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Perícia Ambiental

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AN02FREV001/REV 4.0 
 1 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
PERÍCIA AMBIENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
PERÍCIA AMBIENTAL 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou 
distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do 
conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências 
Bibliográficas. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 3 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
MÓDULO I 
1 NOÇÕES BÁSICAS ESSENCIAIS À PERÍCIA AMBIENTAL 
1.1 PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL 
1.1.1 Conceito de Meio Ambiente 
1.1.2 Legislação Ambiental 
1.1.2.1 Competência ambiental 
1.1.2.2 Política ambiental brasileira 
1.1.2.3 Licenciamento ambiental 
1.1.2.4 Estudos ambientais 
1.1.2.5 Legislação ambiental brasileira relevante 
1.2 IMPACTOS E PASSIVOS AMBIENTAIS 
1.2.1 Impacto e Poluição Ambiental 
1.2.2 Áreas de Influências: Direta e Indireta 
1.2.3 Passivo Ambiental 
1.3 PERÍCIA 
1.3.1 Definição de Perícia Ambiental 
1.3.2 Laudo Pericial 
1.4 O PERITO 
1.4.1 O Perito Ambiental 
1.4.2 Assistente Técnico 
ANEXO: CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO IBAPE 
 
 
MÓDULO II 
2 PROCEDIMENTO PADRÃO PARA A REALIZAÇÃO DE PERÍCIAS 
AMBIENTAIS 
2.1 PROCEDIMENTOS EM PERÍCIA AMBIENTAL 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 4 
2.1.1 Demanda por Perícias Ambientais 
2.1.2 Demanda por Peritos Ambientais 
2.1.3 A Perícia Ambiental e a Legislação 
2.2 REGRAS DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
2.2.1 Artigos Importantes do Código de Processo Civil 
2.2.1.1 Sobre a remuneração da perícia 
2.2.1.2 Sobre o perito e o assistente técnico 
2.2.1.3 Sobre impedimento e suspeição 
2.2.1.4 Sobre os prazos 
2.2.1.5 Sobre a perícia 
2.2.1.6 Sobre as petições 
2.2.1.7 O laudo pericial 
2.3 RESUMO GERAL 
ANEXOS: MODELOS DE PETIÇÕES 
 
 
MÓDULO III 
3 INTRODUÇÃO 
3.1 PERÍCIA AMBIENTAL 
3.2 O PERITO AMBIENTAL 
3.2.1 Como se Tornar um Perito Ambiental? 
3.2.2 Procedimentos Técnicos do Perito Ambiental 
3.3 IDENTIFICAÇÃO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS POR 
TIPOLOGIA DE ATIVIDADE 
3.3.1 Agropecuária 
3.3.2 Agroindústria 
3.3.3 Indústria do Couro 
3.3.4 Indústria Química 
3.3.5 Mineração 
3.3.6 Obras Rodoviárias 
3.3.7 Saneamento Ambiental 
3.3.8 Barragens e Reservatórios 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 5 
MÓDULO IV 
4 MÉTODOS E TÉCNICAS APLICÁVEIS NA EXECUÇÃO DA PERÍCIA 
4.1 POLUIÇÃO VS. CONTAMINAÇÃO 
4.2 FONTES DE POLUENTES: PONTUAIS E DIFUSAS 
4.3 MÉTODOS E TÉCNICAS APLICÁVEIS NA PERÍCIA AMBIENTAL 
4.3.1 Amostragem de Água 
4.3.1.1 Parâmetros 
4.3.1.2 Para fins de potabilidade 
4.3.2 Efluentes Industriais 
4.4 ESTUDO DE CASO 
4.4.1 Exemplo Perícia e Laudo Pericial 
4.5 VOCABULÁRIO ÚTIL 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 6 
 
 
MÓDULO I 
 
 
Este curso tem como objetivo contribuir com a difusão dos 
conhecimentos, técnicas e modos de aplicação da Perícia Ambiental no 
contexto brasileiro. Nos diversos módulos procura-se mostrar os 
procedimentos de como fazer uma Perícia Ambiental e a sua importância 
quando bem feita, não só como ferramenta para avaliação de danos 
ambientais, mas também pelos impactos positivos para a proteção do 
meio ambiente propiciado à sociedade. 
 
 O público-alvo do curso são os estudantes, empresários, profissionais 
autônomos, associações e organizações que trabalham com a área ambiental, 
ou não, e desejam conhecer mais sobre este tema. 
 
 
1 NOÇÕES BÁSICAS ESSENCIAIS À PERÍCIA AMBIENTAL 
 
 
1.1 PRINCÍPIOS DE DIREITO AMBIENTAL 
 
 
O homem possui necessidades básicas para sua sobrevivência e 
diariamente busca a satisfação dessas necessidades, sejam elas fisiológicas, 
de segurança, sociais, de estima ou de autorrealização. No entanto, com o 
passar do tempo começaram a surgir conflitos entre os homens, que eram 
resolvidos entre as próprias partes envolvidas, usando dos meios possíveis 
para fazer valer sua vontade sobre a do oponente, já que o que valia naquela 
época era a máxima: “olho por olho, dente por dente”. 
Com o avanço da sociedade foi-se percebendo que podia ser criado 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 7 
outro meio para resolver os conflitos. Os estados começaram a chamar para si 
essa responsabilidade e criaram leis baseadas nos princípios morais da época. 
Por meio do aperfeiçoamento, baseado em experiências do cotidiano, esses 
princípios passaram a ser mais fortes e amplos, versando sobre os mais 
variados temas que eram de interesse comum da sociedade e do Estado. A 
essa Ordem Jurídica que estava sendo criada para dirimir os conflitos deu-se 
o nome de Direito. 
Com a evolução tecnológica o ser humano foi capaz de entender o 
meio ambiente à sua volta e assim perceber seus efeitos e as consequências 
que seus atos tinham sobre a natureza. Como atualmente a natureza não 
consegue se recompor com a mesma velocidade com que os seres humanos a 
exploram, o Direito – que constitui-se no estabelecimento de regras pelo 
próprio grupo e em seu interesse, criando assim um complexo de regulamentos 
que conforme o tempo podem receber inovações para se adequar ao 
surgimento de novas necessidades – acabou por atender às necessidades da 
natureza, resultando assim no Direito Ambiental, que prima pela utilização 
racional dos recursos naturais e do meio ambiente. 
 O Direito Ambiental busca regular a interação do ser humano com o 
meio ambiente e, se necessário, intervir com sanções para os que 
desobedecem as leis. Essas punições podem ser de várias formas, desde a 
perda da liberdade até o pagamento de multa. A base do Direito são os 
princípios, são os pilares que sustentam e servem como guia na criação de 
leis. Eles são tão importantes no direcionamento do Direito que se uma lei for 
feita em desacordo com algum princípio ela será inválida. 
 O ramo do Direito Ambiental também possui seus princípios, que além 
de serem moldados pelas leis brasileiras também possuem influências 
internacionais, provenientes dos acordos e tratados internacionais dos quais o 
Brasil faz parte. Os princípios mais conhecidos do Direito Ambiental são: 
 
 Princípio da precaução: Previsto no artigo 225 da Constituição 
Federal, ele cuida do controle de precaução que o Poder Público pode 
exercer para controlar os meios e técnicas de uso de substâncias ou 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 8 
objetos que trazem risco à saúde do ser humano e do meio ambiente. O 
objetivo é evitar que novas substâncias químicas ou até mesmo 
inovações tecnológicas sejam usadas sem a devida precaução, 
causando danos ambientais. 
 Princípio da prevenção: É uma continuação do Princípio da Precaução 
e firma os cuidados que devem ser tomados para evitar danos 
ambientais decorrentes de tecnologias ou substâncias já existentes, que 
se utilizadas de modo errôneo podem acarretar danos. Esse princípio 
resultou na criação das licenças ambientais que são obrigatórias para a 
instalação e operação de atividades potencialmente poluidoras. 
 Princípio da publicidade: Também conhecido como Princípio da 
Informação, tem a finalidade de promover a conscientização pública 
para a preservação do meio ambiente, no que diz respeito a expandir o 
conhecimento por meio da educação ambiental. Também exige que 
sejam abertos os processos que tenham relação ao meio ambiente, 
nisso incluídos processos de licenciamentos ambientais. Este princípio 
está descrito no artigo 225, parágrafo 1º da Constituição. 
 Princípio da responsabilização do dano ambiental: É a 
responsabilidade que o poluidor enfrenta de reparar e indenizar por meio 
de multas as áreas afetadas quando, mesmousando de meios lícitos, 
por motivo de negligência ou imperícia, acaba por provocar danos ao 
meio ambiente. 
 Princípio da função socioambiental da propriedade: As propriedades 
não dão aos seus donos o direito de a usarem como quiserem. Seu uso 
deve estar sempre de acordo com as leis ambientais. A finalidade do 
princípio é fazer com que as propriedades não se tornem um peso para 
a sociedade ao serem instaladas em local impróprio, como, por exemplo, 
dentro de uma reserva florestal, ou que soltem poluentes acima do 
permitido. Este princípio foi estabelecido pelo Código Civil, artigo 1228. 
 Princípio do poluidor pagador: Possui dois aspectos, o primeiro que 
obriga a indenizar todo e qualquer dano que o poluidor tenha causado e, 
o segundo, que o poluidor pague por todas as medidas e licenças 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 9 
necessárias para não causar danos ou deixar os níveis de sua poluição 
dentro do aceitável. Internacionalmente, esse princípio também está 
englobando o mercado dos créditos de carbono, no qual empresas 
poluidoras precisam comprar os créditos equivalentes a reduções 
certificadas de emissões para poder continuar em funcionamento. Sua 
previsão está no artigo 225, parágrafo 3º da Constituição Federal. 
 Princípio do desenvolvimento sustentável: Tem por ideal o 
crescimento das cidades de modo ordenado e com a utilização racional 
dos recursos naturais, sem que se corra o risco de esgotá-los ou de 
comprometê-los com poluentes, permitindo assim a sua continuidade 
para as próximas gerações. É referido no artigo 4º da Lei do Sistema 
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, também conhecida 
como Lei do SNUC. 
 Princípio da cooperação internacional: Pretende a união de diversos 
países por meio de convenções e tratados internacionais para firmarem 
metas conjuntas de proteção do meio ambiente. A participação dos 
países é voluntária e só se torna obrigatória quando o país decidir por 
fazer parte e assinar, se comprometendo com as metas conjuntas. 
 
