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LIVRO DIGITAL - HISTORIA MEDIEVAL - UNICESUMAR

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Prévia do material em texto

HISTÓRIA 
MEDIEVAL
Professora Me. Luciene Maria Pires Pereira
GRADUAÇÃO
Unicesumar
Acesse o seu livro também disponível na versão digital.
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a 
Distância; PEREIRA, Luciene Maria Pires. 
História Medieval. Luciene Maria Pires Pereira. 
Maringá-Pr.: Unicesumar, 2019. Reimpresso 2021.
208 p.
“Graduação - EaD”.
1. História. 2. Medieval . 3. Idade Média 4. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-459-1772-4
CDD - 22 ed. 940.1
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Diretoria Executiva
Chrystiano Minco�
James Prestes
Tiago Stachon 
Diretoria de Graduação
Kátia Coelho
Diretoria de Pós-graduação 
Bruno do Val Jorge
Diretoria de Permanência 
Leonardo Spaine
Diretoria de Design Educacional
Débora Leite
Head de Curadoria e Inovação
Tania Cristiane Yoshie Fukushima
Gerência de Processos Acadêmicos
Taessa Penha Shiraishi Vieira
Gerência de Curadoria
Carolina Abdalla Normann de Freitas
Gerência de de Contratos e Operações
Jislaine Cristina da Silva
Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais
Daniel Fuverki Hey
Supervisora de Projetos Especiais
Yasminn Talyta Tavares Zagonel
Coordenador de Conteúdo
Priscilla Campiolo Manesco Paixão
Designer Educacional
Ana Claudia Salvadego
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Arte Capa
Arthur Cantareli Silva
Ilustração Capa
Bruno Pardinho
Editoração
Arthur Murilo Heicheberg
Qualidade Textual
Meyre Barbosa da Silva
Ilustração
Bruno Pardinho
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos 
com princípios éticos e profissionalismo, não so-
mente para oferecer uma educação de qualidade, 
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in-
tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos 
em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e 
espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos 
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 
100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: 
nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, 
Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos 
EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e 
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros 
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por 
ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma 
instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos 
consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos 
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades 
de todos. Para continuar relevante, a instituição 
de educação precisa ter pelo menos três virtudes: 
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de 
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam 
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é 
promover a educação de qualidade nas diferentes 
áreas do conhecimento, formando profissionais 
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quan-
do investimos em nossa formação, seja ela pessoal 
ou profissional, nos transformamos e, consequente-
mente, transformamos também a sociedade na qual 
estamos inseridos. De que forma o fazemos? Crian-
do oportunidades e/ou estabelecendo mudanças 
capazes de alcançar um nível de desenvolvimento 
compatível com os desafios que surgem no mundo 
contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógi-
ca e encontram-se integrados à proposta pedagógica, 
contribuindo no processo educacional, complemen-
tando sua formação profissional, desenvolvendo com-
petências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos 
em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no 
mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm 
como principal objetivo “provocar uma aproximação 
entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o 
desenvolvimento da autonomia em busca dos conhe-
cimentos necessários para a sua formação pessoal e 
profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas 
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos 
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. 
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu 
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fó-
runs e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe 
das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma 
equipe de professores e tutores que se encontra dis-
ponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em 
seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe 
trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória 
acadêmica.
A
U
TO
R
A
Professora Me. Luciene Maria Pires Pereira
Possui graduação em História pela Universidade Estadual de Maringá (2004). 
Possui o título de especialista em História Econômica, obtido na Universidade 
Estadual de Maringá, onde iniciou um estudo acerca das questões que 
envolveram a distribuição de terras no Brasil no início da colonização. Possui 
mestrado na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP/
Campus de Assis-SP, onde desenvolveu uma pesquisa financiada pelo CNPq, 
na qualidade de bolsista, na qual analisou o sistema de sesmarias implantado 
no Brasil na época de sua colonização, com o objetivo de entender a 
formação da propriedade territorial no Brasil. Doutoranda no Programa de 
Pós-graduação em História da Universidade Estadual de Maringá - UEM. 
Possui Especialização em Educação Especial, Atendimento Educacional 
Especializado e em Psicopedagogia Institucional, realizadas no Instituto 
Paranaense de Ensino, na cidade de Maringá/PR. Atualmente, integra o 
corpo docente do curso de História da UNICESUMAR - Centro Universitário, 
instituição na qual orienta alunos de iniciação científica e coordena projetos 
de ensino na área de História e Educação Inclusiva. Membro do Laboratório 
de Estudos do Império Português (LEIP-UEM).
Currículo Lattes: <http://lattes.cnpq.br/6032407633174633>
SEJA BEM-VINDO(A)!
Caríssimo(a) aluno(a) do curso de História da UniCesumar, o livro que você está pres-
tes a estudar foi elaborado com muita satisfação e tem por objetivo auxiliá-los no 
processo de aprendizagem de um dos períodos mais fascinantes da história, o perí-
odo medieval.
O objetivo deste material é possibilitar que você adquira o conhecimento necessário 
sobre o período medieval, para que possa atuar como professor(a) de História. Nesse 
sentido, o livro conta com informações fundamentadas em autores clássicos, especia-
listas no período, e considerados os mais importantes medievalistas. Além disso, tra-
zemos sugestões de livros, documentos históricos, filmes, sites e atividades de análise 
e reflexão que enriquecerão a sua aprendizagem.
Compreender a Idade Média em todos os seus aspectos não é tarefa simples. Por essa 
razão, é importante que você, aluno(a), tenha disciplina e dedicação para vencer os 
assuntos e as atividades propostas ao longo de todo o livro, além de buscar aprovei-
tar ao máximo os recursos e as dicas apresentadas aqui e também as oferecidas pela 
UniCesumar. Com o livro que apresento, junto com o seu esforço e dedicação, tenho 
certeza de que nossa viagem pela Idade Média ocorrerá de maneira prazerosa, e você 
conseguirá apreender as nuances que caracterizaram esse rico período da história da 
civilização humana.
De início,gostaria de ressaltar que não há, entre os estudiosos da Idade Média, um 
consenso em relação à periodização exata do período. O que os estudiosos afirmam 
é que a Idade Média corresponde a um espaço de tempo entre o fim da antiguidade 
clássica e o início do período moderno, e as datas exatas que marcam o início e o fim 
dessa época variam de acordo com a abordagem adotada.
Neste livro, caro(a) aluno(a), trabalharemos com a periodização adotada por estudio-
sos do período medieval que situam a Idade Média entre os séculos V e o século XV. A 
escolha do século V para marcar o início da Idade Média está relacionada à queda do 
imperador do Ocidente, Rômulo Augusto, no ano de 476, após a invasão dos Ostro-
godos. Já a escolha do século XV para acentuarmos o fim da Idade Média relaciona-se 
com a tomada de Constantinopla (capital do Império Romano do Oriente), em 1453, 
pelos turcos.
Dentro desse período que será adotado por nós, para nossos estudos, há, ainda, uma 
divisão da Idade Média em Alta Idade Média – período que vai do século V ao século 
X e corresponde ao período de instalação da Idade Média, consolidação de suas bases 
e auge da sua prosperidade – Idade Média Central – entre os séculos XI e XIII – e Bai-
xa Idade Média –, período que vai do século XIII ao século XV e é caracterizado pelo 
nascimento de instituições que transformaram os aspectos políticos, econômicos e 
socioculturais do mundo medieval.
APRESENTAÇÃO
HISTÓRIA MEDIEVAL
Para o estudo da história medieval, o historiador conta, principalmente, com as fon-
tes escritas cuja abundância se demonstra pela existência de obras históricas, lite-
rárias, filosóficas, documentos biográficos, jurídicos, religiosos, oficiais e privados. O 
historiador que se interessa pela Idade Média pode contar, também, com as fontes 
arqueológicas que se referem às construções do período – como castelos, igrejas, 
casas etc. –, às obras de arte produzidas no período e/ou, ainda, os utensílios e aos 
objetos materiais usados naquela época.
Em nosso livro, adotamos, sobretudo, as fontes escritas, apresentando lhe textos 
produzidos por grandes nomes da historiografia que se refere à Idade Média, além 
de documentos de época, para que você possa habituar-se ao trabalho com esse 
tipo de fonte. Ao longo deste livro, veremos como se deu o início da Idade Média, 
partindo da análise da desestruturação do Império Romano após a instalação dos 
povos bárbaros nesse território. Esse assunto, abordado na primeira Unidade, é 
importante para compreendermos como se processou a formação da sociedade 
medieval, sendo, essa resultado, proveniente da fusão de elementos culturais dos 
antigos romanos e dos povos bárbaros.
Na segunda Unidade, discorreremos acerca do nascimento do cristianismo e o cres-
cente poder e influência da Igreja Cristã do Ocidente até sua consolidação como 
instituição mais poderosa e influente da Idade Média. Essa discussão é imprescindí-
vel para compreendermos os elementos que caracterizaram, cultural e socialmente, 
a Idade Média.
A terceira Unidade é dedicada ao estudo do processo de feudalização da Europa 
medieval, fato que deixará a Idade Média com a imagem que dela possuímos. O 
processo de feudalização é importante para analisarmos as bases de organização da 
sociedade medieval e suas diferenças com as sociedades antiga e moderna.
Na quarta Unidade, nosso objeto de estudo será o surgimento das Cruzadas, a partir 
do século XI, e a análise dos fatores que contribuíram para seu início. Além disso, 
destacaremos as mudanças que esse movimento provocou na sociedade medieval.
