Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
SUMÁRIO 1. Introdução ..................................................................... 3 2. Embriologia .................................................................. 3 3. Histofisiologia .............................................................. 5 4. Ductos genitais .........................................................20 5. Glândulas acessórias ..............................................24 6. Pênis .............................................................................26 Referências bibliográficas ........................................34 3SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO 1. INTRODUÇÃO Para melhor compreensão do tema, precisamos estabelecer as corre- lações necessárias entre as bases embrionárias e histológicas sobre as quais esse segmento da nossa fisio- logia se sustenta, afinal todas as ati- vidades pertinentes a ela traduzem o modo como a embriologia e a his- tologia se processaram no curso do desenvolvimento. O sistema reprodutor masculino evo- luiu para uma gametogênese con- tínua, que perdura por toda a vida, associado à inseminação interna com uma alta densidade de esper- matozoides. Isso traduz, em pers- pectiva evolutiva, a importância da perpetuação da espécie e da neces- sidade de um aparato anátomo-fisio- lógico que possa fazer frente à essa tarefa tão importante. A componente endócrina é essencial para dar condições ao funcionamento pleno ao sistema reprodutor. Em um homem adulto, as funções básicas dos hormônios gonadais são descri- tos abaixo: FLUXOGRAMA – FUNÇÕES DO SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO FUNÇÕES DO SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO Manter o trato reprodutor masculino e a produção de sêmen Manter a gametogênese (espermatogênese) Manter as características sexuais secundárias e a libido 2. EMBRIOLOGIA Sabemos que o desenvolvimento do sistema genital está estreitamente integrado aos órgãos urinários primi- tivos em machos e fêmeas. E o que reforça isso? O fato de que eles com- partilham estruturas tubulares co- muns que permitem tanto a urese (produção de urina) quanto o trans- porte de gametas. Além das estruturas néfricas, o me- soderma intermediário em ambos os lados da parede dorsal do corpo dá origem a uma crista gonadal. Por volta da 6ª semana, as células germinativas que migram a partir do saco vitelino começam a chegar ao 4SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO mesênquima da parede dorsal do corpo. A chegada de células germi- nativas à área imediatamente medial aos mesonefros no décimo segmen- to torácico induz o epitélio celômico a produzir células somáticas de sus- tentação que envolvem as células germinativas. Figura 1. Relação entre as cristas genitais em desen- volvimento (GR) e o mesonefro (M). Micrografias eletrô- nicas de varredura mostram a relação entre as cristas genitais em desenvolvimento (GR) e o mesonefro (M). Pontas de seta, ducto mesonéfrico vistos em secção transversal. Fonte: Schoenwolf, GC -Larsen Embriolo- gia Humana – 5ª Edição As células somáticas de sustentação se diferenciarão em células de Ser- toli (epiteliócito sustentador) nos homens e em células foliculares (ou células granulosas) nas mulheres. Durante o mesmo período, um novo par de ductos, os ductos parame- sonéfricos (müllerianos), é formado na parede dorsal do corpo a partir do epitélio celômico imediatamente late- ral aos ductos mesonéfricos. A diferenciação sexual genética mas- culina começa no fim da 6ª semana, quando um gene específico no cro- mossoma Y (SRY) é expresso nas cé- lulas somáticas de sustentação. O pro- duto deste gene, denominado proteína SRY, inicia uma cascata de desenvol- vimento que conduz à formação dos testículos, dos ductos genitais mas- culinos e glândulas associadas, dos genitais externos masculinos e de todo o conjunto de características sexuais secundárias masculinas. A proteína SRY exerce controle au- tônomo sobre o desenvolvimento de células somáticas de sustentação em células pré-Sertoli. Células pré-Serto- li, então, recrutam células mesenqui- mais para a crista gonadal e estas cé- lulas dão origem a células de Leydig e células endoteliais testiculares. Células de Sertoli em diferenciação, em seguida, envolvem as células ger- minativas e, em conjunto com as cé- lulas mioepiteliais, organizam-se em cordões testiculares (futuros túbulos seminíferos). As porções mais profun- das das células somáticas de susten- tação na gônada em desenvolvimento, que não contêm células germinativas, diferenciam-se na rede testicular. A rede testicular se conecta com um número limitado de túbulos meso- néfricos e se canaliza na puberdade para formar ductos que conectam os túbulos seminíferos ao ducto meso- néfrico. Estes túbulos néfricos se 5SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO tornam os dúctulos eferentes dos testículos, e os ductos mesonéfri- cos se tornam os epidídimos e duc- tos deferentes. Os ductos parame- sonéfricos se degeneram. Durante o 3° mês, do ducto deferen- te distal brota a vesícula seminal e a próstata e as glândulas bulboure- trais crescem a partir da uretra pél- vica adjacente. Simultaneamente, as genitálias externas indiferenciadas se diferenciam em pênis e escroto. Mais tarde, no desenvolvimento fetal, os testículos descem para o escroto pe- los canais inguinais. SE LIGA! O primeiro evento no desen- volvimento genital masculino é a ex- pressão da proteína SRY no interior das células somáticas de sustentação da gônada XY. Sob a influência deste fa- tor as células somáticas de sustentação começam a se diferenciar em células de Sertoli e envolver as células germinati- vas. Caso o SRY esteja ausente, como ocorre nas gônadas XX, as células so- máticas de sustentação irão se diferen- ciar em células foliculares ovarianas, que envolvem as células germinativas. RUDIMENTOS PRESUNTIVOS ESTRUTURA MASCULINA Gônada indiferenciada Testículos Célula germinativa primordial Espermatogônia Célula somática de suporte Células de Sertoli Células do estroma Células de Leydig Gubernáculo Gubernáculo dos testículos Túbulos mesonéfricos Ductos eferentes dos testículos Paradídimo Ducto mesonéfrico Apêndice do epidídimo – Epidídimo - Canais deferen- tes - Vesícula seminal - Ducto ejaculatório Ductos paramesonéfricos Apêndice dos testículos Seio urogenital Uretra prostática e membranosa - Utrículo prostático - Glândula prostática - Glândulas bulbouretrais Tubérculo genital Glande do pênis - Corpo cavernoso do pênis – Corpo esponjoso do pênis Pregas urogenitais e placa urogenital e da glande Uretra peniana/parte ventral do pênis Pregas labioescrotais Escroto Tabela 1. Derivados adultos e remanescentes vestigiais das estruturas reprodutivas embrionárias do homem. Fonte: Schoenwolf, GC -Larsen Embriologia Humana – 5ª Edição 3. HISTOFISIOLOGIA O aparelho reprodutor masculino é, então, composto pelos testículos, ductos genitais, glândulas acessó- rias e pênis, evidenciado a seguir: 6SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO Ductos eferentes Próstata Ducto epididimário Vesículas seminais Ducto ejaculatório Ducto deferente Glândulas bulbouretrais Uretra Ductos genitaisTestículos Glândulas acessórias Pênis Aparelho Reprodutor Masculino Componentes FLUXOGRAMA – COMPOSIÇÃO DO APARELHO REPRODUTOR MASCULINO Ducto deferente Vesícula seminal Próstata Ducto ejaculatório Corpo cavernoso (direito e esquerdo) Corpo esponjoso Glande Testículo Escroto Epidídimo Bexiga Uretra Figura 2. Anatomia do sistema reprodutor masculino. Fonte: Koeppen, BM; Stanton, BA – Berne & Levy – Fisiologia – 6ª Edição – Elsevier 2009. 7SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO Cérebro Osso Músculos Corpo Genitais Sangue Promove motivação Promove o crescimento e estabilidade dos ossos Promove o crescimento muscular Afeta o metabolismo da gordura Promove o crescimento de pelos no corpo Mantém a produção vertical e esperma Relacionado com o desejo sexual Estimula a formação de células vermelhas no sangue Testículos São órgãos pareados e quediferente- mente dos ovários, se encontram fora da cavidade abdominal, no escroto. Esta localização mantém a tempera- tura testicular cerca de 2 graus mais baixa do que a temperatura corporal, o que é crucial para um desenvolvi- mento ótimo do espermatozoide. Exercem uma função dupla que é produzir hormônios sexuais masculinos e espermatozoides. A testosterona é o principal hormônio produzido nos testículos e seu me- tabólito, a di-hidrotestosterona, são muito importantes para a fisiologia do homem. A testosterona tem um papel essen- cial para a espermatogênese, para a diferenciação sexual durante o de- senvolvimento embrionário e fetal e para o controle da secreção de gona- dotrofinas. Ela possui diversas fun- ções e age em muitos órgãos e teci- dos do corpo, como demonstrado na imagem abaixo: Figura 3. Funções da testosterona. Fonte: https:// bit.ly/3hspKSG 8SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO Ligamento remanescente do processo vaginal Túbulo reto Túbulo seminífero Túnica vaginal Camada parietal Cavidade Camada visceral Cápsula (túnica albugínea) Ducto deferente Cabeça do epidídimo Dúctulos eferentes Rede do testículo no mediastino testicular Corpo do epidímo Cauda do epidímo Durante a embriogênese, os testícu- los se desenvolvem retroperitoneal- mente na parede posterior da cavi- dade abdominal. À medida que eles descem para o escroto, levam junto com eles uma porção do peritônio. Esta evaginação peritoneal, a túni- ca vaginal, consiste em uma camada parietal exterior e uma camada vis- ceral interna a qual forma uma ca- vidade serosa que envolve, parcial- mente, a região anterolateral de cada testículo, permitindo um certo grau de mobilidade dentro do seu comparti- mento no escroto. Figura 4. Anatomia e organização dos testículos. Fon- te: Koeppen, BM; Stanton, BA – Berne & Levy – Fisiolo- gia – 6ª Edição – Elsevier 2009. Cada testículo está envolvi- do por uma cápsula de te- cido conjuntivo denso mo- delado, denominada túnica albugínea. Imediatamente abaixo desta camada, existe um tecido conjuntivo frouxo altamente vascularizado, a túnica vascular, a qual for- ma a cápsula vascular dos testículos. Compartimento intratubular Compartimento peritubular Figura 5. Histologia de um lóbulo testicular. Fonte: Koeppen, BM; Stanton, BA – Berne & Levy – Fisiologia – 6ª Edição – Elsevier 2009. 9SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO A região posterior da túnica albugínea é um pouco mais espessada, forman- do o mediastino testicular, a partir do qual se irradiam septos de teci- do conjuntivo, que subdividem cada testículo em aproximadamente 250 compartimentos piramidais interco- municantes, denominados lóbulos testiculares. Cada lóbulo contém de um a quatro túbulos seminíferos de fundo cego, envolvidos por tecido conjuntivo frouxo altamente vascula- rizado e ricamente inervado, derivado da túnica vascular. Figura 6. Histologia de um túbulo seminífero. M, célula mioide logo abaixo da lâmina basal; S1, espermatócito primário; S3, espermátide; S4, espermátide madura ou espermatozoide; SB e SA, espermatogônia; St, célula de Sertoli. Fonte: Koeppen, BM; Stanton, BA – Berne & Levy – Fisiologia – 6ª Edição – Elsevier 2009. SE LIGA! Dispersos por todo este te- cido conjuntivo estão pequenos con- glomerados de células endócrinas, as células intersticiais de Leydig, que são responsáveis pela síntese de testoste- rona. Os espermatozoides são produzi- dos pelo epitélio seminífero dos túbulos seminíferos. Os espermatozoides dirigem-se para curtos ductos retilíneos, os túbulos retos, que ligam a extremidade aber- ta de cada túbulo seminífero à rede testicular, um sistema de espaços labirínticos localizado no mediastino testicular. Esta rede se continua com ductos menores, os dúctulos eferen- tes, que levam o espermatozoide do testículo para a cabeça do epidídi- mo, no polo superior do testículo. Uma vez no epidídimo, o espermato- zoide passa da cabeça, para o corpo, Epitélio germinativo Lâmina basal Produção de Testosterona Tecido conjuntivo Fibroblastos Células mióides Células de Leydig FLUXOGRAMA – HISTOLOGIA DO TESTÍCULO 10SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO e em seguida para a cauda do epi- dídimo e, então, segue para o ducto deferente. A presença dos túbulos seminíferos cria dois compartimen- tos em cada lóbulo: um comparti- mento intratubular, que é compos- to pelo epitélio seminífero do túbulo seminífero, e um compartimento pe- ritubular, que é composto por ele- mentos neurovasculares, células do tecido conjuntivo, células imunes, e as “células intersticiais de Leydig”, que têm como função principal produzir testosterona. O suprimento vascular de cada testí- culo origina-se da aorta abdominal como a artéria testicular, a qual des- ce junto com os testículos para dentro do escroto, acompanhando os ductos deferentes ou canais deferentes. A artéria testicular forma vários ramos antes de perfurar a cápsula do testí- culo para formar os elementos vas- culares intratesticulares. Cabeça do epidídimo Corpo do epidídimo Túbulos seminíferos Rede testicular Túbulo reto Septos testiculares Túnica vaginal Túnica vaginal Dúctulos eferentes Corpo do epidídimo Epidídimo Artéria testicular Artéria testicular Cabeça do epidídimo Corpo do epidídimo Cauda do epidídimo Túnica albugínea do testículo