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1 Larissa Monique Brand, UCPel, ATM 23 PARES CRANIANOS -Os 12 pares cranianos têm origem no tronco cerebral, ou se dirigem para ele (exceto os 2 primeiros). I: OLFATÓRIO -Pesquisar com: álcool, limão, cânfora, hortelã, vinagre. Testar cada narina separadamente. -Alterações: anosmia (olfato abolido), hiposmia (diminuição do olfato), parosmia (perversão do olfato), alucinações olfatórias e cacosmia (sensação olfatória desagradável). -Doenças: traumatismo cranioencefálico (com lesão de lâmina crivosa do osso etmoide na fratura de base de crânio), tumores (glioma frontal ou meningeoma e tabes dorsalis- esta leva a alteração de marcha e do sistema neurológico devido a sífilis não tratada). -Causas comuns de modificação do olfato: rinites, resfriado, atrofia de mucosa. II: ÓPTICO -Acuidade visual: analisar cada olho separadamente. Alterações: ▫ Ambliopia: deficiência visual (uni ou bilateral). Causada por neurite óptica, neoplasia ou hipertensão intracraniana). ▫ Amaurose: ausência ou privação de visão (uni ou bilateral). Causada por neurite óptica, neoplasia ou hipertensão intracraniana). ▫ Discromatopsia: distúrbio da visão para cores. ▫ Cegueira absoluta: perda da visão central e periférica, por lesão cortical. ▫ Hemeralopia: cegueira diurna. Nictalopia: cegueira noturna. ▫ Há tabelas para avaliar a acuidade visual (Tabela de Jaeger...). -Fundo de olho: testar a fundoscopia com oftalmoscópio. ▫ Observa-se tecido nervoso (retina e papila) e vasos (veias, artérias e arteríolas). ▫ Paciente com edema cerebral ou aumento da pressão intracraniana (por trauma grave ou tumor) o exame muda (mácula muda de amarelo para cinza, e diminui de tamanho, há edema de papila). ▫ Pressão normal dentro do cérebro: 12mmHg. 2 Larissa Monique Brand, UCPel, ATM 23 ▫ Paciente diabético: há neovascularização da retina (retinopatia diabética). Pode levar à cegueira. -Campo visual: representa o limite das visões periféricas. Estudo das hemianopsias. ▫ Exame: sentado, o paciente fixa um ponto na face do examinador, que desloca um objeto nos sentidos horizontal e vertical, e o paciente dirá até que ponto está “percebendo o objeto”. ▫ As alterações campimétricas causadas por neoplasias, infecção e desmielinação são anotadas em campo visual, e não à retina. ▫ Raio normal: de 122 a 128cm de raio. ▫ Fibras temporais e nasais determinam o campo visual. ▫ Fibra temporal dá o campo nasal, e fibra nasal dá campo temporal. III: OCULOMOTOR -Os nervos oculomotores são 3: III, IV e VI. ▫ Lesão do III par: ptose palpebral, midríase e estrabismo divergente. ▫ Lesão do IV par: pode haver uma diplopia vertical (olho desviado para cima e para dentro). Olha patético (fixo, sem movimentação do globo ocular). ▫ Lesão do VI par: estrabismo convergente e diplopia. -Os três pares são examinados em conjunto pois inervam os músculos extrínsecos do globo ocular, além do ciliar e esfíncter da pupila (intrínsecos) inervados pelo II par, além da musculatura elevadora da pálpebra. -Investigação semiológica: ▫ Motilidade extrínseca: se houver predomínio de um dos músculos (por paresia ou paralisia), ocorre estrabismo (desvio do eixo normal do olho) horizontal ou vertical, e diplopia. “Prova de convergência” é feita aproximando um objeto dos olhos do paciente. ▫ Motilidade intrínseca: exame da pupila. Discoria (irregularidade), midríase (dilatação), miose (contração), isocoria (igualdade), anisocoria (desigualdade). Exame: feixe luminoso e convergência ocular. O examinador incide um feixe de luzem uma pupila (reflexo fotomotor direto) e observa a pupila oposta (reflexo fotomotor consensual). 