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Documento não controlado - AN03FREV001 104 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação Documento não controlado - AN03FREV001 105 CURSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO MÓDULO V Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. Documento não controlado - AN03FREV001 106 MÓDULO V 5 CONCEITO DE CONTRATOS ADMINISTRATIVOS Contrato é todo acordo de vontades, firmado livremente pelas partes, para criar obrigações e direitos recíprocos. Em princípio, todo contrato é negócio jurídico bilateral e comutativo, isto é, realizado entre pessoas que se obrigam a prestações mútuas e equivalentes em encargos e vantagens. Como pacto consensual, pressupõe liberdade e capacidade jurídica das partes para se obrigarem validamente, como negócio jurídico, requer objeto lícito e forma prescrita ou não vedada em lei. Assim, contrato é um negócio jurídico bilateral, um acordo de vontades, com a finalidade de produzir efeitos no âmbito do Direito. Contrato é uma convenção estabelecida entre duas ou mais pessoas, para constituir, regular ou extinguir entre elas uma relação jurídica patrimonial. Caracteriza-se pela participação do Poder Público, como parte predominante, e pela finalidade de atender a interesses públicos. Contrato administrativo é o ajuste que a administração, nessa qualidade, celebra com pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, para a consecução de fins públicos, regulando regime jurídico de direito público. Para Hely Meirelles o contrato administrativo, “é o ajuste que a Administração Pública, agindo nessa qualidade, firma com o particular ou com outra entidade administrativa, para a consecução de objetivos de interesse público, nas condições desejadas pela própria Administração.” (MEIRELLES, 2005, página 59). Já José Cretella Júnior entende contrato administrativo como, “todo acordo oposto de vontades de que participa a Administração e que, tendo por objetivo direto a satisfação de interesses públicos, está submetido a regime jurídico de Direito Público, exorbitante e derrogatório do direito comum”. (CRETELLA JÚNIOR, 2004, página 298). Documento não controlado - AN03FREV001 107 Os contratos da administração são regidos pelo direito privado, quando nestes contratos a administração encontra-se em uma situação de equilíbrio contratual. Temos como exemplo a locação, em que a administração é locatária. E também são regidos pelo direito público ou simplesmente contratos administrativos quando nestes contratos a administração tem privilégios que o contratado não tem, sendo uma relação desequilibrada. A existência desses privilégios deve-se aos interesses que o Poder Público representa. Os contratos administrativos podem ser de colaboração e de atribuição. Contrato de colaboração é todo aquele em que o particular se obriga a prestar ou realizar algo para a Administração, como ocorre nos ajustes de obras, serviços ou fornecimento. Contrato de atribuição é o que a Administração confere determinadas vantagens ou certos direitos ao particular, tal como o uso especial de bem público. O primeiro contrato é firmado no interesse da Administração, o segundo é realizado no do particular, desde que não contrarie o interesse público. O contrato administrativo é firmado entre a Administração e pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, segundo normas de direito público (com características próprias, que são as cláusulas exorbitantes, derrogatórias do direito privado), com o propósito de suprir suas necessidades públicas. Como exemplo, temos o contrato de fornecimento de merenda escolar. É contrato de adesão, bilateral, formal, consensual, oneroso, comutativo e intuitu personae e, em certas situações, personalíssimo. A Administração Pública também celebra contratos privados, que não tem prerrogativas especiais, os chamados contratos da Administração Pública. Temos como exemplo quando a Administração Pública aluga apartamento para servidor, o faz baseando-se na lei de locações e não em lei especialmente criada para contratos com a Administração. O contrato administrativo exige licitação prévia, só dispensada, dispensável ou inexigível nos casos expressamente previstos em lei. A competência para legislar sobre contratos administrativos é exclusiva da União nos termos da CF, art. 22, XXVII, que editará normas gerais, á normas gerais, cabendo às demais entidades da