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Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Análise Laboratorial Qual sua utilidade? ● Podem ser usados nos exames de rotina na população geral ou nos grupos de risco ○ Grupos de risco → alterações nas provas hepáticas precedem os sintomas e permitem a investigação e o diagnóstico precoce. ● Mais importantes nos pacientes sintomáticos, quando são solicitados exames específicos para o seu diagnóstico. ● Podem servir de parâmetro para o sucesso da terapia instituída ou determinar a gravidade do acometimento hepático. Como podem ser divididos? ● Identificadores da integridade celular→AST/ALT ● Marcadores de colestase→ FA e GGT ● Indicadores de função hepática → fatores de coagulação, bilirrubinas e albumina sérica Integridade celular ● Aumento da permeabilidade celular ou lesão da membrana celular hepática → as enzimas do citosol, como ALT, gama-GT e DHL, têm seus títulos aumentados no sangue. ● Necrose celular com destruição mitocondrial → enzimas que se elevam no sangue são principalmente AST e gama-GT. ● Aminotransferases tbm podem estar elevadas nas colestases, mas em menor proporção que as FA Aminotransferases ● Elementos mais comumente alterados nas doenças hepáticas, e o exame mais sensível para avaliar lesão hepatocelular. ● AST→ aspartato aminotransferase (TGO) ● ALT→ alanina aminotransferase (TGP) O que pode causar o seu aumento? ● Ambas estão presentes no fígado, mas a ALT é mais sensível e específica quanto às lesões hepáticas e está presente apenas no citosol, em concentração decrescente da zona periportal a centrolobular do ácino hepático ○ Associação positiva com o IMC ● AST pode estar presente no citosol e na mitocôndria (no fígado, 80% da atividade é decorrente da fração mitocondrial) igualmente distribuída entre as zonas acinares. ● A magnitude do aumento das aminotransferases pode sugerir a etiologia ○ Hepatites C e B crônicas → até 2x o normal, mas em alguns casos ocorrem exacerbações (vírus B) com valores de até 10 vezes. ○ Esteato-hepatite não alcoólica → eleva até 4x o valor da normalidade ○ Hepatite alcoólica→AST < 8 e ALT < 5x ○ Hepatites virais agudas e tóxicas→ 25x ○ Causa isquêmica → até > 50 x(associado à elevação de LDH) ● ALT > AST→processos inflamatórios ● AST > ALT → necrose tecidual → não se espera uma elevação isolada de AST nas lesões hepáticas. ● Quando a relação AST/ALT excede o valor 1 → sugere que a lesão tecidual seja mais grave. ● No caso de doenças neoplásicas e na hepatite alcoólica aguda grave→ relação costuma ser maior que 2. ● Hepatopatia alcoólica → o álcool induz a deficiência de 5-piridoxal-fosfato inibindo a atividade da ALT → pacientes com essa relação > 2 possuem doença hepática induzida pelo álcool em 90% das vezes, caso a relação seja > 3, chega a 96% dos casos. ● Drogas que podem alterar → anti-inflamatórios não esteroidais, antieplépticos, antibióticos (em especial os antituberculostáticos) e os inibidores da coenzima A redutase (estatinas). Ervas e drogas ilícitas como a cocaína e o ecstasy também devem ser investigados. ● Deve ser considerada a biópsia hepática em pacientes assintomáticos que mantêm elevação persistente das aminotransferases, >2x o valor da normalidade, depois que foram descartadas as principais causas 1 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA DHL ● Distribuída amplamente pelo citosol de todas as células do corpo humano ● Participa da via glicolítica Valores de referência: ● Recém-nascido→ 290 a 2.000 U/L. ● De 10 dias→ 180 a 430 U/L. ● Crianças de 2 a 12 anos→ 110 a 295 U/L. ● Dos 12 aos 60 anos→ 100 a 190 U/L. ● Acima de 60 anos→ 110 a 210 U/L 🩸 Hemólise invalida o resultado ● GM-CSF tbm O que significa seu aumento? ● Inespecífico ● Quando associada ao aumento de CK (creatinofosfoquinase), ALT e AST normais ou levemente elevadas sugerem dano nos leucócitos, eritrócitos, rins, pulmão, linfonodos ou tumores. ● Aumento de CK, DHL e maior aumento em AST do que ALT ocorre na lesão de músculo cardíaco ou esquelético. ● Aumento de DHL no fígado aparece em lesão isquêmica ou tóxica, cursando com ALT e AST elevadas, mas também pode estar associado a metástases para o fígado ou icterícia obstrutiva Colestase ● Fosfatase alcalina, leucina aminopeptidase, 5’-nucleotidase e gama-GT Fosfatase alcalina ● No fígado, está mais concentrada no polo biliar, sua meia-vida é de aproximadamente sete dias e a degradação independe da patência das vias biliares, seu sítio de degradação é desconhecido ● Divididas em → tecidual não específica, intestinal, placentária e das células germinativas ● + abundante no fígado e nos ossos ○ Junto da dos rins→ ñ específica! 2 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Elevações provenientes do fígado são acompanhadas por elevação da gama-GT e 5’-nucleotidase → não estão presentes nos outros tecidos ● Durante a infância, os níveis elevam-se gradualmente na primeira década, atingindo níveis 3 a 4 x maiores que nos adultos, por causa da atividade osteoblástica (sobretudo nos meninos), voltando a aumentar a partir dos 60 anos, principalmente em mulheres pós-menopausa. Valores de referência ● Adultos: ○ Homens→ 40 a 129 U/L. ○ Mulheres→ 35 a 104 U/L. ● Adolescentes: ○ 13 a 17 anos (sexo masculino) → inferior a 390 U/L. ○ 13 a 17 anos (sexo feminino) → inferior a 187 U/L. Quais as causas de elevação? ● + comuns são doenças hepática e óssea. ● A atividade é aumentada pelos ácidos biliares, considerados marcadores mais sensíveis e precoces de colestase, precedendo a FA. ○ A colestase é definida por um aumento acima de