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ECM SEMIOLOGIA MÉDICA: CABEÇA E PESCOÇO 
 
 
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VI. EXAME FÍSICO DE CABEÇA E 
PESCOÇO: 
 
1. Exame do Crânio: 
 
O exame do crânio é normalmente realizado 
pelas técnicas de inspeção e palpação. Buscando-se 
avaliar: 
o Tamanho e Forma do Crânio; 
o Posição e Movimento; 
o Superfície e Couro Cabeludo. 
 
 Tamanho e Forma do Crânio: 
 
Normalmente, caracterizamos o crânio como 
normocefálico, sem a presença de abaulamentos e 
retrações. 
 
 
Figura 20 – Anomalias na forma do crânio 
 
Principais anormalidades no tamanho e forma do 
crânio: 
o Macrocefalia: crânio anormalmente aumentado, 
com perímetro cefálico acima do percentil 98. 
Causas: hidrocefalia; megaloencefalias; 
raquitismo; cretinismo; doença de Tay-Sachs; 
doença de Paget. 
o Microcefalia: crânio anormalmente diminuído, 
com perímetro cefálico muito pequeno. 
Causas: encefalopatia hipóxico-isquêmica; 
teratógenos (álcool, cocaína, fenitoína; 
malformações cerebrais; síndromes genéticas; 
infecções congênitas (toxoplasmose, CMV, sífilis, 
HIV, rubéola); familiar benigna. 
o Acrocefalia: Defeito de formação da caixa 
craniana onde a cabeça é achatada 
lateralmente, a testa muito levantada e a região 
occipital esta alongada para o alto, onde o 
conjunto apresenta um tronco de cone irregular. 
o Escafocefalia (Dolicocefalia): Crânio de forma 
anormal, em que o diâmetro longitudinal é 
maior que o diâmetro transverso. Causada por 
craniossinostose de sutura sagital. 
o Braquicefalia: Crânio de forma anormal, em que 
o diâmetro transverso é maior que o diâmetro 
longitudinal. 
o Plagiocefalia: Assimetrias na forma do crânio 
devido à craniossinostoses (fechamento precoce 
de suturas cranianas). 
o Fronte olímpica: Aumento da altura da fronte. 
Causas: sífilis congênita; raquitismo; anemia 
hemolítica congênita. 
 
 Posição e Movimentos: 
 
Normalmente, a posição da cabeça é 
centralizada e em equilíbrio com o tronco, não 
apresentando restrições de movimento. 
 
Principais anormalidades na posição e movimentação 
da cabeça: 
o Torcicolo (posição antálgica): O torcicolo é um 
distúrbio do pescoço caracterizado pelo 
enrijecimento dos músculos dessa região, 
fazendo com que os movimentos da cabeça se 
tornem muito dolorosos e limitados. 
Causas: traumatismo; torcicolo congênito; 
tumores cervicais; hipertireoidismo. 
o Tiques: Contrações repetidas, mais ou menos 
involuntárias de um determinado grupo de 
músculos associados. 
 
Sinal de Musset: Movimentos da cabeça 
acompanhando a sístole ventricular. Encontrados na 
insuficiência aórtica. 
 
 Superfície e Couro Cabeludo: 
 
No exame da superfície craniana e do couro 
cabeludo, faz-se: 
o Inspeção e palpação de tumorações, bossas, 
cefalohematomas; 
o Palpação das fontanelas (em crianças); 
- Fontanela hipertensa (hipertensão craniana; 
infecções e tumores); 
- Fontanela flácida (desidratação); 
o Palpação das suturas (em crianças); 
- Craniossinostose (fechamento precoce de 
suturas); 
o Procura de lesões dermatológicas (micoses, 
piodermites, eczemas); 
o Procura de cicatrizes de traumas ou cirurgias; 
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o Procura de nódulos, que podem ser expressão 
de febre reumática, metástases (tumores renais 
e tireoidianos – nódulos pulsáteis) ou lesões de 
glândulas sudoríparas e sebáceas; 
o Análise da consistência da tábua óssea. Na 
osteomalacia, raquitismo e sífilis, é possível 
conseguir-se um leve afundamento pela simples 
compressão digital (efetuada acima e atrás do 
pavilhão auricular); 
o Análise dos cabelos (Vide Ectoscopia – pg. 24): 
forma de implantação, distribuição, quantidade 
e características próprias (brilho, espessura, 
consistência e coloração). 
 
Bossa: área de edema localizado no espaço subgaleal, 
às vezes hemorrágico, secundário à compressão de 
vasos locais, podendo estar relacionada ao parto. Não 
respeita os limites das suturas e tende a regredir com o 
tempo. 
 
Cefalohematoma: É uma hemorragia subperiosteal, 
restrita a determinado osso. Também pode ser 
relacionado ao parto. Respeita os limites das suturas. 
 
 Percussão e Ausculta Cranianas: 
 
A percussão e ausculta não são métodos de 
rotina no exame físico do crânio. No entanto, quando 
em suspeita de hidrocefalia ou tumor cerebral, 
percute-se o crânio, observando a presença de um som 
mais claro. Procura-se sopros auscultatórios na doença 
de Paget, metástases vascularizadas e fístulas 
arteriovenosas. 
 
2. Exame da Face: 
 
No exame da face, analisa-se através de 
inspeção e palpação: 
o Fácies (Vide Ectoscopia – pg. 17); 
o Simetria; 
o Tumores de pele; 
o Lesões de pele; 
o Implantação de pêlos. 
 
Principais anormalidades da face: 
o Assimetria da face: pode ser causada por: 
tumefações ou depressões unilaterais 
(abscessos dentários, tumores, anomalias 
congênitas); paralisia facial (a simetria acentua-
se com a movimentação do lado sadio); 
crescimento da parótida (síndrome de Sjögren, 
caxumba); 
o Tumores de pele acima da linha tragus-narina: 
linhagem celular geralmente do tipo basocelular 
com pequeno poder metastático; 
o Tumores de pele abaixo da linha tragus-narina: 
linhagem celular geralmente do tipo 
espinocelular (epidermóide) com maior poder 
metastático; 
o Lesões de pele mais comuns na face: acne 
vulgaris; cloasma gravídico; rash malar ou 
vespertílio (“em asa de borboleta” – 
patognomônico para LES); manchas 
hipocrômicas da pitiríase versicolor; nevus 
pigmentares e vasculares; foliculites; micoses; 
lesões do herpes-zoster; lesões da 
esclerodermia. 
 
3. Exame dos Olhos: 
 
Os olhos não devem ser examinados como 
órgãos isolados. Doenças oculares podem refletir-se 
em outros setores, assim como doenças sistêmicas 
podem manifestar-se nos olhos. 
Antes do exame físico, devemos ter em mente 
os sintomas relatados na anamnese a serem 
investigados. Os principais sintomas a serem 
investigados são: 
o Dor ocular: Frequente no glaucoma, nos vícios 
de refração, tumores oculares. 
o Fotofobia: Surge nas conjuntivites, úlceras da 
córnea, vícios de refração, irritação meníngea. 
o Sensação de olho seco (Xeroftalmia): Paciente 
relata que é como se não tivesse lágrimas e que 
a sensação piora com o vento. Presente na 
síndrome de Sjögren, na conjuntivite crônica, na 
paralisia facial periférica. 
o Queimação ou ardência: Sensação de 
desconforto que faz o paciente lavar os olhos 
para aliviar o sintoma. Pode ser causada por 
erros de refração, conjuntivite, ceratite, sono 
insuficiente, exposição a fumaça, poeira, 
produtos químicos e síndrome de Sjögren. 
o Sensação de corpo estranho: Descrita 
geralmente como “areia nos olhos”. Comum nas 
conjuntivites e na penetração de corpo estranho 
no globo ocular. 
o Prurido: Quando muito acentuado é indicativo 
de alergia. Pode estar presente na conjuntivite e 
em erros de refração. 
o Lacrimejamento (Epífora): Ocorre por excesso 
de secreção de lágrimas ou por defeito no 
sistema de drenagem. Pode ser causado por 
conjuntivite, obstrução da via lacrimal excretora, 
aumento da secreção por emoções, 
hipertireoidismo, dor ocular, corpo estranho. 
o Embaçamento da visão: Acompanha as uveítes, 
a retinopatia diabética, a retinopatia 
hipertensiva, a catarata. 
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o Perda da visão: Nas cataratas, neurites ópticas, 
compressão das vias ópticas por tumores, 
coriorretinites. 
 
Exame Físico do Olho: 
o Acuidade Visual; 
o Campos Visuais por confrontação; 
o Posição e alinhamento dos olhos; 
o Supercílios; 
o Pálpebras; 
o Aparelho Lacrimal; 
o Conjuntiva e Esclerótica; 
o Córnea e Cristalino; 
o Pupila; 
o Globo Ocular e Musculatura Extrínseca do Olho; 
o Exame Oftalmoscópico. 
 
 Supercílios: 
 
Madarose: Rarefação ou ausência de pêlos no terço 
lateral dos supercílios. 
Causas: hipotireoidismo, mixedema, dermatite 
seborréica, sífilis, hanseníase, eslerodermia, LES, 
cicatrizes e desnutrição. 
 
 Pálpebras: 
 
Edema Periorbital: A formação de edemaperiorbital é 
facilitada pela característica histológica da região, 
apresentando um tecido conjuntivo frouxo, uma pele 
mais fina e uma menor quantidade de fibras 
musculares, acomodando facilmente o edema. 
o Edema Periorbital Renal: No paciente com 
síndrome nefrótica e/ou insuficiência renal, ao 
longo do dia desenvolve-se um edema de 
membros inferiores, que é reabsorvido durante 
a noite (sono), por anulação da força da 
gravidade. Aparecendo, ao acordar, um edema 
mole periorbital, que melhora ao longo do dia. 
o Edema Periorbital Mixedematoso: Edema duro 
sem cacifo causado pelo depósito de 
glicosaminoglicanos no tecido conjuntivo e 
consequente acúmulo de líquido. Presente no 
hipotireoidismo. 
o Edema Periorbital Inflamatório: Edema 
palpebral unilateral, provocado por algum 
processo inflamatório. Acompanhado de outros 
sinais flogísticos: calor, rubor e dor à palpação. 
 
Sinal de Romaña: Edema palpebral unilateral 
provocado por uma reação inflamatória à inoculação 
do tripanossoma (blefarochagose). 
 