Na quinta e última Unidade de nosso livro, discutiremos as transformações que 
marcaram a Baixa Idade Média e que lançaram as bases da transição para o mundo 
moderno.
Cabe ressaltar, caro(a) aluno(a), que o foco de nossa disciplina será a Europa Oci-
dental e que, ao iniciarmos nosso estudo, não podemos nos esquecer de que não é 
papel do historiador julgar o passado com os olhos e valores atuais, e sim analisar-
mos os fatos, levando sempre em consideração a época e o contexto no qual estão 
inseridos, sem perder de vista os princípios, costumes e valores existentes no perí-
odo estudado. Lembrando-nos sempre disso, podemos dar início à nossa viagem à 
Idade Média.
APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
09
UNIDADE I
AS INVASÕES BÁRBARAS: O CONTATO ENTRE “BÁRBAROS” E 
ROMANOS E A TRANSFORMAÇÃO DO ANTIGO IMPÉRIO ROMANO
15 Introdução
16 Aspectos da Organização e da Cultura dos Povos Bárbaros 
18 Política, Economia e Sociedade no Mundo Bárbaro 
22 Os Bárbaros e os Limites do Império Romano 
25 A Relação Entre as Invasões Bárbaras e a Desestruturação do Império 
Romano
32 O Reino dos Francos e a Formação do Império Carolíngio 
40 Considerações Finais 
46 Glossário 
48 Referências 
50 Gabarito 
SUMÁRIO
10
UNIDADE II
ASPECTOS DA FORMAÇÃO E DA CONSOLIDAÇÃO DA IGREJA CRISTÃ 
MEDIEVAL
53 Introdução
54 O Nascimento do Cristianismo e o Fortalecimento da Doutrina Cristã e da 
Igreja Católica
63 Consolidação e Influência da Igreja Católica na Idade Média 
74 A Igreja Medieval e o Controle Social: A Dominação pela Fé 
81 Considerações Finais 
87 Glossário 
88 Referências 
89 Gabarito 
SUMÁRIO
11
UNIDADE III
ANÁLISE DO PROCESSO DE FEUDALIZAÇÃO: ESTRUTURAS SOCIAIS, 
POLÍTICAS E ECONÔMICAS
93 Introdução
94 Características do Feudalismo e Elementos da Sociedade Feudal 
103 Fragmentação do Poder Político na Europa Feudal: A Formação da 
Nobreza Senhorial
109 Modo de Produção Feudal 
113 Aspectos Culturais da Sociedade Feudal 
117 Considerações Finais 
123 Glossário 
124 Referências 
125 Gabarito 
UNIDADE IV
AS CRUZADAS E AS TRANSFORMAÇÕES NA EUROPA MEDIEVAL
129 Introdução
130 O Nascimento do Islamismo e a Expansão dos Muçulmanos 
136 Os Cavaleiros Medievais 
144 As Cruzadas: Contexto e Motivações 
151 As Cruzadas no Oriente e no Ocidente 
157 Considerações Finais 
SUMÁRIO
12
163 Glossário
164 Referências 
165 Gabarito 
UNIDADE V
A BAIXA IDADE MÉDIA E AS TRANSFORMAÇÕES NO OCIDENTE 
MEDIEVAL
169 Introdução
170 O Renascimento Comercial e Urbano 
179 O Surgimento das Universidades Medievais 
184 A Peste Negra 
188 As Raízes Medievais dos Estados Nacionais Modernos 
193 Considerações Finais 
200 Glossário 
201 Referências 
202 Gabarito 
203 CONCLUSÃO
U
N
ID
A
D
E I
Professora Me. Luciene Maria Pires Pereira
AS INVASÕES BÁRBARAS: O CONTATO 
ENTRE “BÁRBAROS” E ROMANOS 
E A TRANSFORMAÇÃO DO ANTIGO 
IMPÉRIO ROMANO
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Conhecer as tribos bárbaras que adentraram as fronteiras do antigo 
Império Romano e as regiões nas quais se instalaram, verificando 
de que maneira essas tribos contribuíram para a transformação do 
Império Romano do Ocidente.
 ■ Analisar as características dos povos bárbaros, evidenciando sua 
organização política, econômica, social e cultural.
 ■ Discorrer acerca do primeiro contato entre os bárbaros e os romanos, 
evidenciando a fusão dos elementos das duas culturas e sua 
consequência para a formação da sociedade medieval.
 ■ Analisar a formação do Império Carolíngio, acentuando sua 
relevância dentro do período medieval.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Aspectos da organização e cultura dos povos bárbaros
 ■ Os bárbaros e os limites do Império Romano
 ■ A relação entre as invasões bárbaras e a desestruturação do Império 
Romano
 ■ O reino dos Francos e a formação do Império Carolíngio
INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a), entre os fatores que contribuíram para as transformações 
observadas no antigo Império Romano, a partir do século III, destaca-se a chegada 
das tribos bárbaras às fronteiras do Império e sua posterior invasão. O medieva-
lista Jacques Le Goff (1995, p. 29) aponta as invasões bárbaras como o elemento 
essencial da crise do Império Romano no século III, destacando que a chegada 
desses povos aos limites do antigo Império foi o “acontecimento que propiciouas transformações, que lhes dá um aspecto catastrófico e que lhes modifica pro-
fundamente a aparência”.
Diante da relevância desses povos para a formação da sociedade medieval 
e tendo em vista que é da fusão entre os elementos da cultura dos povos que 
viviam fora dos limites do Império e da cultura romana que a sociedade do perí-
odo medieval foi moldada, é preciso que nosso estudo tenha início com uma 
compreensão acerca dos elementos que caracterizavam esses povos, vistos pelos 
antigos romanos como bárbaros.
Após conhecermos os elementos que compunham o conjunto de caracterís-
ticas dos povos bárbaros, analisaremos as conjunturas que marcaram a relação 
entre bárbaros e romanos nos limites do Império, buscando compreender os 
fatores que motivaram as invasões e suas consequências.
Por fim, analisaremos o desenvolvimento do reino dos Francos e a formação 
do Império Carolíngio, bem como demonstraremos a sua relevância para o nas-
cimento da sociedade medieval e sua relação com a Igreja Católica. Tudo isso, 
enfatizando a aliança entre Estado e Igreja por meio da coroação de Carlos Magno 
e as consequências dessa aliança para o desenvolvimento da sociedade medieval.
A partir das discussões realizadas nesta unidade, será possível a compre-
ensão do processo de organização da sociedade medieval na medida em que as 
características mais conhecidas em relação a Idade Média refletem elementos e 
aspectos herdados dos diversos povos bárbaros que ocuparam o Ocidente e for-
maram os chamados reinos bárbaros a partir do século V.
Introdução
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ASPECTOS DA ORGANIZAÇÃO E DA CULTURA DOS 
POVOS BÁRBAROS
Prezado(a) aluno(a), nesta aula, nosso objetivo é apontar e analisar os aspectos e 
os elementos que caracterizavam os povos bárbaros que ultrapassaram as fron-
teiras do Império Romano, aceleraram sua desestruturação e inauguraram um 
novo capítulo na história da civilização ocidental.
Os povos bárbaros correspondiam aos povos de origem indo-europeus que 
habitavam a Europa e a Ásia, na época do Império Romano, e possuíam diferentes 
ascendências, entre as quais destacamos germânicos, celtas, eslavos, tártaro-mon-
góis e escandinavos. Pode-se afirmar que os deslocamentos e as migrações desses 
povos desenvolveram-se ao longo das margens dos rios Reno, Danúbio e Oder 
e do mar Báltico, até romperem os limites de Roma e se estabelecerem nos ter-
ritórios do antigo Império. 
Diante dessa miscelânea de povos de ascendências distintas e que, ao longo de 
seu desenvolvimento, mesclaram-se uns aos outros, buscar uma uniformização exata 
de seus aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais não é uma tarefa fácil, 
mesmo existindo um número considerável de trabalhos acerca dos povos bárbaros.
Serrano (1995) chama atenção para o fato de que é comum considerar e 
denominar a totalidade dos povos bárbaros que chegaram a Roma como ger-
manos, denominação que pode levar a uma generalização dos elementos que 
AS INVASÕES BÁRBARAS: O CONTATO ENTRE “BÁRBAROS” E ROMANOS 
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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Aspectos da Organização e da Cultura dos Povos Bárbaros
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compunham esses povos e que contradizem suas ações diante dos romanos. De 
acordo com a autora, é preciso cuidado com generalizações desse tipo, pois elas 
nos levam a desconsiderar outras formas de atividades e de organizações, e até 
mesmo a repensar a ideia do estabelecimento de relações e interesses comuns 
entre bárbaros e romanos.
Apenas para ilustrarmos uma discussão que será retomada e aprofundada 
no próximo tópico, vale destacar que os bárbaros mantinham uma relação com-
plexa com os romanos, caracterizada pela alternância de momentos conflituosos 
– devido às incursões bárbaras ao Império Romano – e de momentos de rela-
tiva harmonia entre ambos os povos, períodos nos quais eram realizadas, até 
mesmo, trocas e comércio entre as duas culturas, por meio das fronteiras. Além 
disso, muitos bárbaros eram contratados para integrarem o exército romano. 