Figura 7. Vascularização do testículo. Fonte: https://bit.ly/3hCaJ0P Os leitos capilares dos testículos são coletados por várias veias, que for- mam o plexo venoso pampiniforme, as quais se encontram enroladas ao redor da artéria testicular. A artéria, as veias e o ducto deferente for- mam juntos o cordão espermático, o qual atravessa o canal inguinal, a 11SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO passagem que comunica a cavidade abdominal com o escroto. SE LIGA! O sangue do plexo pampini- forme de veias, que é mais frio do que o da artéria testicular, atua reduzindo a temperatura do sangue arterial, forman- do assim um sistema contracorrente de trocas de calor. Os testículos são man- tidos, então, a uma temperatura mais baixa no escroto, deste modo ajudando o efeito de resfriamento do plexo pam- piniforme de veias o que, como já foi mencionado, favorece a vitalidade dos espermatozoides. Túbulos seminíferos Os túbulos seminíferos são consti- tuídos por um espesso epitélio semi- nífero envolvido por um delgado te- cido conjuntivo, a túnica própria. Os túbulos seminíferos são túbulos ocos, altamente contorcidos, com 30 a 70 cm de comprimento e 150 a 250 μm de diâmetro, que estão circundados por extensos leitos capilares. Cerca de 1.000 túbulos seminíferos estão presentes nos dois testículos, com um comprimento total de quase 0,5 km de túbulos, dedicados à produção de espermatozoides. A parede dos túbulos seminíferos é constituída por uma delgada ca- mada de tecido conjuntivo, a túnica própria, e por um espesso epitélio seminífero. A túnica própria e o epi- télio seminífero estão separados um do outro por uma lâmina basal bem desenvolvida. O tecido conjuntivo é constituído principalmente por del- gados feixes entrelaçados de fibras de colágeno tipo I contendo várias camadas de fibroblastos. O epitélio seminífero ou epitélio germinativo apresenta várias camadas de células e é constituído por duas linhagens de células: as células de Sertoli e as cé- lulas da linhagem seminífera (ou cé- lulas da linhagem espermatogênica. Estas últimas células encontram-se em diferentes estágios de maturação Figura 8. Túbulos seminíferos do testículo. O epitélio germinativo é espesso e sua constituição celular varia de um túbulo para outro. Um grande agrupamento de células intersticiais (células de Leydig) com citoplasma claro e núcleos redondos é observado no espaço entre os túbulos (seta). Fonte: Junqueira, LC; Carneiro, J – His- tologia Básica – Texto e Atlas – 12ª Edição Células de Sertoli As células de Sertoli são conheci- das como as verdadeiras células epi- teliais doepitélio seminífero e se es- tendem da lâmina basal ao lúmen. São células cilíndricas altas, cujas 12SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO membranas plasmáticas laterais possuem complexas invaginações, as quais tornam impossível a distin- ção de seus limites celulares laterais quando visualizadas ao microscópio óptico. Suas membranas plasmáticas apicais também são muito pregueadas e se projetam para os lumens dos túbulos seminíferos. Estas células têm um nú- cleo oval, pouco corado, e localizado no citoplasma basal, com um grande nucléolo centralmente posicionado. O citoplasma apresenta inclusões, denominadas cristaloides de Char- cot-Böttcher, cuja composição e função são desconhecidas. Eletromi- crografias revelam que o citoplasma das células de Sertoli está repleto de túbulos e vesículas de retículo en- doplasmático liso (REL), po- rém a quantidade de retícu- lo endoplasmático granular (RE) é limitada. Esta célula também apresen- ta numerosas mitocôndrias, um aparelho de Golgi bem desenvolvido e numerosas vesículas que pertencem ao complexo endolisossomal. Os elementos do citoesqueleto das células de Sertoli tam- bém são abundantes, indi- cando que uma das funções desta célula é fornecer su- porte estrutural para os ga- metas em desenvolvimento. Figura 9. Túbulos seminíferos. Observe o epitélio se- minífero (SE), espermatogônias do tipo A pálidas (Ap), espermatogônias tipo A escuras (Ad), espermatogônias tipo B (B), células de Sertoli (SC) e espermátides em maturação (Sz). Fonte: Gartner, LP; Hiatt, JL – Tratado de Histologia em Cores – 3ª Edição – Saunders/Elsevier 2007. As células de Sertoli realizam as se- guintes funções: FLUXOGRAMA – FUNÇÕES DAS CÉLULAS DE SERTOLI Funções das células de Sertoli Suporte físico e nutricional das células germinativas em desenvolvimento Síntese e liberação da proteína de ligação a andrógeno Estabelece barreira hematotesticular Secreção de um meio rico em frutose que nutre e facilita o transporte dos espermatozoides Síntese e secreção de inibina Síntese e secreção da transferrina testicular Síntese e liberação do hormônio antimülleriano 13SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO Célula de Leydig Também estão dispersas por toda a túnica vascular pequenos grupos de células endócrinas, as células intersti- ciais de Leydig, as quais produzem o hormônio testosterona. Assim, consti- tuem-se em típicas células esteroido- gênicas, apresentando mitocôndrias com cristas tubulosas, além de um apa- relho de Golgi bem desenvolvido. Estas células também possuem al- gum reticulo endoplasmático rugoso e numerosas gotículas lipídicas, mas não contêm vesículas de secreção, porque a testosterona é, provavel- mente, liberada logo após a sua sín- tese ser completada. Os lisossomos e os peroxissomos também são evi- dentes, assim como pigmentos de li- pocromo especialmente em homens idosos. O citoplasma também contém proteínas cristalizadas, os cristais de Reinke, uma característica das célu- las intersticiais humanas. SE LIGA! A testosterona produzida pelas células de Leydig tem diversos destinos e múltiplas ações. Devido à proximidade das células de Leydig dos túbulos semi- níferos, quantidades significativas de tes- tosterona se difundem para os mesmos e são concentradas no compartimento adluminal. Os níveis de testosterona nos túbulos seminíferos são mais de 100 ve- zes superiores aos níveis de testosterona circulantes, e são necessários para a es- permatogênese normal. FLUXOGRAMA – RESUMO DE TESTÍCULO Cápsula de tecido conjuntivo denso Lóbulos testiculares Se encontram fora da cavidade abdominal Produção de hormônios Produção de espermatozoides Suprimento arterial pela artéria testicular Produzem o hormônio testosterona Nervos Vasos sanguíneos e linfáticos Células de Sertoli Células de Leydig Tecido conjuntivo frouxo 1-4 túbulos seminíferos Mediastino: septos fibrosos Túnica albugínea 14SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO Espermatogênese O processo de espermatogêne- se, através do qual as espermato- gônias dão origem aos esperma- tozóides, é