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i UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIA PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL DOUTORADO EM ENGENHARIA CIVIL Recife Fevereiro, 2019 Avaliação de desempenho de Radiers na Região Metropolitana do Recife ii Jonny Dantas Patricio Avaliação de desempenho de Radiers na Região Metropolitana do Recife Tese submetida ao Programa de Pós- Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de Pernambuco como requisito para a obtenção do título de doutor em Engenharia Civil Área de Concentração: Geotecnia Orientador Interno: Prof. Dr. Sílvio Romero de Melo Ferreira Orientador Externo: Prof. Dr. Alexandre Duarte Gusmão Recife-PE 2019 iii UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL A comissão examinadora da Defesa da Tese do Doutorado Avaliação de desempenho de Radiers na Região Metropolitana do Recife Defendida por Jonny Dantas Patricio Considera o candidato APROVADO Recife, 20 de Fevereiro de 2019 Prof. Dr. Silvio Romero de Melo Ferreira – Orientador Interno Prof. Dr. Alexandre Duarte Gusmão – Orientador Externo Banca Examinadora: _____________________________________________________ Prof. Dr. Silvio Romero de Melo Ferreira – UFPE (Orientador Interno) _____________________________________________________ Prof. Dr. Marcio Roberto Silva Corrêa – EESC-USP (Examinador Externo) _____________________________________________________ Prof. Dr. Joaquim Teodoro Romão de Oliveira – UNICAP (Examinador Externo) _____________________________________________________ Prof. Dr. Fernando Artur Nogueira Silva – UNICAP (Examinador Externo) _____________________________________________________ Prof. Dr. Romilde Almeida Oliveira – UNICAP (Examinador Externo) iv Dedico aos meus pais v AGRADECIMENTOS À Solange Maria da Rocha Patricio, minha mãe, que tudo fez por mim. Eternamente grato! Ao meu orientador, Prof. Silvio Romero, pela orientação e por acreditar no meu potencial. Deixo minha profunda admiração como profissional e pessoa, tornando-o uma fonte de inspiração. Eternamente grato! Ao meu orientador, Prof. Alexandre Gusmão, por tantos ensinamentos e incentivos, sempre procurando passar seus conhecimentos práticos e técnicos. Agradeço por acreditar no trabalho e sem o seu apoio esta tese não seria possível. Eternamente grato! Ao Prof. Fernando Artur, pela paciência e dedicação nos seus ensinamentos. Ao Prof. John Kennedy, por todos os conselhos e apoio quando precisei. À Prof. Lêda Lucena e ao Prof. Adriano Lucena, pelo companheirismo e incentivo durante toda essa jornada. Aos amigos da UFCG, Paulo Marinho, Anderson Rodrigues, Enoque Marinho, Daniel Bezerra e Jadilson Trigueiro, pela amizade e companheirismo. Á Universidade Federal de Pernambuco, instituição que me orgulho de fazer parte. Ao CNPq pelo financiamento do doutorado. vi RESUMO PATRICIO, Jonny Dantas. Avaliação de desempenho de Radiers na Região Metropolitana do Recife. 2019. Tese de Doutorado. Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil. Universidade Federal de Pernambuco. Recife-PE. Devido ao grande desenvolvimento da Construção Civil na última década, procuraram-se sistemas construtivos mais eficientes e com alta produtividade. Entre as soluções encontradas, ganhou destaque o sistema de paredes de concreto. Para edificações de pequeno porte (menor que 8 pavimentos), na Região Metropolitana do Recife (RMR), destaca-se como elemento de fundação associado a esse sistema construtivo, o radier. Como outros tipos de fundações diretas, a solução em radiers não deve causar recalques excessivos. Esta tese tem como objetivo avaliar o desempenho de elementos de fundações em radier com sistemas construtivos de paredes de concreto na RMR. Para isto, foram estudados 63 blocos residenciais com 8 pavimentos, localizados no município de São Lourenço da Mata - PE, com soluções em fundações em radier por meio de monitoramento de recalques durante fase construtiva. Ainda, foi realizado retroanálise do módulo de elasticidade com os dados obtidos nas medições dos recalques, a fim de determinar parâmetros geotécnicos utilizados na previsão de recalque por meio da teoria da elasticidade em projetos de fundações. Por meio de modelagem numérica utilizando o SAP2000, simulou-se a metodologia construtiva com caso de carga em estágio construtivo não linear. Os resultados mostraram que a principal variável que contribui para o desenvolvimento dos recalques foram os movimentos de terraplanagem. A retroanálise do módulo de elasticidade - E por meio dos recalques medidos e tensões transmitidas estimadas indicou, de maneira geral, redução no valor E com o aumento das tensões transmitidas. Foram observados reduções de até 4 vezes no valor do E retroanalisado. O modelo numérico utilizando o SAP 2000 indicou a importância da simulação do processo construtivo em análises desse tipo, visto que a execução modular das paredes de concreto interferiu no desenvolvimento dos recalques e na análise de interação solo estrutura. O sistema construtivo de paredes de concreto associados a fundações em radier apresentaram bom desempenho, visto a não ocorrência de recalques excessivos e distorções angulares elevadas, embora, tenha sido observado velocidades de recalque de até 1600 micra/dia e rotações de 1/350 da placa de radier. Palavras-chave: radier, paredes de concreto, recalque, estágio construtivo, medição de recalque vii ABSTRACT PATRICIO, Jonny Dantas. Performance evaluation of Mat Foudations at Metropolitan Region of Recife. 2019. Thesis (Ph. D). Civil Engineering Post Graduation Program. Federal University of Pernambuco. Recife-PE. Efficients and high productivity Constructive Systems were sought with great development of Civil Construction in the last decade. Among the solutions found, the concrete walls system was highlighted. For small buildings (less than 8 floors), in at Metropolitan Region of Recife, stands out mat foundations as foundation element associated with this constructive system. Like other types of direct foundations, the solution with mat foundations should not cause excessive settlement. This thesis had as objective to evaluate the performance of mat foudations with constructive systems of concrete walls in the Metropolitan Region of Recife. For this, it was studied the behavior of 63 residential blocks with 8 floors, located in the city of São Lourenço da Mata - PE, with solutions in mat foundations by means of monitoring of settlements during construction phase. In addition, the elasticity modulus was retroanalysed with the data obtained from the measurements of the settlements, in order to determine geotechnicals parameters used in the prediction of settlemets using theory of elasticity in foundations projects. By means of numerical modeling using the SAP2000, the constructive methodology was simulated with non-linear constructive load case. The results showed that the main variable that contributes to the development of the settlements was the earthmoving movements. The retroanalysis of the modulus of elasticity - E by means of the measured pressures and estimated transmitted indicates a reduction in the value E with the increase of the transmitted tensions. It was observed reduction of 4 times in retroanalyzed E The numerical model using SAP 2000 indicated the importance of the simulation of the constructive process in analyzes of this type, since the modular execution of the concrete walls interfered in the development of the settlements and in the soil structure interation. The construction of concrete walls associated with mat foundations presented good performance, due to the absence of excessive settlementand elevated angular distortions, although speeds of 1600 micron a day of settlement and rotations of 1/350 were observed. Keywords: mat foundations, concrete wall, settlement, constructive stages, settlement measurement viii LISTA DE SIMBOLOS sw recalque secundário 𝐼ℎ: fator de espessura da camada compressível; 𝐼𝑑: fator de embutimento da camada 𝐼𝑠: fator de forma do elemento de fundação; 𝑓𝑐𝑚(𝑡): resistência média à compressão do concreto na idade t 𝑓𝑐𝑚: resistência média à compressão do concreto aos 28 dias �̅�: recalque médio d 𝑤𝑖𝑟𝑒𝑓: recalque médio absoluto do modelo sem ISE 𝑤𝑖𝑠𝑒: recalque médio absoluto do modelo com ISE 𝛽𝑆𝐶 : Fator dependente do tipo de cimento utilizado; 𝛽𝑐𝑐(𝑡): coeficiente dependente da idade do concreto 𝜀𝑐𝑠(𝑡, 𝑡𝑠):retração total 𝜀𝑐𝑠𝑜: Coeficiente de retração iw : recalque imediato; cw : recalque primário ou de adensamento; tw : recalque total; ∆𝐴𝑅: Variação de fator de recalque ACP: Análise de Componentes Principais AR: Fator de Recalque CPT: Cone Penetration Test CV: Coeficiente de Variação ix ELS: Estado Limite de Serviço ELU: Estado Limite Último; Fck: resistência característica à compressão do concreto FRM-Fator de redução de módulo NSPT :índice de resistência à penetração dinâmica R: Grau de liberdade de rotação SPT: Standard Penetration Test U: Grau de liberdade de translação; 𝐵: menor dimensão do elemento 𝐸: módulo de elasticidade; 𝐾: coeficiente de reação; 𝑅𝐻: Umidade relativa do ar 𝑞: tensão distribuída; 𝑠: coeficiente que depende do tipo de cimento 𝑡: Idade do concreto 𝑣: coeficiente de Poisson; 𝑤: recalque; RMR: Região Metropolitana do Recife x LISTA DE FIGURAS Figura 2-1 - Mecanismos de ruptura e campos de deslocamentos de massa: (a) generalizada; (b) localizada e (c) por puncionamento (Lopes, 1979) ........................................................................ 7 Figura 2-2 – Modos de ruptura em relação a modelo de fundação em areia (Vesic ,1963 apud Velloso e Lopes,2010) ................................................................................................................... 