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Aula 6 – Sistema Digestório 2º bimestre – Isabelle L. Introdução Um estágio tardio de fibrose hepática progressiva caracterizada pela distorção da arquitetura hepática e a formação de nódulos regenerativos. Epidemiologia A prevalência de cirrose é difícil de avaliar, porque em fase não avançada a doença é assintomáticas. Em pacientes com doença clínica a prevalência mundial estimada é de 1 a 3% da população. Etiologia 1) Álcool; 2) Hepatites: “B” e “C”; 3) Doença hepática gordurosa não alcoólica; 4) Autoimune: Hepatite Autoimune, Colangite Biliar Primária; 5) Doenças Metabólicas: D. Wilson, Hemocromatose 6) Colangiopatias extra-hepáticas: Colangite Esclerosante Primária 7) Medicamentosa: Metildopa, amiodarona, Metotrexate 8) Idiopática Fibrose → isola o hepatócito → morte celular → fibrose ocupa o local dos hepatócitos Manifestações clínicas - Anamnese Assintomático; Sintomas inespecíficos: o Anorexia o Perda de peso o Fraqueza o Fadiga Descompensados (quando a doença já está evoluída) o Icterícia, o Prurido, o Hematêmese, Melena, Hematoquezia o Confusão o Aumento do volume abdominal o Perda da libido, disfunção erétil A cirrose geralmente evolui com duas manifestações: hipertensão portal e insuficiência hepatica o Obs: hipertensão portal → não é patognomonico de cirrose o Obs: insuficiência hepática (hipoalbuminemia; aumento INR; aumento bilirrutina total; encefalopatia) Manifestações clínicas - Exame físico 1) Telangiectasias 2) Eritema palmar 3) Icterícia 4) Ascite 5) Esplenomegalia Nenhum desses achados são específicos para cirrose Quando suspeitar de cirrose? Estigmas de doença hepática crônica descobertos no exame físico. Evidência de cirrose em testes laboratoriais ou radiológicos ou por visualização direta durante um procedimento cirúrgico. Evidência de cirrose descompensada, como hemorragia varicosa, ascite, peritonite bacteriana espontânea ou encefalopatia hepática Diagnóstico Padrão ouro: biopsia hepática Fibrose: parte roxa Exames laboratoriais Exames laboratoriais sugerem a etiologia → não fecha diagnóstico Aminotransferases: não possuem acurácia suficiente para estimar a gravidade da doença hepática. Fosfatase alcalina e gama-Glutamil Transpeptidase (gama-GT): sugere origem biliar Bilirrubinas: hiperbilirrubinemia é um fator de mau prognóstico. (direta) Hipoalbuminemia. Aula 6 – Sistema Digestório 2º bimestre – Isabelle L. Alargamento do tempo de protrombina e diminuição da atividade de protrombina Pancitopenia Plaqueta: primeiro que diminui → o baço aumenta → hipertensão pulmonar → plaquetas ficam retidas; depois leucócitos Exames de imagem Não determina cirrose Ultrassonografia convencional do abdome (USG) Ultrassonografia do abdome com Doppler (USGD) → para ver velocidade de veia porta Tomografia computadorizada do abdome (TC) Ressonância Magnética (RM) → melhor método, mas pede ultrassom Nas fases iniciais da cirrose hepática, todos esses exames podem ser normais O papel da radiologia na avaliação do hepatopata crônico é corroborar uma forte suspeita clínica de cirrose Tratamento É considerada uma condição irreversível. Não tem tratamento Sendo assim, seu tratamento seria primariamente baseado no manejo de suas complicações – encefalopatia hepática, hipertensão portal Transplante hepático o Índice de gravidade → vai ser quem estiver pior Child pug Saber tudo!!! Child A: cirrose leve Child B: cirrose intermediaria Child C: cirrose descompensada (grave) Model for end stage liver disease (MELD) Tem que ter o Child para depois usar o MELD O MELD coloca o paciente na lista de transplante → se tiver um CHILD bom, não entra na fila CHILD A não entra na fila MELD = 3,78 [Ln bilirrubina sérica (mg/dL)] + 11,2 [Ln INR] + 9,57 [Ln creatinina sérica (mg/dL)] + 6,43 Quanto maior o MELD, fica na frente na fila de transplante Se MELD = 40 ou mais → significa que há risco de 100% de mortalidade em 3 meses. Se MELD = 30 a 39 → significa que há risco de 83% de mortalidade em 3 meses. Se MELD = 20 a 29 → significa que há risco de 76% de mortalidade em 3 meses. Se MELD = 10 a 19 → significa que há risco de 27% de mortalidade em 3 meses. Se MELD = < 10 → significa que há risco de 4% de mortalidade em 3 meses 1. Encefalopatia hepática Síndrome neuropsiquiátrica potencialmente reversível que pode surgir em pacientes portadores de hepatopatia crônica avançada ou mesmo na insuficiência hepática aguda. A encefalopatia é causada pela passagem de substâncias tóxicas (provenientes do intestino) para o cérebro. Paciente que tem encefalopatia hepática nem sempre é cirrótico Amônia rebaixa nível de consciência; manganês vai ter sinal no exame (acumulo) Aula 6 – Sistema Digestório 2º bimestre – Isabelle L. Tipos clínicos de encefalopatia hepática (EH) 1 - EH mínima. 