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História do Direito (parte I) Egito Em aproximadamente 3000 a.C. ascendeu a primeira de 30 dinastias da antiga civilização egípcia, na qual a teocracia era centralizada na figura do rei, sociedade era estamentada e cada estamento com seu estatuto jurídico próprio. Apesar da pouca informação sobre esse sistema jurídico, os escribas eram responsáveis por documentar os processos, que comprovam a existência do Direito no Egito Antigo e ainda quem o administrava, o vizir tinha a função na organização administrativa equivalente ao juiz na solução das lides. Houve alternância nos períodos de centralização e regime senhorial. Em 332 a.C. Alexandre Magno incorporou o Egito ao Império Helênico e o sistema jurídico egípcio influenciou o direito grego. Direitos Cuneiformes Século 26 a.C. escrita cuneiforme que utiliza um instrumento chamado “cunha”, que é uma colher convexa com duas ranhuras. Povos da Mesopotâmia: sumérios, acadianos, babilônios, assírios e hititas Direito inspirado em Deus Sociedades de coletivismo teocrático. Código de UR-NAMU (+antigo) ele é verificado apenas na tradição oral. Código de HAMURABI (+importante) foi encontrado em 1911 dentro da pedra de roseta. Características do direito primogenitura, poder paterno, poligamia, ordálias, disposições sobre contratos, rei protetor de órfãos e viúvos, direito penal violento. Teocrático análogo a época de dominação dos sacerdotes no Egito. Sistema de servidão, o servo tem limitação no seu direito (caput diminuta) “Lei do Talião”: o princípio do equivalente jurídico, a reparação literalmente equivalente ao dano sofrido, a exceção era a violação moral, atrelada a religião, em que a pena era violentamente desproporcional à infração. Os reis, no caso do direito cuneiforme, representam apenas uma ligação, conexão com o divino. O direito por eles apresentado, como o Código de Hamurabi, era considerado divino por sua conexão com os deuses, que promovia a consolidação dos costumes. O sistema de direito privado era desenvolvido, regulamentando até a locação e uso da terra. O escravo era um patrimônio, seja por conquista ou por dívida, a escravidão era hereditária. A primogenitura é sempre masculina. A poligamia é apenas no caso da mulher não gerar filhos. Nas sociedades de direito cuneiforme, as viúvas não são mortas. O rei dava recursos públicos para manter os órfãos e as viúvas. Direito Hebraico Século XII a.C. hebreus tornam-se sedentários. David (1029 – 960 a.C.) Salomão (960 – 935 a.C.) Direito “religioso” Fontes: Torah e Talmud Institutos: dízimo e sagração É um direito religioso porque a Torah é um documento enviado diretamente por Deus. No caso dos direitos religiosos, o direito natural é igual ao direito positivo. Já no caso dos direitos inspirados em deus, são mais contestáveis que o direito religioso, já que é criado pelos seres humanos. O direito elaborado por deus é imutável, não é passível de transformação ou atualização (caso do direito judaico, muçulmano e hindu). No caso do hindu, se dá o nome de “veda” ao conjunto de leis. O Talmud inscreve a Torah nas sociedades, mantém a Torah viva. A Torah é reinterpretada pelo Talmud ao longo do tempo. Dois institutos criados pelo direito hebraico: a sagração – forma de mostrar o vinculo entre o poder espiritual e o poder temporal (a coroação do rei). O dizimo – quem tem que sustentar a fé religiosa é o seu fiel. Ou seja, o fiel financia sua fé. E o Estado não se envolve, ele é de todos. Assim, existe uma separação do público e do privado. Direito Grego “direitos” gregos Séculos 25 a.C. civilização cretense. Séculos 20 a.C. – 10 a.C. período dos clãs. Séculos 10 a.C. início do período de formação das cidades. Diversas formas de governo: tirania, aristocracia, democracia. Lei de Sólon (8 a 6 a.C.) criava um conselhos de 500 cidadãos eleitos e/ou escolhidos decisões legislativas administrativas e principais decisões judiciais. Alexandre século 4 “Lei viva” Clãs grupos familiares que controlam determinadas regiões. São múltiplos direitos, já que a Grécia é divida em compartimentos. Não sobraram registros do direito dos cretenses, apenas posteriores citações ao direito que lá existia. A legislação que assegura a experiência democrática em Atenas, Lei de Sólon, segundo ela a cada ano, os cidadãos atenienses iriam eleger 500 cidadãos para o conselho. Em caso de ausência de alguns eleitos, os demais escolheriam pessoas para fazer parte do conselho (deveria atuar sempre com 500 membros). Esse conselho lidava com questões de interesse público e as principais questões judiciais. Opera como uma