dividido em três fases: espermatocitogênese, meiose e es- permiogênese. A maioria das célu- las que compõem o espesso epitélio seminífero é de células da linhagem espermatogênica em diferentes está- gios de maturação. Espermatogênese Diferenciação das espermatogônias em espermatócitos primários Processo por meio da qual espermatócitos primários diplóides formam espermátides haplóides Transformação de espermátides em espermatozoides MeioseEspermatocitogênese Espermiogênese Fases FLUXOGRAMA – FASES DA ESPERMATOGÊNESE Algumas destas células, as esperma- togônias, estão localizadas no com- partimento basal, enquanto a maio- ria das células em desenvolvimento, como espermatócitos primários, es- permatócitos secundários, esper- mátides e espermatozoides, ocu- pam o compartimento adluminal. As espermatogônias são células di- plóides que sofrem divisão mitótica para formar mais espermatogônias, bem como espermatócitos primá- rios, que migram do compartimento basal para o compartimento adlu- minal. Existem três categorias de espermatogônias: 15SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO Espermatogônias do tipo A escuras Espermatogônias do tipo A pálidas Espermatogônias do tipo B Células de reserva que não entraram no ciclo celular, mas que podem fazê-lo Possuem núcleos ovais achatados, com abundante heterocromatina, o que dá um aspecto denso ao núcleo Quando elas sofrem mitose, formam espermatogônias do tipo a escuras adicionais, assim como espermatogônias tipo a pálidas Induzidas pela testosterona a proliferar e dar origem, por mitose, a espermatogônias do tipo A pálidas adicionais e espermatogônias do tipo B Apresentando-se idênticas às espermatogônias do tipo A escuras, exceto que seus núcleos apresentam abundante eucromatina, o que lhes dá uma aparência clara Semelhantes às espermatogônias tipo A pálidas, mas geralmente seus núcleos são arredondados, em vez de achatados Estas células também se dividem mitoticamente para dar origem aos espermatócitos primários FLUXOGRAMA – TIPOS DE ESPERMATOGÔNIAS Barreira hematotesticular Célula de Sertoli Tipos celulares Eventos meióticos Espermatogônia (tipo B) Replicação de DNA Espermatócito primário Primeira divisão meiótica em andamento Primeira divisão meiótica completa Dois espermatócitos secundários Segunda divisão meiótica em andamento Segunda divisão meiótica completa Quatro espermátides Gametas haploides imaturos Quatro espermatozoides Gametas haploides Espermiogênese Figura 10. Interações entre as várias células dos testículos na regulação hormonal da espermatogênese. Fonte: Koeppen, BM; Stanton, BA – Berne & Levy – Fisiologia – 6ª Edição – Elsevier 2009. 16SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO Espermatócito Espermátide Espermatozoide Porção final Porção principal Porção média Cabeça Núcleo Acrossomo Os espermatócitos primários en- tram na primeira divisão meiótica para formar espermatócitos secun- dários, que sofrem a segunda divisão meiótica formando células haplóides denominadas espermátides. Estas células haplóides transformam-se em espermatozoides através da eli- minação de grande parte do seu cito- plasma, do rearranjo de suas organe- las e da formação de um flagelo. Espermatogônias DNA duplicado: 46 cromossomos Espermatócitos secundários: 23 cromossomos (diplóide) Células-tronco Espermatócitos primários Espermatogônias tipo A Espermatogônias tipo B Espermátides: 23 cromossomos (haploide) Início das mitoses: puberdade Próximas à lâmina basal FLUXOGRAMA – RESUMO DA ESPERMATOGÔNIAS Espermiogênese Espermiogênese é o nome da fase fi- nal de produção de espermatozoides. Durante esse processo as espermá- tides se transformam em espermato- zóides, células altamente especializa- das para transferir o DNA masculino ao ovócito. Nenhuma divisão celularocorre durante esta transformação. Figura 11. Estrutura das células espermá- ticas durante o processo de espermatogê- nese e espermiogênese. Fonte: Koeppen, BM; Stanton, BA – Berne & Levy – Fisiolo- gia – 6ª Edição – Elsevier 2009. 17SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO O resultado final é o espermatozoide maduro, que é liberado no lúmen do túbulo seminífero. O processo da es- permiogênese pode ser dividida em três etapas: no complexo de Golgi, no acrossomo e da maturação. As espermátides podem ser distingui- das por seu pequeno tamanho (7 a 8 μm de diâmetro), pelos núcleos com quantidades crescentes de croma- tina condensada e formas variadas, que são inicialmente redondos e de- pois cada vez mais alongados ou pela posição perto do lúmen dos túbu- los seminíferos. A espermiogênese é um processo complexo, que inclui as seguintes etapas: FLUXOGRAMA – PROCESSO DA ESPERMIOGÊNESE Espermiogênese Formação do acrossomo Condensação e alongamento do núcleo Desenvolvimento do flagelo Perda da maior parte do citoplasma Barreira hematotesticular Nucléolo evidente Espermiogênese 4-8 camadas Fagocitose do citoplasma Secreção de fluido testicular Células piramidais Produção de hormônio antimülleriano Expressam receptores para FSH Suporte, proteção e suprimento nutricional aos espermatozóides Expressam receptores para andrógenos Espermatogênese Epitélio germinativo CaracterísticasFunções Eventos relacionados Características Células de Sertoli Células da linhagem espermatogênica FLUXOGRAMA – RESUMO DO EPITÉLIO GERMINATIVO 18SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO Fatores que influenciam a espermatogênese Hormônios Os fatores de natureza endócrina constituem os mais importantes no controle da espermatogênese, a qual depende da ação dos hormônios FSH e LH da hipófise sobre as células do testículo. O FSH age nas células de Sertoli, promovendo a síntese e a se- creção de proteína ligante de an- drógeno (ABP). O LH age nas células intersticiais, es- timulando a produção de testoste- rona. A testosterona se difunde das células intersticiais para o interior do túbulo seminífero e se combina com a proteína ligante de andrógeno. Dessa maneira se mantém uma alta concen- tração de testosterona no túbulo se- minífero, condição muito importante para estimular a espermatogênese. Temperatura A temperatura é muito impor- tante para o controle da esper- matogênese, que só acontece a temperaturas abaixo de 37ºC. A temperatura dos testículos é de aproximadamente 35ºC e é controlada por meio de vários mecanismos. Um rico plexo venoso, o plexo pampiniforme, envolve as ar- térias dos testículos e forma um sistema contracorrente de troca de calor, que é importante para man- ter a temperatura testicular. Outros fatores são a evaporação de suor da pele da bolsa escrotal, que contribui para a perda de calor e a contração de músculos cremastéricos do cor- dão espermático que tracionam os testículos em direção aos canais in- guinais, nos quais a sua temperatura pode ser aumentada. Outros fatores Desnutrição, alcoolismo e várias substâncias levam a alterações nas espermatogônias, causando dimi- nuição na produção de espermato- zoides. Irradiações e sais de cádmio são bastante tóxicos para as células da linhagem espermatogênica, cau- sando a morte dessas células e este- rilidade nos indivíduos acometidos. 19SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO FLUXOGRAMA – FATORES QUE INFLUENCIAM A ESPERMATOGÊNESE Temperatura média testicular: 35ºC Radiações Desnutrição Alcoolismo LH FSH Células de Sertoli Síntese da proteína ligante de andrógeno Espermatogênese apenas se T<37°C Células de Leydig Síntese de testosterona Fatores que influenciam a espermatogênese Hormônios Temperatura Inibição à espermatogênese 20SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO 4. DUCTOS GENITAIS Os ductos genitais e as glândulas acessórias produzem secreções que impulsionadas por contração de mús- culo liso transportam os espermato- zoides para o exterior. Assim, essas glândulas produzem a porção não-ce- lular do sêmen a qual se constitui num veículo fluido para liberar os esper- matozoides no trato reprodutor femi- nino, além de promover a sua nutrição. SE LIGA! O sêmen é composto por es- permatozoides e por essas secreções dos ductos genitais e das glândulas acessórias. As glândulas associadas ao trato reprodutor masculino são repre- sentadas pelas duas vesículas seminais, a próstata e as duas glândulas bulbou- retrais. Já o pênis tem uma dupla função: ele lança o sêmen no trato reprodutor fe- minino durante a cópula e serve de ca- nal para a urina, conduzindo-a da bexiga para o exterior do corpo. Ductos intratesticulares Os ductos genitais intratesticula- res seguem aos túbulos seminíferos e conduzem espermatozoides e flui- dos, sendo eles: os túbulos retos, rede testicular e ductos eferentes. A maioria dos túbulos seminíferos tem forma de alça cujas extremida- des continuam nos túbulos retos. Nesses túbulos, faltam as células da linhagem espermatogênica e há um segmento inicial formado somente por células de Sertoli seguido por um segmento principal revestido por um epitélio de células cuboides apoiado em uma envoltura de tecido conjunti- vo denso. FLUXOGRAMA – FORMAÇÃO DOS DUCTOS INTRATESTICULARES Túbulos retos Rede testicular Ductos eferentes Ducto epididimárioTúbulos seminíferos Ductos intratesticulares Os túbulos retos continuam na rede testicular, situada no mediastino do testículo e composta por uma rede altamente anastomosada de canais revestidos por um epitélio de células cuboides. Da rede testicular saem 10 a 20 ductos eferentes formados por grupos de células epiteliais cuboides não ciliadas que se alternam com grupos de células cujos cílios batem em direção do epidídimo, conferindo a este epitélio um característico aspec- to com saliências e reentrâncias. 21SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO As células não ciliadas absorvem flui- do secretado pelos túbulos seminífe- ros, o que, juntamente com a ativida- de de células ciliadas, cria um fluxo que conduz os espermatozoides para o epidídimo. Uma delgada camada de células musculares lisas orienta- das circularmente existe em volta da lâmina basal do epitélio. Os ductos eferentes gradualmente se fundem para formar o ducto do epidídimo. Ducto epididimário Ductos eferentes Artéria espermática Rede testicular Epidídimo Mediastino do testículo Ducto deferente Túbulos retos Túbulos seminíferos Túnica vaginal Túnica albugínea Lóbulo testicular Figura 12. Estrutura dos ductos genitais. Fon- te: Koeppen, BM; Stanton, BA – Berne & Levy – Fisiologia – 6ª Edição – Elsevier 2009. Ductos genitais extratesticulares Os ductos genitais extratesticula- res, que transportam os espermato- zoides do testículo para o meato do pênis, são o ducto epididimário, o ducto deferente e a uretra. O ducto e epididimário é um tubo úni- co altamente enrolado, que mede de 4 a 6 m de comprimento. Juntamente com o tecido conjuntivo circunvizinho e vasos sanguíneos, esse ducto for- ma o corpo e a cauda do epidídimo, uma estrutura anatômica com cáp- sula própria. Por ser muito enovela- do, um corte do ducto do epidídimo mostra grande número de secções do tubo, dando a falsa impressão de que são muitos ductos. Ele é formado por um epitélio colunar pseudoestrati- ficado, composto de células basais arredondadas e de células colunares. A superfície das células colunares é coberta por longos e ramificados mi- crovilos de formas irregulares, cha- mados estereocílios. O epitélio do ducto epididimário par- ticipa da absorção e digestão dos corpos residuais das espermátides, que são eliminados durante a esper- matogênese. As células epiteliais se 22SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO apoiam sobre urna lâmina basal que é envolvida por células musculares li- sas e por tecido conjuntivo frouxo. As contrações peristálticas do músculo liso ajudam a mover o fluido ao longo do tubo. Células musculares lisas Cápsulade tecido conjuntivo Forma o corpo e a cauda do epidídimo Ducto único e enovelado Ducto epididimário FLUXOGRAMA – DUCTOS GENITAIS EXTRATESTICULARES Tecido conjuntivo frouxo Células basais arredondadas Células colunares com estereocílios Epitélio colunar estratificado Uretra Ducto deferente A extremidade do ducto do epidídi- mo origina o ducto deferente, que termina na uretra prostática, onde esvazia seu conteúdo. O ducto defe- rente é caracterizado por um lúmen estreito e uma espessa camada de músculo liso. Sua mucosa forma do- bras longitudinais e ao longo da maior parte de seu trajeto é coberta de um epitélio colunar pseudoestratificado com estereocílios. A lâmina própria da mucosa é uma camada de tecido conjuntivo rico em fibras elásticas e a camada mus- cular consiste em camadas internas e externas longitudinais separadas por 23SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO uma camada circular. O músculo liso sofre fortes contrações peristálticas que participam da expulsão do sê- men durante a ejaculação. O ducto deferente faz parte do cor- dão espermático, um conjunto de estruturas que inclui ainda a artéria testicular, o plexo pampiniforme e nervos. Antes de entrar na próstata, o ducto deferente se dilata, forman- do uma região chamada ampola, na qual o epitélio é mais espesso e muito pregueado. Na porção final da ampola desembo- cam as vesículas seminais. Em segui- da, o ducto deferente penetra a prós- tata e se abre na uretra prostática. O segmento que entra na próstata é cha- mado ducto ejaculatório, cuja mucosa é semelhante à do deferente, porém não é envolvida por