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TEOLOGIA SISTEMÁTICA III-Aula 4-Espírito Santo no Novo Testamento em Geral



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Teologia Sistemática III
Aula 4: Espírito Santo no Novo Testamento em geral
Apresentação
Esta aula apresenta o desenvolvimento da doutrina e da experiência do Espírito Santo no âmbito
da literatura paulina.
Estudar a doutrina teológica do Espírito Santo no Novo Testamento é mergulhar nas signi�cações
da ação de Cristo Ressuscitado e assim aceder às experiências pentecostais própria da
comunidade dos discípulos. O Novo Testamento é um testemunho dessa ampla ação do Espírito
Santo, primeiro na vida e na ação do Cristo, e depois nas de seus discípulos.
Objetivos
Compreender a doutrina do Espírito Santo no âmbito do restante dos escritos
neotestamentários;
Reconhecer os âmbitos da pneumatologia (teologia do Espírito Santo) na literatura paulina e
do Apocalipse.
 (Fonte: Paolo Gallo / Shutterstock)
Premissa
O Espírito Santo é o intercessor que nos introduz na vida da Trindade, para a realização do projeto de
Deus, na adoção �lial, na glori�cação dos �lhos de Deus e da própria criação (Rm 8,19-27). Habitando
em nós (Rm 8,9), faz morrer as obras do pecado (Rm 8,12). Ele comunica a verdadeira paz, que é
comunhão na vida feliz de Deus. É Aquele que "vem em auxílio de nossa fraqueza porque nem
sabemos o que convém pedir" (Rm 8,26).
Nesta aula trataremos de uma importante tradição do Novo Testamento, indispensável para
conhecermos o patrimônio pneumatológico. Já pudemos ver isso nos Evangelhos (de Lucas, em
particular, e de João, com as promessas do Espírito da Verdade), e agora é a vez do grande São Paulo,
teólogo da primeira hora cristã.
Sobre o Espírito Santo no Novo Testamento, temos na teologia de São Paulo um grande acervo
de compreensão acerca da identidade e da ação da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade.
1
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É muito ampla e diversi�cada a a�rmação de fé e, sobretudo, muito rica a
experiência do Espírito Santo no Novo Testamento.
Comentário
Aqui nos cabe uma análise do ponto de vista da Igreja, seja porque ela o experimenta, seja porque
fala sobre Ele, até formular um artigo de fé, onde a�rma a “Personalidade” do Espírito de Deus,
revelado de�nitivamente em Jesus Cristo.
Como dissemos, o Espírito é um objeto complexo em relação à Igreja, pois, de um lado, Ele mediu o
conhecimento que a Igreja tem de si própria; e, por outro, é a Igreja que �xa uma linguagem sobre o
Espírito que corresponda à consciência Divina da terceira pessoa da Trindade, como a conhecemos
na linguagem da tradição ortodoxa da Trindade.
O Mistério da Igreja ela o conhece, somente em contato com o Espírito, pois este dá acesso ao
âmago do Cristo e, assim, ao epicentro de sua consciência, enquanto Igreja.
https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0154/aula4.html
O cristão, pela graça batismal, é introduzido na intimidade da vida trinitária, partilhando da sua riqueza
na comunidade eclesial. A plena comunhão da Trindade manifesta-se na Comunidade-Igreja e oferece
vida nova (Ef 4,24; Cl 3,10) de relacionamento de �lhos com o Pai (Gl 4,6). O Espírito ensina, santi�ca e
conduz o Povo de Deus através da pregação e da acolhida da Palavra, da celebração dos
sacramentos e da orientação dos pastores. Distribui também graças ou dons especiais "a cada um
como lhe apraz" (1Cor 12,11), sempre "para a utilidade comum". Por essas graças, Ele "os torna aptos
e prontos a tomarem sobre si os vários trabalhos e ofícios, que contribuem para a renovação e maior
incremento da Igreja” (1Cor 12,2).
