Buscar

Tábua V

Prévia do material em texto

4 
 
 
 
FACULDADE PITÁGORAS 
BACHARELADO EM DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 Leomar da Silva Rocha Cel: 94-99230-1739 
 Ailton Souza Dias Cel: 94- 99257-1946 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEI DAS XII TÁBUAS 
 
V TÁBUA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MARABÁ-PA 
2021 
5 
 
 
 
 
 
 
LEI DAS XII TÁBUAS 
V TÁBUA 
 
 
 
 
Trabalho apresentado como parte dos requisitos 
necessários para a obtenção de créditos da disciplina 
Fundamentos Históricos e Introdução ao Estudo do 
Direito, ministrada pela professora: Ceres Ramos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MARABÁ – PA 
2021 
RESUMO 
 
 
No presente artigo, busca-se apresentar institutos da lei das XII tábuas, em atípico do 
direito privado que possuem ligação com o direito notarial e regional. Ela nasceu da insatisfação 
popular que havia com as decisões dos magistrados da época. Como não havia um conjunto de 
leis estáveis, as partes ficavam sujeitas a arbitrariedade do julgador. É conhecida como a 
primeira lei romana, com data provável de promulgação em torno de 417 a. C. Foi redigida por 
magistrados designados por decemviri legibus scribundis, e afixada em 12 tábuas de madeira, 
acrescidas posteriormente de mais duas, tendo o conjunto original desaparecido durante a 
deflagração do incêndio de Roma de 390 a.C. 
A sua existência significou a transição de um sistema baseado num direito de tipo 
consuetudinário para uma lei escrita, resultando num evidente aumento da segurança e do rigor 
6 
 
legal, contribuindo, de igual modo, para a laicização da jurisprudência. 
As doze tábuas dividem-se da seguinte forma: as I-III dizem respeito a normativas do direito 
processual; a tábua IV trata de normas legais sobre a família; a V de sucessões; a VI e VII do 
direito de propriedade; as VIII a XI do direito penal; e a tábua XII do direito público. 
 
 
 
 
1 – INTRODUÇÃO 
A compreensão da Lei das XII Tábuas é facilitada mediante o conhecimento e a reflexão 
dos fatos históricos que a antecederam e que contribuíram para sua criação. 
Como se sabe, a primeira forma de governo adotada pelos romanos foi a Realeza, que 
perdurou das origens de Roma até, segundo a tradição, a expulsão do sétimo rei romano, 
Tarquínio, o Soberbo, de origem etrusca, em 510 a.C., por meio de uma revolução que 
idealizava atribuir a administração da civitas ao povo. Em 510 a.C., em reação ao domínio 
monárquico, funda-se a República. No entanto, a constituição original da Res Publica é exemplo 
típico de uma oligarquia pura. Afinal, foi a nobreza dos primórdios da Realeza, o patriciado, 
quem instigou e foi responsável pela extinção da monarquia popular dos reis etruscos. 
(MADEIRA, 2012). 
Porém, diante dos privilégios mantidos apenas aos patrícios, como o acesso aos 
consulados e as demais magistraturas republicanas, aliadas as graves dificuldades econômicas 
que proporcionavam um enorme endividamento da população foram em grande medida 
responsáveis pelo nascimento de uma nova classe social, a plebe, que segundo HUMBERT 
(1997), é uma realidade política rigorosamente definida e que representa uma fração da cidade 
que se colocou em oposição duradoura contra a organização oficial ou patrícia da Cidade. 
Portanto do mesmo modo em ocorreu na revolução aristocrática em que nasceu a república, os 
plebeus deram início a segunda revolução. 
Segundo MADEIRA (2012) a os plebeus saem de Roma em 494 a.C. e se instalam no 
Monte Sagrado, a alguns quilômetros de Roma, onde votam as leges sacratae, cuja observância 
juram impor com força revolucionária. Seu retorno à Roma foi condicionado ao 
reconhecimento da primeira magistratura plebéia: o Tribunato da Plebe. 
7 
 