3 Larissa Monique Brand, UCPel, ATM 23 -As causas mais comuns de lesão do III nervo são: traumatismos, diabetes melito, aneurisma intracraniano, hipertensão intracraniana e neoplasia selar. -Miastenia grave: persistência do timo funcionante após a infância. A doença leva à fraqueza muscular. Um dos sinais é a ptose palpebral bilateral, dando olhar característico de “sol poente” (apertando os olhos). V: TRIGÊMEO -É um nervo misto. Tem fibras motoras para os músculos da mastigação (masseter e pterigoide) e sensitivas que provém da face e do crânio: ▫ Ramo oftálmico (I): dá a sensibilidade extereoceptiva da porção anterior do crânio, região supraciliar, pálpebra superior e face lateral do nariz. ▫ Ramo maxilar (II): sensibilidade do lábio superior, úvula e nasofaringe. ▫ Ramo mandibular (III): mento, lábio inferior e 2/3 anteriores da língua. 4 Larissa Monique Brand, UCPel, ATM 23 -É um dos nervos mais importantes para o exame físico do paciente. Dentistas usam anestesia nele. -Avaliação dos músculos da mastigação: pedir que o paciente trique os dentes. Quando há lesão unilateral do nervo, a mandíbula desvia para o lado da lesão -Estudo da sensibilidade ao calor, frio, dor, tato e pressão. -Reflexo corneo-palpebral: coloca-se algodão na córnea e o paciente pisca. -Alterações do trigêmeo podem ser consequência de herpes-zóster, traumatismo e neoplasias. -OBS: neuralgia do trigêmeo (uma das piores dores existentes, provocada pelo ramo oftálmico do nervo), neurinoma do trigêmeo, herpes oftálmico (mais comum em imunodeprimidos descompensados). PARALISIA DO V VII: FACIAL -Funções: motoras, sensitivas, sensoriais e vegetativas. ▫ Motora: mímica facial (esclerodermia: doença reumática que tira a expressão facial). ▫ Sensibilidade geral: propiocepção da face. ▫ Sensorial: 2/3 anteriores gustativos da língua. ▫ Vegetativa: secreção de glândulas salivares (parótidas, sublinguais e submandibulares). OBS: caxumba: vírus epidêmico que afeta a parótida, causando edema. O nervo facial não inerva, mas passa sobre a parótida. Quando a caxumba tem edema muito grande, pode causar paralisia facial. ▫ Estudo das paralisias faciais. -Exame: pede-se ao paciente para enrugar a testa, franzir os super-cílios, fechar as pálpebras, mostrar os dentes, abrir a boca, assobiar, inflar a boca e contrair o platisma. -Paralisia facial central: há lesão cortical (de 1° neurônio motor) e 2 sinais (metade inferior da face contralateral alterada: apagamento do sulco nasolabial e desvio de comissura labial). Mais grave que a paralisia periférica. Pede-se tomografia. -Paralisia facial periférica: lesão direta sobre o nervo, ex: caxumba, mudança abrupta de temperatura, paralisia de Bell (vírus se deposita na bainha do nervo, causando neuropraxia- diminuição da ação do nervo), falta de acurácia anestésica do dentista... Há 5 sinais (toda a hemiface homolateral comprometida: não enrugamento da testa, ptose palpebral, lagoftalmia, apagamento do sulco nasolabial e desvio da comissura labial). Tratamento: mastigação (mascar chiclete), medicamento para dor. Pode ocorrer repetidamente, e pode durar até 3 meses. 5 Larissa Monique Brand, UCPel, ATM 23 VIII: VESTIBULOCOCLEAR -Vestibular (equilíbrio): ▫ Anamnese inclui estado vertiginoso, náuseas, vômitos e desequilíbrio. ▫ Vestibular periférica: pesquisar vertigens, nistagmo e desvio lateral durante a marcha. Teste de Romberg (deslizar o calcanhar sobre a tíbia até o pé. Se houver alteração vestibular, paciente pode se desequilibrar ou cair para o lado lesado), marcha em estrela, prova dos braços estendidos e prova de indicação de Bárány. ▫ Vestibular central: pode não ocorrer nistagmo (movimento rápido dos olhos) ou mesmo este ser vertical. ▫ Síndrome