Desse modo, podemos observar a intenção de Serrano (1995), apresentada 
anteriormente, ao chamar nossa atenção para generalizações, pois, ao difundir 
a ideia de que aos povos bárbaros descendiam todos da mesma etnia, podemos 
incorrer no risco de relativizar as características e as conjecturas que marcaram 
o desenvolvimento das relações entre as duas culturas, características que, assim 
como veremos mais adiante, foram fundamentais para a criação de uma cultura 
oriunda do contato entre bárbaros e romanos.
Após considerarmos os apontamentos 
acerca dos perigos de generalizarem a origem 
e a ascendência dos povos bárbaros sob o risco 
de nos equivocarmos ao tratarmos de suas 
características, podemos avançar no estudo 
dos elementos que compunham esses povos. 
Para começarmos, é interessante voltarmo-nos 
ao emprego da palavra “bárbara” para denomi-
narmos os povos que viviam fora das fronteiras 
de Roma.
Os romanos utilizaram a palavra “bárbara” 
com um sentido pejorativo para denomina-
rem os povos que viviam fora de seus limites, 
devido ao fato de que esses povos possuíam 
Figura 1 - Diferenças entre as 
vestimentas e armas correspondentes a 
diferentes tribos bárbaras
Fonte: Portal do Professor (2011, on-
line)1.
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=25555
AS INVASÕES BÁRBARAS: O CONTATO ENTRE “BÁRBAROS” E ROMANOS 
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E18
características e cultura diferentes da sua. É preciso atentar para esse aspecto, 
porque, quando não compreendemos o significado da palavra “bárbara” naquele 
contexto, corremos o risco de associá-la apenas à desordem que ocorreu no final 
do Império Romano, quando, na verdade, naquele momento histórico, a pala-
vra era empregada com outro significado.
Nesse sentido, embora os povos bárbaros tivessem um papel de destaque no 
processo de transformação do Império Romano, não podemos associá-los a ati-
tudes de desorganização política e social, desordem e destruição. Ao contrário, 
como veremos aqui, esses povos possuíam uma estrutura de organização bem 
definida. Além disso, um desses povos, os Francos, serão, posteriormente, res-
ponsáveis pela formação de um vasto império, capaz de submeter outros reinos 
ao seu domínio e elevar o prestígio da Igreja Católica.
POLÍTICA, ECONOMIA E SOCIEDADE NO MUNDO 
BÁRBARO
Ao iniciarmos a apresentação dos elementos organizacionais dos povos bárbaros, 
precisamos ter em mente, caro(a) aluno(a), assim que, como já discutido, o con-
ceito de bárbaro não se refere à falta de desenvolvimento ou de organização dos 
povos que viviam fora das fronteiras fortificadas de Roma. Ao contrário, esses 
povos, em consequência da diversidade étnica, dos deslocamentos e dos contatos 
constantes com diferentes civilizações, conseguiram aprender e evoluir, apreen-
dendo e adaptando elementos de outras culturas às suas necessidades e realidades.
Em relação à organização econômica desses povos, a agricultura era a ativi-
dade mais comum, mas não a única. Alguns povos também praticavam a caça, 
É muito complexo singularizar povos, costumes e culturas que não estão 
definitivamente definidas nem histórica, nem arqueologicamente.
 (Rosa Sanz Serrano)
Política, Economia e Sociedade no Mundo Bárbaro
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a pesca e a pecuária, e mesmo aqueles que tinham, na agricultura, sua atividade 
econômica principal, também se envolveram com outras atividades para com-
plementar suas necessidades.
Sobre a agricultura,pode-se dizer que 
se tratava de uma agricultura precária, 
desenvolvida sem grandes investimentos 
técnicos, devido à falta de conhecimento 
dessas técnicas e, também, ao fato de esses 
povos serem nômades ou seminômades, 
o que não possibilitava um investimento 
na terra que permitisse a sua reutilização 
após uma colheita. Os principais produtos 
cultivados pelos bárbaros eram a cevada, o 
trigo, a aveia, o milho e o centeio, alimentos 
que eram a base da sua alimentação. Assim, observamos que as atividades eco-
nômicas consistiam, basicamente, na manutenção da sobrevivência das tribos.
Vale ressaltar, caro(a) aluno(a), que os povos bárbaros tinham, como carac-
terística marcante, a preocupação militar, isto é, a preocupação com a guerra, 
atividade que demandava atenção e dedicação dos homens da tribo, sobre-
tudo devido aos resultados obtidos com as pilhagens praticadas. Além disso, o 
reconhecimento da coragem durante um conflito rendia alguns privilégios aos 
homens. Por essa razão, a agricultura era uma atividade realizada, também, pelas 
mulheres da tribo, principalmente nos períodos de guerra, quando os homens 
voltavam sua atenção para o combate.
A base política e social dos bárbaros assentava-se na organização tribal, na 
qual não existia o conceito de Estado e a família era o alicerce dessa estrutura. 
A família era composta por membros mais próximos: maridos, esposas, filhos 
e seus dependentes, como os escravos e semilivres. A manutenção e a proteção 
da ordem familiar eram vitais para o funcionamento da vida em sociedade dos 
povos bárbaros e, dentro dessa organização familiar, o respeito era um elemento 
importante, sendo que a ofensa a qualquer um dos membros da família repre-
sentava uma ofensa a toda família.
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Embora houvesse a figura do rei, os povos bárbaros eram divididos em tribos, 
as quais eram governadas por chefes militares que governavam de acordo com 
uma democracia militar, isto é, as decisões eram tomadas em conjunto. Ao chefe 
eleito pela assembleia, cabia o dever de dirigir o exército em tempos de guerra 
e decidir sobre as questões políticas juntamente com a comunidade. Em detri-
mento do fato de que os homens bárbaros eram grandes militares, aqueles que 
não participassem das guerras ou abandonassem uma batalha, era lhe retirado o 
direito de participar das assembleias.
Os povos bárbaros eram politeís-
tas e não possuíam uma organização 
religiosa baseada em complexas hie-
rarquias e/ou rituais, como no caso 
do cristianismo. Entre esses povos, 
cabia, aos chefes das tribos e outros 
membros da família, a realização 
ou a condução das práticas adota-
das por eles. Entre os elementos de 
adoração dos bárbaros, destacam-se 
os elementos da natureza, animais e 
seres mitológicos, além de alguns 
objetos os quais acreditavam pos-
suir algum tipo de poder. Entre as 
divindades, a mais importante era 
Odin, deus da guerra.
Na cultura bárbara, a família desempenhava um papel central na organiza-
ção desses povos, cujo respeito e a proteção a essa instituição representa-
vam o sucesso da vida em sociedade. Em contraste, na atualidade, como 
entendemos o conceito de família? 
Figura 2 - Deus nórdico Odin com corvos e espadas. 
Ilustração gráfica no anel. Ornamento celta.
Fonte: Shutterstock
Política, Economia e Sociedade no Mundo Bárbaro
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Agora que conhecemos a organização dos povos bárbaros, podemos avançar no 
estudo desses povos, visando compreender a complexidade das relações estabe-
lecidas entre eles e os romanos, e as consequências dessas relações, sobretudo a 
formação da sociedade medieval.
Tabela 1 - Organização dos povos bárbaros
ECONOMIA
 ■ Agricultura: atividade mais comum, precária e com poucos 
investimentos técnicos.
 ӽ Caça.
 ӽ Pesca.
 ӽ Pecuária.
POLÍTICA
 ■ Organização tribal.
 ■ Não conheciam o conceito de Estado.
 ■ A família era o alicerce dessa estrutura.
 ■ Hierarquia militar.
RELIGIÃO ■ Politeístas.
Fonte: a autora.
Devido à diversidade dos povos bárbaros e ao fato de se constituírem como 
povos nômades, conhecer e descrever todos os aspectos e divindades des-
ses povos não é uma tarefa fácil. Em consequência do fato de que os bárba-
ros eram descendentes de diversas etnias oriundas de várias regiões, seus 
princípios e suas características de religiosidade também constituem uma 
vasta gama de elementos distintos. 
Fonte: a autora.
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OS BÁRBAROS E OS LIMITES DO IMPÉRIO ROMANO
Neste momento de nosso estudo, caro(a) aluno(a), após conhecermos os ele-
mentos que caracterizavam os povos bárbaros, buscaremos entender a relação 
entre eles e os romanos até o século IV, e analisar os interesses mútuos que fun-
damentaram essa relação.
Observamos, anteriormente, que é difícil 
estabelecer o caminho percorrido pelos 
povos bárbaros até chegarem ao Império 
Romano, porque, ao longo desse trajeto, 
muitos povos foram submetidos e incor-
porados por outros mais fortes. O que 
podemos observar é que, ao encontra-
rem-se nos limites de Roma, esses povos 
foram penetrando nas regiões do Império, 
gradativamente. Com a aproximação dos 
povos bárbaros, o Império Romano bus-
cou formas de manter sua soberania e 
sua supremacia política e militar, pois, na 
medida em que já se sentia os sinais da 
crise do Império, a ameaça de um ataque de 
povos oriundos de outras regiões tornou-se 
uma preocupação a mais para os romanos.
Fonte: Shutterstock
Figura 3 - Saque de Roma pelos Vândalos, em 455 d.C. Por 
Heinrich Leutemann
Fonte: Wikipedia ([2018], on-line)2.
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Heinrich_Leutemann&action=edit&redlink=1
Os Bárbaros e os Limites do Império Romano
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A historiografia aponta as variações no clima, o aumento e o empobrecimento 
das populações, a pressão exercida por outros povos, a pilhagem e o desejo de 
enriquecimento como razões para o deslocamento e a busca por novos territó-
rios pelos bárbaros. Impelidos por esses fatores, essas populações, oriundas de 
regiões como a Germânia, a Escandinávia e entre outras, avançaram até os limi-
tes de Roma e ali se organizaram e se fixaram até o momento da primeira onda 
de invasões no século IV.