Equimose Periorbital: Como a pele da pálpebra é a 
mais fina do corpo, devido à natureza frouxa de seu 
tecido conjuntivo, qualquer lesão mecânica ou 
inflamação pode resultar em hemorragia local dos 
pequenos vasos, formando uma condição conhecida 
como equimose periorbital. Também pode ser devido 
a trauma cranioencefálico ou distúrbios de coagulação. 
 
Heliotropo: Pálpebras violáceas, semelhantes à flor do 
heliotropo. Lesão típica da dermatomiosite. 
 
 
Figura 21 - Heliotropo 
 
Gordura Herniada: Aumentos volumétricos das 
pálpebras podem ser causados por acúmulo de 
gordura, que empurra a aponeurose palpebral 
enfraquecida para frente e produz bolsas nas 
pálpebras inferiores, principalmente. São mais comuns 
nos idosos, mas também podem ocorrer em pessoas 
jovens. 
 
Xantelasma: Placas amareladas em relevo, localizadas 
principalmente nas pálpebras. Provocadas por 
depósito de colesterol em estados de dislipidemia e 
hipercolesterolemia. 
 
 
Figura 22 - Xantelasma 
 
Epicanto (Dobra Epicântica): Prega da pálpebra 
superior que cobre o ângulo medial do olho. Presente 
em indivíduos de ascendência asiática, e comumente 
associado a indivíduos com síndrome de Down. 
 
Entrópio: Pálpebra vira-se sobre si mesma para dentro 
da cavidade orbital. Geralmente associado a 
vermelhidão e lacrimejamento. 
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Ectrópio: Pálpebra vira-se sobre si mesma para fora da 
cavidade orbital. Geralmente associado a vermelhidão 
e lacrimejamento. 
 
Figura 23 - Ectrópio 
 
Blefarite: Inflamação das pálpebras, apresentando 
hiperemia, escamas e úlceras. 
 
Hordéolo (Terçol): Inflamação nas glândulas ciliares, 
localizadas na borda palpebral. 
 
Calázio: Nodulação indolor subaguda, que 
compromete as glândulas meibomianas, localizadas na 
face interna da pálpebra e não em sua borda. 
 
 
Figura 24 - Calázio 
 
Movimento Palpebral: 
o M. Orbicular do Olho: Faz a oclusão da fenda 
palpebral. É inervado pela divisão temporofacial 
do N. Facial (NC VII). Portanto, na paralisia facial 
periférica a oclusão da fenda palpebral 
encontra-se comprometida, apresentando 
lagoftalmia, epífora, xeroftalmia, lesões 
corneanas, sinal de Negro e perda do reflexo 
corneopalpebral. 
o M. Levantador da Pálpebra Superior: Eleva 
voluntariamente a pálpebra. É inervado pelo 
ramo superior do N. Oculomotor (NC III). 
Portanto, na paralisia do N. Oculomotor (NC III), 
ocorre blefaroptose. Quando congênita, a 
blefaroptose pode estar associada a uma 
deficiência funcional do músculo reto superior 
(que também é inervado pelo ramo superior do 
N. Oculomotor). 
o M. Tarsal de Müller: Músculo liso que participa 
da elevação da pálpebra superior. É inervado 
pelo tronco simpático, a partir de fibras 
ascendentes provenientes do gânglio estrelado. 
Lesão deste gânglio leva a sua paralisia, 
apresentando blefaroptose parcial, geralmente 
associada a outros sinais típicos da síndrome de 
Claude Bernard-Horner. 
 
Lagoftalmia (“Olho de Hare”): Impossibilidade de 
fechar completamente a fenda palpebral. Presente na 
paralisia facial periférica. 
 
 
Figura 25 - Lagoftalmia 
 
Sinal de Negro: Quando se ordena ao paciente olhar 
para cima, sem mexer a cabeça, o globo ocular do lado 
acometido descreve maior curvatura que o oposto, 
subindo mais alto e se escondendo na pálpebra. Este 
fenômeno constitui o chamado sinal de Negro e só se 
observa nas paralisias faciais periféricas. 
 
Sinal de Bell: Instalada a lagoftalmia, quando o 
indivíduo executa o movimento de cerrar as pálpebras, 
nota-se, no lado acometido, devido à inoclusão, que o 
olho se dirige para cima e para fora. Representa isto o 
conhecido sinal de Bell, tradutor igualmente da 
paralisia facial periférica. 
 
Blefaroptose (Ptose Palpebral): Queda da pálpebra. 
Presente na síndrome de Claude Bernard-Horner, 
paralisia do N. Oculomotor (NC III) e miastenia grave. 
o Unilateral: Paralisia do N. Oculomotor (NC III); 
síndrome de Claude Bernard-Horner; 
o Bilateral: Miastenia grave (blefaroptose que 
piora ao longo do dia e melhora com injeção 
local de anticolinesterásicos). 
 
Retração Palpebral (Sinal de Von Graef): Atraso 
palpebral, que não acompanha o movimento do globo 
ocular de cima para baixo, observando-se uma borda 
de esclerótica entre a pálpebra superior (retraída) e a 
íris. As pálpebras retraídas e o atraso palpebral 
costumam ser secundários a hipertireoidismo, mas 
podem ser observados em pessoas normais. 
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Exoftalmia: Aumento da fenda palpebral por protrusão 
do globo ocular. 
o Bilateral: Hipertireoidismo, HAS, miopia grave; 
o Unilateral: Alguns casos de hipertireoidismo; 
tumores oculares e retrorbitais; trombose do 
seio cavernoso. 
 
 
Figura 26 – Exoftalmia Bilateral 
 
Enoftlamia: Diminuição da fenda palpebral decorrente 
de retração do olho. 
o Bilateral: Desidratações graves e estados 
caquéticos; 
o Unilateral: Síndrome de Claude Bernard-Horner. 
 
 Aparelho Lacrimal: 
 
Lacrimejamento (Epífora): Ocorre por excesso de 
secreção de lágrimas ou por defeito no sistema de 
drenagem. Pode ser causado por conjuntivite, 
obstrução da via lacrimal excretora, aumento da 
secreção por emoções, hipertireoidismo, dor ocular, 
corpo estranho. 
 
Xeroftalmia: Olho seco, por ausência de produção de 
lágrimas (síndrome de Sjögren), ou por evaporação 
excessiva das lágrimas (olho permanentemente aberto 
na paralisia facial periférica). 
 
Dacrioadenite: Processo inflamatório na glândula 
lacrimal, que pode desencadear a perda da capacidade 
em produzir lágrimas. 
 
Dacriocistite: Inflamação do tracto lacrimal. A 
inflamação aguda é dolorosa, com vermelhidão 
periorbital e hipersensibilidade. A inflamação crônica 
associa-se a obstrução do ducto nasolacrimal. Ocorre 
abaulamento do contorno interno do olho, indicando 
congestão do saco lacrimal, e dor ao pressionar o saco 
lacrimal com liberação de pus. O lacrimejamento é 
intenso nessas condições. Cirurgias de trato lacrimal 
são muito delicadas, pela proximidade deste com os 
vasos angulares. 
 
 Conjuntiva e Esclerótica: 
 
Normalmente, as conjuntivas são róseas, sendo 
possível a visualização da rede vascular levemente 
desenhada. Tornam-se pálidas nas anemias, 
amareladas na icterícia, hiperemiadas nas 
conjuntivites, e podem apresentar secreções que 
devem ser investigada. 
A esclerótica, por sua vez, normalmente é 
branca com a visualização de pequenos vasos. Pode 
estar: amarelada na icterícia; hiperemiadas em 
infecções e glaucoma; azulada na osteogênese 
imperfecta; amarronzada na melanose ocular. 
 
Vermelhidão Ocular (Hiperemia): Pode ser causada 
por traumatismo, infecções, alergias e aumento da 
pressão intra-ocular (glaucoma). 
 
Episclerite: É uma vermelhidão ocular localizada, 
secundária à inflamação dos vasos episclerais. Pode 
apresentar-se com vermelhidão e dilatação dos vasos, 
ou em sua forma nodular. 
 
 
Figura 27 - EpiscleriteHemorragia Subconjuntival: Área vermelha 
homogênea nitidamente demarcada, que, após alguns 
dias, se torna amarelada e, em seguida, desaparece. 
Pode resultar de traumatismos, distúrbios 
hemorrágicos ou aumentos súbitos da pressão venosa 
(ex.: tosse). 
 
 
Figura 28 – Hemorragia Subconjuntival 
 
Petéquias Subconjuntivais: Pequenos pontilhados 
hemorrágicos na conjuntiva, resultantes de um 
distúrbio de coagulação. Trata-se de um sinal clínico 
comum em doenças hematológicas (como a leucemia), 
doenças microembólicas (como endocardite 
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bacteriana), ou infecções virais hemorrágicas (como o 
dengue). 
 
Quemose: Conjuntivas palpebrais e bulbares 
edemaciadas, por acúmulo de líquido. Em geral, está 
associada a uma resposta alérgica. 
 
Pterígio: Espessamento triangular da conjuntiva 
bulbar, que cresce lentamente por sobre a superfície 
externa da córnea e pode atingir a pupila. 
 
 
Figura 29 - Pterígio 
 
Pinguécula: É um nódulo amarelado, 
aproximadamente triangular, situado na conjuntiva 
bulbar, em qualquer lado da íris. É uma lesão 
inofensiva, frequente com o envelhecimento, e 
aparece inicialmente do lado nasal e, depois, do lado 
temporal. 
 
 
Figura. 30 - Pinguécula 
 
 Córnea e Cristalino: 
 
Halo (Arco) Senil: Anel de coloração branco-
acinzentada envolvendo a córnea. Aparece 
naturalmente com o envelhecimento. Embora possa 
ser fisiológico, pode estar associado à dislipidemia. 
 
 
Figura 31 – Arco Senil 
 
Anel de Kayser-Fleischer: Anel de coloração castanho-
esverdeada, formado por depósito de cobre na 
degeneração hepatolenticular (Doença de Wilson). 
 
 
Figura 32 – Anel de Kayser-Fleischer 
 
Anel de Ceratopatia: Anel branco de densidade cálcica, 
formado por depósito de cálcio na hipercalcemia 
(hiperparatireoidismo). 
 
Hifema: Presença de sangue na câmara anterior do 
olho. Normalmente causado por trauma ocular, pode 
causar um glaucoma agudo. 
 
 
Figura 33 - Hifema 
 
Hipópio: Acúmulo de exsudato celular purulento na 
câmara anterior do olho. 
 