 Muitos dos princípios acima estão estabelecidos no artigo 225 da 
Constituição Federal, que discorre sobre o meio ambiente, assim torna-se 
fundamental uma leitura detalhada do mesmo, que consta no extrato abaixo: 
 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia 
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o 
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras 
gerações. 
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder 
Público: 
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover 
o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; 
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do 
País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de 
material genético; 
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e 
seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a 
alteração e a supressão permitidas somente por meio de lei, vedada 
qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que 
justifiquem sua proteção; 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 10 
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade 
potencialmente causadora de significativa degradação do meio 
ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará 
publicidade; 
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, 
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade 
de vida e o meio ambiente; 
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a 
conscientização pública para a preservação do meio ambiente; 
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas 
que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção 
de espécies ou submetam os animais a crueldade. 
§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar 
o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida 
pelo órgão público competente, na forma da lei. 
§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio 
ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a 
sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação 
de reparar os danos causados. 
§ 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do 
Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio 
nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de 
condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive 
quanto ao uso dos recursos naturais. 
§ 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos 
Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos 
ecossistemas naturais. 
§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua 
localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser 
instaladas. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, artigo 225, 1988). 
 
 
1.1.1 Conceito de Meio Ambiente 
 
 
O campo de atuação da Perícia Ambiental é o meio ambiente, assim é 
fundamental conceituar este termo. A Lei da Política Nacional do Meio 
Ambiente, Lei no 6.938 de 1981, define em seu artigo 3º: “Meio ambiente é o 
conjunto de condições, influências e interações de ordem física, química e 
biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. 
 Analisando o conceito acima, percebemos que o meio ambiente é 
tomado como uma entidade natural e dinâmica, com características próprias e 
particulares. Já outros autores possuem conceitos mais abrangentes para meio 
ambiente que englobam a divisão do mesmo em quatro meios, como veremos 
futuramente. José Afonso da Silva conceitua o meio ambiente como “a 
interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 11 
propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas”. 
 
O conceito de meio ambiente é muito abrangente, pois engloba tudo 
que há na superfície terrestre. Assim sendo, surge a divisão deste conceito em 
quatro meios diferentes: 
 
 Meio Ambiente Artificial: o espaço urbano construído, tanto fechado, 
como aberto. Exemplo: praças, edifícios, ruas, etc. 
 Meio Ambiente Natural: a natureza. Exemplo: o solo, a água, o ar, a 
flora, a fauna, etc. 
 Meio Ambiente Cultural: obra do homem e do seu intelecto, exemplo: o 
patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico, turístico. 
 Meio Ambiente do Trabalho: relacionado com os aspectos sanitários 
ou de saúde pública do meio em que as pessoas trabalham. Exemplo: 
escritórios, construções civis, órgãos públicos, etc. 
 
A figura 1 exemplifica os diferentes meios e a relação entre eles. 
Analisando esta figura percebemos que o meio ambiente é uma parte essencial 
de nossas vidas e do qual também fazemos parte. Vivemos nosso cotidiano no 
meio ambiente, assim os problemas que o afetam, consequentemente, também 
nos afetam, por exemplo: a falta de rede de coleta e tratamento de esgoto 
sanitário, o ar poluído, os lixões, a falta de arborização urbana, etc. 
O artigo 225 da Constituição Federal expressa que o meio ambiente é 
passível de proteção, pois é essencial à qualidade de vida, e que cabe à 
coletividade e ao poder público o dever de defendê-lo e preservá-lo. Essa 
afirmação é muito importante, pois demonstra que existe o compromisso 
brasileiro com o meio ambiente, principalmente em termos legislativos. 
 
1.1.2 Legislação Ambiental 
 
 
É fundamental para um perito ambiental conhecer a legislação da área, 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 12 
principalmente a pertinente ao caso periciado, pois a legislação fornece o 
embasamento necessário para a identificação das não conformidades que 
podem ser registradas durante a perícia. No Brasil, a legislação ambiental é 
ampla, com inúmeras leis, resoluções e portarias, no entanto, antes de falar 
especificamente sobre os seus aspectos mais relevantes precisamosintroduzir 
alguns conceitos: 
 
 
FIGURA 1 - ABRANGÊNCIA DO CONCEITO DE AMBIENTE 
 
FONTE: Sánchez, 2006. 
 
1.1.2.1 Competência ambiental 
 
 
Competência legislativa: é a competência atribuída aos entes da 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 13 
Federação (estados, municípios) para fazer leis. Ou seja, são os limites 
impostos para cada ente federativo na capacidade de legislar sobre 
determinadas matérias. As competências legislativas para assuntos ambientais 
estão descritas na Constituição e podem ser brevemente resumidas como: 
 
Privativa: A União (ou seja, o Governo Federal) é a única responsável 
por redigir as leis que dizem respeito à água, energia, jazidas, energia nuclear 
e minas (art. 21 da Constituição). Já os estados podem legislar sobre temas 
não vedados pelo art. 25 da Constituição. Os municípios podem legislar no que 
não foi citado anteriormente e pelo art. 30 da Constituição no que for do 
interesse local. 
Concorrente: Os estados podem legislar, se a União não tiver feito. No 
caso de a União produzir uma lei no mesmo conteúdo, sua lei prevalece. A 
competência se dá nas áreas de pesca, florestas, fauna, caça, defesa do solo e 
dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição, 
proteção do patrimônio paisagístico e responsabilidade por danos ao meio 
ambiente. 
Suplementar: Os municípios podem legislar no que lhes couber ou for 
de interesse local, conforme o art. 30 da Constituição. 
 
Assim, podemos observar que a competência ambiental legislativa se 
divide por categoria de importância, sendo as mais importantes e arriscadas, 
como a energia nuclear (que possui um grande risco ambiental), matéria 
privativa da União. 
 
 
 
 
1.1.2.2 Política ambiental brasileira 
 
 
A Lei nº 6.938, de 1981, também conhecida como Lei da Política 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 14 
Nacional do Meio Ambiente (PNMA), possui um duplo objetivo: apresentar a 
Política Nacional do Meio Ambiente, e os seus instrumentos, e constituir o 
Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA). 
O objetivo da PNMA é estabelecido no artigo 2º da referida lei: 
 
A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, 
melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, 
visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento 
socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção 
da dignidade da vida humana. (LEI 6.938, 1981). 
 
Em seu artigo 3º a Lei da PNMA traz as seguintes definições: 
 
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, 
influências e interações de ordem física, química e 
biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as 
suas formas; 
II - degradação da qualidade ambiental, a alteração 
adversa das características do meio ambiente; 
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental 
resultante de atividades que direta ou indiretamente: 
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da 
população; 
 b) criem condições adversas às atividades sociais e 
econômicas; 
 c) afetem desfavoravelmente a biota; 
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio 
ambiente; 
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os 
padrões ambientais estabelecidos; 
IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público 
ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por 
atividade causadora de degradação ambiental; 
V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, 
superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 15 
o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a 
flora. 
 
Em seu artigo 9º a referida Lei apresenta os instrumentos de proteção 
ambiental da Política Nacional de Meio Ambiente brasileira: 
 
 I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; 
 II - o zoneamento ambiental; 
 III - a avaliação de impactos ambientais; 
 IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou 
potencialmente poluidoras; 
V - os incentivos à produção e instalação de 
equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia, 
voltados para a melhoria da qualidade ambiental; 
VI - § 1 - a criação de reservas e estações ecológicas, 
áreas de proteção ambiental e as de relevante interesse 
ecológico, pelo Poder Público Federal, Estadual e 
Municipal; 
VI - § 2 - a criação de espaços territoriais especialmente 
protegidos pelo Poder Público federal, estadual e 
municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de 
relevante interesse ecológico e reservas extrativistas; 
 VII - o sistema nacional de informações sobre o meio 
ambiente; 
 VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e 
Instrumentos de Defesa Ambiental; 
IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao 
não cumprimento das medidas necessárias à preservação 
ou correção da degradação ambiental. 
X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio 
Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo Instituto 
Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 16 
Renováveis - IBAMA; 
 XI - a garantia da prestação de informações relativas ao 
Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzi-
las, quando inexistentes; 
 XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades 
potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos 
ambientais; 
XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, 
servidão ambiental, seguro ambiental e outros. 
 
