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PDF exclusivo para SHEILA MACIEL PINTO - sheymaciel@gmail.com sheymaciel@gmail.com Decisões de Estrutura e Custo do Capital Página 2 LISTA DE FIGURAS Figura 3.1 – Estrutura de Capital no Balanço Patrimonial ......................................... 6 PDF exclusivo para SHEILA MACIEL PINTO - sheymaciel@gmail.com sheymaciel@gmail.com Decisões de Estrutura e Custo do Capital Página 3 SUMÁRIO 3 DECISÕES DE ESTRUTURA E CUSTO DO CAPITAL ......................................... 4 3.1 Tipos de abordagens ........................................................................................... 9 3.2 Teorema Modigliani-Miller ................................................................................... 10 3.3 Teoria Trade Off .................................................................................................. 11 3.4 Teoria dos Custos de Agência ............................................................................ 12 3.5 Teoria da Assimetria de Informações .................................................................. 13 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 15 PDF exclusivo para SHEILA MACIEL PINTO - sheymaciel@gmail.com sheymaciel@gmail.com Decisões de Estrutura e Custo do Capital Página 4 3 DECISÕES DE ESTRUTURA E CUSTO DO CAPITAL É crescente o envolvimento das organizações com alianças e parcerias que as levam a agir além das tradicionais fronteiras organizacionais. Os desafios que as empresas enfrentam requerem, cada vez mais, o esforço colaborativo e a efetiva ação coordenada de várias organizações, incluindo governo, setor privado e terceiro setor. As tecnologias “virtuais” e a globalização estão conduzindo a um blurring (perda de nitidez) das fronteiras organizacionais. Novas formas organizacionais são possíveis, porque o uso intensivo da Tecnologia tem a capacidade de mudar a configuração tradicional de espaço-tempo e transformar as estruturas sociais e organizacionais. Considerando que muitas habilidades e recursos essenciais para a organização estejam fora de suas fronteiras, portanto, fora do controle direto da gerência, parcerias e alianças não devem mais ser vistas como opções, mas como uma necessidade. Nesse contexto, o desenvolvimento de ambientes de informação cooperativos é uma questão que tem se tornado mais e mais importante. Para além de questões técnicas, o grande desafio é construir um sistema de informação cooperativo que seja capaz de dar suporte à maneira pela qual as organizações interagem, sendo minimamente intrusivo e favorecendo real e efetivamente a cooperação. Em um ambiente cooperativo, é necessário promover relacionamentos estáveis e mútua confiança, maximizando benefícios e minimizando riscos, ao mesmo tempo que desaparece ou é bastante reduzido o tradicional controle direto sobre os recursos requeridos pelos processos de negócio. Essa “mistura” também influencia na estrutura de capital das organizações empresariais. Quando mesmo atividades-fim são compartilhadas com empresas parceiras, a estrutura de custos e as políticas de investimento são alteradas. Por exemplo, não será necessário contrair investimentos para a compra de novos equipamentos se eles já existirem nas empresas que são parceiras de um acordo comercial. As atividades produtivas a serem executadas com esses equipamentos ocorrerão nos limites físicos de outra empresa sob a supervisão e as definições técnicas da empresa contratante. Essa terceirização, se bem gerida, oferece PDF exclusivo para SHEILA MACIEL PINTO - sheymaciel@gmail.com sheymaciel@gmail.com Decisões de Estrutura e Custo do Capital Página 5 vantagens financeiras, melhoria da qualidade e incremento da qualidade de produtos e serviços. Estrutura de capital é um tema atual e analisado sob a luz de diversas teorias na área de finanças. Existem dois tipos de capital: o capital de terceiros e o capital próprio, e a estrutura de capital é a maneira como a empresa realiza a combinação entre esses dois tipos de capitais. Desde a discussão entre a teoria tradicional (adoção de uma estrutura de capital ótima para a maximização do valor da empresa) até a proposta criada por Modigliani e