8 Figura 2-3 – Critério de Ruptura: (a) Vesic (1963) e (b) De Beer (1967) (Winterkorn and Fang, 1975) .............................................................................................................................................. 8 Figura 2-4 – Fatores de capacidade de carga (Fonte: Terzaghi & Peck, 1967) ........................... 11 Figura 2-5 – Curva tempo x recalque ........................................................................................... 12 Figura 2-6 – Hipótese de recalque para fundações flexíveis (a e c) e rígidas (b e d) (Brandi,2004) ..................................................................................................................................................... 15 Figura 2-7 – Esquema de cálculo indireto de recalques (Velloso e Lopes, 2010) ........................ 18 Figura 2-8 – Método aproximado para determinação de acréscimo de tensão (Bowles,1982) .... 19 Figura 2-9 – Tensões em coordenada cilíndricas – Método de Boussinesq (Taylor, 1948 apud 20 Figura 2-10 – Tipos de radiers: (a)liso;(b) com pedestais; (c) nervurados; (d) caixão (Doria, 2007) ..................................................................................................................................................... 22 Figura 2-11 –Corte geológico do Recife (Alheiros et al. ,1990 apud Gusmão Filho, 1998).......... 29 Figura 2-12 – Carta geológica do Recife (Alheiros et al. ,1990 apud Gusmão Filho,1998) .......... 29 Figura 2-13 – Perfis Típicos observados e suas faixas de espessuras das camadas (Oliveira et al, 2016) ............................................................................................................................................ 32 Figura 2-14 – Resumo das práticas em fundações nos períodos: (a)2000-2005, (b)2005-2010 e (c) 2000-2010 (Santos, 2011 apud Oliveira, 2013) ........................................................................... 33 Figura 2-15- Aplicação do modelo de Chamecki (1956) (Fonte: Reis,2000) ................................ 35 Figura 2-16 – Tipos de movimentos dos elementos de fundação (adapatado de Teixeira e Godoy,1998) ................................................................................................................................ 39 Figura 2-17 – Distorções angulares e danos associados (Velloso e Lopes,2010) ....................... 40 xi Figura 2-18 – Esquema de solução para o (a) sistema: (b)MDF; (c) MEF e (d) MEC (Velloso et al.,1998) ....................................................................................................................................... 44 Figura 2-19 – Elementos de área (a) quadrilátero e (b) triangular (Fonte:CSI, 2017) .................. 49 Figura 2-20 – Modelo numérico utilizando o DIANA. (a) representação completa e condições de contorno: (b) simetria do eixo Y e (c)restrição de deslocamento do maciço (Fonte: Farias,2018)51 Figura 3-1- Empreendimento estudado (Fonte: (a)Google Earth; (b) Construtora Pernambuco) 54 Figura 3-2 – Projeto arquitetônico do pavimento térreo ............................................................... 55 Figura 3-3 – Nomeação e locação das Quadras e Blocos ........................................................... 56 Figura 3-4 – Localização dos furos de sondagens ....................................................................... 57 Figura 3-5 – Sondagem SP 01 - Quadra 4 – Bloco 4 ................................................................... 58 Figura 3-6 – Sondagem SP 58 Quadra 3 – Bloco 1 ..................................................................... 58 Figura 3-7– Sondagem SP 02 - Quadra 9 – Bloco 3 .................................................................... 59 Figura 3-8 – Soluções de radier e sequencia construtiva ............................................................ 60 Figura 3-9 – Planta baixa do radier .............................................................................................. 60 Figura 3-10 – Registro fotográfico da execução do radier em (a) concreto armado e (b) concreto protendido .................................................................................................................................... 61 Figura 3-11 – Levantamento Topográfico do Terreno – Curvas de Nível .................................... 62 Figura 3-12 -Indicação de áreas de corte .................................................................................... 62 Figura 3-13 – Divisão das fôrmas de paredes de concreto .......................................................... 63 Figura 3-14 – Esquema de localização dos pinos de controle de recalque ................................. 65 Figura 3-15- Parâmetros para obtenção de fatores corretivos para retroanálise do Modulo de Elasticidade: (a) h (Fonte: Harr, 1966) e IsIh. ............................................................................... 68 Figura 3-16 - Malha de Elementos Finitos do Radier para cálculo da deformada ........................ 71 Figura 3-17 – Carregamento linear no Radier .............................................................................. 72 xii Figura 3-18 – Diagramas de tensão para (a) fck= 25 MPa e (b) fck= 35 MPa ............................... 75 Figura 3-19 - Representação do modelo numérico do SAP2000 ................................................. 76 Figura 3-20 – Malha de elementos finitos das paredes de concreto executadas com 0,15 m ..... 76 Figura 3-21 - Malha de elementos finitos das paredes de concreto executadas com 0,1 m ........ 77 Figura 3-22 - Malha de elementos finitos das lajes ...................................................................... 77 Figura3-23 – Representação gráfica do SAP 2000 na parte inferior do modelo numérico ......... 77 Figura 3-24 - Representação gráfica do SAP 2000 na parte superior do modelo numérico ........ 78 Figura 3-25 – (a) Malha de elementos finitos do radier e (b) representação gráfica de área de influência do nó ............................................................................................................................ 80 Figura 3-26 – Graus de Liberdade em Sistema de coordenada (Fonte: SAP2000) ..................... 81 Figura 4-1–ACP: (a) pesos e (b) escores .................................................................................... 84 Figura 4-2 - ACP (Componente 01): (a) pesos e (b) escores....................................................... 85 Figura 4-3 – Indicação de recalques médios finais medidos (a)menores que 10mm; (b)maiores que 10mm ........................................................................................................................................... 86 Figura 4-4 - ACP (Componente 02): (a) pesos e (b) escores....................................................... 87 Figura 4-5 – Destaque de escores por tipo de solo ..................................................................... 88 Figura 4-6-Frequência relativa de recalques medidos ................................................................. 88 Figura 4-7 – Desenvolvimento do recalque médio medido em função da (a) tensão transmitida e do (b) tempo (Grupo 01) .............................................................................................................. 89 Figura 4-8–(a) Velocidade de recalque e (b) análise conjunta de Velocidade de Carregamento do Bloco 01 da Quadra 19 ................................................................................................................ 91 Figura 4-9 – (a) Superfície de recalque e (b) rotação dos pinos do Bloco 01 da Quadra 19 na última leitura ........................................................................................................................................... 92 Figura 4-10 - (a) Superfície de recalque e (b) deformadas do Bloco 02 da Quadra 30................ 94 xiii Figura 4-11 - (a) Velocidade de recalque e (b) análise conjunta de velocidade de carregamento do Bloco 02 da Quadra 30 ................................................................................................................ 95 Figura 4-12 – Evolução das rotações do Q30-BL02: (a) L1-L2, (b) L1- L3 e (c) L1-L4 ................ 96 Figura 4-13 – Análise de distorção angular do Bloco 02 da Quadra 30 ....................................... 97 Figura 4-14 – Superfície de recalque do Bloco 05 da Quadra 34 ................................................ 98 Figura 4-15 - - (a) Velocidade de recalque e (b) análise conjunta de velocidade de carregamento do Bloco 05 da Quadra 34 ........................................................................................................... 98 Figura 4-16 – Esquema de perfil de sondagem do Bloco 05 da Quadra 34................................. 99 Figura 4-17 – Evolução das rotações do Q34-BL05: (a)L1-L3; (b) L1-L4 e (c) L1- L5 ............... 100 Figura 4-18 – Análise de distorção angular do Bloco 05 da Quadra 34 ..................................... 101 Figura 4-19 – Desenvolvimento do recalque médio medido em função da (a) tensão transmitida e do (b) tempo (Grupo 02) ............................................................................................................ 102 Figura 4-20 – (a) Velocidade de recalque e (b) análise conjunta de velocidade de carregamento do Bloco 01 da Quadra 02 ......................................................................................................... 103 Figura 4-21 - (a) Velocidade de recalque e (b) análise conjunta de velocidade de carregamento do Bloco 02 da Quadra 02 .............................................................................................................. 