção do patrimônio paisagístico e responsabilidade por danos ao meio ambiente. Suplementar: Os municípios podem legislar no que lhes couber ou for de interesse local, conforme o art. 30 da Constituição. Assim, podemos observar que a competência ambiental legislativa se divide por categoria de importância, sendo as mais importantes e arriscadas, como a energia nuclear (que possui um grande risco ambiental), matéria privativa da União. 1.1.2.2 Política ambiental brasileira A Lei nº 6.938, de 1981, também conhecida como Lei da Política AN02FREV001/REV 4.0 14 Nacional do Meio Ambiente (PNMA), possui um duplo objetivo: apresentar a Política Nacional do Meio Ambiente, e os seus instrumentos, e constituir o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA). O objetivo da PNMA é estabelecido no artigo 2º da referida lei: A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana. (LEI 6.938, 1981). Em seu artigo 3º a Lei da PNMA traz as seguintes definições: I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente; III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos; IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental; V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, AN02FREV001/REV 4.0 15 o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. Em seu artigo 9º a referida Lei apresenta os instrumentos de proteção ambiental da Política Nacional de Meio Ambiente brasileira: I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; II - o zoneamento ambiental; III - a avaliação de impactos ambientais; IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental; VI - § 1 - a criação de reservas e estações ecológicas, áreas de proteção ambiental e as de relevante interesse ecológico, pelo Poder Público Federal, Estadual e Municipal; VI - § 2 - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas; VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente; VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental; IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental. X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais AN02FREV001/REV 4.0 16 Renováveis - IBAMA; XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzi- las, quando inexistentes; XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais; XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros. Além de instituir os instrumentos de proteção ambiental brasileiros, a Lei nº 6.938 também constituiu o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA) e o Conselho Nacional de Meio Ambiente, também conhecido como CONAMA. Os extratos abaixo estabelecem a constituição do SISNAMA e as atribuições do CONAMA. Art. 6º - Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem como as fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, constituirão o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, assim estruturado: I - órgão superior: o Conselho de Governo, com a função de assessorar o Presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais; II - órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida; III - órgão central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República, com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a política nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente; IV - órgão executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, com a finalidade de executar e fazer executar, como órgão federal, a política e diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente; V - Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental; VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis AN02FREV001/REV 4.0 17 pelo controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições; § 1º Os Estados, na esfera de suas competências e nas áreas de sua jurisdição, elaborarão normas supletivas e complementares e padrões relacionados com o meio ambiente, observados os que forem estabelecidos pelo CONAMA. § 2º Os Municípios, observadas as normas e os padrões federais e estaduais, também poderão elaborar as normas mencionadas no parágrafo anterior. Art. 8ºCompete ao CONAMA: I - estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser concedido pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA; II - determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das alternativas e das possíveis consequências ambientais de projetos públicos ou privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais e municipais, bem assim a entidades privadas, as informações indispensáveis para apreciação dos estudos de impacto ambiental, e respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades de significativa degradação ambiental, especialmente nas áreas consideradas patrimônio nacional. III - decidir, como última instância administrativa em grau de recurso, mediante depósito prévio, sobre as multas e outras penalidades impostas pelo IBAMA; IV - homologar acordos visando à transformação de penalidades pecuniárias na obrigação de executar medidas de interesse para a proteção ambiental; V - determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou restrição de benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público, em caráter geral ou condicional, e a perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; VI - estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de controle da poluição por veículos automotores, aeronaves e embarcações, mediante audiência dos Ministérios competentes; VII - estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional dos recursos ambientais, principalmente os hídricos. Por meio da leitura do extrato acima podemos observar que uma das atribuições do CONAMA é estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle ambiental. Essa atribuição é colocada em prática por intermédio das Resoluções do CONAMA, regulamentações de caráter técnico que visam cumprir o determinado pelo primeiro instrumento de proteção ambiental: “I - estabelecimento de padrões de qualidade ambiental”. 