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Doenças in f l amatór ias in tes t ina is idiopáticas Doença de Crohn Retocolite ulcerativa Considerações gerais Condição inflamatória crônica Causa desconhecida Remissões (melhora) e recaídas ➜ É um período variável e muitas vezes persistente Derivadas de uma resposta imune desregulada Susceptível geneticamente ➜ Deve-se procurar história familiar Resposta imune da mucosa Mecanismo fisiopatológico da doença inflamatória intestinal Até a atualidade não conseguiu descobrir o que exatamente leva uma pessoa a ter uma doença inflamatória intestinal. Assim, é possível dosar a integrina e saber se ela está presentes, mas não é possível saber o que está causando a inflamação. O primeiro que ocorre é a adesão de linfócitos, posteriormente os outros componentes do sistema imune também aderem. As células T aderem nos enterócitos por meio da integrina e dispara uma resposta imunológica Th0 fazendo com que, posteriormente, o linfócito dispare uma resposta Th1 ou Th2 ou Th17, de acordo com as interleucinas liberadas. Tem-se também interleucinas protetoras que se conseguir produzi-las, é possível resolver o problema inflamatório. Para o tratamento pode-se estimular as interleucinas protetoras ou ainda, impedir o linfócito de aderir ou ainda neutralizar as interleucinas maléficas é possível tratar a doença inflamatória. Logo os medicamentos serão pautados nisso, com anti-interleucinas, interleucinas protetoras e medicamentos que impedem a adesão do linfócito no enterócito Patogênese Indivíduo geneticamente susceptível (10 a 30% HF+) Hiperatividade do sistema imune Perda da tolerância oral Produção excessiva de citocinas (TNF + Interleucinas) Ruptura da barreira do epitél io intestinal Aumenta aderência de células T ao epitélio por meio de interinas que estão na superfície celular Epidemiologia Doença de Crohn - 140 a 200 : 100.000 Retocolite ulcerativa - 170 a 230 : 100.000 Maior em países em desenvolvimento Maior em ambientes urbanos Maior em caucasianos e judeus 1º pico: 30 anos (Crohn) 40 anos (RCUI) 2º pico: 60 anos Doença de Crohn Achados clínicos ➜ Qualquer parte do tubo digestivo ↳ Podendo portanto, estar na boca, estômago, duodeno, intestino delgado, intestino grosso, reto, ânus, ou seja, QUALQUER parte. ➜ Inflamação transmural/granulomas não caseosos ↳ Acomete as 3 camadas mucosa, muscular e serosa ↳ Como as alças estão encostadas umas às outras, logo, uma alça acometida pode atingir a outra próxima inflamando-a também e formando uma fístula. ➜ Padrão não confluente ➜ Reto normalmente poupado, sendo mais uma doença de intestino ➜ 50% tem acometimento íleo-cecal (região do apêndice) ↳ O melhor exame para o diagnóstico é a colonoscopia completa e se entrou no íleo com biópsia ➜ 20% tem acometimento perianal, sendo um fator de gravidade ↳ Muitas vezes tem fístulas perianais, sente muita dor, tem sangramento. Essas fístulas tem períodos de remissão (“vão e voltam”) ↳ O paciente com fístula perianal, diz que está saindo secreção pelo ânus (como pus) Sinais e sintomas ➜ Início insidioso ➜ Períodos de sintoma / remissão ➜ Dor abdominal ➜ Diarréia nem sempre com sangue ➜ Febre ➜ Perda de peso ➜ Fístulas com drenagem para pele, bexiga e vagina ➜ Obstrução (dor, distensão, náusea e vômito) Achados laboratoriais ➜ Nenhum exame é específico ➜ Anemia ➜ Leucocitose ➜ Hipoalbuminemia ➜ Super crescimento bacteriano → má absorção É um fator de prognóstico ruim quando a doença não se dá nessas faixas, principalmente quando menores de 18 anos e ainda febre ou fístula perianal Caso encontre no paciente uma inflamação atingindo