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Tumores de Cabeça e Pescoço: Introdução: Anatomia: A anatomia da cabeça e do pescoço é dividida em lábios e cavidade oral, faringe, laringe, seios paranasais, as principais glândulas salivares e a tireoide. Essas estruturas são revestidas por mucosa e, quando acometidas por neoplasias, classificam-se como cânceres de cabeça e pescoço. Epidemiologia: O CA de cabeça e pescoço é mais frequente no sexo masculino, mas a incidência no sexo feminino também vem aumentando nos últimos anos, devido ao aumento do número de mulheres tabagistas e etilistas. O álcool e o tabaco estão diretamente relacionados ao câncer de trato aerodigestivo. Outros fatores associados a esse tipo de neoplasia são: viroses (HPV, vírus Epstein-Barr), a síndrome de Plummer-Vinson, hábitos alimentares, mutações genéticas, exposição ao sol e exposição ocupacional a agentes carcinogênicos. Histologia: O carcinoma epidermoide ou espinocelular é o principal tipo histológico dos tumores que surgem nas superfícies mucosas da cabeça e do pescoço (90-95%). Podemos subdividi-lo em bem diferenciado (> 75% de queratinização), moderadamente diferenciado (entre 25 e 75% de queratinização) e pouco diferenciado (<25% de queratinização). O adenocarcinoma, os tumores de origem não epitelial, tumores ósseos e cartilaginosos representam tipos histológicos menos frequentes nesta região. Clínica e diagnóstico: A avaliação inicial consiste em história e exame clínico (com inspeção da lesão, palpação cuidadosa de todas as cadeias cervicais, rinoscopia, oroscopia, laringoscopia indireta) e constatação de tabagismo e etilismo. A biópsia é indicada em tumores identificáveis ao exame clínico. Em casos de tumores de cabeça e pescoço que se apresentem como massa cervical (linfonodo) sem um sítio evidente de tumor primário, a PAAF deve ser realizada. Estadiamento: O estadiamento dos cânceres de cabeça e pescoço seguem à classificação TNM. Para isso, podem ser necessários exames de imagem, como a TC e a RM (limites das lesões) e, para identificação de metástases, o PET (tumores com alta captação no PET têm pior prognóstico e são menos sensíveis à radioterapia), sendo que o risco de metástase à distância depende mais do estadiamento dos linfonodos do que do tamanho do tumor primário. A imagem de tórax e a EDA são obrigatórias, devido ao grande número de metástases em pulmões e esôfago Quando mais próximo da linha média, maior o risco de propagação para linfonodos cervicais de ambos os lados. Os sítios mais comuns de metástases à distância são pulmões, ossos, fígado e cérebro (nesta ordem). Segundos Tumores Primários: Pacientes com CA de cabeça e pescoço relacionados ao hábito de fumar correm o risco de desenvolver um segundo tumor primário, cuja localização apresenta íntima relação com a localização do tumor primário inicial: - Tumor inicial na cavidade e laringe → segundo tumor primário no esôfago cervical; - Tumor inicial na larínge → segundo tumor primário no pulmão. A incidência global de segundos tumores primários da cabeça e pescoço é de aproximadamente 14%, sendo 80% descoberto até 6 meses até o diagnóstico do primeiro. De forma que todo paciente com tumor de cabeça e pescoço deve ser investigado para tumores sincrônicos. Principais regiões acometidas: Lábios e cavidade oral: O câncer de cavidade oral é um dos mais passíveis de prevenção, visto que seus fatores de risco são preveníveis (fumo, etilismo e exposição ao sol). A idade avançada também é um fator de risco. Representam 45% dos cânceres de cabeça e pescoço. No geral, as lesões são ulceradas, de crescimento progressivo, indolores e únicas, a dor aparece em fases tardias. A disseminação linfática é importante, principalmente para linfonodos do grupo jugular alto e submandibular homolaterais. As metástases são pouco frequentes. Lábios: O câncer de lábio é mais comum no sexo masculino, entre os 60 e 80 anos. Mais comuns no lábio inferior ( 88 a 98%), depois no lábio superior (2 a 7%) e, por fim, na comissura (1%). Os principais fatores de risco são exposição ao sol e uso de cachimbo. A queixa principal é o surgimento de lesão ulcerada no lábio. A presença de parestesias ou disestesias é indicativo de acometimento do nervo mentoniano. O índice de cura glogal de 5 anos é de 90%, caindo para 50% na presença de metástases no pescoço. Cavidade oral: Há predominância masculina entre os