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01 Tema 03: A SOCIOLOGIA NO BRASIL A INTERPRETAÇÃO DO POVO BRASILEIRO A Sociologia teve início no Brasil a partir das décadas de 1920 e 1930, quando os pesquisadores buscavam uma compreensão a partir da formação das sociedades locais pesquisando vários temas para essa compreensão. Assim, os pesquisadores retornaram para pesquisa referente à escravatura e a abolição, pesquisas sobre índios e negros e a emigração dessas populações. Compreender esses assuntos tornou-se fundamental, pois buscava entender a formação dessa sociedade, formação da cidadania, da consciência e das relações de trabalho. As Primeiras influencias da sociologia francesa, de Auguste conte a Émile Durkheim, chegaram ao Brasil ainda em fins do século XIX. As obras desses intelectuais alimentaram uma elite política intelectualizada e orientaram a composição do próprio estado brasileiro, principalmente no que se refere à tentativa de ordenar e disciplinar práticas e costumes com vistas a permitir que a sociedade, percebida como um organismo, fosse desenvolvida de forma “sadia”. Os intelectuais da área estabeleceram que iriam se dedicar a realizar pesquisas que procuravam construir uma compreensão a respeito da formação da sociedade brasileira. Inúmeros aspectos fundamentais para essa compreensão estavam em pauta para que fossem analisados. Tais como: A escravatura e a abolição; Índios e negros, bem como o êxodo dessas populações; O processo de colonização. Euclides da Cunha Considerado o primeiro sociólogo brasileiro, Euclides da Cunha nasceu em 1866, no Rio de Janeiro. Em sua principal obra, Os Sertões, Euclides da Cunha tenta descrever os diversos aspectos de uma sociedade desconhecida para a sociedade brasileira litorânea: o interior da Bahia. Sua obra se divide em três grandes partes: A Terra, na qual descreve, principalmente, o relevo, o clima, a fauna e a flora da região; O Homem, na qual disserta sobre o sertanejo, morador da região; A Luta, na qual o próprio autor, vivenciando a Guerra de Canudos, relata o dia a dia da luta entre as tropas de Antônio Conselheiro e as tropas do Império brasileiro. A sua maior contribuição para o entendimento da sociedade em sua época foi esclarecer a vida dos interioranos. Ainda muito litorânea, a sociedade brasileira não tinha muito conhecimento sobre o interior do País e a obra de Euclides da Cunha, apesar de abordar só parte do interior da Bahia, abriu caminho para que fosse dada maior importância às outras regiões do Brasil que não fossem litorâneas. "O sertanejo é, antes de tudo, um forte”. Euclides da Cunha Gilberto Freyre Nascido em Recife no ano de 1900, ele é considerado muito importante para a Sociologia brasileira. Seus estudos de pós--graduação realizados nos Estados Unidos, nos anos de 1920, deram 02 origem à tese A vida social no Brasil nos meados do século XIX, que serviu de base para o livro Casa- grande & senzala (1932), obra em que Freyre discute de maneira original os sistemas econômico, social e político do Brasil colonial a partir da contribuição do negro e do fenômeno da miscigenação na formação social do país. Na reflexão de Freyre, o povo brasileiro foi apresentado como resultado de um encontro harmonioso entre três raças: brancos, negros e índios. Em Casa-Gande e Senzala, Freyre procurou sair do óbvio nas análises sociais: política, economia, sociedade em geral. Ele preferiu aprofundar-se em outros temas: vida doméstica, constituição familiar, formação das casas-grandes (onde viviam os senhores brancos) e senzalas (onde viviam os negros), para entender o engenho de açúcar e a propriedade rural como os centros do Brasil colonial. Essa visão freyreana, apesar de ter algum valor para o entendimento da vida colonial no Brasil, não se concretiza. As análises atuais sobre a desigualdade social, inclusive, associam verdadeiramente a desigualdade e a exclusão com a questão social. Talvez o ponto de partida de Freyre que o levou a formular a teoria da democracia racial (e que era a relação