104 Figura 4-22 – Superfície de recalque do Bloco 01 da Quadra 02 .............................................. 105 Figura 4-23 - Superfície de recalque do Bloco 02 da Quadra 02 ............................................... 105 Figura 4-24 - Esquema de perfil de sondagem do Bloco 02 da Quadra 02 ............................... 106 Figura 4-25 - (a) Velocidade de recalque e (b) análise conjunta de velocidade de carregamento do Bloco 01 da Quadra 05 .............................................................................................................. 107 Figura 4-26 - Superfície de recalque do Bloco 01 da Quadra 05 ............................................... 108 Figura 4-27 – Esquema de perfil de sondagem do Bloco 01 da Quadra 05............................... 108 Figura 4-28 - Velocidade de recalque do Bloco 02 da Quadra 19 ............................................. 110 Figura 4-29 – Superfície de recalque do Bloco 02 da Quadra 19 .............................................. 110 xiv Figura 4-30 - Rotações do Q19-BL02: (a) L1-L2; (b) L1-L3, (c) L1- L4 e (c) L1- L5 ................... 111 Figura 4-31 – Análise de distorção angular da seção formada pelos pinos: (a) S, T e K e (b) P,Q,R e S ............................................................................................................................................. 112 Figura 4-32 - Velocidade de recalque do Bloco 04 da Quadra 29 ............................................. 113 Figura 4-33 - Superfície de recalque do Bloco 04 da Quadra 29 ............................................... 113 Figura 4-34 - Superfície de recalque do Bloco 01 da Quadra 30 ............................................... 114 Figura 4-35 - Desenvolvimento do recalque médio medido em função da tensão transmitida (Grupo 3)................................................................................................................................................ 115 Figura 4-36 - Desenvolvimento do recalque médio medido em função do tempo (Grupo 3) ..... 116 Figura 4-37 – Blocos que apresentaram leituras negativas de deslocamento ........................... 123 Figura 4-38 – Deslocamentos x tempo dos blocos que indicaram levantamento total ............... 123 Figura 4-39 – Levantamento parcial do radier: (a) Q03-BL01 e Q29-BL02................................ 125 Figura 4-40 – Recalque médio medido de todos os blocos ....................................................... 126 Figura 4-41 – Registro de proximidade dos Blocos da Quadra 19 ............................................. 127 Figura 4-42 – Evolução dos coeficientes de variação ................................................................ 131 Figura 4-43 – Fatores de recalque máximos e mínimos ............................................................ 132 Figura 5-1 - Módulos de elasticidade retroanalisados dos blocos do Grupo 01 ......................... 135 Figura 5-2 - Módulos de elasticidade retroanalisados dos blocos do Grupo 02 ......................... 136 Figura 5-3 - Módulos de elasticidade retroanalisados dos blocos do Grupo 03 ......................... 137 Figura 5-4 - Módulos de elasticidade retroanalisados dos blocos do Grupo 04 ......................... 137 Figura 5-5 - Curva de evolução do módulo de elasticidade retroanalisado em função da tensão transmitida ................................................................................................................................. 138 Figura 5-6 – Curva tensão x recalque típica de prova de carga em placa ................................. 139 Figura 5-7 – Prolongamento da linha tendência da curva característica.................................... 141 xv Figura 5-8 – Módulos de elasticidade utilizados no modelo numérico no ELPLA ...................... 142 Figura 5-9 - Curvas de recalque para modelo numérico com E variável....................................143 Figura 5-10 - Curvas de recalque para modelo numérico E constante ...................................... 144 Figura 5-11– Recalque médio para as diferentes tensões e profundidades de camada compressível para hipóteses de (a) E variável e (b) de E Constante ........................................ 146 Figura 5-12 -Análise comparativa entre as hipóteses módulo de elasticidade constante e variável e os recalques medidos para o (a) Q04-BL02e (b) Q04-BL03 ................................................... 147 Figura 5-13 – FRM x tensão transmitida pela placa (Park et al., 2010) ..................................... 148 Figura 5-14 - Módulos de elasticidade retroanalisados dos blocos em seção de corte ............. 151 Figura 5-15 – Módulo de elasticidade retroanalisado dos blocos: Q03-BL04 e Q09-Bl05 ......... 151 Figura 5-16 – Análise comparativa de recalque médio dos blocos:(a)Q03-BL04 e (b)Q09-BL05 ................................................................................................................................................... 153 Figura 5-17 – Esquema de bulbos de tensões do ensaio de placa e de radier .......................... 155 Figura 5-18 – Coeficientes de Reação obtidos com base na curva de evolução de módulo de elasticidade para variações de profundidade de camada compressível .................................... 156 Figura 5-19 - Coeficientes de Reação obtidos com base na curva de evolução de módulo de elasticidade para variações de tensão transmitidas ................................................................... 156 Figura 5-20 – Análise comparativa entre os recalques médios medidos e os obtidos no modelo numérico dos blocos (a)Q3-BL04 e (b)Q09-BL05 ...................................................................... 159 Figura 5-21–ACP para avaliação das velocidades de deformação de fluência: (a) pesos e (b) escores ...................................................................................................................................... 162 Figura 6-1- Representação gráfica dos modelos numéricos ...................................................... 165 Figura 6-2 - Análise comparativa entre os coeficientes de variação dos modelos numéricos ... 168 Figura 6-3 – Momentos fletores das placas de radier dos modelos numéricos em três estágios construtivos ................................................................................................................................ 169 Figura 6-4 -Análise comparativa de momentos fletores para o fim da execução dos blocos .... 170 xvi Figura 6-5 – Análise comparativa de uperficies de recalque obtidas no modelo númerico ISE-EC e ISE-CI e dos recalque medidosI ................................................................................................ 171 Figura 6-6 Fatores de recalque máximos e mínimos dos modelos numéricos ISE-EC e PRC .. 171 Figura 6-7 – Definição de eixos de deformadas......................................................................... 173 Figura 6-8 – Deformadas dos estágios construtivos (a) Eixo A e (b) Eixo B .............................. 174 Figura 6-9 – Rotação entre as extremidades da placa que dividem a entrada .......................... 174 Figura 6-10 – Diagrama de momentos fletores máximos para execução parcial dos pavimentos execução completa pavimento................................................................................................... 175 Figura 6-11 – Coeficiente de variação do modelo numérico ...................................................... 176 Figura 6-12 – Amplitude de variação do CV e redução % ......................................................... 177 Figura 6-13 – Fatores de recalques máximo e mínimos do modelo numérico ........................... 177 Figura 6-14 – Amplitude de variação e redução percentual dos fatores de recalque (a) mínimos e (b) máximos ............................................................................................................................... 178 Figura 6-15 – Análise conjunta da redução de amplitudes ........................................................ 178 Figura 6-16 – Seções estudas para avaliação de esforços máximos ........................................ 179 Figura 6-17 – Análise de esforços normais máximos da Seção A ............................................. 180 Figura 6-18 - Análise de esforços normais máximos da Seção B .............................................. 181 Figura 6-19 - Análise de esforços normais máximos da Seção C .............................................. 182 Figura 6-20 – Analogia apresentada por Goshy (1978) (Fonte: Farias,2018) ............................ 182 Figura 6-21 – Análise de esforços normais máximos da Seção D ............................................. 183 Figura 6-22 – Análise de variação de fator de recalque ............................................................. 184 xvii LISTA DE TABELAS Tabela 2-1- Fatores de segurança e coeficientes de minoração para solicitações a compressão (NBR 6122,2010) ........................................................................................................................... 9 Tabela 2-2 – Equações utilizadas para previsão de Capacidade de Carga (Bowles,1982) ......... 10 Tabela 2-3 – Fatores de forma Is (Perloff,1975) ........................................................................... 16 Tabela 2-4 - Fatores de Is.Ih para carregamento na superfície (Id=1) de um meio de espessura finita– Placa Rígida (Harr,1966) ................................................................................................... 