Buscar

Tema 03 - A Sociologia no Brasil e a Interpretação do Povo Brasileiro

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

01 
Tema 03: A SOCIOLOGIA NO BRASIL 
A INTERPRETAÇÃO DO POVO BRASILEIRO 
 
A Sociologia teve início no Brasil a partir das décadas de 1920 e 1930, quando os pesquisadores 
buscavam uma compreensão a partir da formação das sociedades locais pesquisando vários temas 
para essa compreensão. Assim, os pesquisadores retornaram para pesquisa referente à escravatura e 
a abolição, pesquisas sobre índios e negros e a emigração dessas populações. Compreender esses 
assuntos tornou-se fundamental, pois buscava entender a formação dessa sociedade, formação da 
cidadania, da consciência e das relações de trabalho. 
As Primeiras influencias da sociologia francesa, de Auguste conte a Émile Durkheim, chegaram 
ao Brasil ainda em fins do século XIX. As obras desses intelectuais alimentaram uma elite política 
intelectualizada e orientaram a composição do próprio estado brasileiro, principalmente no que se 
refere à tentativa de ordenar e disciplinar práticas e costumes com vistas a permitir que a sociedade, 
percebida como um organismo, fosse desenvolvida de forma “sadia”. 
Os intelectuais da área estabeleceram que iriam se dedicar a realizar pesquisas que procuravam 
construir uma compreensão a respeito da formação da sociedade brasileira. Inúmeros aspectos 
fundamentais para essa compreensão estavam em pauta para que fossem analisados. Tais como: 
 A escravatura e a abolição; 
 Índios e negros, bem como o êxodo dessas populações; 
 O processo de colonização. 
 
Euclides da Cunha 
Considerado o primeiro sociólogo brasileiro, Euclides da Cunha nasceu em 1866, no Rio de 
Janeiro. 
Em sua principal obra, Os Sertões, Euclides da Cunha tenta descrever os diversos aspectos de 
uma sociedade desconhecida para a sociedade brasileira litorânea: o interior da Bahia. Sua obra se 
divide em três grandes partes: 
 
 A Terra, na qual descreve, principalmente, o relevo, o clima, a fauna e a flora da região; 
 O Homem, na qual disserta sobre o sertanejo, morador da região; 
 A Luta, na qual o próprio autor, vivenciando a Guerra de Canudos, relata o dia a dia da luta 
entre as tropas de Antônio Conselheiro e as tropas do Império brasileiro. 
 
A sua maior contribuição para o entendimento da sociedade em sua época foi esclarecer a vida 
dos interioranos. Ainda muito litorânea, a sociedade brasileira não tinha muito conhecimento sobre o 
interior do País e a obra de Euclides da Cunha, apesar de abordar só parte do interior da Bahia, abriu 
caminho para que fosse dada maior importância às outras regiões do Brasil que não fossem litorâneas. 
 
"O sertanejo é, antes de tudo, um forte”. 
Euclides da Cunha 
 
Gilberto Freyre 
Nascido em Recife no ano de 1900, ele é considerado muito importante para a Sociologia 
brasileira. Seus estudos de pós--graduação realizados nos Estados Unidos, nos anos de 1920, deram 
 
 
 
 
02 
origem à tese A vida social no Brasil nos meados do século XIX, que serviu de base para o livro Casa-
grande & senzala (1932), obra em que Freyre discute de maneira original os sistemas econômico, 
social e político do Brasil colonial a partir da contribuição do negro e do fenômeno da miscigenação 
na formação social do país. 
Na reflexão de Freyre, o povo brasileiro foi apresentado como resultado de um encontro 
harmonioso entre três raças: brancos, negros e índios. 
Em Casa-Gande e Senzala, Freyre procurou sair do óbvio nas análises sociais: política, 
economia, sociedade em geral. Ele preferiu aprofundar-se em outros temas: vida doméstica, 
constituição familiar, formação das casas-grandes (onde viviam os senhores brancos) e senzalas (onde 
viviam os negros), para entender o engenho de açúcar e a propriedade rural como os centros do Brasil 
colonial. 
Essa visão freyreana, apesar de ter algum valor para o entendimento da vida colonial no Brasil, 
não se concretiza. As análises atuais sobre a desigualdade social, inclusive, associam verdadeiramente 
a desigualdade e a exclusão com a questão social. Talvez o ponto de partida de Freyre que o levou a 
formular a teoria da democracia racial (e que era a relação racial explicitamente segregacionista dos 
Estados Unidos) tenha o levado a perceber uma democracia racial no Brasil por haver nele uma 
relação mais branda entre negros e brancos. 
 