O contato entre romanos e bárbaros sempre foi intenso e, desde o século 
I, os primeiros precisaram lidar com a ameaça de uma invasão bárbara e lutar 
para tentar submeter os inimigos ao seu domínio. Assim como os romanos pre-
cisavam manter a segurança de seus domínios, os bárbaros também precisavam 
lutar contra outros povos bárbaros para manter o domínio das regiões recém-
-alcançadas e, para isso, chegaram a formar alianças com os romanos para evitar 
o avanço de outros povos.
Perceba que essa aproximação e instalação em regiões próximas ou dentro 
dos limites de Roma, caro(a) aluno(a), permitiu a organização de alianças entre 
bárbaros e romanos, que foram, simultaneamente, a salvação e a desarticulação 
do Império Romano. Além disso, por meio desse contato, foram possibilitadas 
as trocas culturais relevantes para a formação da sociedade medieval, que, como 
já fora abordado, é o reflexo da fusão entre essas duas culturas.
Diante disso, caro(a) aluno(a), é perceptível que as relações entre bárbaros 
e romanos, desde os primeiros contatos, desenvolveram-se de maneira com-
plexa e de acordo com as conjunturas históricas do momento. Percebemos, 
também, que o fato de os bárbaros estarem fora dos limites do Império não os 
tornavam aliados entresi. Ao contrário, a história desses povos mescla uma 
política de alianças entre eles contra os romanos ou contra outros povos bár-
baros, e de alianças com os romanos contra os próprios bárbaros. Tudo isso, 
permeado pelas circunstâncias históricas do momento e de acordo com os 
interesses de todos os envolvidos.
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Conforme aponta Musset (1975, p. 30):
O Império do Oriente primeiro manteve relações pacíficas com os re-
cém-chegados e talvez favoreceu seu estabelecimento na Bacia Panónia 
até 390. Enquanto os visigodos de Alarico representaram o principal 
perigo nos Balcãs, a amizade com os hunos constituiu um fator favorá-
vel (tradução nossa).
Não foi apenas a partir de acordos e alianças políticas e militares que bárba-
ros e romanos desenvolveram suas relações. O comércio entre esses dois povos 
também se fez presente nesse complexo cenário de aproximação. Em troca de 
mercadorias, como escravos e peles, por exemplo os romanos entregavam, aos 
bárbaros, metais preciosos, vinho (bebida que não era consumida pelos bárba-
ros) e até mesmo tecidos e utilidades domésticas.
Como resultado desse contato entre bárbaros e romanos, as fontes historiográ-
ficas nos mostram, caro(a) aluno(a), que tanto romanos quanto bárbaros adotaram 
e adaptaram, para a sua cultura, hábitos e costumes uns dos outros. Elementos 
presentes na vestimenta, na alimentação, nas técnicas agrícolas e de construção, 
nas artes e no vocabulário foram incorporados ao cotidiano de ambos os povos.
De acordo com Serrano (1995), com os romanos, os bárbaros conheceram o 
conceito de monarquia, diplomacia e propriedade privada, assim como entraram 
em contato com suas instituições jurídicas. Já os romanos, ao entrarem em con-
tato com os bárbaros, além de poderem contar com a força e a estratégia deles 
em seu exército, também aprenderam novas táticas militares e adotaram novos 
cortes de cabelo e tipos de vestimenta. Além disso, o comércio com os bárbaros 
significava uma alternativa para o escoamento dos produtos romanos.
Essa “colcha de retalhos” em que se transformaram as relações entre bárbaros 
e romanos traz, em si, os pormenores do contato entre esses dois povos, os quais, 
ao lançarmos um olhar mais atento e profundo, podem nos revelar os aspectos que 
compunham cada povo e a maneira como cada qual lidava com as estruturas sociais.
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A RELAÇÃO ENTRE AS INVASÕES BÁRBARAS E A 
DESESTRUTURAÇÃO DO IMPÉRIO ROMANO
Nesse momento de nosso estudo, prezado(a) aluno(a), discorreremos acerca dos 
momentos em que os bárbaros romperam os limites do Império Romano e pro-
vocaram transformações em sua estrutura, mesclando suas características com 
as dos romanos e possibilitando a formação de uma nova sociedade.
De acordo com a historiadora Rosa Serrano (1995, p. 32), romanos e bárbaros, 
na realidade, assemelhavam-se na medida em que ambos possuíam uma atitu-
de baseada na prepotência, invasão e saque de recursos.
Fonte: a autora.
Atenção!
Fonte: Shutterstock.
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Estudamos, anteriormente, que, a princípio, os bárbaros desenvolveram uma 
relação com os romanos que, por diversas vezes, mostrou-se vantajosa para ambos 
os lados. A aproximação e a infiltração dos bárbaros nas instituições romanas, da 
forma como aconteceu até o século IV (lembremo-nos da participação bárbara 
no exército romano), somada às condições e às situações enfrentadas pela admi-
nistração do Império, permitiram que esses povos estabelecessem uma dinâmica 
que lhes rendeu o controle do território que já foi considerado um dos maiores 
impérios da civilização ocidental.
Le Goff (1995) destaca que, já no século III, Roma encontrava-se em um 
período de crise que, agravada pela chegada dos bárbaros, provocou a ruptura e 
a divisão do Império em Império Romano do Ocidente, com capital em Roma, 
e Império Romano do Oriente, com capital em Constantinopla, sendo que o 
Ocidente entrou em um período de estagnação que contribuiu para o avanço 
dos povos bárbaros em seu território.
Os povos que participaram da primeira onda migratória conseguiram deses-
tabilizar e modificar as estruturas do Império Romano do Ocidente no século 
V, enquanto o Império Romano do Oriente conseguiu resistir às invasões e se 
manter firme até o século XV.
Figura 4 - Império Romano após a divisão no século IV
Fonte: Wikimedia Commons (2016, on-line)3.
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Os bárbaros atingiram as fronteiras do Império Romano em três períodos diferen-
tes, os quais os historiadores denominam de ondas migratórias. Já observamos, 
prezado(a) aluno(a), que não existe consenso em relação à periodização da Idade 
Média. Isso também ocorre com relação às periodizações das ondas migratórias 
dos bárbaros ao Império Romano. Para nosso estudo, adotaremos a periodiza-
ção indicada por Musset (1975).
De acordo com esse autor, a primeira onda de invasões ocorreu entre os 
séculos IV e V e foram lideradas pelos Hunos, Alanos, Godos, Vândalos, Suevos 
e Burgúndios. A segunda onda de invasões ocorreu entre os séculos V e VI e 
teve, como destaque, a chegada dos Francos, Alamanos e Bávaros. Na terceira 
onda de invasões, ocorrida entre os séculos VI e VII, foi a vez dos Lombardos e 
dos Ávaros ocuparem o território do antigo Império Romano (MUSSET, 1975)
Figura 5 - Invasões Bárbaras: ondas migratórias (séculos II a VI)
Fonte: Wikimedia Commons (2016, on-line)4. 
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Tabela 2 - Invasões bárbaras (Séculos IV-VII)
PRIMEIRA ONDA 
(SÉCULOS IV-V)
Desmembramento Oriental Hunos; Alanos; Godos
Desmembramento Ocidental Vândalos; Suevos; Burgúndios
SEGUNDA ONDA 
(SÉCULOS V-VI)
Francos; Alamanos; Bávaros
TERCEIRA ONDA 
(SÉCULOS VI-VII)
Lombardos 
Ávaros
Fonte: Musset (1975).
As fontes indicam que uma série de fatores contribuiu para a penetração dos bár-
baros no território do Império Romano. De acordo com medievalistas, a primeira 
onda de invasões foi provocada, sobretudo, pela proximidade entre bárbaros e 
romanos desde o momento em que os primeiros passaram a ocupar pontos pró-
ximos à fronteira e a ocupar cargos no exército romano.
É importante destacarmos aqui, caro(a) aluno(a), que a aproximação dos 
primeiros povos bárbaros ao território de Roma ocorreu devido às pressões exer-
cidas sobre eles por outros povos, mais fortes ou cruéis. Isto é, mesmo entre os 
que viviam em territórios distantes das fronteiras do Império havia tensão e con-
flitos que obrigavam os mais fracos a fugirem em busca de novas regiões para se 
estabelecerem. Essa luta entre os povos bárbaros é um aspecto importante a ser 
considerado nos estudos acerca da invasão do Império Romano, uma vez que, ao 
fugirem de seus territórios de origem, os bárbaros uniam-se uns aos outros, mes-
clando seus elementos culturais e avançando até chegarem ao Império Romano.
Dentre os povos bárbaros que contribuíram para o deslocamento de outros 
povos, destacam-se os Hunos. Os Hunos eram os mais cruéis entre os povos 
que desencadearam a primeira onda migratória e são descritos como indi-
víduos fortes tanto no aspecto físico quanto no aspecto psicológico, sendo 
comparados aos animais mais cruéis conhecidos. 
Fonte: LeGoff (1995).
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Consta, ainda, entre as razões que contribuíram para a chegada dos bárbaros ao 
território romano, fatores, tais como o deslocamento em busca de novas terras, 
devido às mudanças climáticas em suas regiões de origem e ao aumento popu-
lacional, que levou à procura de regiões que pudessem atender às necessidades 
de seus indivíduos. Impulsionados por esses fatores, em maior ou menor grau, 
os bárbaros atingiram o território do Império Romano, ultrapassaram seus limi-
tes e modificaram as bases desse Império.