17 Tabela 2-5 - Resumo dos Depósitos Sedimentares no Recife (Oliveira,2013) ............................ 28 Tabela 2-6 - Quantidade e porcentagem dos perfis típicos (Oliveira et al, 2016) ........................ 32 Tabela 2-7 - Frequência de tipos de fundações em Recife, 2000-2010 (Santos,2011) ............... 33 Tabela 2-8 – Valores de vk apresentados por Terzaghi (1955).................................................. 36 Tabela 2-9 - Valores de vk apresentados por Moraes (1976) .................................................... 37 Tabela 2-10 – Limites toleraveis de distorções angulares(adaptado por Ng,2005) ..................... 41 Tabela 2-11 – Desempenho de edificação conforme variação de rigidez da estrutura e do terreno (Gusmão,1990) ............................................................................................................................ 43 Tabela 2-12 - Programa do Pacote ELPLA .................................................................................. 46 Tabela 2-13 - Modelos de Cálculo do ELPLA .............................................................................. 47 Tabela 3-1 – Peso total da estrutura ............................................................................................ 67 Tabela 3-2 – Correlações entre NSPT e peso específicos de solos argilosos (Godoy, 1972 apud Cintra et al,2003) ......................................................................................................................... 69 Tabela 3-3 - Correlações entre NSPT e peso específicos de solos arenosos (Godoy, 1972 apud Cintra et al,2011) ......................................................................................................................... 69 Tabela 3-4 – Correlação entre NSPT e coesão das argilas ............................................................ 70 Tabela 3-5 – Valores de (Texeira,1993) ................................................................................. 70 xviii Tabela 3-6 – Valores do coeficiente K (Texeira,1993) ................................................................. 71 Tabela 3-7 – Propriedades dos materiais utilizados no modelo numérico no SAP2000 .............. 73 Tabela 3-8 – Fatores indicado pela CEB-FIP-90 paradeterminação dos parâmetros dependentes do tempo ...................................................................................................................................... 75 Tabela 3-9 – Determinação dos graus de Liberdade dos nós...................................................... 80 Tabela 4-1 – Autovalores da Análise de Componentes Principais ............................................... 83 Tabela 4-2 – Velocidade média de recalque de blocos do Grupo 03 ......................................... 116 Tabela 4-3 – Velocidade de recalque máximas e mínimas observadas para maiores velocidades de carregamento ........................................................................................................................ 121 Tabela 4-4 – Blocos com leituras de deslocamento negativas .................................................. 122 Tabela 4-5 – Ensaio de expansão livre (Fonte: Lopes,2016) ..................................................... 124 Tabela 4-6 – Recalque medido dos blocos da Quadra 19 ......................................................... 127 Tabela 5-1 – Parâmetros Geotécnicos dos blocos em estudo ................................................... 140 Tabela 5-2 – Diferença dos recalques obtidos nas hipóteses .................................................... 145 Tabela 5-3 – Fatores de redução de módulo de elasticidade .................................................... 149 Tabela 5-4–Propriedades geotécnicas dos blocos em seção de corte ...................................... 152 Tabela 5-5 – Coeficientes de reação para ensaios de placa ..................................................... 157 Tabela 5-6 – Coeficientes de reação para os blocos em seção de corte ................................... 158 Tabela 5-7– Análise comparativa entre os recalques médios medidos e estimados nos modelos numéricos .................................................................................................................................. 159 Tabela 5-8 -Análise de componentes principais ........................................................................ 161 Tabela 6-1 – Hipóteses de modelos numéricos ......................................................................... 165 Tabela 6-2 – Variações de fator de recalque ............................................................................. 185 Tabela 7-1 – Faixa de valores de velocidade de recalque apresentados .................................. 186 xix Tabela 7-2 – Fator de redução de modelo de elasticidade para faixa de tensão ....................... 187 xx SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1 1.1 Justificativa .................................................................................................................... 2 1.2 Objetivo .......................................................................................................................... 3 1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................ 3 1.2.2 Objetivos Específicos ................................................................................................. 3 1.3 Organização da Tese ..................................................................................................... 4 2 FUNDAMENTAÇÃO TEORICA ............................................................................................. 5 2.1 Fundações Superficiais ou Diretas ................................................................................ 5 2.1.1 Definição .................................................................................................................... 5 2.1.2 Capacidade de Carga ................................................................................................ 5 2.1.2.1 Métodos de Ruptura .......................................................................................... 6 2.1.2.2 Capacidade de carga última e admissível .......................................................... 8 2.1.2.3 Métodos de Previsão de Capacidade de Carga (Método Analítico) ................. 10 2.1.3 Previsão de Recalques ............................................................................................ 11 2.1.3.1 Rigidez da Estrutura ........................................................................................ 13 2.1.3.2 Métodos Racionais .......................................................................................... 15 2.2 Projeto de Radier ......................................................................................................... 21 2.2.1 Conceitos e aplicações ............................................................................................ 21 2.2.2 Capacidade de Carga e Recalque ........................................................................... 23 2.2.3 Cálculo Estrutural ..................................................................................................... 24 2.2.3.1 Método Estático ............................................................................................... 24 2.2.3.2 Método da Placa Sobre Solo de Winkler .......................................................... 25 xxi 2.2.3.3 Método do American Concrete Institute (ACI) .................................................. 25 2.2.3.4 Sistemas de Vigas Sobre Base Elástica .......................................................... 26 2.2.3.5 Método de Diferenças Finitas .......................................................................... 26 2.2.3.6 Método de Elementos Finitos ........................................................................... 26 2.3 Geologia e Pratica de Fundações na Cidade de Recife .............................................. 27 2.3.1 Geologia, morfologia e ocupação do solo do Recife ................................................ 27 2.3.2 Perfis Geotécnicos Típicos ...................................................................................... 30 2.3.3 Pratica de Fundações .............................................................................................. 32 2.4 Interação Solo-Estrutura .............................................................................................. 34 2.4.1 Aspectos Gerais ....................................................................................................... 34 2.4.2 Recalques: Estados Limites e Danos Associados ................................................... 39 2.4.3 Parâmetros de análise da ISE ................................................................................. 41 2.5 Modelagem dos Elementos de Fundação .................................................................... 43 2.5.1 Método de Elementos Finitos (MEF) ........................................................................ 43 2.5.2 Programas Computacionais para Modelagem ......................................................... 45 2.5.2.1 ELPLA .............................................................................................................. 46 2.5.2.2 SAP2000 .......................................................................................................... 48 2.5.2.3 Pesquisas sobre o tema................................................................................... 50 3 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................... 53 3.1 Descrição do empreendimento .................................................................................... 