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Página 1 de 7 Priscila Hipólito | 2022 DEFINIÇÃO Um dos principais tópicos para discutir na asma é o diagnóstico e esse é o tipo de doença que tem diagnóstico clínico, ou seja, é feito a partir da conversa entre o médico e o paciente, na qual o paciente contará uma história compatível ou não com a asma. Então, diferentemente da hipertensão, por exemplo, que necessita aferir a pressão arterial do paciente e avaliar se ela está acima de um certo valor e da diabetes, que é necessário avaliar o valor do nível de "açúcar", a asma é uma doença de diagnóstico clínico, que basta o médico estar convencido de que a história do paciente é de um processo alérgico com sintomas respiratórios compatíveis com asma brônquica. • A inflamação crônica está associada à hiper- responsividade das vias aéreas A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas, que não tem cura, cuja inflamação é geneticamente determinada, ou seja, o corpo do paciente asmático produz inflamação no pulmão e essa inflamação existe porque o código genético daquela pessoa programa essa inflamação. • Existem episódios recorrentes de sibilos, dispneia, opressão torácica e tosse, particularmente à noite ou no início da manhã. Por exemplo, um paciente não asmático ficaria normalmente em um ambiente com ar-condicionado ou exposto a poeira, gatos ou fumaça, já um paciente asmático pode manifestar sibilo, chiado no peito, dispneia, aperto no peito, falta de ar, tosse, geralmente à noite ou no início da manhã. • Esses episódios são uma consequência da obstrução ao fluxo aéreo intrapulmonar generalizado e variável, reversível espontaneamente ou com tratamento. É importante lembrar que é uma obstrução variável, que desaparece ou reverte, espontaneamente ou durante o tratamento. Então, se uma pessoa tem episódios de falta de ar/tosse em certos períodos específicos (Exemplo: o paciente fica 5 anos sem ter nenhum sintoma, e os sintomas voltam espontaneamente) ou que desaparecem quando ela está em tratamento, pode-se diagnosticar como asma. Assim, não são necessários nenhum dos exames, como teste alérgico, espirometria e resposta ao broncodilatador, pois, pelo Consenso Brasileiro de Asma, o diagnóstico é clínico, o paciente será diagnosticado se tiver uma história compatível. EPIDEMIOLOGIA A asma é uma doença frequente, bem prevalente, em alguns países, acomete até 20% da população e, no Nordeste e no Sul, é a 3a causa de internamento hospitalar, então é uma doença que algumas vezes mata, não é comum, mas existe morte por asma, e causa muito atendimento em emergências (broncoespasmo, asma e nebulização são bem comuns). • Estudo ISAAC (International Study of Asthma and Allergies in Childhood) I. PREVALÊNCIA POR FAIXA ETÁRIA 6-7 anos: 4,7 a 20,7% 13-14 nos: 4,8 - 21,9% II. SERVIÇOS DE URGÊNCIA Pediátrica: 16% dos atendimentos Adulto: 12% dos atendimentos III. HOSPITALIZAÇÕES (BRASIL - 1996) 4a causa de internamento hospitalar (Nordeste e Sul 3a causa): 350.000 (2,3% dos casos) CUSTOS (SUS) • 1993-1996 60 milhões de reais (R$200,00/doente) • 1996: 76 milhões de reais (2,8% do gasto anual total) Um trabalho feito em Salvador-BA pelo grupo PROAR (Programa de Controle da Asma) demonstrou que houve uma queda (linha vermelha) no número de internamentos hospitalares por asma que iniciou a partir dos anos 2000 no Brasil e em Salvador, pois em 2000 o SUS começou a oferecer gratuitamente o tratamento para asma, assim, com um receituário comum o médico pode prescrever a bombinha com corticoide inalado e broncodilatador e o paciente pode pegar essa medicação em qualquer farmácia do Brasil sem custo. VISÃO MODERNA DA ASMA A asma, portanto, é um elo entre 2 processos, entre eles os fatores de risco e a hereditariedade (a pessoa nasce com essa condição), assim, ao questionar um asmático geralmente há familiares com asma ou com doenças alérgicas (rinite alérgica), pois o gene passa entre as gerações, por isso é