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Propedêutica Cirúrgica da Cabeça e do Pescoço Vitória Correia Moura – T4C · Nódulos ou massas cervicais são as principais manifestações clínicas das doenças da região do pescoço. · Nódulos ou massas cervicais podem ser primários com relação às estruturas locais ou secundários a outros processos no organismo. · Em alguns casos, os sintomas podem advir de alterações metabólicas (hipertireoidismo ou hiperparatireoidismo), funcionais (dor referida, alteração da articulação da fala, deglutição ou fonação) ou hemorrágicas (sangramento oral ou epistaxe). · A porção do corpo humano acima das clavículas possui aproximadamente trezentos linfonodos, cerca de 1/3 de todo o organismo. Esse número indica a importância do pescoço na manifestação de processos inflamatórios e neoplásicos que acometem os linfonodos. · Afecções Cirúrgicas da Cabeça e do Pescoço Infecciosas, Congênitas, Traumáticas e Neoplásicas. 1) Afecções Cirúrgicas da FACE e COURO CABELUDO: · Cistos Epdermoides (Sebáceos): · Apresentam-se como nódulos nas proximidades das áreas onde há crescimento de pelos (sobrancelha, barba e região de implantação do couro cabeludo). · Sem sinais inflamatórios importantes (apenas se houver uma infecção secundária). · Crescimento lento com abaulamento da pele. · Lesão encapsulada. · Tratamento: ressecção cirúrgica completa. · Ceratose Seborréica (Doenças Inflamatórias / Infecciosas): · Pacientes branco, com mais de 50 anos de idade e com histórico de alta exposição solar (raios ultravioleta). · Acomete, sobretudo, as áreas mais expostas ao sol. · Prurido. · Lesão endurecida de contornos bem definidos ou não. · Crescimento rápido. Vitória Correia Moura – T4C · Tumores cutâneos: · CARCINOMA BASOCELULAR: · Tumor MALIGNO MAIS frequente (porém com comportamento benigno). · O carcinoma basocelular RARAMENTE se dissemina com METÁSTASES linfonodais ou à distância. · Pacientes branco, com mais de 50 anos de idade e com histórico de alta exposição solar. · Lesões NODULAR, RÓSEAS/eritematosas, bordas bem definidas, ulceradas ou não. · Pouco prurido. · Crescimento lento. · CARCINOMA EPIDERMOIDE: · Tumor MALIGNO com METÁSTASE mais frequente (para SNC e pulmão). · Linhagem epitelial lesão mais superficial e com bordas elevadas. · Pacientes branco, com mais de 50 anos de idade e com histórico de alta exposição solar. · Acomete mais a região da face e do LÁBIO INFERIOR (pois esse está mais desprotegido do que o lábio superior no momento da insolação meridiana, quando é máxima a penetração da radiação ultravioleta na atmosfera). · O tumor inicia-se por uma placa queratótica, esbranquiçada, passa a um nódulo e posteriormente se transforma em úlcera. · Pode apresentar SINAIS INFLAMATÓRIOS. · Fazer oroscopia completa, exame completo de pescoço e palpação de LINFONODOS das regiões PARÓTIDAS e SUBMANDIBULAR. · NEVUS MELANOCÍTICO: · Pintas sem sinais inflamatórios, sem prurido, SEM variação de cor e com bordas BEM definidas. · Correlação com a exposição ao Sol. · Importante diferenciar de lesões malignas como o melanoma. Vitória Correia Moura – T4C · MELANOMA: · Tumor MALIGNO com METASTÁSE precoce e de alta LETALIDADE. · Assimetrias, Bordas irregulares, Coloração heterogênea (polimorfismo cromático), Diâmetro maior que 8 mm e Evolução. · Pode ter prurido e inflamação. · Pode crescer, sangrar e apresentar lesões satélites. · Além da disseminação para linfonodos regionais, rapidamente pode apresentar metástases para órgãos distantes. 2) Afecções Cirúrgicas da CAVIDADE NASAL e NASOFARINGE · Desvio de septo nasal: · Pólipos inflamatórios / Alérgicos: · Numerosos, principalmente na cavidade nasal média. · Quadro clínico de obstrução nasal e sintomas de sinusopatia. · Tratamento clínico, mas pode haver indicação de ressecção cirúrgica em alguns casos. · Nasoangiofibroma Juvenil: · Pacientes JOVENS do sexo MASCULINO com queixa de EPISTAXE volumosa, recorrente, associada ou não a obstrução nasal. · Massa de cor que varia entre vinhosa e acinzentada. Vitória Correia Moura – T4C · Sem correlação com trauma. · Necessita de internação e ressecção. · Tumor benigno do ponto de vista histopatológico. · Diagnóstico: nasofibroscopia sem biópsia (a intensa vascularização dessas lesões determina que não se realize nenhuma biópsia, pelo risco de complicação hemorrágica), TC e RNM. · Carcinoma Epidermoide: · Paciente do sexo masculino, tabagista e etilista (destilados). · Palpar trígono cervical anterior e posterior O músculo esternocleidomastóideo divide o pescoço em dois triângulos. O triângulo anterior tem sua base no arco mandibular e pode ser delimitado anteriormente pela linha média. O triângulo posterior tem sua base na borda clavicular e limite posterior na linha do músculo trapézio. · Diagnóstico: biópsia, TC e RNM. 3) Afecções Cirúrgicas das