Além de instituir os instrumentos de proteção ambiental brasileiros, a 
Lei nº 6.938 também constituiu o Sistema Nacional de Meio Ambiente 
(SISNAMA) e o Conselho Nacional de Meio Ambiente, também conhecido 
como CONAMA. Os extratos abaixo estabelecem a constituição do SISNAMA e 
as atribuições do CONAMA. 
 
Art. 6º - Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito 
Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem como as fundações 
instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria 
da qualidade ambiental, constituirão o Sistema Nacional do Meio 
Ambiente - SISNAMA, assim estruturado: 
 I - órgão superior: o Conselho de Governo, com a função de 
assessorar o Presidente da República na formulação da política 
nacional e nas diretrizes governamentais para o meio ambiente e os 
recursos ambientais; 
 II - órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio 
Ambiente (CONAMA), com a finalidade de assessorar, estudar e 
propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas 
governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e 
deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões 
compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e 
essencial à sadia qualidade de vida; 
 III - órgão central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da 
República, com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e 
controlar, como órgão federal, a política nacional e as diretrizes 
governamentais fixadas para o meio ambiente; 
 IV - órgão executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos 
Recursos Naturais Renováveis, com a finalidade de executar e fazer 
executar, como órgão federal, a política e diretrizes governamentais 
fixadas para o meio ambiente; 
 V - Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais 
responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo controle e 
fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação 
ambiental; 
 VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 17 
pelo controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas 
jurisdições; 
 § 1º Os Estados, na esfera de suas competências e nas áreas de 
sua jurisdição, elaborarão normas supletivas e complementares e 
padrões relacionados com o meio ambiente, observados os que 
forem estabelecidos pelo CONAMA. 
 § 2º Os Municípios, observadas as normas e os padrões federais e 
estaduais, também poderão elaborar as normas mencionadas no 
parágrafo anterior. 
 Art. 8ºCompete ao CONAMA: 
 I - estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para 
o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a 
ser concedido pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA; 
 II - determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos 
das alternativas e das possíveis consequências ambientais de 
projetos públicos ou privados, requisitando aos órgãos federais, 
estaduais e municipais, bem assim a entidades privadas, as 
informações indispensáveis para apreciação dos estudos de impacto 
ambiental, e respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades de 
significativa degradação ambiental, especialmente nas áreas 
consideradas patrimônio nacional. 
 III - decidir, como última instância administrativa em grau de recurso, 
mediante depósito prévio, sobre as multas e outras penalidades 
impostas pelo IBAMA; 
 IV - homologar acordos visando à transformação de penalidades 
pecuniárias na obrigação de executar medidas de interesse para a 
proteção ambiental; 
 V - determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou 
restrição de benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público, em 
caráter geral ou condicional, e a perda ou suspensão de participação 
em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; 
 VI - estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de 
controle da poluição por veículos automotores, aeronaves e 
embarcações, mediante audiência dos Ministérios competentes; 
 VII - estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à 
manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso 
racional dos recursos ambientais, principalmente os hídricos. 
 
Por meio da leitura do extrato acima podemos observar que uma das 
atribuições do CONAMA é estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao 
controle ambiental. Essa atribuição é colocada em prática por intermédio das 
Resoluções do CONAMA, regulamentações de caráter técnico que visam 
cumprir o determinado pelo primeiro instrumento de proteção ambiental: “I - 
estabelecimento de padrões de qualidade ambiental”. 
 
1.1.2.3 Licenciamento ambiental 
 
 
Na legislação ambiental brasileira as atividades potencialmente 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 18 
poluidoras, como as indústrias, são sujeitas ao licenciamento ambiental, 
conforme determina a resolução CONAMA no 237/1997 e outras legislações 
federais, estaduais e municipais. Essas leis estipulam que é obrigação do 
empreendedor buscar o licenciamento ambiental junto ao órgão competente, 
desde as etapas iniciais do planejamento de seu empreendimento e instalação 
até a sua efetiva operação. 
O licenciamento ambiental de atividades potencialmente poluidoras 
também é um dos Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, e sua 
principal função é conciliar o desenvolvimento econômico com a conservação 
do meio ambiente. Na resolução normativa CONAMA no 237/97, o 
licenciamento ambiental é definido como: 
 
O procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental 
competente licencia a localização, instalação, ampliação e a 
operação de empreendimentos e atividades que utilizam recursos 
ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou 
daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação 
ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as 
normas técnicas aplicáveis ao caso. (CONAMA n
o
 237, 1997).
 
 
A licença ambiental é um documento com prazo de validade definido, 
no qual o órgão ambiental estabelece regras, condições, restrições e medidas 
de controle ambiental a serem seguidas pela atividade que está sendo 
licenciada. Ao receber a licença ambiental, o empreendedor assume os 
compromissos para a manutenção da qualidade ambiental do local em que a 
sua atividade se instala. 
Ou seja, podemos concluir que qualquer projeto que possa 
desencadear efeitos negativos (impactos ambientais) no meio ambiente precisa 
ser submetido a um processo de licenciamento ambiental, pois este é a 
principal ferramenta que a sociedade tem para controlar a manutenção da 
qualidade do meio ambiente, o que está diretamente ligado com a saúde 
pública e com boa qualidade de vida para a população. 
Assim sendo, conclui-se que o licenciamento ambiental é o instrumento 
que o poder público possui de controlar a instalação e operação das atividades, 
visando preservar o meio ambiente para as sociedades atuais e futuras. Uma 
série de processos faz parte do licenciamento ambiental, que envolve tanto 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 19 
aspectos jurídicos, como técnicos, administrativos, sociais e econômicos dos 
empreendimentos que serão licenciados. 
Nos extratos abaixo da resolução normativa CONAMA No 237/97 
observa-se a seguinte hierarquia de licenças e o seguinte procedimento para o 
licenciamento ambiental: 
 
Art. 8º - O Poder Público, no exercício de sua competência de 
controle, expedirá as seguintes licenças: 
I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do 
planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua 
localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e 
estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem 
atendidos nas próximas fases de sua implementação; 
II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do 
empreendimento ou atividade de acordo com as especificações 
constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as 
medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual 
constituem motivo determinante; 
III - Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou 
empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que 
consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental 
e condicionantes determinados para a operação. 
Art. 10
o
 - O procedimento de licenciamento ambiental obedecerá às 
seguintes etapas: 
I - Definição pelo órgão ambiental competente, com a participação do 
empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais, 
necessários ao início do processo de licenciamento correspondente à 
licença a ser requerida; 
II - Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, 
acompanhado dos documentos, projetos e estudos ambientais 
pertinentes, dando-se a devida publicidade; 
III - Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do 
SISNAMA, dos documentos, projetos e estudos ambientais 
apresentados e a realização de vistorias técnicas, quando 
necessárias; 
IV - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão 
ambiental competente, integrante do SISNAMA, uma única vez, em 
decorrência da análise dos documentos, projetos e estudos 
ambientais apresentados, quando couber, podendo haver a 
reiteração da mesma solicitação caso os esclarecimentos e 
complementações não tenham sido satisfatórios; 
V - Audiência pública, quando couber, de acordo com a 
regulamentação pertinente; 
VI - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão 
ambiental competente, decorrentes de audiências públicas, quando 
couber, podendo haver reiteração da solicitação quando os 
esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios; 
VII - Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, 
parecer jurídico; 
VIII - Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a 
devida publicidade. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 20 
 
1.1.2.4 Estudos ambientais 
 
 
No âmbito do processo de licenciamento ambiental, muitos 
documentos técnicos e estudos ambientais são solicitados visando dar 
embasamento teórico e prático ao licenciamento da atividade em questão. Os 
principais documentos técnicos solicitados em um processo de licenciamento 
ambiental são: Requerimento - Caracterização do Empreendimento, Termo de 
Referência, Estudos Ambientais (EIA/RIMA, PCA, RCA, etc.), Projeto Básico 
Ambiental (PAE, PGRS, PRAD, Programas de monitoramento, educação 
ambiental, etc.). 
Assim, em uma Perícia Ambiental é fundamental levantar os 
documentos técnicose estudos ambientais que existem sobre o caso periciado, 
pois os mesmos podem fornecer o embasamento necessário para uma melhor 
escolha dos métodos de amostragem e execução da perícia, conforme 
veremos nos próximos módulos. 
Dentre os estudos ambientais, é muito importante conhecer o de 
Avaliação de Impacto Ambiental, chamado de Estudo de Impacto 
Ambiental/Relatório de Impacto ao Meio Ambiente, ou EIA/RIMA. Estes dois 
documentos, que constituem um conjunto, objetivam avaliar os impactos 
ambientais decorrentes da instalação de um empreendimento e estabelecer 
programas para monitoramento e mitigação desses impactos. 
A obrigação da elaboração de um estudo de Avaliação de Impacto 
Ambiental (AIA), na forma de um EIA/RIMA, é imposta apenas para algumas 
atividades com potencial altamente poluidor, pelos órgãos licenciadores 
competentes (estadual, municipal e o IBAMA) e pela legislação pertinente, 
como a Resolução CONAMA no 001 de 1986 (vide figura 2), no âmbito do 
processo de licenciamento ambiental. 
FIGURA 2 – CAMPO DE APLICAÇÃO DOS ESTUDOS DE EIA/RIMA OU AIA 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 21 
 
FONTE: Sánchez, 2006. 
 