“Os escravos vindos das áreas de cultura negra mais adiantada foram um elemento ativo, 
criador, e quase que se pode acrescentar nobre na colonização do Brasil; degradados apenas pela 
sua condição de escravos. Longe de terem sido apenas animais de tração e operários de enxada, 
a serviço da agricultura, desempenharam uma função civilizadora”. 
Gilberto Freyre 
 
Florestan Fernandes 
Florestan Fernandes compreendeu a população brasileira não somente como miscigenada, mas 
multiétnica. Do ponto de vista econômico, a história do desenvolvimento econômico brasileiro, para 
ele, deu-se do escambo para a escravidão, desta para o ruralismo e, por fim, a urbanização e a 
industrialização. 
Florestan Fernandes foi um estudioso das relações étnico-raciais no Brasil. 
 Desigualdade Social: a desigualdade contra os pobres e moradores da periferia. O sociólogo 
chegou a contar que, mesmo com a influência de sua madrinha, os empregos que conseguiu quando 
jovem eram estigmatizados e nada melhor era oferecido a quem morava nos guetos de São Paulo. 
Havia uma desconfiança daquela gente. A desigualdade social marcou a sua infância, e, na sua visão, 
superar essa desigualdade era a única possibilidade da nossa sociedade progredir moralmente. 
 Educação: o único modo de conseguir-se uma sociedade justa e livre da desigualdade social 
era, segundo Fernandes, por meio da educação pública e de qualidade. Fernandes foi amigo e colega 
profissional do também sociólogo e antropólogo Darcy Ribeiro. Juntos, os dois elaboraram projetos 
de valorização da educação básica e contribuíram com a formulação da Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Brasileira. 
 Democracia: defensor de um ensino democrático, de uma democracia das relações sociais e 
do acesso aos serviços básicos garantidos a todos os cidadãos, Fernandes era um democrata. 
 
 
 
 
03 
Sobretudo foi defensor de relações democráticas entre negros e brancos no Brasil. A teoria de Gilberto 
Freyre de convívio harmonioso entre negros e brancos no Brasil, chamada por Fernandes de “mito 
da democracia racial”, nunca existiu em um país como o Brasil, que não conseguiu incluir o negro 
em sua sociedade capitalista. 
 
“Afirmo que iniciei a minha aprendizagem sociológica aos seis anos, quando precisei 
ganhar a vida como se fosse um adulto e penetrei, pelas vias da experiência concreta, no 
conhecimento do que é a convivência humana e a sociedade“ 
 Florestan Fernandes 
 
Darcy Ribeiro 
Darcy Ribeiro foi um antropólogo, escritor e político brasileiro que desenvolveu trabalhos 
fundamentalmente nas áreas de educação, sociologia e antropologia. Sua principal obra, “O Povo 
Brasileiro”, traz as características da população brasileira, dando ênfase em sua formação e 
organização social. Darcy Ribeiro foi um importante pensador da questão educacional, tornando-se 
defensor da ideia de uma escola pública e de qualidade, na medida em que percebeu a diferença 
existente entre a educação das elites e a dos demais brasileiros. 
 
“A estratificação social separa e opõe, assim, os brasileiros ricos e remediados dos pobres, e 
todos eles dos miseráveis, mais do que corresponde habitualmente a esses antagonismos. Nesse 
plano, as relações de classes chegam a ser tão infranqueáveis que obliteram toda comunicação 
propriamente humana entre a massa do povo e a minoria privilegiada, que a vê e a ignora, a 
trata e a maltrata, a explora e a deplora, como se esta fosse uma conduta natural.” 
Darcy Ribeiro 
 
Octavio Ianni 
Um dos mais prestigiados sociólogos, Octavio Ianni discutiu em suas diversas obras como 
classe social e raça aparecem de maneira entrelaçada na história brasileira.Segundo Ianni, após a abolida da escravidão, em 1888, o cativo africano deixou de ser 
designado escravo, mas passou a designar-se negro, refletindo a perpetuação do preconceito. Nesse 
sentido, o preconceito deixa de ser de classe (cativo × liberto; escravo × cidadão), transformando-se 
em preconceito racial, marcando a inferioridade socioeconômica, política, educacional e cultural de 
uma imensa parcela da população não branca 
 