importante questionar o histórico familiar na anamnese, este é um dado que será utilizado para o diagnóstico clínico. RECRUTAMENTO DE EOSINÓFILOS NA ASMA PNEUMOLOGIA asma Página 2 de 7 Priscila Hipólito | 2022 Essa inflamação é programada por vários genes da pessoa, e o gene que faz com que as células ajam em excesso, assim tem pacientes que são “pavio-curto” para asma, ou seja, qualquer poeira ou fumaça, ela inflama muito além do normal - normalmente, o corpo se defende da poeira ou ar frio, mas ter crises a ponto de atrapalhar a respiração é uma doença, que dá sintomas porque a passagem no brônquio está estreitada. Na visão anatômica, dentro do brônquio, observa-se que em cima há a luz do brônquio (buraco), as linhas da parede da membrana basal, as células epiteliais que possuem cílios do epitélio respiratório, e à esquerda há uma glândula mucosa que produz muco, e embaixo há o músculo liso e as linhas de inervação nervosa. Então observa-se que existem muitas células que são afetadas pelo alérgeno, que pode ser poeira, pelo do gato ou colchão empoeirado,que podem vir a causar broncoespasmo, ou seja, o alérgeno é alguma substância estranha que é inalada. Posteriormente, os macrófagos e mastócitos tentam fagocitá-la e destruir mas não conseguem, e então tentam chamar ajuda dos linfócitos e principalmente dos eosinófilos - os linfócitos agem como general, eles recrutam outras células e organizam a defesa através do mecanismo de resposta imunológica de reparação e dano - esse tipo de resposta imunológica é chamada de Th2 resposta alérgena, este modelo tem o linfócito Th2 que recruta as células que compõem uma inflamação alérgica e a asma é uma doença/inflamação alérgica. Existem outras doenças que estão associadas a asma, como rinite (quem tem rinite alérgica, comumente tem asma), esofagite eosinofílica, alergia a algum medicamento ou alimento, porque o sistema imunológica age em conjunto, então quando ele não está funcionando direito pode causar diferentes processos alérgicos. Por exemplo, existem pessoas que quando comem camarão podem ter edema de glote e morrer (extremo da alergia), então que tem essa inflamação alérgica pode ativar o músculo liso causando broncoespasmo, que dá sibilo, tosse e falta de ar que melhoram com remédio, ou que tem essa inflamação pode ter excesso de secreção de muco pela glândula mucosa na via aérea o que atrapalha a entrada e saída do ar, ou ainda há aumento da inflamação e do edema de vias aéreas, ou seja, começa a vazar líquido o que piora o espaço da saída do ar. Partindo da fisiopatologia, sabe-se que o corticóide inalado controla muito eosinófilos, assim, quando o paciente começa a usar corticoide, ele inibe essa inflamação (tratamento da asma), então o médico tem que saber porque ele está prescrevendo aquele remédio. Portanto, os linfócitos Th2 irão atrair os eosinófilos, principalmente com algumas interleucinas, que são substâncias que o linfócito produz e joga no sangue para que os eosinófilos sejam atraídos, como IL-5, IL-4, imunoglobulina E que produz IgE e outras, que aumentam a proliferação de eosinófilos, aumentam a ação de eosinófilos, ativam outras células e pioram o processo fisiopatológico (inflamação, broncoespasmo e muco). Atualmente, no tratamento para asma, existem medicamentos biológicos, que são anticorpos monoclonais contra IL-4, IL-5, receptor da IL-4 e receptor da IL-5, que são disponíveis gratuitamente no SUS, assim, no extremo da doença grave pode ser necessário usar o bloqueador de interleucinas e anticorpos monoclonais por não conseguir controlar o broncoespasmo com remédios comuns. ALTERAÇÕES HISTOLÓGICAS Em resumo, a fisiopatologia é composta por: 1. Hipertrofia e hiperatividade das glândulas submucosas (frequentemente infiltradas por eosinófilos) 2. Vasodilatação 3. Hipertrofia da musculatura lisa 4. Espessamento da membrana basal por deposição de colágeno e neoformaçãovascular 5. Edema de mucosa e submucosa 6. Infiltrado de eosinófilos (principal), macrófagos, linfócitos, plasmócitos e neutrófilos A imagem acima demonstra a diferença entre um brônquio normal e um brônquio com broncoespasmo, inflamação e um pouco de muco amarelado. FISIOPATOLOGIA Existe o padrão típico da inflamação, mas também existem várias nuances do dia a dia, então existe asma com IgE alta, asma sem IgE alta, a maioria tem muitos eosinófilos, algumas não tem eosinófilos mas tem neutrófilos - no entanto, o típico da doença é a presença de IgE e eosinófilos. 