duas vezes o valor da normalidade. ○ Nas colestases, principalmente as inflamatórias, ocorre mudança na polarização do hepatócito e a FA diminui sua excreção canalicular e aumenta a secreção sinusoidal. ● Tbm se eleva durante o crescimento, as fraturas ósseas, a cicatrização e no último trimestre de gestação. ● Sua fração intestinal (10-20%) pode estar elevada em indivíduos dos grupos sanguíneos O e B após refeições ricas em gorduras. O que causa a diminuição? ● Hipofosfatasemia congênita, hipotireoidismo, caquexia, hemólise, hepatite fulminante por doença deWilson, na deficiência de zinco e magnésio ou após o uso de estrogênio, clofibrato e anticoagulantes. ● Sua diminuição durante o tratamento da cirrose biliar primária é um fator prognóstico Gama-GT ● Permanece ligada à membrana plasmática das células que têm grande capacidade de absorção ou secreção, como hepatócitos, túbulos proximais renais, células epiteliais intestinais e próstata. ● Sua atividade nos rins é a mais alta, mas não resulta em elevação dos níveis séricos. ● No fígado, é encontrada na membrana dos hepatócitos e no epitélio do ducto biliar → órgão responsável por sua elevação no sangue. Valor de referência ● Mulheres→ 5 a 36 U/L ● Homens→ 8 a 61 U/L. O que causa elevação? ● Síntese de novo aumentada e dano à membrana do hepatócito. ● Uso de medicação ou substâncias químicas, colestase e regeneração celular provocam aumento da síntese de novo. ● Aumenta também na fase de regeneração celular → após hepatite viral aguda ou cirrose. ● Lesões metastáticas para o fígado ou mesmo no carcinoma hepatocelular. ● Aumento de gama-GT com ALT normal → indução aumentada ou regeneração e aumentos maiores que 3x não devem ser atribuídos apenas à síntese de novo ● Mesmo um discreto dano hepático é suficiente para aumentar a gama-GT e ALT sem causar aumento de AST. ● Nas colestases, a sensibilidade da GGY é até 6x maior do que a da fosfatase alcalina→ também está presente nos colangiócitos. ● No dano hepático induzido por álcool, os níveis de GGT são elevados, desaparecendo com a abstinência ● Medicações → fenitoína, barbitúrico, carbamazepina e ácido valproico. ● O aumento no índice de massa corpórea também aumenta gama-GT, como ocorre na doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) 3 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Capacidade de síntese Fatores de coagulação ● Os fatores de coagulaçãoI (fibrinogênio), II (protrombina), V, VII e IX a XIII são sintetizados nos hepatócitos. ● O fator I, em menor quantidade, também é sintetizado no sistema reticuloendotelial, enquanto o fator VIII é sintetizado exclusivamente no mesmo sistema e eleva-se durante as reações de fase aguda. ○ Fator VIII está normal ou elevado nas doenças hepáticas. Os outros fatores estão diminuídos ○ Os fatores XI e XII, que têm maior meia-vida, permanecem normais até um estágio bem avançado da doença hepática. ○ Os níveis normais de fator VIII, XI e XII na doença hepática mantêm o tempo de tromboplastina parcial ativado normal na fase inicial da hepatopatia. ○ Os fatores II, VII, IX, X e as proteínas S e C são dependentes de vitamina K, ao contrário dos fatores I, V, XI, XII e XIII, que não necessitam dela. Análise ● Feita pelo tempo de protrombina (TP) → avalia a taxa de conversão da protrombina em trombina. → Ocorre na presença de tromboplastina (extrato tecidual), cálcio e os fatores I, II, V, VII e X da coagulação. ○ Resultado pode ser dado em segundos ou pela razão com um plasma controle (INR). ○ Serve para avaliar a ativação da via direta da coagulação, que é a mais afetada nas hepatopatias por conta da diminuição precoce do fator VII, que tem meia-vida mais curta. ○ O valor de referência em segundos é de 12 a 15 (ou maior que 70%) e o INR entre 0,9 e 1,110 ● A análise isolada do INR não é um bom preditor de sangramento ou do estado de coagulação do cirrótico, pois não leva em consideração a diminuição concomitante dos fatores pró-coagulantes nesses doentes, como as proteínas C e S. O que significa o alargamento do tempo de protrombina? ● Uso de anticoagulantes cumarínicos e deficiência da vitamina K → mesma alteração → cumarínicos diminuem a quantidade de vitamina K ativada. ● Para diferenciar se o alargamento no tempo de protrombina é por deficiência de vitamina K, como acontece nas colestases em que sua absorção está diminuída ou se esse alargamento é decorrente de um déficit da função hepática, pode ser feita a reposição parenteral da vitamina K por três dias (teste de Koller). ○ Se a melhora for maior que 30% é provável que a deficiência de vitamina K estivesse envolvida na alteração do TP. ● No fígado, também são sintetizados inibidores independentes de vitamina K → antitrombina III, inibidores de proteína C, inibidor de C1-esterase, alfamacroglubulina, entre outros Albumina ● Proteína extracelular de tamanho intermediário que é sintetizada apenas pelo fígado e rapidamente liberada na circulação sem armazenamento. ● Meia-vida de aproximadamente 19 dias e valor sérico normal entre 3,5 a 4,5 g/dL. ● Aminoácidos específicos, corticosteróides e hormônios tireoidianos aumentam sua síntese. .O que causa hipoalbuminemia? ● Doenças crônicas do fígado, por causa da diminuição da sua síntese→ marcador de doença crônica avançada. ● Quando associada à ascite, o nível sérico pode permanecer baixo, mesmo a despeito do aumento da produção → perda de albumina para o líquido ascítico (maior distribuição), o que provoca diminuição ainda maior da pressão oncótica, agravando a ascite e perpetuando o ciclo vicioso. ● Na cirrose, bem como no diabetes, ocorre a diminuição da meia-vida da albumina e na funcionalidade → oxidação precoce dos sítios de ligação. ● Não é específica das doenças hepáticas crônicas. → síntese também está diminuída na desnutrição, nos etilistas crônicos e nos processos inflamatórios de qualquer natureza, pela ação do TNF, das interleucinas-1 e -6. 