 
Figura 34 - Hipópio 
 
http://adam.sertaoggi.com.br/encyclopedia/ency/article/000812.htm
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Catarata: Opacificação do cristalino, visível a olho nu 
como áreas brancas no interior das pupilas, que 
impedem o exame do fundo de olho. 
o Catarata Nuclear: Opacificação acinzentada de 
localização central. Aparece negra contra o 
reflexo vermelho do oftalmoscópio. Pode causar 
diplopia. 
o Catarata Cortical (Periférica): Opacificação em 
sombras radiais acinzentadas que apontam para 
dentro. Aparece negra contra o reflexo 
vermelho do oftalmoscópio. 
 
Cicatriz da Córnea: Opacificação branco-acinzentada 
da córnea, secundária a uma lesão ou inflamação 
antiga. Apresenta forma e tamanho irregular, e, ao 
contrário da catarata, encontra-se em um plano mais 
superficial e não se restringe à pupila. 
 
Reflexo Corneano (Corneopalpebral): Fechamento do 
olho em resposta a um estímulo mecânico (toque) na 
córnea. Mantém-se mesmo em pacientes em coma. 
Testa a integridade do nervo oftálmico (NC V1), 
aferente sensitivo para o reflexo, e do N. Facial (NC 
VII), eferente motor do m. orbicular do olho. 
 
Reflexo Oculocefálico: Os olhos do paciente são 
abertos e a cabeça virada para a direita e esquerda. O 
cérebro vivo permitirá que os olhos façam movimentos 
contrários a posição da cabeça. Por exemplo, se a 
cabeça é girada para a direita os olhos se desviam para 
a esquerda. Esse movimento se chama olhos de 
boneca porque é exatamente o que acontece com as 
bonecas, os olhos permanecerão fixos na linha média. 
A perda desse reflexo é um grave sinal de morte 
cerebral. 
 
 Pupilas: 
 
Deve-se observar alterações pupilares quanto: 
o Forma: normalmente arredondadas ou 
levemente ovaladas; 
- Discoria: Pupila de forma irregular; 
o Localização: Geralmente centralizadas; 
o Tamanho: 
- Midríase: Pupilas dilatadas por ação simpática; 
- Miose: Pupilas constritas por ação 
parassimpática. 
o Simetria: 
- Isocoria: Pupilas de mesmo tamanho; 
- Anisocoria: Pupilas de tamanhos diferentes. 
Pode ser fisiológica (menor que 0,5mm e se 
mantém em todos os níveis de iluminação); 
o Reflexos. 
 
Reflexo Fotomotor Direto: Reflexo de abertura e 
fechamento da pupila em resposta à luminosidade. 
Testa a integridade das fibras parassimpáticas do N. 
Oculomotor (NC III), que causam miose em resposta a 
um estímulo luminoso, e das fibras simpáticas 
provenientes do gânglio estrelado, que causam 
midríase em resposta à retirada do estímulo luminoso. 
A ausência deste reflexo pode ser um sinal de morte 
cerebral, visto que este é um dos últimos reflexos a se 
perder. 
 
Reflexo Fotomotor Consensual: A resposta de um olho 
(seja com miose ou midríase) é concomitante à 
resposta do outro olho. 
 
Reflexo de Acomodação (Sincinesia Acomodação-
convergência): Acomodação da pupila quanto à 
distância do foco de visão. Conforme o foco se 
aproxima do olho, ocorre leve miose. 
 
 
Figura 35 – Via dos Reflexos Fotomotores 
 
SEMIOTÉCNICA: 
Avaliação dos Reflexos Pupilares: 
Após solicitar ao paciente que olhe para um ponto a 
distância, projete o feixe de luz da lanterna 
alternadamente em uma pupila e na outra e 
concentre-se, cada vez que isso ocorrer, nos tamanhos 
e nas reações pupilares do olho iluminado. É 
aconselhável que a incidência de luz seja oblíqua e não 
frontal. Normalmente, quando o olho é iluminado, há 
uma constrição imediata deste, e, reflexamente, uma 
constrição consensual do outro olho, de mesma 
amplitude e velocidade. As anormalidades decorrentes 
da avaliação dos reflexos fotomotores serão discutidas 
a seguir. 
Para a avaliação do reflexo de acomodação, segure um 
lápis ou mantenha o seu dedo a cerca de 10 cm do 
olho do paciente. Peça ao paciente para olhar, 
alternadamente, para o lápis (ou a ponta de seu dedo) 
e para um objeto distante diretamente atrás dele. 
Observe a presença de constrição pupilar associada ao 
esforço de focalizar objetos próximos. 
 
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BASES ANATOMOFISIOLÓGICAS DOS REFLEXOS 
PUPILARES E SUAS ANOMALIAS: 
Ao se incidir a luz sobre um dos olhos do indivíduo 
normal verifica-se, depois de curto período de latência, 
a contração da pupila (miose) do mesmo olho 
estimulado (reflexo fotomotor direto) e também a 
contração, simultânea e de mesma amplitude, da 
pupila do olho contralateral não estimulado (reflexo 
fotomotor consensual). 
 
Via Aferente: Epitélio neurossensorial (cones e 
bastonetes), células bipolares, células ganglionares, 
camada de fibras nervosas retinianas, N. óptico (NC II), 
quiasma óptico (no qual há parcial decussação de suas 
fibras), trato óptico, mesencéfalo. 
Dentro do mesencéfalo desenvolve-se o neurônio 
intercalar que hemidecussa e articula o braço aferente 
com o braço eferente. 
 
Via Eferente Parassimpática: Núcleo de Edinger-
Westfall, N. Oculomotor (NC III), gânglio ciliar 
(sinapse), nervos ciliares (que inervam o músculo 
esfíncter da pupila e o músculo ciliar). 
Esta disposição anatômica, demonstrada na fig. 35, 
explica porque a estimulação luminosa de um olho 
provoca miose simultânea em ambos os olhos. 
 
Influências Centrais: 
Entretanto o braço eferente recebe também 
influências não decorrentes de estimulação luminosa. 
De fato, a formação reticular do tronco cerebral pode 
interferir na eferência e, indiretamente, inibir ou 
liberar os influxos indutores de miose. Durante o sono, 
por exemplo, os influxos inibidores supranucleares 
mediados pela substância reticular sobre o núcleo de 
Edinger-Westfall são mínimos e, por causa disto, 
dormimos em miose, mesmo não havendo luz 
incidindo sobre nossas pupilas. Por outro lado, se 
estivermos despertos e em ambiente bem iluminado 
poderemos desenvolver discreta, bilateral e 
simultânea midríase, ao levarmos um susto ou 
ouvirmos ruído intenso e agudo. Nestes dois exemplos 
a midríase é obtida, em parte, porqueinfluxos 
inibidores supranucleares do tronco cerebral sobre o 
núcleo de Edinger-Westfall reduzem a eferência 
parassimpática. Isto permite que o simpático se 
manifeste e a midríase predomine. Como regra geral, a 
tendência da pupila é a de permanecer em miose 
moderada. Realmente, em casos clínicos de paralisia 
pupilar conjunta do parassimpático e do simpático a 
pupila permanece em leve miose. 
A via eferente do reflexo pupilar sofre influência de 
outra função fisiológica normal, qual seja a da 
sincinesia acomodação-convergência. Ao olharmos 
para o infinito apresentamos certo diâmetro pupilar. 
Se, então, olharmos, por exemplo, a ponta do nosso 
indicador colocado a 15 cm à nossa frente, ocorrerão 
três fenômenos conjuntos (sincinesia): os dois olhos 
convergem (convergência), focalizaremos a ponta do 
dedo (acomodação) e ambas as pupilas diminuirão de 
diâmetro (miose). Esta miose não depende da luz, 
porque ela ocorrerá mesmo na obscuridade. E também 
ocorrerá num paciente cego, com atrofia bilateral de 
nervos ópticos, se ele tentar "focalizar mentalmente" 
seu próprio dedo colocado a sua frente, ainda que não 
o veja. A via desta função tem início no córtex occipital 
e projeta-se no tronco cerebral. 
 
Via Eferente Simpática: O primeiro neurônio se inicia 
no hipotálamo, desce até o nível C8-T2 da medula, 
onde ocorre sinapse. O segundo neurônio abandona a 
medula e atinge o gânglio cervical superior, sofrendo 
nova sinapse. O terceiro neurônio contorna a carótida 
comum, e junto com esta, penetra na cavidade 
intracraniana, a seguir na órbita, atravessa o gânglio 
ciliar, sem sofrer sinapse e, através de nervos ciliares, 
atinge o músculo dilatador da pupila. 
A estimulação simpática provoca aumento do 
diâmetro pupilar (midríase). Alguns ramos nervosos 
simpáticos, depois de atravessarem o gânglio ciliar, 
não penetram o olho, mas vão inervar o músculo tarsal 
de Müller. Este músculo, junto com o músculo 
elevador da pálpebra superior, participa no 
posicionamento correto da pálpebra superior, 
tendendo a elevá-la. 
 
Anomalias nos Reflexos e Diâmetros Pupilares: 
Em geral, podemos caracterizar dois grupos distintos 
de anomalias nos reflexos pupilares: 
Isocorias Anormais: Causadas por lesão de via 
aferente; 
Anisocorias (não-fisiológicas): Causadas por lesão de 
via eferente (simpática ou parassimpática). 
 
Lesões de Via Aferente (Isocorias Anormais): 
o Pupila de Marcus-Gunn: Pupila isocórica à 
contralateral, mas que responde menos (ou não 
responde) ao reflexo fotomotor direto. A pupila 
contralateral, mantendo a simetria, responde 
menos ao reflexo fotomotor consensual, mas 
reage normalmente ao reflexo fotomotor direto, 
determinando reação consensual normal da 
pupila acometida. A lesão, neste caso, está na 
via aferente, e é comumente observada em 
lesões do N. Óptico (NC II). A estimulação 
alternante e repetitiva das pupilas provoca um 
fenômeno conhecido como “dança das pupilas”. 
A pupila de Marcus-Gunn é acompanhada de 
cegueira parcial ou total. 
o Pupilas Mesencefálicas: Pupilas isocóricas em 
midríase média, não reagentes a luz, mas com 
reflexo de acomodação (sincinesia acomodação-
ECM SEMIOLOGIA MÉDICA: CABEÇA E PESCOÇO 
 
 
Página 36 
 
 
convergência) preservado. As pupilas 
mesencefálicas também representam lesões na 
via aferente de comprometimento bilateral, 
causadas por afecções do mesencéfalo como 
AVE e tumores. Não é associada a perdas na 
visão. 
o Pupilas de Argyll-Robertson: Pupilas isocóricas 
em miose irregular, muito pouco ou não 
reagentes a luz, mas com reflexo de 
acomodação (sincinesia acomodação-
convergência) preservado. Estas pupilas também 
dilatam mal no escuro e sob a ação de colírios 
midriáticos. São causadas por lesões na 
substância periaquedutal pela neurossífilis. Não 
é associada a perdas na visão. 
 