“A globalização está presente na realidade e no pensamento, desafiando grande número de 
pessoas em todo o mundo. A despeito das vivências e opiniões de uns e outros, a maioria 
reconhece que esse problema está presente na forma pela qual se desenha o novo mapa do 
mundo, na realidade e no imaginário”. 
Octavio Ianni 
 
Caio Prado Júnior 
Caio Prado Júnior é um dos grandes nomes da historiografia brasileira. Foi historiador e 
economista, mas sua obra coloca-o entre os grandes nomes da sociologia clássica brasileira do século 
XX. Foi, como Sérgio Buarque de Holanda e Gilberto Freyre, um intérprete do Brasil. 
 
 
 
 
04 
Sua análise de cunho marxista credencia-o como pioneiro na formação de uma corrente 
sociológica marxista especificamente brasileira. 
Para Caio Prado Júnior, o não desenvolvimento brasileiro fazia parte de sua formação colonial; 
por três séculos, o País foi alvo de exploração portuguesa. As riquezas e os recursos brasileiros não 
ficavam aqui, eram captados pela metrópole e levados à Europa, "para fornecer tabaco, açúcar, alguns 
outros gêneros; mais tarde, ouros e diamantes; depois, algodão, e em seguida café, para o comércio 
europeu" 
 
“O grande problema brasileiro é levantar o nível dessa massa da população, porque cultura 
é um fato coletivo, e não individual. É preciso usar o máximo dos recursos do país para dar 
saúde e educação para essa massa”. 
Caio Prado Júnior 
 
Sérgio Buarque de Holanda 
Sérgio Buarque de Holanda dedicou-se, desde o fim da década de 1920, a entender a formação 
plural do povo brasileiro. Vivendo em Berlim e em outras cidades europeias, o pensador percebeu 
o quanto o povo brasileiro é diversificado em comparação ao povo europeu, sumariamente 
homogêneo. A teoria histórica proposta por Sérgio Buarque tornou-se uma teoria sociológica da 
formação do povo brasileiro, com apontamentos sobre como a sociedade brasileira estabeleceu-se. 
Seu principal trabalho, Raízes do Brasil (1936), Buarque de Holanda parte da tese weberiana 
de dominação legítima legal-racional para formular a ideia de “homem cordial” para a 
documentação histórica. 
O ponto central sobre o Sergio Buarque é o que ele chama da cordialidade ou de homem 
cordial”. O homem cordial é uma representação da população brasileira. Em outras palavras, ele 
resumiu algumas características que os brasileiros possuem como um todo. 
Quando Sérgio Buarque defendeu esse conceito, ele não estava dizendo que nós somos 
educados, caridosos e afetivos. Nada disso. Ele dizia, na verdade, que as nossas atitudes e decisões 
são pautadas pelo nosso coração – e não tanto pela racionalidade. 
 
“Para estudar o passado de um povo, de uma instituição, de uma classe, não basta aceitar 
ao pé da letra tudo quanto nos deixou a simples tradição escrita. É preciso fazer falar a multidão 
imensa dos figurantes mudos que enchem o panorama da história e são muitas vezes mais 
interessantes e mais importantes do que os outros, os que apenas escrevem a história”. 
Sérgio Buarque de Holanda 
 
Exercitando o Enem 
 
Questão 01 
TEXTO I 
A Resolução nº 7 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) passou a disciplinar o exercício do 
nepotismo cruzado, isto é, a troca de parentes entre agentes para que tais parentes sejam contratados 
diretamente, sem concurso. Exemplificando: o desembargador A nomeia como assessor o filho do 
desembargador B que, em contrapartida, nomeia o filho deste como seu assessor. 
 
 
 
 
 
05 
COSTA, W. S. Do nepotismo cruzado: características e pressupostos. Jusnavigandi, n. 950, 8 fev. 2006. 
 
TEXTO II 
No Brasil, pode-se dizer que só excepcionalmente tivemos um sistema administrativo e um corpo de 
funcionários puramente dedicados a interesses objetivos e fundados nesses interesses. 
 
HOLANDA, S. B. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1993. 
 
A administração pública no Brasil possui raízes históricas marcadas pela 
a) valorização do mérito individual. 
b) punição dos desvios de conduta. 
c) distinção entre o público e o privado. 
d) prevalência das vontades particulares. 
e) obediência a um ordenamento impessoal. 
 