federação a competência para editar normas específicas. Documento não controlado - AN03FREV001 108 5.1 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS O contrato administrativo é sempre consensual e, em regra, formal, oneroso, comutativo e realizado intuitu personae. Assim, todo contrato administrativo tem como características o formalismo exigido por lei, a consensualidade entre as partes, a bilateralidade, a posição de supremacia da administração pública em relação ao contratado e o fato de que o objeto do contrato deverá estar revestido de interesse público. Em regra os contratos administrativos devem ser formados por meio de um termo que é termo administrativo ou termo de contrato. É formal porque se expressa por escrito e com requisitos especiais. São consensuais por surgirem da vontade e consentimento mútuo entre as partes envolvidas. São bilaterais porque, realizado o acordo, surgem direitos e obrigações recíprocas para ambos os contratantes. É oneroso porque remunerado na forma convencionada. É comutativo porque estabelece compensações recíprocas e equivalentes para as partes. É intuitu personae porque deve ser executado pelo próprio contratado. Além dessas características, o contrato administrativo possui outra que lhe é própria, embora externa, como sendo a exigência de prévia licitação, sendo dispensável nos casos expressamente previstos em lei. 5.2 ESPÉCIES DE CONTRATOS Os principais contratos administrativos são: contrato de obra pública, contrato de serviço. Contrato de obra pública: Documento não controlado - AN03FREV001 109 É todo ajuste administrativo que tem por objeto uma construção, uma reforma ou uma ampliação de imóvel destinado ao público ou ao serviço público. Ou seja, contratos de obra pública são aqueles em que o objeto convencionado consiste em construir, reformar, fabricar ou ampliar um determinado bem público, como exemplo, temos a construção de uma ponte, reforma de uma escola, ampliação de um hospital. Assim, pode ser classificado em equipamento urbano (ruas, praças, estádios, monumentos, calçamentos e canalizações); redes de energia elétrica e de comunicação, viadutos túneis, metrôs, dentre outros melhoramentos para a cidade, equipamentos administrativos (instalações e aparelhamentos para o serviço administrativo geral), empreendimentos de utilidade pública (ferrovias, rodovias, pontes, portos, aeroportos, represas, usinas hidrelétricas e demais construções de interesse coletivo), edifícios públicos (sedes de governo, escolas, repartições públicas, presídios, hospitais, etc.). Sabemos que a execução de uma obra pode dar-se mediante empreitada por preço global, por preço unitário, integral ou por tarefa. Assim, o contrato de obra pública admite duas modalidades de regime de execução. São elas, empreitada e tarefa. Pelo contrato de empreitada, que é maisusado, a Administração comete ao particular a execução de obra por sua conta e risco, mediante remuneração previamente ajustada previsto no art. 6°, VIII da lei 8.666/93 e arts. 610 a 626 do CC. Sendo assim, o empreiteiro de obra pública não goza de inteira liberdade na execução do contrato, sujeitando-se à fiscalização da administração, podendo resultar multas e outras consequências. Quanto ao modo de remuneração, o regime de empreitada pode ser por preço global, por preço unitário ou integral. Empreitada por preço global é aquela em que se ajusta à execução por preço certo, embora reajustável. Sendo assim, reajustado de acordo com a necessidade e o pagamento pode ser parcelado, nas datas prefixadas ou na conclusão da obra. Empreitada por preço unitário é a em que se contrata a execução por preço certo de unidades determinadas, assim, o preço é ajustado por unidades, que pode ser por metros quadrados de muro levantado, como Documento não controlado - AN03FREV001 110 metros cúbicos de concreto fundido, e o pagamento feito após o recebimento de cada unidade pela Administração. Empreitada Integral ocorre quando se contrata o empreendimento em sua integralidade, compreendendo todas as etapas das obras, serviços e instalações necessárias, sob responsabilidade do contratado até a sua entrega ao contratante. O regime de Tarefa é aquele em que a execução de pequenas obras ou de parte de uma obra é ajustada por preço certo. Global ou unitário, com pagamento efetuado periodicamente, após a verificação ou a medição feita pelo fiscal do órgão contratante. Ocorre, geralmente, com