Miller (1958), que considera que o valor da empresa não é afetado pela forma como ela é financiada, estrutura de capital refere-se à forma como as empresas utilizam capital próprio e capital de terceiros para financiar os seus ativos. Em linhas gerais, os capitais próprios são os recursos fornecidos pelos sócios ou acionistas, enquanto o capital de terceiros representa as dívidas e fontes de financiamento da empresa. A questão principal que envolve o tema é se a forma como a empresa é financiada influencia ou não o seu valor. A definição desse tema tem sido ajustada e atualizada como resultado dos inúmeros estudos realizados. A maioria dos estudos define a estrutura de capitais como a proporção entre os capitais alheios de médio/longo prazo e os capitais próprios. E diferenciam o conceito de estrutura de capital do conceito de estrutura financeira. A visualização da estrutura de capital fica mais clara quando se observa o balanço patrimonial. Uma vez que a estrutura de capital trata da composição dos capitais, significa que estamos falando do lado dos passivos. O passivo circulante fica de fora desta análise, pois aqui entram apenas as dívidas de longo prazo. O passivo não circulante (exigível de longo prazo) representa o capital de terceiros. Por fim, o patrimônio líquido representa o capital próprio. PDF exclusivo para SHEILA MACIEL PINTO - sheymaciel@gmail.com sheymaciel@gmail.com Decisões de Estrutura e Custo do Capital Página 6 Figura 3.1 – Estrutura de Capital no Balanço Patrimonial Fonte: Elaborado pelo autor (2017) Cinco fatores são considerados como potenciais explicativos da estrutura de capital das empresas: Rentabilidade: capacidade de gerar lucros da empresa influencia sua estrutura de capital, na medida em que as firmas que detêm maior fonte de recursos próprios para se autofinanciar deverão recorrer menos ao uso de dívidas. Espera-se, portanto, que as empresas mais rentáveis sejam menos endividadas. Risco: empresas cujos negócios apresentam elevado risco terão maior probabilidade de que seus fluxos de caixa sejam insuficientes para honrar as obrigações com os credores e, consequentemente, poderão se endividar menos. Assim, espera-se que as empresas com maior risco de negócio sejam menos endividadas. Tamanho: empresas grandes, normalmente, são mais diversificadas do que empresas pequenas, estando menos sujeitas a dificuldades financeiras e possuindo custos de falência menores. Em razão disso, sua capacidade de endividamento é maior do que a das empresas pequenas. Adicionalmente, uma característica do mercado brasileiro é que as grandes empresas têm maior acesso a crédito de longo prazo do que as pequenas empresas, sobretudo, por meio de Bancos de Desenvolvimento. PDF exclusivo para SHEILA MACIEL PINTO - sheymaciel@gmail.com sheymaciel@gmail.com Decisões de Estrutura e Custo do Capital Página 7 Diante desses aspectos, espera-se que as grandes empresas sejam mais endividadas e tenham, proporcionalmente, mais dívidas de longo prazo, e que as pequenas empresas sejam menos endividadas e tenham, proporcionalmente, mais dívidas de curto prazo. Composição dos ativos: a Teoria dos Custos de Falência considera que as empresas que dispõem de ativos fixos para oferecer aos credores como garantia das dívidas têm maior capacidade de endividamento, uma vez que esses ativos podem ser vendidos em caso de insolvência, reduzindo os custos de falência. Assim, espera-se que as empresas com maior ativo fixo sejam mais endividadas e tenham, proporcionalmente, mais dívidas delongo prazo e menos dívidas de curto prazo. Crescimento: empresas em crescimento possuem maior flexibilidade para escolher seus investimentos e, por isso, têm custos de agência também maiores. Além disso, empresas com elevadas taxas de crescimento possuem alto custo de falência, pois parte substancial do seu valor está atrelada a expectativas futuras de lucro e não a ativos que possam ser liquidados em caso de dificuldades financeiras. Esses argumentos indicam que empresas em crescimento deveriam ser menos endividadas. O capital de terceiros é mais barato que o capital próprio, fazendo com que um maior nível de endividamento reduza o custo de capital. Vamos entender