músculo liso. CARACTERÍSTICAS HISTOLÓGICAS E FUNCIONAIS DOS DUCTOS GENITAIS MASCULINOS DUCTO REVESTIMENTO EPITELIAL TECIDOS DE SUSTENTAÇÃO FUNÇÃO Túbulos retos Células de Sertoli na metade proximal; epitélio simples cúbico na metade distal Tecido conjuntivo frouxo Conduz os espermatozoides dos túbulos seminíferos para a rede testicular Rede testicular Epitélio simples cúbico Tecido conjuntivo vascularizado Conduz os espermatozoides dos tú- bulos retos para os ductos eferentes Ductos eferentes Áreas de células cúbicas não ciliadas que se alternam com células cilíndricas ciliadas Delgada camada de tecido conjuntivo frouxo envolvida por uma delgada camada de células musculares lisas organizadas circularmente Conduz os espermatozoides da rede testicular para o epidídimo Epidídimo Epitélio pseudoestratificado constituído por células basais baixas e células principais altas (com estereocílios) Delgada camada de tecido conjuntivo frouxo envolvida por uma delgada camada de células musculares lisas organizadas circularmente Conduz os espermatozoides dos ductos para o ducto deferente Ducto deferente Epitélio pseudoestratificado cilíndrico estereociliado Tecido conjuntivo frouxo fibro- elástico, três camadas espessas de músculo liso, longitudinais interna e externa e circular média Leva os espermatozoides da cau- da do epidídimo para o ducto ejaculador Ducto ejaculador Epitélio simples cilíndrico Tecido conjuntivo subepitelial com pregas, dando um aspecto irregular ao lúmen; ausência de músculo liso Leva os espermatozoides e o flui- do seminal para a uretra prostática junto ao colículo seminal Tabela 2. Características Histológicas e Funcionais dos Ductos Genitais Masculinos 24SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO SAIBA MAIS! Como o ducto deferente possui uma parede muscular de 1 mm de espessura, ele é facilmente perceptível através da pele do escroto como um túbulo denso rolante. A vasectomia, que con- siste na remoção cirúrgica de parte do ducto deferente), é realizada através de uma pequena incisão no saco escrotal, tornando, desta maneira, a pessoa infértil. Após a vasectomia, a eja- culação continua normal, só não haverá espermatozoides no líquido ejaculado. Figura 13. Vasectomia. Fonte: https://bit.ly/30XfKLx 5. GLÂNDULAS ACESSÓRIAS As glândulas genitais acessórias são as vesículas seminais, a próstata e as glândulas bulbouretrais, sendo as produtoras de secreções essen- ciais para a função reprodutiva do homem. As vesículas seminais consistem em dois tubos muito tortuosos cuja mu- cosa se mostra pregueada e forrada com epitélio cuboide ou pseudoes- tratificado colunar. As células epite- liais são ricas em grânulos de secre- ção, semelhantes aos encontrados em células que sintetizam proteínas. A lâmina própria é rica em fibras elás- ticas e é envolvida por uma espessa camada de músculo liso. As vesículas seminais não são re- servatórios para espermatozoides. São glândulas que produzem uma secreção que contém substâncias importantes para os espermatozoi- des, como frutose, citrato, inositol, prostaglandinas e várias proteínas. Os carboidratos produzidos pelas glândulas acessórias do sistema re- produtor masculino e o líquido semi- nal constituem fonte energética para a motilidade dos espermatozoides. 25SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO SE LIGA! O monossacarídeo frutose é o mais abundante dos carboidratos. Aproximadamente setenta por cento do volume de ejaculado humano se origina nas vesículas seminais e o grau da ati- vidade secretora da glândula depende dos níveis circulantes de testosterona. A próstata é um conjunto de 30 a 50 glândulas tubuloalveolares ramificadas que envolvem uma porção da uretra chamada uretra prostática. A próstata tem três zonas distintas: a zona cen- tral, que corresponde a cerca de 25% do volume da glândula, a zona de tran- sição e a zona periférica, que abrange cerca de 70% da glândula, os seus duc- tos desembocam na uretra prostática. SE LIGA! Em aproximadamente 70% dos casos, o carcinoma da próstata surge na zona periférica da glândula, classicamente em uma localização posterior, onde pode ser palpável no exame retal. Caracteris- ticamente, no corte transversal da prós- tata, o tecido neoplásico é granuloso e firme, mas quando incrustado no interior da substância prostática sua visualização pode ser extremamente difícil, sendo mais facilmente aparente à palpação. As glândulas tubuloalveolares da próstata são formadas por um epité- lio cuboide alto ou pseudoestratifi- cado colunar e um estroma fibromus- cular cerca as glândulas. A próstata é envolvida por uma cápsula fibroelás- tica rica em músculo liso. Septos des- sa cápsula penetram a glândula e a dividem em lóbulos, que não são fa- cilmente percebidos em um adulto. As glândulas produzem secreção e a armazenam para expulsá-la du- rante a ejaculação. A secreção pros- tática constitui uma parte do sêmen, sendo um líquido seroso, branco, rico em lipídios, enzimas proteolíticas, fos- fatase ácida, fibrinolisina e ácido cí- trico. Da mesma maneira como ocor- re na vesícula seminal, a estrutura e a função da próstata são reguladas por testosterona. SAIBA MAIS! À medida que os homens envelhecem, o estroma prostático e as glândulas da mucosa e da submucosa começam a crescer, uma condição denominada hipertrofia prostática benigna (HPB). O aumento da próstata estrangula parcialmente o lúmen da uretra, resultando em dificuldades na micção. Aproximadamente 40% dos homens com 50 anos de idade são atin- gidos por esta condição e a porcentagem aumenta para 95% em homens com 80 anos de idade. 26SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO Figura 14. Diferença entre próstata normal e próstata aumentada. Fonte: https://bit.ly/3fqqbeo SAIBA MAIS! O exame de PSA, que é um teste usado no diagnóstico e no tratamento do câncer de prósta- ta. Ele é um produto do epitélio prostático e é secretado normalmente no sêmen, sendo uma serina protease cuja função é clivar e liquefazer o coágulo seminal formado após a ejaculação. Em homens normais, apenas quantidades mínimas de PSA circulam no soro. Vale ressaltar que, embora exista uma associação entre PSA elevado e adenocarcinoma prostático, o PSA é uma marcador órgão-específico, isto é, indica a presença do órgão, não sendo, pois, um marcador específico de câncer. Bexiga Próstatanormal A compressão da uretra diminui a força do jato urinário e dificulta o esvaziamento da bexiga Próstata Aumentada pela Hiperplasia Prostática Benigna ou pelo Câncer de Próstata As glândulas bulbouretrais (glân- dulas de Cowper), que medem de 3 a 5 mm de diâmetro, situam-se na por- ção membranosa da uretra, na qual lançam sua secreção. Elas são glân- dulas tubuloalveolares, revestidas por um epitélio cúbico simples secretor de muco. Células musculares esque- léticas e lisas são encontradas nos septos que dividem a glândula em lóbulos e o muco secretado é claro e age como lubrificante. 