4 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Na síndrome nefrótica ou enteropatia perdedora de proteína, há perda urinária e intestinal, respectivamente, com consequente hipoalbuminemia Globulinas ● Alfa e beta são sintetizadas no fígado, enquanto as gamaglobulinas (imunoglobulinas) são produzidas pelos linfócitos B. ● Traçado eletroforético característico no hepatopata→ diminuição e fusão das alfa e betaglobulinas e aumento da fração gama. ● Nas doenças hepáticas crônicas e em estágios tardios de doença hepática aguda ou subaguda observam-se elevações nas gamaglobulinas associados à exposição persistente a antígenos por deficiência do sistema retículo endotelial e a hiperreatividade global do sistema imunológico. ● A hipergamaglobulinemia policlonal está presente em cerca de 80% dos casos de hepatite autoimune, já o diagnóstico sorológico específico por anticorpo antinúcleo, antimúsculo liso ou anti-LKM está presente em aproximadamente metade dos casos. ● Na cirrose, podem ser encontradas tanto IgG como IgA elevadas. ● Na esteato-hepatite pode-se encontrar elevação mais discreta das IgA e IgG, porém se associada à ingestão de álcool ou drogas, a IgA terá elevação mais intensa. ● A elevação de IgM, no contexto da colestase, sugere cirrose biliar primária, que possui o anticorpo anti-mitocôndria como marcador específico. Ferro e ferritina ● O hepatócito é local de síntese de transferrina e armazenamento de ferro na forma de ferritina ou de hemossiderina. ● A ferritina é uma proteína de fase aguda, elevando-se em processos inflamatórios variados. ● A elevação do ferro que geralmente corresponde a aumento na ferritina é encontrada primariamente na hemocromatose hereditária e secundariamente na hepatite viral, necrose hepática, doença hepática por álcool etc. ● A lesão estrutural do hepatócito provoca liberação de ferro da célula com aumento sérico. ● A diminuição do ferro aparece em infecções, inflamação crônica, neoplasias, dieta deficiente em ferro, síntese diminuída de transferrina e perda sanguínea . Valores de referência ● Ferro ○ Homens→ 59 a 158 mcg/dL ○ Mulheres→ 37 a 145 mcg/ dL. ● Ferritina ○ Mulheres→ 15 a 150 etag/ mL p ○ Homens→ 30 a 400 etag/mL para homens. ● Transferrina→ 200 a 360 mg/dL. Colesterol ● Elevação de colesterol pode ser observada nas colestases intra e extra-hepáticas, pelo aumento da síntese no hepatócito e na parede intestinal, e pela retenção dos lipídios biliares. ● Aumento importante é detectado na cirrose biliar primária. Contudo, quando o dano hepático é grave, tal como ocorre na cirrose, há diminuição na síntese de colesterol. Valores de referência ● Adultos com mais de 20 anos são inferiores a 200 mg/dL; Quando acima de 240 mg/dL, são considerados elevados elevados . Alfafetoproteína ● Glicoproteína oncofetal, de função desconhecida, que não é produzida pelos hepatócitos diferenciados, mas apenas pelas células precursoras hepáticas ou tumorais. ● Tem meia-vida de cinco dias e são considerados valores dentro da normalidade o nível sérico de até 15 ng/mL. ● Embora possa estar discretamente elevada nos processos inflamatórios ou regenerativos do fígado, até mesmo na cirrose, a elevação acentuada levanta a suspeita de carcinoma hepatocelular (CHC). Alterações na excreção ● As alterações de excreção tanto podem ser de clearance endógeno, excretando produtos finais do metabolismo, como exógeno, de eliminação de substâncias usadas para avaliação funcional do fígado. Bilirrubina Aumento das bilirrubinas ● Aumento da produção, da incapacidade de conjugação ou da lesão dos hepatócitos e canalículos biliares. ● Podem ser divididas em icterícias pré, intra e pós-hepáticas. 5 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Na icterícia pré-hepática (hemólise), há produção aumentada de bilirrubina indireta com aumento transitório de bilirrubina indireta, cursando com função hepática normal. ● Na lesão hepatocelular, as transaminases estão elevadas e as enzimas canaliculares (gama-GT e fosfatase alcalina) normais ou ligeiramente elevadas, enquanto na colestase o padrão é inverso, porém há casos com padrão misto. ● Na hepatite colestática e na obstrução extra-hepática precoce, o padrão enzimático pode se sobrepor. Os exames de imagem são necessários para determinar se 6 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA a colestase é intra ou extra-hepática, com a biópsia auxiliando no diagnósticohistológico definitivo. ● Dada a grande capacidade hepática de excreção de bilirrubina, a elevação é tardia nas hepatopatias e possui baixa sensibilidade. ● Ainda mais tardio é a icterícia clínica, que normalmente, só é detectada com níveis de bilirrubina a partir de 2,5 mg/dL. Pigmentos biliares na urina ● Na doença hepatobiliar, a bilirrubina conjugada pode ser observada na urina. ● Icterícia sem bilirrubina sugere aumento de bilirrubina indireta. ● Parte da bilirrubina direta também pode se ligar à albumina e não ser excretada na urina, isso explica a diminuição tardia da bilirrubina direta nas colestases, pois a albumina tem a meia-vida muito mais longa. ● O urobilinogênio excretado na urina aparece em alterações importantes do sistema hepatobiliar Icterícia ● Achado de exame físico em que se encontra uma coloração amarelada da