Esta magistratura plebeia era eleita anualmente nos concilia plebis, inicialmente pelo 
número de dois, e tinham como prerrogativas como proteger os plebeus que se sentissem 
ameaçados em sua pessoa ou seus bens pelo poder de imperium. 
Porém apenas no ano de 462 a.C, inicia-se um movimento plebeu a favor de um corpo 
de leis escritas que pudessem limitar o poder de imperium dos cônsules. Contundo tal proposta 
foi duramente criticada diante do Senado pelo prefeito da Cidade, Quinto Fábio, e 
provisoriamente foi abandonada, de maneira que apenas cinco anos mais tarde, quando os 
tribunos fizeram uma proposta mais razoável aos patrícios é que os plebeus conseguiriam força 
suficiente para assegurar igualdade e liberdade úteis tanto a plebeus quanto patrícios. 
Foi então que, em 454 a.C., como decorrência de um acordo entre os patrícios e plebeus, 
enviou-se a Atenas alguns senadores encarregados de estudar as célebres Leis de Sólon. No 
início de 451 a.C., como os tribunos insistissem cada vez mais para que finalmente fosse 
iniciada a elaboração das leis, foi eleito para tanto um colégio de dez legisladores (decemviri 
legibus scribundis), todos patrícios. 
Deste modo, após eleitos, no primeiro ano, os decenviros cumpriram com toda 
dedicação as funções que lhes foram delegadas e cuidaram da elaboração de dez tábuas. Para a 
elaboração das normas os legisladores tomaram como base os entendimentos gerais dos juizes 
e os costumes do povo de Roma, além dos estudos que fizeram nas leis da Grécia. Após a 
elaboração de dez tábuas surgiu a necessidade de se criar mais duas no ano posterior. 
Após a conclusão dos trabalhos legislativos o povo se questionou acerca da necessidade 
de manutenção do decenvirato no poder, uma vez que já haviam cumprido o seu papel. O povo 
com a ajuda do Senado revoltou-se contra os decenviros e os retirou do poder. Foram então 
eleitos cônsules M.Valério e M. Horácio, os quais teriam publicado a lei das doze tábuas em 
bronze e afixado em local público (FERREIRA, 2012) 
Cabe ressaltar que o texto original completo da lei das XII tábuas não chegou até a 
modernidade, sendo que atualmente, o que se existe é um intenso trabalho de romanistas que 
fizeram sua reconstituição, por meio de referências diretas ou indiretas dos juristas, 
historiadores, poetas, gramáticos romanos ao conteúdo da lei. Tal situação ocorreu devido ao 
fato de que as tábuas originais, de acordo com a tradição, foram exibidas em praça pública e 
aproximadamente sessenta anos depois foram queimadas na ocasião que Roma foi incendiada. 
Neste caso, a tradição oral foi a responsável em grande parte, pela perpetuação do seu conteúdo. 
Entre os juristas mais respeitados destacam-se como comentadores da Lei: Sexto Élio Peto 
Cato, Lúcio Aeílio, Lucio E. S. Preconino, Sérvio Sulplicio Rufo, Labeão, um certo Valério e 
Gaio (MADEIRA, 2012). 
8 
 
A importância da lei das XII tábuas se deu por fatores de cunho social, pois os plebeus 
começaram a questionar a forma de governo, de certa forma queria transparência. Portanto as 
leis eram transmitidas de forma oral, o que não garantia um processo justo e quem detém as leis 
eram os patrícios que poderiam usá-las a seu favor de seus governantes. 
Diante disso, como nos dias de hoje, mostra-se a importância de uma lei mais palpável 
para o conhecimento de todos, sendo as XII Tábuas um divisor de água, pois deixa de lado 
direito arcaico consuetudinário, formalista exclusivista e do lugar outro governo que inicia a 
modernização, abandonando a religiosidade e desistriderando o exclusivismo. 
Assim sendo, as mudanças exigidas pelos plebeus através do tributo plebe Terentílio 
Arsa codificadas, que também é uma garantia de todos serem julgados de forma igualitária e 
justa. 
 