O Espírito Santo distribui seus dons aos �éis, de tal
forma que ninguém possui todos eles, como ninguém
está totalmente privado deles (1Cor 12,4ss). Esses
dons são sempre para o serviço da comunidade (1Cor
14). Não é a experiência dos carismas que exprime a
perfeição da salvação, mas a caridade que deve
perpassar toda a vida do cristão (Mc 12, 28-31; 1Cor
13). Procurá-la é o primeiro e melhor caminho para a
edi�cação do Corpo de Cristo, que é a Igreja (1Cor
12,31-13,13). (BORGES, 2013).
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A �gura histórica de Paulo
Cronologia
Para a maioria dos autores, é bastante fácil delinear o quadro geral da vida de Paulo. Nascido pelo
início da Era Cristã, por volta do ano 5 d.C., converte-se e entra no círculo dos seguidores de Cristo, e
sobe muitas vezes a Jerusalém (encontrando-se com Pedro).
A partir de uma intensa atividade missionária, ele se tronou um peregrino e percorreu todo o arco do
Mediterrâneo Oriental, com paradas prolongadas em Antioquia da Síria, Corinto, Éfeso e Roma, onde
morreu sob o período de Nero (64-66?).
É mais difícil precisar cronologicamente os episódios da vida, as viagens e a morte, esta indicada por
alguns autores como ocorrida no início do período de Nero, enquanto para outros se deu no �m. O
referimento mais seguro é a inscrição de Del�, que indica o pró-cônsul romano Galião no período 50-
51 como residente em Corinto (cf. At 18,12).
Dois esquemas cronológicos nos ajudam a compreender sua vida:
Ato dos Apóstolos Segundo as Cartas
Tendo como clássico e tradicional referimento.
Missão Paulina vem escalonada em diversos
momentos:
1. Concílio de Jerusalém (49-50) depois da
primeira viagem;
2. A prisão em Cesareia, entre 58-60;
3. Em 60-62, período do cárcere romano;
4. Em 64 ou 67, a segunda prisão e a morte.
1. Concílio de Jerusalém: 50-51, depois da
segunda viagem que levou Paulo à Grécia;
2. 52-55, Éfeso, pela segunda vez;
3. 56, prisão em Jerusalém, prisão em
Cesareia;
4. 57-58, viagem a Roma;
5. 58-60, domicílio forçado em Roma;
�. 60, martírio sob Nero.
A conversão
Os textos Gal 1,13 e At 8,1 são elementos hermenêuticos importantes na compreensão das cartas
(literatura paulina), relatados por Atos, três vezes, At 9,22 (Paulo), 26 (Paulo).
Nas Cartas, torna-se um argumento constante, de modo apologético ou polêmico, defender-se dos
adversários e indicar o fundamento que sustenta sua vida (1 Cor 15,8; Gal 1,15-16; Fil 3,12).
A conversão de Paulo, como lemos nos diversos textos, apesar do seu
caráter autobiogrográ�co, aparece sensivelmente teologizada e re�ete uma
leitura retrospectiva do evento à luz de toda a vida do apóstolo e do caminho
da Igreja.
Homem de três culturas
Paulo possui a envergadura de um verdadeiro "cosmopolita" (expressão de A. Deissmann).
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No interrogatório após a prisão a Jerusalém, ele se identi�ca como pertencente à diáspora
hebraica dispersa no mundo helenizado.
2Cor 11,22; contra os contestadores da sua autoridade apostólica;
Fil 3,5-6; faz polêmica contra o argumento "carnal" da descendência;
Rom 9,3-5; surge a lúcida consciência teológica de pertencer por nascimento ao povo
chamado por Deus para um desígnio de Salvação a favor de toda a Humanidade;
Em Gal 2,15 quase com orgulho separatista;
Convertido a Cristo, Paulo vive em um clima espiritual hebraico: seu calendário é hebraico
(1Cor 16,8) duas vezes, nos Atos se relatam votos (AT 18,18; 21, 17-26);
As Escrituras: LXX como o TM vem utilizados com destreza, através das técnicas de
interpretação mais profundas: 1Cor 10, 1-10: Midrash de Páscoa;
At 22,3: Gamaliel (Mesh, Sotr 9,15: o Ancião).