racial explicitamente segregacionista dos Estados Unidos) tenha o levado a perceber uma democracia racial no Brasil por haver nele uma relação mais branda entre negros e brancos. “Os escravos vindos das áreas de cultura negra mais adiantada foram um elemento ativo, criador, e quase que se pode acrescentar nobre na colonização do Brasil; degradados apenas pela sua condição de escravos. Longe de terem sido apenas animais de tração e operários de enxada, a serviço da agricultura, desempenharam uma função civilizadora”. Gilberto Freyre Florestan Fernandes Florestan Fernandes compreendeu a população brasileira não somente como miscigenada, mas multiétnica. Do ponto de vista econômico, a história do desenvolvimento econômico brasileiro, para ele, deu-se do escambo para a escravidão, desta para o ruralismo e, por fim, a urbanização e a industrialização. Florestan Fernandes foi um estudioso das relações étnico-raciais no Brasil. Desigualdade Social: a desigualdade contra os pobres e moradores da periferia. O sociólogo chegou a contar que, mesmo com a influência de sua madrinha, os empregos que conseguiu quando jovem eram estigmatizados e nada melhor era oferecido a quem morava nos guetos de São Paulo. Havia uma desconfiança daquela gente. A desigualdade social marcou a sua infância, e, na sua visão, superar essa desigualdade era a única possibilidade da nossa sociedade progredir moralmente. Educação: o único modo de conseguir-se uma sociedade justa e livre da desigualdade social era, segundo Fernandes, por meio da educação pública e de qualidade. Fernandes foi amigo e colega profissional do também sociólogo e antropólogo Darcy Ribeiro. Juntos, os dois elaboraram projetos de valorização da educação básica e contribuíram com a formulação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira. Democracia: defensor de um ensino democrático, de uma democracia das relações sociais e do acesso aos serviços básicos garantidos a todos os cidadãos, Fernandes era um democrata. 03 Sobretudo foi defensor de relações democráticas entre negros e brancos no Brasil. A teoria de Gilberto Freyre de convívio harmonioso entre negros e brancos no Brasil, chamada por Fernandes de “mito da democracia racial”, nunca existiu em um país como o Brasil, que não conseguiu incluir o negro em sua sociedade capitalista. “Afirmo que iniciei a minha aprendizagem sociológica aos seis anos, quando precisei ganhar a vida como se fosse um adulto e penetrei, pelas vias da experiência concreta, no conhecimento do que é a convivência humana e a sociedade“ Florestan Fernandes Darcy Ribeiro Darcy Ribeiro foi um antropólogo, escritor e político brasileiro que desenvolveu trabalhos fundamentalmente nas áreas de educação, sociologia e antropologia. Sua principal obra, “O Povo Brasileiro”, traz as características da população brasileira, dando ênfase em sua formação e organização social. Darcy Ribeiro foi um importante pensador da questão educacional, tornando-se defensor da ideia de uma escola pública e de qualidade, na medida em que percebeu a diferença existente entre a educação das elites e a dos demais brasileiros. “A estratificação social separa e opõe, assim, os brasileiros ricos e remediados dos pobres, e todos eles dos miseráveis, mais do que corresponde habitualmente a esses antagonismos. Nesse plano, as relações de classes chegam a ser tão infranqueáveis que obliteram toda comunicação propriamente humana entre a massa do povo e a minoria privilegiada, que a vê e a ignora, a trata e a maltrata, a explora e a deplora, como se esta fosse uma conduta natural.” Darcy Ribeiro Octavio Ianni Um dos mais prestigiados sociólogos, Octavio Ianni discutiu em suas diversas obras como classe social e raça aparecem de maneira entrelaçada na história brasileira.Segundo Ianni, após a abolida da escravidão, em 1888, o cativo africano deixou de ser designado escravo, mas passou a designar-se negro, refletindo a perpetuação do preconceito. Nesse sentido, o preconceito deixa de ser de classe (cativo × liberto; escravo × cidadão), transformando-se em preconceito racial, marcando a inferioridade socioeconômica, política, educacional e cultural de uma imensa parcela da população não branca “A globalização está presente na realidade e no pensamento, desafiando grande número de pessoas em todo o mundo. A despeito das vivências e opiniões de uns e outros, a maioria reconhece que esse problema está presente na forma pela qual se desenha o novo mapa do mundo, na realidade e no imaginário”. Octavio Ianni Caio Prado Júnior Caio Prado Júnior é um dos grandes nomes da historiografia brasileira. Foi historiador e economista, mas sua obra coloca-o entre os grandes nomes da sociologia clássica brasileira do século XX. Foi, como Sérgio Buarque de Holanda e Gilberto Freyre, um intérprete do Brasil. 04 Sua análise de cunho marxista credencia-o como pioneiro na formação de uma corrente sociológica marxista especificamente brasileira. Para Caio Prado Júnior, o não desenvolvimento brasileiro fazia parte de sua formação colonial; por três séculos, o País foi alvo de exploração portuguesa. As riquezas e os recursos brasileiros não ficavam aqui, eram captados pela metrópole e levados à Europa, "para fornecer tabaco, açúcar, alguns outros gêneros; mais tarde, ouros e diamantes; depois, algodão, e em seguida café, para o comércio europeu" “O grande problema brasileiro é levantar o nível dessa massa da população, porque cultura é um fato coletivo, e não individual. É preciso usar o máximo dos recursos do país para dar saúde e educação para essa massa”. Caio Prado Júnior Sérgio Buarque de Holanda Sérgio Buarque de Holanda dedicou-se, desde o fim da década de 1920, a entender a formação plural do povo brasileiro. Vivendo em Berlim e em outras cidades europeias, o pensador percebeu o quanto o povo brasileiro é diversificado em comparação ao povo europeu, sumariamente homogêneo. A teoria histórica proposta por Sérgio Buarque tornou-se uma teoria sociológica da formação do povo brasileiro, com apontamentos sobre como a sociedade brasileira estabeleceu-se. Seu principal trabalho, Raízes do Brasil (1936), Buarque de Holanda parte da tese weberiana de dominação legítima legal-racional para formular a ideia de “homem cordial” para a documentação histórica. O ponto central sobre o Sergio Buarque é o que ele chama da cordialidade ou de homem cordial”. O homem cordial é uma representação da população brasileira. Em outras palavras, ele resumiu algumas características que os brasileiros possuem como um todo. Quando Sérgio Buarque defendeu esse conceito, ele não estava dizendo que nós somos educados, caridosos e afetivos. Nada disso. Ele dizia, na verdade, que as nossas atitudes e decisões são pautadas pelo nosso coração – e não tanto pela racionalidade. “Para estudar o passado de um povo, de uma instituição, de uma classe, não basta aceitar ao pé da letra tudo quanto nos deixou a simples tradição escrita. É preciso fazer falar a multidão imensa dos figurantes mudos que enchem o panorama da história e são muitas vezes mais interessantes e mais importantes do que os outros, os que apenas escrevem a história”. Sérgio Buarque de Holanda Exercitando o Enem Questão 01 TEXTO I A Resolução nº 7 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) passou a disciplinar o exercício do nepotismo cruzado, isto é, a troca de parentes entre agentes para que tais parentes sejam contratados diretamente, sem concurso. Exemplificando: o desembargador A nomeia como assessor o filho do desembargador B que, em contrapartida, nomeia o filho deste como seu assessor. 05 COSTA, W. S. Do nepotismo cruzado: características e pressupostos. Jusnavigandi, n. 950, 8 fev. 2006. TEXTO II No Brasil, pode-se dizer que só excepcionalmente tivemos um sistema administrativo e um corpo de funcionários puramente dedicados a interesses objetivos e fundados nesses interesses. HOLANDA, S. B. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1993. A administração pública no Brasil possui raízes históricas marcadas pela a) valorização do mérito individual. b) punição dos desvios de conduta. c) distinção entre o público e o privado. d) prevalência das vontades particulares. e) obediência a um ordenamento impessoal. Questão 02 Canto dos lavradores de Goiás Tem fazenda e fazenda Que é grande perfeitamente Sobe serra desce serra Salta muita água corrente Sem lavoura e sem ninguém O dono mora ausente. Lá só tem caçambeiro Tira onda de valente Isso é que é grande barreira Que está em nossa frente Tem muita gente sem terra Tem muita terra sem gente. MARTINS, J. S. Cativeiro da terra. São Paulo: Ciências Humanas, 1979. No canto registrado pela cultura popular, a característica do mundo rural brasileiro no século XX destacada é a a) atuação da bancada ruralista. b) expansão da fronteira agrícola. c) valorização da agricultura familiar. d) manutenção da concentração fundiária. e) implementação da modernização conservadora. Questão 03 Texto I A escravidão não é algo que permaneça apesar do sucesso das três revoluções liberais, a inglesa, a 06 norte-americana e a francesa; ao contrário, ela conhece o seu máximo desenvolvimento em virtude desse sucesso. O que contribui de forma decisiva para o crescimento dessa instituição, que é sinônimo de poder absoluto do homem sobre o homem, é o mundo liberal. Losurdo, D. Contra-história do liberalismo. Aparecida: Ideias & Letras, 2006 (adaptado). Texto II E, sendo uma economia de exploração do homem, o capitalismo tanto comercializou escravos para o Brasil, o Caribe e o sul dos Estados Unidos, nas décadas de 30, 40, 50 e 60 do século XIX, como estabeleceu o comércio de trabalhadores chineses para Cuba e o fluxo de emigrantes europeus para os Estados Unidos e o Canadá. O tráfico negreiro se manteve para o Brasil depois de sua proibição, pela lei de 1831, porque ainda ofereceu respostas ao capitalismo. Tavares, L. H. D. Comércio proibido de escravos. São Paulo: Ática, 1988 (adaptado). Ambos os textos apontam para uma relação entre escravidão e capitalismo no século XIX. Que relação é essa? a) A imposição da escravidão à América pelo capitalismo. b) A escravidão na América levou à superação do capitalismo. c) A contribuição da escravidão para o desenvolvimento do sistema capitalista. d) A superação do ideário capitalista em razão do regime escravocrata. e) A fusão dos sistemas escravocrata e capitalista, originando um novo sistema. Questão 04 Do outro lado do Atlântico, a coisa é bem diferente. A classe média europeia não está acostumada com a moleza. Toda pessoa normal que se preze esfria a barriga no tanque e a esquenta no fogão, caminha até a padaria para comprar o seu próprio pão e enche o tanque de gasolina com as próprias mãos. SETTI, A. Disponível em: http://colunas.revistaepoca.globo.com. Acesso em: 21 maio 2013 (fragmento). A diferença entre os costumes assinalados no texto e os da classe média brasileira é consequência da ocorrência no Brasil de a) automação do trabalho nas fábricas, relacionada à expansão tecnológica. b) ampliação da oferta de empregos, vinculada à concessão de direitos sociais. c) abertura do mercado nacional, associada à modernização conservadora. d) oferta de mão de obra barata, conjugada à herança patriarcal. e) consolidação da estabilidade econômica, ligada à industrialização acelerada. Questão 05 Em escala, o negro é o negro retinto, o mulato já é o pardo e como tal meio branco,e se a pele é um pouco mais clara, já passa a incorporar a comunidade branca. A forma desse racismo no Brasil decorre de uma situação em que a mestiçagem não é punida, mas louvada. Com efeito, as uniões inter-raciais, aqui, nunca foram tidas como crime ou pecado. Nós surgimos, efetivamente, do cruzamento de uns poucos brancos com multidões de mulheres índias e negras. 