espécie de Suprema Corte, decidindo grandes questões judiciais. O cidadão ateniense: sexo masculino e livre. Ou seja, a Lei de Sólon vale para uma parcela minoritária da sociedade. A lei ateniense era essencialmente retórica. Assim como não havia advogados, não havia juízes e promotores. Apenas dois litigantes. Atribui-se aos gregos a criação do juri popular. O tribunal de Heliaia era um tribunal popular, que julgava todas as causas, exceto os crimes de sangue, que ficava sobe a alçada do Aerópago (uma assembléia de magistrados, tribunal criminal). Dois legisladores atenienses merecem destaque: Drácon e Sólon. Drácon (620 a.C) fornece a Atenas o seu primeiro código de leis, que ficou conhecido pela severidade e cuja lei foi mantida por Sólon, a relativa à distinção de homicídios: voluntário, involuntário e legítima defesa. Sólon faz uma reforma institucional, social e econômica (estimula a agricultura, exportação de Oliva e vinho). Liberdade dos antigos: ligada ao publico, de participar do espaço público, gerenciando a cidade. É isso que caracteriza a cidadania na época Liberdade dos modernos: amplamente ligadas ao privado, liberdade de ir e vir, etc. Alexandre da Macedônia: se descrevia como “lei viva”. Nas regiões conquistadas, ele mantinha o direito já existente. Direito Romano Os manuais de Direito Romano indicam que o Império Romano teve início com a fundação da Cidade, em 753 a.C. e que o período histórico em que Roma foi governada por reis foi chamado de realeza. Essa cidade teria sido governada por sete reis até 510 a.C., ano considerado como fim desse período histórico. Rômulo foi o primeiro rei, sendo considerado fundador lendário de Roma. Com relação à época da fundação, considera-se ter sido “a cidade romana constituída, no início, pelos componentes das tribos conhecidas pelos nomes de ramnenses, tirienses e luceres” Vale ressaltar que o fim da realeza (510 a.C.) teve como marco a expulsão do “último rex, Tarqüínio, o Soberbo, usurpador de poderes realmente imperiais” Patrícios: homens livres, fundadores da cidade e seus descendentes, agrupados em clãs familiares patriarcais, denominados gentes, formavam a classe detentora do poder e privilegiada. Clientes: de origem diversa, “eram pessoas que se submetiam ao poder de um chefe de família patrício, oferecendo seus préstimos e seu patrimônio em troca de proteção” Escravos: eram a mão-de-obra responsável por praticamente toda a economia romana da época. Viviam sob as ordens do senhor, ou pater. Plebeus: que não faziam parte das gentes, estavam em posição de inferioridade, mas estavam sob a proteção do rei. O Império Romano teve início com a fundação de Roma. O período histórico em que essa cidade foi governada por reis foi chamado de realeza (753 a.C. a 510 a.C.). Dentre os habitantes de Roma, existiam quatro classes bem distintas: patrícios, clientes,escravos e plebeus. A religião tinha duas classes de deuses: uma inspirada na alma humana e a outra inspirada nos fenômenos naturais. Os poderes públicos eram exercidos pelo rei, pelo senado e pelo povo. A realeza teve como marco final a expulsão do último rex, Tarquínio, o Soberbo. Realeza A família patrícia era uma estrutura organizada, como se fosse uma pequena sociedade com seu governo, chefiado unicamente pelo pai. Este, que exercia as funções mais elevadas, sendo todos os demais membros submissos a ele. Essa submissão se dava em todos os sentidos eis que o pater detinha, dentro do lar, poderes ilimitados de pai, esposo, administrador, sacerdote e, até mesmo, de um juiz cujas decisões nenhuma autoridade tinha o direito de reforma. Em caso de morte, o lugar do pai “era ocupado pelo filho primogênito. Se não tivesse, adotava um. O que não podia ocorrer era a vacância de seu lugar, sob pena de não se dar continuidade ao culto familiar”. E, “cada gens transmitia, de geração em geração, o nome do antepassado e perpetuava-o com o mesmo cuidado com que continuava o seu culto”. Com relação ao conceito de gens, expressão comumente trazida nos manuais de direito romano, pode-se, resumidamente, considerar que trata-se do “conjunto de pessoas que pela linha masculina descendem de um antepassado comum” Os poderes públicos eram exercidos pelo rei, pelo senado e pelo povo. O rei era o supremo sacerdote, chefe do exército, juiz soberano e protetor da plebe. Seu cargo, que era “indicado por seu antecessor ou por um senador, era vitalício, mas não hereditário. Apesar disso tudo, podia ser deposto, conforme a já mencionada expulsão ocorrida com Tarqüínio, o Soberbo. Nomeados dentre os chefes das gentes pelo rei, os “senadores, por serem os mais