melhor! Capital de terceiros refere-se ao endividamento que a empresa possui; e o endividamento geralmente é associado a algo. Acontece que, no mundo corporativo, contrair boas e planejadas dívidas pode ser bom para a organização. Por exemplo: uma indústria já consolidada no mercado que decide ampliar sua linha de produção tende a ter acesso facilitado a crédito, pois usará dos recursos para comprar novos maquinários e aumentar o faturamento da empresa. O capital de terceiros pode alavancar os resultados do negócio e reduzir o custo do capital próprio investido no empreendimento. Portanto, se o custo da oportunidade de colocar o seu dinheiro em uma empresa for alto e for maior do que a taxa de juros para financiamento, contrair o financiamento fará com que o custo do seu empreendimento diminua. Além disso, ao pagar os juros do financiamento, o PDF exclusivo para SHEILA MACIEL PINTO - sheymaciel@gmail.com sheymaciel@gmail.com Decisões de Estrutura e Custo do Capital Página 8 lucro a ser tributado diminui, portanto, o volume de imposto a ser pago também diminui, de forma que o lucro final da empresa será proporcionalmente maior. Não há fórmula mágica para definir a estrutura de capital ótima para as empresas. O que há é um trade-off entre: (i) aumentar o endividamento e reduzir o custo de capital, mas correr o risco de ter que pagar juros em anos de prejuízos; e (ii) aumentar o capital próprio e o custo de capital, mas não precisar pagar dividendos aos acionistas em anos de resultados financeiros ruins. As decisões sobre o financiamento das empresas são altamente importantes, pois a combinação eficiente das diferentes fontes de capital à disposição da empresa leva à redução do custo do seu financiamento e, consequentemente, ao aumento do seu valor. A utilização de uma estrutura mais endividada dá origem a conflitos de interesse entre credores, acionistas e administradores, uma vez que os credores fornecem fundos às empresas sem ter controle completo sobre a aplicação desses recursos. A opção por financiar o investimento por meio de dívidas sinaliza ao mercado que a administração acredita que as ações da empresa estejam subavaliadas. Essa decisão representa um sinal positivo ao mercado, pois a riqueza produzida pelo novo investimento será absorvida apenas pelos atuais acionistas. Segundo essa teoria, para evitar uma sinalização negativa ao mercado e reduzir o seu valor, as empresas mantêm uma reserva de capacidade de endividamento para utilização em futuros investimentos. O desenvolvimento das teorias sobre estrutura de capital ocorreu em ambientes econômicos e institucionais bem diferentes do contexto brasileiro. O mercado brasileiro apresenta certas ineficiências que impactam, diretamente, nas decisões de financiamento das empresas. Entre essas imperfeições, destacam-se o mercado de capitais restrito, a elevada concentração do controle acionário das empresas e a forte restrição de fontes de capital de terceiros de longo prazo. Outra característica do mercado brasileiro é o fato de o custo de capital de terceiros não ser função apenas do risco do tomador, mas também da natureza da fonte de financiamento. Em razão disso, determinadas linhas de crédito de longo prazo direcionadas a investimentos específicos têm custo financeiro inferior a linhas PDF exclusivo para SHEILA MACIEL PINTO - sheymaciel@gmail.com sheymaciel@gmail.com Decisões de Estrutura e Custo do Capital Página 9 de curto prazo, cujo risco de crédito para o credor normalmente é menor. Financiamentos para empresas normalmente possuem algum bem alienado como garantia, o que facilita ainda mais para a redução da taxa de juros cobrada. Uma das tarefas do gestor financeiro, portanto, é encontrar o ajuste adequado para a composição capital próprio/endividamento a fim de reduzir o risco e aumentar os resultados e o valor da empresa. Trata-se de uma escolha estratégica fundamental que poderá valorizar ou destruir o negócio. Negócios maduros, estáveis, com fluxo de caixa previsível, são capazes de suportar elevados níveis de endividamento, pois, mesmo em momentos mais difíceis, existe a folga de caixa para pagamento. 