Tabela 3 - Território Ocupado pelas Principais Tribos Bárbaras
POVO BÁRBARO TERRITÓRIO OCUPADO
Alanos Península Ibérica e o norte da África
Visigodos Gália, Itália e Espanha
Ostrogodos Constantinopla e Itália
Vândalos Norte da África e Península Ibérica
Suevos Espanha
Burgúndios Sudoeste da França
Francos Atual França, Itália e Alemanha
Alamanos Atual Alemanha e Suíça
Lombardos Norte da Península Itálica
Saxões Ilhas Britânicas
Anglo-Saxões Atual Inglaterra
Fonte: a autora.
Se, em um primeiro momento, os bárbaros que chegaram a Roma estabeleceram 
relações que lhes permitiram o assentamento no território, com o tempo, esses 
povos buscaram a sua emancipação, na medida em que, embora estivessem em 
Roma, não eram, necessariamente, cidadãos romanos, pois tinham seus próprios 
líderes e costumes. Gradativamente, esses povos tornaram-se inimigos de Roma 
e começaram a fundar seus próprios reinos, fato que levará a transformações 
na estrutura político-administrativa do Império, tendo em vista a dificuldade 
do exército romano em conseguir defender as fronteiras do território diante do 
crescente avanço dos bárbaros.
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Ao atravessarem a fronteira do Império Romano e se instalarem nas regiões antes 
dominadas por Roma, os bárbaros praticavam a pilhagem e deixavam um rastro 
de desordem e de destruição nos locais por onde passavam. De acordo com Le 
Goff (1995), não era raro esses povos encontrarem apoio entre cidadãos romanos:
A estrutura social do Império Romano, em que as camadas populares 
eram cada vez mais esmagadas por uma minoria de ricos e poderosos, 
explica o êxito das invasões bárbaras. Ouçamos Saviano: “Os pobres 
estão despojados, as viúvas gemem e os órfãos são pisados a pés, a tal 
ponto que muitos, incluindo gente de bom nascimento e que recebeu 
educação superior, se refugiam junto dos inimigos. Para não perecer 
à perseguição pública, vão procurar entre os Bárbaros a humanidade 
dos romanos, pois não podem suportar mais, entre os Romanos, a de-
sumanidade dos Bárbaros. São diferentes dos povos onde buscam re-
fúgio; nada têm das suas maneiras, nada têm da sua língua e, seja-me 
permitido dizer, também nada têm do odor fétido dos corpos e das 
vestes dos Bárbaros; mas preferem sujeitar-se a essa dissemelhança de 
costumes a sofrer, entre os Romanos, a injustiça e a crueldade [...] (LE 
GOFF, 1995, p. 36).
Diante disso, caríssimo(a) aluno(a), fica evidente que, embora as invasões tenham 
um peso significativo no processo de decadência e no fim do Império Romano, 
as estruturas do Império já estavam abaladas e comprometidas antes da che-
gada destes povos. Embora os bárbaros buscassem ocupar e dominar o território 
Figura 6 - Invasão dos Hunos
Fonte: Wikipedia Commons (2014, on-line)5. 
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romano, após as invasões e a instalação dos reinos, muitos povos adotaram alguns 
costumes dos romanos e até convidaram romanos para tomarem parte na admi-
nistração desses reinos. Além disso, os bárbaros não se mostraram desfavoráveis 
a todas as instituições romanas, ao contrário, optaram por manter algumas delas 
durante sua administração.
Com a chegada e a instalação dos bárbaros, ocorreu uma transformação nas 
estruturas de Roma que levou ao fim da organização político-administrativa, 
conhecida como Império Romano do Ocidente. Surge, a partir dessas invasões, 
um novo mapa da Europa, configurado, agora, pela formação dos reinos bárbaros.
Entre essas transformações, destacamos a descentralização do poder, a deca-
dência das cidades romanas em decorrência de um processo de ruralização, 
haja vista que, como vimos, os povos bárbaros tinham, na agricultura, a sua 
principal atividade econômica, e a fragmentação monetária, que também é 
uma característica da economia dos povos bárbaros. Outras consequências 
das invasões bárbaras ao território romano serão estudadas nas próximas 
Figura 7 - Reinos Bárbaros no século VI
Fonte: Eis o homem ([2018], on-line)6.
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unidades, caro(a) aluno(a), a fim de que você compreenda o desenvolvi-
mento do feudalismo na Europa medieval.
O REINO DOS FRANCOS E A FORMAÇÃO DO 
IMPÉRIO CAROLÍNGIO
O reino dos Francos merece destaque em nossos estudos, caro(a) aluno(a), devido 
ao fato de ter se transformado no reino mais poderoso entre os povos germâni-
cos e constituído um império que submeteu vários outros povos ao seu domínio. 
Além disso, estabeleceu uma aliança com a Igreja Católica, fortalecendo o poder 
dos seus reis, fato que teve, como consequência, a coroação de um “bárbaro” 
como imperador do Império Romano no século IX.
Os Francos estabeleceram-se no território do antigo Império Romano no 
século V e dominaram a região da Gália. Foram, até o século VIII, expandindo 
A civilização romana, na realidade, suicidou-se, e este suicídio nada teve de 
natural nem de belo; e não está morta, pois as civilizações não são mortais. 
A civilização romana sobreviveu, mediante os bárbaros, ao longo de toda a 
Idade Média e para além dela. 
(Jacques Le Goff)
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seus domínios até formarem um poderoso império, no qual adotaram várias 
características dos antigos romanos e estabeleceram alguns dos costumes e dos 
princípios característicos da Idade Média.
A história da dominação franca de outros povos bárbaros tem início com a 
fundação da dinastia merovíngia, entre os séculos V e VI, pelo rei Clóvis (481-
511). O nome “merovíngio” deriva do rei franco Meroveu (447-458), embora 
Clóvis seja considerado o inaugurador da dinastia merovíngia. Em seu governo, 
Clóvis adotou uma postura conquistadora e expansionista de seus domínios, 
que seria a marca de seus descendentes e que levaria o reino Franco ao status 
de império. O prestígio de Clóvis, advindo de sua prática guerreira, foi forta-
lecido quando ele se converteu ao cristianismo, iniciando uma aliança com a 
Igreja Católica que foi de grande importância para a história dos francos. Ao 
converter-se, Clóvis possibilitou que a Igreja Católica ampliasse sua influência 
nas questões políticas e renovasse seu poder no Ocidente.
Teremos, mais adiante, caro(a) aluno(a), a oportunidade de estudar mais 
profundamente as diferenças entre Ocidente e Oriente ao longo da história e com-
preendermos as razões das divergências 
religiosas e políticas entre as duas partes 
do império. Cabe ressaltar, neste momento, 
que, quando o rei franco Clóvis deu início à 
dinastia dos merovíngios e ampliou o domí-
nio de seu povo em Roma, por meio de 
guerras e da aliança com a Igreja, o impera-
dor do Oriente, Anastácio, reconheceusua 
legitimidade enquanto rei dos francos, mas 
não de um reino, e em nome do imperador. 
Isto é, reconheceu o prestígio e o trabalho 
de Clóvis, mas não o considerava uma ame-
aça à sua suposta autoridade no Ocidente.
Com a morte de Clóvis, os territórios 
conquistados e dominados por ele foram 
divididos entre seus filhos Teodorico, 
Clodomiro, Childeberto e Clotário. Eles Fonte: Wikimedia Commons (2018,on-line)7.
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continuaram a política expansionista e dominadora do pai, conseguindo ampliar 
seu domínio por toda Germânia. No ano de 561, Clotário, após a morte de seus 
irmãos e descendentes, era o único governante do território conquistado desde 
Clóvis e, após a sua morte, novamente, o território dos francos foi dividido entre 
seus herdeiros: Sigeberto I, Chariberto I, Gontrán e Chilperico I.
As divisões do território dominado pelos francos, ao longo de sua história, 
levaram a uma desestruturação do poder real, na medida em que ele se relacio-
nava com a extensão de seu domínio. Diante disso, abriu-se espaço para que 
a aristocracia ganhasse força na administração do reino. Esse fato gerou uma 
mudança de cenário na política franca. Os francos atribuíam grande valor ao 
princípio do juramento e da fidelidade, princípios que serão a base das relações 
ao longo da Idade Média.
A partir do desfalecimento do poder dos reis, devido a várias divisões do 
território franco e da ascensão ao cenário político-administrativo da aristo-
cracia que habitava aquela região, a 
dinastia merovíngia entrou em declí-
nio e novos personagens surgiram na 
tentativa de tomar o poder. Dentre 
esses personagens, chama-nos a aten-
ção Pepino de Herstal, por ser ele o 
indivíduo que conseguiu chegar ao 
poder e assumir o comando da dinas-
tia merovíngia.
Com Pepino, a história dos 
francos assume uma nova direção 
e, quando seu filho bastardo, Carlos 
Martel, após a sua morte, assume o 
governo, os francos retomaram sua 
política expansionista, sendo Martel 
o responsável por ampliar os domí-
nios dos francos, com destaque 
para a Batalha de Poitiers, em 732, 
quando derrotou os muçulmanos 
Figura 8 - Reconstituição de um antigo guerreiro franco
Fonte: Wikimedia Commons (2014, on-line)8.
