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ARTIGO-01-012-AULA-08-PORTFOLIO-9

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A doutrinação ideológica nas escolas 
 
O artigo abaixo foi escrito pelo saudoso Prof. Nelson Lehmann da Silva, pioneiro na luta contra a doutrinação 
ideológica nas escolas, grande incentivador do EscolasemPartido.org. 
 
 
 
Educação x Doutrinação 
 
A Constituição Cidadã de 1988 dá direito de voto ao jovem de 16 anos. O que 
sabe ele de política? 
Como “Cara Pintada” sai ele pelas ruas em demonstrações típicas de oposição. 
Repete slogans colhidos na mídia, insultando alguma autoridade, quase 
sempre manipulado por militantes partidários profissionais. A escola e seus 
professores “fizeram sua cabeça”, incutindo-lhes certas doutrinas carregadas 
de imprecisas emoções. A escola pública brasileira, mas também as caras 
escolas particulares da elite, são usinas onde se formam mentes simplórias e 
confusas mas agudamente hostis ao Capitalismo e aos Estados Unidos da 
América. 
 
Sabidamente, todos os sistemas totalitários dedicam especial atenção à 
formação da juventude. E doutrinam , sob pretexto de ensinar. Impõem uma 
“verdade”coerente com o poder vigente ou a ser implantado. 
No Brasil, hoje, as noções transmitidas de política e cidadania estão 
flagrantemente contaminadas de conceitos marxistas, particularmente no 
ensino de nível médio. O que se ensina nas aulas de História, Sociologia, 
Geografia, e mesmo em Literatura ou Filosofia, não passa de doutrinação. 
Na maioria dos Estados, a rede pública de ensino está sob controle de 
docentes sindicalistas, militantes partidários.Os textos escolares, quase sem 
exceção, empregam o vocabulário marxista, mesmo o mais ortodoxo, como 
“consciência de classe”, “luta de classes”, “modos de produção”, “exploração 
internacional”, “imperialismo americano” e a rotineira demonização do 
Capitalismo. 
O aluno que chega à Universidade vem viciado nos esquemas mentais 
apreendidos de seus mal-formados mestres de Ciências Humanas. 
No nível superior vão deparar-se igualmente com professores assumida ou 
sutilmente tendenciosos à esquerda.Ali já teriam critérios próprios que os 
poderiam imunizar, na melhor das hipóteses. O mal porém já está feito, desde 
a adolescência, desde a formação de suas opiniões. 
Hoje, o “politicamente correto” proíbe a menor menção vexatória a religiões, 
culturas, raças, opções sexuais. Mas não se observa o menor escrúpulo em 
ridicularizar lideranças políticas e autores que não rezem segundo a cartilha 
esquerdizante. Os métodos de constrangimento vão do sorriso 
condescendente à perda de pontos por resposta ideologicamente discordante 
da do respectivo professor. No discurso se propaga a intenção de “formar o 
cidadão crítico”; na verdade a crítica já é dada pronta, pré-fabricada. 
http://www.escolasempartido.org/artigos-top/173-a-doutrinacao-ideologica-nas-escolas
Concursos e admissão de professores dependem de critérios 
inquestionavelmente políticos. Exemplos mais flagrantes disso foram 
observados no Estado do Rio Grande do Sul e no Distrito Federal, onde a 
máquina burocrática tem sido dominada há décadas por partidos de esquerda. 
Os textos escolares comprovam o implícito ou explícito marxismo. Diferentes 
dos tradicionais manuais de História, de autores conhecidamente eruditos, os 
atuais textos didáticos são produzidos em autoria coletiva, portando mínima ou 
nenhuma titulação. A indústria do livro escolar, seja dito de passagem, de 
consumo obrigatório e em grande escala, será um dos melhores negócios nas 
atuais circunstâncias. 
Parcialidades e Distorções 
 