pele, conjuntiva e mucosas decorrente do acúmulo de bilirrubina. ● Só é detectável clinicamente em níveis de bilirrubina acima de 2 a 3 mg/dL→ 2-3x > limites da normalidade. ● Doenças hepática e obstrução de vias biliares → aumento da bilirrubina direta ● Alterações de metabolismo, exceto em algumas alterações de conjugação→ bilirrubina indireta. ● Algumas doenças cursam tanto com aumento de bilirrubina conjugada como não conjugada (p. ex., anemia falciforme). Quais os mecanismos que causam a icterícia? ● Aumento predominante de bilirrubina não conjugada (indireta) → causada por aumento da produção de bilirrubina, diminuição da captação ou conjugação pelo fígado. ○ O aumento da produção de bilirrubina ocorre por hemólise, extravasamento de sangue nos tecidos, diseritropoiese ou situações de importante estresse clínico, como sepse. ● Aumento predominante de bilirrubina conjugada (direta) → causada por doenças hepáticas ou obstrução de vias biliares. Quais as principais causa de icterícia na emergência? ● Hepatite aguda viral ● Doença hepática alcoólica ● Hepatite crônica ● Doença hepática por drogas ● Cálculos de vias biliares e complicações 7 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Câncer de pâncreas ● Cirrose biliar primária ● Colangite esclerosante primária ● Áreas endêmicas → leptospirose, malária, febre amarela, febre tifóide Quais as causas de icterícia conforme mecanismo? ● Aumento de produção de bilirrubina: ○ Hemólise extravascular ○ Extravasamento de sangue em tecidos ○ Transfusão maciça ○ Hemólise intravascular ○ Diseritropoiese ○ Doença deWilson ● Diminuição da captação hepática de bilirrubina: ○ Insuficiência cardíaca ○ Shunts portossistêmicos ○ Síndrome de Gilbert ○ Medicamentos→ rifampicina, probenecida… ● Alteração de conjugação da bilirrubina: ○ Síndrome de Crigler-Najjar tipos I e II ○ Síndrome de Gilbert ○ Hiperbilirrubinemia neonatal ○ Hipertireoidismo ○ Etinilestradiol ○ Hepatite crônica ○ Medicamentos→ indinavir, atazanavir ○ Cirrose avançada ● Defeito no transporte canalicular ou de receptação de bilirrubina conjugada: ○ Síndrome de Dubin-Johnson ○ Síndrome de Rotor ● Colestase extra-hepática: ○ Coledocolitíase ○ Tumores intrínsecos e extrínsecos (colangiocarcinoma, câncer de pâncreas) ○ Colangite esclerosante primária ○ Colangiopatia da Aids ○ Pancreatite aguda e crônica ○ Estenoses após procedimentos invasivos ○ Infecções parasitárias (Ascaris lumbricoides, equinococose) ● Colestase intra-hepática e necrose hepatocelular: ○ Hepatite viral aguda e crônica ○ Hepatite alcoólica ○ Esteatose hepática não alcoólica avançada ○ Hepatite autoimune ○ Colangite biliar primária ○ Drogas e toxinas (clorpromazina, paracetamol, metotrexato, entre outras) ○ Hepatite isquêmica (sepse, insuficiência cardíaca e outras causas de hipoperfusão) ○ Doenças hepáticas infiltrativas (amiloidose, linfoma, sarcoidose, tuberculose) ○ Nutrição parenteral total ○ Colestase pós-operatória ○ Após transplante de órgãos ○ Colestase intra-hepática aguda na doença falciforme ○ Gestação ○ Cirrose avançada Clínica ● Achados dependem da etiologia Achados que devem ser valorizados na investigação do paciente com icterícia incluem: ● Fatores de risco para hepatite viral e HIV → uso de drogas IV, múltiplos parceiros sexuais, histórico de transfusão de sangue antes de 1990, tatuagens, piercings, privados de liberdade, profissionais de saúde ● Uso de medicações ou transfusão de sangue recente. ● Uso de álcool. ● História familiar de icterícia. ● Antecedente de doença hepática e vias biliares. ● História de doenças hemolíticas. ● Cirurgia prévia. ● Gestação→ síndrome HELLP. ● Sintomas sugestivos de neoplasia → anemia, perda ponderal, caquexia ● Febre e dor abdominal. ● Presença de acolia fecal e colúria. ● Mialgias→ leptospirose, febre amarela ● Ascite→ sugere hepatopatia como causa ● Hepatomegalia ou esplenomegalia. 8 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Sinais de hipertensão portal. ● Sinais de hepatopatia crônica → teleangiectasias, ginecomastia, eritema palmar ● Sinais de ingesta alcoólica → aumento de parótidas, contratura de Dupuytren ● Sinais de doenças específicas → anel de Kayser-Fleischer da doença de Wilson, pigmentação da pele na hemocromatose, sinais de insuficiência cardíaca etc. Quais os sinais de gravidade da icterícia? ● Hipotensão ● Alteração do nível de consciência e sinais de encefalopatia hepática ● Febre e dor abdominal ● Sangramento (epistaxe, gengivorragia, hematêmese, hemoptise etc.) ● Insuficiência respiratória Abordagem diagnóstica Qual o primeiro exame a ser pedido? ● Bilirrubina sérica → confirmar que a coloração amarelada da pele é por hiperbilirrubinemia ● Enzimas hepáticas celulares → TGO (AST) e TGP (ALT). ● Enzimas canaliculares → fosfatase alcalina (FA) e Gama-GT (GGT). ● Hemograma completo. ● Coagulograma→ TP e TTPA. Quais exames solicito na suspeita de hemólise? ● Hemograma completo → Avaliar a presença de anemia e plaquetopenia, lembrar que a plaquetopenia pode 9 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA estar associada a doenças como a púrpura trombocitopência trombótica ● Reticulócitos → Quando aumentados, sugerem a presença de hemólise ● LDH→Aumento sugere hemólise ● Haptoglobina→Diminuição sugere hemólise ● Esquizócitos → A presença demonstra hemólise intravascular (malária, microangiopatias trombóticas etc.) ● Teste de Coombs → Positivo na anemia hemolítica autoimune Outros mecanismos de aumento de bilirrubina indireta, além da hemólise, devem ser considerados e incluem: ● Diminuição da captação da bilirrubina → ocorre em