 
O Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto sobre o Meio 
Ambiente são um conjunto. A diferença entre estes dois documentos é que 
apenas o RIMA é de acesso público, pois o EIA contém maior número de 
informações sigilosas a respeito da atividade. Assim, o texto do RIMA deve ser 
mais acessível ao público, e instruído por mapas, quadros, gráficos e tantas 
outras técnicas quantas forem necessárias ao entendimento claro das 
consequências ambientais do projeto. 
O EIA/RIMA é feito por uma equipe multidisciplinar, pois deve 
considerar o impacto da atividade sobre os diversos meios ambientais: 
natureza, patrimônio cultural e histórico, o meio ambiente do trabalho e o 
antrópico. O EIA/RIMA cumpre o princípio da publicidade, pois permite a 
participação pública na aprovação de um processo de licenciamento ambiental 
que contenha este tipo de estudo, por meio de audiências públicas com a 
comunidade que será afetada pela instalação do projeto. 
O conteúdo de um EIA/RIMA é estipulado por termo de referências dos 
órgãos ambientais competentes e pela legislação pertinente, como demonstra 
o extrato abaixo da Resolução CONAMA no 001 de 1986. 
Artigo 6º - O estudo de impacto ambiental desenvolverá, no mínimo, 
as seguintes atividades técnicas: 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 22 
I - Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto, completa 
descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal 
como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área, 
antes da implantação do projeto, considerando: 
a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os 
recursos minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos 
d'água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as correntes 
atmosféricas; 
b) o meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna e a flora, 
destacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor 
científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de 
preservação permanente; 
c) o meio socioeconômico - o uso e ocupação do solo, os usos da 
água e a socioeconomia, destacando os sítios e monumentos 
arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de 
dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a 
potencial utilização futura desses recursos. 
II - Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, 
por meio de identificação, previsão da magnitude e interpretação da 
importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os 
impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e 
indiretos, imediatos e a médio e longo prazo, temporários e 
permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades 
cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais. 
III - Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre 
elas os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de 
despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas. 
lV - Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento 
(os impactos positivos e negativos, indicando os fatores e parâmetros 
a serem considerados). 
 
 
1.1.2.5 Legislação ambiental brasileira relevante 
 
 
É sempre importante lembrar que é fundamental para um perito 
ambiental conhecer a legislação da área, principalmente a pertinente ao caso 
periciado, pois é a legislação que fornece o embasamento necessário para a 
execução da perícia. Sendo assim, abaixo segue um levantamento de algumas 
das principais leis, resoluções e portarias relevantes nas diferentes 
ramificações existentes dentro da área ambiental: 
 
 Lei da Política Nacional do Meio Ambiente - Lei 6.938/1981; 
 
 Lei da Ação Civil Pública – Leis 7.347/1985 e 11.448/2007; 
 Água: 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 23 
 Política Nacional de Recursos Hídricos – Lei 9.433/97: instituiu a 
Política Nacional de Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacional de 
Gerenciamento de Recursos Hídricos; 
 Resolução CONAMA no 357/2005: estabelece a classificação dos 
corpos d’água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento; 
 Lei 9.966/2000: estabelece a prevenção, o controle e a fiscalização 
da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias 
nocivas e perigosas em águas sob jurisdição nacional; 
 Portaria do Ministério da Saúde no 518/2004: estabelece os 
procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância 
da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de 
potabilidade; 
 Saneamento Básico: 
 Lei 11.445/2007: estabelece diretrizes nacionais para o saneamento 
básico; 
 Lei de Crimes Ambientais – Lei 9.605/1998: dispõe sobre as sanções 
penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao 
meio ambiente; 
o Observações: Quando a Lei Federal de crimes ambientais foi criada, 
além de dar proteção para a fauna, flora, patrimônio cultural e o 
ordenamento urbano e a administração ambiental, ela trouxe novidades 
como a prestação de penas alternativas para pessoas jurídicas, como as 
do seu art. 23, que consistem em recuperação de áreas degradadas, 
custeio de programas e projetos ambientais, contribuição para entidades 
ambientais e culturais e manutenção de espaços públicos. Inovou 
também ao trazer a desconsideração da pessoa jurídica, que antes 
impedia que as punições passassem da figura da empresa, e causando 
situações em que empresas apenas trocavam de nome ou usavam 
nomes fantasmas para fugir das multas ambientais. Agora, mesmo que o 
dono alegue que a empresa fechou as portas e não tem mais dinheiro, o 
patrimônio pessoal do dono responde pela recuperação dos danos 
ambientais causados. Na Lei de Crimes Ambientais a valoração das 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 24 
multas varia de R$ 50,00 a R$ 50.000.000,00 e os valores arrecadados 
são destinados ao Fundo Nacional do Meio Ambiente e outros fundos 
estaduais e municipais; 
 Áreas de Preservação Permanente: 
 Código Florestal - Lei 4.771/1965: institui o novo Código Florestal. 
Define áreas de preservação permanente e reserva legal; 
 Resolução CONAMA no 302/2002: dispõe sobre os parâmetros, 
definições e limites de Áreas de Preservação Permanente de 
reservatórios artificiais e o regime de uso do entorno; 
 Unidades de conservação – Lei 9.985/2000: cria o Sistema Nacional 
de Unidades de Conservação – SNUC; 
 Zoneamento Industrial nas Áreas Críticas de Poluição - Lei 
6.803/1980: dispõe sobre as diretrizes básicas para o zoneamento 
industrial nas áreas críticas de poluição; 
 Substâncias controladas e poluentes: 
 Resolução CONAMA no 23/1996: regulamenta a importação e uso 
de resíduos perigosos; 
 Resolução CONAMA no 257/1999: estabelece que pilhas e baterias 
que contenham em suas composições chumbo, cádmio, mercúrio e 
seus compostos tenhamos procedimentos de reutilização, 
reciclagem, tratamento ou disposição final ambientalmente 
adequados; 
 Resolução CONAMA no 267/2000: proibição de substâncias que 
destroem a camada de ozônio; 
 Resolução CONAMA no 358/2005: dispõe sobre o tratamento e a 
disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras 
providências; 
 Agrotóxicos: 
 Lei 7.802/1989: Dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a 
produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, 
a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a 
importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 25 
o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de 
agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências; 
 Resolução CONAMA no 334/2003: Dispõe sobre os procedimentos 
de licenciamento ambiental de estabelecimentos destinados ao 
recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos. 
 
 
1.2 IMPACTOS E PASSIVOS AMBIENTAIS 
 
 
Antes de aprofundar no conteúdo sobre Perícia Ambiental é necessário 
introduzir alguns conceitos importantes, como impacto, poluição e passivo 
ambiental. A definição de conceitos é fundamental nesta área do 
conhecimento, pois uma Perícia Ambiental bem feita depende, acima de tudo, 
da capacidade de fundamentação teórica do perito. 
 
 
1.2.1 Impacto e Poluição Ambiental 
 
 
A resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA no 
001 de 1986, em seu Artigo 1º, considera impacto ambiental como sendo: 
 
Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do 
meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia 
resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, 
afetam: 
I. a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
II. as atividades sociais e econômicas; 
III. a biota; 
IV. as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; 
V. a qualidade dos recursos ambientais. 
 
Todo impacto ambiental tem uma ou mais causas e são o resultado 
das ações humanas sobre os aspectos ambientais (Vide figura 4). 
FIGURA 3 – RELAÇÃO ENTRE AÇÕES HUMANAS, ASPECTOS E 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 26 
IMPACTOS AMBIENTAIS 
 
FONTE: Sánchez, 2006. 
 
 
A causa do impacto ambiental, muitas vezes, tem relação direta e 
indireta com a poluição ambiental. A definição de poluição ambiental é muito 
semelhante à definição de impacto ambiental, no entanto, um impacto 
ambiental pode ser negativo ou positivo, ou seja, ele pode tanto trazer 
prejuízos como benefícios. 
Podemos dizer também que um impacto ambiental é significativo (IAS), 
quando este é importante em relação a outros impactos, que poderiam ser 
julgados mais como efeitos, ou seja, como simples consequências de uma 
modificação induzida pelo homem, sem um valor econômico. 
A Lei nº 6.938, de 1981, que trata da Política Nacional de Meio 
Ambiente, traz duas definições fundamentais para qualquer Perícia Ambiental: 
 
II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das 
características do meio ambiente; 
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de 
atividades que direta ou indiretamente: 
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; 
c) afetem desfavoravelmente a biota; 
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; 
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões 
ambientais estabelecidos. 
 