3.1 Tipos de abordagens Para uma empresa, realizar um investimento consiste em comprometer determinada quantia de capital na expectativa de que sua situação econômica melhore futuramente. Esse capital que fica comprometido pode provir de origens distintas. De modo geral, existem dois tipos de fontes de financiamento: internas: autofinanciamento por meio da retenção dos lucros obtidos, da gestão mais eficiente dos ativos (fixos e circulantes) ou do controle de custos mais eficiente; externas: financiamento por meio de capitais de terceiros (créditos de fornecedores, empréstimos bancários, linhas de crédito, leasing e factoring) e próprios (aumento de capital, business angels, capital de risco e recurso ao mercado de capitais). Diante das diferentes possibilidades de financiamento do investimento e de seus diferentes custos, há várias abordagens teóricas que tratam do tema. A abordagem tradicional pressupõe a existência de uma estrutura de capital ótima, que seria uma combinação entre o capital alheio e o capital próprio, na qual é possível minimizar o custo do capital e, consequentemente, maximizar o valor da empresa. Os seguidores dessa corrente defendem que a empresa deve fazer uso de capital alheio até atingir um custo de capital mínimo, tendo em conta a solvabilidade da empresa. PDF exclusivo para SHEILA MACIEL PINTO - sheymaciel@gmail.com sheymaciel@gmail.com Decisões de Estrutura e Custo do Capital Página 10 Solvência ou solvabilidade, em finanças e contabilidade, é o estado do devedor que possui seu ativo maior do que o passivo, ou a sua capacidade de cumprir os compromissos com os recursos que constituem seu patrimônio ou seu ativo. Portanto, do ponto de vista econômico, uma empresa é solvente quando está em condições de fazer frente a suas obrigações correntes e ainda apresentar uma situação patrimonial e uma expectativa de lucros que garantam sua sobrevivência no futuro. A abordagem tradicional é muito defendida por gestores financeiros, mas, como essa não é suportada por nenhum modelo formal, não reúne os requisitos para ser considerada uma verdadeira teoria. 3.2 Teorema Modigliani-Miller Os primeiros autores que se dedicaram ao estudo da estrutura de capital foram os economistas Modigliani e Miller, em 1958, que elaboraram duas hipóteses para verificar a relevância desse fator no valor da empresa. A primeira hipótese trata-se de um ambiente sem impostos. Nesse ambiente, o valor da empresa, quando só utiliza capital próprio, é igual ao valor de quando utiliza tanto capital próprio quanto de terceiros. Logo, argumentaram que uma empresa não pode alterar o valor total de seus títulos, portanto, o próprio valor da empresa, simplesmente mudando as proporções de uso de capital (de terceiros ou próprio) em sua estrutura de capital. Em síntese, pode-se dizer que a política de financiamento da empresa é irrelevante em um ambiente sem impostos. A ideia seria, então, de que o padrão de financiamento das empresas não afeta de formaalguma o nível de investimento e a taxa de crescimento econômico. A segunda hipótese, ainda proposta por esses autores, aborda um ambiente com impostos. Nesse caso, a estrutura de capital passa a ser relevante e afeta o valor da empresa, pois os juros devidos aos credores (por uso do capital de terceiros) são considerados despesas e podem ser deduzidos do lucro antes da tributação, fato que não se dá com a remuneração do capital próprio, ou seja, os dividendos. Tem-se, dessa forma, forte incentivo ao uso de capital de terceiros. PDF exclusivo para SHEILA MACIEL PINTO - sheymaciel@gmail.com sheymaciel@gmail.com Decisões de Estrutura e Custo do Capital Página 11 O teorema de Modigliani-Miller sugere uma dicotomia entre as finanças e a “economia real”, em que o crescimento da empresa e suas decisões de investimento seriam ditados estritamente por variáveis “reais”, como a demanda, a produtividade, o progresso técnico e os preços relativos dos fatores produtivos; e o financiamento, nesse contexto, constituiria uma variável “passiva”, que simplesmente facilitaria a realização do investimento, mas não o condicionaria. Assim, a contraposição entre evidência empírica e teoria fez com que outros autores buscassem outras explicações para a determinação do financiamento. 