Lesões de Via Eferente (Anisocorias): 
o Paralisia do N. Oculomotor (NC III): Na lesão 
completa e unilateral do NC III encontramos 
blefaroptose, olho desviado para fora e 
ligeiramente para baixo (estrabismo divergente), 
midríase e paralisia de acomodação. A pupila 
midriática não responde a nenhum estímulo 
fotomotor direto ou consensual, e nem ao 
reflexo de acomodação (sincinesia acomodação-
convergência). A visão é preservada (a não ser 
que haja outras anomalias associadas). 
o Síndrome de Claude Bernard-Horner: Pupila em 
miose ipsilateral a lesão de gânglio estrelado. 
Associada a um quadro sindrômico de 
blefaroptose discreta, anidrose hemifacial 
ipsilateral. Por não haver lesão parassimpática, 
os reflexos fotomotores direto e consensual 
estão preservados bilateralmente, mas, após 
miose induzida pela luz, na retirada do estímulo 
luminoso, a pupila acometida volta a sua miose 
original, restabelecendo a anisocoria. Apresenta 
reflexo de acomodação preservado e nenhum 
acometimento da visão. 
o Pupila Tônica de Adie: A pupila tônica é grande, 
regular e geralmente unilateral. Sua reação à luz 
fica gravemente diminuída e lenta, podendo até 
inexistir. A reação à aproximação dos objetos, 
apesar de muito lenta, permanece. A lentidão da 
acomodação gera borramento visual. Muitas 
vezes, há uma redução dos reflexos tendinosos 
profundos. A lesão responsável se situa no 
gânglio ciliar (lesão pós-ganglionar de via 
eferente parassimpática). 
 
 Globo Ocular e Musculatura Extrínseca do Olho: 
 
SEMIOTÉCNICA: 
Exame dos Movimentos Oculares: 
Solicite ao paciente que acompanhe o seu lápis (ou o 
dedo), enquanto você o movimenta pelas seis 
principais direções do olhar fixo conjugado. Fazendo 
um H no ar, conduza o olhar do paciente: (1) para a 
extrema direita; (2) para a direita e para cima; (3) para 
baixo, à direita; (4) para a extrema esquerda; (5) para a 
esquerda e para cima; (6) para a esquerda e para 
baixo. Faça uma pausa durante o olhar conjugado para 
cima e para o lado, buscando detectar nistagmo. 
Exame da Convergência: 
Peça ao paciente que acompanhe o seu dedo ou o lápis 
enquanto você o desloca na direção do nariz dele. Os 
olhos convergentes normalmente acompanham o 
objeto até 5 a 8 cm do nariz. Convergência 
insatisfatória pode ser encontrada no hipertireoidismo. 
 
Estrabismo: Desvio dos olhos em relação à sua posição 
conjugada normal. O estrabismo pode ser classificado 
em dois grupos: 
o Não-paralítico: Causado por um desequilíbrio no 
tônus muscular ocular. É muitas vezes 
hereditário, e surge durante a infância, podendo 
normalizar com o crescimento. 
o Paralítico: Causado por paresia ou paralisia de 
um ou mais músculos extra-oculares. 
 
 
Figura 36 – Movimentos Oculares 
 
Estrabismos Paralíticos: 
o Lesão do N. Oculomotor (NC III): A paralisia do 
N. Oculomotor afeta a maioria dos músculos 
oculares. 
- A pálpebra superior cai (ptose palpebral) e não 
pode ser levantada voluntariamente, por 
paralisia do m. levantador da pálpebra superior. 
Como o m. orbicular do olho é inervado pelo N. 
Facial (NC VII), o fechamento continua normal; 
- A pupila fica completamente dilatada e não-
reativa, devido à paralisia do M. esfíncter da 
pupila, inervado pela porção parassimpática do 
N. Oculomotor (NC III). O dilatador da pupila 
permanece funcionante, pela inervação 
simpática proveniente do gânglio estrelado 
cervical; 
- A pupila é completamente abduzida e 
abaixada, por ação conjunta do reto lateral e 
ECM SEMIOLOGIA MÉDICA: CABEÇA E PESCOÇO 
 
 
Página 37 
 
 
oblíquo superior sem oposição, visto que os 
demais músculos encontram-se paralisados; 
- Diplopia com estrabismo divergente 
(exotropia). 
o Lesão do N. Troclear (NC IV): Paralisia do m. 
oblíquo superior. O olho não consegue sofrer 
depressão em posição aduzida. Também 
apresenta diplopia. 
o Lesão do N. Abducente (NC VI): Paralisia do m. 
reto lateral. O olho lesado é incapaz de ser 
abduzido, caracterizando uma diplopia com 
estrabismo convergente (esotropia). 
 
Diplopia: Visão dupla. Causada por um desvio ocular 
em que o paciente não consegue manter a fixação do 
objeto de interesse na fóvea. Destemodo, o objeto de 
interesse é visto em dois lugares. O paciente pode 
descrever o fato como visão embaçada, mas que 
desaparece quando apenas um olho está aberto. 
o Monocular: Causada por cristalino subluxado 
(ex.: lente ectópica na síndrome de Marfan), 
catarata nuclear (cristalino apresenta dois 
pontos focais), coloboma da íris (defeito da íris 
em forma de buraco de fechadura), 
descolamento de retina. 
o Binocular: Causada por paralisia de um ou mais 
músculos extra-oculares, restrição mecânica e 
centralização imprópria dos óculos. 
Obs.: Todas as paralisias de NCs III, IV e VI apresentam 
diplopia, já que os movimentos oculares não são feitos 
simultaneamente devido às limitações no movimento 
do olho lesado 
 
Nistagmo: Movimentos repetitivos rítmicos dos olhos. 
É provocado por impulsos motores irregulares para os 
músculos extra-oculares. Pode ser causado por 
distúrbios oculares (estrabismo, catarata, 
coriorretinite) ou por disfunções neurológicas 
(labirintite, alcoolismo, lesão cerebelar, lesão de 
tronco encefálico). 
 
Outros movimentos oculares involuntários: dismetria 
ocular; flutter; opsoclonus; bobbing ocular. 
 
 Alterações da Visão: 
 
Ametropias: Defeitos ópticos com erros de refração. 
Ex.: Miopia, hipermetropia, presbiopia, astigmatismo. 
 
Embaçamento da Visão: Pode ser causada por uveítes, 
retinopatia hipertensiva, retinopatia diabética, 
catarata. 
 
Escotomas: São áreas sem visão dentro do campo de 
visão que podem ser resultado de um dano na retina 
ou nas vias ópticas. São causas freqüentes de 
escotomas transitórios: aumento da pressão arterial e 
enxaqueca. Nessas duas situações a causa é a 
diminuição da irrigação sanguínea da retina por uma 
vasoconstrição que costuma ser passageira. Os 
escotomas são definitivos nos pacientes: 
o com glaucoma: doença em que há aumento da 
pressão intra-ocular, causando escotomas 
arqueados, que aumentam de tamanho quando 
não se consegue regular a pressão; 
o nas doenças que causam isquemia definitiva 
como nas oclusões de um vaso retiniano. 
 
Amaurose Fugaz: Perda da visão de um olho 
provocada pela falta de sangue na retina. 
o Obstrução da Artéria Central da Retina: Como 
os ramos terminais da artéria central da retina 
são artérias terminais, a obstrução deles por um 
êmbolo resulta em cegueira imediata e total. A 
obstrução geralmente é unilateral e ocorre em 
pessoas idosas. 
 
Obstrução da Veia Central da Retina: Como a veia 
central da retina entra no seio cavernoso, a 
tromboflebite desse seio pode resultar na passagem 
de um trombo para a veia central da retina e causar 
obstrução de uma das pequenas veias da retina. A 
oclusão de um afluente da veia central da retina 
geralmente resulta em perda lenta e indolor da visão. 
 
Perdas de Campo Visual: 
o Anopsia: Perda total da visão. Pode ser 
unilateral ou bilateral. 
o Hemianopsia: Escotoma que acomete metade 
do campo visual (temporal ou nasal). Pode ser 
heterônima, quando acomete lados diferentes 
no campo visual (ex.: perda dos campos nasais 
ou dos campos temporais); ou homônima, 
quando acomete o mesmo lado do campo visual 
(ex.: perda do campo temporal direito e do 
campo nasal esquerdo). 
o Quadrantanopsia: Acomete um quadrante do 
campo visual de cada olho. 
 
Lesões da Via Óptica (Vide fig. 37): 
o Lesão do N. Óptico (1): Resulta em cegueira 
completa do olho correspondente (anopsia 
unilateral). Pode ser causada por glaucoma ou 
traumatismo. Comprometimento do reflexo 
pupilar fotomotor do olho acometido. 
o Lesão da parte mediana do quiasma óptico (2): 
Resulta em hemianopsia heterônima 
bitemporal, pois os campos visuais temporais 
são perdidos. Pode ser resultante de um tumor 
de hipófise, ou de um aneurisma de artéria 
comunicante anterior. 
http://adam.sertaoggi.com.br/encyclopedia/ency/article/003040.htm
http://adam.sertaoggi.com.br/encyclopedia/ency/article/002291.htm
ECM SEMIOLOGIA MÉDICA: CABEÇA E PESCOÇO 
 
 
Página 38 
 
 
o Lesão da parte lateral do quiasma óptico: 
Resulta em hemianopsia nasal do olho 
correspondente. Pode ser resultante da 
compressão lateral do N. óptico por um 
aneurisma de artéria carótida interna. 
o Lesão do Tracto Óptico (3): Resulta em 
hemianopsia homônima direita ou esquerda 
com comprometimento do reflexo pupilar 
fotomotor. Pode ser resultante de um 
traumatismo ou tumor que comprima o tracto 
óptico. 
o Lesão dos Corpos Geniculados Laterais: 
Repercussões semelhantes às lesões do tracto 
óptico. 
o Lesões da Radiação Óptica ou do Córtex Visual 
(Área 17) (4 e 5): Se for total (raríssimo), 
provoca hemianopsia homônima direita ou 
esquerda sem comprometimento do reflexo 
fotomotor. Se for parcial, provoca perdas visuais 
em determinadas áreas do campo visual, ou 
quadrantanopsias (sempre homônimas). 
 