pacientes e a idade habitual é entre 50 e 60 anos de vida. A cavidade oral apresenta várias sub-regiões que podem ser acometidas: língua, assoalho da boca, alvéolo/gengiva, mucosa bucal e palato. Sendo que os cânceres de mucosa e palato estão muito associados a traumas odontológicos recorrentes e os de assoalho da boca e alvéolos frequentemente acometem ossos por contiguidade. Faringe: No geral, apresenta-se como uma massa exofítica ulcerada, associada a odor fétido (necrose do tumor). A perda ponderal é comum. Representam 30% dos cânceres de cabeça e pescoço. Podem ser tumores de nasofaringe, orofaringe e hipofaringe. No geral, são mais raros, mais agressivos e com maior potencial de metástase. Seus sintomas aparecem tardiamente, o que piora o prognóstico. São muito relacionados a tumores sincrônicos. O câncer de nasofaringe difere-se um pouco dos demais. É epidêmico no sudeste asiático e não se relaciona a álcool e tabaco, e sim a infecção por Epstein-Barr. É mais comum em jovens e geralmente é diagnosticado já em estágios muito avançados. Seus sintomas típicos sãoodinofagia seguida de disfagia. Laringe: Podem ser supraglóticos, glóticos e subglóticos. Sendo que os sintomas típicos são, respectivamente, odinofagia, rouquidão persistente e dispneia. São tumores mais lentos, com metástases tardias. Alguns outros sintomas comuns são: dor crônica na garganta, disfonia e massa no pescoço São avaliados satisfatoriamente por laringoscopia indireta ou videolaringoscopia e qualquer lesão suspeita deve ser biopsiada, sendo que as lesões suspeitas são tipicamente ulceradas e infiltrativas. Os fatores prognósticos são o tamanho do tumor, a presença de metástase para linfonodos, a invasão perineural e a propagação extracapsular da doença nos linfonodos cervicais. A preservação da voz e a manutenção da qualidade de vida são pontos a serem levados em conta na escolha da conduta. Tratamento: Os tratamentos de tumores da cavidade oral, orofaringe, hipofaringe e laringe são semelhantes. Os tumores iniciais serão tratados por cirurgia ou radioterapia (desfecho semelhante), mas se as lesões forem em dobras de mucosas ou próximas a ossos, a cirurgia é mais bem indicada que a radioterapia. Já tumores maiores exigem ressecção ampla, com margens maiores que 1 cm, esvaziamento cervical e reconstrução imediata, associada a radioterapia adjuvante. Se houver alto risco de recidiva, associa-se também a quimioterapia adjuvante. Os critérios de irressecabilidade são: invasão de fáscia pré-vertebral, invasão maciça da base do crânio e envolvimento da artéria carótida. O tratamento da nasofaringe difere um pouco dos demais, pois a cirurgia não tem papel fundamental. Quando a lesão é localizada, faz-se radioterapia isolada, e quando é avançada, associa-se a quimioterapia. Outras regiões que podem ser acometidas: Nariz e seios paranasais: Os tumores do nariz e dos seios paranasais frequentemente são diagnosticados tardiamente, em virtude da ausência de sintomas nos estágios iniciais da doença. Os sintomas são sutis e insidiosos e incluem obstrução nasal crônica, cefaleia, dor facial, proptose, epistaxe e formigamento facial. Nos tumores do seio maxilar, a dentição frouxa indica erosão dos ossos alveolares e palatinos. O diagnóstico é feito por exames de imagem (TC e RM) e biópsia. O tratamento convencional é ressecção cirúrgica seguida de radioterapia adjuvante, sendo que o prognóstico depende da localização e da propagação do tumor para seios adjacentes ou cavidade craniana.Quando há acometimento bilateral dos nervos ópticos, invasão extensa do cérebro ou encarceramento da carótida, considera-se o tumor como irressecável. Ouvido e osso temporal: Esses tumores se manifestam por otorreia, otalgia, massa do canal auditivo externo ou periauricular, perda da audição, paralisia facial, vertigem ou tinido. Em virtude da complexidade da anatomia nesse espaço ósseo fechado, os estudos de imagem têm grande importância no diagnóstico, no estadiamento e no planejamento terapêutico. Os cânceres pequenos podem ser tratados com ressecção e fechamento primário. No câncer avançado faz a combinação de ressecção cirúrgica e radioterapia. Os objetivos cirúrgicos são: remover o tumor em bloco e deixar estruturas vitais. Nos casos em que a exérese do pavilhão auricular é necessária, uma prótese pode produzir uma reabilitação aceitável.
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