A ideologia marxista é hoje tão difusa, tão generalizada e consensual em nosso 
meio educacional, que passa despercebida como sendo apenas uma 
determinada interpretação da realidade. Tornou-se “A” ciência. Os próprios 
vocábulos empregados já vêm impregnados de sentido ideológico, começando 
com a palavra CAPITALISMO, com sua conotação imediatamente negativa. 
Algumas das teses mais correntes e tidas como inquestionáveis poderão ser 
assim exemplificadas : 
- IGREJA: a imagem projetada da Igreja é predominantemente a de uma 
instituição implicada com o poder, retrógrada e manipuladora de consciências. 
- COLONIZAÇÃO: a colonização européia da América, África e Ásiaé retratada 
exclusivamente em termos negativos, como imposição cultural e exploração 
econômica. 
- ESTADOS UNIDOS: o extraordinário fenômeno do surgimento desta potência 
hegemônica fica sem maiores explicações, a não ser em termos 
predominantemente condenatórios. 
- CUBA: uma revolução enfocada com simpatia e louvor sem qualquer 
ressalva. 
- COMUNISMO: o fracasso da experiência comunista e o desmoronamento do 
Império Soviético vêm obrigatoriamente descrito, mas sem uma análise crítica 
de suas causas. 
- CAPITALISMO: sinônimo de perversão e obstáculo a uma civilização 
harmônica e pacífica. 
As teses acima podem ser facilmente encontradas na grande maioria dos 
textos escolares hoje adotados, tanto na rede pública quanto na rede privada. 
Assim também nos Vestibulares – provas de admissão ao nível universitário – 
que apresentam questões em que tais ensinamentos são pressupostos. 
Não se trata, de nossa parte, de negar aspectos negativos daquelas 
instituições e episódios. Mas sim apontar a parcialidade e tendenciosidade dos 
enfoques. Não se levantam os prós e contras de situações históricas, 
praticando-se meramente denúncias a bodes expiatórios já de antemão 
escolhidos. Não se apresentam problemas como problemas, o que seria a 
finalidade da verdadeira educação. 
A coloração marxista de nosso ensino hoje está infiltrada em todas as 
disciplinas. Em recente prova de matemática, de escola religiosa particular em 
Brasilia, a tarefa envolvia o cálculo de crianças mortas de inanição, por hora, 
no mundo. Nas entrelinhas uma condenação ao sistema capitalista.Mas as 
matérias diretamente propícias a doutrinação têm sido tradicionalmente as 
chamadas Humanas: História e eventualmente Sociologia. Mas a chamada 
Nova Geografia e a recentemente introduzida Filosofia, revelam-se 
surpreendentemente apropriadas aos propagadores do socialismo. 
Sob influencia do professor Milton Santos, o papa da nova geografia, esta 
ciência extravasou para o terreno de uma pretensa economia, onde se discute 
ainda em termos de “economias periféricas dependentes” eos lucros do capital 
às custas da destruição do meio-ambiente . O fenômeno da Globalização será 
tratado como óbvio ardil do capital multinacional. 
Já uma iniciação à Filosofia poderia ser saudada como valiosa para a formação 
do jovem estudante. A questão é definir qual Filosofia? Ou o que entendem por 
filosofia? E a ser monitorada por quem ? Trata-se de uma poderosa arma, para 
o bem ou para o mal, da mais alta responsabilidade. E assim sendo, 
melhornenhuma do que uma tendenciosa ideologia travestida de Filosofia. 
Que a visão marxista seja ensinada, sim, mas como visão marxista, e não 
como “A” Filosofia. Os manuais disponíveis nesta área são nitidamente 
calcados no vocabulário e no método marxista, destacando-se os da conhecida 
militante marxista Marilena Chauí. 
Uma leitura direta de Aristóteles, acessível mesmo a não iniciados, poderia ser 
a melhor solução, enquanto não se encontre um texto isento. 
Diretrizes Governamentais 
O Ministério da Educação – órgão federal que centraliza o sistema educacional 
brasileiro – tem voltado sua atenção para o problema do livro didático nestes 
últimos anos. 
Diante da profusão de manuais escolares que a cada ano é lançada no 
mercado, denotando uma indústria que não conhece crise, o MEC arrogou a si 
a tarefa de avaliar seus métodos e conteúdos. Nomeou para isso comissões de 
professores, sem que se saiba sob quais critérios. Tais comissões produzem – 
já em segunda edição – GUIAS DE LIVROS DIDÁTICOS, com o fim de orientar 
mestres e escolas nas diferentes disciplinas. Classificam assim os textos como 
recomendáveis, recomendáveis com ressalvas e não recomendáveis. 
Critérios foram previamente estabelecidos para guiar tais avaliações. Além dos 
critérios gerais, cada comissão defineos específicos para sua área. Todos 
enfatizam o objetivo de “formar cidadãos críticos e responsáveis”, e expressam 
condenação a preconceitos ou juízos de valor quanto a culturas, religiões, 
raças, costumes, etc. 
Curiosamente, entre tais preconceitos, não se menciona o político-ideológico. É 
vedada toda discriminação cultural, racial e de gênero, mas nunca se explicita 
a discriminação partidária. 
No GUIA DO LIVRO DIDÁTICO para a 6a. 7a. e 8a. série, de 2000 – 2001, à 
página 460, encontramos a absurdidade que abaixo reproduzimos: 
“ Nenhum livro poderá ser considerado bom ou ruim por sua declarada ou 
implícita opção, por exemplo, pelo idealismo, pelo marxismo, pelo 
tradicionalismo social, ou por qualquer outra perspectiva ou forma de encarar a 
vida ou a sociedade. O que caracteriza, de fato, um bom livro de História é sua 
coerência e adequação metodológica.” 
Teríamos assim aprovados bons livros nazistas, maoístas, anarquistas, etc., 
desde que coerentes consigo mesmos. Critério talvez aceitável para um nível 
superior, nunca para adolescentes de nível médio. Na verdade, o que aqui se 
insinua, não passa de total permissão à ideologia marxista. 
A publicação do MEC elogia, por exemplo, o manual “Brasil, uma História em 
Construção”, de José R. Macedo e Mariley Oliveira, com a seguinte 
observação: 
 