2 - EH aguda esporádica, espontânea ou desencadeada por “fatores precipitantes”. 3 - EH crônica, continuamente sintomática. 4 - EH associada à insuficiência hepática fulminante. Sintomas Agressividade, agitação) Sonolência/ letargia, Inversão do ciclo sono-vigília Fala arrastada com bradipsiquismo, Asterixis (= flapping), Incoordenação muscular e hipertonia, Escrita irregular Classificação → saber Diagnóstico O diagnóstico de encefalopatia hepática é eminentemente clínico. A dosagem sérica de amônia → não é um bom marcador Eletroencefalograma; Ressonância magnética. Todos os fatores precipitantes podem fazer um cirrótico fazer encefalopatia Tratamento Controle dos fatores precipitantes e na redução da produção e absorção de amônia pelo cólon → amônia é resíduo de proteína; o único momento que o cirrótico não pode comer carne é na encefalopatia Restrição proteica Corrigir a constipação → Lactulona Antibióticos: Neomicina; Metronidazol; Rifaximina → via oral 2. Ascite Derrame líquido na cavidade peritoneal Ascite não é = cirrose; mas 90% dos cirróticos tem ascite Os derrames de sangue ou pus na cavidade peritoneal não representam ascite → TEM QUE SER LÍQUIDO Não representa uma doença, mas uma manifestação comum a várias doenças Sinal do Piparote x Macicez móvel de decúbito o Piparote: somente se tiver muita água na barriga Piparote positivo já é grau 3 o Macicez móvel: moderada a grave → tem que ir percutindo para ver se move; melhor método é a macicez móvel, não piparote Classificação A ascite pode ser graduada em três estágios. 1 = ausência de ascite/detectado pelo USG 2 = ascite moderada, detectada pelo exame físico; 3 = grande ascite com importante distensão abdominal Exame do líquido ascítico (1) aspecto macroscópico; (2) exames bioquímicos como, Leucocitos, LDH, proteínas (albumina para fazer o gasa), glicose, amilase (ascite biliar), lipídios, ADA, marcadores tumorais e outros; (3) citologia convencional e oncótica; (4) bacterioscopia (Gram / Ziehl-Nielsen) (5) cultura (bactérias / fungos / BK) Gradiente albumina sérica e albumina do líquido ascítico (GASA) GASA > 1,1: hipertensão portal → cirrose ou insuficiência cardíaca Proteína sérica alta → insuficiência cardíaca Proteína sérica baixa → cirrose (cirrótico não produz) GASA < 1,1: doença peritoneal, síndrome nefrotica, asci Aula 6 – Sistema Digestório 2º bimestre – Isabelle L. Tratamento da ascite Tratamento da Doença Hepática de Base Restrição de Sal (sódio) Diuréticos - Peso. o Espironolactona (100mg-400mg) → poupador de K+, joga sódio para fora e o paciente tem que ter restrição de sódio o Furosemida (40mg-160mg) → preferência o Não pode secar o cirrótico muito rápido poispode fazer insuficiência renal Paracentese TIPS “Transjugular Intrahepatic Portosystemic Shunt” Transplante Hepático 3. Peritonite bacteriana espontânea (PBE) Para ter peritonite bacteriana espontânea precisa ter CIRROSE + ASCITE É a infecção da ascite que surge na ausência de uma fonte contígua de contaminação, tal como abscessos intra-abdominais ou perfuração de víscera oca. Caracteristicamente, a PBE é monobacteriana, sendo que a maioria dos casos de PBE (70%) é causada por Gram-negativos entéricos, Escherichia coli Quadro clínico Febre em torno de 38ºC (70%), Dor abdominal difusa (60%), Alteração do estado mental por encefalopatia hepática (55%), Outros (diarreia, íleo paralítico, hipotensão arterial). Pela presença da ascite, os sinais de peritonite são praticamente inexistentes Cirrose com dor abdominal = hospital Precisa levar o peritônio parietal para o local que está inflamado Diagnóstico O diagnóstico de PBE é definido pela contagem de polimorfonucleares (PMN) no líquido ascítico ≥ 250/mm³ com cultura positiva monobacteriana o 70% de polimorfonucleares (segmentados) dos leucócitos tem que ser maior que 250 → 70% x quantidade de leucócitos → segmentados tem que ser maior que 250 Ascite Neutrofilica x Bacterascite o PBE e ascite neutrofilica (não tem bactéria) → trata igual o Bacteriascite: culta positiva mas sem polimorfonucleares Tratamento Antibioticoterapia imediatamente!!! + Albumina A terapia de escolha é uma cefalosporina de terceira geração: Cefotaxime 2 g IV 12/12h. O ceftriaxone é uma alternativa. Albumina: A dose recomendada é de 1,5 g/kg no 1º dia de tratamento e 1,0 g/kg no 3º dia. Reavaliação após 48 horas do liquido ascítico Profilaxia Todos os pacientes que desenvolveram PBE devem receber profilaxia secundária com norfloxacina 400 mg/dia, ciprofloxacina 500 mg/dia ou sulfametoxazol/trimetoprim (800/160 mg/dia) até o desaparecimento da ascite. o Após ter PBE → paciente teve PBE → fazer profilaxia secundaria depois A profilaxia primária aguda é indicada após qualquer hemorragia do trato digestivo. (ceftriaxone 1 g/dia). Profilaxia primária crônica é geralmente utilizada em pacientes cirróticos com níveis de proteína total no líquido ascítico < 1,0 g/dl. → antes de ter PBE 4. Varizes esofagogástricas Ulcera é a principal causa de sangramento em cirrótico; porém, cirrótico pode sangrar por varizes As varizes esofagianas evoluem para sangramento em pelo menos 30-40% dos casos e são a causa mais comum de hemorragia digestiva alta em pacientes com hipertensão porta.l → se tem hipertensão portal → varizes o Se tiver HDA → ulcera (mais comum) As varizes gástricas podem ser isoladas ou associadas às esofágicas (achado mais comum). São responsáveis por até 10% de todos os episódios de hemorragia digestiva alta no paciente cirrótico. A Gastropatia Hipertensiva Portal (GHP) é caracterizada por alterações na mucosa do estômago relacionadas à hipertensão porta.l Tratamento Sangrou → tem que dar vasoconstritor Aula 6 – Sistema Digestório 2º bimestre – Isabelle L. A terapia farmacológica é a conduta de primeira linha para a hemorragia das varizes gástricas ou da gastropatia hipertensiva portal. Drogas farmacológicas: o Terlipressina 250-500 mcg/h; o Octreotídeo 50 mcg em bolo e 50 mcg/h Profilaxia Profilaxia primaria (paciente descobriu que tem cirrose, tem cirrose, para não deixar fazer sangramento, faz profilaxia primaria) o Betabloqueadores não seletivos ou pela estratégia de erradicação endoscópica das varizes. o Os betabloqueadores de escolha são o Propranolol OU Carvedilol. Profilaxia secundaria (após ter o sangramento) o Terapia de escolha na profilaxia secundária = Ligadura Elástica E Betabloqueio. o Propranolol 5. Síndrome hepatorrenal Cirrótico é hipotenso Para fazer síndrome hepatorrenal → CIRROSE + ASCITE Qualquer alteração no rim no cirrótico não é síndrome hepatorrenal É uma forma de insuficiência renal funcional; É caracterizada pela perda progressiva da função renal, secundária à vasoconstrição renal. Vasodilatação esplâncnica → sistema renina-angiotensina- aldosterona. → vasoconstrição → não chega liquido no rim → insuficiência renal o Espironolactona para expelir sódio SHR tipo 1 É a que mata Caracterizado pela rápida progressão da insuficiência renal (< 2 semanas), havendo aumento da creatinina sérica para além do dobro do valor inicial (atingindo, por definição, níveis superiores a 2,5 mg/dl). O quadro clínico é compatível com uma insuficiência renal aguda oligúrica SHR tipo 2 A creatinina sérica é > 1,5 mg/dl e/ou o clearance de creatinina é < 40 ml/min, mas a evolução é mais insidiosa. Se apresenta com “ascite refratária” ao tratamento clínico. Insuficiência renal aguda Fatores precipitantes da SHR Sangramento gastrointestinal. Infecção (especialmente PBE). Diurese intensa com rápida perda de peso. Paracentese de grande volume sem reposição de albumina Tratamento Manutenção do estado euvolêmico; Retirada de agentes nefrotóxicos; Paracenteses de alívio; Infusão de albumina (20-40 g/dia) + vasoconstrictor de escolha é a terlipressina → com taxas de resposta completa (creatinina sérica abaixo de 1,5) de aproximadamente 60%. Tratamento até 14 dias. Alternativa possível: noradrenalina.
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