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que tentavam chegar ao Ocidente. O filho de Carlos Martel, Pepino, o breve, 
foi quem herdou a administração do vasto território franco depois que seu 
irmão Carlomano decidiu seguir a vocação religiosa. Pepino deu início à dinas-
tia Carolíngia após se tornar rei dos francos e reforçar a aliança com a Igreja.
Caro(a) aluno(a), chegamos a um ponto de nosso estudo que merece muita 
atenção, visto que passamos a discutir, a partir de agora, as características e os 
princípios que marcaram um período importante da história medieval, ou seja, 
o período de formação e de dominação da dinastia Carolíngia. Nesse período, 
muitos dos costumes que marcaram a Idade Média se fortaleceram, dentre os 
quais destacamos as bases em que se fundamentaram as relações pessoais e o 
crescente poder da Igreja Católica cujas bases se fortaleceram a partir da união 
entre Carlos Magno e o Papa Leão III. Desse modo, caro(a) aluno(a), dispense 
uma maior atenção a partir deste momento.
Carlos Magno assumiu o governo dos francos em 771, após a morte de seu 
pai Pepino, o Breve, e de seu irmão Carlomano. Carlos Magno era reconhecido 
por sua postura guerreira e política, caracterizada pela bravura e inteligência, 
o que lhe garantiu o respeito de seus companheiros e do líder da Igreja. Prova 
disso é que, no século VIII, Carlos Magno foi considerado “dono do Ocidente” 
(HALPHEN, 1992, p. 103) e o único capaz de recuperar o poder e a glória dos 
tempos do Império Romano.
Quando Leão III assumiu o comando da Igreja em 795, após a morte do Papa 
Adriano, ele entendeu a necessidade de conquistar o apoio de Carlos Magno para a 
expansão do poder e do prestígio da Igreja Católica aos povos que ainda não haviam 
se convertido ao cristianismo. Por essa razão, Leão III colocou-se como aliado e, 
mais importante, como subordinado de Carlos Magno. Com esse posicionamento, 
Leão III possibilitou que Carlos Magno tomasse parte nas questões religiosas, na 
medida em que não mostrou oposição aos seus ideais. A aproximação entre Carlos 
Magno e Leão III criou as bases para que o primeiro conquistasse o objetivo que já 
fora de Pepino, ou seja, de ser imperador do Ocidente. Após Carlos Magno ajudar 
Leão III a vencer os conflitos oriundos da oposição à sua eleição como Papa, ele 
iniciou o processo que culminou na coroação de Carlos Magno, no Natal de 800.
A historiografia chama atenção para uma discussão sobre o processo de coro-
ação de Carlos Magno. Alguns historiadores afirmam que a sua coroação não 
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Reprodução proibida. A
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foi pensada ou planejada, sendo uma surpresa, inclusive, para ele. No entanto, 
Halphen (1992) chama a atenção para o fato de que Carlos Magno não só sabia 
que seria coroado no Natal de 800, como planejou cada passo nos dias que ante-
cederam a coroação. Além disso, a coroação representava um agradecimento da 
Igreja a Carlos Magno pelas doações valiosas que ele e seus antecedentes fizeram 
à Igreja. Surpresa ou não, fato é que a coroação de Carlos Magno por um Papa 
foi algo inédito no Ocidente e representou o início de uma nova era ocidental.
Não podemos nos esquecer, caro(a) estudante, de que já existia um impe-
rador na parte oriental de Roma, o qual só reconheceu a autoridade de Carlos 
Magno enquanto imperador do Ocidente mediante a entrega dos territórios loca-
lizados no mar Adriático para Bizâncio. Depois de realizada a entrega, Carlos 
Magno conseguiu o total reconhecimento da sua autoridade enquanto impera-
dor e pôde dar sequência aos seus planos de expansão e de constituição de um 
vasto e poderoso império.
Figura 9 - Expansão do Reino Franco
Fonte: Wikimedia Commons (2007, on-line)9.
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A administração de Carlos Magno foi pautada na consolidação de alianças de 
fidelidade que lhe garantiram alcançar seus objetivos sem sofrer fortes oposi-
ções ou traições. Nesse sentido, investiu na formação de um clero capaz de lhe 
auxiliar na formação religiosa dos povos por ele governados, além de promover 
o que os autores contemporâneos chamam de “renascimento carolíngio”, isto é, 
buscou, segundo (VIEIRA, 2010, p. 1):
Reverter parte do processo de degradação da cultura greco-romana 
que marcou o referido período histórico, consequência das sucessivas 
ondas de invasões dos povos que, outrora, foram caracterizados pelos 
romanos de bárbaros.
Em relação aos territórios conquistados pelos francos, desde o século V e depois, 
sob o domínio de Carlos Magno, o imperador entendeu que, para manter a uni-
dade de povos diferentes e com características próprias, era necessário intensificar 
os juramentos de fidelidade. Esses juramentos eram realizados entre os habitan-
tes do sexo masculino do Império e o imperador, e consistiam em uma promessa 
de fidelidade ao imperador em troca de proteção:
Juro, desde este dia, ser fiel ao senhor Carlos, imperador muito piedoso, 
filho do rei Pepino e da rainha Berta, sinceramente, sem fraude e má in-
tenção e pela honra de seu reinado, como por direito um homem deve 
ser a seu senhor e dono. Assim, Deus e os santos, cujas relíquias estão 
aqui, me protejam, pois todos os dias de minhavida, com toda minha 
vontade e com toda a inteligência que Deus me conceda, me dedicarei 
e me consagrarei a seu serviço (HALPHEN, 1992, p. 138).
É importante lembrar, caro(a) aluno(a), que estamos nos referindo a uma época 
em que a palavra era um bem precioso e tinha o peso de um contrato nos tem-
pos de hoje. Assim, ao fazer o juramento, o indivíduo oferecia, como garantia, 
ao imperador, o que de mais precioso ele tinha: sua palavra.
Essa relação de fidelidade, assim como o princípio da vassalagem, ambos pre-
sentes no governo de Carlos Magno, serão a base das relações na Idade Média, 
assim como a ruralização da economia – processo iniciado com as invasões bár-
baras – e a propriedade da terra vão conferir as bases do feudalismo medieval.
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Carlos Magno morreu em 814 e, mais uma vez, o território conquistado e 
ampliado pelos francos desde o século V foi dividido entre seus herdeiros, sendo 
que Luís, o Piedoso, foi quem acabou herdando todo o território após a morte de 
seus irmãos. Luís governou até 840 e não conseguiu manter o êxito de seu pai, 
devido à sua falta de carisma e de estratégia. Diante da fragilidade de Luís, o Império 
Carolíngio começou a entrar em declínio, ocorrendo a fragmentação do poder 
central. Outro fato que contribuiu para a desestruturação do Império Carolíngio 
foi a invasão dos vikings e dos árabes, entre os séculos IX e X.
Com a morte de Luís, seus filhos passaram a disputar os territórios herdados do 
pai, e somente em 843, com a assinatura do Tratado de Verdun, os limites que cabiam 
a cada um foram definidos: a França Ocidental ficou com Carlos, o Calvo; a França 
Oriental coube a Luís, o Germânico, e a Itália Setentrional e o Mar do Norte passaram 
às mãos de Lotário. Essas regiões correspondem à atual França, Alemanha e Itália.
Figura 10 - Divisão do Império Carolíngio após o Tratado de 
Verdun (843)
Fonte: Wikimedia Commons (2013, on-line)10.
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Diante do que foi exposto até aqui, caro(a) aluno(a), é possível observamos a 
relevância da formação e do desenvolvimento do Império Carolíngio para a for-
mação da sociedade medieval, haja vista ter sido, neste período, que os alicerces 
da sociedade do período em questão foram consolidados. Além disso, a aliança 
entre Estado e Igreja, firmada no governo de Carlos Magno, será mantida ao 
longo de toda Idade Média.
QUADRO EXPLICATIVO
Idade Média (Séculos V a XV)
PERÍODO EVENTOS CONSEQUÊNCIAS
Alta Idade Média 
(Séculos V a X)
Formação e consolidação dos 
Reinos Bárbaros. 
Formação do Império Carolíngio.
Fortalecimento da Igreja Cristã 
Medieval.
Desestruturação do Império 
Romano. 
Fortalecimento das característi-
cas da sociedade medieval. 
Controle político, social e cultural.
Baixa Ida-
de Média 
(Séculos X a 
XV)
Consolidação do feudalismo. 
Cruzadas. 
Renascimento Comercial e 
Urbano. 
Nascimento das primeiras Uni-
versidades Medievais. 
Peste Negra.
Raízes medievais dos Estados 
Nacionais Modernos. 
Tomada de Constantinopla pelos 
turcos (fim do Império Romano 
do Oriente).
Transformações políticas, econô-
micas e sociais.
Ampliação do contato entre Oci-
dente e Oriente = trocas culturais 
e comerciais. 
Desenvolvimento das atividades 
comerciais e reavivamento dos 
centros urbanos. 
Transformações culturais. 
Crise política, econômica e social. 
Fim do Império Romano do 
Oriente.
Fonte: a autora.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) aluno(a), chegamos ao final da discussão dos primeiros elementos que 
compõem o processo de formação da sociedade medieval, ou seja, da instalação dos 
chamados povos bárbaros no território do antigo Império Romano. Essa discus-
são torna-se necessária na medida em que é do contato entre bárbaros e romanos 
que serão criadas as bases do mundo medieval, um período marcado por cos-
tumes, valores e princípios muito diferentes dos que eram conhecidos até então.