07 RIBEIRO, D. O povo brasileiro: formação e sentido do Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 2004 (adaptado). Considerando o argumento apresentado, a discriminação racial no Brasil tem como origem a) identidades regionais. b) segregação oficial. c) vínculos matrimoniais. d) traços fenotípicos. e) status ocupacional. Questão 06 Penso, pois, que o Carnaval põe o Brasil de ponta-cabeça. Num país onde a liberdade é privilégio de uns poucos e é sempre lida por seu lado legal e cívico, a festa abre nossa vida a uma liberdade sensual, nisso que o mundo burguês chama de libertinagem. Dando livre passagem ao corpo, o Carnaval destitui posicionamentos sociais fixos e rígidos, permitindo a “fantasia”, que inventa novas identidades e dá uma enorme elasticidade a todos os papéis sociais reguladores. DAMATTA, R. O que o Carnaval diz do Brasil. Disponível em: http://revistaepoca.globo.com. Acesso em: 29 fev. 2012. Ressaltando os seus aspectos simbólicos, a abordagem apresentada associa o Carnaval ao(à) a) inversão de regras e rotinas estabelecidas. b) reprodução das hierarquias de poder existentes. c) submissão das classes populares ao poder das elites. d) proibição da expressão coletiva dos anseios de cada grupo. e) consagração dos aspectos autoritários da sociedade brasileira. Questão 07 Flor da negritude Nascido numa casa antiga, pequena, com grande quintal arborizado, localizada no subúrbio de Lins de Vasconcelos, o Renascença Clube foi fundado por 29 sócios, todos negros. Buscava-se instaurar, por meio do Renascença, um campo de relações em que os filhos de famílias negras bem-sucedidas pudessem encontrar pessoas consideradas do mesmo nível social e cultural, para fins de amizade ou casamento. Os homens usavam trajes obrigatoriamente formais, flores na lapela, às vezes de summer ou até de fraque. As mulheres se vestiam com muitas sedas, cetins e rendas, não esquecendo as luvas e os chapéus. GIACOMINI, S. M. Revista de História da Biblioteca Nacional, 19 set 2007 (adaptado). No início dos anos 1950, a fundação do Renascença Clube, como espaço de convivência, demonstra o(a) a) inexperiência associativa que levou a elite negra a imitar os clubes do brancos. b) isolamento da comunidade destacada que ignorava a democracia racial brasileira. c) interesse de um grupo de negros na afirmativa social para se livrar do preconceito. 08 d) existência de uma elite negra imune ao preconceito pela posição social que ocupava. e) criação de um racismo invertido que impedia a presença de pessoas brancas nesses clubes. Questão 08 A população negra teve que enfrentar sozinha o desafio da ascensão social, e frequentemente procurou fazê-lo por rotas originais, como o esporte, a música e a dança. Esporte, sobretudo o futebol, música, sobretudo o samba, e dança, sobretudo o carnaval, foram os principais canais de ascensão social dos negros até recentemente. A libertação dos escravos não trouxe consigo a igualdade efetiva. Essa igualdade era afirmada nas leis, mas negada na prática. Ainda hoje, apesar das leis, aos privilégios e arrogâncias de poucos correspondem o desfavorecimento e a humilhação de muitos. CARVALHO, J. M. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006 (adaptado). Em relação ao argumento de que no Brasil existe uma democracia racial, o autor demonstra que a) essa ideologia equipara a nação a outros países modernos. b) esse modelo de democracia foi possibilitado pela miscigenação. c) essa peculiaridade nacional garantiu mobilidade social aos negros. d) esse mito camuflou formas de exclusão em relação aos afrodescendentes. e) essa dinâmica política depende da participação ativa de todas as etnias. Questão 09 TEXTO I É notório que o universo do futebol caracteriza-se por ser, desde sua origem, um espaço eminentemente masculino; como esse espaço não é apenas esportivo, mas sociocultural, os valores nele embutidos e dele derivados estabelecem limites que, embora nem sempre tão claros, devem ser observados para a perfeita manutenção da “ordem”, ou da “lógica’” que se atribui ao jogo e que nele se espera ver confirmada. A entrada das mulheres em campo subverteria tal ordem, e as reações daí decorrentes expressam muito bem as relações presentes em cada sociedade: quanto mais machista, ou sexista, ela for, mais exacerbadas as suas réplicas. FRANZINI, F. Futebol é “coisa pra macho”? Pequeno esboço para uma história das mulheres no país do futebol. Revista Brasileira de História, v. 25, n. 50, jul.