 
 
Figura 37 – Escotomas em lesões da via óptica 
 
4. Exame do Nariz e Seios Paranasais: 
 
Os principais sinais e sintomas relevantes no 
exame físico do nariz, cavidades nasais e seios 
paranasais são: 
o Dor: A dor está presente principalmente nos 
processos inflamatórios agudos das cavidades 
nasais e seios paranasais. A localização da dor 
depende do seio paranasal acometido, podendo 
ser: frontal, periorbitária e retrocular (seio 
frontal); maxilas e dentes superiores (seio 
maxilar). A dor se agrava à palpação da região 
correspondente ao seio. 
o Espirro: As crises de espirro estão presentes na 
fase inicial da rinite catarral aguda do resfriado 
comum, e, principalmente, em reações alérgicas, 
em que são seguidas de prurido. 
o Obstrução Nasal: Sintoma presente em quase 
todas as enfermidades das cavidades nasais 
(rinites, reações alérgicas, pólipos, neoplasias). 
Quando impossibilita a respiração nasal, induz a 
respiração bucal. Pode causar dispnéia, 
alterações do olfato e alterações na fonação. 
o Ronco: Decorrente de uma obstrução nasal, que 
impede a livre passagem de ar pelas cavidades 
nasais e faringe. A passagem de ar pela úvula e 
véu palatino provoca o ronco. 
Causas: Desvio de septo; pólipos alérgicos ou 
infecciosos; hipertrofia das conchas nasais; 
hipertrofia das adenóides e amígdalas. 
ECM SEMIOLOGIA MÉDICA: CABEÇA E PESCOÇO 
 
 
Página 39 
 
 
o Epistaxe: Sangramento nasal intenso devido ao 
rompimento da intensa vascularização do nariz. 
Esse sangramento é mais comum na Área de 
Kiesselbach, área de anastomose dos cinco 
ramos arteriais que suprem o septo nasal. 
Causas: traumatismo; epistaxe de verão 
(vasodilatação – comum em crianças); 
hipertensão arterial; arteriosclerose; 
coagulopatias; febre reumática. 
o Rinorréia (Corrimento Nasal): Além do 
corrimento sanguíneo (epistaxe), outros tipos de 
corrimento nasal podem ser observados: 
secreções mucosas, serosas, seromucosas, 
purulentas e com fragmentos de falsas 
membranas (difteria nasal). Corrimento 
purulento pode ser sinal de rinites e sinusites, e 
quando muito fétido pode ser causado por 
neoplasias malignas e sífilis nasal. A secreção 
serosa pode vir da própria mucosa (hidrorréia 
nasal) ou ser devida ao líquido cefalorraquidiano 
perdido pela lâmina crivosa (hidrorréia cefálica) 
em casos de traumatismo. 
o Alterações da Fonação: As cavidades nasais e 
seios paranasais atuam como caixa de 
ressonância durante a fonação, assim, uma 
obstrução nasal pode levar a alterações na 
fonação, resultando em uma voz mais anasalada 
(rinolalia). 
o Alterações do Olfato: 
- Hiposmia e Anosmia: Diminuição e abolição, 
respectivamente, da sensibilidade olfativa. 
Causas: Obstrução nasal (que impede a 
passagem de partículas odoríferas até o epitélio 
olfatório no teto da cavidade nasal); lesões do 
epitélio olfatório (tumores, abscessos, 
traumatismo). 
- Hiperosmia: Olfato exacerbado em decorrência 
de lesões da ponta do lobo temporal. Às vezes 
surge na gravidez, no hipertireoidismo e como 
aura epiléptica (surge antes da crise). 
- Parosmia: Interpretação errônea de uma 
sensação olfatória. É a perversão do olfato. 
Surge em neuropatas e como aura epiléptica 
(surge antes da crise).- Cacosmia: Sensação de odor pútrido. 
Causas: Sinusite crônica purulenta; sífilis nasal; 
corpo estranho; tumores (ex.: tumor de cavum). 
 
O nariz, as cavidades nasais e seios paranasais 
devem ser examinados por inspeção simples 
(desarmada), palpação e inspeção armada (com o 
rinoscópio). 
 
 Inspeção Simples 
 
A inspeção simples é feita examinando-se as 
superfícies anterior e inferior do nariz. Atentando-se 
para a presença de: 
o Nariz em sela: Ponte nasal baixa ou ausência de 
ponte nasal. Visto de perfil, a forma do nariz 
assemelha-se a uma sela de cavalo. Típico da 
sífilis congênita, mas também pode ser causado 
por traumatismos, osteogênese imperfecta, 
síndromes genéticas (ex.: Síndrome de Down) e 
displasia ectodérmica. 
o Desvio de septo nasal: O desvio de septo nasal é 
causa comum de dificuldade respiratória. 
o Destruição de septo nasal: A destruição do 
septo nasal pode ser decorrente do uso crônico 
de cocaína, bem como de infecções como 
hanseníase, leishmaniose e blastomicose. 
o Rinofima: Hipertrofia benigna tuberosa do nariz 
com neoformações vasculares de evolução lenta 
e progressiva. Sua causa é ainda desconhecida. 
o Batimento de asas do nariz (BAN): Sinal de 
dificuldade respiratória, muito presente em 
estágios terminais de doenças crônicas. 
 
 
Figura 38 – Nariz em sela 
 
 
Figura 39 – Rinofima 
 
 Palpação: 
ECM SEMIOLOGIA MÉDICA: CABEÇA E PESCOÇO 
 
 
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A palpação permite reconhecer as crepitações e 
desnivelamentos deparados nas fraturas da pirâmide 
nasal e do maciço ósseo facial, assim como o volume e 
a consistência de tumores e pontos dolorosos. Palpa-se 
os ossos frontal e maxilar como forma de avaliar a 
hipersensibilidade dos seios paranasais. 
 
Obstrução Nasal: Pesquisada pela compressão 
alternada das asas do nariz com o paciente inspirando. 
 
Hipersensibilidade da ponta ou asas do nariz: Sinal 
indicativo de infecção nasal. 
 
Sinusite: Inflamação dos seios paranasais. A 
hipersensibilidade à palpação local, associada a febre, 
dor e rinorréia, sugere sinusite aguda. 
o Sinal de Ewing: Dor à palpação do seio frontal, 
indicando sinusite frontal. 
o Sinal de Grunwald: Dor à palpação das células 
etmoidais anteriores no ângulo medial do olho, 
indicando sinusite etmoidal. 
 
 Rinoscopia: 
 
A rinoscopia é o exame das cavidades nasais 
pela utilização de um rinoscópio. Pode ser anterior 
(acesso pelas narinas) e posterior (acesso pela 
cavidade bucal, a partir das coanas). 
o Rinoscopia anterior: Observa-se as conchas 
nasais, os meatos nasais, o septo nasal, o 
assoalho da fossa nasal e o teto (epitélio 
olfatório). Procura-se a existência de exsudatos, 
pólipos, neoplasias, hipertrofia de conchas 
nasais, desvios de septo e presença de corpo 
estranho. 
o Rinoscopia posterior: Com a utilização de um 
espelho, observa-se o cavum, as adenóides, as 
conchas nasais, o óstio faríngeo da tuba auditiva 
e as coanas. Procura-se a existência de 
exsudatos, pólipos, degeneração ou hipertrofia 
de conchas, vegetações adenóides e neoplasias. 
 
5. Exame dos Ouvidos: 
 
Os principais sinais e sintomas relevantes no 
exame físico dos ouvidos são: 
o Otalgia: Dor de ouvido. Na otite externa, ocorre 
dor à compressão e tração do tragus, enquanto 
na otite média ocorre dor à compressão da 
mastóide. A dor na otite média pode ter caráter 
pulsátil. Às vezes, é uma dor referida, que 
provém de pontos distantes (cárie dentária, 
sinusite, amigdalite, faringite). 
o Otorréia: É a saída de secreção pelo ouvido. 
Pode ser clara como água (LCR), serosa, mucosa, 
purulenta ou sanguinolenta. 
o Otorragia: Geralmente, é decorrente de 
traumatismos do meato acústico externo. 
o Prurido: Pode ser causado por eczema no canal 
auditivo, diabetes, hepatite crônica e linfomas. 
o Zumbidos: São sensações auditivas subjetivas, 
sem que para isto exista estímulo exterior. 
Atribuem-se à irritação de células sensoriais do 
órgão de Corti, no ouvido interno. Podem ser 
causados por tampões de cerume, síndrome de 
Menière, hipertensão arterial, causa psíquica, 
neurinoma do acústico. 
o Vertigem: Consiste na sensação subjetiva em 
que o paciente acredita estar girando em torno 
dos objetos (vertigem subjetiva) ou os objetos 
estarem girando em torno dele (vertigem 
objetiva). Geralmente acompanhada por perda 
do equilíbrio, náuseas, vômitos e zumbidos. 
Causas: Labirintopatias; insuficiência vascular 
cerebral; afecções do cerebelo, tronco 
encefálico, córtex cerebral e epilepsias; cinetose; 
diabetes; mixedema. 
o Distúrbios da Audição (Disacusias): Perda da 
capacidade auditiva. 
- Hipoacusia: Perda da capacidade auditiva leve 
ou moderada. 
- Surdez: Perda acentuada da capacidade 
auditiva. 
- Anacusia ou Cofose: Perda total da capacidade 
auditiva. 
- Disacusia de Transmissão: Devida a lesões 
situadas no aparelho condutor da onda sonora, 
ou seja, orelha externa e média. 
- Disacusia Neurossensorial ou de Percepção: 
Quando o fator lesivo se localiza no órgão de 
Corti e/ou na via auditiva (nervo coclear), 
elementos perceptores da onda sonora. 
 
Os ouvidos devem ser examinados por inspeção 
simples (desarmada), palpação e inspeção armada 
(com o otoscópio). 
 
 Inspeção Simples: 
 
Alterações no Pavilhão Auricular: 
o Anomalias congênitas de forma e implantação 
das orelhas (associam-se a doenças congênitas). 
o Tofos: Pequenos nódulos localizados 
principalmente na cartilagem do hélix e comuns 
na gota crônica. 
o Nódulos Reumatóides: Pequenos nódulos na 
hélice ou na anti-hélice. Presentes na artrite 
reumatóide. 
o Alterações da Cor: Pode apresentar cianose. 
ECM SEMIOLOGIA MÉDICA: CABEÇA E PESCOÇO 
 
 
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o Protrusão da região do tragus: nas otites agudas 
supurativas. 
o Presença de secreções no meato acústico 
externo. 
o Eczema e lesões micóticas do ouvido externo. 
o Tumores e lesões destrutivas. 
o Pápulas e nodulações na hanseníase. 
 