1.1.2.3 Licenciamento ambiental Na legislação ambiental brasileira as atividades potencialmente AN02FREV001/REV 4.0 18 poluidoras, como as indústrias, são sujeitas ao licenciamento ambiental, conforme determina a resolução CONAMA no 237/1997 e outras legislações federais, estaduais e municipais. Essas leis estipulam que é obrigação do empreendedor buscar o licenciamento ambiental junto ao órgão competente, desde as etapas iniciais do planejamento de seu empreendimento e instalação até a sua efetiva operação. O licenciamento ambiental de atividades potencialmente poluidoras também é um dos Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, e sua principal função é conciliar o desenvolvimento econômico com a conservação do meio ambiente. Na resolução normativa CONAMA no 237/97, o licenciamento ambiental é definido como: O procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades que utilizam recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso. (CONAMA n o 237, 1997). A licença ambiental é um documento com prazo de validade definido, no qual o órgão ambiental estabelece regras, condições, restrições e medidas de controle ambiental a serem seguidas pela atividade que está sendo licenciada. Ao receber a licença ambiental, o empreendedor assume os compromissos para a manutenção da qualidade ambiental do local em que a sua atividade se instala. Ou seja, podemos concluir que qualquer projeto que possa desencadear efeitos negativos (impactos ambientais) no meio ambiente precisa ser submetido a um processo de licenciamento ambiental, pois este é a principal ferramenta que a sociedade tem para controlar a manutenção da qualidade do meio ambiente, o que está diretamente ligado com a saúde pública e com boa qualidade de vida para a população. Assim sendo, conclui-se que o licenciamento ambiental é o instrumento que o poder público possui de controlar a instalação e operação das atividades, visando preservar o meio ambiente para as sociedades atuais e futuras. Uma série de processos faz parte do licenciamento ambiental, que envolve tanto AN02FREV001/REV 4.0 19 aspectos jurídicos, como técnicos, administrativos, sociais e econômicos dos empreendimentos que serão licenciados. Nos extratos abaixo da resolução normativa CONAMA No 237/97 observa-se a seguinte hierarquia de licenças e o seguinte procedimento para o licenciamento ambiental: Art. 8º - O Poder Público, no exercício de sua competência de controle, expedirá as seguintes licenças: I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação; II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante; III - Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação. Art. 10 o - O procedimento de licenciamento ambiental obedecerá às seguintes etapas: I - Definição pelo órgão ambiental competente, com a participação do empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais, necessários ao início do processo de licenciamento correspondente à licença a ser requerida; II - Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado dos documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes, dando-se a devida publicidade; III - Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados e a realização de vistorias técnicas, quando necessárias; IV - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, uma única vez, em decorrência da análise dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados, quando couber, podendo haver a reiteração da mesma solicitação caso os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios; V - Audiência pública, quando couber, de acordo com a regulamentação pertinente; VI - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, decorrentes de audiências públicas, quando couber, podendo haver reiteração da solicitação quando os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios; VII - Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer jurídico; VIII - Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a devida publicidade. AN02FREV001/REV 4.0 20 1.1.2.4 Estudos ambientais No âmbito do processo de licenciamento ambiental, muitos documentos técnicos e estudos ambientais são solicitados visando dar embasamento teórico e prático ao licenciamento da atividade em questão. Os principais documentos técnicos solicitados em um processo de licenciamento ambiental são: Requerimento - Caracterização do Empreendimento, Termo de Referência, Estudos Ambientais (EIA/RIMA, PCA, RCA, etc.), Projeto Básico Ambiental (PAE, PGRS, PRAD, Programas de monitoramento, educação ambiental, etc.). Assim, em uma Perícia Ambiental é fundamental levantar os documentos técnicose estudos ambientais que existem sobre o caso periciado, pois os mesmos podem fornecer o embasamento necessário para uma melhor escolha dos métodos de amostragem e execução da perícia, conforme veremos nos próximos módulos. Dentre os estudos ambientais, é muito importante conhecer o de Avaliação de Impacto Ambiental, chamado de Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto ao Meio Ambiente, ou EIA/RIMA. Estes dois documentos, que constituem um conjunto, objetivam avaliar os impactos ambientais decorrentes da instalação de um empreendimento e estabelecer programas para monitoramento e mitigação desses impactos. A obrigação da elaboração de um estudo de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), na forma de um EIA/RIMA, é imposta apenas para algumas atividades com potencial altamente poluidor, pelos órgãos licenciadores competentes (estadual, municipal e o IBAMA) e pela legislação pertinente, como a Resolução CONAMA no 001 de 1986 (vide figura 2), no âmbito do processo de licenciamento ambiental. FIGURA 2 – CAMPO DE APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE EIA/RIMA OU AIA AN02FREV001/REV 4.0 21 FONTE: Sánchez, 2006. O Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente são um conjunto. A diferença entre estes dois documentos é que apenas o RIMA é de acesso público, pois o EIA contém maior número de informações sigilosas a respeito da atividade. Assim, o texto do RIMA deve ser mais acessível ao público, e instruído por mapas, quadros, gráficos e tantas outras técnicas quantas forem necessárias ao entendimento claro das consequências ambientais do projeto. O EIA/RIMA é feito por uma equipe multidisciplinar, pois deve considerar o impacto da atividade sobre os diversos meios ambientais: natureza, patrimônio cultural e histórico, o meio ambiente do trabalho e o antrópico. O EIA/RIMA cumpre o princípio da publicidade, pois permite a participação pública na aprovação de um processo de licenciamento ambiental que contenha este tipo de estudo, por meio de audiências públicas com a comunidade que será afetada pela instalação do projeto. O conteúdo de um EIA/RIMA é estipulado por termo de referências dos órgãos ambientais competentes e pela legislação pertinente, como demonstra o extrato abaixo da Resolução CONAMA no 001 de 1986. Artigo 6º - O estudo de impacto ambiental desenvolverá, no mínimo, as seguintes atividades técnicas: AN02FREV001/REV 4.0 22 I - Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto, completa descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto, considerando: a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d'água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas; b) o meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna e a flora, destacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente; c) o meio socioeconômico - o uso e ocupação do solo, os usos da água e a socioeconomia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos. II - Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, por meio de identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazo, temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais. III - Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas. lV - Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento (os impactos positivos e negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem considerados). 