-dez. 2005 (adaptado). TEXTO II Com o Estado Novo, a circularidade de uma prática cultural nascida na elite e transformada por sua aceitação popular completou o ciclo ao ser apropriada pelo Estado como parte do discurso oficial sobre a nacionalidade. A partir daí, o Estado profissionalizou o futebol e passou a ser o grande promotor do esporte, descrito como uma expressão da nacionalidade. O futebol brasileiro refletiria as qualidades e os defeitos da nação. SANTOS, L. C. V. G. O dia em que adiaram o carnaval: política externa e a construção do Brasil. São Paulo: EdUNESP, 2010. Os dois aspectos ressaltados pelos textos sobre a história do futebol na sociedade brasileira são respectivamente: 09 a) Simbolismo político — poder manipulador. b) Caráter coletivo — ligação com as demandas populares. c) Potencial de divertimento — contribuição para a alienação popular. d) Manifestação de relações de gênero — papel identitário. e) Dimensão folclórica — exercício da dominação de classes. Questão 10 TEXTO I TEXTO II Partindo do chão coletivo da comunidade rural ou das cidades, à medida que se impregna de um ethos urbano — seja por migração, seja pela difusão de novos conteúdos midiáticos —, irão surgindo indivíduos que, na área da visualidade, gerarão uma obra de feição original, autoral, única. O indivíduo-sujeito recorre à memória para a construção de uma biografia, a fim de criar seu projeto artístico, a sua identidade social. FROTA, L. C. Pequeno dicionário da arte do povo brasileiro (século XX). Rio de Janeiro: Aeroplano, 2005. A partir dos textos apresentados, os trabalhos que são pertinentes à criação popular caracterizam-se por a) temática nacionalista que abrange áreas regionais amplas. b) produção de obras utilizando materiais e técnicas tradicionais da arte acadêmica. c) ligação estrutural com a arte canônica pela exposição e recepção em museus e galerias. d) abordagem peculiar da realidade e do contexto, seguindo criação pessoal particular. e) criação de técnicas e temas comuns a determinado grupo ou região, gerando movimentos artísticos. Gabarito Comentado - Exercitando o Enem Questão 01 - Resposta: [D] [Resposta do ponto de vista da disciplina de História] Os textos trazem consigo exemplos que deixam claro que o fazer política no Brasil, na maioria das vezes e em diferentes épocas, está atrelado ao atendimento de interesses de cunho pessoal, e não público, como deveria ser. O nepotismo, citado no texto I, é um grande exemplo disso. 010 [Resposta do ponto de vista da disciplina de Sociologia] Sérgio Buarque de Holanda, em seu livro Raízes do Brasil, defende a ideia de que, no Brasil, sempre houve uma grande confusão entre o público e o privado, dando origem àquilo que ele chamou de cordialidade.Na prática, os interesses privados (vontades particulares) sempre tenderam a se colocar acima dos interesses públicos. Questão 02 - Resposta: [D] [Resposta do ponto de vista da disciplina de História] A concentração fundiária, ou seja, a concentração de muitas terras nas mãos de poucos proprietários, sempre foi uma característica presente na História do Brasil. No século XX, ela também se fez presente, como mostra a letra da canção: “tem muita gente sem terra”. [Resposta do ponto de vista da disciplina de Sociologia] O século XX foi aquele em que a economia mais se desenvolveu no país. Ao mesmo tempo, isso foi acompanhado pelo aumento da concentração fundiária, seja para produzir produtos para exportação, ou por própria impossibilidade dos pequenos produtores sobreviverem. Questão 03 - Resposta: [C] [Resposta do ponto de vista da disciplina de História] A escravidão dos africanos na América na Idade Moderna foi diferente da escravidão antiga. A escravidão moderna está inserida no contexto do capitalismo comercial e mercantil contribuindo para o acúmulo de capital para os Estados Modernos Europeus. O tráfico de africanos gerou muito lucro para os