velhos em suas gens, chamavam-se patres, pais. O conjunto deles acabou formando o Senado (de senex, velho, ancião – conselho dos anciãos)”. E, o “poder, de fato, estava nas mãos dos patres-familias, sendo o Senado sua representação máxima”. Então, o povo era a sociedade romana, constituída, no início, apenas de patrícios. Após Sérvio Túlio, que deu à plebe a cidadania, também passaram a compor a populus romanus. O povo exercia seus direitos em assembléias, denominadas comícios, onde votavam para decidir sobre propostas específicas de casos concretos. As fontes do direito na fase da realeza são apenas duas: o costume (fonte principal) e a lei (secundária). E, tendo em vista o amplo domínio dos deuses sobre o homem, essas fontes são extremamente influenciadas pela religião. República Na fase da república (510 a.C. a 27 a.C.), houve a substituição do rex por dois comandantes militares. As classes sociais eram bem distintas: classe baixa e nobreza. A economia era baseada na mão-de-obra escrava. Os poderes sacerdotais do rei passaram ao rei das coisas sacras. A organização política era composta por cônsules, pelo senado e pelo povo. Na República, a organização social se modifica um pouco. As classes sociais eram bem distintas: classe baixa (ouplebs urbana), escravos, Cavaleiros da Ordem Eqüestre e a nobreza. A nobilitas era considerada a classe administradora e constituía, juntamente com os Cavaleiros, a classe dominante da época. Posto isso, as demais classes (plebe urbana e os escravos) eram dominados na fase do direito romano na República. Na República, a organização política era composta por cônsules, pelo senado e pelo povo, que se reúne em comícios populares. Tendo em vista que os cônsules eram apenas dois e que enquanto um governava, o outro fiscalizava, o desenvolvimento da população de Roma exigiu a repartição das funções antes concentradas no rex. Por isso, foram criados vários cargos, dentre eles: questores, censores, edis curuis, pretores, praefecti jure dicundo e governadores das províncias. Já o Senado, que exercia funções consultivas, como por exemplo, ratificar leis e decisões dos Comícios, “compõe-se de 300 patres, nomeados pelos cônsules”. “A partir de 312 a.C., os censores passaram a nomear os senadores, normalmente, dentre antigos cônsules. Até essa data eram indicados pelos cônsules” . As fontes do direito na fase da República são cinco: os costumes, as leis escritas, o senatusconsultos, a jurisprudência e os editos dos magistrados. Pela incerteza oriunda de um ordenamento baseado em costumes, a plebe luta por uma lei escrita, pública, conhecida e que possa ser invocada contra qualquer um. Havia duas espécies de leis escritas, as leges rogatae e as leges datae. As primeiras eram propostas por iniciativa de um magistrado, votadas pelo povo e homologadas pelo Senado. Já as leges datae eram medidas unilaterais tomadas diretamente pelos cônsules, em nome do povo, sem votação e nem homologação do Senado. Das leis escritas, fundamental mencionar sobre a Lei das XII Tábuas, considerada até mesmo como sendo fonte de todo o direito privado. Elas “foram escritas em meio a uma evolução social; foram os patrícios que as fizeram, mas a pedido e para uso da plebe”. Esse pedido foi feito através de protestos e revoltas populares. Diante do caráter tipicamente romano da Lei das XII Tábuas, ocorreu imediata aceitação e, assim que publicadas, passaram a regular as relações do povo de Roma. Há autores que afirmam de modo diferente, que essa Lei teria sido fruto de compilação dos costumes da época. O senatusconsultos era a consulta que o Senado fazia após convocação por um magistrado. Era “uma espécie de parecer senatorial” (FIUZA, 2007, p. 51). Não tinha força de lei. A jurisprudência, que também pode ser chamada de interpretação dos prudentes, seria como se fosse nossa atual doutrina jurídica, contendo interpretações e adaptações à lei.Como a lei na época tinha muitas lacunas, de extrema importância o trabalho dos jurisprudentes, que eram “jurisconsultos encarregados de preencher as lacunas deixadas pelas leis”. Alto Império Alto império (27 a.C. a 284 d.C.) é o período histórico que compreende o reinado de Augusto até a morte de Diocleciano. Os poderes públicos eram exercidos pelo imperador, consilium principis, funcionários imperiais, magistraturas republicanas, senado, comícios e pela organização das províncias. O imperador, que tinha autoridade máxima, inviolável, reunia todas as atribuições que na república eram divididas entre vários magistrados. Eram atribuições dele: “a tribunicia potestas, o pró-consulado (comando militar de todas as províncias), o direito de declarar guerra e celebrar paz, fundar e organizar colônias, conceder cidadania, convocar o Senado, cunhar moedas, instituir tributos, administrar, dizer o direito (jurisdição civil em 2ª instância e jurisdição criminal).”