Observamos que, ao ultrapassarem as fronteiras do Império Romano, os 
bárbaros já encontraram um império desestabilizado e enfraquecido, o que con-
tribuiu para o avanço e o deslocamento desses povos dentro do Império, assim 
como a sua instalação em diversas regiões antes dominadas por Roma. O contato 
entre bárbaros e romanos foi marcado por guerras e conflitos, mas também pelo 
estabelecimento de relações comerciais e até mesmo pela incorporação de indi-
víduos não romanos no exército e em outros cargos administrativos do Império.
Essa infiltração gradativa de elementos bárbaros na vida política, adminis-
trativa e cultural de Roma possibilitou a aceleração da desintegração do Império 
Romano e a criação de uma realidade marcada pela descentralização do poder e 
o esfalecimento de atividades econômicas importantes, as quais foram estabeleci-
das em outros momentos. Essa nova realidade permitiu aos povos não romanos 
o estabelecimento e o fortalecimento dos seus elementos culturais junto à cul-
tura romana, desenvolvendo as bases do período conhecido como Idade Média.
Nesse sentido, podemos observar a importância da formação dos reinos 
bárbaros para os rumos da civilização ocidental, sobretudo se levarmos em con-
sideração a história da formação e do desenvolvimento do reino dos Francos e 
o consequente estabelecimento do Império Carolíngio, o qual, sob o governo de 
Carlos Magno, conseguiu transformar as bases da sociedade e contribuir para a 
criação de uma sociedade pautada nos laços de fidelidade e no poder da Igreja 
Católica.
41 
1. “Após o desaparecimento do Império Romano do Ocidente, formalmente assi-
nalado pelo episódio de deposição do Imperador infante Rômulo Augusto por 
Odoacro, chefe da confederação de tribos germânicas dos hérulos (4 de setem-
bro de 476), observa-se a formação dos diversos reinos romano-germânicos, 
ou seja, reinos com populações fundamentalmente de etnia e cultura galo-ro-
mana, hispano-romana, ítalo-romana, mas onde o poder ficou sob controle do 
rei germânico [...]. Então o Ocidente, profundamente marcado por este enorme 
encontro e confronto de civilizações, apresentou, com relação ao período an-
terior, um quadro complexo e variado de continuidades e descontinuidades” 
(BIBIANI; TÔRRES, 2002, p. 3-13).
Levando-se em consideração as discussões apresentadas nesta unidade, ela-
bore um texto dissertativo (máximo de 15 linhas) destacando as características 
dos povos bárbaros que chegaram ao território romano a partir do século IV 
e como esses povos se relacionaram com os antigos romanos a partir dos pri-
meiros contatos.
2. “Sucedendo a um período de crise e anarquia militar, os imperadores membros 
da tetrarquia procuraram realizar as mais variadas reformas administrativas [...]. 
O mais dotado para a administração, Diocleciano, estendeu e retomou essas 
medidas durante pelo menos uma dezena de anos, antes de sistematizar uma 
obra que foi, ainda, completada por Constantino. Os perigos externos tanto 
dos povos ‘bárbaros’ quanto dos persas sassânidas era uma das principais pre-
ocupações dessa época” (FUNARI, 2007, p. 17-24).
Após a leitura do enunciado e do estudo cuidadoso desta unidade, estabeleça 
as relações entre a chegada dos povos bárbaros ao Império Romano e a sua 
desestruturação e consequente fim.
42 
3. A imagem a seguir representa o reino dos Francos no século VI. Com base na 
imagem e nas discussões propostas nesta unidade, assinale a alternativa cor-
reta:
Fonte: Wikimedia Commons (2015, on-line)11.
a) Em seu governo, Clóvis adotou uma postura conquistadora e expansionista 
de seus domínios, mas seu poder ficouabalado quando ele se recusou a se 
converter ao cristianismo, perdendo o apoio da Igreja.
b) As divisões do território dominado pelos francos, ao longo de sua história, 
levaram a uma desestruturação do poder real na medida em que ele se re-
lacionava com a extensão de seu domínio, fato que contribuiu para que os 
romanos cristãos avançassem e reconquistassem seus antigos domínios.
c) Carlos Magno assumiu o governo dos francos em 771, após a morte de seu 
pai Pepino e de seu irmão Carlos Magno. Carlos Magno mostrou-se um go-
vernante forte e poderoso, mas não foi capaz de estabelecer relações amigá-
veis com a Igreja, o que prejudicou a expansão de seu império.
d) A aproximação entre Carlos Magno e o Papa Leão III criou as bases para que 
o primeiro conquistasse o objetivo de ser imperador do Ocidente. O papa 
aliou-se a Carlos Magno, devido ao interesse de expandir o cristianismo, o 
que seria possível na medida em que Carlos Magno fosse conquistando ou-
tros povos e regiões e submetendo todos à conversão.
e) A relação estabelecida entre o Império Carolíngio e a Igreja não agradou os 
bárbaros sob o domínio de Carlos Magno, e eles se organizaram e iniciaram 
uma guerra contra o imperador e a Igreja. O resultado desse conflito foi o 
rompimento de Carlos Magno com a Igreja, o que levou à adoção de uma 
política anticlerical por parte do imperador.
43 
4. O mapa a seguir se refere ao deslocamento das tribos bárbaras e os locais que 
ocuparam para atingirem os limites do Império Romano. Diante das discussões 
apresentadas nesta unidade, assinale a alternativa que reflete os fatos e as con-
sequências da aproximação entre bárbaros e romanos:
Fonte: Wikimedia Commons (2012, on-line)12.
a) A Europa passou por profundas transformações, a partir da chegada dos 
bárbaros aos limites do Império Romano. No entanto, essas transformações 
não foram suficientes para alterar uma estrutura de organização alicerçada 
séculos antes.
b) Os povos chamados bárbaros possuíam costumes distintos dos romanos. A 
aproximação entre os dois povos e, consequentemente, das duas culturas, 
possibilitou uma troca cultural que levou a uma dominação social e cultural 
dos romanos sobre os bárbaros.
c) Os reinos bárbaros foram, gradativamente e ao longo da história, entrando 
em contato com o cristianismo e se convertendo, sobretudo, após a forma-
ção do Império Carolíngio. Com isso, o poder da Igreja Católica fortaleceu-se 
e a aliança entre Estado e Igreja foi uma das marcas da Idade Média.
d) Ao ultrapassarem as fronteiras do Império Romano, os bárbaros encontra-
ram um império forte e organizado, o que dificultou a penetração e o avan-
ço desses povos dentro do Império, assim como a sua instalação em diversas 
regiões dominadas por Roma.
e) A assimilação total da cultura romana pelos bárbaros possibilitou a forma-
ção de uma sociedade que em nada se diferenciava da conhecida até então. 
Os elementos políticos, sociais e culturais da Antiguidade Clássica mantive-
ram-se presentes no modelo de organização dessa nova sociedade, deixan-
do de lado os aspectos culturais dos bárbaros.
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Migra%C3%A7%C3%A3o_dos_Povos_B%C3%A1rbaros.png
44 
5. O processo de transição da Antiguidade Clássica para a Idade Média tem, como 
base, transformações de aspectos tanto político e econômicos quanto cultu-
rais. Desde o nascimento do Cristianismo e a partir da sua expansão e consoli-
dação enquanto religião oficial do Império (século IV), a forma como o romano 
enxergava a realidade e suas atitudes frente a essa passou por um processo de 
transformação, que se refletia nas bases de constituição da sociedade. Dessa 
forma, observamos que alguns dos elementos que formaram os alicerces da 
sociedade medieval foram criados na Antiguidade Clássica e se mantiveram 
presentes ao longo dos séculos medievais. assinale a alternativa correta:
a) As raízes da sociedade medieval surgiram mediante a formação dos reinos 
germânicos.
b) A conversão de Constantino ao cristianismo e a expansão dessa tradição re-
ligiosa representaram uma transformação do “ser romano”.
c) A transição da Antiguidade para o período medieval caracterizou-se pelo 
fortalecimento das instituições do Estado, devido à união entre bárbaros e 
romanos.
d) Pode-se afirmar que, na passagem da antiguidade para a Idade Média, o 
Ocidente organizou-se com o objetivo de combater e desestruturar os rei-
nos bárbaros.
e) A presença de tribos germânicas no Ocidente, a partir do século II, possibi-
litou uma reavaliação dos romanos acerca da organização e administração 
do Império, tendo, como consequência, o aprimoramento do aparelho ad-
ministrativo do Império Romano do Ocidente.
45 
Renascimento Carolíngio?
A Idade Média foi vista pelos intelectuais do período renascentista e pelos iluministas 
como um período de obscuridade e no qual houve pouco ou nenhum avanço cultural 
se comparado ao período anterior, ou seja, à Antiguidade Clássica. Desse modo, a Idade 
Média ganhou a alcunha de “Idade das Trevas”, ideia nascida a partir da utilização da 
expressão “tenebrae” por Petrarca, no século XIV, ao referir-se aos seus contemporâneos.
Apesar dessas visões acerca da Idade Média, Vieira (2010, p. 80) destaca que os Francos 
foram importantes para a formação da sociedade medieval e para um desenvolvimen-
to cultural que unia elementos germânicos e romanos por meio da interferência cristã. 