53 3.1.1 Descrição Geral ....................................................................................................... 53 3.1.2 Investigação Geotécnica ..........................................................................................56 3.1.3 Soluções de Fundações do Empreendimento e Sequencia Construtiva .................. 59 xxii 3.1.4 Movimentos de Terra ............................................................................................... 61 3.1.5 Metodologia Construtiva das Edificações ................................................................ 63 3.1.6 Medições de Recalque e Estimativa de Carregamento ........................................... 64 3.2 Retroanálise dos Módulos de Elasticidades................................................................. 67 3.3 Modelos Numéricos em Elementos Finitos .................................................................. 69 3.3.1 ELPLA ...................................................................................................................... 69 3.3.1.1 Parâmetros Geotécnicos.................................................................................. 69 3.3.1.2 Malha representativa do Radier e Propriedade do Elemento de Fundação ..... 71 3.3.1.3 Carregamento do Radier.................................................................................. 72 3.3.2 SAP 2000 ................................................................................................................. 73 3.3.2.1 Definição dos Materiais .................................................................................... 73 3.3.2.2 Representação do Edifício no modelo numérico .............................................. 76 3.3.2.3 Recurso de Estágio Construtivo ....................................................................... 78 3.3.2.4 Determinação dos coeficientes de reação ....................................................... 79 4 ESTUDO DE CASO - MEDIÇÃO DE RECALQUES ............................................................ 82 4.1 Análise de Componentes Principais - ACP .................................................................. 82 4.2 Evolução dos Recalques Medidos ............................................................................... 88 4.2.1 Grupo 1 .................................................................................................................... 89 4.2.2 Grupo 2 .................................................................................................................. 101 4.2.3 Grupo 3 .................................................................................................................. 114 4.2.4 Grupo 4 .................................................................................................................. 117 4.2.5 Grupo 5 .................................................................................................................. 119 4.3 Análise de Velocidade de Recalque .......................................................................... 121 xxiii 4.4 Avaliação das Leituras de Deslocamento Negativas ................................................. 122 4.5 Análise Observacional de Efeito de Superposição de Carregamento ........................ 125 4.6 Parâmetros de Interação Solo Estrutura .................................................................... 128 4.6.1 Distribuição dos Carregamentos ............................................................................ 128 4.6.2 Coeficientes de Variação e Fatores de Recalque .................................................. 131 4.7 Conclusão do Capítulo ............................................................................................... 132 5 RETROÁNALISE DOS PARÂMETROS DE DEFORMABILIDADE .................................... 134 5.1 Modulo de Elasticidade - Seções de Aterro ............................................................... 134 5.1.1 Evolução do módulo de elasticidade retroanalisado em função da tensão transmitida (Seções de Aterro) ............................................................................................................. 138 5.1.2 Estimativa de Recalque a partir da curva de evolução do módulo de elasticidade retroanalisado em função da tensão transmitida ............................................................... 141 5.2 Modulo de Elasticidade - Seções de Corte ................................................................ 149 5.3 Coeficiente de Reação ............................................................................................... 153 5.3.1 Coeficientes de Reações para Seções de Aterro .................................................. 155 5.3.2 Coeficiente de Reações para Seções de Corte ..................................................... 157 5.4 Deformação de Fluência das camadas de Aterro ...................................................... 160 5.5 Conclusão do Capitulo ............................................................................................... 163 6 MODELAGEM NÚMERICA ................................................................................................ 165 6.1 Análise comparativa entre os recalques dos modelos numéricos .............................. 166 6.2 Análise de Efeito Construtivo nos Recalques ............................................................ 172 6.3 Influência da metodologia construtiva na ISE ............................................................ 176 6.4 Influência da ISE na redistribuição dos esforços nas paredes ................................... 179 6.5 Conclusão do Capitulo ............................................................................................... 185 xxiv 7 CONCLUSÕES .................................................................................................................. 186 7.1 Medições de Recalque .............................................................................................. 186 7.2 Retroanálise dos Parâmetros de Deformabilidade dos solos ..................................... 187 7.3 Modelagem numérica ................................................................................................ 188 7.4 Sugestões para futuras pesquisas ............................................................................. 188 8 REFEREÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 190 ANEXO A – FATORES DE FORMA INDICADOS POR DAS (1999) ......................................... 199 ANEXO B – RECALQUES MÍNIMOS, MÉDIOS E MÁXIMOS ................................................... 201 1 1 INTRODUÇÃO Em março de 2009, foi lançado no Brasil o Programa Habitacional Minha Casa, Minha Vida – MCMV, programa do Governo Federal com objetivo de promover a produção e aquisição de novas unidades habitacionais em todo país para famílias com renda mensal de zero a dez salários mínimos, além de gerar emprego e renda por meio do aumento do investimento na Construção Civil. Segundo dados da Secretaria de Habitação do Estado de Pernambuco, em sua primeira fase, entre 2009 e 2011, o Programa contratou mais de um milhão de moradias com cerca de R$ 34 bilhões em investimentos. Na segunda etapa a meta até o ano de 2014 seria de construir 2,4 milhões de moradias pelo país. Para o estado de Pernambuco foram destinados 45.510 novas habitações, sendo 18.773 para atender a população com renda de até 1,6 mil reais. Visto o grande desenvolvimento da Construção Civil nesses anos, procurou-se sistemas construtivos eficientes e com alta produtividade. Dentre as soluções encontradas, destacaram-se os sistemas em blocos estruturais e de paredes de concreto, este, objeto desta pesquisa. O sistema de parede de concreto parte do princípio em que as lajes e as paredes são moldadas no local, em concreto armado, com uso de fôrmas moduladas, formando um elemento monolítico. Segundo Nunes (2011) as paredes de concreto apresentam vantagens como rapidez de execução, pouca exigência de mão-de-obra, custos globais mais baixos, reduzida geração de entulho e produçãoem escala, por trata-se de sistema industrializado. Segundo Farias (2018), o surgimento da norma brasileira de paredes de concreto NBR 16055 (2012) evidenciou a necessidade e o interesse do meio técnico sobre o tema. Ainda segundo o autor, a escassez de referências bibliográficas sobre o assunto, a publicação recente da norma de paredes de concreto e o aumento do emprego do referido sistema estrutural são fatores que indicam a necessidade do surgimento de novos estudos e publicações sobre o assunto. Associada ao sistema construtivo de paredes de concreto, as soluções de fundações em radier passaram a ser utilizada com maior frequência, visto sua alta produtividade e bom desempenho quando utilizada junto ao sistema construtivo. Santos (2011) ao estudar o panorama de soluções de fundações empregadas na Grande Recife entre o período de 2000-2010, observou que em 2009, 30% das soluções adotadas foram em radier sendo assim a solução mais adotada na região neste ano e, em 2010, 24%, ficando em segundo lugar no panorama. 