3.3 Teoria Trade Off Essa abordagem defende a existência de uma relação ótima entre Capitais Próprios e Capitais Alheios, obtida por meio de um trade off entre os custos e os benefícios da utilização de capitais alheios. Os benefícios fiscais são considerados como um dos benefícios da utilização de capitais alheios. De acordo com essa teoria, os gestores das empresas devem estimar o nível de capital alheio que maximize o valor da empresa. O Trade Off Estático, também intitulado “Teoria dos Custos de Falência”, procura encontrar um equilíbrio entre os benefícios fiscais dos capitais alheios e os seus custos de falência. Logo, os benefícios fiscais levarão a um maior nível de capital alheio e, por sua vez, os custos de falência levarão a um menor nível de capital alheio. O fenômeno da falência é um tema tratado, no Brasil, principalmente em relação à previsão da insolvência empresarial. A falência é decretada quando a empresa se tornou inviável economicamente. Esse processo consiste, basicamente, em liquidar os ativos da devedora e repartir o resultado entre os credores. A quebra de uma empresa gera custos não somente a seus participantes diretos, mas também para a sociedade como um todo. A falência de uma empresa gera perda de empregos, de arrecadação de tributos e redução de oferta de produtos e serviços. O Trade Off Dinâmico assenta na importância do papel do tempo, das expectativas e dos custos suportados com a obtenção de financiamento. Nesse PDF exclusivo para SHEILA MACIEL PINTO - sheymaciel@gmail.com sheymaciel@gmail.com Decisões de Estrutura e Custo do Capital Página 12 modelo, a decisão de financiamento dependerá do nível de financiamento que a empresa prevê que precisará no próximo período. Dessa forma, algumas empresas podem prever distribuir fundos, e outras, angariá-los. A estrutura de capital ótima de uma empresa é definida pelo Trade Off entre os custos de falência e os benefícios fiscais do capital alheio. Quanto maior for a utilização de capital alheio em detrimento do capital próprio, maior será o valor da empresa. A probabilidade de a empresa incorrer em insolvência é tanto maior quanto maior for o nível de capital alheio em sua estrutura de capital. 3.4 Teoria dos Custos de Agência A enorme complexidade das empresas tem despertado um grande interesse e diferentes atitudes entre os diversos stakeholders. Essa situação vem causando conflitos que podem ser prejudiciais ao bom funcionamento das empresas e afetar negativamente o seu valor. Esse modelo procura investigar a relação entre a estrutura de capitais e os interesses, por vezes, conflituosos, entre os gestores, os acionistas e os credores, visando diminuir e, se possível, eliminar os custos que derivam desses conflitos. Os custos designados por “custos de agência” serão, de acordo com a sua natureza, intitulados “custos de agência do capital próprio” quando se referirem a custos originados pelos conflitos de interesse entre os gestores e os acionistas; e “custos de agência do capital alheio” quando se referirem a conflitos de interesse entre acionistas e credores. O conflito entre acionistas (principal) e gestores (agente) é consequência da separação entre propriedade e gestão da empresa. Nessa abordagem, percebe-se que o gestor tem maior incentivo em maximizar os seus ganhos em detrimento dos ganhos dos acionistas e da maximização do valor da empresa. Os acionistas tendem a preferir projetos de investimento que gerem resultados num horizonte temporal mais curto em detrimento de projetos de investimento mais rentáveis, mas cujo horizonte temporal é mais alargado. PDF exclusivo para SHEILA MACIEL PINTO - sheymaciel@gmail.com sheymaciel@gmail.com Decisões de Estrutura e Custo do Capital Página 13 Os custos de agência podem ser minimizados pelo aumento da participação dos gestores no capital da empresa, alinhando, dessa forma, os seus interesses, ou pelo aumento da dívida. 