 Palpação: 
 
A palpação fornece elementos de valor na 
orientação diagnóstica pela comprovação de pontos 
dolorosos à compressão do processo mastóide nas 
mastoidites agudas e otites médias, assim como do 
pavilhão auricular nas otites externas agudas. A 
palpação pode ainda revelar a presença de 
linfonodopatias. 
 
 Otoscopia: 
 
A otoscopia consiste no exame do meato 
acústico externo e da membrana timpânica por 
intermédio de um otoscópio. 
 
 Testes de Capacidade Auditiva: 
 
Os testes de Rinne e Weber são aplicados na 
avaliação de pacientes que refiram como queixa 
disacusia. São provas funcionais que avaliam a parte 
coclear do N. Vestibulococlear (NC VIII). É necessário 
para realização destas provas utilizarmos o diapasão. 
 
Teste de Rinne: Compara a audição por via aérea e 
audição por via óssea. 
 
SEMIOTÉCNICA: 
Faz-se vibrar o diapasão, colocando-o primeiro com 
haste apoiada na mastóide (via óssea) até o paciente 
acusar não mais percebê-lo. Imediatamente, o 
reposicionamos próximo ao pavilhão auricular (via 
aérea). Em ambos, anotamos o tempo em que o 
diapasão é percebido até o paciente deixá-lo de 
perceber. 
 
Interpretação: 
o Rinne positivo normal: Tempo em torno de +/- 
20 seg. para a via óssea e, + 20 seg. via aérea, 
que tem duração 2x maior. 
o Rinne positivo encurtado ou patológico: Tempo 
por via óssea diminuído (exemplo: 10 seg.). 
Traduz disacusia neurossensorial por lesão do 
órgão de Corti ou dos neurônios cocleares. 
o Rinne negativo: Tempo por via óssea mais 
prolongado, melhor que por via aérea (o inverso 
do normal). Traduz disacusia de transmissão, 
que pode ser causada por: otite externa, otite 
média, afecção do tímpano, objeto estranho em 
conduto auditivo externo, tampão seroso. 
 
Teste de Lateralização (de Weber): O diapasão, após 
ser colocado a vibrar, é posicionado com a haste 
apoiada no vértice da cabeça. Normalmente, os dois 
ouvidos percebem o som com igual intensidade. 
 
 
Figura 40 – Teste de Weber 
 
Interpretação: 
o Lesão no ouvido médio ou externo (disacusia 
de transmissão):O som é percebido melhor, 
paradoxalmente, pelo ouvido lesado, pois a 
lesão diminui a perda da onda sonora pelo 
ouvido lesado. 
o Lesão no nervo coclear ou no centro cortical 
auditivo (disacusia de percepção): O som é mais 
bem percebido pelo ouvido normal. 
 
6. Exame da Cavidade Oral e Faringe: 
 
Os sinais e sintomas mais relevantes no 
exame físico da cavidade oral são: 
o Dor: A dor na cavidade oral é geralmente 
associada a uma dor de dente (odontalgia). 
o Disfagia: É a dificuldade de deglutir, decorrente 
de processos inflamatórios, neoplásicos e 
paralíticos do véu palatino e dos músculos 
constritores da faringe. Pode surgir em certos 
estados emocionais. 
o Tosse: A hiperplasia amigdaliana pode 
desencadear tosse reflexa. 
o Halitose: A queixa de halitose (mau hálito) 
requer exame cuidadoso, não só da cavidade 
oral, mas também dos sistemas respiratório, 
ECM SEMIOLOGIA MÉDICA: CABEÇA E PESCOÇO 
 
 
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digestório, pele e mucosas. A halitose pode 
também ser de origem metabólica e 
psicogênica. 
Causas: locais (higiene bucal deficiente, cárie, 
doenças gengivais, doenças periodontais); 
respiratórias (abscesso pulmonar, 
bronquiectasia, rinite hipertrófica, sinusite, 
bronquite, câncer e fumo); digestivas (gastrite, 
colite, enterite, insuficiência hepática, uremia); 
metabólicas (cetoacidose diabética, insuficiência 
renal crônica); psicogênicas (ansiedade). São 
hálitos característicos: 
Hálito Cetônico: No paciente diabético em 
Cetose, a acetona é excretada nos pulmões e 
confere à respiração um odor de frutas. 
Hálito Urêmico: No paciente com uremia 
(azotemia), geralmente sinal de insuficiência 
renal crônica, o hálito apresenta um odor de 
amônia. 
Hálito Hepático: O paciente com doença 
hepática apresenta um hálito com odor rançoso 
(de terra molhada, peixe, urina de rato) ou fetor 
hepaticus. Deve-se à liberação de dimetilsulfeto 
em pacientes com cirrose, hepatite e neoplasias. 
Hálito Pútrido: Paciente com abscesso pulmonar 
apresenta hálito com odor pútrido ou fetor oris. 
Hálito Alcoólico: Hálito típico do alcoolista. 
Hálito Tabagista: Hálito típico do tabagista. 
 
 Exame dos Lábios: 
 
Os lábios devem ser inspecionados e palpados 
para se averiguar coloração, forma, textura, 
flexibilidade e presença de lesões. 
 
Alterações de Coloração: Os principais achados são 
palidez na anemia, cianose na cardiopatia cianótica 
congênita, vermelhidão na queilite e escurecimento na 
doença de Addison. 
 
Aumento de Volume: Presente no hipotireoidismo, 
acromegalia, cretinismo, angioedema, neoplasias e 
processos inflamatórios. 
 
Deformidades Anatômicas: Lesões congênitas como o 
lábio leporino, com aspecto e localização variados, 
acompanhado ou não de fenda palatina. Os 
traumatismos e as queimaduras também levam a 
deformidades. 
 
Lesões Ulceradas: Podem ser causadas por 
blastomicose, leishmaniose e lesão luética primária. 
 
Cancro Sifilítico: Lesão da sífilis primária que pode 
localizar-se no lábio em vez de na genitália. Trata-se de 
uma lesão firme, semelhante a um botão que ulcera e 
pode constituir uma crosta. 
 
Herpes Labial: O HSV produz erupções vesiculares 
recidivantes e dolorosas nos lábios e na pele 
circundante. Após o rompimento das vesículas, 
aparecem crostas amarelo-acastanhadas. Acompanha 
com frequência as febres elevadas. 
 
 
Figura 41 – Herper Labial 
 
Angioedema (Edema de Quincke): Edema alérgico que 
comumente compromete os lábios. Pode acometer 
também língua, pálpebras, genitália e laringe. É um 
edema difuso, não pruriginoso, não depressível e tenso 
da derme e do tecido subcutâneo. Aparece 
rapidamente, e, como regra, desaparece ao longo de 
algumas horas ou dias. 
 
 
Figura 42 – Angioedema (Edema de Quincke) 
 
Carcinoma Labial: É mais comum no lábio inferior, por 
estar mais exposto ao sol. Apresenta um aspecto de 
placa descamante, úlcera com ou sem crosta, ou então 
uma lesão nodular. 
 
Queilite Actínica: Decorre da exposição excessiva à luz 
solar e afeta, basicamente, o lábio inferior. O lábio 
perde a sua vermelhidão normal e pode descamar, 
ficar um pouco espessado e evertido. 
 
Queilite Angular: Lesão inflamatória das comissuras 
labiais, acompanhada de fissura, maceração e 
descamação. Pode ser secundária a deficiência 
nutricional (complexo B) ou, mais comumente, pelo 
fechamento excessivo da boca (em desdentados e 
pessoas que utilizam próteses dentárias mal 
adaptadas). Pode conduzir a uma infecção secundária 
por Candida. 
 
ECM SEMIOLOGIA MÉDICA: CABEÇA E PESCOÇO 
 
 
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Figura 43 – Queilite Angular 
 
Síndrome de Peutz-Jeghers: Manchas pigmentadas 
labiais escuras (mais acentuadas que as sardas). 
Também podem ser encontradas manchas 
pigmentadas na face e nas mãos. A síndrome 
frequentemente associa-se a múltiplos pólipos 
intestinais. 
 
 
Figura 44 – Síndrome de Peutz-Jeghers 
 
Síndrome de Osler-Weber-Rendu (Telangiectasia 
Hemorrágica Hereditária): Múltiplas pequenas 
manchas vermelhas nos lábios, língua, face, mãos e 
mucosa oral. Correspondem a vasos capilares dilatados 
e podem sangrar, quando traumatizados. As pessoas 
acometidas costumam apresentar epistaxe e 
hemorragia digestiva. 
 
 
Figura 45 – Síndrome de Osler-Weber-Rendu 
 
 Exame da Mucosa Oral: 
 
Em condições normais a mucosa da cavidade 
oral tem uma coloração róseo-avermelhada mais 
homogênea que a da língua. 
 
Estomatite: Afecção mais encontrada no exame da 
cavidade oral. Abrange todos os processos 
inflamatórios a mucosa oral. Exemplos de estomatite 
são: afta, monilíase (sapinho), estomatite tuberculosa, 
sifilítica e herpética. 
 
Manchas de Koplik (Sinal do Céu Estrelado): 
Minúsculas manchas esbranquiçadas circundadas por 
uma aréola vermelha e situadas quase sempre na 
bochecha em frente aos molares. Constituem um sinal 
precoce de sarampo. 
 
Manchas de Fordyce (Granulações de Fordyce): São 
glândulas sebáceas normais com aspecto de pequenas 
manchas amareladas na mucosa oral e nos lábios. 
 
Petéquias: São pequenos pontos vermelhos, que 
aparecem quando o sangue extravasa dos capilares 
para os tecidos. As petéquias da mucosa oral 
geralmente são causadas pela mordedura acidental da 
bochecha, mas podem ser secundárias a uma infecção 
ou indicativas de plaquetopenia. 
 
Leucoplasias: Placas brancas espessadas que pode, 
aparecer em qualquer local da cavidade oral. Estão 
associadas ao hábito de mascar tabaco. São indolores e 
pré-cancerosas. 
 
 Exame das Gengivas e Dentes: 
 
As gengivas normais têm coloração róseo-
avermelhada, são firmes e não apresentam lesões de 
qualquer natureza. Deve-se observar o número dentes 
e o estado de conservação dos mesmos, incluindo-se o 
reconhecimento de próteses dentárias. 
 
Palidez Gengival: Perda da coloração rósea para uma 
coloração mais clara, sendo sinal de anemia. 
 
Cianose Gengival: Traduz aumento da hemoglobina 
reduzida no sangue, por provável insuficiência 
respiratória. 
 