Hebreu: At 21,39 
Sobre o rio Adno, era naquele tempo como Elade no Apogeu esplendor de estudo helenístico e
cosmopolita, Pátria do estoicismo:
a) O ideal da autossu�ciência ética (Til 4,11);
b) Filosó�co-religioso: a transparência de Deus no mundo (Rom 1,19-20).
Todo o quadro da sua atividade se coloca dentro de uma moldura cultural helenística:
a) Uso gramatical e retórico da língua grega (Rom 5,20; 8,26; 2Cor 7,4; verbos com diversas
preposições);
b) Uso gramatical de "syn" para indicar a "simbiose" com colaboradores e amigos na
comunicação vital com Cristo, na morte, na ressurreição e na Glória (cf. Rom 6,45; Gal 2,19; Fil
3,10; Ef 2,6; Col 2,12; 3,1ss).
Não são raros os casos nos quais diversos termos contemporâneos à língua grega de Paulo
vêm utilizados e dobrados ao usoe intenção de Paulo.
Paulo, hebreu de origem 
Paulus, nome latino, provavelmente desde a infância vê o império Romano de certa forma como
uma estrutura a serviço das disposições diurnas (Rom 13,2-5):
Cada qual seja submisso às autoridades constituídas, porque não há autoridade que não venha
de Deus; as que existem foram instituídas por Deus. Assim, aquele que resiste à autoridade
opõe-se à ordem estabe lecida por Deus; e os que a ela se opõem atraem sobre si a condenação.
Em verdade, as autoridades ins piram temor, não porém a quem pratica o bem, e sim a quem faz
o mal! Queres não ter o que temer a autoridade? Faze o bem e terás o seu louvor. Porque ela é
instrumento de Deus para teu bem. Mas, se �zeres o mal, teme, porque não é sem razão que
leva a espada: é ministro de Deus, para fazer justiça e para exercer a ira contra aquele que
pratica o mal. Portanto, é necessário submeter-se, não somente por temor do castigo, mas
também por dever de consciência.
At 22,28 - direito de cidadania Romano, desde o nascimento;
Roma nos seus programas missionários estava no vértice: Rom 15,22-24, outro lado do
Carta dos Romanos.
Romano 
Leia mais sobre Paulo:
 O maior missionário do cristianismo
 Clique no botão acima.
O maior missionário do cristianismo
O Livro dos Atos oferece uma narração ordenada da obra missionária de Paulo. Esta se
desenvolve provavelmente naquela parte da costa Mediterrânea denominada “a elipse da
oliveira”, tocando as cidades de Damasco, Tarso, Antioquia, Chipre e Anatólia Sul-oriental:
Filipos, Tessalônia, Bereca, Atenas, Corinto na Europa, e Éfeso, capital da Província romana
da Ásia, e Roma, do capital do Império. Os dados provenientes das Cartas con�rmam tal
quadro mesmo se não permitem de seguir a linearidade e de ancorá-lo sobre con�rmar o
esquema de uma tríplice expedição, como vem delineada em Atos.
a) Importância e característica
Ele escolhia intencionalmente os grandes aglomerados urbanos, sobretudo aqueles ainda
não tocados pelo Evangelho, onde buscava fazer surgir ao menos uma pequena
comunidade cristã, animada e presidida por pessoas em particular, dedicadas e generosas
(1 Ts 5,12-13; 1 Cor 16,15-16).
Tudo faz pensar que no âmago da metodologia missionária de Paulo, ele tinha em mira
muito mais os povos, como tal, como seria comum aos pregadores ambulantes do seu
tempo. O que ressalta o fato singular que ele não tinha se interessado por Alexandria no
Egito.