É muito importante interpretar o item e) da definição acima: a poluição 
pode ser causada por empreendimentos que disponham no meio ambiente 
efluentes, emissões, resíduos ou energia acima dos padrões ambientais 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 27 
estabelecidos. Lembrando que um dos instrumentos da Política Nacional de 
Meio Ambiente é o estabelecimento de padrões ambientais, que é efetuado 
pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente por meio das suas resoluções. 
Verificamos assim a importância do estabelecimento de padrões ambientais 
como instrumento de controle e de manutenção da qualidade ambiental. 
O estabelecimento de padrões ambientais está relacionado ao conceito 
de capacidade de suporte do meio, que é o nível de utilização dos recursos 
naturais que um sistema ambiental ou um ecossistema pode suportar, 
garantindo-se a conservação de tais recursos. Não importa se o recurso é 
renovável ou não renovável, o meio ambiente sempre tem uma capacidade 
máxima de suporte relacionada ao tempo que aquele recurso leva para se 
regenerar naturalmente (exemplo: capacidade de autodepuração de corpos 
d’água). Assim, o estabelecimento de padrões ambientais visa manter a 
exploração dos recursos naturais dentro da capacidade de suporte do meio. 
A maneira de gerir a utilização dos recursos naturais é o fator que 
determina os impactos ambientais das ações antrópicas que serão gerados 
sobre o meio ambiente. O grau de impacto é função de três variáveis: a 
diversidade dos recursos extraídos do ambiente, a velocidade de extração 
destes recursos (se permite ou não a sua reposição), e a forma de disposição e 
tratamento dos seus resíduos e efluentes. A figura 4 abaixo exemplifica o 
processo de geração de um impacto ambiental. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 4 – EXEMPLIFICAÇÃO DO PROCESSO DE GERAÇÃO DE UM 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 28 
IMPACTO AMBIENTAL 
 
FONTE: Sánchez, 2006. 
 
 
Juntamente com o aumento exponencial da população mundial e o seu 
processo de urbanização, o avanço do consumo de energia e a intensificação 
do processo de industrialização têm colaborado intensamente com a geração 
de poluição e impactos ambientais por meio das emissões de poluentes e 
resíduos gerados pela utilização de diferentes recursos naturais. 
Em geral, empresas do ramo industrial possuem os mais altos 
impactos ambientais justamente porque possuem processos produtivos que 
geram inúmeros poluentes, o que explica também porque as indústrias 
oferecem mais riscos ocupacionais para aos seus trabalhadores e para o meio 
ambiente. Neste contexto torna-se importante a adoção de estudos técnicos, 
como o EIA/RIMA, que visam criar projetos e programas para a diminuição dos 
impactos ambientais das atividades. (Vide figura 5) 
 
 
 
 
 
FIGURA 5 – REPRESENTAÇÃO DA IMPORTÂNCIA DE ESTUDOS 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 29 
AMBIENTAIS COMO O EIA/RIMA 
 
FONTE: Sánchez, 2006. 
 
 
A grande conclusão é que a geração de impactos ambientais está 
relacionada aos aspectos ambientais das atividades humanas, conforme 
exemplifica a figura 6 abaixo. 
 
 
FIGURA 6 – EXEMPLOS DE RELAÇÕES ATIVIDADE-ASPECTO-IMPACTO 
AMBIENTAL 
 
FONTE: Sánchez, 2006. 
 
1.2.2 Áreas de Influências: Direta e Indireta 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 30 
 
 
 As áreas de influência são àquelas em que podem ser observados os 
efeitos do impacto ambiental. Como vimos anteriormente, a avaliação é um 
processo de exame dos impactos ambientes que podem ser gerados 
futuramente a partir de uma ação proposta. Assim, em geral, é no âmbito do 
estudo de impacto ambiental que são determinadas as futuras áreas de 
influência direta e indireta do empreendimento. 
 A área de influência indireta compreende a faixa em que os efeitos 
são sentidos de modo diluído ou indiretamente. Geralmente estes impactos 
estão relacionados com os conflitos potenciais resultantes da instalação da 
atividade no espaço rural ou urbano ou com a perturbação de usos 
consolidados da área. 
 Já a área de influência direta geralmente envolve àquela em que o 
empreendimento será instalado e que será afetada diretamente, por exemplo, 
desmatamento e terraplanagem para a execução da obra. O rio que será o 
corpo receptor do efluente da atividade, etc. É nessa área que aparecem os 
principais impactos ambientais decorrentes da instalação e operação da 
atividade. Os impactos ambientais significativos geralmente ocorremna área 
de influência direta do empreendimento. 
 
 
1.2.3 Passivo Ambiental 
 
 
 Segundo Sánchez (2001), o passivo ambiental representa o acúmulo 
de danos ambientais que devem ser reparados a fim de que seja mantida a 
qualidade ambiental de um determinado local. Assim, o passivo ambiental 
representa uma obrigação, a obrigação de promover investimentos em ações 
para a extinção ou amenização dos danos causados por uma determinada 
atividade ao meio ambiente. 
 O passivo ambiental também pode ser entendido como o valor 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 31 
econômico de um impacto ambiental que não foi mitigado. Após o término da 
obra, os impactos não mitigados passam a exigir um valor econômico para sua 
recuperação, este valor é o passivo ambiental. 
 
A essência do passivo ambiental está no controle e reversão dos 
impactos das atividades econômicas sobre o meio natural, 
envolvendo, portanto, todos os custos das atividades que sejam 
desenvolvidas nesse sentido, podendo os danos ambientais serem 
relativos a recursos hídricos, à atmosfera, ao solo e ao subsolo, perda 
da biodiversidade, danos à saúde e à qualidade de vida, impactos na 
atividade econômica e, por fim, impactos sociais e culturais. 
(MALAFAIA, 2004,p.21). 
 
Analisando a figura 7 abaixo, percebemos que a avaliação de impacto 
ambiental está relacionada aos danos futuros, enquanto a avaliação de dano 
ambiental está relacionada a danos que já aconteceram no passado, portanto 
precisam ser recuperados, constituindo-se assim no passivo ambiental da 
atividade em questão. 
 
 
FIGURA 7- DIFERENÇA ENTRE PASSIVO E IMPACTO AMBIENTAL 
 
FONTE: Sánchez, 2006. 
 
 
 A avaliação de danos ambientais é realizada por meio de um 
diagnóstico ambiental, que é um estudo que objetiva descrever as condições 
ambientais existentes em uma determinada área no momento presente. Para 
acabar com um passivo ambiental é necessário um investimento financeiro, 
que muitas vezes não trará nenhum outro benefício a não ser o ambiental, 
assim, ocorre frequentemente de ninguém querer assumir a responsabilidade 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 32 
de um passivo ambiental. 
 No entanto, os agentes degradadores deviam assumir sua 
responsabilidade social, pois ainda que os investimentos na área ambiental e, 
portanto, o reconhecimento de seus passivos ambientais possam gerar custos 
diretos, com certeza em períodos futuros eles trarão alguns benefícios, já que 
evitarão multas e todas as demais formas de penalidades, contribuirão para a 
redução de custos e para a melhoria da imagem da empresa perante a 
sociedade. 
 
 
FIGURA 8 – EXEMPLO DE PASSIVO AMBIENTAL: VOÇOROCA (TIPO DE 
EROSÃO EM ESTÁGIO AVANÇADO) CAUSADA POR DESVIO DE 
DRENAGEM PLUVIAL EM CAMPO GRANDE – MS 
 
FONTE: Arquivo Pessoal, 2006. 
 
 
 
1.3 PERÍCIA 
 
 
 Segundo o Dicionário Aurélio, perícia quer dizer “habilidade, 
destreza, conhecimento, ciência”, como também “vistoria ou exame de caráter 
técnico e especializado”. Uma definição mais completa para perícia no sentido 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 33 
de vistoria ou exame de caráter técnico e especializado é a seguinte: 
 
Exame realizado por técnico, ou pessoa de comprovada aptidão e 
idoneidade profissional, para verificar e esclarecer um fato, ou estado 
ou a estimação da coisa que é objeto de litígio ou processo, que com 
um deles tenha relação ou dependência, a fim de concretizar uma 
prova ou oferecer o elemento que necessita a justiça para poder 
julgar. (CUNHA; GUERRA, 2000, p.337-339). 
 