 
 
 
 
 
MAIS ESPECIFICAMENTE: 
 
A Tábua I: - chamamento a juízo; 
A Tábua II: - julgamentos e furtos; 
A Tábua III: - direitos de crédito e devedores relapsos; 
A Tábua IV: - casamento e pátrio poder; 
A Tábua V: - herança e tutela; 
A Tábua VI: - propriedade e posse; 
A Tábua VII: - delitos; 
A Tábua VIII: - direitos prediais; 
A Tábua IX: - dispositivos de Direito Público; 
A Tábua X: - direito sacro; 
As Tábuas XI e XII:- complementam as matérias das Tábuas precedentes. 
 
 
9 
 
TÁBUA QUINTA 
 
 Das heranças e tutelas 
 
1. As disposições testamentárias de um pai de família sobre os seus bens ou a tutela dos 
filhos terão a força de lei. 
2. Se o pai de família morre intestado, não deixando herdeiro seu (necessário), que o 
agnado mais próximo seja o herdeiro. 
3. Se não há agnados, que a herança seja entregue aos gentis. 
4. Se um liberto morre intestado, sem deixar herdeiros seus, mas o patrono ou os filhos 
do patrono a ele sobrevivem, que a sucessão desse liberto transfira ao parente mais próximo na 
família do patrono. 
5. Que as dividas ativas e passivas sejam divididas entre os herdeiros, segundo o quinhão 
de cada um. 
6. Quanto aos demais bens da sucessão indivisa, os herdeiros, poderão parilhá-los, se 
assim o desejarem; para esse fim o pretor poderá indicar 3 árbitros. 
7. Se o pai de família morre sem deixar testamento, ficando um herdeiro seu impúbere, 
que o agnado mais próximo seja o seu tutor. 
8. Se alguém se torna louco ou pródigo e nato sem tutor, que a sua pessoa e seus bens, 
sejam confiados à curatela dos agnados e, se não há agnados, à dos gentis. 
 
Efeitos da Lei das Doze Tábuas no direito Romano. 
 
 A Lei das doze tábuas instituiu o jus civil, a laicização do direito, e contemplou a 
família, o casamento, o divórcio e as heranças; a posse e a transferência de propriedade, os 
assaltos e as injúrias contra pessoas e bens; e as dívidas, a escravatura, a sujeição por insolvência 
com acordo das partes (nexum). 
 
 Tábua V 
Caracteriza as heranças e tutelas. Indicava que se uma pessoa morresse sem herdeiros ou 
testamento, quem receberia a herança seria o parente mais próximo. 
Esta lei garantia que os bens de uma família permaneceriam nesta mesma família, sem que 
um governante ou outra pessoa pudesse tomá-los. 
A Tábua trata de institutos como Direito hereditário e o da tutela, em caso de herança, um 
chefe de família sem herdeiro, e sem testamento será beneficiado o ente mais próximo. 
10 
 