as reformas e ampliações de pequeno vulto. Contrato de serviços Contrato de serviço é todo ajuste administrativo que tem por objeto uma atividade prestada à Administração, para atendimento de suas necessidades ou de seus administrados. Os serviços podem ser comuns ou técnicos profissionais (generalizados ou especializados): Serviços comuns são todos aqueles que não exigem habilitação para a sua execução, podendo ser realizado por qualquer pessoa, ou seja, independem de habilitação específica, especial e não são privativos de categoria profissional, devendo ser contratados sempre por licitação, salvo se dispensável em razão do valor do contrato. Por exemplo, contrato para pintar um prédio, limpeza e conservação de prédios. Admite empreitada e tarefa. Serviços profissionais exigem habilitação especial que pode ser o registro do profissional ou a conclusão de curso técnico ou universitário. Podem ser generalizados ou especializados: Serviços profissionais especializados carecem de habilitação profissional e exigem o emprego de conhecimentos técnicos e científicos incomuns, podendo autorizar a contratação direta ante a inexigibilidade da licitação. Os serviços especializados são, por exemplo, planejamento de projeto, perícias, pareceres e avaliações em geral, consultorias, auditorias, etc. Documento não controlado - AN03FREV001 111 Os serviços técnicos profissionais generalizados são os que não demandam maiores conhecimentos, teóricos ou práticos, que os normalmente exigidos do profissional, exige licitação, porque há sempre a possibilidade de competição entre os que os executam em igualdade de condições e em caráter profissional. Já os contratos de trabalhos artísticos são os que visam à realização de obras de arte, em qualquer dos campos das chamadas belas artes. A contratação pela administração exige licitação. Existem outros contratos, tais como: Contrato de gerenciamento Para os grandes e complexos empreendimentos de engenharia tem-se adotado o contrato de gerenciamento. Trata-se do contrato pelo qual o Poder Público transfere ao contratado a condução de um empreendimento (assessoria, consultoria, fiscalização), conservando a Administração, porém, a capacidade decisória (os serviços que deverão ser contratados, os custos, a imposição de penalidades, etc.). É atividade de mediação, representativo de serviço técnico profissional especializado, comum nas grandes obras (como nas hidroelétricas, rodovias, etc.). Será o particular o controlador, condutor, gerenciador da obra, atuando como mediador. Nesta espécie de contrato, a Administração remunera o custo e a comissão devida pelos serviços do contratado, que tem amplas atribuições como contratar pessoas, adquirir bens e equipamentos, executar os serviços. O contrato de gerenciamento não se confunde com a figura da “Administração contratada” (que foi objeto de veto presidencial, foi proibida), em que não há previsão do custo final e ausência de controle pela Administração. Contrato de fornecimento Documento não controlado - AN03FREV001 112 Contratos de fornecimento são aqueles que se destinam à aquisição de bens móveis essenciais à execução dos serviços administrativos, como por exemplo, a compra de instrumentos cirúrgicos. É o ajuste administrativo pelo qual a Administração adquiriu coisas móveis como materiais, produtos industrializados, gêneros alimentícios. Ou ainda, são os contratos de compra que preveem a aquisição de bens móveis pela Administração, tais como materiais ou produtos de qualquer natureza. Identificam-se aos contratos de compra regidos pelo direito privado. As aquisições devem ser licitadas, salvo se o valor autorizar a dispensa de licitação. Pode ser de três modalidades: integral, exaure-se com a entrega de uma só vez da coisa adquirida; parcelada, que é entrega parcelada de uma quantidade predeterminada, em um número de vezes definido, com uma entrega final pré-estipulada; fornecimento contínuo, em que a entrega e o pagamento é sucessivo, de acordo com a necessidade, ou com datas e quantidades prefixadas, mas sem quantidade ou termo final; contrato de concessão – a concessão pode ser de obra pública, de serviço público e de uso de bem público. Contrato de gestão É o ajuste celebrado pelo Poder Público com órgão ou entidade da administração direta, indireta e entidades privadas qualificadas como ONG’s. Contrato de concessão Contratos de concessão são contratos pelos quais a