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Distúrbios do equilíbrio ácido-base

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Geovana Sanches, TXXIV 
DISTÚRBIOS DO EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE 
 
INTRODUÇÃO 
 O equilíbrio e a produção e a remoção de 
íons hidrogênio é fundamental para se manter a 
estabilidade do meio interno, principalmente para 
o correto funcionamento das mitocôndrias e 
enzimas. 
 Os íons H+ são altamente reativos às 
moléculas proteicas, principalmente com a sua 
porção negativa, explicando a sua importância nos 
sistemas enzimáticos e proteicos. 
 A concentração de íons H+ é mantida em 
limites estreitos e em níveis muito baixos, com a 
finalidade de manter adequado o funcionamento 
celular. Assim, o pH do organismo também tem 
limite estreito, variando entre 7,35 e 7,45. 
 A concentração normal de H+ extracelular 
é de aproximadamente 40 nanomol/L, ou seja, 1 
milionésimo da concentração de outros íons, 
como Na, K, Cl, HCO3. 
Ácido 
 Ácido são todos os compostos capazes de 
doar prótons quando em solução. Os organismos 
podem gerar 2 tipos de ácidos: 
• Ácidos fixos (não-carbônicos ou não-
voláteis): são aqueles que permanecem 
indefinidamente em solução. São 
provenientes da alimentação e 
metabólitos intermediários, com faixa de 
50 – 100 mEq/dia. 
o Ácido sulfúrico 
o Ácido fosfórico 
o Ácido clorídrico 
o Ácido láctico 
o Ácido pirúvico 
o Ácido beta hidroxibutírico 
o Ácido aceto-acético 
• Ácidos voláteis: abandonam rapidamente 
o organismo através dos alvéolos 
pulmonares. Trata-se basicamente do 
ácido carbônico, o qual apresenta-se numa 
faixa de 1200 – 1300 mEq/dia. 
o Dióxido de carbono: é muito 
importante pois, ao se ligar a água, 
forma o ácido carbônico. Assim, 
quando suas concentrações 
aumentam no sangue, há aumento 
da formação desse ácido e, 
consequentemente, acidose. 
89! +;!9 → ;!89"
→ ;# +	;89"	 
 
 
A partir disso temos a dependência dos 
pulmões para retirar o CO2 do organismo e 
principalmente dos rins para retirar os ácidos 
fixos, o que se dá através da secreção de 
hidrogênio renal via NH4. 
Base 
 Base são todos os compostos capazes de 
aceitar prótons. 
Ph e Sistema tampão 
pH é a concentração de íons H+ em uma 
solução expressa na forma logarítmica devido às 
suas baixas concentrações. Por exemplo, pH = - log 
(H+) → pH = - log 0,00000004 → pH = 7,4 (pH 
normal do sangue). 
=; =	=> + ?@A 	[;89"]?@A[;!89"]
 
• pK= constante de dissociação do ácido 
carbônico 
• ↑ [HCO3] = ↑ pH 
• ↓ [H2CO3] = ↓ pH 
 
As duas grandes variáveis que influenciam 
o pH são, portanto, o bicarbonato e o gás 
carbônico. As alterações de bicarbonato se 
relacionam ao metabolismo (rins principalmente) 
e CO2 com a etiologia respiratória. 
Tampões são substâncias que impedem 
que ácidos ou bases, quando adicionados a uma 
solução, alterem significativamente seu pH. É de 
extrema importância que o pH do meio interno 
seja mantido em uma faixa estreita de 7,38 a 7,42 
para a manutenção da função celular. 
Linhas de defesa 
• 1ª linha de defesa tampões fixos (fosfato, 
hemoglobina etc.) 
• 2ª linha de defesa: ventilação alveolar 
o Visa manter pCO2 dentro dos 
limites de normalidade 
• 3ª linha de defesa: geração de HCO3- pelos 
rins, para manutenção dos ácidos fixos 
o Rins secretam H+ na luz tubular, o 
qual é excretado na urina por meio 
do NH4 
o Reabsorvem bicarbonato 
o Se há perda da função renal, uma 
das complicações mais comuns é a 
acidose metabólica 
 
COMPENSAÇÃO RENAL 
 Cerca de 85% do bicarbonato (NaHCO3-) é 
reabsorvido no túbulo proximal, segmento S1. 
Além disso, na porção espessa da alça de Henle, há 
Geovana Sanches, TXXIV 
excreção do hidrogênio através do contra 
transportador Na+H+. No túbulo coletor, por sua 
vez, nas células intercaladas, o hidrogênio se une 
ao NH3 para formar o amónio, o qual será 
excretado na urina. Assim, o pH urinário varia de 5 
a 5,5, ou seja, é muito mais ácido quando 
comparado ao pH sanguíneo. 
 