Icterícia Gengival: A coloração ictérica é facilmente 
visualizável nas gengivas, principalmente nas 
proximidades do frênulo lingual, bem visível quando se 
solicita ao paciente para tocar o céu da boca com a 
ponta da língua. 
 
Edema Gengival: Pode ocorrer na gravidez, em 
leucoses, no uso prolongado de medicamentos 
(nifedipina, fenitoína) e na amiloidose. 
 
Hiperplasia Gengival: As gengivas aumentadas por 
hiperplasia constituem massas sobrepostas que podem 
chegar a recobrir os dentes, pode estar associada à 
vermelhidão e sangramentos. As causas incluem 
leucemia, puberdade, gravidez e uso prolongado de 
fenitoína. 
 
ECM SEMIOLOGIA MÉDICA: CABEÇA E PESCOÇO 
 
 
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Figura 46 – Hiperplasia Gengival 
 
Gengivite: Inflamação das gengivas. As gengivas 
tornam-se avermelhadas, esponjosas e facilmente 
sangráveis. Podem ser causadas por placas bacterianas 
ou por doenças sistêmicas como pelagra, escorbuto, 
leucoses e linfomas. 
 
Periodontite: Inflamação com comprometimento 
difuso dos dentes e das gengivas que circundam osdentes. As gengivas ficam vermelhas, intumescidas, 
perdem a forma e tendem a sangrar com facilidade. 
Pode haver supuração em torno dos dentes, por 
destruição do tecido ósseo alveolar de sustentação do 
dente. 
 
Linha Plúmbea (Orla Saturnina): Linha negro-azulada a 
cerca de 1 mm da borda gengival. Indica intoxicação 
por chumbo. Geralmente associada à periodontite. 
 
Sarcoma de Kaposi: Nas pessoas com AIDS, o sarcoma 
de Kaposi pode aparecer nas gengivas e em outras 
estruturas. Trata-se de um tumor maligno do endotélio 
linfático. A gengiva aparenta hiperplasia, mas 
apresenta coloração mais escura, amarronzada. 
 
 
Figura 47 – Sarcoma de Kaposi 
 
Alterações dos Dentes: 
o Dentes Cariados: Perda mais ou menos 
abundante de tecido dentário. 
o Hipoplasia do Esmalte: Traduz-se por estrias 
horizontais e indica perturbação metabólica, 
sendo o raquitismo a causa mais frequente. 
o Desgaste da Superfície Mastigatória: Decorre 
do hábito de fumar cachimbo ou em 
consequência de prótese na arcada oposta. 
o Dentes de Hutchinson: Caracterizam-se pela 
presença de incisivos superiores com a forma de 
“chave de fenda”, por perda dos ângulos, e 
molares com as faces oclusais em forma de 
amoras. São observados na sífilis congênita. 
 
 
Figura 48 – Dentes de Hutchinson 
 
 Exame do Palato e Faringe: 
 
O palato e a faringe devem ser inspecionados 
em busca de ulcerações, massas e outras lesões. 
Infecções comuns no palato e na faringe são a 
candidíase e a difteria, respectivamente. As 
amigdalites e faringites são problemas comuns, 
principalmente em crianças. 
 
Petéquias Palatinas: São fenômenos tromboembólicos 
comumente observados nas leucoses e na endocardite 
infecciosa. 
 
Toro Palatino: É a exostose (crescimento ósseo 
benigno) na linha média do palato duro. É 
assintomático. 
 
Amigdalite (Angina): Processo inflamatório infeccioso 
localizado geralmente nas amígdalas palatinas, e, 
eventualmente, nas amígdalas linguais. É comum, no 
entanto, que a inflamação se estenda a toda a mucosa 
orofaríngea, tomando então a denominação de 
angina. 
o Angina Eritematosa (Estreptocócica): Toda a 
mucosa faríngea apresenta-se congesta, 
levemente edemaciada, sobretudo ao nível das 
amígdalas palatinas, que, com frequência, se 
mostram recobertas por depósito 
esbranquiçado, purulento, facilmente destacado 
(forma eritematopultácea). Pode estar associada 
a: febre alta, calafrios, mal-estar, mialgia 
generalizada, artralgia, cefaléia, astenia, 
odinofagia, ardência faríngea, otalgia reflexa e 
linfonodomegalia subangulomandibular. 
Causada por estreptococos beta-hemolíticos do 
tipo A, pode complicar-se em abscessos da loja 
amigdaliana e látero-faríngeos, febre reumática 
e glomerulonefrite. 
ECM SEMIOLOGIA MÉDICA: CABEÇA E PESCOÇO 
 
 
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o Angina Diftérica: Decorrente de uma infecção 
aguda por Corynebacterium diphteriae, muito 
comum em crianças do primeiro ao sétimo ano 
de vida. Caracterizada pela presença de falsas 
membranas branco-acinzentadas, localizadas 
sobre as amígdalas e invadindo os arcos 
palatoglossos e a úvula. Pode estar associada a: 
febre moderada, pulso rápido, palidez, adinamia 
e linfonodomegalia subangulomandibular. 
o Angina Viral: Caracterizada por amígdalas 
hiperemiadas. 
o Angina de Plaut-Vincent (Fusoespiralar): 
Caracterizada por ulceração da amígdala, 
recoberta por pseudomembrana sem tendência 
a estender-se, com necrose e exsudato de odor 
fétido. Provocada por simbiose entre bacilos 
fusiformes e espiralares, saprófitos normais da 
cavidade oral, que adquirem patogenia quando 
se associam. 
o Angina de Ludwig: Infecção de partes moles por 
bactérias na região submandibular, formando 
um fleimão. Produz um inchaço submandibular 
que pode bloquear as vias respiratórias, 
causando insuficiência respiratória. Pode 
expandir-se para o mediastino, causando 
mediastinite. 
 
 
Figura 49 – Angina Diftérica 
 
Sinal de Müller: Presença de pulsações sistólicas da 
úvula, sinal de insuficiência aórtica. 
 
 Exame da Língua: 
 
Macroglossia: Língua aumentada e com sulcos de 
impressão dos dentes. Pode ser decorrente de um 
hipotireoidismo, que causa crescimento gradual da 
língua, ou por edema de Quincke, um aumento agudo 
provocado por uma reação alérgica, ou ainda por 
cretinismo e síndrome de Down. 
 
Língua Saburrosa: Caracteriza-se pelo acúmulo de uma 
substância branco-acinzentada na superfície dorsal da 
língua. Aparece em pacientes febris, nos tabagistas, em 
indivíduos desidratados e mesmo em pessoas normais, 
especialmente ao despertar. 
 
 
Língua Escrotal (Fissurada): Apresenta áreas com 
fendas transversais profundas. É considerada normal e 
aparece naturalmente com o envelhecimento. 
 
Língua Geográfica: Apresenta áreas despapiladas, 
avermelhadas e lisas, e áreas ásperas e revestidas de 
papilas novas. Também é considerada normal, mas 
pode ser decorrente de uma estomatite. 
 
Língua Lisa (Careca): Língua lisa por ausência de 
papilas e dolorosa. Pode ser causada por deficiência de 
riboflavina, niacina, ácido fólico, vitamina B12 ou ferro. 
A utilização de drogas antineoplásicas também pode 
ser responsável pelo fenômeno. 
 
Língua Negra Pilosa: Apresenta papilas filiformes 
hipertrofiadas e hipercoradas, assemelhando-se a fios 
de cabelo. Pode ser resultante de antibioticoterapia ou 
surgir espontaneamente, sem motivo conhecido. 
 
Língua Branca Pilosa (Leucoplasia Pilosa): Apresenta 
papilas filiformes hipertrofiadas, esbranquiçadas, com 
padrões de “penugem”. Não suscetível à raspagem. 
Pode ser causada pelo HIV na AIDS. 
 
Escarlatina: É uma doença infecciosa causada pela 
bactéria Streptococcus scarlatina. Começa como uma 
faringite, e depois atinge a pele e a língua. 
- Língua em framboesa: De coloração vermelho 
intenso; 
- Língua em morango: Língua branca com áreas 
vermelhas. 
 
Candidíase: Apresenta revestimento branco e espesso 
da língua, suscetível à raspagem. 
 
7. Exame do Pescoço: 
 
O exame do pescoço é realizado por inspeção, 
palpação e ausculta. 
 
 Inspeção: 
 
A inspeção permite recolher dados a respeito 
de: 
o Pele; 
o Forma e Volume; 
o Posição; 
o Mobilidade; 
o Turgência das Jugulares; 
o Batimentos Arteriais e Venosos. 
 
Pele: Cumpre chamar atenção para a possibilidade de 
sinais flogísticos (edema, calor, rubor e dor) e 
fistulização nas áreas que recobrem os linfonodos. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%9Avula
ECM SEMIOLOGIA MÉDICA: CABEÇA E PESCOÇO 
 
 
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Linfonodos fistulizados estão presentes em: 
escrofulodermia (tuberculose cutânea); 
paracoccidioidomicose. 
 
Forma e Volume: Alterações decorrem de aumentos 
da tireóide (deformação anterior); dos linfonodos 
(deformação lateral localizada); das parótidas 
(deformação lateral alta, invadindo face); de 
tumorações benignas ou malignas (deformações 
irregulares); de enfisema subcutâneo; e na síndrome 
de Klippel-Feil (ausência congênita de vértebras 
cervicais, determinando diminuição de tamanho). 
 
Posição: Normalmente, é mediana, seguindo o eixo da 
coluna. Pode apresentar alterações por rigidez (no 
torcicolo, na irritação meníngea, em espondiloartroses, 
fraturas, luxações e na tuberculose óssea), e alterações 
por flacidez (na poliomielite, miastenia gravis, comas). 
Os processos de rigidez geralmente se acompanham 
de dor à mobilidade do pescoço. 
 
Mobilidade: Deve-se pesquisar a mobilidade ativa, 
realizada pelo paciente, e a passiva, pelo examinador. 
A mobilidade ativa permite avaliar a força do grupo 
muscular que comanda os movimentos do pescoço. 
Devem ser efetuados movimentos de flexão, 
hiperflexão, extensão, hiperextensão, rotação, 
circundação e as combinações rotação-hiperflexão e 
rotação-hiperextensão. A rigidez da nuca é sinal 
importante de irritação meníngea. 
 