2 As fundações em radier, como outros tipos de fundações diretas, não devem causar recalques excessivos (controle de recalque), satisfazendo assim as condições de estado limite de serviço. Conforme prescrito na NBR 6122 (2010), considera-se de especial interesse à instrumentação para monitoramento do que se refere ao comportamento das fundações, não só para o controle da obra em si como também para o progresso da técnica e da melhoria dos conhecimentos obtidos sob condições reais. Outro aspecto importante abordado pela NBR 6122 (2010) é a consideração da interação solo- estrutura na avaliação do comportamento do elemento de fundação. Nas análises estruturais convencionais são considerados apoios indeslocáveis e os recalques dos elementos de fundação são estimados com base nas cargas distribuídas indicadas. Contudo, essa hipótese pode não ser satisfatórias, principalmente, no tocante do sistema construtivo em questão, que possui alta rigidez global. A ampla maioria das análises de interação solo-estrutura atuais foram realizadas para estrutura em pórticos (pilares, vigas e lajes) e a literatura atual carece de análises de interação solo estrutura para edifícios de paredes de concreto com fundações em radier. 1.1 Justificativa Visto o recente aumento do emprego do sistema construtivo de paredes de concreto associados a elementos de fundações em radier na Região Metropolitana do Recife - RMR, é essencial o desenvolvimento de trabalhos com enfoque na avaliação do comportamento desses elementos de fundação, principalmente no que diz respeito aos recalques desenvolvidos. As altas velocidades de construção, metodologia construtiva (modular) e a alta rigidez global da estrutural indicam a necessidade de avaliação de parâmetros de desempenho específicos para este tipo de projeto, como por exemplo velocidades de recalque, rotações dos elementos de fundação, distorções angulares, entre outros. Com base nos dados de monitoramento de recalque do radier é possível determinar por meio de retroanálise os parâmetros de deformabilidade dos solos e assim, contribuir de forma direta em projetos destes tipos. As medições de recalque juntamente com uma estimativa confiável dos carregamentos nos estágios construtivos indicam um comportamento tensão x deformação do solo, o que torna o procedimento de monitoramento, um modelo real de prova de carga. Os trabalhos desenvolvidos por Nunes (2011), Testoni (2013), Santos (2016.a), Santos (2016.b) e Farias (2018) apresentam importante contribuição a respeito do sistema construtivo de paredes 3 de concreto, principalmente no tocante da análise de interação solo estrutura, com enfoque na superestrutura. Este trabalho vem a complementar os trabalhos e apresentar contribuição com enfoque geotécnico 1.2 Objetivo 1.2.1 Objetivo Geral Avaliar o comportamento de elementos de fundações em radier com sistemas construtivos de paredes de concreto na Região Metropolitana do Recife. 1.2.2 Objetivos Específicos Para cumprir o objetivo geral, são previstos como objetivos específicos: -indicar as principais variáveis que influenciaram nos desenvolvimentos dos recalques; -avaliar as velocidades de recalque durante à etapa construtiva; -avaliar o desempenho das placas de radier no que diz respeito às rotações e distorções angulares; -realizar retroanálise do módulo de elasticidade durante a fase construtiva com os dados de recalque de monitoramento; -avaliar por meio de modelos numéricos, parâmetros de interação solo estrutura considerando a metodologia construtiva. 4 1.3 Organização da Tese Esta tese encontra-se em um volume único distribuído da seguinte forma. [Capítulo 1] Considerações iniciais, Justificativa, Objetivos da Pesquisa e Organização do Trabalho – são descritos uma visão geral do trabalho com a introdução, justificativa, os objetivos a serem alcançados e a forma de organização do trabalho. [Capítulo 2] Fundamentação Teórica é apresentado revisão bibliográfica sobre: métodos de estimativas de recalques, Geologia da Região da Metropolitana do Recife; Interação solo- estrutura; Programas computacionais com base em elementos finitos utilizados nesta pesquisa (ELPLA e SAP2000). [Capítulo 3] Materiais e Métodos– é descrito os dados disponibilizados do empreendimento em estudo; indicado a metodologia utilizada na retroanálise e apresentado e a discretização modelos numéricos realizados; [Capítulo 4] Medições de Recalque: são avaliados os recalques medidos e o desempenho dos elementos de fundação, indicando os principais fatores que contribuíram para os desenvolvimentos dos recalques. [Capítulo 5] Retroanálise dos Parâmetros de Deformabilidade: são retroanalisados os parâmetros de deformabilidade como contribuição para estimativa de recalques em futuros projetos deste tipo; [Capítulo 6] Modelagem Numérica –é avaliado modelo numérico com base em elementos finitos, utilizando SAP 2000, [Capítulo 7] Conclusões – são apresentadas as conclusões do trabalho 5 2 FUNDAMENTAÇÃO TEORICA É apresentada uma revisão bibliográfica, que foi dividida em cinco tópicos. Na primeira etapa, é feita uma revisão sobre as metodologias para previsão de capacidade de carga de fundações diretas. Na segunda etapa é feita uma revisão sobre os métodos de estimativas de recalques neste tipo de fundação. Na terceira etapa é abordada a Geologia da Região da Metropolitana do recife bem como perfis geotécnicos típicos da região. Na quarta etapa é abordado a interação solo- estrutura. Na quinta etapa, é feita uma abordagem sobre os programas computacionais com base em elementos finitos utilizados nesta pesquisa (ELPLA e SAP2000). 2.1 Fundações Superficiais ou Diretas 2.1.1 Definição Segundo a NBR 6122 (2010), fundação superficial, também denominada rasas ou direta, é definida como: “Elemento de fundação em que a carga é transmitida ao terreno pelas tensões distribuídas sob a base da fundação, e a profundidade de assentamento em relação ao terreno adjacente à fundação é inferior a duas vezes a menor dimensão da fundação” Segundo Velloso e Lopes (2010) se adota o critério que uma fundação profunda é aquela cujo mecanismo de ruptura de base não surgisse na superfície do terreno. Deste modo, como os mecanismos de ruptura de base atingem, acima dela, tipicamente duas vezes sua menor dimensão, convencionou-se que as fundações diretas fossem aquelas em que o elemento fosse assentado a profundidade inferior a duas vezes a menor dimensão da fundação, conforme apresentado em definição da NBR 6122 (2010). 2.1.2 Capacidade de Carga O dimensionamento de fundações diretas deve atender considerações básicas de segurança, confiança, utilidade funcional e economia. Especificamente, os principais requisitos que devem ser observados são: profundidade adequada de assentamento, recalques toleráveise segurança contra a ruptura (WINTERKORN AND FANG, 1975). As exigências em relação a determinação da profundidade adequada para assentamento de fundações diretas giram em torno de influências ambientais que podem afetar negativamente a performance da fundação. O elemento de fundação projetado deve ser assentado em 6 profundidade em que excluam a possibilidade de processos erosivos das camadas de suporte por agentes como água e vento. O elemento de fundação também deve ser corretamente posicionado em relação aos elementos estruturais adjacentes, para minimizar a possibilidade de danos no processo de construção e na transmissão de carregamento adicional nas estruturas vizinhas. A avaliação dos recalques toleráveis totais e diferenciais devem ser analisados em fundações diretas. Os recalques diferenciais devem ser limitados de modo que não causem excessiva inclinação da superestrutura da edificação e assim causem problemas como de fissuração da estrutura, inclinação visível afetando a estética, entre outros. Os recalques totais também devem ser limitados pois invariavelmente induzem a recalques diferenciais, mesmo em condições aparentemente homogêneas do solo. Ainda, os recalques totais excessivos podem dificultar o acesso a prédios adjacentes, romper tubulações de água, esgoto, gás, entre outras. Os requisitos de segurança contra a ruptura que estão centrados em dois tipos principais: a ruptura estrutural da fundação ou ruptura por falta de capacidade de suporte da mesma. A falha estrutural pode ocorrer se a fundação não for propriamente projetada para o carregamento solicitante ou até a mesmo um tipo de carregamento diferente ao qual foi projetado. A capacidade de carga e métodos de previsão serão discutidos nesta seção. 2.1.2.1 Métodos de Ruptura A observação do comportamento de fundações diretas em que o carregamento solicitante induziu a ruptura, ou seja, tensões mais elevadas que a capacidade de carga do solo, indicam usualmente que a ruptura ocorre por tensões cisalhantes no solo que suporta o elemento de fundação. Os três mecanismos de ruptura são descritos na literatura como: generalizado (Caquot, 1934; Buisman, 1935; Terzagui, 1943); localizado (Terzagui, 1943; De Beer and Vésic, 1958) e por puncionamento (De Beer and Vésic, 1958, Vésic, 1963). A Figura 2.1 ilustra os tipos de mecanismo de ruptura e os campos de deslocamento de massa apresentado por Lopes (1979). A ruptura generalizada caracteriza-se pela existência de um mecanismo de ruptura bem definido, constituído por uma superfície de deslizamento que vai do bordo da fundação a superfície do terreno, caracterizando-se ainda por um a ruptura brusca e catastrófica em condições de tensão controlada (VELLOSO E LOPES, 2010). Ainda segundo Velloso e Lopes (2010) a ruptura por puncionamento é caracterizada por possuir mecanismo de difícil observação, ocorrendo de forma que à medida que o carregamento solicitante 7 aumenta, o movimento vertical do elemento de fundação é acompanhado pela compressão do solo imediatamente abaixo. E por fim, a ruptura localizada que é caracterizada por um modelo de ruptura bem definido apenas imediatamente abaixo da fundação, onde somente depois de um deslocamento vertical apreciável as superfícies de deslizamento poderão tocar a superfície do terreno. Figura 2-1 - Mecanismos de ruptura e campos de deslocamentos de massa: (a) generalizada; (b) localizada