“É excelente, p. ex.,o texto que se encontra à página 9, onde se afirma 
que “não existe apenas uma verdade única na História...toda verdade no fundo 
é relativa,...Nem sempre o que é verdade para nós será o mesmo para pessoa 
diferente de nós.” 
Temos aqui exemplificado um explicito relativismo, ou negação da ciência e da 
ética, num manual de história para adolescentes 1. 
 
Educar para a Cidadania 
 
Educar para a cidadania é também função da escola. Todas as nações de 
alguma maneira o fazem. Nos Estados Unidos esta instrução se dá em nível 
predominantemente técnico; o funcionamento da máquina burocrática, 
governo, partidos, eleições, constituição, administrações regionais, etc. A 
disciplina da História transmitirá sentimentos patrióticos, sem etnocentrismos 
ou xenofobias. 
Na atual Alemanha estruturou-se um sistema digno de estudo, para eventual 
aproveitamento nosso. O Poder Legislativo, coordenando todos os Partidos, 
mantém e financia escritórios em todas as principais cidades, para informação 
e formação política de todos os cidadãos, particularmente dos estudantes. É a 
Central para Formação Política, (Bundeszentrale fuer Politischen Bildung). Esta 
instituição pluripartidária publica livros, filmes e CDs, mapas e estatísticas, e 
mais um boletim mensal. Além disso, oferece cursos e palestras a classes de 
alunos ou outra categoria, sempre gratuitamente. Questões de fundo são 
discutidas por diferentes autores. Uma admirável instituição democrática. No 
Brasil estamos longe disso. 
 
A tônica do que se ensina hoje em nossas escolas consiste em explícitas ou 
veladas críticas e denúncias. É o fácil maniqueísmo, em que se procura um 
culpado para nossas deficiências. Quando se repete exaustivamente a fórmula 
vencedores/vencidos, exploradores/explorados, dominadores/dominados,se 
está reproduzindo o difuso mito do conflito entre os bons e os maus. Fórmula 
fácil e confortável, pois nos exime de responsabilidades. Acoplado a isso temos 
a implícita superstição de que uma instância superior, chamada Estado, ou 
Governo, suprirá nossas necessidades, nos protegerá e fará justiça. E será o 
culpado por tudo que não for conforme nossas ilusões. Cacoetes culturais. 
O que uma honesta formação para a cidadania deveria propor, deveria ser 
muito mais positivo. Valorizar a responsabilidade individual, estimular o espírito 
empreendedor, a inventividade, a inovação, o assumir riscos, ter objetivos 
autônomos, providenciar o próprio futuro. Saber confiar em si mesmo para 
assim construir uma sociedade de confiança. 
O jovem brasileiro recebe uma carga cultural que menospreza a livre iniciativa. 
Persiste o ideal de ser um funcionário do grande pai Estado, providencial e 
magnânimo. Aqui reside o obstáculo que nos impede de finalmente decolar e 
nos tornarmos uma nação digna de suas potencialidades. 
Ao atacar a problemática pontual do ensino de nível médio sei que a 
dificuldade é mais abrangente,implicada em todo um ambiente cultural. Há uma 
histórica influência da Igreja Católica, hostil ao individualismo empreendedor. 
Já os professores são formados em Universidades onde a opinião reinante 
sempre privilegiou o socialismo. Em grande parte desconhecem teorias 
alternativas, que de antemão são descartadas. Mas tal ignorância não 
justifica a intencional militância partidário-política, que faz da escola um favorito 
campo de doutrinação, aproveitando-se do status de autoridade do mestre 
diante do jovem sem opinião formada. 
 