Questão 02 
Canto dos lavradores de Goiás 
 
Tem fazenda e fazenda 
Que é grande perfeitamente 
Sobe serra desce serra 
Salta muita água corrente 
Sem lavoura e sem ninguém 
O dono mora ausente. 
Lá só tem caçambeiro 
Tira onda de valente 
Isso é que é grande barreira 
Que está em nossa frente 
Tem muita gente sem terra 
Tem muita terra sem gente. 
 
MARTINS, J. S. Cativeiro da terra. São Paulo: Ciências Humanas, 1979. 
 
No canto registrado pela cultura popular, a característica do mundo rural brasileiro no século XX 
destacada é a 
a) atuação da bancada ruralista. 
b) expansão da fronteira agrícola. 
c) valorização da agricultura familiar. 
d) manutenção da concentração fundiária. 
e) implementação da modernização conservadora. 
 
Questão 03 
Texto I 
A escravidão não é algo que permaneça apesar do sucesso das três revoluções liberais, a inglesa, a 
 
 
 
 
06 
norte-americana e a francesa; ao contrário, ela conhece o seu máximo desenvolvimento em virtude 
desse sucesso. O que contribui de forma decisiva para o crescimento dessa instituição, que é sinônimo 
de poder absoluto do homem sobre o homem, é o mundo liberal. 
 
Losurdo, D. Contra-história do liberalismo. Aparecida: Ideias & Letras, 2006 (adaptado). 
 
Texto II 
E, sendo uma economia de exploração do homem, o capitalismo tanto comercializou escravos para o 
Brasil, o Caribe e o sul dos Estados Unidos, nas décadas de 30, 40, 50 e 60 do século XIX, como 
estabeleceu o comércio de trabalhadores chineses para Cuba e o fluxo de emigrantes europeus para 
os Estados Unidos e o Canadá. O tráfico negreiro se manteve para o Brasil depois de sua proibição, 
pela lei de 1831, porque ainda ofereceu respostas ao capitalismo. 
 
Tavares, L. H. D. Comércio proibido de escravos. São Paulo: Ática, 1988 (adaptado). 
 
Ambos os textos apontam para uma relação entre escravidão e capitalismo no século XIX. Que 
relação é essa? 
a) A imposição da escravidão à América pelo capitalismo. 
b) A escravidão na América levou à superação do capitalismo. 
c) A contribuição da escravidão para o desenvolvimento do sistema capitalista. 
d) A superação do ideário capitalista em razão do regime escravocrata. 
e) A fusão dos sistemas escravocrata e capitalista, originando um novo sistema. 
 
Questão 04 
Do outro lado do Atlântico, a coisa é bem diferente. A classe média europeia não está acostumada 
com a moleza. Toda pessoa normal que se preze esfria a barriga no tanque e a esquenta no fogão, 
caminha até a padaria para comprar o seu próprio pão e enche o tanque de gasolina com as próprias 
mãos. 
 
SETTI, A. Disponível em: http://colunas.revistaepoca.globo.com. Acesso em: 21 maio 2013 (fragmento). 
 
A diferença entre os costumes assinalados no texto e os da classe média brasileira é consequência da 
ocorrência no Brasil de 
a) automação do trabalho nas fábricas, relacionada à expansão tecnológica. 
b) ampliação da oferta de empregos, vinculada à concessão de direitos sociais. 
c) abertura do mercado nacional, associada à modernização conservadora. 
d) oferta de mão de obra barata, conjugada à herança patriarcal. 
e) consolidação da estabilidade econômica, ligada à industrialização acelerada. 
 
Questão 05 
Em escala, o negro é o negro retinto, o mulato já é o pardo e como tal meio branco,e se a pele é um 
pouco mais clara, já passa a incorporar a comunidade branca. A forma desse racismo no Brasil decorre 
de uma situação em que a mestiçagem não é punida, mas louvada. Com efeito, as uniões inter-raciais, 
aqui, nunca foram tidas como crime ou pecado. Nós surgimos, efetivamente, do cruzamento de uns 
poucos brancos com multidões de mulheres índias e negras. 
 
 
 
 
07 
 
RIBEIRO, D. O povo brasileiro: formação e sentido do Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 2004 (adaptado). 
 
Considerando o argumento apresentado, a discriminação racial no Brasil tem como origem 
a) identidades regionais. 
b) segregação oficial. 
c) vínculos matrimoniais. 
d) traços fenotípicos. 
e) status ocupacional. 
 