apenas a camada mucosa, pode ser tanto uma retocolite ulcerativa, quanto uma doença de Crohn inicial. Logo, muitas vezes, essas doenças podem ser confundidas Inflamação → Fístulas → Fibrose → Estenose Com isso, tem-se má absorção O paciente que já está com dor, distensão, náusea e vômito, já está obstruído. Para isso é preciso saber o alto índice de suspeição da doença em seu quadro leve, evitando agravantes como as fístulas perianais. ↳ Quando a bactéria de um segmento do intestino passa pela fístula para o intestino delgado (local onde não tem bactérias). Com isso, há super crescimento bacteriano concorrendo com a absorção dos alimentos e o paciente começa a ter diarreia ➜ PCR ➜ VHS ➜ Exame de fezes (esteatorréia, aumento de leucócitos) ➜ Clostridium negativo ↳ No paciente com diarreia é preciso afastá- lo, assim pede-se pesquisa de Clostridium, já que essas bactérias produzem toxinas que causam inflamação, ao afastá-las aproxima-se mais da Doença de Crohn. Negativado pode ser feito tratamento com corticoesteroide ➜ Anticorpo para levedura Saccharomices cerevisiae (ASCA) ↳ Acurácia limitada, casos selecionados ↳ O exame ASCA pode estar positivo em outras doenças ou até mesmo em pessoas sem nenhuma doença. O certo é que podem haver pacientes com Doença de Crohn com ele positivo e com ele negativo. Somente o médico munido de todos os recursos disponíveis, além do ASCA é que pode confirmar ou descartar a doença. ➜ Lactoferrina fecal ↳ Exame caro e caindo em desuso ➜ Calprotectina fecal ↳ Pesquisa de uma proteína nas fezes, exclusiva do ser humano e consegue fazer o diagnóstico se o paciente tem doença inflamatória ↳ Apesar de não ser específica, ela alerta se o paciente tem processo inflamatório no intestino e também se o paciente em tratamento tem essa proteína alta, evidencia que precisa aumentar a dose, logo ela serve também para avaliar o tratamento ↪ Se diminui o tratamento está funcionando ↳ Avaliar potência, prever surto, monitorar resposta terapêutica Exames de imagem ➜ Raio-x de abdômen - Obstrução e magacolon ➜ Trânsito intestinal - estendes e fístulas Chama-se pedras em calçamento - Sinal de acometimento inflamatório no intestino ➜ Enema opaco - Fístulas ➜ TC abdômen - Fístulas e abcessos ➜ Entero TC RM ↳ Revolucionou diagnóstico , pois ela consegue avaliar a espessura da parede intestinal, assim, avalia parede intestinal, massas, abcessos, fístulas, região perianal ↳ É raro pedir hoje em dia ➜ Endoscopia PCR e VHS no exame de sangue evidenciam a inflamação, sendo os primeiros exames a se pedir para saber se o paciente está inflamado ou não ➜ PET - Detecção do local e monitorar tratamento pela alta captação de glicose quando há grande processo inflamatório, já que a célula inflamatória capta muita glicose ➜ Colonoscopia ↳ Melhor método diagnóstico ↳ Visualização direta ↳ Permite biópsias ↳ Cautela para fístulas ➜ Cápsula endoscópica Retocolite ulcerativa Achados clínicos ➜ Limitada apenas à mucosa (não transmural) ↳ A membrana da mucosa é avascular e translúcida e a camada submucosa da mucosa tem-se vasos. Quando é possível ver os vasos da submucosa, está normal, translúcida. Quando não é possível ver os vasos é o primeiro sinal de inflamação ➜ Forma granuloma caseoso ➜ Reto quase sempre envolvido ↳ Não o ânus, mas sim RETO. Ânus é acometido apenas na Doença de Crohn ➜ Padrão confluente ➜ Ileíte de refluxo pode existir na pancolite ↳ A retocolite ulcerativa não acomete o íleo. Alguns pacientes têm o intestino tão inflamado que leva a um processo inflamatório por contiguidade. ➜ Abcesso de criptas ↳ Originados na profundidade das glândulas (criptas), destróem o epitélio glandular, afloram na superfície e penetram na submucosa causando lesões subminadas (mais largas na profundidade que na superfície).Vão destruindo a submucosa adjacente e levantando a mucosa, o que leva à formação dos pseudopólipos. Às vezes, as lesões formam túneis pela submucosa. ↳ Acontece apenas na retocolite ulcerativa ➜ A inflamação inicia no reto, vai para o sigmoide, descendente, transversoe todo o cólon, portanto a doença é PROGRESSIVA, não acontecendo em dois locais ao mesmo tempo, sendo uma doença cont ínua ascendente Sinais e sintomas ➜ Início agudo ↳ Aqui o paciente evacua 10x no mesmo dia, tem a certeza do sangue nas fezes ↳ Diferente da Doença de Crohn que é mais arrastada ➜ Períodos de recorrência e melhora clínica ➜ Sangramento retal ➜ Tenesmo ➜ Diarréia e dor na pancolite ➜ Febre indica doença grave Achados laboratoriais ➜ Anemia ➜ VHS e PCR (menores que no Crohn) ➜ Albumina ➜ Clostridium difficile negativo ➜ Anticorpos anticitoplasma de neutrófilos (P- ANCA) Exames de imagem ➜ Raio-x de abdômen (megacólon tóxico, obstrução sugere TU) ➜ Enema opaco menos utilizado ➜ TC abdomen ➜ Colonoscopia ↳ Avalia extensão, gravidade, inflamação confluente ou não ↪ OBS: Saltitante - Doença de Crohn e confluente retocolite ulcerativa ↳ Avalia extensão ↳ Gravidade ↳ Inflamação confluente ➜ Ileíte de refluxo ➜ Pseudopólipos em crônicos (sequelas) ↳ Toda a mucosa doente fica mais para baixo e a mucosa saudável se eleva. Quando cicatriza, a mucosa volta ao normal Complicações das doenças inflamatórias intestinais Perfurações Abcessos Fístulas Estenoses Obstrução Má absorção de vitaminas e minerais Diarréia por sais biliares Osteoporose Desnutrição Supercrescimento bacteriano Litíase renal Hemorragia Megacólon tóxico Câncer colorretal ➜ Extensão da doença ➜ Duração superior a 8 anos ➜ Colonoscopia inicial de pois de 8 anos e depois a cada 1 - 2 anos ➜ Displasia exige confirmação Complicações extraintestinais das doenças inflamatórias intestinais 2 5 % a r t r i t e ( m a i s c o m u m n o acometimento do cólon) Espondilite anquilosante Eritema nodoso - Sinal de gravidade Episclerite Uveíte Pioderma gangrenoso - Não é sinal de gravidade Colangite esclerosante Tromboembolismo Classificação de gravidade da RCU Sempre associados à atividade da doença intestinal Artrite periférica Eritema nodoso Episclerite Em geral Não associados à atividade da doença intestinal Espondilite anquilosante Pioderma gangrenoso Uveíte Leve ≤ 4 evacuacoes/dia, ausência de sinais de inflamação sistêmica, VHS normal. Cólicas abdominais leves, tenesmo e períodos de constipação costumam fazer parte do quadro Moderada > 4 evacuações/dia, anemia leve e dor abdominal moderada. Pode haver sinais discretos de inflamação sistêmica, como febre baixa. O paciente não possui desnutrição (apetite preservado, peso mantido) Grave ≥ 6 evacuações/dia, dor abdominal intensa, inflamação sistêmica exuberante (febre > 37,5 ºC, FC > 90 bpm), anemia moderada/ grave (Hb < 10,5 g/dL) e VHS alta (≥ 30 mm/ h). Em geral há desnutrição (e perda ponderal pode ser rápida) Classificação de gravidade da DC Tratamento Derivados dos 5-aminosalicílico ➜ Mesalazina e sulfasalazina ↳ Anti-inflamatório de ação tópica ↳ Absorvido no delgado - sem absorção colônia ↳ Formulações galênicas entregam medicamento no local ↳ Usado na indução da remissão e manutenção ↳ Inibe a cascata do ácido araquidônico e produção de interleucina ↳ Pouco benef íc io para Crohn - fundamental para Retocolite ulcerativa ↳ Não altera história natural Antibióticos ➜ Ciprofloxacin e metronidazol ➜ Resultados conflitantes ➜ Melhor na doença perianal Glicocorticoides ➜ Prednisona, hidrocortisona, budesonida ➜ Utilizados apenas para induzir a remissão ➜ NÃO DEVEM SER USADOS PARA MANUTENÇÃO ➜ 75% tornam-se refratários Imunomoduladores-tiopurinas ➜ Azatioprina, 6-mercaptopurina ➜ Ação imunossupressor ➜ Efeito colateral em 15% dos usuários ➜ Risco de linfoma e reações alérgicas ➜ Eficazes em manter remissão ➜ Não modifica a história natural da doença Leve a moderada O paciente tolera a dieta oral e não apresenta desidratação. Não há sinais de inflamação sistêmica, hipersensibilidade abdominal, massas, obstrução intestinal ou perda de peso > 10% Moderada a grave O paciente tem sinais de inflamação sistêmica (febre), além de náuseas, vômitos, dor e hipersensibilidade abdominal, perda ponderal > 10% e/ou anemia. Também são enquadrados nesta categoria aqueles com doença “leve a moderada” que não responderam ao tratamento inicial Grave a fulminante O paciente está totêmico (febre alta, prostração), apresentando vômitos persistentes, obstrução intestinal, sinais de irritação peritoneal e franca caquexia (síndrome consumptiva), podendo ter indícios de abscesso intra- abdominal (massa palpável). Também são enquadrados aqui aqueles que não respondem aos agentes anti-TNF Fatores de Risco para DC “agressiva” - considerar início precoce de biológicos Idade jovem Presença de doença perianal Presença de doença estenosante Necessidade de corticoterapia ➜ Funciona com as duas doenças Imunomoduladores-metotrexate ➜ De 2ª linha ➜ Ação imunossupressor e antimetabólico ➜ Administrado por via subcutânea ➜ Mielotóxico ➜ Deve ser usado em não tolerantes a tiopurinas ➜ Indicado para remissão Ciclosporina ➜ Ação de Retocolite ulcerativa grave ➜ Injetável Biológicos ➜ Modificaram a história natural da doença ➜ Agentes anti-TNF ↳ I n f l i x imab , Ce r to l i zumab Pego l , Adalimumab ↳ Imunoglobulina G monoclonal contra TNF ↳ Impede a ativação dos linfócitos Th1 pró- inflamatório ↳ 40% desenvolvem anticorpos ↳ Infecções oportunistas - TBC, candidíase, varicela, herpes ↳ Vacinar antes ↳ Eficazes na cicatrização das fístulas (40%) ↳ Mantém a remissão ➜ Agentes anti-integrina ↳ Vendolizumab ↳ Contra moléculas de integrina (α4/ β7) que estão na superfície celular dos enterócitos e leucócitos ↳ Inibe a migração de leucócitos ↳ Mantém remissão ➜ Agentes anti-interleucina ↳ Stelara ↳ Ant icorpo monoclonal IgG contra interleucina IL-12 e IL-13 ↳ Manter remissão Cirurgia ➜ Frequentemente necessárias (50%) ➜ Ressecar o imprescindível, pois recidiva é requente ➜ Câncer - Displasia de alto grau confirmada por 2 patologistas ➜ Obstrução total ➜ Estenoses, fístulas e abscessos ➜ Hemorragias graves ➜ Refratariedade ao tratamento clínico ➜ Megacólon tóxico ou colite fulminante ➜ Retardo do crescimento em crianças Diferenças entre Retocolite ulcerativa e Doença de Crohn RCU DC Dor Ocasional Frequente Vômito Raro Frequente Achados clínicos Diarreia Frequente Frequente Sangue nas fezes Comum Incomum Tenesmo Comum Incomum Perda de peso Raro Comum Predomina no cólon distal Predomina no cólon proximal Envolvimento retal frequente Envolvimento retal é raro Achados macroscópicos Lesões contínuas Lesões segmentares Úlceras superficiais Úlceras profundas Aspecto polipoide Aspecto em mosaico (cobblestone) Inflamação difusa Inflamação Frequentes abcessos de criptas Raros abcessos Achados microscópicos Mucosa atrófica Mucosa sem atrofia Ausência de granulomas Granulomas são frequentes Pronunciada depleção de células caliciformes Raramente depleção de células caliciformes
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