O que deveria ser feito 
Ao apontar os vícios de nossa educação para a política, nós, democratas 
liberais deveríamos também reconhecer nossa omissão. Até o momento não 
temos algo alternativo a oferecer, pelo menos no que concerne a textos 
escolares. Valeria a pena constituir uma comissão de expertos para elaborar 
um manual básico que esclarecesse conceitos e valores universais de política, 
de uma maneira pluralista, sem incorrer também em dogmas doutrinários. 
Nesse sentido, utilizando abordagens e conceitos chaves elaborados pela 
moderna Teoria Política, e sempre partindo de situações experimentais 
concretas, teríamos tentativamente o seguinte modelo: 
Conceitos chaves: Grupos, Organizações, Jogos e Ideais. 
 
Conceitos destes derivados: Interesses, Lideranças e Normas, Cooperação e 
Conflito, Mercado e Democracia. 
 
Exemplos ilustrativos seriam tirados da família, do futebol, da banda, do clube, 
da paróquia, até chegar à ONU, passando pela comunidade local e nacional. 
 
Estaria assim superado o sistemático enfoque maniqueísta e puramente 
denunciatório ora vigente. 
 
Uma síntese das noções a serem propostas seria assim formulável:“Para 
melhor satisfação de suas necessidades e obtenção de uma existência 
melhor, os homens se reúnem em grupos com comuns interesses, 
estruturando-se em maior ou menor grau de organização. 
Tais grupos se relacionam de maneira cooperativa, ou conflitiva, objetivando 
atingir seus fins e modo mais ou menos racional. Objetivos ou ideais 
constantes na história humana têm sido alcançar maior bem-estar, em 
condições de maior liberdade para todos, estabelecendo-se assim uma ordem 
harmônica, que permita a prosperidade, ou felicidade coletiva. 
A essa atividade humana da se o nome de Política.” 2 
 
Notas 
[1] A maneira mais objetiva de se avaliar o conteúdo do ensino é analisar os 
textos escolares em seus manuais mais frequentemente adotados. Entre as 
centenas disponíveis, comentaremos brevemente alguns dos mais 
representativos. Os pressupostos mais encontradiços são sempre a “Luta de 
Classes”, a “Exploração Internacional”, a condenação do “Neoliberalismo” e da 
“Globalização”. 
HISTÓRIA (3 vols.), Editora Lê. Dos bacharéis Ricardo / Ademar e Flavio (sic.) 
O vocabulário trai o típico pensamento marxista. “Burguesia” e “Proletariado” 
encarnam o Bem e o Mal. A ruína do sistema soviético é atribuída a falhas 
administrativas. Brasil como eterna vítima da ganância financeira internacional. 
NOVA HISTÓRIA CRÍTICA,Ed. Nova Geração. Autor : Mario Schmidt. Adotado 
em inúmeras escolas públicas. Marxismo ortodoxo e militante de ponta a ponta. 
Na capa vem representada uma ampulheta, onde do dinheiro escorre sangue. 
O TESOURO NA RUA, Ed. Rosa dos Ventos. Cristóvão Buarque. Leitura 
complementar adotada em escolas de Brasília. Um protesto maniqueísta em 
forma de conto juvenil. Somos vítimas dos capitalistas Yankes. Reclama por 
“mudanças” sem concretizar quais sejam. 
CAPITALISMO PARA PRINCIPIANTES. Editora Atica. Carlos Eduardo 
Novaes,Leitura complementar adotadaem curso de História de escolas 
particulares. Truculenta caricatura do Mercado Livre. Empresário como 
sinônimo de bandido. 
O QUE ÉFOLCLORE. Coleção Primeiros Passos, Ed.Brasiliense. Carlos 
Rodrigues Brandão. Adotado pela Escola de Música de 
Brasília. Explicitas referências ao autor marxista Antonio Gramsci, do qual 
segue o pensamento. 
INICIAÇÃO À SOCIOLOGIA , Editora Atual Nelson Dacio Tomazi ( org.) 
Catecismo marxista ortodoxo. 
FILOSOFANDO, Editora Moderna. Ma. Lucia de Arruda e Ma.Helena 
Pires Martins. Pela bibliografia recomendada já se percebe a tônica marxista. 
As teses gramscianas são explicitas. 
Acrescente-se aqui a recente série SOCIEDADE E HISTÓRIA DO BRASIL, em 
12 volumes, publicada pelo Instituto Teotônio Vilela do Partido Social 
Democrático – do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso –, interpretando a 
história nacional em termos claramente socialistas. 
2 Encontra-se disponível uma publicação de minha autoria, “Iniciação 
àPolítica”, a ser melhor elaborada, onde tais conceitos são esquematizados. 
 
	A doutrinação ideológica nas escolas

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