1. Broncoconstrição aguda • IgE dependente (alérgenos) • IgE independente (AINH, exercício, inalação de ar frio/seco, irritantes 2. Edema de vias aéreas • Aumento da permeabilidade microvascular (mediadores inflamatórios) 3. Formação crônica de rolhas de muco 4. Remodelamento de vias aéreas DIAGNÓSTICO O diagnóstico é clínico e os sintomas devem ser pesquisados na anamnese. I. SINTOMAS • Tosse • Sibilância • Dispneia • Aperto no peito ou desconforto torácico Obs.: os sintomas pioram à noite ou nas 1as horas da manhã porque ocorre baixa de cortisol, que é o corticoide endógeno, e se a glândula suprarenal produz o corticoide e a produção cai durante a noite, ele dá espaço para inflamação, então quando o paciente refere que acorda com o peito pesado sem conseguir respirar é um padrão típico de asma. II. OS SINTOMAS SÃO: • Episódicos • Respondem com terapia específica • Diagnósticos alternativos excluídos FENÓTIPOS DA ASMA BRÔNQUICA O GINA 2022 é um documento que abrange vários conhecimentos sobre asma. Página 3 de 7 Priscila Hipólito | 2022 Como dito anteriormente, não existe apenas a asma alérgica, existem outras apresentações menos comuns que também são asma e são faladas no documento para que o médico entenda que existem outras apresentações que podem ser reconhecidas e diagnosticadas como asma. • Allergic asthma (asma alérgica) • Non-allergic asthma (asma não alérgica): não está relacionada a poeira e nenhum desses alérgenos. • Adult-onset (late-onset) asthma: higher doses of ICS: asma que começa na vida adulta, é o fenótipo de asma de início tardio, ou seja, não pode-se deixar de dar o diagnóstico de asma apenas por ter começado no paciente adulto. • Asthma with persistent airflow limitation • Asthma with abesity: some obese patients with asthma have prominent respiratory symptoms and little eosinophilic ariway inflammation (asma com obesidade): existem pacientes obesos que referem cansaço aos esforços e, apesar de surgir a suspeita de ICC, há ausência de sintomas sugestivos de insuficiência cardíaca como hepatomegalia e edema de membros inferiores, nesse caso pode ser asma, pois a asma com a obesidade pode manifestar sintomas respiratórios como dispneia, falta de ar, cansaço aos esforços e broncoespasmo. Assim, existem algumas apresentações que não são as típicas, não são as alérgicas e também são asma. DIAGNÓSTICO CLÍNICO Sintomas que sugerem asma Mais de um dos sintomas: sibilância, dispneia, desconforto torácico e tosse Principalmente se: Pioram à noite e no início da manhã Em resposta à exercicíos, exposição a alérgenos, poluição ambiental e ar frio Desencadeados por AAS ou betabloqueadores Melhoram com broncodilatadores e corticoides sistêmicos História de atopia História familiar de asma ou atopia Sibilância difusa, audível na ausculta torácica Eosinofilia não explicada Sintomas episódicos É importante identificar o que não é asma, como tabagismo (DPOC), cardiopatia, desnutrição que também dão cansaço mas não sugerem asma, e podem entrar como diagnóstico diferencial. Sintomas que NÃO sugerem asma Tosse crônica na ausência de sibilância e dispneia Desnutrição Exame físico normal quando sintomático Disfonia História de tabagismo moderado a intenso (>20 anos- maço) Diagnóstico diferencial com cardiopatia, DPOC, bronquiolite e DRGE Espirometria ou PFE normais quando sintomático e ausência de resposta a BD PERGUNTAS A SEREM REALIZADAS No ambulatório, é importante lembrar de fazer as seguintes perguntas aos