3.5 Teoria da Assimetria de Informações A ideia de uma relação estática, isto é, a hipótese de manutenção de uma relação fixa entre os montantes de capitais próprios e de terceiros pela empresa, tendo em vista uma minimização do custo médio de capital, é ignorada pela grande maioria das empresas. A hipótese mais apontada pelo mercado é o aproveitamento de oportunidades de fontes de recursos economicamente mais vantajosas. A aceitação dessa hipótese pode ter outras implicações sobre a teoria financeira. Deve-se, por exemplo, inquirir se existe uma separação entre as decisões de investimento e de financiamento nas empresas, como proposto pela teoria tradicional. Outra hipótese muito citada pode ser classificada dentro da chamada “Teoria de Assimetria de Informações”, que propõe que as decisões de estrutura de capital sejam tomadas tendo em vista o desequilíbrio entre as informações possuídas pela empresa e pelos investidores. Dentro dessa teoria, as empresas utilizam uma hierarquia predeterminada na captação de novos recursos, começando pela utilização de seus lucros retidos, passando pela emissão de débito e, apenas como última alternativa, emitindo ações. A emissão de novas ações ou quotas é a forma predileta de obtenção de fundos contra os empréstimos bancários preferidos pelas empresas com administração profissional. Segundo essa abordagem (Assimetria de Informação), os vários intervenientes da empresa não dispõem da mesma informação. Existe assimetria de informação quando os gestores das empresas têm em seu poder informações que os investidores não possuem. Os gestores possuem informações operacionais e sobre características das empresas que os investidores não possuem, tais como retornos previstos, os riscos envolvidos, as oportunidades de investimento e as decisões operacionais. PDF exclusivo para SHEILA MACIEL PINTO - sheymaciel@gmail.com sheymaciel@gmail.com Decisões de Estrutura e Custo do Capital Página 14 A assimetria de informação originou duas correntes: a Teoria da Sinalização e a Teoria PeckingOrder. A Teoria da Sinalização afirma que alterações na estrutura de capital sinalizam um determinado tipo de informação para o mercado. A Teoria PeckingOrder defende a existência de uma hierarquia de preferências relativamente às diversas formas de financiamento à disposição da empresa. Essa abordagem defende que as oportunidades de investimento das empresas sejam primeiramente financiadas por fundos gerados internamente, depois por emissão de dívida e, depois, apenas como último recurso, por emissão de capital. Em primeiro lugar, as que são mais afetadas pelos custosde informação e oferta e que, ao mesmo tempo, possuem menor risco, sendo, nelas, os fundos gerados internamente. Em segundo lugar, optam por fontes de financiamento que possuem um nível inferior de risco, consequentemente, um custo menor; e depois, pelas que possuem um nível superior. Em terceiro e último lugar, optam pela fonte de financiamento que possui mais custos de informação, sendo essa a emissão de capital próprio. De um modo geral, a Teoria de PeckingOrder é mais consistente do que a Teoria de Trade-Off para explicar a estrutura de capital das companhias abertas brasileiras. Deveria haver uma relação positiva entre o nível de crescimento e o endividamento das empresas, porque as empresas com maiores taxas de crescimento, que demandam mais recursos do que podem gerar, tenderiam a buscar fora delas esses recursos necessários à expansão. PDF exclusivo para SHEILA MACIEL PINTO - sheymaciel@gmail.com sheymaciel@gmail.com Decisões de Estrutura e Custo do Capital Página 15 REFERÊNCIAS AZEVEDO, A. L. A emergência da empresa virtual e os requisitos para os sistemas de informação. Gestão&Produção, v. 7, n. 3, p. 208-225, dez. 2000. BAKER, D. et al. Awareness provisioning in collaboration management. International Journal of Cooperative Information Systems, v. 11. n.3-4, set./dez. 2002. BRITO, Giovani Antonio Silva; CORRAR, Luiz João; BATISTILLA, Flávio Donizete. Fatores determinantes da estrutura de capital das maiores empresas que atuam no Brasil. USP. [s.d.]. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/rcf/article/view/34211>. Acesso em: 21 jun. 2020. DRUCKER, P. F. A administração na próxima sociedade. São Paulo: Nobel, 2002. GIL ESTALLO, M. A. et al. The new organizational structure and its virtual functioning. International Advances in Economic Research, v. 6, p. 241-248, maio 2000. GIOSA, L. A. 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