pacientes com shunts portossistêmicos, medicações e na síndrome de Gilbert. ● Defeitos de conjugação da bilirrubina → podem ser adquiridos ou hereditários. ○ Causas adquiridas → doença de Wilson, hipertireoidismo, hepatite crônica persistente e síndrome de Lucy-Driscoll. ○ Causas hereditárias → síndrome de Crigler-Najjar e a síndrome de Gilbert. ● Pacientes com hiperbilirrubinemia direta apresentam dois potenciais mecanismos de aparecimento: ○ Obstrução de vias biliares → ocorre principalmente devido a cálculos na árvore biliar, neoplasias pancreáticas ou biliares, colangiopatia associada ao HIV e parasitoses, principalmente a ascaridíase. → aumento predominante de enzimas canaliculares, com fosfatase alcalina usualmente > 2x os valores das transaminases. ○ Lesão hepatocelular → as principais causas são hepatites virais, hepatites medicamentosas, esteatose hepática não alcoólica, cirrose biliar primária, doenças infiltrativas hepáticas e reação enxerto-hospedeiro. → aumento das enzimas hepatocelulares. As transaminases, como a ALT, cursam com níveis > 2 x os valores da fosfatase alcalina. Exames solicitados na suspeita de lesão hepatocelular ● Transaminases ● LDH ● Função renal ● Tempo de protrombina, fator V e albumina: Indicativos de gravidade de doença hepática Exames sugeridos para suspeita de obstrução biliar ● Fosfatase alcalina e gama-GT → Costumeiramente aumentados, marcadores de colestase ● Ultrassonografia de vias biliares →Sensibilidade para detectar dilatação e obstrução biliar de 55 a 90%, sensibilidade é maior conforme o nível de bilirrubinas e o maior tempo de sintomas ○ Exame barato e não invasivo ● Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) → Permite visualização direta da árvore biliar e do ducto pancreático ○ Exame de escolha na suspeita de coledocolitíase ○ Superior à USG e à TC para visualizar compressão extrínseca das vias biliares ○ Pode realizar intervenção terapêutica (papilotomia, extração de cálculos) ○ Usualmente realizada após a ultrassonografia demonstrar dilatação das vias biliares ou se persistir a suspeita diagnóstica de obstrução de vias biliares em paciente com ultrassonografia normal ○ Mortalidade associada ao procedimento de 0,2%, com 3% dos pacientes evoluindo com complicações como sangramento, colangite e pancreatite ● Tomografia de abdome → Maior utilidade para avaliar lesões ocupadoras de espaço, como neoplasias e doenças hepáticas infiltrativas Etiologias Causa de grandes elevações de transaminases e icterícia ● Hepatite isquêmica ● Hepatite por drogas ● Hepatite virais A e E ● Hepatite autoimune ● Febre amarela ● Leptospirose (raro, icterícia usualmente mais importante que necrose hepatocelular) ● Malária ● Sepse Causas de colestase → fosfatase alcalina > 2 vezes o valor das transaminases ● Coledocolitíase ● Adenocarcinoma de pâncreas ● Colangiocarcinoma ● Linfoma 10 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Metástases hepáticas ● Colangite esclerosante primária ● Colangiopatia do HIV ● Cirrose biliar primária ● Esteatose pós-procedimento ● Síndrome pós-colecistectomia ● Ascaridíases de vias biliares e outras parasitoses ● Colecistitite com obstrução de ducto biliar (síndrome de Mirizzi) ● Pancreatite edematosa com obstrução extrínseca de vias biliares ● Colangite autoimune ● Doenças hepáticas infiltrativas ou granulomatosas como sarcoidose e tuberculose Tratamento ● Específico para cada etiologia. Prurido: ● Colestiramina 4g 3x/dia ou colestipol 5g 3x/dia diluídos em água ou suco → 4 a 5 dias para melhora significativa ● Anti-histamínicos. ● Como o prurido é mediado por receptores opioides, pode-se encontrar benefício com o uso de naloxona 0,2 mcg/kg/minuto ou naltrexona 50 mg por dia por via oral. Deficiências vitamínicas: ● Pacientes que evoluem com esteatorreia têm maior possibilidade de apresentar deficiências de vitaminas A, D, E e K → reposição, que é individualizada a cada caso. Osteoporose e osteomalácia: ● Carbonato de cálcio 1.000-1.500 mg de cálcio diariamente e 1.000 unidades ao dia de vitamina D, também é recomendado o uso de alendronato 70 mg por semana, em pacientes osteopênicos. 11 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Ascite ● Acúmulo patológico de líquido na cavidade peritoneal. A ● Pode ocorrer por múltiplas causas, incluindo neoplasia maligna ● Cirrose hepática é responsável por 85% das ascites, e ascite está presente em 30% dos pacientes cirróticos no diagnóstico, ocorrendo em 58% dos restantes nos próximos 10 anos ou 5 a 10% de incidência ao ano. A presença de ascite em pacientes cirróticos é associada com mortalidade de 15% em 1 ano e 44% em 5 anos. Fisiopatologia na cirrose: ● A presença de hipertensão portal é uma condição essencial para aparecimento da ascite. → Pressão portal maior do que 12 mmHg é necessária para que ocorra retenção de líquido, e a reversão da hipertensão portal pode levar ao desaparecimento da ascite. ● Hipertensão portal → mudanças na circulação esplâncnica, como a abertura de colaterais portossistêmicos que servem de shunts nessa circulação. ○ Aumento da circulação de mediadores inflamatórios e produtos de origem bacteriana. ○ Alterações são secundárias a um supercrescimento bacteriano intraluminal, aumento da permeabilidade capilar e translocação bacteriana. ● A presença de shunts portossistêmicos, associada à diminuição da capacidade hepática de metabolização desses mediadores, leva a vasodilatação esplâncnica→ circulação hiperdinâmica do paciente cirrótico, com aumento de débito cardíaco, diminuição da resistência vascular periférica e da pressão