 
 
 
COMPENSAÇÃO PULMONAR 
 A compensação pulmonar se dá através da 
troca alveolar, com retirada de CO2. Para isso, a 
relação ventilação perfusão precisa estar 
adequada. 
 Em condições de carga ácida, há 
diminuição do HCO3- e do pH. Com isso, há 
estimulação dos centros respiratórios, os quais 
respondem com hiperventilação. Dessa forma, há 
diminuição da pCO2, com retorno do pH a valores 
menos ácidos. 
 Por outro lado, em condições de carga 
alcalina, há aumento do HCO3- e do pH, o que 
provoca depressão dos centros respiratórios. A 
resposta para tal é uma hipoventilação, que leva 
ao aumento da pCO2 e retorno do pH para valores 
menos alcalinos. 
 
GASOMETRIA ARTERIAL 
Parâmetros avaliados 
• pH: 7,35 a 7,45 
o Verifica se há alcalose ou acidose 
• PaO2: 80 a 100 mmHg 
o Pressão arterial de oxigênio – 
expressa diretamente a chegada de 
oxigênio ao alvéolo 
• PaCO2: 35 a 45 mmHg 
o Pressão arterial do dióxido de 
carbono 
• SaO2: acima de 95% 
o Saturação de oxigênio 
• HCO3: 22 a 26 mEq/L 
o Bicarbonato 
• BE: -2 a +2 
o Base excesso 
 
Para a realização do exame, são utilizadas 
as artérias radial ou femoral. É colhido cerca de 1,5 
mL de sangue e o resultado é dado em até 5 
minutos. 
 
DISTÚRBIOS ÁCIDO-BASE 
• Acidose: pH < 7,35 
• Alcalose: pH > 7,45 
Etiologia 
• Respiratória: alterações da pCO2 por 
dificuldade de ventilação (trocas gasosas) 
nos alvéolos 
o Baixa (< 35 mmHg) = alcalose 
respiratória 
o Alta (> 45 mmHg) = acidose 
respiratória 
• Metabólica: alterações da HCO3 ou de 
ácidos não voláteis 
o Baixo (< 22) = acidose metabólica 
o Alto (> 26) = alcalose metabólica 
pH 
• Alteração sugere desequilíbrio no sistema 
respiratório ou metabólico 
• Valores normais: entre 7,35 e 7,45 
o pH < 7,35 → acidose 
o pH > 7,45 → alcalose 
o pH > 7,8 ou < 6,8 são incompatíveis 
com a vida 
Geovana Sanches, TXXIV 
PaO2 
• Exprime a eficácia das trocas gasosas 
através da membrana alveolocapilar 
• Valores normais: 80 a 10 mmHg 
• ↓ 60 mmHg = hipoxemia severa 
• Relacionar PaO2 com fiO2 ofertada 
PaCO2 
• Eficácia da ventilação alveolar 
• Valores normais: 35 a 45 mmHg 
• Reflete distúrbios respiratórios do pH 
• ↓ PaCO2 = ↓ H+ = ↑ pH 
o Hiperventilação à alcalose 
respiratória 
• ↑ PaCO2 = ↑ H+ = ↑ pH 
o Hipoventilação à acidose 
respiratória 
Bicarbonato (HCO3-) 
• Concentração depende da função renal 
• Valores normais: 22 a 26 mMol/ L 
• Reflete distúrbios metabólicos 
• ↓ HCO3-= ↓ pH = acidose metabólica 
• ↑ HCO3-= ↑ pH = alcalose respiratória 
Base excess (BE) 
• Sinaliza o excesso ou déficit de bases 
dissolvidas no plasma sanguíneo 
• Valores normais: - 2 a + 2 
• ↓ BE = acidose 
• ↑ BE = alcalose 
Possíveis resultados da gasometria 
• Acidose respiratória 
• Alcalose respiratória 
• Acidose metabólica 
• Alcalose metabólica 
• Acidose mista 
• Alcalose mista 
• Gasometria compensada 
Distúrbio 
ácido-base 
HCO3- 
(mmol/L) 
pCO2 
(mmHg) 
SBE 
(mmol/L) 
Acidose 
metabólica 
< 22 (1,5 x 
HCO3-) + 8 
< - 5 
Alcalose 
metabólica 
> 26 (0,7 x 
HCO3-) + 21 
> + 5 
Acidose 
respiratória 
aguda 
[(pCO2 – 
40) / 10] + 
24 
> 45 = 0 
Acidose 
respiratória 
crônica 
[(pCO2 – 
40) / 3] + 
24 
> 45 0,4 x 
(pCO2 – 
40) 
Alcalose 
respiratória 
aguda 
[(40 - 
pCO2) / 5] 
+ 24 
< 35 = 0 
Alcalose 
respiratória 
crônica 
[(40 - 
pCO2) / 2] 
+ 24 
< 35 0,4 x 
(pCO2 – 
40) 
Respostas fisiológicas 
Distúrbio Primário Resposta 
Acidose 
metabólica 
↓ 1 HCO3 ↓ pCO2 1 – 1,5 
Alcalose 
metabólica 
↑ 1 HCO3 ↑ pCO2 0,25 – 1 
Acidose 
respiratória 
aguda 
↑ 10 pCO2 ↑ HCO3 1 
Acidose 
respiratória 
crônica 
↑ 10 pCO2 ↑ HCO3 4 
Alcalose 
respiratória 
aguda 
↓ 10 pCO2 ↓ HCO3 1 – 3 
Alcalose 
respiratória 
crônica 
↓ 10 pCO2 ↓ HCO3 3 - 5 
 