administração pública, titular de um bem, transfere a outrem algumas faculdades inerentes a esse bem. Ou seja, contrato de concessão é o contrato pelo qual a Administração transfere ao particular a execução de uma obra pública, a fim de que seja executada por conta e risco do contratado. A remuneração será paga pelos beneficiários da obra ou usuários dos serviços dela decorrentes, como ocorre com as praças de pedágio. Exige a realização de licitação, na modalidade de concorrência, e depende de lei que o autorize. Documento não controlado - AN03FREV001 113 Daí a tripartição da concessão em concessão de serviço público, concessão de obra pública e concessão de uso de bem público. O contrato de concessão de serviço público é o contrato que tem por objeto a transferência da execução de um serviço do Poder Público ao particular, que se remunerará dos gastos com o empreendimento, aí incluídos os ganhos normais do negócio, por meio de uma tarifa cobrada ao usuário. A concessão de serviço público está prevista na Constituição Federal em seu art. 175. O contrato de concessão de obra pública é o ajuste administrativo que tem por objeto a delegação a um particular da execução e exploração de uma obra pública ou de interesse público, para uso da coletividade, mediante remuneração ao concessionário, ou por tarifa. O contrato de concessão de uso de bem público é destinado a outorgar ao particular a faculdade de utilizar um bem da Administração, segundo a sua destinação específica, tal como um hotel, restaurante, um logradouro turístico, etc. A concessão de uso pode ser remunerada ou não. Contrato de consórcio público É o ajuste que entes federados celebram precedido de protocolode intenções e aprovação legislativa, no qual delegam a gestão associada de serviços públicos e a realização de objetivos de interesses comuns, de conformidade com as normas legais, as cláusulas do protocolo e as do próprio contrato. 5.3 FORMALIZAÇÃO, EXECUÇÃO E INEXECUÇÃO 5.3.1 Formalização Instrumento do contrato administrativo Documento não controlado - AN03FREV001 114 É, em regra, termo, em livro próprio da repartição contratante, ou escrituras públicas, nos casos exigidos em lei. As regras de formalização se aplicam a qualquer espécie de contrato, independentemente de regime jurídico, por exemplo, concessão de direito real de uso tem que ser celebrado por escritura pública. O contrato verbal constitui exceção, pois os negócios administrativos dependem de comprovação documental e de registro nos órgãos de controle interno. Além do termo de contrato, obrigatório nos casos que exigem concorrência e tomada de preços, os ajustes administrativos podem ser formalizados mediante outros documentos hábeis, tais como, carta contrato, nota de empenho de despesa, autorização de compra e ordem de serviço. São instrumentos de contrato administrativo, expedidos pela administração e aceitos pela outra parte, expressa ou tacitamente, para a formalização do ajuste. Conteúdo do contrato É a vontade das partes expressa no momento de sua formalização. Daí a necessidade de cláusulas que fixem com fidelidade o objeto do ajuste e definam com precisão os direitos, obrigações, encargos e responsabilidades dos contratantes, em conformidade com o edital e a proposta vencedora. Cláusulas essenciais Todo contrato administrativo possui cláusulas essenciais ou necessárias e cláusulas acessórias ou secundárias, pois elas fixam o objeto do ajuste e estabelecem as condições fundamentais para a sua execução, estas complementam e esclarecem a vontade das partes. Assim, são cláusulas necessárias em qualquer contrato administrativo as que definam o objeto e seus elementos característicos, estabelecem o regime de execução da obra ou do serviço, fixam o preço e as condições de pagamento, os critérios de reajustes e de atualização monetária, etc. Documento não controlado - AN03FREV001 115 Garantias para a execução do contrato As leis administrativas facultam à administração a exigência de garantia a fim de assegurar a execução do contrato. As principais garantias usualmente exigidas pela administração para assegurar o cumprimento de seus contratos são caução, fiança bancária e seguro-garantia. Caução é toda garantia em dinheiro ou em títulos da dívida pública. É uma reserva de numerário ou de valores que a administração pode utilizar sempre que o contrato faltar a seus compromissos. Fiança bancária é garantia fidejussória fornecida por um banco que se responsabiliza perante a administração pelo cumprimento das obrigações do contratado. Seguro- garantia é a garantia oferecida por uma companhia seguradora para assegurar a plena execução do contrato. 