 Ou seja, em outras palavras, uma perícia é o procedimento de 
investigação, feita por um profissional habilitado, que visa provar ou esclarecer 
um fato, por intermédio de um exame, vistoria e avaliação de caráter técnico e 
especializado. Na humanidade, o surgimento da perícia foi no ramo da 
Medicina Legal visando esclarecer principalmente crimes a partir de vestígios 
corporais. Com o passar dos anos e o aumento do conhecimento científico, 
outros profissionais passaram a empregar a perícia em suas atividades, 
principalmente na esfera criminal. 
 Atualmente, a perícia é um procedimento realizado nas mais diversas 
áreas do conhecimento e no Brasil encontra-se incluso nas três esferas do 
direito brasileiro: criminal, administrativa e civil. No direito brasileiro, o resultado 
das perícias, conhecido como laudo pericial, é um dos meios de prova e 
elementos subsidiários utilizados pelo juiz para proferir a sentença. 
 No entanto, a perícia não obriga o magistrado a decidir a favor da sua 
conclusão, ele pode arbitrar livremente, a perícia apenas serve como 
fundamentação para o seu processo de tomada de decisão. Concluímos, 
então, que a perícia tem o importante papel de servir como geradora de 
subsídios, práticos e verídicos sobre o caso, nos processos jurídicos. 
 
 
1.3.1 Definição de Perícia Ambiental 
 
 
 Segundo Lazzarini (2005), a Perícia Ambiental é um importante 
instrumento para a preservação do meio ambiente e destina-se à avaliação 
dos danos ambientais, causados por ação de pessoa, seja ela física ou 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 34 
jurídica, de direito público ou privado, que venham a resultar na degradação da 
qualidade ambiental. 
 Como veremos no Módulo II, em termos de procedimento processual, 
as perícias ambientais não diferem das perícias comuns, consistindo no 
exame, vistoria e avaliação, utilizando as mesmas regras do Código de 
Processo Civil e de legislações pertinentes, no entanto, elas atendem a 
demandas específicas relacionadas às questões ambientais. É importante 
entender que a perícia judicial ambiental é apenas um segmento da perícia 
judicial como um todo. 
 O histórico da Perícia Ambiental no Brasil por ser dividido em duas 
fases: 
 Antes da Lei de Crimes Ambientais (9.605/98); 
 Depois da Lei de Crimes Ambientais (9.605/98): pois diversos tipos de 
atividades relacionadas ao meio ambiente, como, por exemplo, o 
transporte de madeira irregular, passaram a ser considerados crimes. 
Vários artigos desta lei preveem a necessidade de Perícia Ambiental no 
âmbito administrativo, civil e criminal. 
 
 
1.3.2 Laudo Pericial 
 
 
 Podemos definir Laudo Pericial como: 
 
O resultado da perícia, expresso em conclusões escritas e 
fundamentadas, onde serão apontados os fatos, circunstâncias, 
princípios e parecer sobre a matéria submetida ao exame do 
especialista, adotando-se respostas objetivas aos quesitos. 
(BUSTAMANTE, 1994 apud QUEIROZ, 2006, p.95). 
 
 Na definição acima consta que o resultado da perícia deve ser 
expresso em conclusões escritas e fundamentadas. Esta fundamentação 
constitui-se no embasamento teórico e legal que o perito deve levantar sobre o 
caso. Em outras palavras, o laudo pericial é o relatório final do profissional 
designado para avaliar o caso por meio da perícia, que deve ser fundamentado 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 35 
através de teoria comprovada e legislação pertinente. Segundo Almeida (2006), 
laudos “são conclusões escritas e fundamentadas, nos quais serão apontados 
circunstâncias e pareceres submetidos ao exame do especialista, adotando-se 
respostas objetivas ao assunto.” (ALMEIDA, 2006). 
No âmbito do Direito, o laudo pericial é utilizado como prova e subsídio 
para ajudar a solucionar dúvidas em processos jurídicos. Na solicitação de uma 
perícia, o juiz já determina os quesitos, ou as dúvidas sobre o caso, que devem 
ser respondidos no âmbito do laudo pericial. Esse deve ter o formato de um 
relatório, ou seja, conter uma descrição minuciosa do caso, como histórico, 
objetivo, lista de documentos analisados, material e metodologias utilizadas na 
perícia, constatações, fundamentação, discussão e conclusão. 
 É muito importante que o laudo pericial seja escrito de forma 
compreensível ao leigo naquela matéria, visando perfeito entendimento de 
qualquer pessoa que o leia e, principalmente, quando for o caso, do juize das 
partes do processo. Além disso, o laudo pericial deve possuir clareza, 
objetividade, precisão, ser conciso, veracidade (não pode contar alegações 
falsas), ordenação lógica, esmero de apresentação e linguagem apurada e 
gramaticalmente correta. A figura 9 abaixo demonstra o roteiro básico de um 
laudo pericial. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 36 
FIGURA 9 – ROTEIRO DE UM LAUDO PERICIAL 
 
FONTE: Queiroz, 2006. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 37 
1.4 O PERITO 
 
 
 Segundo Almeida (2006), 
 
O perito é o técnico, com a habilitação que a lei exigir, chamado a 
opinar, de forma imparcial e sob compromisso, sobre tema de sua 
especialidade profissional. O perito é a pessoa indicada pela 
autoridade para esclarecer, por meio de um laudo, uma questão de 
fato que pode ser apreciada por seus conhecimentos técnicos 
especializados. 
 
 O IBAPE (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia) 
define perito como o profissional legalmente habilitado, idôneo e especialista, 
convocado para realizar uma perícia. O perito deve obedecer a um Código de 
Ética, geralmente fixado pelo conselho de classe ou instituições para os quais 
responda profissionalmente. 
 Em anexo, como exemplo, consta o Código de Ética do IBAPE. No 
âmbito do Direito o perito é nomeado pelo juiz, porque este confia plenamente 
em sua capacidade e seu conhecimento técnico acerca de determinado 
assunto, para fornecer provas e subsídios acerca de fatos do caso que 
precisam de esclarecimento adicional. 
Podemos concluir, então, que o perito possui atribuições, direitos e 
obrigações: 
 
 Direito a uma renumeração compatível com o trabalho realizado e a 
obter toda a documentação e acesso aos locais necessários para o 
desempenho da sua função; 
 Obrigação de agir com responsabilidade e apenas apresentar fatos 
verídicos, com imparcialidade. Obrigação de ater-se aos objetivos da 
perícia, respondendo aos quesitos que lhe forem solicitados, com 
clareza e precisão. E obrigação de cumprir os prazos assinalados e o 
seu respectivo código de ética profissional; 
 O perito deve possuir as seguintes atribuições: habilitação escolar, ou 
seja, deve ser graduado em área com conhecimento relativa ao fato da 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 38 
perícia; habilitação legal, que significa que o mesmo deve estar 
registrado em seu respectivo órgão de classe e estar com todas as suas 
obrigações legais em dia; habilitação profissional, ou seja, o perito deve 
ter experiência e treinamento constante como parte da sua formação 
profissional. 
 
 
1.4.1 O Perito Ambiental 
 
 
O perito ambiental é o profissional legalmente habilitado, idôneo e 
especialista na área ambiental, convocado para realizar uma perícia que alude 
a um fato do seu domínio de conhecimento. 
 
 Como se tornar um perito ambiental? 
 
Em termos de formação técnica, para ser um perito ambiental é 
necessário uma formação que atribua competências técnicas ao profissional, 
relacionadas à gestão e tecnologias ambientais. O curso de graduação mais 
recomendado é a Engenharia Ambiental. No entanto, profissionais formados 
em Administração, Química, Geologia, Biologia e outras engenharias podem 
realizar especializações e mestrado na área de gestão e tecnologias 
ambientais, com enfoque para a prática de perícias ambientais. 
Além de possuir a formação técnica adequada, o perito ambiental 
precisa se qualificar por meio de cursos específicos e da leitura das legislações 
pertinentes e metodologias para execução de perícias ambientais. O perito 
ambiental é aquele que é chamado pela justiça, por intermédio de nomeação 
formal por um juiz, para executar perícias e fornecer laudos técnicos em 
processos judiciais que envolvam fatos e conhecimentos da área de meio 
ambiente. 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 39 
1.4.2 Assistente Técnico 
 
 
O IBAPE define assistente técnico “como o profissional legalmente 
habilitado, indicado e contratado pela parte para orientá-la, assistir os trabalhos 
periciais em todas as fases da perícia e, quando necessário, emitir seu parecer 
técnico”. 
 
 Diferença entre Perito e Assistente Técnico: 
 
O perito é nomeado pelo juiz, enquanto o assistente técnico é 
contratado por uma das partes do processo para assistir os trabalhos do perito 
e emitir o seu parecer técnico sobre o laudo pericial. Em outras palavras, os 
assistentes técnicos são profissionais indicados pelas partes que têm a função 
de consultores das mesmas, pois cada parte em um processo judicial pode 
contar com um profissional de sua confiança que a represente na perícia. 
Em termos de habilidades e competências, não existe diferença entre o 
assistente técnico e o perito, ambos devem possuir domínio sobre os 
procedimentos periciais e o caso que será analisado. No entanto, o perito é que 
comanda a perícia e o assistente técnico apenas a acompanha. E é o perito 
que assume o dever de ser imparcial e possui a inteira confiança do juiz, 
enquanto o assistente técnico possui a confiança da parte e em geral é parcial, 
visando o benefício da mesma no processo. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 40 
ANEXO 
 
CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO IBAPE 
Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia 
 
Aprovado pela Resolução 1002 do CONFEA. 
 