ACIDOSE METABÓLICA 
Patogênese 
• Aumento da produção de ácidos não 
voláteis 
• Redução da excreção de ácidos 
• Redução da recuperação de bicarbonato 
• Perda excessiva de HCO3 (diarreia) 
Causas 
• Intoxicações (salicilatos, álcoois) 
• Perda de bicarbonato (diarreia, alteração 
renal) 
• Incapacidade de eliminação de H+ (acidose 
tubular renal), insuficiênciarenal 
• Acidose láctica (choque, hipoxemia 
congênita) 
• Cetoacidose diabética/ jejum prolongado 
(aumento de ácido acético e beta 
hidroxibutírico) 
• Acidoses orgânicas congênitas 
Estado de Compensação 
• Hiperventilação → ↑ eliminação de CO2 
• ↑ recuperação renal de HCO3- → pH 
normal 
Clínica 
• ↓ pH, ↓ HCO3- 
• Pouco exuberante 
• Respiração de Kussmaul, vômitos, 
alteração de sensório, depressão cardíaca 
Efeitos 
• Hipercalemia 
• Elevação dos níveis de cálcio 
o Impede ligação as proteínas 
plasmáticas 
• Hipercalciúria 
 
 
Geovana Sanches, TXXIV 
Ânion-GAP 
• É a diferença entre os cátions e os ânions 
o Ânion-gap: Na - (Cl + HCO3) 
o Valor normal: 12 + ou - 4 mEq 
• Deve ser calculado em todos os casos de 
suspeita de distúrbio ácido-básico, pois 
pode identificar uma desordem mesmo 
quando o pH é normal ou alcalêmico 
o Papel importante para diferenciar 
etiologias de acidose metabólica, 
que muitas vezes não são claras 
• No meio extracelular a quantidade de 
cátions deve ser igual a de ânions 
• Ânion-gap: ânions não mensuráveis, mas 
que realizam a neutralização dos cátions 
• Um aumento de AG significa elevação dos 
ânions plasmáticos não mensuráveis 
 
• Condições possíveis: 
o Acidose metabólica com elevação 
do anion-gap ou acidose 
normoclorêmica 
§ Insuficiência renal 
§ Cetoacidose (diabética, 
jejum) 
§ Intoxicação (metanol, 
etileno glicol, paraldeído, 
salicilatos) 
§ Acidose láctica (sepse, 
insuficiência ventricular 
esquerda) 
o Acidose metabólica sem elevação 
do anion-gap ou acidose 
hiperclorêmica 
§ Perda de HCO3 pelo TGI 
(diarréia) 
§ Perda renal de HCO3 
§ Compensação para 
alcalose 
respiratória 
§ Inibidores da 
anidrase carbônica 
(diamox) 
§ Acidose tubular 
renal 
§ NEO implantação do 
ureter 
§ NPP 
 