5.3.2 Execução Executar o contrato é cumprir suas cláusulas segundo a comum intenção das partes no momento da sua celebração. Executar contrato é cumpri-lo no seu objeto, nos seus prazos e nas suas condições, como veremos a seguir. No que toca aos Direitos e Obrigações das partes, o contrato administrativo, como qualquer contrato deve ser executado fielmente, exercendo cada parte seus direitos e cumprindo suas obrigações. O principal direito da administração, além do que consta nas cláusulas contratuais e nos regulamentos próprios da espécie, é exercer suas prerrogativas diretamente, isto é, sem a intervenção do judiciário, ao qual cabe ao contratado recorrer sempre que não concordar com as pretensões da administração e não lograr compor-se amigavelmente com ela. O principal direito do contratado é o de receber o preço, nos contratos de colaboração de execução de obras, serviços e fornecimento, na forma e no prazo convencionado. As obrigações da administração reduzem-se ao pagamento do preço ajustado. Outra obrigação é a entrega do local da obra ou Documento não controlado - AN03FREV001 116 do serviço na espécie e nas condições que permitam ao contratado a regular execução do contrato. Nesse encargo da administração compreendem-se as desapropriações necessárias, as interdições de trânsito e demais atos de autoridade que só o poder público pode praticar. Quanto ao particular, ao lado da prestação do objeto do contrato, que é a principal, existem outras obrigações exigíveis, tais como, o emprego de material apropriado, atendimento dos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais decorrentes da execução do contrato e etc. Os contratos administrativos preveem a possibilidade de controle e fiscalização a ser exercido pela própria Administração. A fiscalização da execução do contrato de trabalho abrange a verificação do material e do trabalho, admitindo testes, provas de carga, etc. A finalidade é assegurar a perfeita execução do contrato, ou seja, a exata correspondência dos trabalhos com o projeto ou com as exigências previamente estabelecidas pela administração. Com relação ao prazo de duração dos contratos administrativos, o termo máximo de vigência dos contratos administrativos deve ficar adstrito à vigência dos respectivos créditos orçamentários, exceto quanto aos relativos aos projetos cujos produtos estejam contemplados nas metas de plano plurianual. 5.3.3 Inexecução É o descumprimento de suas cláusulas, total ou parcial. Culposa ou não. Pode ocorrer por ação ou omissão, culposa ou sem culpa, de qualquer das partes, caracterizando o retardamento ou o descumprimento integral do ajustado. Qualquer dessas situações pode ensejar responsabilidades para o inadimplente e até mesmo propiciar a rescisão do contrato. Quando o contratado descumpre obrigações contratuais ou realiza ato que de acordo com regimes jurídicos não poderia fazê-lo; quando não há mais interesse público ou conveniência a mantença do contrato. A inexecução ou Documento não controlado - AN03FREV001 117 inadimplência culposa é a que resulta de ação ou omissão da parte, decorrente de negligência, imprudência ou imperícia no atendimento das cláusulas contratuais. Tanto pode se referir aos prazos contratuais (mora), como ao modo de realização do objeto de ajuste, como a sua própria consecução. É previsto para esse caso multas e até a rescisão do contrato, com a cobrança de perdas e danos, a suspensão provisória e a declaração de idoneidade para contratar com a administração. Quando a rescisão se dá por culpa do contratado a Administração Pública terá direito: Assunção imediata do objeto do contrato; tratando-se de serviço essencial; Ocupação das instalações, material, equipamentos e, inclusive, funcionários, para dar continuidade ao contrato em razão do princípio da continuidade do serviço público essencial; A administração poderá executar a garantia prestada; Retenção dos créditos decorrentes do contrato até os limites dos danos. Sendo assim, o descumprimento do pactuado pelo contratado leva à imposição de sanções, penalidades e à apuração da responsabilidade civil. Vale dizer, o descumprimento total ou parcial pode ensejar a apuração de responsabilidade