1.1.2.5 Legislação ambiental brasileira relevante É sempre importante lembrar que é fundamental para um perito ambiental conhecer a legislação da área, principalmente a pertinente ao caso periciado, pois é a legislação que fornece o embasamento necessário para a execução da perícia. Sendo assim, abaixo segue um levantamento de algumas das principais leis, resoluções e portarias relevantes nas diferentes ramificações existentes dentro da área ambiental: Lei da Política Nacional do Meio Ambiente - Lei 6.938/1981; Lei da Ação Civil Pública – Leis 7.347/1985 e 11.448/2007; Água: AN02FREV001/REV 4.0 23 Política Nacional de Recursos Hídricos – Lei 9.433/97: instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; Resolução CONAMA no 357/2005: estabelece a classificação dos corpos d’água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento; Lei 9.966/2000: estabelece a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas e perigosas em águas sob jurisdição nacional; Portaria do Ministério da Saúde no 518/2004: estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade; Saneamento Básico: Lei 11.445/2007: estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico; Lei de Crimes Ambientais – Lei 9.605/1998: dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente; o Observações: Quando a Lei Federal de crimes ambientais foi criada, além de dar proteção para a fauna, flora, patrimônio cultural e o ordenamento urbano e a administração ambiental, ela trouxe novidades como a prestação de penas alternativas para pessoas jurídicas, como as do seu art. 23, que consistem em recuperação de áreas degradadas, custeio de programas e projetos ambientais, contribuição para entidades ambientais e culturais e manutenção de espaços públicos. Inovou também ao trazer a desconsideração da pessoa jurídica, que antes impedia que as punições passassem da figura da empresa, e causando situações em que empresas apenas trocavam de nome ou usavam nomes fantasmas para fugir das multas ambientais. Agora, mesmo que o dono alegue que a empresa fechou as portas e não tem mais dinheiro, o patrimônio pessoal do dono responde pela recuperação dos danos ambientais causados. Na Lei de Crimes Ambientais a valoração das AN02FREV001/REV 4.0 24 multas varia de R$ 50,00 a R$ 50.000.000,00 e os valores arrecadados são destinados ao Fundo Nacional do Meio Ambiente e outros fundos estaduais e municipais; Áreas de Preservação Permanente: Código Florestal - Lei 4.771/1965: institui o novo Código Florestal. Define áreas de preservação permanente e reserva legal; Resolução CONAMA no 302/2002: dispõe sobre os parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente de reservatórios artificiais e o regime de uso do entorno; Unidades de conservação – Lei 9.985/2000: cria o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC; Zoneamento Industrial nas Áreas Críticas de Poluição - Lei 6.803/1980: dispõe sobre as diretrizes básicas para o zoneamento industrial nas áreas críticas de poluição; Substâncias controladas e poluentes: Resolução CONAMA no 23/1996: regulamenta a importação e uso de resíduos perigosos; Resolução CONAMA no 257/1999: estabelece que pilhas e baterias que contenham em suas composições chumbo, cádmio, mercúrio e seus compostos tenhamos procedimentos de reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final ambientalmente adequados; Resolução CONAMA no 267/2000: proibição de substâncias que destroem a camada de ozônio; Resolução CONAMA no 358/2005: dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências; Agrotóxicos: Lei 7.802/1989: Dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, AN02FREV001/REV 4.0 25 o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências; Resolução CONAMA no 334/2003: Dispõe sobre os procedimentos de licenciamento ambiental de estabelecimentos destinados ao recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos. 1.2 IMPACTOS E PASSIVOS AMBIENTAIS Antes de aprofundar no conteúdo sobre Perícia Ambiental é necessário introduzir alguns conceitos importantes, como impacto, poluição e passivo ambiental. A definição de conceitos é fundamental nesta área do conhecimento, pois uma Perícia Ambiental bem feita depende, acima de tudo, da capacidade de fundamentação teórica do perito. 1.2.1 Impacto e Poluição Ambiental A resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA no 001 de 1986, em seu Artigo 1º, considera impacto ambiental como sendo: Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I. a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II. as atividades sociais e econômicas; III. a biota; IV. as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V. a qualidade dos recursos ambientais. Todo impacto ambiental tem uma ou mais causas e são o resultado das ações humanas sobre os aspectos ambientais (Vide figura 4). FIGURA 3 – RELAÇÃO ENTRE AÇÕES HUMANAS, ASPECTOS E AN02FREV001/REV 4.0 26 IMPACTOS AMBIENTAIS FONTE: Sánchez, 2006. A causa do impacto ambiental, muitas vezes, tem relação direta e indireta com a poluição ambiental. A definição de poluição ambiental é muito semelhante à definição de impacto ambiental, no entanto, um impacto ambiental pode ser negativo ou positivo, ou seja, ele pode tanto trazer prejuízos como benefícios. Podemos dizer também que um impacto ambiental é significativo (IAS), quando este é importante em relação a outros impactos, que poderiam ser julgados mais como efeitos, ou seja, como simples consequências de uma modificação induzida pelo homem, sem um valor econômico. A Lei nº 6.938, de 1981, que trata da Política Nacional de Meio Ambiente, traz duas definições fundamentais para qualquer Perícia Ambiental: II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente; III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. É muito importante interpretar o item e) da definição acima: a poluição pode ser causada por empreendimentos que disponham no meio ambiente efluentes, emissões, resíduos ou energia acima dos padrões ambientais AN02FREV001/REV 4.0 27 estabelecidos. Lembrando que um dos instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente é o estabelecimento de padrões ambientais, que é efetuado pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente por meio das suas resoluções. Verificamos assim a importância do estabelecimento de padrões ambientais como instrumento de controle e de manutenção da qualidade ambiental. O estabelecimento de padrões ambientais está relacionado ao conceito de capacidade de suporte do meio, que é o nível de utilização dos recursos naturais que um sistema ambiental ou um ecossistema pode suportar, garantindo-se a conservação de tais recursos. Não importa se o recurso é renovável ou não renovável, o meio ambiente sempre tem uma capacidade máxima de suporte relacionada ao tempo que aquele recurso leva para se regenerar naturalmente (exemplo: capacidade de autodepuração de corpos d’água). Assim, o estabelecimento de padrões ambientais visa manter a exploração dos recursos naturais dentro da capacidade de suporte do meio. A maneira de gerir a utilização dos recursos naturais é o fator que determina os impactos ambientais das ações antrópicas que serão gerados sobre o meio ambiente. O grau de impacto é função de três variáveis: a diversidade dos recursos extraídos do ambiente, a velocidade de extração destes recursos (se permite ou não a sua reposição), e a forma de disposição e tratamento dos seus resíduos e efluentes. A figura 4 abaixo exemplifica o processo de geração de um impacto ambiental. FIGURA 4 – EXEMPLIFICAÇÃO DO PROCESSO DE GERAÇÃO DE UM AN02FREV001/REV 4.0 28 IMPACTO AMBIENTAL FONTE: Sánchez, 2006. Juntamente com o aumento exponencial da população mundial e o seu processo de urbanização, o avanço do consumo de energia e a intensificação do processo de industrialização têm colaborado intensamente com a geração de poluição e impactos ambientais por meio das emissões de poluentes e resíduos gerados pela utilização de diferentes recursos naturais. Em geral, empresas do ramo industrial possuem os mais altos impactos ambientais justamente porque possuem processos produtivos que geram inúmeros poluentes, o que explica também porque as indústrias oferecem mais riscos ocupacionais para aos seus trabalhadores e para o meio ambiente. Neste contexto torna-se importante a adoção de estudos técnicos, como o EIA/RIMA, que visam criar projetos e programas para a diminuição dos impactos ambientais das atividades. (Vide figura 5) FIGURA 5 – REPRESENTAÇÃO DA IMPORTÂNCIA DE ESTUDOS AN02FREV001/REV 4.0 29 AMBIENTAIS COMO O EIA/RIMA FONTE: Sánchez, 2006. A grande conclusão é que a geração de impactos ambientais está relacionada aos aspectos ambientais das atividades humanas, conforme exemplifica a figura 6 abaixo. FIGURA 6 – EXEMPLOS DE RELAÇÕES ATIVIDADE-ASPECTO-IMPACTO AMBIENTAL FONTE: Sánchez, 2006. 1.2.2 Áreas de Influências: Direta e Indireta AN02FREV001/REV 4.0 30 As áreas de influência são àquelas em que podem ser observados os efeitos do impacto ambiental. Como vimos anteriormente, a avaliação é um processo de exame dos impactos ambientes que podem ser gerados futuramente a partir de uma ação proposta. Assim, em geral, é no âmbito do estudo de impacto ambiental que são determinadas as futuras áreas de influência direta e indireta do empreendimento. A área de influência indireta compreende a faixa em que os efeitos são sentidos de modo diluído ou indiretamente. Geralmente estes impactos estão relacionados com os conflitos potenciais resultantes da instalação da atividade no espaço rural ou urbano ou com a perturbação de usos consolidados da área. Já a área de influência direta geralmente envolve àquela em que o empreendimento será instalado e que será afetada diretamente, por exemplo, desmatamento e terraplanagem para a execução da obra. O rio que será o corpo receptor do efluente da atividade, etc. É nessa área que aparecem os principais impactos ambientais decorrentes da instalação e operação da atividade. Os impactos ambientais significativos geralmente ocorremna área de influência direta do empreendimento. 1.2.3 Passivo Ambiental Segundo Sánchez (2001), o passivo ambiental representa o acúmulo de danos ambientais que devem ser reparados a fim de que seja mantida a qualidade ambiental de um determinado local. Assim, o passivo ambiental representa uma obrigação, a obrigação de promover investimentos em ações para a extinção ou amenização dos danos causados por uma determinada atividade ao meio ambiente. O passivo ambiental também pode ser entendido como o valor AN02FREV001/REV 4.0 31 econômico de um impacto ambiental que não foi mitigado. Após o término da obra, os impactos não mitigados passam a exigir um valor econômico para sua recuperação, este valor é o passivo ambiental. A essência do passivo ambiental está no controle e reversão dos impactos das atividades econômicas sobre o meio natural, envolvendo, portanto, todos os custos das atividades que sejam desenvolvidas nesse sentido, podendo os danos ambientais serem relativos a recursos hídricos, à atmosfera, ao solo e ao subsolo, perda da biodiversidade, danos à saúde e à qualidade de vida, impactos na atividade econômica e, por fim, impactos sociais e culturais. (MALAFAIA, 2004,p.21). Analisando a figura 7 abaixo, percebemos que a avaliação de impacto ambiental está relacionada aos danos futuros, enquanto a avaliação de dano ambiental está relacionada a danos que já aconteceram no passado, portanto precisam ser recuperados, constituindo-se assim no passivo ambiental da atividade em questão. FIGURA 7- DIFERENÇA ENTRE PASSIVO E IMPACTO AMBIENTAL FONTE: Sánchez, 2006. A avaliação de danos ambientais é realizada por meio de um diagnóstico ambiental, que é um estudo que objetiva descrever as condições ambientais existentes em uma determinada área no momento presente. Para acabar com um passivo ambiental é necessário um investimento financeiro, que muitas vezes não trará nenhum outro benefício a não ser o ambiental, assim, ocorre frequentemente de ninguém querer assumir a responsabilidade AN02FREV001/REV 4.0 32 de um passivo ambiental. No entanto, os agentes degradadores deviam assumir sua responsabilidade social, pois ainda que os investimentos na área ambiental e, portanto, o reconhecimento de seus passivos ambientais possam gerar custos diretos, com certeza em períodos futuros eles trarão alguns benefícios, já que evitarão multas e todas as demais formas de penalidades, contribuirão para a redução de custos e para a melhoria da imagem da empresa perante a sociedade. FIGURA 8 – EXEMPLO DE PASSIVO AMBIENTAL: VOÇOROCA (TIPO DE EROSÃO EM ESTÁGIO AVANÇADO) CAUSADA POR DESVIO DE DRENAGEM PLUVIAL EM CAMPO GRANDE – MS FONTE: Arquivo Pessoal, 2006. 1.3 PERÍCIA Segundo o Dicionário Aurélio, perícia quer dizer “habilidade, destreza, conhecimento, ciência”, como também “vistoria ou exame de caráter técnico e especializado”. Uma definição mais completa para perícia no sentido AN02FREV001/REV 4.0 33 de vistoria ou exame de caráter técnico e especializado é a seguinte: Exame realizado por técnico, ou pessoa de comprovada aptidão e idoneidade profissional, para verificar e esclarecer um fato, ou estado ou a estimação da coisa que é objeto de litígio ou processo, que com um deles tenha relação ou dependência, a fim de concretizar uma prova ou oferecer o elemento que necessita a justiça para poder julgar. (CUNHA; GUERRA, 2000, p.337-339). Ou seja, em outras palavras, uma perícia é o procedimento de investigação, feita por um profissional habilitado, que visa provar ou esclarecer um fato, por intermédio de um exame, vistoria e avaliação de caráter técnico e especializado. Na humanidade, o surgimento da perícia foi no ramo da Medicina Legal visando esclarecer principalmente crimes a partir de vestígios corporais. Com o passar dos anos e o aumento do conhecimento científico, outros profissionais passaram a empregar a perícia em suas atividades, principalmente na esfera criminal. Atualmente, a perícia é um procedimento realizado nas mais diversas áreas do conhecimento e no Brasil encontra-se incluso nas três esferas do direito brasileiro: criminal, administrativa e civil. No direito brasileiro, o resultado das perícias, conhecido como laudo pericial, é um dos meios de prova e elementos subsidiários utilizados pelo juiz para proferir a sentença. No entanto, a perícia não obriga o magistrado a decidir a favor da sua conclusão, ele pode arbitrar livremente, a perícia apenas serve como fundamentação para o seu processo de tomada de decisão. Concluímos, então, que a perícia tem o importante papel de servir como geradora de subsídios, práticos e verídicos sobre o caso, nos processos jurídicos. 1.3.1 Definição de Perícia Ambiental Segundo Lazzarini (2005), a Perícia Ambiental é um importante instrumento para a preservação do meio ambiente e destina-se à avaliação dos danos ambientais, causados por ação de pessoa, seja ela física ou AN02FREV001/REV 4.0 34 jurídica, de direito público ou privado, que venham a resultar na degradação da qualidade ambiental. Como veremos no Módulo II, em termos de procedimento processual, as perícias ambientais não diferem das perícias comuns, consistindo no exame, vistoria e avaliação, utilizando as mesmas regras do Código de Processo Civil e de legislações pertinentes, no entanto, elas atendem a demandas específicas relacionadas às questões ambientais. É importante entender que a perícia judicial ambiental é apenas um segmento da perícia judicial como um todo. O histórico da Perícia Ambiental no Brasil por ser dividido em duas fases: Antes da Lei de Crimes Ambientais (9.605/98); Depois da Lei de Crimes Ambientais (9.605/98): pois diversos tipos de atividades relacionadas ao meio ambiente, como, por exemplo, o transporte de madeira irregular, passaram a ser considerados crimes. Vários artigos desta lei preveem a necessidade de Perícia Ambiental no âmbito administrativo, civil e criminal. 1.3.2 Laudo Pericial Podemos definir Laudo Pericial como: O resultado da perícia, expresso em conclusões escritas e fundamentadas, onde serão apontados os fatos, circunstâncias, princípios e parecer sobre a matéria submetida ao exame do especialista, adotando-se respostas objetivas aos quesitos. (BUSTAMANTE, 1994 apud QUEIROZ, 2006, p.95). Na definição acima consta que o resultado da perícia deve ser expresso em conclusões escritas e fundamentadas. Esta fundamentação constitui-se no embasamento teórico e legal que o perito deve levantar sobre o caso. Em outras palavras, o laudo pericial é o relatório final do profissional designado para avaliar o caso por meio da perícia, que deve ser fundamentado AN02FREV001/REV 4.0 35 através de teoria comprovada e legislação pertinente. Segundo Almeida (2006), laudos “são conclusões escritas e fundamentadas, nos quais serão apontados circunstâncias e pareceres submetidos ao exame do especialista, adotando-se respostas objetivas ao assunto.” (ALMEIDA, 2006). No âmbito do Direito, o laudo pericial é utilizado como prova e subsídio para ajudar a solucionar dúvidas em processos jurídicos. Na solicitação de uma perícia, o juiz já determina os quesitos, ou as dúvidas sobre o caso, que devem ser respondidos no âmbito do laudo pericial. Esse deve ter o formato de um relatório, ou seja, conter uma descrição minuciosa do caso, como histórico, objetivo, lista de documentos analisados, material e metodologias utilizadas na perícia, constatações, fundamentação, discussão e conclusão. É muito importante que o laudo pericial seja escrito de forma compreensível ao leigo naquela matéria, visando perfeito entendimento de qualquer pessoa que o leia e, principalmente, quando for o caso, do juize das partes do processo. Além disso, o laudo pericial deve possuir clareza, objetividade, precisão, ser conciso, veracidade (não pode contar alegações falsas), ordenação lógica, esmero de apresentação e linguagem apurada e gramaticalmente correta. A figura 9 abaixo demonstra o roteiro básico de um laudo pericial. AN02FREV001/REV 4.0 36 FIGURA 9 – ROTEIRO DE UM LAUDO PERICIAL FONTE: Queiroz, 2006. AN02FREV001/REV 4.0 37 1.4 O PERITO Segundo Almeida (2006), O perito é o técnico, com a habilitação que a lei exigir, chamado a opinar, de forma imparcial e sob compromisso, sobre tema de sua especialidade profissional. O perito é a pessoa indicada pela autoridade para esclarecer, por meio de um laudo, uma questão de fato que pode ser apreciada por seus conhecimentos técnicos especializados. O IBAPE (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia) define perito como o profissional legalmente habilitado, idôneo e especialista, convocado para realizar uma perícia. O perito deve obedecer a um Código de Ética, geralmente fixado pelo conselho de classe ou instituições para os quais responda profissionalmente. Em anexo, como exemplo, consta o Código de Ética do IBAPE. No âmbito do Direito o perito é nomeado pelo juiz, porque este confia plenamente em sua capacidade e seu conhecimento técnico acerca de determinado assunto, para fornecer provas e subsídios acerca de fatos do caso que precisam de esclarecimento adicional. Podemos concluir, então, que o perito possui atribuições, direitos e obrigações: Direito a uma renumeração compatível com o trabalho realizado e a obter toda a documentação e acesso aos locais necessários para o desempenho da sua função; Obrigação de agir com responsabilidade e apenas apresentar fatos verídicos, com imparcialidade. Obrigação de ater-se aos objetivos da perícia, respondendo aos quesitos que lhe forem solicitados, com clareza e precisão. E obrigação de cumprir os prazos assinalados e o seu respectivo código de ética profissional; O perito deve possuir as seguintes atribuições: habilitação escolar, ou seja, deve ser graduado em área com conhecimento relativa ao fato da AN02FREV001/REV 4.0 38 perícia; habilitação legal, que significa que o mesmo deve estar registrado em seu respectivo órgão de classe e estar com todas as suas obrigações legais em dia; habilitação profissional, ou seja, o perito deve ter experiência e treinamento constante como parte da sua formação profissional. 1.4.1 O Perito Ambiental O perito ambiental é o profissional legalmente habilitado, idôneo e especialista na área ambiental, convocado para realizar uma perícia que alude a um fato do seu domínio de conhecimento. Como se tornar um perito ambiental? Em termos de formação técnica, para ser um perito ambiental é necessário uma formação que atribua competências técnicas ao profissional, relacionadas à gestão e tecnologias ambientais. O curso de graduação mais recomendado é a Engenharia Ambiental. No entanto, profissionais formados em Administração, Química, Geologia, Biologia e outras engenharias podem realizar especializações e mestrado na área de gestão e tecnologias ambientais, com enfoque para a prática de perícias ambientais. Além de possuir a formação técnica adequada, o perito ambiental precisa se qualificar por meio de cursos específicos e da leitura das legislações pertinentes e metodologias para execução de perícias ambientais. O perito ambiental é aquele que é chamado pela justiça, por intermédio de nomeação formal por um juiz, para executar perícias e fornecer laudos técnicos em processos judiciais que envolvam fatos e conhecimentos da área de meio ambiente. AN02FREV001/REV 4.0 39 1.4.2 Assistente Técnico O IBAPE define assistente técnico “como o profissional legalmente habilitado, indicado e contratado pela parte para orientá-la, assistir os trabalhos periciais em todas as fases da perícia e, quando necessário, emitir seu parecer técnico”. Diferença entre Perito e Assistente Técnico: O perito é nomeado pelo juiz, enquanto o assistente técnico é contratado por uma das partes do processo para assistir os trabalhos do perito e emitir o seu parecer técnico sobre o laudo pericial. Em outras palavras, os assistentes técnicos são profissionais indicados pelas partes que têm a função de consultores das mesmas, pois cada parte em um processo judicial pode contar com um profissional de sua confiança que a represente na perícia. Em termos de habilidades e competências, não existe diferença entre o assistente técnico e o perito, ambos devem possuir domínio sobre os procedimentos periciais e o caso que será analisado. No entanto, o perito é que comanda a perícia e o assistente técnico apenas a acompanha. E é o perito que assume o dever de ser imparcial e possui a inteira confiança do juiz, enquanto o assistente técnico possui a confiança da parte e em geral é parcial, visando o benefício da mesma no processo. AN02FREV001/REV 4.0 40 ANEXO CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO IBAPE Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia Aprovado pela Resolução 1002 do CONFEA. São deveres dos profissionais da Engenharia, da arquitetura e da agronomia, registrados no CREA, no desempenho de serviços de avaliações ou perícias: 1) Considerar a profissão como alto título honorífico, utilizando ciência e consciência: a) ciência: pelo emprego de conhecimento técnico adequado, considerando como primeiro dever ético o domínio das regras para o eficiente desempenho de sua atividade, obrigando-se ao processo de educação continuada, acompanhando o progresso e o desenvolvimento, sem prejuízo de sua formação básica de graduação; b) consciência: pela adoção de elevado padrão ético e moral no desempenho dessas funções sociais mediante o exercício continuado da profissão com permanente aprimoramento. 2) Interessar-se pelo bem comum contribuindo com seu conhecimento, capacidade e experiência para melhor servir à coletividade. a) cooperar para o progresso em geral, com seu concurso intelectual e material no aprimoramento da cultura profissional, ilustração técnica, ciência aplicada e investigação científica; b) partilhar experiências e conhecimentos com os colegas, tanto na solução de AN02FREV001/REV 4.0 41 problemas já conhecidos, como dos inéditos; c) envidar esforços na difusão de conhecimentos para melhor e mais correta compreensão dos aspectos técnicos e assuntos relativos ao exercício profissional; d) expressar-se publicamente sobre assuntos técnicos somente quando devidamente capacitado para tal; e) emitir opiniões ou pareceres somente quando em benefício da verdade e sempre com conhecimento da finalidade da solicitação. 3) Abster-se de praticar ou contribuir para que se pratiquem injustiças contra colegas e velar para que não se pratiquem atos que, direta ou indiretamente, possam prejudicar seus interesses profissionais. a) renegar qualquer falsidade ou malícia que de modo direto ou indireto possam macular a reputação, a situação ou atividade de outro colega; b) abster-se de se interpor entre outros profissionais e seus clientes sem ser solicitada sua intervenção e, neste caso, cuidar para que não se cometam injustiças; c) respeitar o direito autoral, não se apossando como sua de ideia, estudo ou trabalho de outrem e não permitindo ou contribuindo, no âmbito do seu conhecimento, para que outros o façam; d) jamais reproduzir trabalhos alheios, sem a necessária citação e autorização expressa e, quando o fizer, reproduzi-lo por inteiro de modo a expressar corretamente o sentido das teses desenvolvidas. e) recusar-se a substituir outro colega quandoas razões para tal não forem AN02FREV001/REV 4.0 42 plenamente justificáveis, salvo por determinação judicial; neste caso fazê-lo, com o conhecimento do substituído, assim como, somente proceder a revisão, alteração ou complementação de trabalhos de outrem, com prévio conhecimento deste, exceto quando o mesmo se recusar a completá-lo ou manifestar vontade de abster-se do procedimento. 4) Abster-se de solicitar ou submeter à apreciação de terceiros propostas que contenham condições que possam representar competição de preços por serviços profissionais de igual teor. a) abster-se de competir por meio de reduções de remuneração ou qualquer outra forma, direta ou indireta, de concessão; b) manter-se atualizado quanto ao Regulamento de Honorários da entidade e adotá-lo como base para seus serviços. 5) Exercer o trabalho profissional com lealdade, dedicação e honestidade e com espírito de justiça e equidade para com seus solicitantes. a) considerar como confidencial toda informação técnica, financeira ou de outra natureza, que obtenha sobre os interesses de seu cliente no exercício de tarefas como consultor, árbitro e, nos processos judiciais, como perito ou assistente técnico; b) receber remuneração somente de uma única fonte pelo mesmo serviço prestado, salvo se, para proceder de modo diverso, houver prévio consentimento de todas as partes interessadas. 