Questão 06 
Penso, pois, que o Carnaval põe o Brasil de ponta-cabeça. Num país onde a liberdade é privilégio de 
uns poucos e é sempre lida por seu lado legal e cívico, a festa abre nossa vida a uma liberdade sensual, 
nisso que o mundo burguês chama de libertinagem. Dando livre passagem ao corpo, o Carnaval 
destitui posicionamentos sociais fixos e rígidos, permitindo a “fantasia”, que inventa novas 
identidades e dá uma enorme elasticidade a todos os papéis sociais reguladores. 
 
DAMATTA, R. O que o Carnaval diz do Brasil. Disponível em: http://revistaepoca.globo.com. Acesso em: 29 fev. 
2012. 
 
Ressaltando os seus aspectos simbólicos, a abordagem apresentada associa o Carnaval ao(à) 
a) inversão de regras e rotinas estabelecidas. 
b) reprodução das hierarquias de poder existentes. 
c) submissão das classes populares ao poder das elites. 
d) proibição da expressão coletiva dos anseios de cada grupo. 
e) consagração dos aspectos autoritários da sociedade brasileira. 
 
Questão 07 
Flor da negritude 
 
Nascido numa casa antiga, pequena, com grande quintal arborizado, localizada no subúrbio de Lins 
de Vasconcelos, o Renascença Clube foi fundado por 29 sócios, todos negros. Buscava-se instaurar, 
por meio do Renascença, um campo de relações em que os filhos de famílias negras bem-sucedidas 
pudessem encontrar pessoas consideradas do mesmo nível social e cultural, para fins de amizade ou 
casamento. Os homens usavam trajes obrigatoriamente formais, flores na lapela, às vezes de summer 
ou até de fraque. As mulheres se vestiam com muitas sedas, cetins e rendas, não esquecendo as luvas 
e os chapéus. 
 
GIACOMINI, S. M. Revista de História da Biblioteca Nacional, 19 set 2007 (adaptado). 
 
No início dos anos 1950, a fundação do Renascença Clube, como espaço de convivência, demonstra 
o(a) 
a) inexperiência associativa que levou a elite negra a imitar os clubes do brancos. 
b) isolamento da comunidade destacada que ignorava a democracia racial brasileira. 
c) interesse de um grupo de negros na afirmativa social para se livrar do preconceito. 
 
 
 
 
08 
d) existência de uma elite negra imune ao preconceito pela posição social que ocupava. 
e) criação de um racismo invertido que impedia a presença de pessoas brancas nesses clubes. 
Questão 08 
A população negra teve que enfrentar sozinha o desafio da ascensão social, e frequentemente 
procurou fazê-lo por rotas originais, como o esporte, a música e a dança. Esporte, sobretudo o futebol, 
música, sobretudo o samba, e dança, sobretudo o carnaval, foram os principais canais de ascensão 
social dos negros até recentemente. A libertação dos escravos não trouxe consigo a igualdade efetiva. 
Essa igualdade era afirmada nas leis, mas negada na prática. Ainda hoje, apesar das leis, aos 
privilégios e arrogâncias de poucos correspondem o desfavorecimento e a humilhação de muitos. 
 
CARVALHO, J. M. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: 
Civilização Brasileira, 2006 (adaptado). 
 
Em relação ao argumento de que no Brasil existe uma democracia racial, o autor demonstra que 
a) essa ideologia equipara a nação a outros países modernos. 
b) esse modelo de democracia foi possibilitado pela miscigenação. 
c) essa peculiaridade nacional garantiu mobilidade social aos negros. 
d) esse mito camuflou formas de exclusão em relação aos afrodescendentes. 
e) essa dinâmica política depende da participação ativa de todas as etnias. 
 
Questão 09 
TEXTO I 
É notório que o universo do futebol caracteriza-se por ser, desde sua origem, um espaço 
eminentemente masculino; como esse espaço não é apenas esportivo, mas sociocultural, os valores 
nele embutidos e dele derivados estabelecem limites que, embora nem sempre tão claros, devem ser 
observados para a perfeita manutenção da “ordem”, ou da “lógica’” que se atribui ao jogo e que nele 
se espera ver confirmada. A entrada das mulheres em campo subverteria tal ordem, e as reações daí 
decorrentes expressam muito bem as relações presentes em cada sociedade: quanto mais machista, 
ou sexista, ela for, mais exacerbadas as suas réplicas. 
 