e (c) por puncionamento (Lopes, 1979) (a) (b) (c) Observa-se que a ruptura de um elemento de fundação apenas é claramente definida quando a falha é do tipo generalizada. Nos outros dois casos a ruptura não é definida, ocorrendo a dificuldade de se estabelecer o critério de ruptura (WINTERKORN & FANG, 1975). O tipo de ruptura que vai ocorrer, em determinada situação e carregamento, depende da compressibilidade relativa do solo. Sendo um solo praticamente incompressível a ruptura será generalizada. Do contrário, se o solo for muito compressível, a ruptura será por puncionamento. A Figura 2.2 relaciona o tipo de ruptura para sapatas e, areia, com a densidade relativa e a relação profundidade e largura do elemento de fundação (VELLOSO E LOPES ,2010). De Beer and Vesic (1958) observaram que no caso de ruptura por puncionamento e localizada em areias, ocorre rápida deformação plástica no solo abaixo do elemento de fundação carregado. Desse modo, para caracterizar a ruptura é essencial existir uma condição de carregamento controlado. Vesic (1963) recomenda que o critério de carregamento de ruptura pode ser definido no ponto em que a inclinação da curva carga x recalque é zero ou apresenta valor mínimo. Outro método 8 consistente de determinação de carregamento de ruptura estabelecido por De Beer (1967) que utiliza também a curva carga x recalque aplicando escala logarítmica em ambos os eixos. A Figura 2.3 representam os critérios de ruptura apresentados pelos autores. Figura 2-2 – Modos de ruptura em relação a modelo de fundação em areia (Vesic ,1963 apud Velloso e Lopes,2010) Figura 2-3 – Critério de Ruptura: (a) Vesic (1963) e (b) De Beer (1967) (Winterkorn and Fang, 1975) (a) (b) 2.1.2.2 Capacidade de carga última e admissível No Brasil, a NBR 8681 (2003) – Ações e segurança nas estruturas, classifica as ações nas estruturas como: permanentes, variáveis e excepcionais. As ações permanentes ocorrem constantemente com pequenas variações durante toda a vida da edificação (peso próprio, empuxos, esforços devidos a recalque nos apoios, entre outros), ao contrário das variáveis, onde existem variações significativas (vento, ondas, entre outras ações ambientais). Já as ações excepcionais, são aquelas que tem baixa probabilidade de ocorrer, mas que devem ser consideradas para determinados estruturas (explosões, colisões, enchentes, tremores, entre outros) 9 As combinações desses tipos de carreamentos são utilizadas na verificação dos estados limites de toda estrutura. São eles, o Estado de Limite Último (ELU) e o Estado de Limite de Serviço (ELS). O ELU está diretamente associado ao colapso da estrutura, seja ele total ou parcial, sendo basicamente avaliados a segurança ao colapso do solo de fundação, também chamado de estabilidade externa e dos elementos estruturas propriamente ditas, chamado de estabilidade interna. O ELS está associado as deformações, de modo que o projeto de fundações estabeleça deformações aceitáveis sob as condições de trabalho. Segundo a NBR 6122 (2010) a grandeza fundamental para o projeto de fundações diretas é a determinação da tensão admissível considerando coeficiente de segurança global ou a determinação da tensão resistente de projeto quando se consideram fatores parciais. Estas tensões devem obedecer simultaneamente aos ELU e ELS para cada elemento de fundação isolado e para o conjunto. Para determinação da tensão admissível ou tensão resistente de projeto a partir do ELU, a norma estabelece a realização de provas de carga sobre placa ou a utilização de métodos teóricos (analíticos – teorias de capacidade de carga) e semi-empíricos (relação entre resultadas de ensaios como o Standard Penetration Test - SPT e Cone Penetration Test -CPT, com tensões admissíveis) Ainda, a NBR 6122 (2010) estabelece fatores de segurança para fundações diretas conforme apresentado na Tabela 2.1 Tabela 2-1- Fatores de segurança e coeficientes de minoração para solicitações a compressão (NBR 6122,2010) Métodos para determinação de resistência última Coeficiente de minoração da resistência última Fator de segurança global Semi-empíricosa Valores propostos no próprio processo e no mínimo 2,15 Valores propostos no próprio processo e no mínimo 3,00 Analíticosb 2,15 3,00 Semi-empiricos ou analíticosb acrescidos de duas ou mais provas de carga, necessariamente executadas na fase de projeto 1,40 2,00 a Atendendo ao domínio devalidade para o terreno local b Sem aplicação de coeficiente de minoração aos parâmetros de resistência do terreno 10 2.1.2.3 Métodos de Previsão de Capacidade de Carga (Método Analítico) O primeiro autor a propor equações de previsão de capacidade de carga de fundações diretas foi Terzagui (1943), baseado em resultados de equações desenvolvidas por Prandtl (1920) aplicando a Teoria da Plasticidade. Subsequente ao trabalho de Terzagui, Meyerhof (1951,1963) e Hansen (1957,1970) fizeram uso da configuração geral da fundação e aproximaram os planos de ruptura a superfície, fazendo com que a superfície de deslizamento intercepte a superfície do terreno. A Tabela 2.2 resume as equações utilizadas para previsão da capacidade de carga, bem como equações para determinação dos fatores de capacidade de carga de cada autor. Segundo Bowles (1982), várias outras equações e procedimentos foram propostos, mas apenas os três conjuntos apresentados na Tabela 2.2, até a década de 80, foram as que tiveram uso significativos. Ainda segundo o autor, as equações são na maioria das vezes conservativas e geralmente utiliza-se parâmetros conservativos nos seus usos. A utilização de fatores de segurança global conservativos (FS=3,0) torna a capacidade de carga determinada pelos métodos analíticos bastantes improváveis de acontecer e assim não sendo amplamente adequado em vários casos. Tabela 2-2 – Equações utilizadas para previsão de Capacidade de Carga (Bowles,1982) Terzagui Continua: BNNqcNq qcult 5,0 ) 2 45(cos2 2 2 a Nq Quadrada: BNNqcNq qcult 4,03,1 tg ea ) 2 75,0( Circular: BNNqcNq qcult 3,03,1 gNN qc cot)1( )1 cos ( 2 2 pKtg N Meyerhof Carregamento Vertical dsBNdsNqdscNq qqqcccult 5,0 ) 2 45(2 tgeN ttgq Carregamento Inclinado idBNisNqiscNq qqqcccult 5,0 gNN qc cot)1( )4,1()1( tgNN q Hansen Geral bgidsBNbgidsNqbgidscNq qqqqqqccccccult 5,0 Quando = 0 qgbidssq cccccuult )'''''1(14,5 MayerhofNN cq tgNN q )(5,1 11 No caso de ruptura de solos fofos ou moles (ruptura localizada), o elemento de fundação penetra significativamente no terreno antes de o estado de equilíbrio plástico ser atingido ao longo de toda a superfície de ruptura e a correspondente curva tensão x recalque não exibe uma ruptura bem definida (Cintra et al 2003). Terzaghi (1943) propõe a utilização de valores reduzidos dos parâmetros de resistência do solo (c’ e ’), sendo: cc 3 2 ' tgtg 3 2 ' Sendo o ângulo de atrito substituído por ’, os fatores de capacidade de carga tornam-se NC’, Nq’, Nγ’ e o valor aproximado da capacidade de carga é então obtido da Equação 2.1. '5,0''' BNNqNcq qcult Equação 2-1 Os valores de NC’, Nq’, Nγ’, também podem ser obtidos diretamente do ângulo de atrito (em vez de ’) por meio da curva apresentada na Figura 2.4. Figura 2-4 – Fatores de capacidade de carga (Fonte: Terzaghi & Peck, 1967) 2.1.3 Previsão de Recalques A fim de avaliar o desempenho das fundações de uma edificação e da camada de solo que o suporta, é frequentemente necessário estimar os recalques com base no carregamento que 12 edificação irá transferir para as camadas de solo. Segundo Bowles (1982) os recalques devem ser avaliados de maneira mais acuradas possíveis em obras como: edifícios, pontes, torres, centrais elétricas, entre outras. Segundo o autor, recalques são causados por situações de tensões induzidas pelo elemento de fundação, que com o acumulo do tempo, as partículas se deslocam resultando em uma nova estrutura permanente, com diminuição de volume. A Figura 2.5 ilustra a curva tempo x recalque de um ponto de um elemento de fundação. Figura 2-5 – Curva tempo x recalque Observa-se que um elemento de fundação ao ser carregado, sofre recalque que se processam, em parte, imediatamente após o carregamento e, em parte, com o decorrer do tempo. Assim, o recalque total ou final é dividido em três parcelas, conforme apresenta a Equação 2.2. scit wwww Equação 2-2 Onde: tw : recalque total; iw : recalque imediato; cw : recalque primário ou de adensamento; sw recalque secundário. 13 A primeira parcela, iw , ocorre imediatamente após a aplicação do carregamento. A análise dessa parcela de adensamento é importante em solos mais finos (siltes e argilas) com grau de saturação menor que 90 %. Todos os solos com alto coeficiente de permeabilidade (rápida drenagem), incluindo solos com menor coesão sofrem recalques imediatos. A segunda parcela, cw , se deve ao adensamento, que é basicamente a migração de água dos poros, devido a aplicação do carregamento, com consequente redução no índice de vazios. A análise do recalque no tempo é apropriada para todos os solos saturados, ou próximos da saturação e depósitos de solos finos (Bowles ,1982). O recalque secundário ( sw ), também denominado de fluência, está associado a deformações observadas após o final de recalque primário, quando as tensões efetivas já se estabilizaram e, portanto, não ocorrendo saída de água. O processo é atribuído a mudanças no arranjo das partículas após dissipação do excesso de poro pressão. Os métodos de previsão de recalque podem ser separados em: métodos racionais, semi-empiricos e empíricos. Nos métodos racionais, os parâmetros de deformabilidade, obtidos em laboratório ou in situ são combinados a modelos para previsão de recalque teoricamente exatos. Nos métodos semi-empíricos, os parâmetros de deformabilidade, obtidos por correlações com ensaios in situ de penetração (SPT ou CPT) são combinados a modelos para previsão de recalques teoricamente exatos ou adaptações. Métodos empíricos fazem uso de tabelas de valores típicos de tensões admissíveis para diferentes solos. 