ALCALOSE METABÓLICA 
• Alterações 
o pH ↑ 
o pCO2 ↑ ou normal 
o [HCO3] ↑ 
o [Cl] ↓ ou normal 
o ↑ BE (excesso de base) 
Patogênese 
• Aumento da retenção de HCO3- 
• Perda de H + (vômito) 
Causas 
• Perda de H+ 
o Hiperemese 
o Hipopotassemia 
o Diuréticos 
o Corticosteroides 
o Síndrome de Cushing 
• Administração de álcalis (bicarbonato) 
Estado de compensação 
• Hipoventilação: ↑ retenção de CO2 
• ↓ recuperação renal de HCO3 → pH 
normal 
Clínica 
• ↑ pH 
• ↑ HCO3 
• Bem menos frequente 
• Clínica é mais exuberante : fraqueza 
muscular, convulsões, arritmias 
Efeitos da alcalose metabólica 
• Hipercapnia 
• Hipocalcemia 
• Hipocalemia 
 
ACIDOSE RESPIRATÓRIA 
• Alterações 
o ↓ pH 
o ↑ pCO2 
o ↑ [HCO3] ou normal; 
o ↑ BE ou normal 
Patogênese 
• Hipoventilação e diminuição da eliminação 
de CO2 pelos pulmões que leva a 
insuficiência respiratória aguda (IRA) ou 
crônica (IRC) 
Causas 
• Doenças das vias respiratórias (laringite, 
bronquiolite, asma) 
• Doenças pulmonares (broncopneumonia, 
edema pulmonar) 
• Insuficiência cardíaca congestiva 
Geovana Sanches, TXXIV 
• Oxigenoterapia inadequada (aumento da 
saturação de O2) 
• Alteração do SNC (doenças e fármacos: 
barbitúricos, morfina ou álcool) 
• Doenças neuromusculares (lesão medular, 
miopatias, outras) 
Estado de compensação 
• Eliminação de ácidos fixos pelos rins - 
processo lento 
• ↑ secreção renal de H+ e ↑ recuperação 
de HCO3 → pH normal 
 
ALCALOSE RESPIRATÓRIA 
• Alterações 
o ↓ pH 
o ↑ pCO2 
o ↑ [HCO3] ou normal 
o ↑ BE ou normal 
Patogênese 
• Hiperventilação e perda excessiva de CO2 
pelos pulmões que leva a IRA e IRC 
Causas 
• Doenças das vias respiratórias e 
pulmonares (embolia pulmonar, fibrose 
pulmonar) 
• Hiperventilação por ventilação mecânica 
• Fármacos (salicilatos - causam estímulo de 
centro respiratório) 
• Alterações do SNC (febre, crise de 
ansiedade, tumores, meningite, encefalite) 
Estado de compensação 
• ↓ secreção de H+ (maior retenção de H+) 
• ↓ recuperação de HCO3 (↑ excreção de 
HCO3) → pH normal 
RESUMIDAMENTE... 
 
CASOS CLÍNICOS 
Caso 1 
78 anos, masculino, choque séptico de 
origem abdominal. Exames: 
• pH: 7,15 
• HCO3: 6 mEq/L 
• pCO2: 18 mmHg 
• Na: 136 mEq/L 
• Cl: 100 mEq/L 
• K: 5,8 mEq/L 
à Resolução: 
• pH = acidose 
• Bicarbonato baixo: acidose metabólica 
• pCO2 baixo: compensação 
• Ânion-gap: 135 – 100 – 6= 30 
o Acima de 16= acidose metabólica 
com ânion gap elevado 
o Possível etiologia: sepse 
Caso 2 
 33 anos, masculino, litíase renal de 
repetição, com pneumonia comunitária. Exames: 
• pH: 7,16 
• HCO3: 12 mEq/L 
• pCO2: 34 mmHg 
• Na: 136 mEq/L 
• Cl: 114 mEq/L 
• K: 4,5 mEq/L 
à Resolução 
• pH: acidose 
• Bicarbonato: metabólica 
• Espera-se pCO2 baixo 
o Usar fórmula 1,5 x bicarbonato 
o Devia estar mais baixo 
o Não está compensado 
• Acidose mista 
o Possível etiologia: insuficiência 
renal + DPOC 
o Anion gap 
§ Sem anion gap elevado 
§ Tipo hiperclorêmica

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