Porém se fossem dívidas ativas e passivas, eram divididas entre todos, segundo o quinhão 
de cada um deles. Se decretado com incapacidade mental, ou pródigo, ou sem herdeiros, 
será nomeado um agnado, ou gentil a curatela. 
Lei atual 
 Partilha de bens 
O destino dos bens deixados pela pessoa que morreu considera uma série de fatores, como a 
configuração familiar na hora da morte e se havia testamento. 
 “Os tipos de testamento permitidos pelo nosso legislador atual são: testamento público, cerrado 
e particular (testamentos ordinários ou comuns), e os testamentos especiais (de utilização mais 
restrita): marítimo, aeronáutico e militar (arts.1.862 e 1.886 e incisos)”, explica o advogado. 
Ainda conforme Luiz Paulo, as pessoas que podem fazer o testamento são aquelas que no 
momento da testificação estejam plenamente conscientes (entender e querer), trazendo consigo 
a denominada capacidade testamentária ativa, prevista no art. 1.860 do CC: ‘Além dos 
incapazes não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não tiverem pleno discernimento’, sob 
pena de invalidade da disposição de última vontade. “Não podemos nos esquecer ainda ser a 
vontade do testador sagrada (o testamento é Lex Privata), projetada para além de seu decesso”. 
Os testamentos públicos devem ser feitos perante um tabelião e os particulares podem ser 
realizados pelo testador, de próprio punho ou através de meios mecânicos (art. 1.862 e incisos 
do CC). Já os testamentos especiais são aceitos em ambas as formas, a depender do testador 
(art. 1.886 e incisos do CC). Conforme Luiz Paulo Vieira, a obrigatoriedade de levar o 
testamento ao poder judiciário e não aos cartórios visa maior segurança e autenticidade, bem 
como conferir garantia à estrita obediência a vontade do testador - desde que as disposições não 
ofendam a ordem pública e as disposições legais imperativas (art. 1.899 do CC), a cédula 
testamentária deve ser mandada cumprir pelo juiz orfanológico, que é aquele que diz o Direito 
em matéria sucessória. 
Por exemplo, o testamento é uma forma de determinar como será a partilha de bens. Porém, 
para isso é necessário que o falecido tenha elaborado o documento de forma legal e feito o 
devido registro. 
Por meio do testamento, qualquer pessoa no Brasil tem liberdade total para escolher o que 
acontecerá com até metade do seu patrimônio após sua morte. Ou seja, ele pode destinar 50% 
de todo patrimônio para quem quiser, seja parente ou não, e inclusive doar para entidades, caso 
assim for seu desejo. 
Porém, os outros 50% precisam obrigatoriamente ser divididos entre os chamados herdeiros 
necessários, que são parentes próximos, como cônjuge, filhos, netos, bisnetos, pais, avós, etc. 
Claro que isso não quer dizer que todos receberão uma parte da herança, já que é necessário 
seguir uma ordem de preferência. Além disso, há casos de pessoas que teriam direito, mas são 
classificados como herdeiros indignos. Isso ocorre quando há algum crime que retira o direito 
à herança da pessoa. 
 O que acontece com a herança quando não há testamento? 
11 
 
 Se uma pessoa morre sem deixar testamento, seu patrimônio será dividido entre os 
herdeiros de acordo com a ordem da vocação hereditária, isto é, a ordem sucessória estabelecida 
pelo Código Civil. 
R E S U M O 
 Se deixar testamento, pessoa pode fazer o que quiser com até 50% do patrimônio 
 Cônjuge, companheiro ou companheira tem direito à metade, conforme o regime da união. 
 
Dívida ativa – dinheiro que o Estado tem o direito de receber de pessoas que o devem. 
Dívida passiva – dívida que o Estado tem perante outros – aqui ele é o devedor e deverá quitar 
seus compromissos. Aqui nós podemos classificar a dívida que o Estado tem que pagar em 
dívida flutuante (de curto prazo) e dívida consolidada / fundada que é a de longo prazo. 
De acordo com o artigo 1.782, do Código Civil, "a interdição do pródigo só o privará de, ser 
curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e 
praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração" 
Pelo novo Código Civil a interdição por prodigalidade tem seus limites previstos no artigo 
1.780,.. 
 
REFERÊNCIAS 
 
FERREIRA, E. O - Comentários sobre a Lei das XII Tábuas – JUSTOCANTINS – 
Disponível em https://www.justocantins.com.br/academicos-10512-comentariossobre-a-lei-
das-xii-tabuas.html acesso em: 18 de setembro de 2021. 
GUIMARÃES, Affonso Paulo - Noções de Direito Romano - Porto Alegre: Síntese, 
1999. 
HUMBERT, M. – Institutions politiques et sociales de l’Antiquité, Paris, Dalloz, 1997. 
Pg 188. 
MADEIRA, E. 2015. A LEI DAS XII TÁBUAS. Revista da Faculdade de Direito de 
São Bernardo do Campo. 13, (ago. 2015). Disponível em: 
https://revistas.direitosbc.br/index.php/fdsbc/article/view/226 Acesso em 13 de setembro de 
2021. 
PINTO, A. T - Direito penal e modernização Revista jurídica da FA7, V. 3, n. 1, p. 
118-134, abr. 2006. 
Luiz Paulo Vieira de Carvalho, Direito de Sucessões 
https://www.jusbrasil.com.br/artigos/busca?q=Luiz+Paulo+Vieira+de+Carvalho

Continue navegando