FRANZINI, F. Futebol é “coisa pra macho”? Pequeno esboço para uma história das mulheres no país do futebol. 
Revista Brasileira de História, v. 25, n. 50, jul.-dez. 2005 (adaptado). 
 
TEXTO II 
Com o Estado Novo, a circularidade de uma prática cultural nascida na elite e transformada por sua 
aceitação popular completou o ciclo ao ser apropriada pelo Estado como parte do discurso oficial 
sobre a nacionalidade. A partir daí, o Estado profissionalizou o futebol e passou a ser o grande 
promotor do esporte, descrito como uma expressão da nacionalidade. O futebol brasileiro refletiria 
as qualidades e os defeitos da nação. 
 
SANTOS, L. C. V. G. O dia em que adiaram o carnaval: política externa e a construção do Brasil. São Paulo: 
EdUNESP, 2010. 
 
Os dois aspectos ressaltados pelos textos sobre a história do futebol na sociedade brasileira são 
respectivamente: 
 
 
 
 
09 
a) Simbolismo político — poder manipulador. 
b) Caráter coletivo — ligação com as demandas populares. 
c) Potencial de divertimento — contribuição para a alienação popular. 
d) Manifestação de relações de gênero — papel identitário. 
e) Dimensão folclórica — exercício da dominação de classes. 
 
Questão 10 
TEXTO I 
 
 
TEXTO II 
Partindo do chão coletivo da comunidade rural ou das cidades, à medida que se impregna de um ethos 
urbano — seja por migração, seja pela difusão de novos conteúdos midiáticos —, irão surgindo 
indivíduos que, na área da visualidade, gerarão uma obra de feição original, autoral, única. O 
indivíduo-sujeito recorre à memória para a construção de uma biografia, a fim de criar seu projeto 
artístico, a sua identidade social. 
 
FROTA, L. C. Pequeno dicionário da arte do povo brasileiro (século XX). Rio de Janeiro: Aeroplano, 2005. 
 
A partir dos textos apresentados, os trabalhos que são pertinentes à criação popular caracterizam-se 
por 
a) temática nacionalista que abrange áreas regionais amplas. 
b) produção de obras utilizando materiais e técnicas tradicionais da arte acadêmica. 
c) ligação estrutural com a arte canônica pela exposição e recepção em museus e galerias. 
d) abordagem peculiar da realidade e do contexto, seguindo criação pessoal particular. 
e) criação de técnicas e temas comuns a determinado grupo ou região, gerando movimentos artísticos. 
 
Gabarito Comentado - Exercitando o Enem 
 
Questão 01 - Resposta: [D] 
[Resposta do ponto de vista da disciplina de História] 
Os textos trazem consigo exemplos que deixam claro que o fazer política no Brasil, na maioria das 
vezes e em diferentes épocas, está atrelado ao atendimento de interesses de cunho pessoal, e não 
público, como deveria ser. O nepotismo, citado no texto I, é um grande exemplo disso. 
 
 
 
 
010 
 
[Resposta do ponto de vista da disciplina de Sociologia] 
Sérgio Buarque de Holanda, em seu livro Raízes do Brasil, defende a ideia de que, no Brasil, sempre 
houve uma grande confusão entre o público e o privado, dando origem àquilo que ele chamou de 
cordialidade.Na prática, os interesses privados (vontades particulares) sempre tenderam a se colocar 
acima dos interesses públicos. 
 
Questão 02 - Resposta: [D] 
[Resposta do ponto de vista da disciplina de História] 
A concentração fundiária, ou seja, a concentração de muitas terras nas mãos de poucos proprietários, 
sempre foi uma característica presente na História do Brasil. No século XX, ela também se fez 
presente, como mostra a letra da canção: “tem muita gente sem terra”. 
 
[Resposta do ponto de vista da disciplina de Sociologia] 
O século XX foi aquele em que a economia mais se desenvolveu no país. Ao mesmo tempo, isso foi 
acompanhado pelo aumento da concentração fundiária, seja para produzir produtos para exportação, 
ou por própria impossibilidade dos pequenos produtores sobreviverem. 
 
