Buscar

Tumores de Faringe

Prévia do material em texto

VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C 
Tumores de Faringe 
 A faringe é um órgão tubular comum ao sistema respiratório e digestório. Realiza as funções de condução do ar 
para as vias aéreas, além de direcionar o alimento, fazendo parte do processo de deglutição. 
 
 
 
 Nasofaringe: 
- Porção superior da faringe, localizada posteriormente a cavidade nasal e acima do palato mole. 
- Estruturas presentes nessa região: coanas, óstio faríngeo, tonsila faríngea, pregas salpingopalatina e 
salpingofaríngea. 
- A apresentação clínica dos tumores rinofaríngeos inclui sintomas de obstrução nasal, otite serosa com derrame e 
perda auditiva de condução associada, epistaxe e drenagem nasal. Sinais e sintomas como massa cervical, cefaleia, 
otalgia, trismo e envolvimento de nervos cranianos sugerem malignidade. 
- Epitélio pseudoestratificado cilíndrico ciliado (carcinoma espinocelular). 
 
 Orofaringe: 
- Porção intermediária da faringe, estende-se dos pilares amigdalianos até a epiglote. 
- A orofaringe inclui a base da língua, a superfície inferior do palato mole e úvula, pilares anterior e posterior, sulcos 
glossotonsilares, tonsilas faríngeas e paredes faríngeas laterais e posteriores. 
- Epitélio pseudoestratificado não queratinizado  Carcinoma espinocelular. 
- Nessa região, está localizada a glândula parótida e as glândulas salivares  Adenoma pleomórfico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C 
- Ex: tumor de base de língua e das glândulas salivares. 
- Queixas desses tumores: nódulo cervical, disfagia. 
 
 Hipofaringe: 
- Epitélio pseudoestratificado não queratinizado (carcinoma espinocelular). 
- Ex: tumor de seio piriforme e tumor de valécula (espaço antes das cordas vocais). 
- Os tumores hipofaríngeos apresentam-se como irritação crônica da garganta, disfagia, otalgia referida e uma 
sensação de corpo estranho na orofaringe. Deve-se manter um alto índice de suspeita, pois sintomas semelhantes 
podem ser vistos mais comumente na doença do refluxo gastroesofágico. 
- Na doença avançada, os pacientes podem desenvolver rouquidão por envolvimento direto da aritenoide, do nervo 
laríngeo recorrente ou do espaço paraglótico. 
- A riqueza de linfáticos que drenam a região hipofaríngea contribui para o fato de 70% dos pacientes com câncer 
hipofaríngeo apresentarem linfadenopatia palpável. 
 
 
 
 
 
 
 
VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C 
 
 
 
 
Carcinoma espinocelular (maligno) 
 Dos sítios primários de câncer da região da cabeça e pescoço, o câncer de faringe emergiu como exibindo a maior 
incidência durante os últimos anos. 
 O uso abusivo de tabaco e/ou álcool aumenta a chance de desenvolvimento de neoplasias. Além disso, a incidência 
de câncer em sítio causalmente relacionado à infecção pelo HPV aumentou significativamente  Fatores de risco 
álcool, tabagismo, má higiene bucal, infecção viral (HPV 16). 
 Paciente HPV 16 positivo (imuno-histoquímica) tem uma resposta muito melhor a rádio e quimioterapia  marcador 
prognóstico favorável. 
 
VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C 
 Infecção por HPV é agora reconhecida como um agente causador de carcinoma da orofaringe. Linhagens de HPV de 
alto risco (subtipos 16 e 18) suprimem a apoptose e ativam o crescimento celular quando as proteínas E6 e E7 do HPV 
rompem os reguladores do ciclo celular e as vias de reparo do DNA. 
 Vírus como o HPV podem alterar os processos celulares, mas, muitas vezes, o desenvolvimento de carcinoma é o 
resultado de um acúmulo gradual de alterações genéticas. 
 Tabaco, um fator de risco bem conhecido, foi um dos primeiros carcinógenos com as mutações de p53. 
 Hoje em dia a faixa etária do carcinoma espinocelular mudou, acometendo também a população mais jovens. 
 Lesões pequenas podem dar metástase linfonadal. 
 Queixas desses tumores: nódulo cervical, disfagia. 
 A história clínica deve enfocar nos sintomas do tumor, inclusive duração dos sintomas, detecção de massas, 
localização da dor e presença de dor referida. Presta-se atenção especial a hipoestesia, paresia de nervos cranianos, 
disfagia, odinofagia, rouquidão, distúrbio de articulação, comprometimento das vias aéreas, trismo, obstrução nasal, 
epistaxe e hemoptise. O uso de álcool e tabaco deve ser pesquisado. 
 O exame clínico inclui visualização rinofaríngea e laríngea, seja com um espelho ou por endoscopia com fibra óptica. 
 TC e RM da cabeça e pescoço com contraste podem ser realizadas para avaliação tumoral e detecção de 
linfadenopatia oculta. As imagens por TC são melhores para avaliar destruição óssea, enquanto a RM pode determinar 
envolvimento de partes moles e é excelente para avaliar tumores na parótida e do espaço parafaríngeo. 
 A laringoscopia direta e o exame sob narcose são comumente realizados como parte da avaliação do CECCP. Estes 
procedimentos possibilitam que o médico avalie tumores sem desconforto para o paciente e com o relaxamento 
muscular anestésico facilita a avaliação da orofaringe, da hipofaringe e da laringe, além da obtenção de biópsias. 
 A confirmação patológica de câncer é obrigatória antes do início do tratamento. 
 Suspeita clínica de tumor da orofaringe  Videolaringoscopia e TC cervical (ou USG)  Punção do nódulo 
identificado. 
 As opções terapêuticas para pacientes com diagnóstico de CECCP incluem cirurgia, radioterapia, quimioterapia e 
tratamento combinado. 
 Em geral, a doença inicial (estágio I ou II) é tratada com cirurgia ou radioterapia. 
 A doença avançada (estágio III ou IV) é mais bem tratada com uma combinação de cirurgia e radioterapia, ou de 
quimioterapia e radioterapia, ou com as três modalidades, dependendo do sítio do primário. 
 Tratamento com radioterapia deve visar destruir localmente o tumor e poupar as estruturas adjacentes, para que não 
haja comprometimento da deglutição, da fala e nem broncoaspiração (risco de pneumonia de repetição)  A perda 
da função salivar com a radiação da cavidade oral e da orofaringe pode ser muito incapacitante para os pacientes, e 
seu impacto não deve ser minimizado no processo de tomada de decisão. 
 O pescoço deve ser tratado quando houver linfonodos clinicamente positivos ou se o risco de doença oculta for maior 
do que 20%, com base na localização e no estágio da lesão primária. 
 A decisão de realizar um esvaziamento cervical ou de irradiar o pescoço está relacionada com o tratamento da lesão 
primária. 
 Se o tumor primário estiver sendo tratado com radiação e o pescoço for N0 (sem doença clinicamente detectável) ou 
N1, os linfonodos geralmente são tratados com radiação. 
 Para doença cervical N2 ou N3, realiza-se um esvaziamento de dissecção cervical com radioterapia pós-operatória 
complementar. 
 
Adenoma Pleomórfico (tumor benigno das glândulas salivares mais comum) 
 O adenoma pleomórfico pode ocorrer nas glândulas salivares e na glândula parótida (localizada na base da língua e 
com via de acesso difícil). 
 Os adenomas pleomórficos são responsáveis por 40% a 70% de todos os tumores das glândulas salivares, mais 
comumente ocorrendo na cauda da parótida. Como todos os tumores benignos da parótida, o tratamento de escolha 
é a excisão cirúrgica com uma margem de tecido normal (p. ex., parotidectomia superficial). 
 As neoplasias das glândulas salivares apresentam-se mais frequentemente como massas de crescimento lento e bem 
circunscritas. 
 A palpação bimanual de massas submandibulares auxilia a determinar se há fixação às estruturas adjacentes. 
 
VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C 
Paraganglioma 
 Os tumores dos corpos carotídeos ou quimiodectomas são mais apropriadamente denominados paragangliomas e 
originam-se nos paragânglios branquioméricos no corpo carotídeo. 
 Os tumores geralmente são benignos, unifocais e não hereditários, apresentando-se como massa indolor na 
bifurcação da carótida e com o “sinal da lira” característico na arteriografia da carótida. 
 A sequela mais comum da ressecçãoé a lesão de nervos cranianos, mais comumente do nervo laríngeo superior, mas 
também do nervo vago ou nervo hipoglosso em grandes tumores. 
 
Tumor primário oculto 
 Apresenta apenas metástase cervical sem identificar o sítio primário.

Continue navegando