6. PÊNIS O pênis é dividido em três partes: raiz, corpo e glande. A raiz é encon- trada na bolsa perineal superficial, 27SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO fixando o pênis ao períneo. O corpo do pênis é constituído por três tecidos eréteis, onde dois desses cilindros, os corpos cavernosos do pênis estão localizados na parte dorsal do pênis. O terceiro, localizado ventralmente, é chamado corpo cavernoso da uretra ou corpo esponjoso e envolve a ure- tra. Na sua extremidade distal ele se dilata, formando a glande do pênis. Próstata Bexiga Trígono da bexiga Úvula da bexiga urinária Ductos prostáticos Porção prostática da uretra Porção membranosa da uretra Bulbo do pênis Uretra esponjosa Corpo cavernoso do pênis Artéria profunda do pênis Trígono da bexiga Glande do pênis Corpo esponjoso do pênis Uretra Fosse navicular da uretra Orifício externo da uretra Lacunas uretrais Ramos do pênis Ampola uretral Esfíncter uretral externo Glândula bulbouretral Colículo seminal Crista uretral Esfíncter uretral interno Figura 15. Anatomia do pênis. Fonte: https://bit.ly/3e5O0YH A maior parte da uretra peniana é re- vestida por epitélio pseudoestratifica- do colunar, que na glande se trans- forma em estratificado pavimentoso e glândulas secretoras de muco são en- contradas ao longo da uretra peniana. O prepúcio é uma dobra retrátil de pele que contém tecido conjuntivo com músculo liso em seu interior e glândulas sebáceas são encontradas na dobra interna e na pele que cobre a glande. Os corpos cavernosos são envolvidos por uma camada resisten- te de tecido conjuntivo denso, a túni- ca albugínea. É suprido por ramos da artéria pu- denda interna, enquanto o sangue venoso é conduzido pela veia puden- da externa superficial. A inervação do pênis é oferecida por três nervos principais: 28SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO O tecido erétil que com- põe os corpos caverno- sos do pênis e da uretra tem uma grande quanti- dade de espaços veno- sos separados por trabé- culas de fibras de tecido conjuntivo e células mus- culares lisas que rece- bem sangue dos ramos das artérias profunda e dorsal do pênis. Estes ramos penetram nas paredes das trabéculas do tecido erétil e formam plexos capilares, que fornecem fluxo sanguíneo para os es- paços vasculares, ou formam artérias espiraladas (artérias helicinas) as quais são importantes fontes de san- gue para os espaços vasculares du- rante a ereção do pênis. Figura 16. Tecido erétil do pênis. Fonte: Guyton, AC; Hall. JE – Tratado de Fisiologia Médica – 13ª Edição – Elsevier 2017 Assim, a ereção do pênis se consti- tui num processo hemodinâmico controlado por impulsos nervo- sos sobre o músculo liso das artérias do pênis e sobre o músculo liso das FLUXOGRAMA – INERVAÇÃO PENIANA Inervação peniana Fornece informações sensoriais e simpáticas Fornecem inervação parassimpática envolvida na função erétil através do plexo prostático Inerva a pele da raiz peniana Nervos esplâncnicos pélvicosNervo pudendo Nervo ilioinguinal Fáscia profunda do pênis Corpo cavernoso Uretra Corpo esponjoso Artéria central 29SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO trabéculas que cercam os espaços vasculares dos corpos cavernosos. No estado flácido, o fluxo de sangue no pênis é pequeno, mantido pelo tô- nus intrínseco da musculatura lisa e por impulsos contínuos de inervação simpática. A ereção ocorre quando impulsos vasodilatadores do pa- rassimpático causam o relaxamen- to da musculatura dos vasos penia- nos e do músculo liso dos corpos cavernosos. Veia profunda dorsal Artéria dorsal Nervo dorsal (somático) Veia dorsal profunda Túnica albugínea Espaços sinusoidais Corpo cavernoso Artéria cavernosa Nervo cavernoso (autonômico) Nervo dorsais (somáticos) Artérias dorsais Artéria circunflexa Veia circunflexa Espaços sinusoidais Flácido Ereto Artérias helicinas Músculo liso trabecular Plexo venoso subtúnico Figura 17. Disposição da vasculatura e do tecido cavernoso no pênis. Fonte Koeppen, BM; Stanton, BA – Berne & Levy – Fisiologia – 6ª Edição – Elsevier 2009. A vasodilatação também se associa à concomitante inibição de impulsos vasoconstritores do simpático. A abertura das artérias penianas e dos espaços cavernosos aumenta o fluxo de sangue que preenche os espaços cavernosos, produzindo a rigidez do pênis. As veias do pênis tornam-se 30SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO comprimidas e o sangue fica retido nos espaços vasculares do tecido erétil, mantendo, desta maneira, o pênis em uma condição ereta A contração e o relaxamento dos corpos cavernosos dependem da taxa de cálcio intracelular que, por sua vez, é modulada por guanosina monofosfato (GMP). A estimulação contínua da glande do pênis resulta na ejaculação, a expulsão forçada do sê- men a partir dos ductos genitais mas- culinos. Após a ejaculação ou quando cessam os impulsos parassimpáticos e os níveis de GMPc diminuem, ou- tra enzima, a fosfodiesterase (PDE), degrada o GMPc, permitindo que as contrações das células musculares lisas ocorram novamente. Assim, os espaços cavernosos começam a ter o sangue drenado e a ereção termina. Portanto, o retorno do pênis ao esta- do de flacidez associa-se à redução da atividade parassimpática. SE LIGA! A ereção é controlada pelo sistema nervoso parassimpático, ela re- sulta de estímulos sexuais, táteis, olfati- vos, visuais, auditivos e/ou psicológicos. A ejaculação é controlada pelo sistema nervoso simpático. Nervo cavernosos (nitrérgico) Músculos lisos vasculares das artérias helicinas Aumento do fluxo sanguíneo nos espaços sinusoidais cavernosos Colapso do retorno venoso dos espaços cavernosos Contração dos músculos ao redor da base do pênis Estimulo sexual (tátil, visual, auditivo, psíquico) Inibidores de PDE tipo 5 (p. ex. Viagra) Ereção Guanilil ciclase GTP GMPGMPc Relaxamento Fosfodiesterase tipo 5 Figura 18. Esquema dos eventos neurovasculares que levam à ereção peniana. Fonte: Koeppen, BM; Stan- ton, BA – Berne & Levy – Fisiologia – 6ª Edição – Elsevier 2009. 31SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO SAIBA MAIS! O neurotransmissor óxido nítrico (NO) liberado pelas células endoteliais dos capilares ativa a guanilato ciclase das células musculares lisas que produzem monofosfato cíclico de guanosi- na (GMPc) a partir do trifosfato de guanosina (GTP) que, deste modo, provoca o relaxamento das células musculares lisas. O relaxamento das células musculares lisas permite o acúmulo de sangue nos espaços vasculares, e este aumento dos vasos comprime o pequeno canal do retorno venoso que drena os espaços cavernosos, resultando na ereção do pênis. dessa forma, o múscu- lo do esfíncter da bexiga urinária se contrai, impe- dindo a liberação de urina ou a entrada de sêmen na bexiga. Com isso, o músculo bul- boesponjoso, que envolve a extremidade proximal do corpo esponjoso, sofre contrações rítmicas pode- rosas, que resultam na ex- pulsão forçada do sêmen Impulsos parassimpáticos Ativação da guanilil ciclase Direcionamento do fluxo sanguíneo para as artérias helicinas do tecido erétil ↓ [Ca++] intracelular ↑ GMPc Ereção Relaxamento do músculo liso dos ramos vasculares Liberação de NO Constrição das anastomoses arteriovenosas FLUXOGRAMA – MECANISMO DA EREÇÃO A ejaculação, ao contrário da ereção, é reguladapelo sistema nervoso sim- pático. Estes impulsos desencadeiam a seguinte sequência de aconteci- mentos, que começa com a contração do músculo liso dos ductos genitais e das glândulas genitais acessórias for- çam o sêmen para dentro da uretra, da uretra. A ejaculação é seguida pelo término dos impulsos parassimpáti- cos para os vasos sanguíneos que ir- rigam o pênis. Como resultado, as anastomoses ar- teriovenosas são reativadas, o fluxo sanguíneo através das artérias pro- funda e dorsal do pênis diminui, e a drenagem venosa esvazia lentamen- te o sangue dos espaços vasculares dos tecidos eréteis. Quando o sangue é drenado destes espaços vasculares, o pênis sofre detumescência e torna- -se flácido. 32SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO SE LIGA! Uma incapacidade de atingir ou manter uma ereção é denominada disfunção erétil e é uma causa de infertilidade. Múltiplos fatores podem levar à disfunção erétil, incluindo produção insuficiente de andrógeno, dano neurovascular, como de diabetes melito, lesão de medula espinhal, dano estrutural ao pênis, períneo ou pélvis, fatores psicogênicos, como depressão, ansieda- de de performance, e medicações prescritas e drogas recreacionais, incluindo álcool e tabaco. Um grande avanço no tratamento de algumas formas de disfunção erétil é o uso de inibidores seletivos de GMPc-fosfo- diesterases os quais auxiliam na manutenção de uma ereção. Resumo das funções primárias Armazenamento e emissão de espermatozoides O espermatozoide é armazenado na cauda do epidídimo e no ducto deferente por vários meses, sem que haja perda de viabilidade. A principal função do ducto deferente, além de proporcionar um local de armazenamento, é a de propelir o espermatozoide para a uretra masculina durante o ato sexual. O ducto deferente possui uma camada muscular bastante espessa, a qual é ricamente enervada por nervos simpáticos. Normalmente, em resposta à estimulação tátil repetitiva do pênis durante o coito, a camada muscular do ducto deferente recebe surtos de estimulação simpática que causam contrações peristálticas. O esvaziamento do conteúdo do ducto deferente na uretra prostática é denominado emissão. A emissão precede imediatamente a ejaculação, a qual é a propulsão do sêmen para fora da uretra masculina Ereção e ejaculação A emissão e a ejaculação ocorrem durante o coito em resposta a um arco reflexo que envolve estimulação sensorial do pênis, seguida de estimulação motora simpática do músculo liso do trato masculino e estimulação motora somática da musculatura associada à base do pênis. Maturação espermática O espermatozoide permanece cerca de 1 mês no epidídimo, onde sofre maturação. O epitélio do epidídimo é secretório e adiciona diversos componentes ao fluido seminal. Os espermatozoides que penetram na cabeça do epidídimo são pouco móveis, mas são muito móveis unidirecionalmente no momento em que deixam a cauda do epidídimo. A função do epidídimo é dependente dos complexos testosterona-ABP luminais que são provenientes dos túbulos seminíferos e da testosterona do sangue. Produção e mistura do espermatozoide com o conteúdo seminal Durante a emissão, a contração do ducto deferente coincide com a contração das capas musculares de duas glândulas sexuais acessórias, as vesículas seminais e a próstata. Neste ponto, o espermatozoide é misturado com todos os componentes do sêmen. As vesículas seminais secretam aproximadamente 60% do volume. Estas glândulas são a fonte primária de frutose, um nutriente fundamental para o espermatozoide. As secreções alcalinas da próstata, que compõem cerca de 30% do volume, possuem grandes quantidades de citrato, zinco, espermina e fosfatase ácida. Uma terceira glândula acessória, a glândula bulbouretral, se esvazia na uretra peniana em resposta à excitação sexual antes da emissão e ejaculação. Esta secreção é rica em muco, o que lubrifica, limpa e tampona a uretra. FLUXOGRAMA – RESUMO DAS FUNÇÕES PRIMÁRIAS DO TRATO REPRODUTOR MASCULINO 33SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO FLUXOGRAMA – MAPA RESUMO DO SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO Cápsula de tecido conjuntivo densoTúnica albugínea Mediastino: septos fibrosos Lóbulos testicularesCélulas de Leydig Fases EspermiogêneseEspermatocitogênese Meiose Epitélio germinativo Células de Sertoli Espermatogênese Expressam receptores para andrógenos Células da linhagem espermatogênica Proteína ligante da testosterona Eventos relacionadosDesnutrição Alcoolismo Radiações Inibição à espermatogênese Hormônios LH Células de Leydig FSH Células de Sertoli Fatores que influenciam Temperatura Componentes Testículos Pênis Ductos genitais Extratesticulares Intratesticulares Rede testicular Ductos eferentesTúbulos retos Ducto epididimário Ducto deferente Ducto ejaculatórioUretraGlândulas acessórias Próstata Atividade secretora Zona centralZona de transiçãoZona periféricaSecreção de fluido viscoso Secreção solução lubrificante e viscosa Vesículas seminaisGlândulas bulbouretrais Estímulo sexual Inibição dos impulsos vasoconstritores do simpático Constrição das anastomoses arteriovenosasLiberação de NO Desencadeia Impulso parassimpático Composto por 3 corpos cilíndricos de tecido erétil APARELHO REPRODUTOR MASCULINO 34SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Schoenwolf, GC; Bleyl, SB; Brauer, PR; FrancisWest, PH -Larsen Embriologia Humana – 5ª Edição -Elsevier, 2016. Gartner, LP; Hiatt, JL – Tratado de Histologia em Cores – 3ª Edição – Saunders/Elsevier 2007. Junqueira, LC; Carneiro, J – Histologia Básica – Texto e Atlas – 12ª Edição – Editora Guana- bara Koogan 2013. Koeppen, BM; Stanton, BA – Berne & Levy – Fisiologia – 6ª Edição – Elsevier 2009. Guyton, AC; Hall. JE – Tratado de Fisiologia Médica – 13ª Edição – Elsevier 2017. 35SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO
Compartilhar