europeus, somente no século XIX, com o capitalismo liberal-industrial, a escravidão começou ser questionada, ainda assim, o tráfico de escravo foi intenso na primeira metade do século XIX. Gabarito [C]. [Resposta do ponto de vista da disciplina de Sociologia] Não se pode separar a escravidão na América do sistema capitalista internacional. Isso porque ela está diretamente relacionada às demandas de produção e de circulação de mercadorias, gerando efeitos culturais e sociais na sociedade brasileira até hoje. Questão 04 - Resposta:[D] [Resposta do ponto de vista da disciplina de Sociologia] A questão faz uma comparação entre a classe média brasileira e a europeia. No Brasil, é comum a classe média possuir empregados domésticos e se utilizar de certos signos de distinção. Já na Europa, a classe média não faz questão desse tipo de diferenciação. Isso pode ser explicado, em grande parte, pela desigualdade social e pela herança patriarcal e escravocrata de nossa sociedade. Aqui, a divisão entre senhor e escravo nos leva a desejar ser o senhor. Quem não é senhor, é escravo. Assim, a classe média se utiliza desses serviços para se distinguir do restante da população. 011 [Resposta do ponto de vista da disciplina de Geografia] Como mencionado corretamente na alternativa [D], ao contrário do Brasil, a Europa não disponibiliza a reserva da mão de obra barata e pouco qualificada não tendo, portanto, o hábito de manter serviçais para a funcionalidade do cotidiano. Estão incorretas as alternativas: [A], porque o texto não faz referência ao processo industrial; [B], porque a concessão de direitos sociais para as empregadas domésticas e a ascensão da classe C no Brasil está reduzindo a oferta de mão de obra para o cotidiano das famílias; [C], porque embora tenha ocorrido abertura do mercado nacional no país, tal fato não justifica a problemática do texto; [E], porque a consolidação da estabilidade econômica começa a solapar no Brasil, o hábito da contratação de mão de obra para o cotidiano das famílias. Questão 05 - Resposta: [D] No Brasil, o racismo está muito relacionado aos traços característicos dos indivíduos, marcando uma preocupação maior com características como tom de pele, cor dos olhos e tipo de cabelo. Ou seja, a descrição de traços fenotípicos influencia o tipo de percepção social que o indivíduo vai sofrer em sua vida. Questão 06 - Resposta: [A] O carnaval modifica, ainda que temporariamente, os papéis sociais tradicionalmente estabelecidos em nosso país. Assim, somente a alternativa [A] está correta. Questão 07 - Resposta: [C] A alternativa [C] é a única correta. O Renascença Clube vincula-se à tentativa dessa elite negra de se incluir em uma sociedade de classes. É por esse motivo que seus hábitos e regras assemelham-se aos das elites brancas brasileiras. Questão 08 - Resposta: [D] A noção de “democracia racial” foi utilizada para camuflar a violência e a exclusão ainda vivida pelos negros no Brasil. O argumento do texto serve justamente para contrapor o chamado “mito da democracia racial”. Questão 09 - Resposta: [D] Os dois textos apresentam questões diferentes que circundam o tema do futebol. Enquanto o primeiro discute as relações de gênero presentes nesse esporte, o segundo tematiza sua importância para a construção da identidade nacional brasileira. Assim, a alternativa [D] se mostra como a única correta. Questão 10 - Resposta: [D] A questão faz uma comparação entre a classe média brasileira e a europeia. No Brasil, é comum a classe média possuir empregados domésticos e se utilizar de certos signos de distinção. Já na Europa, a classe média não faz questão desse tipo de diferenciação. Isso pode ser explicado, em grande parte, pela desigualdade social e pela herança patriarcal e escravocrata de nossa sociedade. Aqui, a divisão entre senhor e escravo nos leva a desejar ser o senhor. Quem não é senhor, é escravo. Assim, a classe média se utiliza desses serviços para se distinguir do restante da população.
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