pacientes: • Você tem ataques ou episódios recorrentes de sibilância? • Você tem tosse persiste, particularmente à noite ou ao acordar? • Você acorda por tosse ou falta de ar? • Você tem tosse, aperto no peito ou sibilância após atividades físicas? (Exemplo: corre na esteira e escuta um piado no peito) • Você tem tosse, aperto no peito ou chiado após contato com mofo, poeira, animais ou irritantes (Exemplo: cigarro normal ou eletrônico)? • Você usa algum remédio quando os sintomas ocorrem? (Exemplo: injeção intramuscular de corticoide, bombinha) Pergunta: A tosse é seca ou com catarro? Resposta: Geralmente a tosse é seca, se tiver muita produção de catarro aponta para outras doenças como DPOC e teleangiectasias. Existe a possibilidade da glândula mucosa aumentar a produção de muco e gerar catarro por alergia, mas nesse caso surge a dúvida se existe infecção associada, mas se a expectoração for mais clara e ausência de febre é improvável que seja uma infecção bacteriana, já se o paciente começou com sibilo, 3 dias depois teve febre com catarro branquinho e purulento, é provável que seja uma infecção. DIAGNÓSTICO FUNCIONAL Se o médico estiver em dúvida se é ou não asma, deve-se utilizar exames complementares. I. ESPIROMETRIA: Exame no qual o indivíduo respira, sopra em um tubo, o ar vai para um computador, que mede a velocidade e o quanto de ar saiu, depois, o paciente usa o remédio broncodilatador e sopra novamente para avaliar se melhorou a expiração após o uso do medicamento, o que seria uma resposta positiva ao broncodilatador. Assim, se o paciente melhora muito a sua função pulmonar com uma estimulação adrenérgica, isso não é normal, pois a resposta adrenérgica é fisiológica, por exemplo ao levar um susto em uma situação de perigo ocorre dilatação da pupila, aumenta a frequência cardíaca e a resposta adrenérgica broncodilata, então a broncodilatação é uma resposta adrenérgica normal/fisiológica, mas quando ocorre aumento de mais de 20% do curso não é normal. Por exemplo, ao tomar um susto, a frequência cardíaca pode subir para 110 bpm, mas se esse susto causar uma taquicardia ventricular de 200 batimentos por minuto isso indica que o paciente tem um problema no coração. Assim, se o paciente usa uma estimulação adrenérgica (broncodilatador) que é um Página 4 de 7 Priscila Hipólito | 2022 beta agonista é normal ter um pouco de broncodilatação até um limite fisiológico (200 mL de VEF1 ou variação de 12% - termo técnico para dar o laudo da espirometria), se passou desse limite é uma doença. Muitas pessoas associam resposta positiva ao broncodilatador na espirometria a doença asma, mas a asma tem diagnóstico clínico, então esse resultado não é condicional e essa resposta ao broncodilatador ocorre em outras doenças além da asma, como DPOC, bronquiectasia e bronquiolite, então não pode-se pegar um exame com resposta positiva e diagnosticar asma. Além disso, 20% da população normal sem doenças pode ter uma resposta positiva, assim, mesmo sem uma explicação, elas apresentam esse comportamento. Quanto ao COVID, tem-se que é uma doença nova e pouco conhecida mas sabe-se que qualquer infecção viral pode induzir a uma resposta broncodilatadora e a Covid é um vírus então muitas pessoas que foram infectadas apresentam essa resposta pós-viral, ou seja, não é asma. Para a asma, o resultado depende se a doença está em atividade ou não, pois a asma tem um “botão” que liga ou desliga a inflamação por motivos ainda não explicados nos livros médicos, assim, a asma tem períodos que a pessoa passa sem ter nada, mas depois passa a ter crises. Então quando o indivíduo tem resposta ao broncodilatador isso significa que ele está com uma condição anormal ativa (asma, DPOC, bronquiectasia, bronquiolite, pós-COVID,etc.) e só confirma diagnóstico para asma a partir pela anamnese (diagnóstico clínico), até porque o indivíduo pode passar muito tempo com a função normal mesmo tendo asma - esse período de normalidade não indica cura porque a asma é uma doença genética então não existe forma de curar asma, ela costuma desaparecer entre 20-60 anos e volta após os 60 anos. II. TESTE DE BRONCOPROVOCAÇÃO: Queda de 20% no VEF1 após inalação de agentes. É possível provocar o broncoespasmo, bem como pode-se colocar o paciente em um esteira para mensurar a frequência cardíaca e pressão arterial ou provocar uma angina (teste ergométrico), pode-se em um teste de exercício tentar provocar a condição de broncoespasmo, que é sinal de asma, ou pode-se inalar uma substância (estaminas) que provocam e pessoas com asma um broncoespasmo. III. PICO DE FLUXO SERIADO: variabilidade <20% adultos e 30% crianças. IV. TESTE DE EXERCÍCIO: < 10% suspeita, < 15% diagnóstico de asma V. TESTES DE HIPERSENSIBILIDADE IMEDIATA: Há indivíduos com teste alérgico positivo para determinado alimento, mas que comem e não sentem nada, além disso, 20% da população normal sem doenças terá teste alérgico positivo para algum componente porque isso é uma característica do indivíduo, por isso que a clínica é o mais importante e o exame é complementar ao raciocínio clínico. O teste alérgico só deve ser solicitado quando o médico não está convencido da doença, mas o paciente refere sintomas alérgicos associados a determinada substância (Exemplo: camarão), assim, o teste alérgico compõe o diagnóstico. • Eritema ou pápula após 10 a 15 min de aplicação do alérgeno • + (> 3 mm) • Correspondência com a CLÍNICA! Pergunta: É normal com o tempo as alergias desaparecerem? Resposta: Sim, é normal que elas desapareçam. VI. OUTROS EXAMES SÃO COMUMENTE USADOS PARA COMPLEMENTAR O DIAGNÓSTICO: (1) Hemograma, (2) Dosagem de IgE sérica (alérgenos específicos); RAST - radioaergeosorbent - + caro, (3) Lavado nasal. Na asma os exames apenas complementa o diagnóstico DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Doença obstrutiva pulmonar: (1) Obstrução de vias aéreas centrais, (2) DPOC, (3) Bronquiolites, (4) Fibrose cística, (5) Bronquiectasias • Rinite, sinusite, refluxo gastroesofágico • ICC: Pode ter “piado” no peito, sibilo • Embolia pulmonar • Discinesia de laringe • Síndrome da hiperventilação, inibidor de ECA etc I. TESTE DE CONTROLE DA ASMA É sempre importante que saibamos se a asma está controlada (pois caso esteja, não se mexe na terapia), parcialmente controlada, ou se ela não está controlada. É importante saber a classificação da asma A doença quando leve se manifesta com pequenos sintomas, como por exemplo, tosse. Paciente em demais achados no teste terapêutico pode-se fazer teste terapêutico com 3 meses de corticoide inalável, caso os sintomas desapareçam o diagnóstico de asma se conclui. Estudo das síndromes: Síndrome hipertensiva: Pressão alta, taquicardia, taquipneia. Bronquite aguda: Tosse aguda até 14 dias, infecção viral, alergia. O quadro clínico da asma exige ter tosse aguda há mais de 15 dias. Síndrome da bronquite crônica: DPOC, asma, telangectasias. Toda consulta com asma, seja na pediatria ou na clínica adulta deve-se aplicar o teste de controle da asma. São 5 perguntas simples que dão uma escala de 1 a 5 pontos. Sendo o seu máximo 25 pontos. O escore do questionário é calculado a partir da soma de valores de cada questão. Página 5 de 7 Priscila Hipólito | 2022 TESTE DE CONTROLE DE ASMA (ACT): As pontuações variam de 5 a 25 (mais alto é melhor). Escores de 20-25 são classificados como asma bem controlada; 16-19 como não bem controlado; e 5-15 como asma muito mal controlada. O ACT inclui quatro perguntas de sintomas/alívios, além de um nível de controle autoavaliado pelo paciente. A diferença mínima clinicamente importante é de 3 pontos. a pontuação e classificação abaixo são importantes para a prova • Questões valem de 1 - 5 pontos • Respostas que indicam maior controle de asma devem receber maior pontuação • Escore varia entre 5 e 25 pontos • Quanto maior o escore, mais a asma é controlada • Asma controlada: 20 - 25 pontos • Asma parcialmente controlada: 16 - 19 pontos • Asma mal controlada: 5 - 15 pontos • Diferença importante: 3 pontos • Escore varia entre 5 -25 • Quanto maior o escore maior controlada é a asma TRATAMENTO DA ASMA A asma tem uma “escala” de tratamento, e para defini-la depende da aplicação do questionário “TESTE DE CONTROLE DE ASMA”. LEMBRE-SE: quem tem asma não pode fumar, ter animal doméstico (os animais liberam partículas do seu tecido epitelial que podem ser prejudiciais ao quadro de asma), tapete (a prioridade é um piso que se possa passar um pano úmido, não se varre casa de asmático pois varrer joga poeira para ar), não pode sacudir toalha de cama, usar detergente. OBJETIVOS DO TRATAMENTO: • Controlar os sintomas • Prevenir limitação crônica ao fluxo aéreo • Permitir atividades normais (trabalho, escola, lazer) • Manter menor função pulmonar possível • Evitar crises, idas a serviços de emergência e hospitalizações • Reduzir a necessidade do uso de broncodilatador para alívio • Minimizar efeitos adversos dos medicamentos • Melhorar a qualidade de vida • Reduzir os riscos de morte TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO: • Abordagem educativa • Conhecimento da doença • Tabagismo e asma • Tipos de medicamentos • Como utilizar seu dispositivo inalatório • Como reconhecer os sintomas e a sua gravidade • Importância da equipe multiprofissional da asma TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA ASMA: • FASE ESTÁVEL: Corticoides inalatórios, Broncodilatadores inalatórios, Antagonistas de leucotrienos, Teofilinas • FASE DE EXACERBAÇÃO (CRISE): Corticoides orais ou venosos, Broncodilatadores inalatórios (venoso ou subcutâneo na exceção), Teofilinas venosas na exacerbação • Inaladores utilizados no tratamento farmacológico da asma • O comprimido têm mg e os inaladores tem mcg, ou seja, o inalador tem doses 1000X menores do que o comprimido. GINA 2022 CLASSIFICAÇÃO DA ASMA Menos que 5% de asma é asma grave O sus trabalha distribuindo corticoide inalado e broncodilatador, porque a maior parte dos quadros de asma (40 % -40% é asma leve, média e moderada). Há hospitais especializados para tratamento de asma grave, já que essa atologia não atinge grande parte da população. Há um determinado momento do quadro de asma no qual a inflamação desaparece e o paciente pode passar anos sem trata-la, pois os sintomas desaparecem. Por isso o paciente deve ser reavaliado a cada consulta. CICLO DO MANEJO DA ASMA Página 6 de 7 Priscila Hipólito | 2022 PASSOS NO MANEJO DA ASMA A parte de cima é a via preferencial de tratamento e a debaixo é a via alternativa para tratamento. Apesar da segunda receber o nome de via alternativa, sabe-se que ambas são igualmente eficazes. I. VIA PREFERENCIAL: • Passo 1 e 2: Dado o diagnóstico de asma começasse a tratar com corticoide inalado, e formoterol (beta 2 agonista de longa duração) quando tiver sintomas de tosse, falta de ar, chiado, aperto no peito. • Deve-se reavaliar o paciente em 3 meses. Caso melhora prescreve-se novamente corticoide e formoterol para uso apenas se sintomático. • (2) Passo 3: Uso continuo de corticoide e formoterol em dose fixa todo dia. • (3) Passo 4: Dose média de corticoide • (4) Passo 5: Dose alta de corticoide II. VIA ALTERNATIVA: • Passo 1: Dado o diagnóstico o medicamento de alívio é beta 2 de ação curta (dado de graça no SUS). Portanto, usa-se 1 jato de corticoide (clenil) e 1 jato de beta 2 de ação curta (aerolin) se sintomas. • (2) Passo 2: Usa-se corticoide baixa dose de forma fixa e beta 2 de curta duração para alívio. • A partir da parte 3 tanto na via preferencial quanto na alternativasão iguais, muda apenas a medicação de alívio. Pergunta: A nebulização é a mesma coisa que o spray Resposta: Não, para a nebulização coloca-se soro fisiológico e gotas de algum medicamento, tendo um uso antiquado, pois o seu uso é demorado, gasta energia, precisa de lavagem adequada, é “caro” e perde-se muito ar para o meio, necessitando de um uso maior da medicação. Enquanto