arterial. ● Diminuição do volume circulante efetivo com consequente ativação de barorreceptores e sistemas vasoativos, com aumento da produção de norepinefrina, 12 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA endotelina, prostaglandinas, vasoconstritores e ativação do sistema renina-angiotensina e produção de ADH, que diminuirão a perfusão renal, causarão retenção líquida e aparecimento da síndrome hepatorrenal e ascite. ● Pressão portal aumentada leva ao extravasamento de fluido, e a hipovolemia resultante levaria a ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona, responsável por retenção de sódio e água, aumento do volume plasmático e da pressão portal. ● Overflow→ evento primário seja a retenção de sódio e água, expansão plasmática e aumento da pressão portal com extravasamento líquido. ○ Volume circulante efetivo nesses pacientes se encontra diminuído, e há ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona. ● Em estágios mais avançados, o aumento da secreção do hormônio antidiurético parece apresentar papel preponderante para o acúmulo de líquido na cavidade abdominal. 13 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Abordagem ● A principal queixa é o aumento do volume abdominal Qual a abordagem inicial? ● Descartar outras causas para o sintoma, principalmente distensão gasosa das alças intestinais ou massas intra-abdominais. O que dificulta a avaliação? ● Obesidade → panículo adiposo pode ser confundido com ascite! Quais características? ● A distensão abdominal é na maioria das vezes indolor, exceto em caso de inflamação associada ou grande volume de ascite. ● Podem ocorrer desconforto respiratório e dispneia por compressão pulmonar pelo líquido ascítico. ● Saciedade precoce ● Os pacientes podem ter edema periférico e, caso apresentem peritonite bacteriana espontânea (PBE), podem ocorrer febre ou confusão mental. Quais as características do exame físico? ● Capacidade de detectar volumes a partir de 1.500 mL coletados na cavidade. ● A manobra mais sensível para essa detecção é a macicez móvel. Como é feito o diagnóstico? ● O diagnóstico pode ser realizado em ascites de menor volume com a ultrassonografia, que pode detectar a partir de 100 mL de volume. O que devo pesquisar? ● Fatores de risco para doença hepática → consumo de álcool (risco aumentado de cirrose com consumo de álcool > 80 g/dia em homens e 20 g/dia em mulheres em 10 anos) ou situações de risco aumentado de contaminação por vírus da hepatite (uso de drogas injetáveis, práticas sexuais de risco etc.). ● Avaliar antecedente de tuberculose, realização de diálise, doenças associadas como lúpus eritematoso sistêmico (LES) e esclerodermia, → podem estar associadas a hepatite autoimune ou cirrose biliar primária, insuficiência cardíaca, neoplasias, doença pancreática, obesidade, diabetes, doenças sexuais transmissíveis. ● Exame físico → deve-se procurar achados sugestivos de doença cardíaca como estase jugular, edema periférico e B3; estigmas de doença hepática como telangiectasias e hipertrofia de parótidas; achados sugestivos de doença neoplásica como nódulos supraclaviculares (alto risco de neoplasia), abdome escavado, nódulos em parede abdominal ou nódulo periumbilical (nódulo sister Mary-Joseph) também são importantes. Como posso graduar a ascite, em relação ao tamanho? ● Grau 1 → ascite pequena, detectada apenas por exame de imagem. ● Grau 2 → ascite moderada, com distensão discreta do abdome. ● Grau 3 → grande ascite com importante distensão abdominal. Exames complementares Exames de imagem→USG e TC de abdome ● Detectam ascite em quantidades menores do que 100 mL, que seriam impossíveis de se detectar pelo exame físico. ● Ultrassonografia pode ainda auxiliar a paracentese. Qual o exame fundamental? ● Paracentese diagnóstica com envio do líquidopara análise clínica. 14 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Punção do líquido ascítico é realizada através de punção na linha média ou na fossa ilíaca esquerda (no 1/3 distal da linha que liga o umbigo à crista ilíaca anterossuperior). ○ Quando realizada acima da linha média, é necessário esvaziar a bexiga antes da realização do procedimento. ○ Evitar a punção próxima a cicatrizes cirúrgicas abdominais para se evitar perfuração de alças intestinais aderidas à cicatriz. ● A presença de coagulopatia não é contraindicação ao procedimento, embora coagulação intravascular disseminada (CIVD) e fibrinólise sejam contraindicações relativas. ● Não é necessária a realização de transfusão de plasma fresco congelado (PFC) antes do procedimento ● Em pacientes com PBE, um atraso na realização da paracentese implica um aumento da mortalidade de até 3,3% por hora. ● Contraindicações: ○ Paciente não cooperativo. ○ Infecção de parede abdominal. ○ Gestação. ○ Coagulopatia grave (CIVD e aumento da fibrinólise). ○ Distensão grave de alças intestinais. ● A punção do líquido ascítico tem indicação formal em todos os pacientes com ascite de etiologia indefinida!! ● Outras indicações: ○ Na admissão hospitalar. ○ Condições clínicas suspeitas de infecção, dor abdominal ou febre. ○ Encefalopatia hepática. ○ Anormalidades laboratoriais que sugerem infecção. ○ Deterioração da função renal. ○ Sangramento gastrointestinal (descartar PBE). GASA = albumina sérica – albumina do líquido ascítico. ● GASA > 1,1 g/dL→ hipertensão portal. ● GASA < 1,1 g/dL = ausência de hipertensão portal. 