2.1.3.1 Rigidez da Estrutura As discursões sobre recalques em fundações diretas passam pelo entendimento dos conceitos fundamentais e das diferenças entre uma fundação flexível e rígida. Supondo uma fundação direta apoiada sobre um meio elástico, predominantemente argiloso, submetida a uma carga uniformemente distribuída, quando uma fundação é considerada flexível, a pressão de contato será uniforme e os recalques serão de maior intensidade no centro, conforme apresentado na Figura 2.5.a . Já em uma hipótese de solo um solo granular, os recalques serão maiores nas extremidades, devido à falta de confinamento desta situação, conforme ilustrado na Figura 2.5.b. Já numa fundação direta rígida os recalques são os mesmos em todos os pontos, variando as pressões de contatos, conforme ilustrado na Figura 2.6.c e d. (DAS, 1999). Shulze e Simmer (1970) apud Brandi (2004) consideram as tensões de contatos dependentes dos seguintes aspectos. 14 Rigidez da estrutura, expressa pelo produto E.I, com os casos limites de uma estrutura rígida (E.I=∞) ou flexível (E.I = 0); Tipo de carregamento; Profundidade de assentamento da fundação; Tipo e estratificação do solo. Os autores propões equações (Equações 2.3,2.4 e 2.5) para avaliar os coeficientes de rigidez (K’) de modo que a fundação é admitida rígida quando K’>0,5 e flexível ou elástica quando 0<K’<0,5. Rigidez global da estrutura LBE EI K s 3 ' Equação 2-3 Rigidez para placas retangulares 3)( 12 ' B d E E K s Equação 2-4 Rigidez para placas circulares 3 1 )( 12 ' D d E E K s Equação 2-5 Onde: EI : Rigidez da estrutura I/A = d3/12 : Momento de inércia de uma faixa de largura unitária E : Módulo de elasticidade do concreto Es : Módulo de compressibilidade elástica do solo B :Dimensão da estrutura no sentido do eixo de flexão estudado L: Dimensão da estrutura transversal ao eixo de flexão estudado D: Espessura da viga ou placa de fundação D1: Diâmetro da placa circular15 Figura 2-6 – Hipótese de recalque para fundações flexíveis (a e c) e rígidas (b e d) (Brandi,2004) (a) (b) (c) (d) 2.1.3.2 Métodos Racionais Velloso e Lopes (2010), dividem os procedimentos para cálculo de recalques, utilizando método racional, em dois grupos: Cálculos diretos, onde o recalque é fornecido diretamente pela solução empregada; e cálculo indireto, onde o recalque é fornecido por cálculo de deformações especificas, posteriormente integradas. a) Cálculo Direto O cálculo direto pode ser realizado por solução utilizando a Teoria da Elasticidade e por Métodos Numéricos (Método das Diferenças Finitas, Método dos Elementos Finitos e Método dos Elementos de Contorno) Existem diversas publicações que apresentam soluções utilizado a Teoria da Elasticidade para cálculo de acréscimos de tensões e recalques: Harr (1966), Giroud (1972), Poulos e Davis (1974), Perloff (1975), Padfield e Sharrock (1983) e U.S Army Corps of Engineers (1994) (VELLOSO E LOPES, 2010). Os autores destacam a Equação 2.6 como solução para previsão de recalque de uma sapata sob carga centrada. hds III E v Bqw 21 . Equação 2-6 16 Onde: q = pressão média aplicada; B = menor dimensão da sapata; v = coeficiente de Poisson; E = Módulo de Young; Is = fator de forma da sapata e de sua rigidez Id = fator de profundidade/embutimento; Ih =fator de espessura de camada compressível; Valores de Is para carregamentos na superfície, com Id = 1,0, e espessura finita, com Ih =1,0, estão apresentados na Tabela 2.3. Harr (1966) apresenta os valores de Is.Ih para carregamentos na superfície (Id = 1,0) com consideração de placa rígida, apresentados na Tabela 2.4. Tabela 2-3 – Fatores de forma Is (Perloff,1975) Forma Flexível Rígido Centro Borda Média Círculo 1 0,64 0,85 0,79 Quadrado 1,12 0,56 0,95 0,99 Retângulo (L/B) 1,5 1,36 0,67 1,15 2 1,52 0,76 1,30 3 1,78 0,88 1,52 5 2,10 1,05 1,83 10 2,53 1,26 2,25 100 4,00 2,00 3,70 1000 5,47 3,50 6,60 10000 6,90 3,50 6,60 17 Tabela 2-4 - Fatores de Is.Ih para carregamento na superfície (Id=1) de um meio de espessura finita– Placa Rígida (Harr,1966) h/a m=1 m=2 m=3 m=5 m=7 m=10 m=∞ 0 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,2 0,096 0,098 0,098 0,099 0,099 0,099 0,100 0,5 0,226 0,231 0,233 0,236 0,237 0,238 0,239 1 0,403 0,427 0,435 0,441 0,444 0,446 0,452 2 0,609 0,698 0,727 0,748 0,757 0,764 0,784 3 0,711 0,856 0,910 0,952 0,965 0,982 1,018 5 0,800 1,010 1,119 1,201 1,238 1,256 1,323 7 0,842 1,094 1,223 1,346 1,402 1,442 1,532 10 0,873 1,155 1,309 1,475 1,556 1,619 1,758 ∞ 0,946 1,300 1,527 1,826 2,028 2,246 ∞ O recalque elástico a qualquer profundidade abaixo da borda de um elemento de fundação flexível retangular foi avaliado por DAS (1999), apresentado na Equação 2.7. ]) 1 21 ()[1( 2 43 2 I v v Iv E qB w s Equação 2-7 Onde: )] 1''1 1''1 (') '''1 '''1 [ln( 1 22 22 22 22 3 nm nm m mnm mnm I ) ''1' ' ([tan ' 22 1 4 nmn mn I B L m ' B z m ' Na superfície, onde n’ =0 e portanto, I4 = 0, temos: 18 5 2 )1( 2 Iv E qB w Onde: )] 1'1 1'1 ln(') ''1 ''1 [ln( 1 2 2 2 2 5 m m m mm mm I No Anexo A encontram-se os valores estabelecidos de I3,I4 e I5 b) Cálculo Indireto Velloso e Lopes (2010) descrevem o procedimento para cálculos de recalques indiretamente: Divisão do terreno em subcamadas, em função das propriedades de matérias (mudanças de camadas) e proximidade da carga (camadas menos espessa onde são maiores as variações do estado tem tensões); Cálculo das tensões iniciais e o acréscimo de tensão, por solução da Teoria da Elasticidade; Combinando as tensões iniciais, o acréscimo de tensão e as propriedades de deformação da subcamada, obtém-se a deformação específica média da subcamada. O produto da deformação pela espessura da camada, fornece a parcela de recalque da subcamada; Somando-se as parcelas de recalques das subcamadas, obtém-se o recalque real. A Figura 2.7 apresenta o esquema de cálculo indireto de recalques. Figura 2-7 – Esquema de cálculo indireto de recalques (Velloso e Lopes, 2010) 19 Vários métodos para estimar os acréscimos de tensão em um elemento de solo a determinada profundidade abaixo de uma fundação são frequentemente utilizados. O método mais simples é admitir que o incremento de pressão acontece à uma razão de 2:1 conforme o avanço da profundidade, conforme apresentado na Figura 2.8.Neste caso, o acréscimo de tensão é definido conforme Equação 2.8. Para fundação quadradas, o acrescimento de tensão pode ser definido pela Equação 2.9. Segundo Bowles (1982) este método apresenta boa aproximação em profundidade entre B e 4B. ))(( zLzB P q Equação 2-8 2)( zB P q Equação 2-9 Figura 2-8 – Método aproximado para determinação de acréscimo de tensão (Bowles,1982) Os métodos de Boussinesq e de Westergaard são os mais matematicamente definidos para estimar acréscimos de tensões em diversos pontos das camadas de solo abaixo do elemento de fundação. Ambos os métodos são baseados na teoria da elasticidade. O método de Boussinesq fornece as componentes de tensão em um ponto no interior de um maciço semi-infinito, de material elástico linear, isótropo, submetido a uma carga concentrada normal a superfície. Em coordenadas cilíndricas (Figura 2.9) as componentes são dadas pelas Equações 2.10, 2.11,2.12 e 2.13. 20 Figura 2-9 – Tensões em coordenada cilíndricas – Método de Boussinesq (Taylor, 1948 apud Velloso et al, 1998) )cos3( 2 5 2 z Q z Equação 2-10 ) cos1 cos)21( cos3( 2 2 32 2 v sen z Q r Equação 2-11 ) cos1 cos )(cos21( 2 2 3 2 v z Q t Equação 2-12 )cos3( ²2 4 sen z Q rz Equação 2-13 Segundo Velloso et al. 1998, essas equações permitem por integração obter expressões para as tensões provocadas por carregamento transmitido ao solo por meio de um elemento de pequena rigidez à flexão e onde as forças que constituem o carregamento atuam independentemente umas das outras. Westergaard (1938) resolveu o problema de Boussinesq para um maciço semi-infinito constituído por um material reforçado por folhas horizontais que impedem a deformação lateral. Nesse caso a tensão vertical é dada pela Equação 2.14. 2 3 2 2 ])( 22 21 [ 22 21 2 1 z rz Q z Equação 2-14 21 2.2 Projeto de Radier 2.2.1 Conceitos e aplicações A NBR 6122 (2010) define radier como o elemento de fundação superficial que abrange parte ou todos os pilares de uma estrutura, distribuindo os carregamentos. Esse tipo de estrutura é executada em concreto armado ou protendido e pode receber cargas, não só de pilares como definido pela NBR 6122 (2010), mas também das alvenarias entre outros elementos construtivos (parede de concreto e blocos estruturais), distribuindo esta carga uniformemente ao solo. Na prática destaca-se algumas situações em que se permite a solução em radier, conforme apresentado por BUDHU (2015): As sapatas cobrem 50% acima da área de fundação por causa de cargas elevadas de pilares; O solo é mole, com baixa capacidade de suporte; Há ocorrência de solo e/ou bolsões de solos moles variáveis sob a projeção da estrutura; O ELS (recalque tolerável e diferencial) e/ou ELU da estrutura usando sapatas são excedidos; É necessário combater a sobre pressão hidrostática. Pode-se classificar os radier, quanto a sua geometria, em liso, com pedestais, nervurados e caixão, conforme apresentado na Figura 2.10. Os radier lisos são lajes de concreto apoiada sobre a superfície acabada dos solos. Esse tipo de radier é geralmente utilizada para cargas leves,
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