civil, criminal e administrativa do contratado, propiciando, ainda, a rescisão do contrato. Já a inexecução sem culpa é a que decorre de atos ou fatos estranhos à conduta da parte, retardando ou impedindo totalmente a execução do contrato. Nesses casos, seria provinda de força maior, caso fortuito, etc. Força maior e caso fortuito são eventos que, por sua imprevisibilidade e inevitabilidade, criam para o contrato impossibilidade intransponível de normal execução do contrato. No caso de força maior, temos uma greve queparalise os transportes ou a fabricação de um produto de que dependa a execução do contrato. No caso fortuito, é o evento da natureza, como por exemplo, um tufão, inundação. Documento não controlado - AN03FREV001 118 5.4 REVISÃO E RESCISÃO DO CONTRATO ADMINISTRATIVO 5.4.1 Revisão A revisão do contrato, ou seja, a modificação das condições de sua execução pode ocorrer por interesse da própria administração ou pela superveniência de fatos novos que tornem inexequível o ajuste inicial. É o procedimento adotado pelas partes quando ocorre um fato superveniente ao contrato, com o objetivo de restabelecer o seu equilíbrio econômico financeiro. Isto é, ocorre quando o equilíbrio econômico-financeiro é rompido por um fato superveniente à celebração do contrato, de natureza imprevista e imprevisível e visa seu restabelecimento. Os contratantes podem manter o equilíbrio econômico-financeiro por meio das medidas de reajuste e revisão de preço. Assim, reajuste é o procedimento preventivo adotado pelas partes no momento da celebração do contrato, com objetivo de preservá-las dos efeitos da desvalorização da moeda, mantendo o equilíbrio econômico-financeiro e revisão de preço é o procedimento adotado pelas partes quando ocorre um fato superveniente ao contrato, com o objetivo de restabelecer o seu equilíbrio econômico-financeiro. Quanto ao interesse da administração, é quando o interesse público exige a alteração do projeto ou dos processos técnicos de sua execução, com aumento de encargos. Quanto à superveniência de fatos, é quando sobrevêm atos de governo ou fatos materiais imprevistos e imprevisíveis pelas partes, o qual dificulta ou agrava a conclusão do objeto do contrato. É bom lembrar que, em qualquer destes casos, o contrato é passível de revisão, para adequação à nova realidade e recomposição dos preços, em face da situação emergente. Importante frisar que não se trata do reajustamento de preço constante do contrato, mas sim de revisão do próprio ajuste diante de circunstâncias e fatos imprevistos, imprevisíveis e estranhos ao acordo inicial das partes. Nessa Documento não controlado - AN03FREV001 119 revisão ocorre, nas interferências imprevistas, além do caso fortuito, força da administração, de força maior, etc. 5.4.2 Rescisão Rescisão é o desfazimento do contrato durante sua execução por inadimplência de uma das partes, ou seja, é o término do contrato durante a execução por inadimplência de uma das partes, pela superveniência de eventos que impeçam ou tornem inconveniente o prosseguimento do ajuste. A rescisão pode efetivar-se por várias formas: por rescisão administrativa, por acordo entre as partes, rescisão amigável e por rescisão judicial e por pleno direito. Rescisão administrativa É efetivada por ato próprio e unilateral da administração, por inadimplência do contrato ou por interesse do serviço público. Por inadimplência do contratado ocorre quando este descumpre cláusulas essenciais do contrato, retardando ou paralisando sua execução ou desvirtuando seu objeto. Por interesse público tem por fundamento a variação do interesse público, que autoriza a cessação do ajuste quando este se torna inútil ou prejudicial à coletividade. Rescisão amigável É a que realiza por mútuo acordo entre as partes, para a extinção do contrato e acerto dos direitos dos distratantes. Opera efeitos a partir da data em que foi firmada, embora possam ser fixados direitos e obrigações dos distratantes com eficácia retroativa ou posterior, como por exemplo, a fluência de juros sobre débitos anteriores, o pagamento futuro de créditos e outras relações negociais decorrentes do contrato que vai extinguir. Documento não controlado - AN03FREV001 120 Rescisão judicial É decretada pelo Poder Judiciário em ação proposta pela parte que tiver direito à extinção do contrato, ou seja, é determinada pelo Poder Judiciário, sendo facultativa para a Administração, esta, se quiser, pode pleitear judicialmente a rescisão. O contratado somente poderá pleitear a rescisão, judicialmente. Assim, essa rescisão pode ser obtida pelo particular ou pela administração. Rescisão de pleno direito É a que se verifica independentemente de manifestação de vontade de qualquer das partes, diante da só ocorrência de fato extintivo do contrato previsto em lei, no regulamento ou no próprio texto de ajuste, tais como, a dissolução da sociedade, falecimento do contratado, a falência da empresa e demais eventos de efeitos semelhantes. A rescisão de pleno direito pode dar- se com ou sem indenização, conforme previsto em norma legal ou regulamento. 