Paulo tem a consciência, desde o início, de ter sido chamado a evangelizar aos gentios (Gal
1,16), e essa vocação vem con�rmada por Pedro e pelos Apóstolos (Gal 2,9-10). Seu método
de comunicação do Evangelho se prende na palavra, no exemplo e no amor, e unia à Palavra,
que não é simples transmissão verbal, mas permeada pelo Espírito e pela potência de Deus
que interpela os homens por meio de seus (2 Cor 5,20; 1 Tes 2,13; Rom 1,16 ): Revelação!
b) A Palavra vem corroborada pela força do “modelo humano”
A Exemplaridade ética tem sua origem da humanidade de Jesus e é particularmente
importante para Paulo. Porque o Evangelho não é uma teoria, mas um modo de existência.
Paulo sabe que deve transmiti-lo com sua própria existência no "exercício" que isso
comporta.
Os dois termos maiores que são usados neste contexto são "modelo" e "imitadores" (1 Cor
4,16; 1 Ts 1,6; Fil 4,9; 2 Ts 3,7).
c) O Amor
A Palavra, porém, parte do amor, e tende à edi�cação, isto é, à construção e ao crescimento
espiritual dos singelos indivíduos e da comunidade (cf. 1 Ts 2,7-8; 2 Cor 4,15; 5,15; 6,12; Gal
4,15). É pronunciada em �delidade e lealdade de espírito diante de Deus e diante dos
homens (cf. 1 Ts 2,1-12) com a franqueza (parresia; 2 Cor 3,12; Fil 1,20, Ef 3,12) e a limpidez
cristalina (cilikrineia: 2 Cor 2,17), própria dos ministros da Nova Aliança. Além do aspecto
"encarnatório" da Palavra (1 Cor 9, 12-23), que conduz o ministro ao âmago de seu tempo.
O conteúdo essencial da sua mensagem é aquele da "Tradição" (parádosis = tradição)
apostólica (1 Cor 15, 1-5). De tal "verdade do Evangelho" nada pode ser subtraído (Gal 1,6-8;
2,5-14). Porém, em tal "tradição", enquanto o Evangelho exigia sua "tradução" em um estilo
de vida e era destinado a produzir uma "nova criatura" (2 Cor. 5,17), Paulo se faz educador,
pastor.
Diversos são os verbos que indicam a complexidade do projeto missionário Paulino: exortar,
admoestar, instruir, dizer, evangelizar, anunciar, desejar, encorajar, dispor, ensinar, tornar
conhecido, confortar.
Paulinismo/antipaulinismo
"Reconhecei que a longa paciência de nosso Senhor vos é
salutar, como também vosso caríssimo irmão Paulo vos
escreveu, segundo o dom de sabedoria que lhe foi dado. É o
que ele faz em todas as suas cartas, nas quais fala nesses
assuntos. Nelas há algumas passagens difíceis de entender,
cujo sentido os espíritos ignorantes ou pouco fortalecidos
deturpam, para a sua própria ruína, como o fazem também
com as demais Escrituras."
Paulo e sua tradição (2 Pd 3,13-16)
Origem: termo à Escola de “Tübingen”, isto é, protestantismo racionalista alemão: Paulo, herói
protestante contra Pedro (petrinismo).
O fato: Nenhum outro personagem é tão documentado como Paulo.
 Centro da Teologia Paulina
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Centro da Teologia Paulina
1º) A posição protestante
A dimensão antropológica do evento salví�co – impacto sobre o homem da obra redentora
de Cristo, que se desenvolve em duas posições:
1.1) Tese luterana clássica (R. Bullman, E. Käsemann) – o centro do paulinismo é a doutrina
da justi�cação pela fé sem obras, isto é, o Evangelho da Graça (Rom 4,5).
1.2) Schweitzer: participação do batizado, a vida (mesma) de Cristo, e, por isso, a experiência
tendencialmente “mística” do Cristo (Rom 6,11; Rom 3,21-26).
Crítica: Não se deve confundir paulinismo com Paulo: o evento de Cristo tem um valor
primário e fundante em relação ao seu resultado soteriológico.