Turgência Jugular: A inspeção das jugulares deve ser 
feita com o paciente em decúbito dorsal a 45º. Diz-se 
que a jugular está anormalmente túrgida quando a 
veia se enche acima do plano que, partindo do ângulo 
de Louis, encontraa veia jugular externa. O 
enchimento da jugular acima do referido plano com o 
pescoço e o paciente em decúbito dorsal a 0º não 
indica anormalidade. A turgência jugular de causa 
obstrutiva é geralmente acompanhada de circulação 
colateral e imobilidade da veia, enquanto a de causa 
não obstrutiva nunca se acompanha de circulação 
colateral e, frequentemente, apresenta pulso venoso. 
Causas: Não-obstrutivas (Insuficiência Ventricular 
Direita; Insuficiência Cardíaca Congestiva; 
Pneumotórax Hipertensivo); Obstrutivas (obstrução ou 
compressão de VCS; obstrução ou compressão de veia 
braquiocefálica (unilateral)). 
 
Batimentos Arteriais e Venosos: Os batimentos 
visíveis são determinados pelo pulso carotídeo ou pelo 
pulso venoso (quando presente). O pulso carotídeo é, 
normalmente, rítmico, forte, amplo e concordante 
com a sístole ventricular. 
o Pulsações exageradas da aorta na fúrcula 
esternal e das carótidas no pescoço: Podem ser 
causadas por insuficiência aórtica, 
arteriosclerose, hipertensão arterial, aneurismas 
e síndromes hipercinéticas. 
 
 Palpação: 
 
A palpação deve ser realizada visando às 
seguintes estruturas: 
o Músculos e tecido subcutâneo; 
o Carótidas e jugulares; 
o Glândulas salivares; 
o Traquéia e laringe; 
o Tireóide; 
o Linfonodos. 
 
Músculos e Tecido Subcutâneo: A alteração palpatória 
mais comum é a contratura muscular, principalmente a 
do esternocleidomastóideo nos casos de torcicolo e a 
hipertonia da musculatura cervical posterior no tétano, 
irritações meníngeas e espondilopatias. 
 
Carótidas e Jugulares: As artérias carótidas e as veias 
jugulares devem ser palpadas em seus trajetos no 
pescoço. Deve-se atentar à presença de frêmitos 
arteriais e venosos, podendo estar relacionados ao 
aumento na amplitude do pulso. As principais 
alterações encontradas são: 
o  Amplitude de Pulso Carotídeo: Síndromes 
hipercinéticas (emoções, exercícios, 
hipertireoidismo, fístulas arteriovenosas, 
beribéri); hipertensão arterial; insuficiência 
aórtica; aneurisma de carótida; coarctação da 
aorta; arteriosclerose. 
o  Amplitude de Pulso Carotídeo: Insuficiência 
Cardíaca; choque; obesos (fisiológico); tumores 
compressivos; obstrução por trombose. 
Obs.: Não se deve palpar ambas as carótidas 
simultaneamente, sob risco de síncope em pacientes 
cardiopatas e arteriopatas. 
 
Glândulas Salivares: Normalmente, apenas a glândula 
submandibular é palpável. Glândulas parótidas e 
sublinguais palpáveis são sinais patológicos, podem ser 
causados por: caxumba (acompanhado de dor à 
palpação e hipertermia local); síndrome de Mikulicz 
(acompanhado de inchaço das glândulas lacrimais); 
parotidite não virótica; obstrução dos canais 
excretores; neoplasias. 
 
Traquéia e Laringe: Normalmente, localizam-se 
medianos e centrais no pescoço. Apresentam 
movimentos para cima na deglutição e para baixo na 
inspiração, além de movimentos de lateralidade 
indolores. 
o Posição: O desvio lateral da traquéia pode ser 
devido a: aneurismas de aorta e vasos do 
ECM SEMIOLOGIA MÉDICA: CABEÇA E PESCOÇO 
 
 
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pescoço; tumores cervicais e do mediastino 
superior; derrames pleurais volumosos (com 
desvio do órgão para o lado oposto ao derrame) 
e atelectasia pulmonar (com desvio do órgão 
para o lado da lesão). 
o Forma: Alterações são geralmente relacionadas 
a tumores. 
o Pulsações da Traquéia: Sinal de Oliver-
Cardarelli. 
 
SEMIOTÉCNICA: 
Sinal de Oliver: Com a cabeça em posição anatômica 
ou levemente inclinada para trás, fixamos a cartilagem 
cricóide com o polegar e o indicador da mão direita, 
fazendo leve pressão no sentido caudo-cranial. Em 
pacientes portadores de aneurisma do arco da aorta, 
poderá ser percebida a movimentação da laringe para 
baixo, sincronicamente ao pulso arterial. 
Tal achado semiológico se deve ao íntimo contato da 
aorta aneurismática, na sua concavidade, com o 
brônquio esquerdo, transmitindo a este a pulsação 
arterial. Em algumas situações, esta manobra pode 
provocar dor e/ou espasmo laríngeo, causando 
desconforto e sendo perigoso para o paciente. 
 
Figura 50 – Sinal de Oliver 
 
 
Figura 51 – Sinal de Cardarelli 
 
Sinal de Cardarelli: Consiste em se fazer delicada 
pressão na laringe (cartilagem cricóide) com o polegar 
ou dedo médio da mão direita, no sentido lateral da 
direita para a esquerda, deslocando a traquéia da sua 
posição mediana para este lado. Caso haja presença de 
aneurisma do arco da aorta, perceber-se 
movimentação rítmica laringotraqueal. Este achado 
será de maior valor diagnóstico se desaparecer com o 
deslocamento da laringe para o lado contrario (da 
esquerda para a direita). 
 
Tireóide: VIDE ABAIXO. 
 
 Ausculta: 
 
A ausculta é utilizada para a avaliação de sopros 
na região cervical de origem arterial ou venosa. Os 
sopros arteriais estão presentes em processos 
obstrutivos e em estados hipercinéticos, ao longo do 
percurso da artéria. Os sopros arteriais de maior 
importância são o carotídeo e o vertebral, auscultados, 
respectivamente, na borda anterior do 
esternocleidomastóideo e na região posterior do 
pescoço. O sopro carotídeo unilateral deve indicar 
provável obstrução de carótida, enquanto o sopro 
bilateral é mais comum de estados hipercinéticos, 
hipertensão arterial e insuficiência aórtica. 
Quando há aumento de fluxo arterial para a 
tireóide, ouvimos um sopro sistólico na loja tireóidea, 
comumente observado no hipertireoidismo. 
 
 Exame da Tireóide: 
 
Inspeção: Normalmente a tireóide não é visível, exceto 
em pacientes magros. É mais bem visualizada com a 
extensão do pescoço associada à deglutição (por ser 
fixa à fáscia pré-traqueal, é deslocada para cima na 
deglutição). O aumento do volume da glândula é 
denominado bócio. Aumentos simétricos sugerem 
bócio difuso e os assimétricos bócio nodular. 
 
Palpação: Pode ser realizada anterior ou posterior ao 
paciente. Elementos a serem avaliados durante a 
palpação: 
o Volume: Aproximadamente 3-5 cm cada lobo 
(sendo o direito um pouco maior) e istmo com 
diâmetro de 0,5 cm. 
o Consistência: Normalmente de consistência 
elástica, a presença de áreas mais firmes pode 
indicar nodulações ou processos neoplásicos. 
o Dor: Normalmente indolor a palpação. Quando 
dolorosa pode ser indicativo de processo 
inflamatório primário ou secundário. 
o Superfície: Normalmente lisa perdendo essa 
característica quando da presença de nódulos. 
o Mobilidade: Normalmente móvel à deglutição 
pode perder ou ter diminuído a mobilidade em 
processos neoplásicos. 
ECM SEMIOLOGIA MÉDICA: CABEÇA E PESCOÇO 
 
 
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o Pulsações: Dependem da transmissão das 
pulsações das carótidas, pela proximidade 
anatômica. 
o Frêmitos: Ocorrem pela interrupção do fluxo 
laminar ocasionado pelo aumento da velocidade 
circulatória na glândula. Presentes no 
hipertireoidismo. 
 
SEMIOTÉCNICA: 
Palpação da Tireóide: 
o Anterior: A posição de exame do paciente: 
sentado frente ao examinador, com a cabeça 
em discreta flexão anterior. 
- localizando a glândula: Identificar as 
cartilagens tireóidea e cricóide e localizar o 
istmo, situado logo abaixo desta última. 
Posiciona-se o polegar direito horizontalmente, 
abaixo da cartilagem cricóide, solicitando ao 
paciente que degluta, permitindo com a 
movimentação a percepção do istmo, cuja 
consistência é elástica e a largura gira em torno 
de 0.5 cm. 
- palpando os lobos: o examinador posiciona-se 
anterior e a direita do paciente. Localizado o 
istmo, posicionamos verticalmente os dedos 
polegar e indicador da mão direita, um em cada 
lado da traquéia e solicitamos ao paciente que 
degluta, movimentando assim a glândula, que 
será perceptível bilateralmente ao passar pelos 
dedos. A palpação dos lobos deve também ser 
realizada individualmente, da seguinte forma: 
Afaste a traquéia para a direita com os dedos 
da mão esquerda, palpando o lobo direito 
lateralmente com os dedos da mão direita. 
Examine o lobo esquerdo da mesma maneira. 
 
Figura 52 – Palpação Anterior da Tireóideo Posterior: Deve ser realizada com paciente 
sentado e o examinador por trás do mesmo. O 
paciente então flete a cabeça ântero-
lateralmente, para descontrair o músculo 
esternocleidomastóideo, e em seguida é feita à 
palpação dos lobos da tireóide e do istmo. Vide 
fig. 53. 
 
Figura 53 – Palpação Posterior da Tireóide 
 
Ausculta: Deve sempre ser pesquisado, principalmente 
quando ha aumento da glândula tireóide. Posiciona-se 
o diafragma do estetoscópio sobre a área de projeção 
da glândula. Normalmente, ausculta-se somente a 
pulsação das artérias carótidas, mas quando há 
aumento da velocidade do fluxo circulatório na 
tireóide pode-se auscultar um sopro contínuo, 
indicativo de hiperfunção da glândula tireóidea. 
 
Sinal de Pemberton: O bócio multinodular pode causar 
compressão da traquéia e quando retroesternal (bócio 
mergulhante) compressão da veia cava superior. O 
sinal de Pemberton surge, nestes pacientes, quando 
elevamos os braços do mesmo acima da cabeça, 
manobra esta que pode fazer com que o paciente fique 
dispnéico, apresente estridor, as veias do pescoço se 
distendam e haja pletora facial, pela suspensão do 
mediastino superior e do bócio comprimindo os vasos 
adjacentes.

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