6) Como Perito Judicial observar as normas e obrigações morais pertinentes. a) manter conduta ilibada e irrepreensível caracterizada pela incorruptibilidade AN02FREV001/REV 4.0 43 tanto na vida pública, como na particular, para ser merecedor de confiança e fazer jus ao conceito que possui; b) pautar-se sempre pela veracidade dos fatos, dentro da melhor técnica, limitando seus pareceres às matérias específicas objeto da consulta, dentro da mais absoluta imparcialidade, sem deixar-se influenciar por interesses pessoais ou escusos; c) manter o decoro e a dignidade profissional somente aceitando encargo para o qual esteja especificamente habilitado, renunciando a qualquer remuneração excessiva ou inadequada; d) atuar com lisura e transparência junto aos participantes da lide, agindo no interesse exclusivo do trabalho e não se beneficiando de suas funções; e) promover e aceitar, contemporaneamente e em igualdade, a assessoria dos assistentes técnicos do feito, colocando-os a par de suas atividades e estudos dos casos em questões e não omitir, sem justo e explicitado motivo, argumentos, documentos ou provas por eles oferecidas; f) fornecer a tempo aos assistentes técnicos cópias de textos prévios ou definitivos de seus laudos, permitindo-lhes assim exercer suas funções em tempo hábil para cumprir os prazos processuais; g) dar os mais jovens e novatos tratamento respeitoso aos mais experientes e, reciprocamente, devem estes atender com solicitude aos primeiros, tendo em vista sua possível condição de guia e modelo; h) receber honorários somente depois de arbitrados, e nesse valor, com autorização do Juízo, abdicando-se de recebê-los, direta ou indiretamente, de outras formas e fontes; AN02FREV001/REV 4.0 44 i) como Perito Judicial, só aceitar nomeações em casos para os quais esteja especificamente habilitado e atualizado e, abster-se de transferir perícias inteiramente a terceiros, por ser este tipo de encargo pessoal e intransferível ("intuito personae"). 7) Como Assistente Técnico em processo judicial, assessorar de direito a parte que o indicou, mas de fato e, em primeiro lugar, à justiça e à verdade, contribuindo para que o resultado da perícia resulte na expressão desta. a) auxiliar o perito, acompanhando-o nos estudos e diligências e fornecer-lhe todas as informações disponíveis; b) apresentar todos os fatos e documentos de seu conhecimento ao perito judicial, abstendo-se de sonegar pormenores que possam servir posteriormente para criticar o laudo oficial desmerecendo sua credibilidade. Sempre que solicitado, manifestar-se sobre eventual estudo ou laudo prévio submetido a exames pela vistoria oficial. 8) Respeitar a regulamentação do logotipo do IBAPE. 9) Velar pela reputação do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia e da profissão de engenheiro, arquiteto ou engenheiro agrônomo, conhecendo e fazendo cumprir este código e a legislação que rege o exercício profissional, visando a agir com correção e colaborando para sua atualização e aperfeiçoamento. São Paulo, 26 de fevereiro de 1999. FIM DO MÓDULO I AN02FREV001/REV 4.0 45 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE PERÍCIA AMBIENTAL Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 46 CURSO DE PERÍCIA AMBIENTAL MÓDULO II Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 47 MÓDULO II Agora que você já está familiarizado com as noções básicas essenciais à Perícia Ambiental, o próximo passo é conhecer o procedimento padrão para a realização das mesmas. 2 PROCEDIMENTO PADRÃO PARA A REALIZAÇÃO DE PERÍCIAS AMBIENTAIS 2.1 PROCEDIMENTOS EM PERÍCIA AMBIENTAL No Brasil, a Perícia Ambiental é um procedimento utilizado principalmente como um meio de prova e fornecimento de subsídios em processos judiciais. Em termos de procedimento processual, as perícias ambientais não diferem das perícias comuns, sendo as mesmas subordinadas aos procedimentos processuais para a execução de perícias judiciais dispostos no Código de Processo Civil e, em alguns casos, no Código de Processo Penal e em outras legislações. No entanto, a Perícia Ambiental, exclusivamente, encontra-se também disciplinada na Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98), como demonstra o artigo abaixo: Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível, fixará o montante do prejuízo causado para efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa. Parágrafo único. A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo civil poderá ser aproveitada no processo penal, instaurando-se o contraditório. (Lei nº 9.605/98). AN02FREV001/REV 4.0 48 É imprescindível que todo perito e/ou assistente técnico, além de conhecer a legislação relacionada ao caso periciado, tenha conhecimento dos artigos do Código de Processo Civil que versam sobre a perícia na esfera civil: artigos 19, 33, 130, 131, 138, 145, 146, 147 e 420 a 443. Lendo e interpretando o conjunto destes artigos será possível entender o procedimento a ser seguido para a realização correta de uma Perícia Ambiental no âmbito jurídico. Por sua vez, as Perícias Administrativas estão disciplinadas no Decreto nº 6.514/2008, que dispõe sobre as infrações e sanções administrativas ao meio ambiente, estabelece o processo administrativo federal para apuração destas infrações e dá outras providências. Já as Perícias Criminais estão elencadas pelo Código de Processo Penal, principalmente nos artigos: 112, 145, 146, 147, 159, 160, 161, 170, 172, 173, 176, 180, 181, 182, 184, 275 a 281 e 564. No entanto, como os procedimentos disciplinados pelo Código de Processo Penal para a realização de Perícias Criminais são muito parecidos com os do Código de Processo Civil, o enfoque neste curso será dado ao Código de Processo Civil. Contudo, a leitura dos artigosacima citados do Código de Processo Penal e da Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98) é recomendada para aqueles que têm interesse na realização de Perícias Ambientais Criminais. 2.1.1 Demanda por Perícias Ambientais No Brasil, as solicitações por perícias ambientais ocorrem nas três esferas do Direito: Civil, Criminal e Administrativo. Na esfera Administrativa: normalmente a Perícia Ambiental é solicitada pela autoridade administrativa em sindicâncias ou processos administrativos; Na esfera Criminal: a demanda por perícias ocorre na fase de inquéritos AN02FREV001/REV 4.0 49 policiais por solicitação de delegados de polícia, Polícia Ambiental, Polícia Militar, Ministério Público, etc. Em geral, é baseado no laudo pericial que a autoridade policial indicia, ou não, o infrator. O maior número de ocorrências são as infrações encaminhadas pelas polícias ambientais. Na esfera Civil: em geral, as perícias são solicitadas pelo Ministério Público (Inquéritos civis) ou por juízes na fase processual, principalmente para a avaliação de danos ambientais. Os temas passíveis de se tornarem objeto de estudo de perícias ambientais estão demonstrados na figura 10 a seguir. 