2º) Posição católica
Privilegia a dimensão objetiva do evento salví�co (ad extra/extra nos).
Apesar de poder objetar, sobre a decisiva mediação da fé, aqui a cristologia é colocada em
primeiro lugar, como centro do pensamento paulino.
Segundo Lucian Cerfaux, a intuição fundamental de Paulo está na concepção da Divindade
de Cristo – onde está Cristo, existe a Presença de Deus, e Deus opera e se comunica
somente mediante Cristo (Cf. 2 Cor. 5,19).
Para Rudolf Schnackenbrurg, no entanto, a base sobre a qual se constrói e se concentra toda
a cristologia paulina é o Kerygma primitivo da morte e Ressurreição de Cristo, que Paulo
retoma e mantém como ponto focal de seu sistema.
Segundo Romano Penna é melhor concentrar-se sobre a �gura de Cristo como tal a
prescindir de suas especi�cações. Se pudéssemos comparar a teologia paulina a um círculo,
deveríamos dizer que Jesus Cristo é o centro; tudo aquilo que se a�rma de Cristo é
constituído de raios, enquanto aquilo que constitui a soteriologia forma um círculo virtuoso.
Atenção
De fato, sobre a �gura de Cristo e sua centralidade em Paulo, estão todos de acordo, desde S.
Tomás até Lutero, mesmo que o luteranismo considere central o ponto de vista soteriológico.
Porém, isso se pode a�rmar de todo o Novo Testamento, isto é, a "centralidade" da �gura de Cristo,
na variação dos diversos escritos.
Mas o que distingue a centralidade de Cristo no paulinismo de origem pode ser observado entre
níveis:
1
Vê-se bem como Jesus Cristo, para Paulo, não é narrado no passado da sua vida terrena, bem que
se compendia essencial, e em termos fulgurantes na �gura do Cruci�cado-ressuscitado (1 Cor 1,
23 s). Dessa maneira é assumida a formulação do Kerygma Primitivo (1 Cor 15, 3 - 5), mas se
desenvolve o conteúdo em formas e dimensões que não são constatáveis em nenhum outro
autor do cânon.
2
É possível constatar e documentar sobre a base dos seus textos epistolares e mesmo de maneira
detalhada, como Paulo constituiu o conjunto de sua partitura teológica sobre o único teclado da
Pessoa de Cristo, sem separar a ontologia da funcionalidade.Nesse ponto R. Penna expõe os traços fundamentais da cristologia, como centro do pensamento
Paulino. Para Paulo, Deus mesmo é de�nido em função de Cristo (cf. Rom 15,6; 2 Cor 1,3; 11,31; Col
1,3; Ef 1,3); Ele enviou Jesus ( Rm 8, 3; Gal 4,4). Também o Espírito é denominado em termos de
"Espírito de Cristo" (Rom 8,9), "do Filho" (Gal 4,6), de "Jesus Cristo" (Fil 1,19 ), uma formulação
tipicamente paulina.
O Evento Salví�co decisivo, mesmo que tendo em Deus sua origem e seu principal agente, é
claramente dominado pelo Cristo e com o seu sangue como protagonista histórico, através de uma
diversidade de termos, como Reconciliação, Libertação, Resgate, Redenção, Expiação, Justi�cação.
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Depois desses elementos, vale a pena destacar que, para Paulo, o Espírito,
mesmo “autônomo”, com personalidade, é Espírito do Filho, que age e atua
em nós a favor da Salvação trazida por Cristo.
Destacamos agora o texto mais paradigmático de Paulo sobre o Espírito Santo: O Capítulo 8 da Carta
aos Romanos (STOOT, 1994).
 Carta aos Romanos – Capítulo 8
 Clique no botão acima.
Carta aos Romanos – Capítulo 8
Rm 8, 1-2: De agora em diante, pois, já não há nenhuma condenação para
aqueles que estão em Jesus Cristo. A Lei do Espírito de Vida me libertou, em
Jesus Cristo, da Lei do pecado e da morte.