🤔 Em pacientes com ascite mista, com componentes tanto de hipertensão portal como de exsudativo, o GASA costuma corresponder à hipertensão portal; exceto em pacientes com albumina sérica < 1,5-2,0 g/dL, em que pode ocorrer falso-negativo para hipertensão portal. O que mensurar no líquido ascítico? ● Contagem de pteínas totais ● Contagem total de células e seu diferencial → contagens acima de 250 células polimorfonucleares são diagnósticas de PBE. ● Realização de cultura, idealmente em frascos de hemocultura ● LDH, glicose e fosfatase alcalina, e podem ajudar inclusive na diferenciação entre peritonite bacteriana espontânea e peritonite secundária Os exames do líquido ascítico também podem avaliar outras etiologias de ascite com GASA diminuído: ● Amilase → pode ser útil, quando a relação da amilase do líquido ascítico sobre o sérico > 0,4 ou > 6, que sugerem, respectivamente, perfuração intestinal com peritonite secundária e ascite pancreática. ● Bilirrubina → aumento da bilirrubina no líquido ascítico sugere perfuração biliar. ● Adenosina deaminase → valores > 40 U/L sugerem o diagnóstico de tuberculose com sensibilidade próxima a 100% (especificidade de 92%); em pacientes com cirrose, a sensibilidade cai para aproximadamente 60%. Outros exames úteis na tuberculose peritoneal incluem: ● Pesquisa de micobactérias→ sensibilidade de 0-2%. ● Cultura →cultura de 1 L do líquido tem sensibilidade de 62-83%. ● Laparoscopia→ sensibilidade próxima de 100%. 🩸 Além dos exames do líquido ascítico, a coleta de hemograma completo, função renal, função hepática, INR, proteínas totais e frações é indicada. Principais exames complementares em pacientes com ascite no departamento de emergência ● Albumina no líquido ascítico ● Contagem total de células com diferencial 15 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Exames conforme suspeita clínica ● Proteínas totais e frações no líquido ascítico (LA) ● Cultura do LA ● Glicose no LA ● DHL no LA ● Triglicérides no LA ● Amilase no LA ● Bilirrubinas no LA ● Citologia oncológica no LA ● Fosfatase alcalina no LA ● CEA no LA Diagnóstico diferencial Tuberculose peritoneal ● Pode ocorrer por diversos mecanismos, incluindo disseminação hematogênica de bacilos de um sítio pulmonar primário ou por ruptura de focos na cavidade peritoneal, resultando na formação de focos de necrose caseosa limitados por fibrose em locais que aderem às alças intestinais. ● Pode ocorrer por lesões em órgãos adjacentes, como intestino ou tubas uterinas e finalmente por contaminação direta do peritônio em pacientes com insuficiência renal crônica em diálise peritoneal. ● Dor abdominal e febre, e o líquido ascítico tem em geral de 500 a 2.000 céls./mm 3 com predomínio linfocítico. ● A doença tem um curso subagudo, e cerca de 70% dos pacientes apresentam os sintomas por mais de 4 meses antes do diagnóstico ser realizado. ● A ascite é o sinal clínico mais comum, ocorrendo em 93% dos pacientes, dor abdominal ocorre em 73% dos casos e febre ocorre em 58%. ● Outros sintomas incluem sudorese noturna e distensão abdominal, que ocorrem em pouco menos da metade dos casos. Diarreia também é descrita. ● Outros achados incluem hepatomegalia e esplenomegalia. ● O GASA na tuberculose é quase sempre < 1,1, exceto em pacientes com hipertensão portal associada. ● O aumento da adenosina deaminase (ADA) em valores > 40 U/L tem sensibilidade de 96 a 100%, especificidade de 98% ● A reação de amplificação de genes por PCR é um teste rápido para isolar o bacilo entre 24 a 48 horas, mas é pouco utilizada na prática clínica. ● As biópsias cirúrgicas ou laparoscópicas permanecem sendo o meio mais efetivo para confirmar o diagnóstico de TP. Essas biópsias são realizadas por laparotomia ou idealmente por laparoscopia. As taxas de sensibilidade e especificidade são de 93 e 98%, respectivamente. Peritonite associada a diálise peritoneal ● Ocorre em até 45% dos pacientes nos primeiros 6 meses do início da terapia, e pode ocorrer durante as trocas de banhos de diálise ou por infecções cutâneas associadas. ● Associada a microrganismos Gram-positivos → % de Gram-negativos tem aumentado. ● Os pacientes geralmente apresentam quadro de dor abdominal ou febre. ● O diagnóstico é realizado quando a contagem de leucócitos for > 100 céls./mm 3 com mais de 50% de neutrófilos (em 85% dos casos > 500 neutrófilos/mm 3 ) ou pesquisa direta de Gram ou cultura positivas. ● Recentemente tem sido descrita ascite associada a hemodiálise, que parece ocorrer por sobrecarga de volume e alterações de balanço hídrico durante a diálise. O prognóstico desses pacientes é ruim e o manejo é com diuréticos, semelhante ao caso de pacientes com ascite por cirrose. 16 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Ascite associada a malignidade ● Mecanismos: ○ Carcinomatose peritoneal ○ Metástases hepáticas com hipertensão portal ○ Metástases hepáticas com carcinomatose ○ Carcinoma hepatocelular e cirrose ○ Ascite quilosa ○ Budd-Chiari secundário a oclusão por malignidade→ raro. ● Geralmente têm > 500 céls./mm 3 com predomínio de células linfomononucleares e o seu principal diagnóstico diferencial é a tuberculose peritoneal. ● Cerca de 95% dos pacientes apresentam GASA ≥ 1,1 e conteúdo de proteínas totais do líquido ascítico > 2,5 g/dL. ● A glicemia sérica e do líquido ascítico tem resultados semelhantes, mas o LDH do líquido ascítico é geralmente maior que o sérico. ● O diagnóstico pode ser realizado pela citologia do líquido ascítico, que tem sensibilidade de 60 a 75%, mas o diagnóstico definitivo é realizado pela laparoscopia com biópsia com sensibilidade próxima a 100%. Ascite quilosa ● Relativamente rara, sendo definida por concentrações de triglicérides > 200 mg/dL. ● Pode ocorrer por obstrução dos ductos linfáticos