. O consilium principis atuava como órgão consultor para o imperador, quando este entendia necessário. Era integrado por amigos do imperador e juristas que se destacavam na época. As magistraturas republicanas tiveram suas funções reduzidas, eis que o consulado perdeu os poderes militares e civis, a pretura peregrina desapareceu, a censura deixou de existir (sendo que seus poderes passaram para o imperador), a edilidade curul e da plebe deixaram de existir e o tribunato da plebe recebeu funções administrativas de menor importância. O senado “administra as províncias senatoriais, cujas receitas vão para o aerarium, tesouro público”. Nessa fase, os senadores, que eram nomeados pelo imperador, repartiam com este o poder judiciário. Além disso, o Senado possui atribuições de poder eleitoral dos comícios, parte do legislativo e administra as províncias senatoriais e o erário de Saturno. Então, o senado perde independência e sua função de corpo consultivo. As fontes dodireito na fase do alto império são seis, conforme ensina José Cretella Júnior: costume, lei, senatusconsultos, editos dos magistrados, constituições imperiais e a jurisprudência. Os costumes continuam desempenhando um papel importante como fonte do direito. Isso eis que o povo romano é extremamente conservador. Das leis escritas, ainda havia duas espécies: as leges rogatae, que assumem grande importância, e as leges datae, que perdem relevância nessa época. O senatusconsultos, espécie de consultoria senatorial, era feito através de um parecer, a pedido do príncipe. Passam, na fase do Alto Império, a ter força de lei. Os editos dos magistrados, nesta fase, perdem importância, eis que os magistrados foram perdendo o direito de editar editos de seus antecessores. Então, os pretores passaram a apenas reproduzir os editos passados. Por fim, a jurisprudência, considerada fonte eis que vinculava as decisões judiciais, “equivalia a nossa doutrina. Diga-se que o imperador podia atribuir a certos juristas o chamado ius respondendi, que conferia a seus pareceres maior força que aos dos demais”. Baixo Império: A fase do baixo império (284 d.C. a 565 d.C.) ficou marcada pela monarquia absolutista, diante da concentração dos poderes nas mãos do Imperador, sem repartição de poderes com o Senado. O fim dessa fase é marcado pela morte do Imperador Justiniano. Os poderes públicos eram exercidos pelo Senado, pelas magistraturas republicanas e pelo Imperador. 527 a 565 d.C. - Reinado do Imperador Justiniano. Tenta reunificar o Império e promulga as compilações de leis e doutrina, conhecidas hoje com o nome de Corpus Iuris Civilis.” (FIUZA, 2007, p. 60/61). E o fim da fase do baixo império é marcada pela morte do Imperador Justiniano (565 d.C.). As magistraturas republicanas eram compostas por cônsules (que davam nome ao ano), pretores (perderam as funções judiciais), tribunos da plebe, questor para o Sacro Palácio (assessor do imperador), Prefeitos para o Pretório (administravam prefeituras e exerciam funções judiciais), vigários (governavam as Dioceses) e governadores (governavam as províncias). Então, as magistraturas não desaparecem, mas perdem suas atribuições. César Fiúza considera como fontes desse período, além das constituições imperiais, “basicamente os costumes, a lei escrita e a jurisprudência (doutrina).” Eram chamadas de leges. O Corpus Iuris Civilis, por reunir em um só volume várias compilações de leis de sua época e de épocas anteriores, é considerado uma dos maiores heranças deixadas pela civilização de Roma. Vale mencionar que essa foi a procedência de muitos institutos jurídicos do nosso tempo. Digesto e do Código Novo, acompanhados de comentários de juristas da época de Justiniano”. Pode-se até afirmar que essas adaptações perduram até os dias atuais, eis que, “a perenidade do direito romano é fato evidente. Sua atualidade não pode ser negada, pela presença constante em inúmeros institutos jurídicos de nossa época. Império Bizantino Já o período bizantino (565 d.C. a 1453 d.C.) compreende a fase histórica que vai desde a morte de Justiniano até a tomada da cidade de Constantinopla, pelos turcos. A queda de Constantinopla simboliza o marco final da Idade Média. Nesse período os poderes ainda estavam concentrados nas mãos de um imperador e ocorreu intenso desenvolvimento comercial.
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