labiríntica: náuseas, vertigem e nistagmo. -Coclear (audição): ▫ Avaliada por diminuição da voz natural, voz cochichada, atrito das polpas digitais próximo à orelha, e uso de diapasão para testar as hipoacusias que podem ser: de condução e de percepção. ▫ O normal é que a audição aérea dure o dobro do tempoda audição óssea. ▫ Teste de Rinne: percutir diapasão na mão. Colocar no mastoide do paciente, quando ele terminar de ouvir, colocar o diapasão na frente do ouvido. Normal: paciente termina o ósseo e continua com o aéreo. Se alterado, pode haver obstrução do canal auditivo (por cerume, otosclerose...). ▫ Teste de Weber A (hipoacusia de condução: lateraliza para o lado da lesão) e B (hipocusia de percepção: cotralateral): percutir diapasão, colocar no topo da cabeça do paciente. Normal: ouvir a vibração nos dois ouvidos da mesma forma. ▫ Causas de lesão coclear: tamponamento, rubeola, neurinoma, intoxicação medicamentosa, síndrome de Meniére (ramo coclear e vestibular comprometidos, com crise de zumbidos, vertigens, desequilíbrio, náuseas, vômitos e hipoacusia). IX: GLOSSOFARÍNGEO -Nervo misto: ▫ Fibras somato-motoras para os músculos constritores superior da faringe e estilofaríngeo. ▫ Fibras sensorias: sensibilidade gustativa do 1/3 posterior da língua. ▫ Fibras sensitivas da faringe e do véu palatino. ▫ Fibras parassimpáticas que inervam a parótida. -É sempre estudado junto com o vago devido à ligação quanto à origem, trajeto e distribuição. -Reflexo do vômito ou veopalatino: testar com espátula na orofaringe do paciente. Via aferente é o glossofaríngeo, via eferente é o vago. -Sensibilidade gustativa do 1/3 posterior da língua: doce, salgado, amargo. (Azedo: na ponta da língua) -Sensibilidade geral: espátula no véu palatino ou na faringe. 6 Larissa Monique Brand, UCPel, ATM 23 X: VAGO -Nervo misto. ▫ Motor: palato mole, faringe e laringe. ▫ Sensibilidade geral de grande área: mucosa da laringe, porção inferior da faringe, área cutânea retroauricular. ▫ Sensibilidade gustativa da epiglote. ▫ Vegetativa: inervação parassimpática para a árvore traqueobrônquica, coração e tubo digestivo. -Atividade parassimpática sobre o coração (bradicardia. Se houver lesão do vago, há taquicardia), e sobre o intestino (secreção e peristalse. Lesão do vago: distensão abdominal, constipação intestinal, dificuldade de deglutir). -Estímulo vagal: sensação de desmaio (por força abdominal), compressão de seio carotídeo (diminui frequência cardíaca). -Alterações por lesão do vago: ▫ Alterações da fonação. ▫ Sinal da cortina: véu palatino não “sobre”. A mucosa da faringe se desvia para o lado são quando há fonação. ▫ Desaparecimento do reflexo veopalatino. ▫ Disfagia importante nas lesões bilaterais. ▫ Regurgitação de líquidos pelo nariz. XI: ACESSÓRIO -Inerva os músculos esternocleidomastoideo e porção superior do trapézio. -Sua porção bulbar faz parte do vago. -Pode haver alterações da fonação (voz rouca, bitonal), respiração estridulante, dispneia. -Lesão por traumatismo, esclerose... causam atrofia. Paciente não eleva os ombros e tem dificuldade para rotar a cabeça para o lado oposto ao da lesão. XII: HIPOGLOSSO -Função motora da língua. A língua deve ser examinada dentro e fora da cavidade oral (com gaze, ou pedindo que o paciente protrusa a língua). Observam-se as papilas gustativas (para verificar atrofias- herpes, sífilis, linfoma...), úlceras (herpes), fissuras... -Em lesão do nervo: língua dentro da boca= ponta se desvia para o lado são / língua exteriorizada= ponta se desvia para o lado doente. -Lesões bilaterais: mastigação, articulação da palavra e deglutição muito alteradas. 7 Larissa Monique Brand, UCPel, ATM 23 RESUMO: