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1 Pneumologia – Asma Daniel Duarte MED79 Asma Introdução A asma consiste em uma doença inflamatória crônica das vias aéreas inferiores mesmo quando o paciente se encontra assintomático. Essa inflamação crônica pode ser decorrente de uma hipersensibilidade e vai se localizar por toda árvore brônquica, sobretudo, pelos brônquios de calibre médio a pequeno. Assim, não há o comprometimento do parênquima. A inflamação promove obstrução reversível das vias aéreas com o tratamento e manejo desse paciente. Em decorrência da obstrução, temos os seguintes sinais e sintomas da asma: Dispneia; Tosse; Sibilos; Compressão no peito; Esses sintomas são, normalmente, mais noturnos ou após acordar. O não tratamento da inflamação crônica pode levar ao remodelamento Brônquico (Estreitamento brônquico por Fibrose, hipertrofia de glândulas submucosa- excesso de muco), o que resulta em uma obstrução fixa, semelhante a DPOC. Epidemiologia Estima-se que 20 milhoes de Brasileiros tenham asma, sendo ela a 3º ou 4º maior causa de internação no SUS. É mais prevalente na Infância; o Estima-se que 1/5 dos adolescentes tenham asma; Há uma maior mortalidade por asma em crianças e adolescentes; o Os adolescentes são mais resistentes ao uso de medicamentos; o As crianças podem não saber fazer o uso dos medicamentos. Normalmente, a asma desaparece no final da adolescência retornando apenas na fase adulta (persiste até o final da vida); A maioria dos casos de asma estão ligas a atopias (Alergias a pólen, pelos de animais, poeira e ácaros); Em caos graves, estima-se que a asma possa comprometer até ¼ da renda familiar. Etiologia A etiologia da asma vai depender do fenótipo asmático desse paciente, uma vez que 80% das asmas são atópicas (Alérgicas) e o restante há outras causas. Assim, há fatores que favorecem o desenvolvimento da asma, são eles Esses fatores podem ser divididos em fatores de risco associados ao Hospedeiro e Fatores de risco ambientais, a fim de facilitar o entendimento. Genéticos Ambientais Asma 2 Pneumologia – Asma Daniel Duarte MED79 Fatores de Risco do Hospedeiro o Genéticos; Há genes que predispõem alergias e hipersensibilidade das vias aéreas; Assim, pacientes que tem contado com alérgenos podem não desenvolver a asma (S/ F. Genéticos); o Obesidade; Os adipócitos apresentam a enzima leptina, a qual favoreceria o processo inflamatório; o Sexo: Sexo másculo apresenta uma maior prevalência na infância; Na fase adulta, há um equilíbrio; Fatores de Risco Ambientais: o Alérgenos; Poeiras, fungos, ácaros, pelos de animais, insetos (Alérgenos Inalatórios); o Ocupacionais; Presença de substâncias que desencadeiem a inflamação/irritação das vias aéreas. Asma Ocupacional; o DRGE; Devido as microaspirações durante o refluxo. o Fumaça do Cigarro o Poluição; o Alguns medicamentos; Beta bloqueadores não seletivos; AINEs e AAS o Exercício Físico; Pode resultar em uma exacerbação da asma em pacientes não- controlados. Crises Asmáticas As crises asmáticas são associadas ao contato do paciente com alguns desses fatores de risco. ntretanto, sabe-se hoje, que quando temos um paciente com a asma bem controlada e sem sintomas respiratórios, eles podem não desenvolver o brônquioespasmo (Crise asmática) mesmo tendo contato com os fatores de risco. Assim, o desenvolvimento de uma crise asmática, muitas vezes, é um sinal de um paciente descompensado. Desse modo, devemos rever o tratamento do mesmo, a partir de: Aumento da dose; Revisar a técnica com o paciente; Associar outros tipos de drogas; Como vimos, alguns medicamento podem ser fatores de risco para o desenvolvimento de um Bronquioespamo (BBloq, AINEs e ASS). Entretanto, devemos ponderar a contraindicação, uma vez que depende do estado do paciente (Compensado ou não) e se de fato ele possui um efeito negativo a ele. Fisiopatologia Como já vimos, há uma hiper-reatividade brônquica, a qual resulta na inflamação crônica. A asma funciona como uma reação de hipersensibilidade tipo 1, na qual temos as seguintes células envolvidas: Línfócitos T (Th2) Eosinófios Mastócitos 3 Pneumologia – Asma Daniel Duarte MED79 Temos que os Linfócitos Th2 reconhecem o antígeno e produzem citocinas inflamatórias, são elas: Desse modo, temos a reação inflamatória local. Além disso, há terminações nervosas, as quais podem mediar reflexos colinérgicas bronquiocontritivos. Além disso, temos a hiperplasia de células caliciformes (Aumento da produção de muco), formação de Edema/Eritema no lúmen brônquico e a deposição de colégeno. Assim, temos a obstrução, a qual não tratada pode tornar-se fixa (Remodelamento). Achados em exames A asma apresenta como déficit a fase Expiratória da respiração, assim, teríamos, na espirometria, os seguintes pontos: VEF1 Diminuído; VEF1/CVF Normal; PFE Diminuído; VEF 25-75% Diminuído; Entretanto, em casos graves de asma, podemos nos depara com um alto aprisionamento de ar, o que resulta em aumento do VR. Assim, teríamos: CVF Diminuída; Tiffneau Normal; O que sugere D.V restritivo, mas isso apenas é um caso de DV Obstrutivo com CVF reduzido e percebemos isso a partir da comparação dos valores pós-Broncodilatador. Porém, a Clínica desse paciente é típica e isso pode ser auxiliado com a gasometria. Isso é confirmado na gasometria, uma vez que encontramos Hipocapnia (Queda da pCO2), em virtude da Hiperventilação alveolar. Devemos ter cuidado quando a gasometria desse tipo de paciente dá Normo ou Hipercapnia, uma vez que é sinal de fadiga da musculatura respiratória. Diagnóstico O Diagnóstico da asma se dar a partir da história clínica, funcional e alérgico. História clínica Há informações passadas pelo paciente que sugere a hipótese diagnósticas, são eles: Concomitância de Sintomas respiratórios (Tosse, sibilos, dispneia e aperto no peito); o Esses sintomas são mais comuns a noite e nas primeiras horas do dia; o Tríade clássica: Dispneia, tosse e sibilos; Tosse pode ser acompanhada de expectoração clara (Hialina); o Manifestações atípicas são apenas o aperto no peito; Os sintomas apresentam Frequência e intensidades variáveis (Crises) e são recorrentes; São desencadeados por Fatores precipitantes; Melhora de forma espontânea; Variabilidade Sazonal dos sintomas e com histórico familiar de asma ou atopias (Rinite, etc.); Tosse variante de asma Nem todos os casos de asma vão ter esses sintomas típicos, assim devemos ter atenção com outros pontos. IL-5 Recrutamento de Eosinófilos IL-4 e IL- 13 Ativação dos Linfócitos B Produção de IgE 4 Pneumologia – Asma Daniel Duarte MED79 No Exame físico, Pacientes assintomáticos não terão alterações, entretanto em paciente em crises teremos alguns sinais, são eles: Sibilância Expiratória; o Em casos mais graves podemos ter Inspiratória também; Tiragens intercostais; Ausência de Ruídos; o Em casos mais graves e com excesso de muco (tampão mucoso); Exames Funcionais Os dados encontrados da espirometria de pacientes com asma já foi falado na páginaanterior (Achados em Exames). Mas fazendo uma consideração sobre aqueles dados, ainda temos que: Resposta ao BD: o Aumento do VEF1 em 7% ou 200 ml em relação ao valor previsto ou o Aumento do VEF1 em 12% em relação ao pré-BD. Deve-se fazer antes do início do tratamento e de 3 a 6 meses após o início. Em seguida, só anualmente. Em casos de asma leve, podemos ter uma espirometria normal, mas com forte história, podemos fazer o Teste de Pico de Fluxo Expiratório, o qual funciona da seguinte forma: Deve ser feito algumas vezes (2 a 4) ao longo do dia; o Em horários diferentes, no começo da manhã e no fim da noite; Paciente asmáticos apresentam grande variação do PFE ao longo do dia. Quando temos uma diferença percentual média maior que 20%, temos um caso de asma (Associado a história). Outra forma de fazer o teste de PFE é com o BD. Faz o teste e aplica o BD fazendo o teste novamente após 15 minutos. Se tivermos uma melhora maior que 20%, temos um caso de asma. Diagnósticos Funcionais É uma alternativa aos casos de espirometrias normais e sem a possibilidade de teste de PEF. Assim, temos 2 métodos, são eles: Teste de Broncoprovocação por exercício: Na qual o paciente faz a espirometria e logo em seguida faz o exercício físico (Há esteiras e outras máquinas específicas), caso haja a diminuição do VEF1 > 10%, temos um quadro de asma; Teste de Broncoprovocação com agentes broncoconstrictores: Faz-se a espirometria e logo em seguida aplica um agente broncoconstrictores (Histamina, carbocol e Metacolina), após 15 a20 minutos Realiza uma nova espirometria. Caso haja uma queda de 20% do VEF1, confirmação da asma; Ambos os testes usam o princípios da hiper-responsividade das vias aéreas. Há também a possibilidade de Prick test e a determinação de IgE. Os exames adicionais de imagem não são necessários, uma vez que, normalmente, a radiografia é normal em quadros de asma. Quando temos uma crise mais graves, podemos ter sinais de hiperinsuflação. Pode ser solicitado se houver suspeita de doença associada. Diagnóstico Diferencial Os Sibilos no broncoespasmo é generalizado e com predomínio na fase expiratória. Sibilos localizados é sinal de alterações (Aspiração de corpo estranho, por exemplo). Estertores crepitantes podem ser sinais da Asma cardíaca, devido a insuficiência ventricular esquerda. Asma DPOC Início Criança com um período de vacância. Retorna na faz adulta Fase adulta (Acima dos 40 anos) Atopias Histórico de atopias Presente Presente ou ausente (-) 5 Pneumologia – Asma Daniel Duarte MED79 A.P. Patológicos Histórico familiar de atopias (Asma ou outras alergias) Presente ou Ausente (-) Tabagismo Presente ou ausente (-) Presente (Tabagismo convencional ou passivo ou ocupacional) Espirometria Pode ser normal, Caso alterada, há resposta a BD. D. V obstrutivo sem resposta a BD (Não reversível) Expectoração crônica Não há tosse e expectoração crônicas ausentes Frequente Dispneia Episódica e reversível Constante e pouco reversível, é progressiva Sintomas Noturnos Comuns Ausentes (Não há predileção por horário) Resposta a Corticoide Positivo (Melhora de até 10% do VEF1 basal) Negativo Avaliação do Paciente com Asma Sempre que nos deparamos com uma paciente asmático, vemos ter duas condutas, são elas: Avaliação da sintomatologia; Avaliação dos fatores de risco para exacerbações; A avaliação da sintomatologia de uma paciente asmático é importante para traçar a conduta terapêutica e para o reajuste da mesma. A avaliação é feita a partir do consenso GINA, o qual usa os seguintes parâmetros: Então, para o pacientes se classificado como controlado, ele não pode ter nenhum dos sintomas. Pacientes parcialmente controlados, podem ter 1 ou dois desses sintomas e os não controlados apresentam mais de 3 parâmetros sintomatológicos. Controlado Parcialmente Controlado Não controlado Sintomas diurnos Até 2 3 ou mais / semanas 3 ou mais parâmetros em qualquer semana Despertares noturnos - 1 ou mais Necessidade de Medicamentos de Resgate Até 2 vezes / semana 3 ou mais / semanas Limitações Físicas pela Asma - Presente Esse questionário deve usar informações de até 4 semanas antes da consulta. Sintomas diurnos: Se o paciente está com chiado, tosse e cansaço durante o dia. As medicações de resgate são BD de Curta duração (Salbutamol-Aerolin-, Fenoterol-Berotec)- SABA; Limitações: Não ir para a escola/trabalho ou não conseguir fazer alguma atividade física. Antigamente, era usado a classificação da asma a partir de dados da espirometria (Algo momentâneo) e era dividida em leve, moderada ou grave. Entretanto, percebeu-se que essa classificação era errônea, uma vez que classificava o estado momentâneo do paciente. A avaliação dos fatores de risco do paciente é feito a partir da espirometria, a qual deve ser de rotina (pelo menos 1 vez ao ano para os pacientes controlados). Além disso, temos: Intubação pela asma; Fumante; Mais de uma exacerbação nos últimos 12 meses; VEF1 Baixo Técnica errada do inalador; Obesidade, gravidez e eosinofilia da asma; Não tratamento da asma;
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