5.5 CLÁUSULAS DE PRIVILÉGIOS OU EXORBITANTES O contrato administrativo possui certas peculiaridades que constituem, genericamente, as chamadas cláusulas exorbitantes, explícitas ou implícitas em todo contrato administrativo. Portanto, as cláusulas de privilégios também são chamadas de cláusulas exorbitantes, são prerrogativas conferidas à administração pública no contrato administrativo em razão de sua posição de supremacia sobre o contrato. Assim, as cláusulas exorbitantes nos contratos administrativos são deferidas prerrogativas para a Administração que exorbitam do direito privado, em posição de superioridade. Recebem o nome de “cláusulas exorbitantes”. Documento não controlado - AN03FREV001 121 Assim, cláusulas exorbitantes são as que excedem do direito comum para consignar uma vantagem ou uma restrição à administração ou ao contratado. Essas cláusulas podem consignar as mais diversas prerrogativas, no interesse do servidor público, como a ocupação do domínio público, o poder expropriatório e a atribuição de arrecadar tributos, concedidos ao particular contratado para a cabal execução do contrato. As principais cláusulas exorbitantes são as que se exteriorizam na possibilidade de alteração, rescisão unilateral contratual, no equilíbrio econômico e financeiro, na revisão de preços e tarifas, na inoponibilidade de exceção de contrato não cumprido, no controle do contratado, na ocupação provisória e na aplicação de penalidades contratuais pela Administração. Então, as prerrogativas da administração pública são a alteração e rescisão unilaterais do contrato e fiscalização da sua execução, aplicação de sanções e ocupação provisória de bens móveis e imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato, nos termos da lei. A Administração Pública deve, em defesa do interesse público e desde que assegurada a ampla defesa em processo administrativo, promover a alteração do contrato, ainda que discordante o contratado. A possibilidade de alteração do que fora pactuado sempre se sujeita à existência de necessidade coletiva, de interesse público. A alteração pode ser qualitativa quando é preciso modificar o projeto para a melhor adequação técnica ou modificação quantitativa quando é preciso modificar a quantidade do objeto do contrato. Ao particular restará, se for o caso, eventual indenização pelos danos que vier a suportar, como por exemplo, a possibilidade da Administração rever unilateralmente as tarifas contratualmente fixadas, sem a concordância do contratado, apenas mantendo o equilíbrio econômico-financeiro. O equilíbrio financeiro ou econômico do contrato administrativo é a relação estabelecida inicialmente pelas partes entre os encargos do contratado e a retribuição da administração para a justa remuneração do objeto de ajuste. Assim, ao usar do seu direito de alterar unilateralmente as cláusulas regulamentares do contrato administrativo, a administração não pode violar o direito do contrato de ver mantida a equação financeira originariamente Documento não controlado - AN03FREV001 122 estabelecida, cabendo-lhe operar os necessários reajustes econômicos para orestabelecimento do equilíbrio financeiro. Na interpretação do contrato administrativo não se pode negar, portanto, o direito de a administração alterar as cláusulas regulamentares para atender ao interesse público, mas por outro lado, não se pode também deixar de reconhecer a necessidade do equilíbrio financeiro e da reciprocidade e equivalência nos direitos e obrigações das partes, devendo-se compensar a supremacia da administração com as vantagens econômicas estabelecidas no contrato em favor do particular contratado. -------------------------FIM DO MÓDULO V-----------------------------
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