A maneira pela qual o apóstolo começa sua discussão sobre o Espírito Santo
no capítulo VIII da Carta aos Romanos é verdadeiramente surpreendente:
“Portanto, não há mais condenação para os que estão em Cristo Jesus. Porque
a lei do Espírito, que dá vida em Cristo, libertou-te da lei do pecado e da morte.”
Ele passou todo o capítulo anterior para estabelecer que "o cristão está livre da
lei", e aqui começa o novo capítulo falando em termos positivos e edi�cantes
sobre a lei. "A lei do Espírito" signi�ca a lei que é o Espírito; é um genitivo ou
explicação epesegética, isto é, explicativa.
O que é a lei do Espírito e como ela funciona, A nova lei, ou do Espírito, não é,
portanto, estritamente falando, aquela promulgada por Jesus no Sermão da
Montanha, mas aquela que ele gravou nos corações no Pentecostes.
Rm 8, 5-12: “Vós, porém, não viveis segundo a carne, mas segundo o Espírito,
se realmente o Espírito de Deus habita em vós. Se alguém não possui o
Espírito de Cristo, este não é dele. Ora, se Cristo está em vós, o corpo, em
verdade, está morto pelo pecado, mas o Espírito vive pela justi�cação. Se o
Espírito daquele que ressuscitou Jesus dos mortos habita em vós, ele, que
ressuscitou Jesus Cristo dos mortos, também dará a vida aos vossos corpos
mortais, pelo seu Espírito que habita em vós. Portanto, irmãos, não somos
devedores da carne, para que vivamos segundo a carne. De fato, se viverdes
segundo a carne, haveis de morrer; mas, se pelo Espírito morti�cardes as
obras da carne, vivereis.”
Os preceitos evangélicos são certamente mais altos e mais perfeitos que os
mosaicos; no entanto, sozinhos, eles também teriam permanecido ine�cazes.
Se fosse o su�ciente para proclamar a nova vontade de Deus através do
Evangelho, não seria possível explicar que havia a necessidade de Jesus
morrer e que o Espírito Santo viesse.
Mas os próprios apóstolos mostram que isso não era su�ciente; apesar de
terem escutado tudo – por exemplo, que você deve se voltar para aquele que
bate em você, a outra face –, no momento da paixão eles não encontram a
força para executar qualquer um dos mandamentos de Jesus.
Rm 8, 14: “De fato, se viverdes segundo a carne, haveis de morrer; mas, se pelo
Espírito morti�cardes as obras da carne, vivereis, pois todos os que são
conduzidos pelo Espírito de Deus são �lhos de Deus.”
De fato, aqueles que são guiados pelo Espírito de Deus, estes são �lhos de
Deus.
Tendo dito que devemos morti�car, isto é, deixar nossa carne morrer, Paulo
explica que – guiado pelo Espírito de Deus, não simplesmente por nossa
própria iniciativa, mas iluminado e guiado pelo Espírito Santo, o que signi�ca
que não podemos fazer nada e devemos fazer o que não isto é de acordo com
a vontade de Deus – somente essa obediência testi�ca que somos �lhos de
Deus.
Rm 8, 16: “Espírito mesmo dá testemunho ao nosso espírito de que somos
�lhos de Deus.”
De fato, o próprio Espírito testi�ca que somos �lhos de Deus. Somente na interioridade do
nosso coração encontramos a certeza de que somos �lhos de Deus; ninguém pode garantir
por si mesmo que é �lho de determinado pai.
Outro deve testemunhar para nós: alguém que conhece bem a nossa história e está
presente não apenas quando nascemos, mas também quando fomos concebidos.
Não há necessidade de ir longe e procurar por Deus sabe onde. É o próprio Espírito Santo
que testi�ca ao nosso espírito que somos �lhos de Deus; no Espírito Santo fomos
concebidos, e no Espírito Santo nascemos para uma nova vida. Qual testemunha é mais real
e segura? Você quer saber quem é seu �lho? Pergunte a sua mãe.