GLÂNDULAS SALIVARES · Doenças Inflamatórias: · Sem correlação com o sexo do paciente. · Consumo de frutas cítricas aumenta a salivação, podendo ser um fator de risco. · 80 – 90% SUBMANDIBULAR (Ducto de Wharton). · 10 – 20% PARÓTIDA (Ducto Stensen). · Lesão profunda. · Pode haver pus. · Diagnóstico clínico e USG / TC. · Tratamento clínico e cirúrgico se houver complicações. Vitória Correia Moura – T4C · Tumores: · Parece com doenças inflamatórias, porém os sinais flogísticos são menos evidentes (menos dor). · Podem ser benignos ou malignos. · Em geral, os tumores malignos têm crescimento mais rápido e podem determinar paralisia ou paresia do nervo facial. Dessa forma, a pesquisa da motricidade facial é importante na avaliação dos tumores da região parotídea. · Endurecidos e de crescimento lento. · Inventário completo da cavidade oral. · Biópsia: Aspirativa com agulha fina guiada por USG (alta sensibilidade e especificidade, precisão diagnóstica MAIOR para tumores BENIGNOS). · Biópsia incisional (PARÓTIDA) ou excisional (SUBMANDIBULAR). · TUMORES BENINGNOS: · ADENOMA PLEOMÉRFICO: 75% dos tumores de glândulas salivares, mais comum na parótida, maioria é superficial, indolor, arredondadas e de crescimento lento. · TUMOR DE WHARTHIN: 10% dos tumores de parótida, bilaterais em 10% dos casos, associação com tabagismo, lobo superficial da glândula parótida, crescimento lento, dor e inflamação secundárias. 4) Afecções Cirúrgicas da CAVIDADE ORAL e OROFARINGE O exame da cavidade oral inicia-se pela avaliação dos lábios. Procede-se à abertura oral e, com auxílio de espátulas, são observados os sulcos gengivo-labiais, as regiões jugais, as gengivas, o palato duro, a região retromolar, a língua e o assoalho da boca. Nesse momento, também são avaliadas estruturas da orofaringe. A inspeção incluiu a observação de movimentos da língua e do véu palatino, bem como o óstio de drenagem das glândulas salivares. Vitória Correia Moura – T4C Após a colocação de uma proteção para o dedo ou de uma luva, a cavidade oral deve ser palpada, complementando o exame clínico. A palpação é recurso precioso por evidenciar áreas dolorosas, flutuações e, principalmente, áreas endurecidas em tumores submucosos ou infiltrativos. · Lesões Benignas: CISTOS · Crescimento rápido. · Pouca dor, porém causam desconforto. · Tratamento cirúrgico. · Lesões Pré-Malignas: · Associação com: Tabagismo, Etilismo, Trauma crônico (ex: próteses orais) e Falta de higiene. · Não havendo melhora com a alteração no hábito (pela retira dos fatores de risco acima mencionados), recomenda-se a extirpação da lesão e seu estudo histopatológico. · LEUCOPLASIA placa esbranquiçada na borda da língua. · ERITROPLASIA área avermelhada da mucosa oral ou borda da língua; MAIOR potencial MALIGNO. · Lesões Neoplásicas: · Localização: Borda lateral da língua e assoalho da boca. · Lesão ulcerada e que gera dificuldade para movimentar a língua. · DOLOROSA, SANGRA com facilidade e ODOR FÉTIDO. Vitória Correia Moura – T4C · Diagnóstico diferencial de AFTA, que têm rápida evolução e cicatrização, com bordas regulares e fundo limpo. · Apresentação variável (vegetantes, infiltrativas, ulceradas ou formascombinadas). · Diagnóstico inspeção da cavidade oral, biópsia e TC. · Tratamento cirúrgico, radioterapia e quimioterapia. 5) Afecções Cirúrgicas da LARINGE · Lesões Benignas: PÓLIPOS e CISTOS: · Quadro clínico de DOR e ROUQUIDÃO (lesões glóticas). · Diagnóstico: Biópsia. · Tratamento: Cirúrgico. · Lesões Pré-Malignas (Leucoplasia) e Malignas (Carcinoma Epidermoide): · Epiglote e Região glótica rouquidão. · Supra-glótica otalgia. · Infra-glótica menos sintomas. 6) Afecções Cirúrgicas da TIREOIDE · Nódulos: · Vitória Correia Moura – T4C · O nódulo tireóideo aparece como uma massa cervical situada na região anterior do pescoço, móvel à deglutição. · Na palpação deve ser caracterizada a mobilidade do nódulo ou sua aderência a outras estruturas. · Consistência Nódulos endurecidos são suspeitos de malignidade. · História familiar. · Mais comum em mulheres na faixa ataria de 40 a 50 anos. · Diagnóstico dosagem de TSH, T3 e T4L; biópsia de agulha fina. RESUMÃO Face e Couro cabeludo · Cistos Epidermoides (sebáceos). · Ceratose Seborréica (inflamatório). · Tumores cutâneos (carcinoma basocelular, carcinoma epidermóide, nevus melanocítico e melanoma). Cavidade nasal e Nasofaringe · Desvio de septo nasal. · Pólipos inflamatórios / alérgicos. · Nasoangiofibroma juvenil. · Carcinoma Epidermoide. Glândulas Salivares · Doenças inflamatórias. · Tumores benignos (Adenoma pleomórfico e Tumor de Wharthin) Cavidade oral e Orofaringe · Cisto (lesões benignas). · Leucoplasia e Eritroplasia (lesões pré-malignas). · Lesões neoplásicas. Laringe · Pólipos e Cistos (lesões benignas). · Lesões pré-malignas e neoplásicas. Tireoide · Nódulos. Vitória Correia Moura – T4C