São deveres dos profissionais da Engenharia, da arquitetura e da 
agronomia, registrados no CREA, no desempenho de serviços de 
avaliações ou perícias: 
 
1) Considerar a profissão como alto título honorífico, utilizando ciência e 
consciência: 
 
a) ciência: pelo emprego de conhecimento técnico adequado, considerando 
como primeiro dever ético o domínio das regras para o eficiente desempenho 
de sua atividade, obrigando-se ao processo de educação continuada, 
acompanhando o progresso e o desenvolvimento, sem prejuízo de sua 
formação básica de graduação; 
 
b) consciência: pela adoção de elevado padrão ético e moral no desempenho 
dessas funções sociais mediante o exercício continuado da profissão com 
permanente aprimoramento. 
 
2) Interessar-se pelo bem comum contribuindo com seu conhecimento, 
capacidade e experiência para melhor servir à coletividade. 
 
a) cooperar para o progresso em geral, com seu concurso intelectual e material 
no aprimoramento da cultura profissional, ilustração técnica, ciência aplicada e 
investigação científica; 
 
 b) partilhar experiências e conhecimentos com os colegas, tanto na solução de 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 41 
problemas já conhecidos, como dos inéditos; 
 
 c) envidar esforços na difusão de conhecimentos para melhor e mais correta 
compreensão dos aspectos técnicos e assuntos relativos ao exercício 
profissional; 
 
d) expressar-se publicamente sobre assuntos técnicos somente quando 
devidamente capacitado para tal; 
 
e) emitir opiniões ou pareceres somente quando em benefício da verdade e 
sempre com conhecimento da finalidade da solicitação. 
 
3) Abster-se de praticar ou contribuir para que se pratiquem injustiças 
contra colegas e velar para que não se pratiquem atos que, direta ou 
indiretamente, possam prejudicar seus interesses profissionais. 
 
a) renegar qualquer falsidade ou malícia que de modo direto ou indireto 
possam macular a reputação, a situação ou atividade de outro colega; 
 
b) abster-se de se interpor entre outros profissionais e seus clientes sem ser 
solicitada sua intervenção e, neste caso, cuidar para que não se cometam 
injustiças; 
 
c) respeitar o direito autoral, não se apossando como sua de ideia, estudo ou 
trabalho de outrem e não permitindo ou contribuindo, no âmbito do seu 
conhecimento, para que outros o façam; 
 
d) jamais reproduzir trabalhos alheios, sem a necessária citação e autorização 
expressa e, quando o fizer, reproduzi-lo por inteiro de modo a expressar 
corretamente o sentido das teses desenvolvidas. 
 
e) recusar-se a substituir outro colega quandoas razões para tal não forem 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 42 
plenamente justificáveis, salvo por determinação judicial; neste caso fazê-lo, 
com o conhecimento do substituído, assim como, somente proceder a revisão, 
alteração ou complementação de trabalhos de outrem, com prévio 
conhecimento deste, exceto quando o mesmo se recusar a completá-lo ou 
manifestar vontade de abster-se do procedimento. 
 
4) Abster-se de solicitar ou submeter à apreciação de terceiros propostas 
que contenham condições que possam representar competição de preços 
por serviços profissionais de igual teor. 
 
a) abster-se de competir por meio de reduções de remuneração ou qualquer 
outra forma, direta ou indireta, de concessão; 
 
b) manter-se atualizado quanto ao Regulamento de Honorários da entidade e 
adotá-lo como base para seus serviços. 
 
5) Exercer o trabalho profissional com lealdade, dedicação e honestidade 
e com espírito de justiça e equidade para com seus solicitantes. 
 
a) considerar como confidencial toda informação técnica, financeira ou de 
outra natureza, que obtenha sobre os interesses de seu cliente no exercício 
de tarefas como consultor, árbitro e, nos processos judiciais, como perito 
ou assistente técnico; 
 
b) receber remuneração somente de uma única fonte pelo mesmo serviço 
prestado, salvo se, para proceder de modo diverso, houver prévio 
consentimento de todas as partes interessadas. 
 
6) Como Perito Judicial observar as normas e obrigações morais 
pertinentes. 
 
 a) manter conduta ilibada e irrepreensível caracterizada pela incorruptibilidade 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 43 
tanto na vida pública, como na particular, para ser merecedor de confiança e 
fazer jus ao conceito que possui; 
 
b) pautar-se sempre pela veracidade dos fatos, dentro da melhor técnica, 
limitando seus pareceres às matérias específicas objeto da consulta, dentro 
da mais absoluta imparcialidade, sem deixar-se influenciar por interesses 
pessoais ou escusos; 
 
c) manter o decoro e a dignidade profissional somente aceitando encargo para 
o qual esteja especificamente habilitado, renunciando a qualquer 
remuneração excessiva ou inadequada; 
 
d) atuar com lisura e transparência junto aos participantes da lide, agindo no 
interesse exclusivo do trabalho e não se beneficiando de suas funções; 
 
e) promover e aceitar, contemporaneamente e em igualdade, a assessoria dos 
assistentes técnicos do feito, colocando-os a par de suas atividades e 
estudos dos casos em questões e não omitir, sem justo e explicitado motivo, 
argumentos, documentos ou provas por eles oferecidas; 
 
f) fornecer a tempo aos assistentes técnicos cópias de textos prévios ou 
definitivos de seus laudos, permitindo-lhes assim exercer suas funções em 
tempo hábil para cumprir os prazos processuais; 
 
g) dar os mais jovens e novatos tratamento respeitoso aos mais experientes e, 
reciprocamente, devem estes atender com solicitude aos primeiros, tendo 
em vista sua possível condição de guia e modelo; 
 
h) receber honorários somente depois de arbitrados, e nesse valor, com 
autorização do Juízo, abdicando-se de recebê-los, direta ou indiretamente, 
de outras formas e fontes; 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 44 
i) como Perito Judicial, só aceitar nomeações em casos para os quais esteja 
especificamente habilitado e atualizado e, abster-se de transferir perícias 
inteiramente a terceiros, por ser este tipo de encargo pessoal e intransferível 
("intuito personae"). 
 
7) Como Assistente Técnico em processo judicial, assessorar de direito a 
parte que o indicou, mas de fato e, em primeiro lugar, à justiça e à 
verdade, contribuindo para que o resultado da perícia resulte na 
expressão desta. 
 
 a) auxiliar o perito, acompanhando-o nos estudos e diligências e fornecer-lhe 
todas as informações disponíveis; 
 
b) apresentar todos os fatos e documentos de seu conhecimento ao perito 
judicial, abstendo-se de sonegar pormenores que possam servir 
posteriormente para criticar o laudo oficial desmerecendo sua credibilidade. 
Sempre que solicitado, manifestar-se sobre eventual estudo ou laudo 
prévio submetido a exames pela vistoria oficial. 
 
8) Respeitar a regulamentação do logotipo do IBAPE. 
 
9) Velar pela reputação do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de 
Engenharia e da profissão de engenheiro, arquiteto ou engenheiro 
agrônomo, conhecendo e fazendo cumprir este código e a legislação que 
rege o exercício profissional, visando a agir com correção e colaborando 
para sua atualização e aperfeiçoamento. 
 
São Paulo, 26 de fevereiro de 1999. 
 
 
 
FIM DO MÓDULO I 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 45 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
PERÍCIA AMBIENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 46 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
PERÍCIA AMBIENTAL 
 
 
 
 
MÓDULO II 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou 
distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do 
conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências 
Bibliográficas. 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 47 
 
 
MÓDULO II 
 
 
Agora que você já está familiarizado com as noções básicas essenciais 
à Perícia Ambiental, o próximo passo é conhecer o procedimento padrão para 
a realização das mesmas. 
 