secundários a doença maligna, exsudação de linfa de vasos retroperitoneais através de fístula ou obstrução do ducto torácico por trauma com fístula linfoperitoneal. ● Etiologias: ○ Cirrose → 0,5 a 1% das cirroses cursam com ascite quilosa. ○ Malignidade → linfoma representa de 30-50% dos casos. ○ Alterações congênitas. ○ Doenças inflamatórias (principalmente filariose). ○ Pós-radioterapia. ○ Pós-trauma. ○ Insuficiência cardíaca. ○ Síndrome nefrótica. ○ Linfangioleiomiomatose. Ascite hemorrágica ● Contagem de hemácias > 50.000/mm3 . ● Pode ocorrer em até 5% dos pacientes com cirrose e 20% dos pacientes com neoplasia maligna e em 10% dos casos de carcinomatose peritoneal. ● Causas ○ Cirrose. ○ Malignidade. ○ Cisto ovariano roto. ○ Tuberculose. ○ Parasitoses. ○ Insuficiência cardíaca. ○ Doenças inflamatórias. ○ Trauma. ○ Diálise peritoneal. Ascite pancreática ● Acúmulo de líquido pancreático na cavidade peritoneal. ● Tipicamente cursa com níveis de amilase > 1.000 U/L e a relação amilase do líquido ascítico/amilase sérica costuma ser próxima a 6. Ascite na insuficiência cardíaca ● GASA > 1,1 ● Concentração de proteínas do líquido ascítico usualmente é > 2,5 g/dL. ● A dosagem de peptídeo natriurético cerebral (BNP) tanto sérico como no líquido ascítico está geralmente aumentada 17 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Ascite pela síndrome de Budd-Chiari ● GASA > 1,1, mas apresenta concentração de proteínas do líquido ascítico > 2,5 g/dL. ● O diagnóstico pode ser confirmado pela realização de Doppler de artérias supra-hepáticas. ● Os pacientes frequentemente têm associação com trombofilias, como a mutação do fator V de Leyden ou condições como hemoglobinúria paroxística noturna. ● O tratamento da ascite, além da coagulação, segue os mesmos princípios do tratamento da ascite nos pacientes com cirrose hepática. Tratamento ● Depende da etiologia da ascite. Se causada por cirrose ● Interrupção imediata do consumo de álcool e dieta hipossódica (consumo diário de sódio deve ser menor do que 2 g/dia). ● A quantidade de líquidos ingeridos não precisa ser reduzida (a restrição de água livre só é indicada com hiponatremia significativa com valores de sódio sérico abaixo de 120 mEq/L). ● O repouso deve ser reservado aos pacientes com ascite refratária. Diuréticos ● A internação do paciente e a monitorização do sódio urinário podem facilitar o manejo inicial. ● Deve ser parcimonioso e deve ser evitado caso haja piora da função renal. ● O objetivo é manter uma perda de 0,5 a 1 L por dia, que pode ser monitorizada com a pesagem diária do paciente. ● Os diuréticos poupadores do potássio, antagonistas da aldosterona, são a escolha inicial quando se decide por monoterapia em dose inicial de 100 mg que pode ser aumentada até 400 mg ao dia. ● O uso associado de diuréticos de alça, como a furosemida, é indicado pela maior parte da literatura ● A recomendação no caso da combinação de diuréticos de alça com espironolactona é de usar na proporção de 40 mg de furosemida combinados com 100 mg de espironolactona, com dose máxima de 160 mg de furosemida e 400 mg da espironolactona, que pode ser dividida em duas tomadas diárias. ● Quando não há resposta a diuréticos, a ascite pode ser considerada refratária. ○ Falha em perder com dose máxima de diuréticos mais de 300 g ao dia. ○ Falha em excretar mais que 78 mmol de sódio por dia com uso de diuréticos. ○ Azotemia (piora da função renal). ○ Hipercalemia. 18 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ○ Aparecimento de outras complicações do uso de diuréticos, como encefalopatia hepática. Paracentese de alívio ● Pacientes com desconforto significativo pela ascite. ● A reposição de albumina é indicada quando se retira mais do que 5 L de líquido ascítico (reposição de 8-10 g de albumina por litro retirado, incluindo os 5 L iniciais). ● Paracenteses com retirada de menos de 5 L de volume não indicam necessariamente a reposição de albumina → reposição com expansores plasmáticos como Dextra-70 ou mesmo salina fisiológica, com a albumina como opção. O tratamento definitivo para as ascites refratárias é o transplante hepático. ● O transplante é contraindicado se o paciente não estiver abstinente ao álcool e só pode ser realizado com indicações específicas e conforme a disponibilidade. O tratamento da tuberculose peritoneal é semelhante ao da tuberculose em outros sítios, com duração de 6 a 9 meses com esquema quádruplo. A ascite associada a infecção de cateter de diálise peritoneal tem como opções para o tratamento: ● Cefazolina ou outra cefalosporina de primeira geração se baixa incidência de cepas meticilino-resistentes ou vancomicina se alta taxa de cepas meticilino-resistentes. ● Cobertura Gram-negativos com cefalosporina de terceira geração ou aminoglicosídeo. ● Tratamento preferencialmente intraperitoneal por 10 a 21 dias, com medicação intravenosa obrigatória em casos de choque séptico. Internação, UTI e seguimento ● Os pacientes com ascite por cirrose hepática com complicações como PBE ou síndrome hepatorrenal têm indicação de internação hospitalar. ● A peritonite associada a diálise peritoneal também usualmente tem seu tratamento iniciado no ambiente hospitalar. Em outras condições, a internação depende das condições do paciente e complicações associadas. ● Pacientes com quadro de choque ou rebaixamento de nível de consciência têm indicação de internação em UTI. Todos os pacientes irão necessitar de acompanhamento ambulatorial até a resolução da condição que levou ao aparecimento da ascite. 19
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