Se o Pai é o mistério de toda paternidade, o Espírito é o mistério de toda maternidade. Então
o Filho é o mistério da nossa adoção como �lhos.
Atividade
Diante do exposto sobre a pneumatologia de Paulo, por que se deve relacionar a �gura histórica de
Paulo com sua teologia?
2. “De agora em diante, pois, já não há nenhuma condenação para aqueles que estão em Jesus Cristo.
A Lei do Espírito de Vida me libertou, em Jesus Cristo, da Lei do pecado e da morte” (Rm 8, 1-2”). A
partir dos primeiros versículos do capítulo 8, temos um verdadeiro embate entre a Lei e o Espírito.
Explique como Paulo esclarece as relações entre a vida no Espírito e a lei mosaica para os cristãos.
3. Em 1Cor 12,4ss, Paulo relaciona o Espírito Santo aos dons ou carismas. Qual é o signi�cado de
dons e carismas na pneumatologia paulina?
a) Carismas são ações mágicas do Espírito Santo.
b) O Espírito age extraordinariamente pelos carismas.
c) Os dons e carismas são poderes dados para fins individuais.
d) O cristão recebe os carismas para obter poder humano.
e) Dons e carismas são ações do Espírito a serviço da Igreja.
Notas
Teologia de São Paulo 1
São Paulo, antes de qualquer coisa, quer falar de Cristo, que ele conheceu pessoalmente pelas
estradas de Damasco, e que a ele se dirigiu e reorientou sua vida. O Cristo Ressuscitado é o “kérygma”
central da pregação paulina. O Cristo que Paulo prega, ou seja, “seu Evangelho”, não se baseia na
“carne”, mas no Espírito, pois Paulo não passou pela experiência histórica de Jesus de Nazaré, como
os outros doze apóstolos.
Segundo o pensamento teológico de Paulo, o Espírito revela à Igreja quem é o Cristo, ou melhor, em
que sentido Jesus é o Cristo. Ele exibe a radicalidade da existência humana de Jesus, sua Divindade e,
portanto, o conteúdo soteriológico do seu agir como homem até a sua Páscoa.
Referências
BORGES, R. D. O Espírito Santo nas cartas paulinas. Blog É missão de todos nós. Belo Horizonte, 23
out. 2013. Disponível em: //renatosdn.blogspot.com/2013/10/o-espirito-santo-nas-cartas-
paulinas.html.
FERREIRA, F. Karl Barth: uma introdução à sua carreira e aos principais temas de sua teologia. Fides
Reformata, São Paulo, v. 8, n. 1, p. 29-62, 2003. Disponível em:
//www.escolacharlesspurgeon.com.br/�les/pdf/Karl_Barth_Uma_Introducao_a_Sua_Carreira_e_aos_Principais_Temas_de_Sua_Teologia_-
_Franklin_Ferreira.pdf.
JACOB, O. L. G. Atitude: revista do jovem cristão. Rio de Janeiro, ano CXII, n. 445, 2017. Disponível em:
//www.convencaobatista.com.br/sig/modulos/site/comunicacao/uploads/documentoDownloadSite/29373350020032018150751.pdf
.
STOOT, J. A mensagem de Romanos. São Paulo: ABU, 1994. Disponível em:
//www.adevic.com.br/imagens/downloads/06022016123400.pdf.
VOUGA, F. Eu Paulo. São Paulo: Paulinas, 2014.
Próxima aula
O Espírito Santo no pentecostalismo;
A experiência do Espírito Santo nas igrejas da Reforma e no catolicismo romano;
A criação da renovação carismática católica.
Explore mais
Leituras:
CAMPOS, L. S. O pentecostalismo no Brasil. Revista USP,São Paulo, n. 67, p. 100-115, set./nov.
2005.
DAMASCENO, G. Pentecostalismo brasileiro. São Paulo: Re�exão, 2014.
Vídeos:
Pastor Franklin Ferreira;
Sobre a Renovação Carismática Católica (RCC).
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