 
2 PROCEDIMENTO PADRÃO PARA A REALIZAÇÃO DE PERÍCIAS 
AMBIENTAIS 
 
 
2.1 PROCEDIMENTOS EM PERÍCIA AMBIENTAL 
 
 
No Brasil, a Perícia Ambiental é um procedimento utilizado 
principalmente como um meio de prova e fornecimento de subsídios em 
processos judiciais. Em termos de procedimento processual, as perícias 
ambientais não diferem das perícias comuns, sendo as mesmas subordinadas 
aos procedimentos processuais para a execução de perícias judiciais dispostos 
no Código de Processo Civil e, em alguns casos, no Código de Processo Penal 
e em outras legislações. 
No entanto, a Perícia Ambiental, exclusivamente, encontra-se também 
disciplinada na Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98), como demonstra o 
artigo abaixo: 
 
Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que 
possível, fixará o montante do prejuízo causado para efeitos de 
prestação de fiança e cálculo de multa. 
Parágrafo único. A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo civil 
poderá ser aproveitada no processo penal, instaurando-se o 
contraditório. (Lei nº 9.605/98). 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 48 
É imprescindível que todo perito e/ou assistente técnico, além de 
conhecer a legislação relacionada ao caso periciado, tenha conhecimento dos 
artigos do Código de Processo Civil que versam sobre a perícia na esfera civil: 
artigos 19, 33, 130, 131, 138, 145, 146, 147 e 420 a 443. Lendo e interpretando 
o conjunto destes artigos será possível entender o procedimento a ser seguido 
para a realização correta de uma Perícia Ambiental no âmbito jurídico. 
Por sua vez, as Perícias Administrativas estão disciplinadas no Decreto 
nº 6.514/2008, que dispõe sobre as infrações e sanções administrativas ao 
meio ambiente, estabelece o processo administrativo federal para apuração 
destas infrações e dá outras providências. Já as Perícias Criminais estão 
elencadas pelo Código de Processo Penal, principalmente nos artigos: 112, 
145, 146, 147, 159, 160, 161, 170, 172, 173, 176, 180, 181, 182, 184, 275 a 
281 e 564. 
No entanto, como os procedimentos disciplinados pelo Código de 
Processo Penal para a realização de Perícias Criminais são muito parecidos 
com os do Código de Processo Civil, o enfoque neste curso será dado ao 
Código de Processo Civil. Contudo, a leitura dos artigosacima citados do 
Código de Processo Penal e da Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98) é 
recomendada para aqueles que têm interesse na realização de Perícias 
Ambientais Criminais. 
 
 
2.1.1 Demanda por Perícias Ambientais 
 
 
 No Brasil, as solicitações por perícias ambientais ocorrem nas três 
esferas do Direito: Civil, Criminal e Administrativo. 
 
 Na esfera Administrativa: normalmente a Perícia Ambiental é solicitada 
pela autoridade administrativa em sindicâncias ou processos 
administrativos; 
 Na esfera Criminal: a demanda por perícias ocorre na fase de inquéritos 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 49 
policiais por solicitação de delegados de polícia, Polícia Ambiental, Polícia 
Militar, Ministério Público, etc. Em geral, é baseado no laudo pericial que a 
autoridade policial indicia, ou não, o infrator. O maior número de ocorrências 
são as infrações encaminhadas pelas polícias ambientais. 
 Na esfera Civil: em geral, as perícias são solicitadas pelo Ministério 
Público (Inquéritos civis) ou por juízes na fase processual, principalmente 
para a avaliação de danos ambientais. 
Os temas passíveis de se tornarem objeto de estudo de perícias 
ambientais estão demonstrados na figura 10 a seguir. 
 
 
2.1.2 Demanda por Peritos Ambientais 
 
 
 Os peritos ambientais trabalham em diversos órgãos: 
 
 Nas polícias civil, federal, estadual, militar e ambiental; 
 Órgãos estaduais e municipais de meio ambiente; 
 Procuradoria de Justiça e Ministério Público; 
 
Para atuar como perito judicial não há necessidade de vínculo 
institucional, assim os peritos podem ser profissionais liberais em profissões 
regulamentadas por lei. No âmbito jurídico, quando não há peritos oficiais, a 
autoridade no processo faz a nomeação de um perito, chamado de perito ad 
hoc (no âmbito do Direito, ad hoc pode ser interpretado como “para fim 
específico”). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 50 
FIGURA 10 – FLUXOGRAMA: OBJETOS DE ESTUDO DA PERÍCIA 
AMBIENTAL 
 
FONTE: Almeida, 2006. 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 51 
2.1.3 A Perícia Ambiental e a Legislação 
 
 
É fundamental para um perito ambiental conhecer a legislação da área, 
principalmente a pertinente ao caso periciado, afinal é a legislação que fornece 
o embasamento necessário para a execução da perícia, pois o laudo pericial 
deve ser expresso em conclusões fundamentadas, e esta fundamentação 
constitui-se no embasamento teórico e legal que o perito deve levantar sobre o 
caso. 
 
Assim, um dos primeiros passos da Perícia Ambiental é organizar a 
lista de documentos que precisam ser analisados e legislações pertinentes ao 
caso. Alguns documentos devem ser avaliados imediatamente no início da 
perícia, visando esclarecimentos acerca do caso, como, por exemplo: alvarás, 
licenças, autorizações, relatórios de fiscalização, etc. 
E em toda perícia deve-se averiguar e levantar a legislação que diz 
respeito à mesma. Por exemplo, quando o objeto de estudo é um efluente, a 
principal legislação pertinente é a resolução do Conselho Nacional do Meio 
Ambiente (CONAMA) no 357/2005, que dispõe sobre a classificação dos corpos 
de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como 
estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras 
providências. 
Esta resolução é norteadora para perícias em que o caso envolva 
efluentes, pois estabelece as condições e os padrões finais para o lançamento 
dos mesmos em corpos receptores. 
 
 
2.2 REGRAS DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
 
 
Como já foi dito anteriormente, é imprescindível que todo perito e/ou 
assistente técnico, além de conhecer a legislação relacionada ao caso 
periciado, tenha conhecimento dos artigos do Código de Processo Civil, pois é 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 52 
somente por meio da leitura e interpretação do conjunto destes artigos que é 
possível entender o procedimento a ser seguido para a realização correta de 
uma perícia ambiental no âmbito jurídico. 
 
 
2.2.1 Artigos Importantes do Código de Processo Civil 
 
 
Abaixo, organizados em suas respectivas áreas de modo a facilitar o 
entendimento, estão os artigos mais importantes do Código de Processo Civil 
que versam sobre a perícia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Após cada artigo estão observações, as quais visam facilitar a sua 
interpretação e demonstrar o seu uso na prática. 
 
 
2.2.1.1 Sobre a remuneração da perícia 
 
 
Art. 19. Salvo as disposições concernentes à justiça gratuita, cabe às 
partes prover as despesas dos atos que realizam ou requerem no 
processo, antecipando-lhes o pagamento desde o início até sentença 
final; e bem ainda, na execução, até a plena satisfação do direito 
declarado pela sentença. 
§ 1
o
 O pagamento de que trata este artigo será feito por ocasião de 
cada ato processual. 
§ 2
o
 Compete ao autor adiantar as despesas relativas a atos, cuja 
realização o juiz determinar de ofício ou a requerimento do Ministério 
Público. 
Art. 33. Cada parte pagará a remuneração do assistente técnico que 
ARTIGOS 
 
19, 33, 130, 131, 138, 145, 146, 147, 420 a 443 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 53 
houver indicado; a do perito será paga pela parte que houver 
requerido o exame, ou pelo autor, quando requerido por ambas as 
partes ou determinado de ofício pelo juiz. 
Parágrafo único. O juiz poderá determinar que a parte responsável 
pelo pagamento dos honorários do perito deposite em juízo o valor 
correspondente a essa remuneração. O numerário, recolhido em 
depósito bancário à ordem do juízo e com correção monetária, será 
entregue ao perito após a apresentação do laudo, facultada a sua 
liberação parcial, quando necessária. (ART. 19, 33 DO CPC). 
 
Observações: 
 As partes são responsáveis pelo pagamento do assistente técnico que 
houverem indicado. 
 Antes de aceitar realizar a perícia, o perito nomeado pode consultar o 
processo, o que também é importante para a confecção do orçamento 
dos honorários. 
 O perito não pode ser pago diretamente por uma das partes, pois pode 
configurar suborno, assim os honorários são depositados em juízo, isto 
é, em uma conta bancária, e podem ser liberados após solicitação ao 
juiz. 
 Se para o perito for necessário receber os honorários antecipadamente 
devido aos custos da realização da perícia, pode-se adicionar a proposta 
de parcelamento no ato da apresentação dos honorários (Vide anexo). 
 Para apresentar a proposta de honorários periciais, o perito deve 
levantar todos os custos acerca da perícia a ser realizada e apresentá-
los em orçamento, como por exemplo: encargos, manutenção do 
escritório, carga de horas necessárias para fazer o laudo (inclui estudar 
o processo, legislação pertinente, diligências necessárias, execução, 
revisão) custos de transporte, estadia, exames de laboratórios, mapas, 
fotos, Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, etc. 
 O perito pode contratar outros profissionais para ajudá-lo na perícia, esta 
complementação pode ser adicionada aos honorários, no entanto, a 
responsabilidade pala perícia e pelo conteúdo do laudo pericial continua 
sendo do perito oficial. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 54 
2.2.1.2 Sobre o perito e o assistente técnico 
 
 
Art. 145. Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico 
ou científico, o juiz será assistido por perito, segundo o disposto no 
art. 421. 
§ 1
o
 Os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível 
universitário, devidamente inscritos no órgão de classe competente, 
respeitado o disposto no Capítulo Vl, seção Vll, deste Código. 
§ 2
o
 Os peritos comprovarão sua especialidade na matéria sobre que 
deverão opinar, mediante certidão do órgão profissional em que 
estiverem inscritos. 
§ 3
o
 Nas localidades onde não houver profissionais qualificados que 
preencham os requisitos dos parágrafos anteriores, a indicação dos 
peritos será de livre escolha do juiz. 
Art. 146.

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