Esse desenvolvimento cultural foi incentivado por Carlos Magno, que entendia que a 
“otimização das instituições do reino estava diretamente relacionada à capacidade de 
promoção da melhoria educacional da aristocracia” (VIEIRA, 2010, p. 82). Com esse pen-
samento, Carlos Magno buscou, em todo Ocidente, intelectuais, letrados e estudiosos, a 
fim de promover o aperfeiçoamento da elite franca, entendida, aqui, como os membros 
da aristocracia e do clero. 
A essa atitude de Carlos Magno, Vieira (2010) dá o nome de movimento cultural e inte-
lectual carolíngio e apresenta uma discussão historiográfica, a fim de analisar se esse 
investimento de Carlos Magno pode ser considerado um renascimento, nas mesmas 
proporções ou conjunturas em que ocorreu o renascimento italiano.
Não há dúvida de que Carlos Magno preocupou-se em organizar seus domínios de ma-
neira a manter o processo de conquista e ampliação do seu Império, organização que 
passava pela formação de um clero e de dirigentes capazes de auxiliá-lo em seus ob-
jetivos. No entanto, os investimentos do imperador nesse sentido foram direcionados 
apenas a parte da sociedade de seu império, o que, em última análise, não diferia muito 
do que ocorreu ao longo de toda a Idade Média. 
Fonte: Vieira (2010, p. 79-86).
GLOSSÁRIO
Bárbaros: Povos de origem indo-europeus que habitavam a Europa 
e Ásia na época do Império Romano e possuíam diferentes ascendên-
cias.
Batalha de Poitiers: Batalha ocorrida em 732 entre os Francos lide-
rados por Carlos Martel e os mouros que tentavam ocupar a Europa 
Ocidental. 
Dinastia Merovíngia: Fundada entre os séculos V e VI pelo rei Clóvis 
(481-511). 
Idade Média: Período correspondente aos séculos V e XV e que pode 
ser dividida em Alta Idade Média (séculos V ao X) e Baixa Idade Média 
(séculos X ao XV). 
Império Carolíngio (século IX ao século X): Organização político-ad-
ministrativa que compreendia a região da Europa Central. Teve início 
com a coroação e Carlos Magno no ano de 800. 
Invasões Bárbaras: Movimento de deslocamento e assentamento 
dos povos bárbaros para o interior do Império Romano. 
Ondas Migratórias: Movimento de deslocamento dos povos bárba-
ros de suas regiões de origem até a região compreendida pelo Impé-
rio Romano. 
Reinos Bárbaros: Organização política dos povos bárbaros no Oci-
dente. 
Renascimento Carolíngio: Esforço de Carlos Magno para promover o 
aperfeiçoamento da cultura e intelectualidade da elite franca. 
Tratado de Verdun (843): Estabelecia a divisão do Império Carolíngio 
entre os três netos herdeiros de Carlos Magno.
MaterialComplementar
MATERIAL COMPLEMENTAR
As Invasões Bárbaras
Pierre Riche
Editora: Publicações Europa-América
Sinopse: o autor retoma o processo de chegada dos povos bárbaros 
aos limites do Império Romano e sua posterior invasão e dominação, 
destacando as conjunturas que marcaram esse processo e as 
consequências do contato entre bárbaros e romanos para o futuro da 
sociedade europeia.
Átila, o rei dos Hunos
Ano: 1954
Sinopse: o filme mostra a trajetória de um dos personagens mais 
famosos do período das invasões bárbaras, o líder dos Hunos, Átila, 
que luta pela conquista de territórios romanos. Abordando aspectos 
da relação de Átila com seu povo e as batalhas travadas com o 
exército romano e outros povos bárbaros, o filme retrata, de maneira 
coerente, o período que marcou o fim do Império Romano, inclusive 
a relação entre os bárbaros e o cristianismo.
Os Bárbaros contra Roma: Tribos Germânicas.
O documentário apresenta a relação conflituosa entre as tribos bárbaras e os romanos no período 
que compreende a transição da Antiguidade Clássica para a Idade Média.
Link de acesso: <https://www.youtube.com/watch?v=klrpb7yk_lY&t=319s>.
REFERÊNCIAS
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FUNARI, P. P. A. Romanos e germânicos: lutas, guerras, rivalidades na Antiguidade 
Tardia. Brathair Revista de Estudos Celtas e Germânicos, Maranhão, v. 7, n. 1, p. 
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MUSSET, L. Las invasiones el segundo asalto contra la europa cristiana (siglos 
VII-XI). Barcelona: Editorial Labor S. A., 1975. 
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6 Em: <http://www.icpr.com.br/eisohomem/?acao3=dividido>. Acesso em: 21 nov. 
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7 Em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Fran%C3%A7ois-Louis_Dejuin-
ne_(1786-1844)_-_Clovis_roi_des_Francs_(465-511).jpg>. Acesso em: 21 nov. 
2018.
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=25555
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Fran%C3%A7ois-Louis_Dejuinne_(1786-1844)_-_Clovis_roi_des_Francs_(465-511).jpg
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Fran%C3%A7ois-Louis_Dejuinne_(1786-1844)_-_Clovis_roi_des_Francs_(465-511).jpg
REFERÊNCIAS
49
8 Em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Francos#/media/File:Carolingian_Warrior.
jpg>. Acesso em: 21 nov. 2018.
9 Em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Frankish_Empire_481_to_814-pt.
svg>. Acesso em: 21 nov. 2018.
10 Em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Carolingian_empire_843-pt.svg>. 
Acesso em: 21 nov. 2018.
11 Em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Le_royaume_des_Francs_en_
548-pt.svg>. Acesso em: 21 nov. 2018.
12 Em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Migra%C3%A7%C3%A3o_dos_
Povos_B%C3%A1rbaros.png>. Acesso em: 21 nov. 2018.
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Carolingian_empire_843-pt.svg
GABARITO
1. As relações entre bárbaros e romanos, desde os primeiros contatos, desenvol-
veram-se de maneira complexa e de acordo com as conjunturas históricas do mo-
mento. Percebemos, também, que o fato de estar fora dos limites do Império não 
tornavam os bárbaros aliados entre si. Ao contrário, a história desse povo mescla 
uma política de alianças entre eles contra os romanos ou contra outros povos bárba-
ros, e de alianças com os romanos contra os próprios bárbaros. Tudo isso, permeado 
pelas circunstâncias históricas do momento e de acordo com os interesses de todos 
os envolvidos. Não foi apenas a partir de acordos e alianças políticas e militares que 
bárbaros e romanos desenvolveram suas relações. O comércio entre esses dois po-
vos também se fez presente nesse complexo cenário de aproximação. Em troca de 
mercadorias, como escravos e peles, os romanos entregavam aos bárbaros metais 
preciosos, vinho (bebida que não era consumida pelos bárbaros) e até mesmo teci-
dos e utilidades domésticas. Se, em um primeiro momento, os bárbaros que chega-
ram a Roma estabeleceram relações que lhes permitiram o assentamento no terri-
tório, com o tempo, esses povos buscaram a sua emancipação, na medida em que, 
embora estivessem em Roma, não eram, necessariamente, cidadãos romanos, pois 
tinham seus próprios líderes e costumes. Paulatinamente, esses povos tornaram-se 
inimigos de Roma e começaram a fundar seus próprios reinos, fato que levará à 
ruína do Império, visto a dificuldade do exército romano em conseguir defender as 
fronteiras do território diante do crescente avanço dos bárbaros.
2. Com a chegada e a instalação dos bárbaros, ocorreu uma transformação nas es-
truturas de Roma que levaram ao fim da organização político-administrativa conhe-
cida como Império Romano do Ocidente. Surge, a partir dessas invasões, um novo 
mapa da Europa, configurado, agora, pela formação dos reinos bárbaros. A chegada 
dos bárbaros ao território do Antigo Império Romano contribuiu para o quadro de 
instabilidade política e econômica no qual encontrava-se a região desde principal-
mente século III.
3.D.
4.C.
5.B.
U
N
ID
A
D
E II
Professora Me. Luciene Maria Pires Pereira
ASPECTOS DA FORMAÇÃO 
E DA CONSOLIDAÇÃO DA 
IGREJA CRISTÃ MEDIEVAL
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Conhecer o processo de nascimento do cristianismo e o contexto 
histórico que permeou seu desenvolvimento.
 ■ Compreender os fatores que levaram à divisão da Igreja Católica e os 
aspectos e consequências dessa divisão.
 ■ Analisar e discutir o poder e a influência da Igreja Católica ao longo 
da Idade Média.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ O nascimento do cristianismo e o fortalecimento da doutrina cristã e 
da Igreja Católica
 ■ Consolidação e influência da Igreja Católica na Idade Média
 ■ A Igreja Medieval e o controle social: a dominação pela fé
 ■ O Tribunal do Santo Ofício: A Inquisição
Introdução
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53
INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a), nesta unidade, analisaremos a consolidação do poder da 
Igreja Católica na Idade Média e discorreremos acerca da influência que essa ins-
tituição exerceu na vida dos medievos. Sagrando-se a instituição mais poderosa 
da Idade Média, a Igreja Católica desempenhou um papel fundamental na for-
mação das instituições medievais e no desenvolvimento dessa sociedade. 
O cristianismo surgiu ainda na Antiguidade Clássica, em Roma, e seus 
princípios e ensinamentos espalharam-se pelo mundo, contribuindo para as 
transformações que ocorreram desde o seu nascimento. Nesse sentido, a histó-
ria de Roma está, intrinsecamente, relacionada à história do cristianismo e da 
Igreja Católica. Embora, nos dias atuais,

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