2.1.2 Demanda por Peritos Ambientais Os peritos ambientais trabalham em diversos órgãos: Nas polícias civil, federal, estadual, militar e ambiental; Órgãos estaduais e municipais de meio ambiente; Procuradoria de Justiça e Ministério Público; Para atuar como perito judicial não há necessidade de vínculo institucional, assim os peritos podem ser profissionais liberais em profissões regulamentadas por lei. No âmbito jurídico, quando não há peritos oficiais, a autoridade no processo faz a nomeação de um perito, chamado de perito ad hoc (no âmbito do Direito, ad hoc pode ser interpretado como “para fim específico”). AN02FREV001/REV 4.0 50 FIGURA 10 – FLUXOGRAMA: OBJETOS DE ESTUDO DA PERÍCIA AMBIENTAL FONTE: Almeida, 2006. AN02FREV001/REV 4.0 51 2.1.3 A Perícia Ambiental e a Legislação É fundamental para um perito ambiental conhecer a legislação da área, principalmente a pertinente ao caso periciado, afinal é a legislação que fornece o embasamento necessário para a execução da perícia, pois o laudo pericial deve ser expresso em conclusões fundamentadas, e esta fundamentação constitui-se no embasamento teórico e legal que o perito deve levantar sobre o caso. Assim, um dos primeiros passos da Perícia Ambiental é organizar a lista de documentos que precisam ser analisados e legislações pertinentes ao caso. Alguns documentos devem ser avaliados imediatamente no início da perícia, visando esclarecimentos acerca do caso, como, por exemplo: alvarás, licenças, autorizações, relatórios de fiscalização, etc. E em toda perícia deve-se averiguar e levantar a legislação que diz respeito à mesma. Por exemplo, quando o objeto de estudo é um efluente, a principal legislação pertinente é a resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) no 357/2005, que dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Esta resolução é norteadora para perícias em que o caso envolva efluentes, pois estabelece as condições e os padrões finais para o lançamento dos mesmos em corpos receptores. 2.2 REGRAS DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL Como já foi dito anteriormente, é imprescindível que todo perito e/ou assistente técnico, além de conhecer a legislação relacionada ao caso periciado, tenha conhecimento dos artigos do Código de Processo Civil, pois é AN02FREV001/REV 4.0 52 somente por meio da leitura e interpretação do conjunto destes artigos que é possível entender o procedimento a ser seguido para a realização correta de uma perícia ambiental no âmbito jurídico. 2.2.1 Artigos Importantes do Código de Processo Civil Abaixo, organizados em suas respectivas áreas de modo a facilitar o entendimento, estão os artigos mais importantes do Código de Processo Civil que versam sobre a perícia. Após cada artigo estão observações, as quais visam facilitar a sua interpretação e demonstrar o seu uso na prática. 2.2.1.1 Sobre a remuneração da perícia Art. 19. Salvo as disposições concernentes à justiça gratuita, cabe às partes prover as despesas dos atos que realizam ou requerem no processo, antecipando-lhes o pagamento desde o início até sentença final; e bem ainda, na execução, até a plena satisfação do direito declarado pela sentença. § 1 o O pagamento de que trata este artigo será feito por ocasião de cada ato processual. § 2 o Compete ao autor adiantar as despesas relativas a atos, cuja realização o juiz determinar de ofício ou a requerimento do Ministério Público. Art. 33. Cada parte pagará a remuneração do assistente técnico que ARTIGOS 19, 33, 130, 131, 138, 145, 146, 147, 420 a 443 AN02FREV001/REV 4.0 53 houver indicado; a do perito será paga pela parte que houver requerido o exame, ou pelo autor, quando requerido por ambas as partes ou determinado de ofício pelo juiz. Parágrafo único. O juiz poderá determinar que a parte responsável pelo pagamento dos honorários do perito deposite em juízo o valor correspondente a essa remuneração. O numerário, recolhido em depósito bancário à ordem do juízo e com correção monetária, será entregue ao perito após a apresentação do laudo, facultada a sua liberação parcial, quando necessária. (ART. 19, 33 DO CPC). Observações: As partes são responsáveis pelo pagamento do assistente técnico que houverem indicado. Antes de aceitar realizar a perícia, o perito nomeado pode consultar o processo, o que também é importante para a confecção do orçamento dos honorários. O perito não pode ser pago diretamente por uma das partes, pois pode configurar suborno, assim os honorários são depositados em juízo, isto é, em uma conta bancária, e podem ser liberados após solicitação ao juiz. Se para o perito for necessário receber os honorários antecipadamente devido aos custos da realização da perícia, pode-se adicionar a proposta de parcelamento no ato da apresentação dos honorários (Vide anexo). Para apresentar a proposta de honorários periciais, o perito deve levantar todos os custos acerca da perícia a ser realizada e apresentá- los em orçamento, como por exemplo: encargos, manutenção do escritório, carga de horas necessárias para fazer o laudo (inclui estudar o processo, legislação pertinente, diligências necessárias, execução, revisão) custos de transporte, estadia, exames de laboratórios, mapas, fotos, Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, etc. O perito pode contratar outros profissionais para ajudá-lo na perícia, esta complementação pode ser adicionada aos honorários, no entanto, a responsabilidade pala perícia e pelo conteúdo do laudo pericial continua sendo do perito oficial. AN02FREV001/REV 4.0 54 2.2.1.2 Sobre o perito e o assistente técnico Art. 145. Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, o juiz será assistido por perito, segundo o disposto no art. 421. § 1 o Os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível universitário, devidamente inscritos no órgão de classe competente, respeitado o disposto no Capítulo Vl, seção Vll, deste Código. § 2 o Os peritos comprovarão sua especialidade na matéria sobre que deverão opinar, mediante certidão do órgão profissional em que estiverem inscritos. § 3 o Nas localidades onde não houver profissionais qualificados que preencham os requisitos dos parágrafos anteriores, a indicação dos peritos será de livre escolha do juiz. Art. 146.
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