 
Questão 03 - Resposta: [C] 
[Resposta do ponto de vista da disciplina de História] 
A escravidão dos africanos na América na Idade Moderna foi diferente da escravidão antiga. A 
escravidão moderna está inserida no contexto do capitalismo comercial e mercantil contribuindo para 
o acúmulo de capital para os Estados Modernos Europeus. O tráfico de africanos gerou muito lucro 
para os europeus, somente no século XIX, com o capitalismo liberal-industrial, a escravidão começou 
ser questionada, ainda assim, o tráfico de escravo foi intenso na primeira metade do século XIX. 
Gabarito [C]. 
 
[Resposta do ponto de vista da disciplina de Sociologia] 
Não se pode separar a escravidão na América do sistema capitalista internacional. Isso porque ela 
está diretamente relacionada às demandas de produção e de circulação de mercadorias, gerando 
efeitos culturais e sociais na sociedade brasileira até hoje. 
 
Questão 04 - Resposta:[D] 
[Resposta do ponto de vista da disciplina de Sociologia] 
A questão faz uma comparação entre a classe média brasileira e a europeia. No Brasil, é comum a 
classe média possuir empregados domésticos e se utilizar de certos signos de distinção. Já na Europa, 
a classe média não faz questão desse tipo de diferenciação. Isso pode ser explicado, em grande parte, 
pela desigualdade social e pela herança patriarcal e escravocrata de nossa sociedade. Aqui, a divisão 
entre senhor e escravo nos leva a desejar ser o senhor. Quem não é senhor, é escravo. Assim, a classe 
média se utiliza desses serviços para se distinguir do restante da população. 
 
 
 
 
011 
[Resposta do ponto de vista da disciplina de Geografia] 
Como mencionado corretamente na alternativa [D], ao contrário do Brasil, a Europa não disponibiliza 
a reserva da mão de obra barata e pouco qualificada não tendo, portanto, o hábito de manter serviçais 
para a funcionalidade do cotidiano. Estão incorretas as alternativas: [A], porque o texto não faz 
referência ao processo industrial; [B], porque a concessão de direitos sociais para as empregadas 
domésticas e a ascensão da classe C no Brasil está reduzindo a oferta de mão de obra para o cotidiano 
das famílias; [C], porque embora tenha ocorrido abertura do mercado nacional no país, tal fato não 
justifica a problemática do texto; [E], porque a consolidação da estabilidade econômica começa a 
solapar no Brasil, o hábito da contratação de mão de obra para o cotidiano das famílias. 
 
Questão 05 - Resposta: [D] 
No Brasil, o racismo está muito relacionado aos traços característicos dos indivíduos, marcando uma 
preocupação maior com características como tom de pele, cor dos olhos e tipo de cabelo. Ou seja, a 
descrição de traços fenotípicos influencia o tipo de percepção social que o indivíduo vai sofrer em 
sua vida. 
 
Questão 06 - Resposta: [A] 
O carnaval modifica, ainda que temporariamente, os papéis sociais tradicionalmente estabelecidos 
em nosso país. Assim, somente a alternativa [A] está correta. 
 
Questão 07 - Resposta: [C] 
A alternativa [C] é a única correta. O Renascença Clube vincula-se à tentativa dessa elite negra de se 
incluir em uma sociedade de classes. É por esse motivo que seus hábitos e regras assemelham-se aos 
das elites brancas brasileiras. 
 
Questão 08 - Resposta: [D] 
A noção de “democracia racial” foi utilizada para camuflar a violência e a exclusão ainda vivida pelos 
negros no Brasil. O argumento do texto serve justamente para contrapor o chamado “mito da 
democracia racial”. 
 
Questão 09 - Resposta: [D] 
Os dois textos apresentam questões diferentes que circundam o tema do futebol. Enquanto o primeiro 
discute as relações de gênero presentes nesse esporte, o segundo tematiza sua importância para a 
construção da identidade nacional brasileira. Assim, a alternativa [D] se mostra como a única correta. 
 
Questão 10 - Resposta: [D] 
A questão faz uma comparação entre a classe média brasileira e a europeia. No Brasil, é comum a 
classe média possuir empregados domésticos e se utilizar de certos signos de distinção. Já na Europa, 
a classe média não faz questão desse tipo de diferenciação. Isso pode ser explicado, em grande parte, 
pela desigualdade social e pela herança patriarcal e escravocrata de nossa sociedade. Aqui, a divisão 
entre senhor e escravo nos leva a desejar ser o senhor. Quem não é senhor, é escravo. Assim, a classe 
média se utiliza desses serviços para se distinguir do restante da população.

Continue navegando