isso, o uso do spray é instantâneo, como se o paciente ingerisse o comprimido. NEBULIZADORES UTILIZADOS NO TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA ASMA IMPACTOS DA ASMA GRAVE QUEM É O PACIENTE ASMÁTICO GRAVE, DE ACORDO COM O GINA 2021, PCDT DO SUS E ASN? • Paciente que requer dose alta de ICS/LABA (corticoide) para manter o controle ou se mantém sintomático apesar do uso de ICS/LABA em alta dose E precisou de corticoide oral para resgate de exacerbação no último ano. • Paciente refratário ao tratamento padrão com ICS/LABA. • Abordagem terapêutica alvo-específica SEGUNDO O GINA 2021, O QUE É DOSE ALTA? • Para adultos e adolescentes (maiores ou igual a 12 anos de idade) I. CORTICOIDE INALATÓRIO: • Budesonia (Inalador de pó seco ou aerosol dosimetrado) • Furoato de fluticasona (inalador de pó seco) • Propionato de fluticasona (inalador de pó seco) • Lembrar que qual quer fármaco existe o balanço entre aumentar a dose e consequentemente aumenta o efeito do fármaco.Em certos medicamentos um aumento significativo da dose não aumenta de forma eficaz o efeito, mas aumenta o efeito colateral. PACIENTE GRAVE • Este paciente é mais comum do que pensavamos, a cada 100 pacientes que você atende, pelo menos 4 sofrem com asma grave e podem estar subtratados com ICS/LABA. • A maioria dos pacientes que exacerbam possuem asma grave: 93% dos pacientes apresentam 2 ou mais exacerbações por ano. Página 7 de 7 Priscila Hipólito | 2022 • Foi visto que um estudo com 128 pacientes com asma grave não controlada em SP que subtratamento da asma grave no Brasil gera: > 90% de hospitalização por exacerbação, 63% maior ou igual a 5 hospitalizações, 50% internados em UTI e 38% necessitam de intubação. NOS CASOS DE ASMA GRAVE É IMPORTANTE SABER QUAL O DE INFLAMAÇÃO EST SENDO DESENCADEADA: • A maioria dos pacientes com asma grave tem inflamação tipo 2 desencadeada por eosinófilos. Para isso, costuma-se pedir o hemograma e contar o número de eosinófilos. Geralmente acima de 300 eosinofilos no hemograma temos a asma por um fenótipo eosinofílico da asma grave. Nem toda asma tem elevação de IgE, algumas pode ser exacerbação das interleucinas e outras partículas. • Os eosinófilos e a IL-5 têm papel central na asma grave, com ou sem envolvimento de IgE. A IL-5 é a principal citosina responsável pelo recrutamento, maturação, ativação e sobrevivência dos eosinófilos, enquanto que a EOS está associado à gravidade da doença, falta de controle clínico e à obstrução permanente da via aérea. • Segundo estudo realizado nos Estados Unidos ate 69% dos pacientes asmáticos graves são eosinofílicos (EOS > 150). A contagem de eosinófilos elevada está associada a taxas mais altas de exacerbação. Gina 2021 estabelece a contagem de eosinófilos como o biomarcador mais preditivo de resposta ao tratamento. • Em pacientes com asma grave o tratamento pode ser dado com biológicos, sendo os disponíveis no Brasil: (1) Anti IgE - Omalizumabe (sus); Anti IL5 - Mepolizumabe; Anti IL5R - Benzalizumabe (sus); Anti IL4R - Dupilumabe; Anti TSLP - Tezepelumabe. Linfopoietina tímica estrômica (TSLP). Transcrição da aula DEFINIÇÃO EPIDEMIOLOGIA CUSTOS (SUS) VISÃO MODERNA DA ASMA RECRUTAMENTO DE EOSINÓFILOS NA ASMA ALTERAÇÕES HISTOLÓGICAS FISIOPATOLOGIA DIAGNÓSTICO FENÓTIPOS DA ASMA BRÔNQUICA DIAGNÓSTICO CLÍNICO PERGUNTAS A SEREM REALIZADAS DIAGNÓSTICO FUNCIONAL DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL TRATAMENTO DA ASMA Objetivos do tratamento: Tratamento não farmacológico: Tratamento farmacológico da asma: GINA 2022 Classificação da asma Ciclo do manejo da asma Passos no manejo da asma Nebulizadores utilizados no tratamento farmacológico da asma IMPACTOS DA ASMA GRAVE Quem é o paciente asmático grave, de acordo com o Gina 2021, PCDT do SUS e ASN? Segundo o Gina 2021, o que é DOSE ALTA? Paciente grave Nos casos de asma grave é importante saber qual o de inflamação est sendo desencadeada:
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